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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS - FACECON


DISCIPLINA: ESTADO E ECONOMIA
PROFESSOR: JOSE RAIMUNDO BARRETO TRINDADE
ALUNOS: KLEIBER SILVA, MARCUS COSTA

Resenha: A dinâmica dos gastos estatais numa perspectiva marxista clássica

Para compreender a dinâmica do texto abordada pelo autor é necessário entender qual é
o significado e quais funções o estado exerce na sociedade de forma geral. O estado
surge a partir do momento que as terras passam a se tornar propriedade privada, o
comércio de mercadorias e a produção começam a se desenvolver, de forma a estimular
a acumulação de recursos, surgindo assim classes dominantes sobre os povos. As
instituições do estado funcionam conforme os interesses dessa classe dominante,
fazendo assim ser possível a manutenção do modo de produção vigente em cada
civilização, que no caso é o capitalismo que surge de forma quase hegemônica no
mundo moderno. Por possuir o monopólio da violência legitima sendo visto como
símbolo de soberania, o estado tende a ter maior controle coercitivo sob as classes
dominadas. Com o passar do tempo o estado capitalista se molda com a dinâmica
reprodutiva do capital.

O estado se sustenta através de parte da arrecadação da mais valia entre relações


contratuais entre um trabalhador disposto a vender sua mão de obra, para um capitalista
que compra a mão de obra desse trabalhador sua força de trabalha em troca de um
salário. Essa relação torna possível manter o estado através da arrecadação de tributos, e
o estado fortalece esse ciclo, a partir de instituições responsáveis pela manutenção dos
interesses da classe dominante, instituições essas que podem ser jurídicas, sociais,
políticas e econômicas. Essa relação contratual do trabalho se torna a identidade do
modo de produção capitalista e torna tudo isso possível.

Dessa forma o estado moderno surge e se sustenta através da subordinação das esferas
humanas às esferas econômicas, com base no direito de propriedade privada. Tornando-
se assim sua função central a de garantir a perenidade das relações salariais
(TRINDADE, 2008). Partindo dessa premissa devemos assumir que a base econômica
tem um papel importante na reprodução da estrutura social e das consciências
individuais, moldadas com base no pensamento capitalista. Além disso o estado é
resultado do conflito de classes, existindo para a manutenção do pensamento da classe
dominante. O estado também é responsável por assegurar o direito à propriedade
privada.

Os gastos estatais crescem de acordo com as necessidades das instituições de se


moldarem ao avanço e a complexidade do capitalismo. Em paralelo ao desenvolvimento
do capitalismo, o estado necessita desenvolver infraestrutura para suportar o
crescimento, cuidando de setores essenciais ao desenvolvimento humano, aperfeiçoando
o processo de acumulo de capital. Tais setores de desenvolvimento social que dão baixa
arrecadação no curto prazo como: educação, saneamento, vias de transporte coletivo
ficam a cargo dos gastos estatais.

Existem também gastos que são direcionados à legitimação do sistema e ao controle


social, controle esse que pode ser tanto coercitivo quanto ideológico, sendo expresso
tanto na forma de controle militar quanto de convencimento ideológico, da classe
dominante para com a classe dominada. Todo esse processo já pontuado torna o
capitalismo forte e hegemônico da forma que ele é, essa junção de agentes em prol da
acumulação de capital que mantém esse modo de produção vivo. Por outro lado, o
estado necessita de todo esse processo para se financiar através do tempo com a
arrecadação de uma parcela da mais-valia.

REFERÊNCIAS

TRINDADE, José. A dinâmica dos gastos estatais numa perspectiva marxista clássica.
Revista de Economia, v.34, n. especial, p. 131-149, 2008. Editora UFPR.

WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: EDITORA MARTIN
CLARET LTDA, 2015.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. São
Paulo: Editora Lafonte LTDA, 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA


FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS - FACECON
DISCIPLINA: ESTADO E ECONOMIA
PROFESSOR: JOSÉ RAIMUNDO BARRETO TRINDADE
ALUNOS: KLEIBER SILVA, MARCUS COSTA

OSORIO, Jaime. About State, Political Power and the Dependant State. ano 17, n. 34,
jul./dez. 2017.

O autor Jaime Sebastian Osório, em seu artigo “SOBRE O ESTADO, O PODER


POLÍTICO E O ESTADO DEPENDENTE”, descreve a atual situação do estado de
forma universal, pontuando sua participação na sociedade. Assim, abordando pontos
fundamentais do estado-poder político-revolução, assumindo a sua importância de
organização e de velar sobre aqueles que necessitam, portanto as classes

Inicialmente, Jaime destaca as determinações fundamentais do estado e o poder político,


definindo o estado como condensação da força, ou seja, o mesmo afirma que a presença
do estado na sociedade é oriunda da violência. Porém, a violência condensa-se em leis
que a priori servem a todos os indivíduos pertencentes a qualquer classe social, além de
suprir as demandas e posições das classes. Desta forma, as sociedades criam uma
dependência sobre o estado, no que tange às necessidades básicas, empregos,
reivindicações de salários, condições de trabalho, etc.

