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I – Introdução.

Fala pessoas, tudo bem com vossas excelências? Espero que sim. Semana
passada falamos sobre o Estado Absolutista e o Estado Liberal.

Neste vemos como era um Estado onde havia um governo de um


soberano de forma absoluta, o qual reinava sem limites e havia em si uma
concentração de poderes.

Com a coroação do Rei Charles III, vimos como era a cerimônia de


investidura de um rei desde os tempos áureos do absolutismo, mas que ainda
vige muito nos tempos de hoje quando falamos de um reino parlamentarista.

Além do absolutismo, vimos o liberalismo o qual houve uma repartição


destes poderes sendo retirados da mão do soberano e colocados com o
parlamento e com os seus representantes eleitos pelo povo.

O rei passou a ser uma figura meramente ilustrativa e representativa da


soberania estatal alime de representar o país em diversos eventos. Todo o poder
decisório está com o parlamento.

O parlamento é constituído da denominada câmara baixa que é a


Câmara dos Comuns. Nesta, os parlamentares detêm o poder de decidir e um
dos seus membros exerce hoje o poder político de decisão, o qual foi retirado
do Rei.

Temos ainda a casa revisora que é a Câmara Alta ou Câmara dos Lordes.
Nessa os membros que são conselheiros são escolhidos por sua majestade. O
Parlamento britânico é concretizado por esta duas casas.

Saindo agora do Reino Unido, mas voltando para ele em alguns


momentos, vamos estudar uma questão bem interessante: a tripartição de poderes.
Sempre ouvimos falar que o Brasil, por exemplo, é um Estado Democrático de
Direito, no qual há a independência dos poderes.

Mas, que poderes são estes e como eles se dividem e quais frutos
podemos retirara desta tripartição? Vamos dar uma estudada nisto agora.
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II – Origem da Tripartição de Poderes: uma viagem à Grécia Antiga com escala


em Londres e depois chegando em Paris.

Galerinha, quando falamos de Tripartição de Poderes para alguns autores


esse conceito soa errôneo. Não há uma tripartição em três poderes diferentes e
sim uma divisão de trabalhos se assim podemos dizer.

Como chegamos a este pensamento? Aristóteles, o qual já falamos um


bastante dele aqui neste curso, foi o mentor desta tripartição (calma vou chegar
em Montesquieu).

Aristóteles era favorecedor da soberania de um monarca absoluto (de


onde tu achas que Hobbes foi buscar?). Professor, Aristóteles era absolutista?
Resposta padrão: Sim!!!!

O contexto em que vivia à época na Grécia era favorável a este tipo de


pensamento, mas se lembre: cada cidade-estado tinha uma forma de governar,
sendo completamente independentes.

Aristóteles não criou a “tripartição”. Ele foi o primeiro a entender o


seguinte: “Beleza, temos um soberano, mas o que ele faz e quais os seus
poderes?”

Aristóteles entendeu o seguinte: o soberano legisla, exerce ou executa as leis


que legislou e pode julgar aqueles que infringem a lei. Mas professor, Hobbes já dizia
isso, não dizia? Sim, pequeno gafanhoto. Mas lembre-se: “Hobbinho” viveu bem
depois de Aristóteles e como aristocrata que era bebeu das fontes filosóficas,
com toda a certeza lendo um pouco dos escritos do “amado mestre”.

Professor, sem enrolação: o que ele queria? Simples: para Aristóteles não
havia uma tripartição de poderes, mas apenas três atividades distintas, mas
ligadas em um único indivíduo: o soberano.

O rei detinha estas três funções as quais estavam ligadas ao seu poder
que por consequência era o Poder Estatal. Se o estado exerce soberania, esta é
exercida na pessoa do soberano quanto exerce as funções de legislar,
executar/administrar e julgar.

Portanto, sempre quando se cita Aristóteles a este foi atribuído o


reconhecimento destas três funções, mas agregadas em um único indivíduo.
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Certo, professor, mas quando passou a ter os poderes como nós


conhecemos? Aí sim, entra o Barão de Montesquieu o qual trouxe este tipo de
repartição.

III – Um pouco de História (de novo!!!).

