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AS FORMAS DE GOVERNO1

Leciona Queiroz Lima que o governo é o conjunto das funções pelas quais, no
Estado, é assegurada a ordem jurídica.
O governo estatal apresenta-se sob várias modalidades, quanto à sua origem,
natureza e composição, do que resultam as diversas formas de governo.

Preliminarmente, há três aspectos de direito público interno a considerar:

a) segundo a origem do poder, o governo pode ser de direito ou de fato;


b) pela natureza das suas relações com os governados, pode ser legal ou
despótico;
c) quanto à extensão do poder, classifica-se como constitucional ou absolutista.

As pesquisas apontam ao seguinte entendimento:

Governo de direito é aquele que foi constituído de conformidade com a lei


fundamental do Estado, sendo, por isso, considerado como legítimo perante a
consciência jurídica da nação.

Governo de fato é aquele implantado ou mantido por via de fraude ou violência.

Governo Legal é aquele que, seja qual for a sua origem, se desenvolve em estrita
conformidade com as normas vigentes de direito positivo. Subordina-se ele próprio aos
preceitos jurídicos, como condição de harmonia e equilíbrio sociais.

Governo Despótico (ao contrário do governo legal) é aquele que se conduz pelo
arbítrio dos detentores eventuais do poder, oscilando ao sabor dos interesses e caprichos
pessoais.

Governo Constitucional é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de


uma Constituição, instituindo a divisão do poder em três órgãos distintos e assegurando
a todos os cidadãos a garantia dos direitos fundamentais, expressamente declarados.

Governo Absolutista é o que concentra todos os poderes num só órgão. O regime


absolutista tem raízes nas monarquias de direito divino e explicam-se pela máxima do
cesarismo romano que dava a vontade do príncipe como fonte da leio estudado Carlos I -
Inglaterra.

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Texto organizado a partir de pesquisas. Bibliografia da disciplina – conteúdo programático
CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INGLESA

1. CRONOLOGICAMENTE

1603 – fim da dinastia Tudor


1603-1649 – início da dinastia Stuart - Jaime I e Calos I – direito divino x
contrato social (executado por ordem do parlamento) – interesse coletivo
sobrepondo-se aos particulares
1649-1658 – república puritana - centralizada de Oliver Crowell – império
marítimo e conquistas das américas (espanha e holanda)
1658-1688 – restaura a monarquia Stuart – parlamento também, restaurado
com os reis Calos II e Jaime II – período da REVOLUÇÃO GLORIOSA (REI
CATÓLICO E PARLAMENTO PROTESTANTE, DEPOSTO SEM
DERRAMAMENTO DE SANGUE) – DECLARAÇÃO DE DIREITOS –
BILL OF RIGTHS – LIMITAÇÃO DOS PODERES DE GOVERNO DOS
REIS PELO PARLAMENTOS.

O DOMÍNIO RELIGIOSO DE MONARQUIA ABSOLUTA X CONTRATO


SOCIAL – implica na decadência dos governos absolutistas.

CLASSIFICAÇÃO ESSENCIAL DE ARISTÓTELES

Aristóteles baseou-se em dois critérios para distinguir as três formas de governo.


São eles: um critério quantitativo, baseado no número de pessoas que fazem parte do
governo; e um critério essencialmente ético, ou seja, de ordem moral.

Assim, propõe ainda a divisão dos governos em normais (puros) e anormais


(impuros).
Esta divisão leva em consideração o critério ético, uma vez que o governo para ser
puro precisa ter como principal objetivo o bem comum, opondo-se às formas deturpadas
(impuros), nas quais ao invés do bem comum, prevalece o interesse pessoal.

São formas puras as seguintes:

A) Monarquia – governo de uma só pessoa;


B) Aristocracia – governo de uma classe restrita;

C) Democracia – governo de todos os cidadãos.

São formas impuras, porque desvirtuadas de seus significados essenciais:

A) Tirania, a saber, governo de um só, que vota o desprezo da ordem jurídica.


B) Oligarquia, como governo do dinheiro, da riqueza desonesta, dos interesses
econômicos anti-sociais.
C) Demagogia, governo das multidões rudes e despóticas.

A classificação de Aristóteles, portanto, resume-se no seguinte esquema:

Questão: Qual a melhor forma de governo?

CLASSIFICAÇÃO DE MAQUIAVEL

Maquiavel, consagrado como fundador da ciência política moderna, substituiu a


divisão tríplice do filósofo grego pela divisão dualista das formas de governo:
Monarquia e República (governo da minoria ou da maioria).

Destacou que aristocracia e democracia não são propriamente formas de governo,


mas sim, modalidades intrínsecas de qualquer das duas formas.

Maquiavel diferencia a República da Monarquia basicamente pela forma como


o poder é instituído, seja:

A) República - Diz que se o governo é renovado mediante eleições periódicas;

B) Monarquia - Forma na qual o governo é vitalício e hereditário.

Queiroz Lima enumera as seguintes características da forma monárquica:


a) autoridade unipessoal;
b) vitaliciedade;
c) hereditariedade;
d) ilimitabilidade do poder e indivisibilidade das supremas funções de mando;
e) irresponsabilidade legal, inviolabilidade corporal e sua dignidade. Evidentemente,
essas são as características das monarquias absolutas; mas há também as
monarquias limitadas.

Por outro lado, as características essenciais da forma republicana são:


a) eletividade;
b) temporariedade.
República pode ser definida como a forma de governo em que a chefia do Estado
é exercida por um presidente, eleito pelo povo e empossado para o desempenho de
funções periódicas.

