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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR

Campus de Apucarana
Centro de Ciências Humanas e da Educação Curso: Serviço Social 1º ano

Disciplina: Ciências Politica


Docente: Elson

Atividade: FICHAMENTO Data:

Texto base: SANTOS, Theobaldo Miranda “E O Estado e o Governo” In SANTOS,


Theobaldo Miranda, Manual da Sociologia - São Paulo: Cia Nacional, 1969,
6ª Edição, pág 175-186 (Curso de Filosofia e Ciências, Vol. 2).
Acadêmico (a): FILIPE REIS ALMEIDA

Em termos amplos, governo refere-se à autoridade que guia a vida do


Estado, representando o poder de direção da sociedade e a ativa manifestação
da soberania. Em um sentido mais específico, governo compreende o conjunto
de órgãos responsáveis pela direção política e administrativa da Nação,
especialmente o Poder Executivo, ou o órgão mais ativo na gestão dos
assuntos públicos. Pode também se referir às pessoas que lideram os órgãos
fundamentais do Estado, exercendo o poder público. Quando analisado
institucionalmente, governo se confunde às vezes com a noção de regime
político, que caracteriza a forma como o poder é investido, a natureza e
extensão de seus poderes, e suas relações com cidadãos e grupos
intermediários. Os regimes políticos representam, assim, as diversas formas de
organização do poder.
Aristóteles propôs uma distinção entre três formas normais de governo:
monarquia (governo de um só), aristocracia (governo de poucos) e república
(governo de muitos). No entanto, ele também identificou deturpações dessas
formas, chamadas de "governos viciados": a monarquia deturpada é a tirania, a
aristocracia transforma-se em oligarquia, e a república em demagogia.
Nenhuma dessas formas, segundo Aristóteles, atende ao interesse geral que
legitima os governos.
Essa classificação influenciou pensadores como Santo Tomás de Aquino
e Montesquieu, cada um com suas modificações. Montesquieu, por exemplo,
reconheceu três formas de governo: o despótico, monárquico e republicano
democrático ou aristocrático.
Outras classificações também foram propostas ao longo do tempo.
Locke, um filósofo inglês, identificou três formas básicas de governo:
democrático, oligárquico e monárquico. Joseph Folliet posteriormente propôs a
classificação de regimes autocráticos, oligárquicos e democráticos para uma
análise sumária dos regimes políticos. Embora haja diversas abordagens, a
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ideia fundamental de classificar governos com base na autoridade de um, de


poucos ou de muitos continua a ser influente.
Os regimes autocráticos são caracterizados pela concentração de todas
as prerrogativas e responsabilidades políticas nas mãos de uma única pessoa.
A palavra "autocracia" deriva do grego, significando "governar a si mesmo".
Esse regime é também conhecido como governo pessoal e absoluto.
Historicamente, manifesta-se principalmente em duas formas: a monarquia
absoluta e a ditadura.
A monarquia absoluta refere-se a um regime em que o soberano exerce
plenamente o poder governamental, incluindo legislativo, executivo e judiciário,
de acordo com as leis básicas do reino, sem depender de qualquer assembleia.
O monarca, geralmente pertencente a uma família real, herda o poder com
base na linhagem ou dinastia, não na sua pessoa. A história testemunhou
várias formas de monarquia absoluta em diferentes regiões, como os faraós do
Egito, os imperadores romanos após Augusto, os czares da Rússia e as
monarquias absolutas nos séculos XVI, XVII e XVIII na Espanha, França,
Prússia e Áustria. A prática do absolutismo monárquico, no entanto, foi muitas
vezes temperada na realidade por costumes, imperativos morais religiosos e
liberdades concedidas a grupos sociais como a aristocracia, o parlamento e a
Igreja.
Ditaduras são regimes políticos caracterizados pela concentração total e
ilimitada de poder em uma única pessoa, cuja autoridade é exercida em razão
de suas qualidades ou do controle adquirido pela força, não por direitos
familiares ou dinásticos. A palavra "ditador" deriva do latim, significando aquele
que dita a sua vontade. Ao contrário da monarquia absoluta, a ditadura
enfrenta desafios significativos na sucessão e transmissão de poderes. Muitas
ditaduras, ao se estabilizarem, podem transformar-se em monarquias
hereditárias na prática.
Exemplos históricos de ditaduras incluem a tirania nas cidades gregas,
as ditaduras legais e limitadas na Roma antiga durante crises graves, as
ditaduras das comunas italianas na Idade Média e Renascimento (como os
Médici em Florença e os Sforza em Milão), as ditaduras napoleônicas na
França, as ditaduras sul-americanas do século XIX (como Rosas na Argentina
e Lopez no Paraguai), e as ditaduras totalitárias do século XX, como o
fascismo de Mussolini na Itália, o nazismo de Hitler na Alemanha, o
bolchevismo de Stalin na Rússia, e as ditaduras comunistas de Mao-Tsé-Tung
na China e Fidel Castro em Cuba. Essas últimas são notáveis por serem
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doutrinárias e sistemáticas, baseadas em filosofias sociais e políticas