Bem, pessoas, toda a revolução inicia se geralmente por brigas de direitos


ou por questão de tributos. Na França em 1789 não foi diferente. Anteriormente,
a Inglaterra já havia declinado dos poderes soberanos do monarca, havendo
assim a criação do Parlamentarismo. Mas friso: uma coisa era a terra de “Tio
Charles II”, outra coisa era a terra de “Tio Luís XIV”.

No pensamento de vocês, o que vocês iriam preferir: perder parte do


poder de governo ou acabar morrendo na guilhotina apenas por querer mandar
em tudo?

Perder parte do poder e manter os status de rei com todos os luxos que
lhe advém é uma excelente ideia. Mas, nem todas as monarquias entenderam
isto as quais padecem hoje no esquecimento ou até mesmo foram dizimadas
como a Russa e a Francesa.

Nos períodos monárquicos, havia classes. Para ingressar nestas classes


geralmente você precisa ter sangue de nobres em sua família, sendo um título
hereditário. Se não houvesse essa possibilidade, ficaria impossível de acessar
certos títulos.

Com o tempo, parte da nobreza a qual foi negada alguns títulos em


conjunto com o povo decidiram tomar o Poder do Rei, mais precisamente Luís
XVI e sua esposa Maria Antonieta (lembram do filme?).

Com essa tomada, ingressa as revoluções políticas e a criação de


Assembleias Nacionais Constituintes, as quais geraram primeiramente o Tratado
do Homem e do Cidadão, a qual foi base atual dos direitos fundamentais de
primeira, segunda e terceira geração o famoso: Igualdade, Liberdade e
Fraternidade.

Mas, vamos a nossa figurinha: Montesquieu ou em seu nome pleno:


Charles-Louis de Secondat o qual possuía o título de Barão de Montesquieu o qual
herdou com a morte de sua mãe.
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III – Montesquieu e o “Espírito das Leis”.

Montesquieu foi uma das bases da Revolução francesa. Mas à época da


revolução esse não se encontrava mais vivo. Havia falecido há 34 anos. Muito se
fala sobre a sua divisão de poderes, mas esquecem que este foi jurista, filósofo e
estudioso do assunto.

A influência de Montesquieu se deu pelo seguinte: este fez parte da


Academia Francesa após a publicação de seus escritos. Mas antes disso, desde o
tempo em que se tornara nobre, resolveu dedicar-se aos estudos e a todos os
seus escritos que faria depois.

Esta dedicação lhe rendeu viagens e uma delas foi à Inglaterra, a qual
havia passado pela revolução inglesa. Estudou o sistema parlamentarista
imposto através do pensamento de John Locke e disse: “esse é o sistema”.

Em seu livro “O Espírito das Leis” trouxe à tona a questão da tripartição


de poderes em esferas distintas. Não foi Montesquieu quem criou, mas sim
Aristóteles com a ideia e Jonh Locke com a separação efetiva.

Quando falamos em separação efetiva estendida o seguinte: deixou-se de


ser função e passou-se a ser poderes efetivos, separados com funções distintas e
possuindo o dever de controlar um aos outros o famoso sistema de Freios e
Contrapesos como veremos mais adiante.

Montesquieu não era contra a monarquia, e sim ao despotismo. Mas,


professor, o que é isso? Despotismo significa a concentração de todos os
poderes do Estado em um único indivíduo, o qual estava acima da lei. Era o que
ocorria na França e que estava em extinção na Inglaterra.

Tanto é que Montesquieu era favorável a permanência da monarquia,


mas devendo esta ser controlada pelo parlamento com a criação de leis e os
julgamentos realizados pelo judiciário com total imparcialidade.

Nascia assim as funções intrínsecas de cada poder: o Legislativo que


possui uma função de criar leis a serem seguidas no futuro; o Executivo o qual
possui a função administrativa e executiva, trabalhando com as leis e a
administração no tempo presente; e o Judiciário o qual julga fatos ocorridos no
passado.
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Por isso, apesar de que todos falam que se utiliza o sistema de freios e
contrapesos de Montesquieu este não foi o inventor e sim trouxe de Aristóteles e
Jonh Locke aprimorando e servindo de base à Revolução Francesa.

Certo professor, mas se ele não estava lá qual o motivo e sua importância,
especial quando o senhor diz que ele não é contratualista?

