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Formas de Governo
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Sinflório, D.;
SST Formas de Governo / Débora Sinflório
Ano: 2020
nº de p.: 10 páginas

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Formas de Governo

Apresentação
O governo é um termo que advém da palavra grega kubernao, que significa “dirigir
um barco, capitão de um barco”; nesse sentido, quando os filósofos pensavam em
governo e na administração da polis, e na política consideravam o ato de exercer
o controle e a direção sobre algo, ou seja, do Estado. Cada filosofo construiu sua
forma de governo, que estudaremos nesta Unidade.

Contudo, antes de passar a classificação das formas de governo é importante


destacar que comumente as formas de governo, sistemas de governo e regimes
políticos são classificados como se fossem únicos, mas não o são.

Governo
O governo constitui elemento essencial do Estado composto por instituições e
representantes do povo aos que o ordenamento jurídico confia o poder de organizar,
representar e administrar o Estado. Assim, ao tratar de governo, é importante definir
e entender as formas de governo atuais e as que desde séculos foram classificadas
por filósofos como Platão e Aristóteles.

As formas de governo: Platão e


Aristóteles
Desta forma, vejamos as formas de governo segundo as concepções filosóficas e
doutrinárias. Para o filósofo grego Platão, as formas de governo classificavam-se
em ideais e corruptas:

Formas ideais de governo:

a monarquia e a aristocracia, formas estas consideradas por Platão como


única.

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Formas corruptas de governo:

a oligarquia, a timocracia, a democracia e a tirania.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Na visão do filósofo grego Aristóteles, as formas de governo classificavam-se em


puras ou ideais e impuras ou degeneradas:

Formas puras ou ideais de governo: a monarquia, a aristocracia, e a timocracia.


São projetadas para o bem da comunidade.

Formas impuras ou degeneradas de governo: a tirania, a oligarquia e a


demagogia. São as formas de governo que distorcem seus propósitos servindo
a interesses ou propósitos particulares. O governante esquece ou perverte sua
missão e torna o poder público como um instrumento para realização de seus
interesses egoístas.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Outro pensador que merece destaque quanto às formas de governo é o historiador


Políbio (200 a. C.-118 a. C.), que entendeu que as formas de governo classificavam-
se em: monarquia, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia e oclocracia (oclos
latim - multidão, governo das massas).

As formas de governo atuais

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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O filósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) reconheceu uma classificação bipartite


das formas de governo: Monarquia e República. Tanto a República (aristocracia
e democracia) como a Monarquia (principado), na visão de Maquiavel, possuíam
diferentes formas legais e, além disso, eram responsáveis por cada um dos seus
tipos em diferentes processos políticos ou suas próprias tradições.

O filósofo inglês Tomas Hobbes (1588-1679) defendeu a existência de um poder


soberano indivisível que teria a finalidade de gerir o Estado. Logo, Hobbes,
diferentemente dos demais pensadores, entendeu não haver a necessidade de
classificar as formas de governo como havia feito Platão e Aristóteles, mas sim
deveria haver somente uma forma de governo.

Já para o jurista Jean Bodin (1530-1596), por exemplo, as formas de governo


classificavam-se em: monarquia, aristocracia e democracia (república popular).

Ao passo que o jurista Montesquieu (1689-1755), no capítulo IV de sua obra “O


Espírito das Leis”, introduziu modificações fundamentais à teoria das formas do
governo de Aristóteles, classificando-as em:

Republicano o povo possui o poder supremo.

uma única pessoa governa por leis fixas e


Monárquico
estabelecidas.

uma única pessoa dirige tudo por sua própria


Despótico
vontade e tirania.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

De acordo com o filósofo suíço Jean – Jacques Rousseau (1712-1778), as formas


de governo classificavam-se segundo a composição de membros. Assim, para
Rousseau, as formas de governo classificavam-se em:

o soberano confia o governo ao povo ou a


Democracia
grande parte do povo.

o soberano confia o governo a pequena parcela


Aristocracia
do povo

o governo é concentrando nas mãos de um


Monarquia
único governante.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

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O filosofo alemão Friedrick Hegel (1770-1831) menciona que as formas de governo


classificam-se em: monarquia, aristocracia, democracia, oligarquia, oclocracia e
despotismo. Mas seu discípulo o filósofo, Karl Marx (1818-1883), defendeu a não
classificação das formas de governo, visto que o principal era, assim como pensava
Hobbes, a existência de um governo único, que no pensamento de Marx não tinha o
condão de ser soberano, mas sim de não ter a permissão de dividir a população em
classes sociais.