específicas.
A ditadura não é necessariamente uma corrupção da monarquia ou a
tirania conforme definida por Aristóteles. Ela é, por definição, um governo ruim
que busca exclusivamente o interesse do governante em detrimento dos
interesses dos governados. No entanto, uma ditadura pode ser considerada
boa ou má dependendo de seu compromisso em realizar o bem geral.
Geralmente surgindo de uma revolução, a ditadura é caracterizada por um líder
apoiado pelas forças armadas que depõe o detentor do Poder Executivo,
dissolve o Parlamento e governa com o apoio de um partido, promulgando
ordens com força de leis.
A ditadura pode ocorrer tanto por meio de uma revolução quanto pelo
Chefe do Poder Executivo em resposta a crises políticas ou sociais,
dissolvendo o Legislativo e concentrando os poderes para restabelecer a
ordem pública e impor uma nova ordem política e social. Independentemente
do caminho, a ditadura sempre representa uma mudança no exercício normal
dos poderes, muitas vezes em desacordo com a constituição vigente.
Geralmente transitória, a ditadura busca facilitar o estabelecimento de uma
nova constituição como parte do processo enérgico para superar uma crise que
o governo normal não pode resolver. No entanto, a história mostra que
ditadores têm a tendência de buscar a perpetuação no poder, sendo a
democracia, mesmo a pior delas, muitas vezes preferível à melhor das
ditaduras.
Apesar das vantagens potenciais em situações de crise, a autocracia
raramente pode ser plenamente eficaz, pois um único indivíduo encontra
dificuldades em governar com eficiência. Regimes autocráticos apresentam
sérios perigos e inconvenientes, incluindo: a) a propensão para confundir os
interesses ou paixões do monarca ou ditador com os interesses do povo; b) a
vulnerabilidade da política, ou seja, a direção do Estado, às fantasias, impulsos
ou caprichos dos líderes, lembrando a máxima de Lord Acton "O poder
corrompe; o poder absoluto corrompe de modo absoluto"; c) a inclinação para
perder o respeito pela dignidade humana e desconsiderar os direitos
fundamentais do homem.
A oligarquia é um regime político no qual o poder é confiado a um
número restrito de pessoas. Essa forma de governo, governada por um
pequeno número, difere da aristocracia, que é o governo dos melhores,
implicando um juízo de valor. Embora todo governo aristocrático seja
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oligárquico, nem todo governo oligárquico é aristocrático. Existem dois tipos de