Portanto, a função mais expressiva economicamente do estado seria o dinheiro, ou


moedas fiduciárias. O autor descreve a entidade abstrata do estado, como a confiança
necessária para uma determinada sociedade acreditar na moeda estabelecida em seu
território. Dessa forma, cita em seu texto uma certa fetichização das relações de poder e
domínio estatal, as quais se originam do estado capitalista, retomando a pauta do
principal meio de troca nas sociedades atuais, a moeda. Jaime cita a ruptura entre
economia e política, indicando o falso sentimento de liberdade perante aos salários
pagos aos trabalhadores dentro do “setor privado”, chamando esse evento de “relações
sociais de exploração”, o qual faz parecer que as relações de poder e domínio estão
ausentes neste cenário, fechilizadas pelo dinheiro, promovendo a construção do
imaginário de comunidade, ou como Jaime explana em seu texto com uma frase de Karl
Marx, “[...] o mundo encantado, invertido e colocado de cabeça para baixo [...]”
(MARX, 1973, p. 768).

Logo, a participação do estado na economia faz-se importante, as políticas sociais são


imprescindíveis quando nos referimos a garantia de suprir as demandas de todas as
classes sociais, sem permitir a exploração entre classes. Assim, legitimando sua
existência, podendo questionar a ideia do estado ser apenas um agente regulador,
utilizando o monopólio da força ou poder coercitivo.

Jaime cita as instituições da sociedade civil, como: igrejas, escolas, mídia tradicional e
etc. As quais, auxiliam o papel do estado de organizar a sociedade de forma igualitária,
perpetuando a ordem social. Assim, as relações sociais que essas instituições
promovem, reforçam o sentido de comunidade que provém do estado. Podemos
entender as instituições como instâncias do estado, que diluem sua centralidade em
ramificações de poder político, abrindo espaço para haver transformações no âmbito
social, a fim de equilibrar os poderes entre classes.

Tais instituições civis, compartilham seus espaços de forma democrática, permitindo a


participação dos indivíduos pertencentes a qualquer classe social. Isto posto, a
existência de imprensas opositoras, ou polaridade política, torna-se possível pela
existência do estado, pois, o mesmo assegura a democracia na tomada de posições na
sociedade civil e no aparato estatal, conduzindo a longo prazo a conquista de seu espaço
dentro do sistema, consequentemente, o poder. Diferentemente do estado capitalista,
que assume posições das classes dominadas, estabelecendo uma forma de exploração.

Ademais, Jaime explana as divisões de poder dentro do aparato estatal, mostrando-os de


forma hierárquica.

O aparato de Estado está formado por instituições como o Banco


Central, o Parlamento, o Poder Executivo com seus Ministérios
de Estado, o Superior Tribunal Federal e demais Tribunais,
Ministérios Públicos, as Forças Armadas, a polícia, o sistema
penitenciário, as prisões, as empresas estatais, etc. (OSORIO,
Jaime. 2017, p. 36)

O estado como centro do poder político, no que se refere às consultas eleitorais, entre
partidos e figuras partidárias, somente os funcionários e as forças políticas podem
competir e administrar tal poder. A mudança de cargos, e a flexibilidade de trabalho
englobando todas as classes, reforça-se de maneira extraordinária, justificando seu
aparato com mais exatidão.

Outro ponto citado no texto, seria um variação do aparato do estado, onde argumenta-se
que nas eleições não se ganha o poder político, mas sim posições que gradualmente leve
ao poder, aumentando cargos ocupados e posições, a fim de que a correlação de força se
modifique a favor dos dominados. Ademais, Jaime explana que o processo
revolucionário seria o ponto chave para que as classes dominantes sejam derrotadas,
modificando o aparelho do estado voltado para o socialismo.

Portanto, na medida que o proletariado traz consigo um projeto societário,


consequentemente irá destruir com as velhas classes dominantes, acabando com
possíveis acordos com as mesmas. O avanço das revoluções colocaria a burguesia em
uma posição difícil, onde seus privilégios sejam tolhidos.
Destarte, o estado capitalista por ser um acumulador de riquezas, com esse objetivo
claro, é segregador e favorece a as classes dominantes. Em seu artigo, Jaime explica as
principais relações entre o estado e economia, e tenta de forma explícita indica um
modelo de poder político acessível a todas as classes, atendendo suas demandas. Dessa
maneira, o modelo revolucionário pressionando as classes dominantes e a burguesia,
levaria a uma transformação sócio-econômica a fim de a classe dominada ascenda e não
seja explorada de forma esporádica.

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