Considerando as diversas formas de governo, destacamos a seguir o significado de


cada uma delas:

A vontade de determinada pessoa que ocupe o poder


Autocracia é tida como lei máxima, lei suprema (ex. Antiga Idade
Média da monarquia absoluta).

Oligarquia Poder exercido por poucos.

É uma forma de governo de aristocratas. Os


aristocratas são considerados como pessoas ricas
e educadas. Durante séculos diversas monarquias
foram governadas por aristocratas. Atualmente
Aristocracia
a expressão “Aristocracia” é utilizada em sentido
negativo, pejorativo para classificar uma República
como sendo governada por ricos, partidos políticos
“nobres”, os que defendem classe “nobre”.

Significa governo dos técnicos ou especialista de


Tecnocracia algum campo de conhecimento como a economia, ou
seja, quem governa é um tecnocrata.

A base principal do governo é a riqueza. Logo, a


Plutocracia Plutocracia relaciona-se com a forma de governo da
Aristocracia.

Os cidadãos elegíveis participam igualmente, seja


Democracia diretamente ou por meio de representantes eleitos na
criação de leis.

Na república, cabe ao povo eleger aos seus


representantes afim de que elaborem e apliquem
República as leis que conduzirão o país, destacando que os
representantes ocuparão o poder por um determinado
período de tempo.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Além disso, convém ressaltar que, na forma de governo republicano, os sistemas de


governo classificam-se em:

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no presidencialismo, o governo central do país


é governado por presidente que, após eleito
República presidencial ou
democraticamente mediante voto pelos cidadãos,
presidencialismo
ocupará a função de chefe de Estado e chefe de
Governo, por determinado período de tempo.

é uma mescla do sistema presidencial e parlamentar,


pois há um presidente que ocupa a função de chefe
República semipresidencial de Estado. Cabe ao povo, mediante voto, elegê-lo e
ou semipresidencialismo um primeiro ministro que ocupa a função de chefe
de governo. E compete aos membros das Câmaras
parlamentares a função de escolhê-lo.

é um sistema de governo representativo que,


diferentemente do presidencialismo, originou-se
através de longo e contraditório processo evolutivo
República parlamentar ou
político monárquico, decorrentes de embates de
parlamentarismo
poder entre os conselheiros (Grande conselho) e o
monarca regente do Reino Unido, quais deram origem
a revoluções e conflitos.

é um sistema de governo no qual os estados, cuja


estrutura do partido é simultaneamente a estrutura
República de um partido ou
do governo, não permite a criação de outras partes
unipartidária
e, se houver outras, sua representação é limitada. O
sistema confunde-se com o próprio Estado.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Teocracia: forma de governo segundo o qual os governantes asseguram estar


governando em nome de um conjunto de ideias religiosas, ou como representantes
diretos de uma divindade.

Monarquia: forma de governo no qual o rei ou uma rainha ocupa a posição de chefe
de Estado, destacando que o poder é transmitido por intermédio da família, ou seja,
de gerações. Assim como a Repúblicas, as Monarquias classificam-se em:

• Monarquias constitucionais ou parlamentares: o monarca ocupa a posição


de chefe de Estado e possui poderes limitados ou meramente simbólicos ou
cerimoniais, exemplo monarquia inglesa.
• Monarquias constitucionais com forte poder real ou monarquia semicons-
titucional: o monarca é regido pela Constituição e, além de ser o chefe do
Estado, segue conservando todos os poderes, por exemplo, de interferir na
política e na condução do Poder Executivo.
• Monarquias absolutas: o monarca detém o poder absoluto do governo ocu-
pando a posição de chefe de Estado e de governo.
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

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Anarquia: não há formas de governo.