oligarquia: a) Monárquica, que inclui um poder real com a presença de um rei
ou monarca cujo poder é limitado e, por vezes, nominal, sujeito a uma
constituição ou normas constitucionais. b) Republicana (não-democrática), na
qual o poder é exercido por um governo de assembleia ou por um governo
presidencial, com um Chefe de Estado eleito por assembleias. Joseph Folliet
observa que, geralmente, os representantes das oligarquias são designados
pelo nascimento, recrutados entre famílias patrícias em oposição aos plebeus,
ou entre os nobres em oposição aos comuns. A riqueza às vezes também é um
critério de eleição, como nos regimes censitários, nos quais apenas os
cidadãos que pagam um montante específico de contribuições ao Estado são
eleitores e elegíveis. Em Roma, durante a monarquia, foi instituído um regime
censitário com a criação dos cavaleiros romanos, recrutados com base em sua
fortuna.
A história apresenta vários exemplos de regimes oligárquicos, incluindo:
a) o governo de Esparta na Grécia; b) o Senado Romano no início da
República (sendo que, na prática, todas as repúblicas antigas eram
oligárquicas devido à escravidão, apesar de se considerarem democráticas); c)
os governos feudais na Europa durante a Idade Média, na Etiópia (negus e
rás), e no Japão durante a era dos "shoguns" (daimios, samurais e ronins); d)
algumas comunas em Flandres, Alemanha ou Itália do Norte (especialmente
Veneza); e) as monarquias ou repúblicas censitárias. Os regimes oligárquicos
apresentam defeitos evidentes, como competições pessoais e divisões internas
prejudiciais à segurança do Estado e ao bem-estar do povo. Além disso, essas
oligarquias geralmente tendem a governar o Estado em benefício de seus
próprios interesses, em detrimento dos interesses da coletividade.
Democracia, derivada do grego demos (povo) e cratein (governar), é um
regime que busca envolver o maior número possível de cidadãos no exercício
do poder e na direção dos assuntos públicos. A definição clássica de
democracia, "governo do povo pelo povo," remonta a Aristóteles. No entanto, é
importante notar que a democracia grega original não incluía todos os
cidadãos, pois Aristóteles excluía os escravos. Essa limitação também se
aplica às democracias modernas, que, até recentemente, negavam o direito de
voto às mulheres. A verdadeira democracia baseia-se na pluralidade dos
sufrágios e no sufrágio universal para todos os cidadãos, definidos como
aqueles com capacidade legal para votar e ser votado. Portanto, a democracia
é o regime em que o governo é exercido pelos cidadãos, seja diretamente ou
por meio de representantes eleitos por eles.
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Joseph Follet destaca diversas distinções no conceito de democracia:


1)Democracia Direta: Os cidadãos votam diretamente nas leis e elegem os
titulares dos poderes judicial e legislativo. Praticável em pequenos países,
como os cantões suíços; Democracia Representativa os cidadãos elegem
assembleias que legislam e escolhem os responsáveis pelo poder executivo.
Pode ser monocamarista (com uma única assembleia) ou bicamarista (com
duas assembleias, como a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes na
Inglaterra, ou a Câmara dos Deputados e o Senado no Brasil e em outros
países sul-americanos). 2) Democracia Parlamentar, o povo delega seus
poderes a assembleias que elegem o poder executivo; democracia
Presidencial, o povo elege, por sufrágio universal direto, os representantes do
poder executivo. 3) Democracia Monárquica, pressupõe a existência de um
soberano que "reina, mas não governa," simbolizando a perpetuidade da
nação, como nas monarquias democráticas da Inglaterra, Bélgica, Holanda e
países escandinavos. Democracia Republicana, conta com um presidente
eleito por um tempo determinado e com possibilidade de reeleição, de acordo
com as constituições.
A democracia, enquanto aspiração ou ideal, remonta a tempos antigos,
mas como uma realidade concreta, a democracia autêntica, segundo Folliet, só
emergiu no Ocidente cristão após a era cristã. Algumas das primeiras
realizações incluem as comunas da Idade Média e os antigos cantões suíços.
O movimento democrático na Inglaterra remonta à Carta Magna na época de
João Sem Terra. No entanto, as grandes democracias começaram a se
consolidar no final do século XVIII, após a Revolução Americana e a Revolução
Francesa. Até agora, a democracia tem se limitado aos países com tradição
cristã, enquanto em outras regiões do mundo, os esforços para implementá-la
têm sido, em grande parte, formais e frequentemente infrutíferos.
A democracia é considerada o regime político mais adequado à natureza
racional e livre da pessoa humana. Seu valor e dignidade derivam da
capacidade de permitir que o povo governe a si mesmo, tanto diretamente
quanto por meio de representantes escolhidos por ele. Na democracia, o povo
ou seus representantes administram os negócios públicos e elaboram leis de
acordo com a opinião geral. Este regime equilibra a autoridade e a liberdade,
baseando a autoridade na vontade popular e respeitando a liberdade por meio
de limitações impostas pelas leis nas quais o povo tem intervenção direta ou
indireta. A democracia também proporciona às elites intelectuais e morais a
oportunidade de se destacarem da massa e desempenharem sua função de
orientação e esclarecimento do povo. O princípio fundamental da democracia é
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que cada povo é senhor do seu destino, tem o direito de viver de acordo com
as leis que livremente adota e escolher as pessoas que, em seu nome,
cuidarão dos interesses coletivos. Essa perspectiva reflete a ideia de que
grupos humanos que progrediram além da selvageria e da barbárie, que
desenvolveram a consciência de si mesmos, não aceitam mais ser
arbitrariamente liderados por governantes autoproclamados escolhidos por
Deus, representantes de dinastias ou detentores de poder pela força.

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