“Existirá República toda vez que o poder, em esferas essenciais do Estado,


pertencer ao povo ou a um Parlamento que o represente” (Prof. Machado Paupério).

QUADRO GERAL E SUBDIVISÔES

1.1.Absoluta

1.Monarquia { 1.2.Limitada

1.2.1.De Estamentos

1.2.Limitada { 1.2.2.Constitucional

1.2.3.Parlamentar

2.1.Aristocrática (governo de elites)

2.República { 2.2.Democrática

2.2.1.Direta

2.2.Democrática { 2.2.2.Indireta
2.2.3.Semidireta
1. MONARQUIA

Monarquia pode ser dada como forma de governo em que a chefia do Estado é
exercida por um soberano, rei ou imperador, cuja ascensão ao trono se faz por
hereditariedade e em caráter vitalício.

1.1. Monarquia Absoluta é aquela em que todo o poder se concentra na pessoa do


monarca. Exerce ele, por direito próprio, as funções de legislador, administrador e
supremo aplicador da justiça. Age por seu próprio e exclusivo arbítrio, não tendo que
prestar contas dos seus atos senão a Deus. O monarca absolutista justifica-se pela origem
divina do seu poder. O Faraó do Egito, o Tzar da Rússia, o Sultão da Turquia, o
Imperador da China, diziam-se representantes ou descendentes dos deuses. Na crença
popular da origem sobrenatural do poder exercido pelos soberanos coroados, repousou a
estabilidade das instituições monárquicas desde a mais remota Antigüidade até o limiar
da Idade Moderna. Entre as monarquias absolutistas se incluem o cesarismo romano, o
consulado napoleônico e certas ditaduras latino-americanas.

1.2. São limitadas as monarquias onde o poder central se reparte admitindo órgãos
autônomos de função paralela, ou se submete esse poder às manifestações da soberania
nacional.

Destacam-se três tipos de Monarquias Limitadas:


a) de estamentos;
b) constitucional;
c) parlamentar.

1.2.1. Monarquia de Estamentos, também denominada por alguns autores monarquia


de braços, é aquela onde o Rei descentraliza certas funções que são delegadas a
elementos da nobreza reunidos em Cortes, ou órgãos semelhantes que funcionam como
desdobramento do poder real. Geralmente, eram delegadas a tais órgãos estamentários
funções de ordem tributativa... A monarquia de estamentos é forma antiga, típica do
regime feudal. Os exemplos mais recentes foram a Suécia e o Mecklemburgo, tendo esta
última perdurado até 1918.

1.2.2. Monarquia Constitucional é aquela em que o Rei só exerce o poder executivo,


ao lado dos poderes legislativo e judiciário, nos termos de uma Constituição escrita.
Exemplos: Bélgica, Holanda, Suécia, Brasil-Império.

1.2.3. Monarquia Parlamentar é aquela em que o Rei não exerce função de governo
— o Rei reina mas não governa, segundo a fórmula dos ingleses. O poder executivo é
exercido por um Conselho de Ministros (Gabinete) responsável perante o Parlamento.

Ao Rei se atribui um quarto poder — Poder Moderador — com ascendência moral


sobre o povo e sobre os próprios órgãos governamentais, um “símbolo vivo da nação”,
porém sem participação ativa no funcionamento da máquina estatal. É exatamente a
forma decorrente da adoção do sistema parlamentarista no Estado monárquico. O Rei
preside a Nação; não propriamente o Governo.
2. REPÚBLICA

A República pode ser aristocrática ou democrática.

2.1. República Aristocrática é o governo de uma classe privilegiada por direitos de


nascimento ou de conquista. É o governo dos melhores, no exato sentido do termo, pois
a palavra aristoi não corresponde, especificamente, a nobreza, mas a escol social, isto é,
os melhores da sociedade.

Atenas e Veneza foram Repúblicas aristocráticas.

A República Aristocrática pode ser direta ou indireta, conforme seja o poder de


governo exercido diretamente pela classe dominante, em Assembléias Gerais, ou por
delegados eleitos, em Assembléia Representativa. Teoricamente, admite-se também a
forma semidireta.

2.2. República Democrática é aquela em que todo poder emana do povo. Pode ser:

A) direta,
B) indireta
C) semidireta.

2.2.1. Na República Democrática Direta governa a totalidade dos cidadãos,


deliberando em assembléias populares, como faziam os gregos no antigo Estado
ateniense.

O governo popular direto se reduz atualmente a uma simples reminiscência


histórica. Está completamente abandonado, em face da evolução social e da crescente
complexidade dos problemas governamentais.

2.2.2. A República Democrática Indireta ou Representativa é a solução racional,


apregoada pelos filósofos dos séculos XVII e XVIII e concretizada pela Revolução
Francesa. Firmado o princípio da soberania nacional e admitida a impraticabilidade do
governo direto, apresentou-se a necessidade irrecusável de se conferir, por via do
processo eleitoral, o poder de governo aos representantes ou delegados da comunidade.
É o que se denomina sistema representativo, que estudaremos nos pontos seguintes,
quanto às suas diversas modalidades.

2.2.3. República Democrática Semidireta. Entre a solução originária da democracia


direta e o regime representativo, surge uma terceira expressão denominada democracia
semidireta ou mista. Consiste esse sistema em restringir o poder da assembléia
representativa, reservando-se ao pronunciamento direto da assembléia geral dos
cidadãos os assuntos de maior importância, particularmente os de ordem constitucional.

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