Totalitário: forma de governo no qual um único partido político governa de modo


tirano e totalitário obrigando o povo a submeter-se às suas normas, visto o total
controle da vida de uma sociedade.

Autoritário: o poder político concentra-se em uma pessoa. Sobre governo, segundo


o professor Frank Cunningham (2002, p. 31), “Demagogos são especialistas ao
tomar vantagem cínica desses aspectos da democracia, e os populistas autoritários
usam-nos para justificar o governo autoritário”.

Os governos autoritários dividem-se em:

Permanente

busca perpetuar-se como tal, institucionalizado, não está orientado para


outras formas de governo.

Predemocrático

é um governo autoritário transitório e contempla os mecanismos para ser


obtido e não democrático.

Pretotalitário

é um governo autoritário que tem um controle cada vez mais poderoso e


culminará em uma forma de governo totalitário.

Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Ditadura: governo de uma pessoa ou um grupo de pessoas que pode ou não ter sido
eleito e faz o uso da força para controlar o Estado e, em geral, em despeito à opinião
pública ou aos direitos individuais.

As ditaduras militares ou regimes comunistas totalitários não devem ser


confundidos, pois ambos são caracterizados por níveis muito elevados de
concentração de poder.

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Timocracia: governo conduzido por pessoas que dispõem de determinada


quantidade de dinheiro. Para chegar ao poder, o cidadão deve possui capital; do
contrário, não tem condições de aceder ao poder.

Tirania: Governo exercido por um tirano.

Oclocracia: Governo da multidão ou pela plebe.

Despotismo: Governo exercido por uma pessoa com autoridade absoluta, não
limitado a leis.

É importante destacar que o Brasil, por exemplo, cujo nome oficial é República
Federativa do Brasil, adota como forma de governo a República e o presidencialismo
como sistema de governo. Ainda é importante destacar que foi na Constituição de
1891 que o Brasil adotou o sistema de governo presidencialista, sistema esse que,
além de ter sido mantido na Constituição de 1988, foi confirmado no plebiscito
ocorrido em 1993.

Em tal plebiscito, o povo votou no sentido de escolher se o Brasil deveria seguir


republicano e presidencialista ou deveria ser monárquico e parlamentarista. Na
ocasião, a maioria da população decidiu por manter a forma de governo republicana
e o sistema presidencialista.

O período republicano brasileiro iniciou-se com a deposição do imperador Dom


Pedro II e a proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca em 1889,
forma essa que vigora até os dias de hoje. Ainda sobre esse tema, convém ressaltar
que, no transcurso histórico, o Brasil viveu outras formas de governo como a do
período da ditadura militar (1964 – 1985).

Fechamento
Nessa Unidade, entendemos o conceito de governo e as formas traçadas a ele.
Há formas antigas e atuais, ou seja, antes e depois do nascimento de Cristo.
Atualmente, temos duas formas de governo: monarquia e república, onde, na
primeira, o governo pertence à realeza; e, na segunda, o governo pertence ao povo.

Todavia, há formas impuras de governo, onde a centralização de poder na mão de


um ou de alguns é prejudicial às pessoas que vivem no local.

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Referências
BARKER, E. Teoria política grega. Trad. S. Bath. Brasília: Brasília: UNB, 1978.

FLAMARION, C. R.; MELO, R.; FRATESCHI, Y. Manual de Filosofia Política: para os


cursos de teoria do estado e ciência política, filosofia e ciências sociais 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018.

FOUCAULT, M. In: MOTTA, M. B. (Org). A ética do cuidado de si como prática da


liberdade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

MONTESQUIEU, C. de S., O espírito das leis: as formas de governo, a federação, a


divisão dos poderes. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

QUINTANA, F. Ética e política: da antiguidade clássica à contemporaneidade São


Paulo: Atlas, 2014.

RANIERI, N. B. S. Teoria do Estado: do Estado de Direito ao Estado Democrático de


Direito. Barueri, SP: Manole, 2013.

REALE, M. O Estado democrático de direito e o conflito das ideologias. 3. ed. São


Paulo: Saraiva, 2005.

VANIER, J. Aristóteles para quem busca a felicidade: A resposta da filosofia para


aquilo que todos nós buscamos. (s.s.): Kindle, 2016.

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