Simples: seu sistema não serviu de base apenas à Revolução Francesas,


mas a muitas monarquias e repúblicas, inclusive a nossa desde a primeira
constituição de 1824 até a última de 1988.

Inclusive a título de curiosidade, a primeira Constituição do Brasil de


1824 não detinha três mas sim quatro poderes: Legislativo, Executivo,
Judiciário e Moderador.

Esse poder foi idealizado por Benjamim Constant. O poder moderador, em


nosso caso, ficava com o Imperador, o qual também era o Poder Executivo
sendo chefe de estado e político da nação.

Mas, beleza: qual a razão da existência deste poder? Lembram que falei
sobre o sistema de freios e contrapesos? O Poder Moderador era o contrapeso dos
demais poderes. Ele poderia ser usado quando houvesse atrito entre os demais
poderes, devendo o monarca neste momento ser imparcial e resolver o
problema.

Mas, você acha que que Pedrinho Iº era imparcial? Com “cerveja” que
não era, utilizava a torta e a direita interferindo em todos os aspectos que podia
causando a maior zona. Por isso, quando veio a República adotou-se o sistema
triparte ou o tradicional havendo apenas legislativo, executivo e judiciário.

Sobre um pouco da História do constitucionalismo brasileiro deixo o


documentário retratando a vida do Ministro Pedro Lessa o qual fez belíssimos
comentários sobre a Constituição Federal de 1891 e foi um dos grandes
defensores dos direitos e garantias fundamentais trazidos neste texto legal:
(179) Tempo e História - o legado jurídico de Pedro Lessa - YouTube .

Bem, saindo agora deste momento de explicação da origem dos “três


poderes” e como eles chegaram no Brasil vamos agora aos poderes e suas
funções propriamente ditas. Mas antes um detalhe: o que darei aqui assim como
explicado em sala de aula será ponto geral, pois minúcias destes poderes só
veremos em Direito Constitucional.
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IV – Dos Poderes : Legislativo, Executivo e Judiciário em sua essência.

A ordem imposta por nossa constituição, assim como nas maiorias pelo
mundo não é aleatória e sim proposital. Lembram que na aula passada falamos
em Estado Democrático de Direito e que todo o poder pertence ao povo ?

Pois é: uma das consequências do Estado de Direito é: a de ter de seguir as


leis que ele mesmo cria através de seus representantes. Mas, onde estes
representantes se enquadram? Ai sim ingressamos no Poder Legislativo.

O Poder Legislativo encontra-se como primeiro devido a sua função a qual


chamamos de “pró futuro” ou seja: uma função que vai trabalhar o futuro do
país.

Sua função típica é a de criar leis, ou no termo técnico devido a de


legislar em nome dos que o elegeram. Quando falamos de poder de legislar
significa que dentro de um processo legislativo cabe ao Poder Legislativo criar os
textos de lei, debater a aprovar cada texto, enviando ao Presidente da República
o qual sancionará ou vetará a lei.

Mas, Montesquieu passou a formular as funções atípicas. O que isso


quer dizer: além da função comum a que lhe é atribuída este detém uma
pequena parcela do outro poder. Como por exemplo a de fiscalizar a
administração do Poder Executivo.

Ou seja: cabe ao Poder legislativo: criar leis como função típica e fiscalizar
se as leis estão sendo cumpridas pelo Poder Executivo como função atípica. Vou
exemplificar para ficar mais fácil.

Todos os anos é leia a Lei Orçamentária Anual para o ano seguinte a qual
é a lei que diz o que o governo, no caso o Poder Executivo pode gastar com cada
área em que vai trabalhar.

Se é lei, deve ser seguida pelos três poderes, mas cabe ao Poder
Executivo administrar esses gastos. Aí que entra o Poder Legislativo. De que
forma? através de um órgão que todos ouvem falar: O Tribunal de Contas Da
União ou dos Estados.

Professor, mas tribunal não é do Poder Judiciário? Sim. Mas lembra que as
funções atípicas tomam a parcela de cada poder? Nesse caso a função deste
tribunal nada mais é do que fiscalizar e julgar as contas do Poder Executivo para
ver se os gastos estão de acordos com a Lei Orçamentária Anual.
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Um exemplo mais visível: o poder de julgamento do Senado Federal


sobre o Presidente da República. Quando o Presidente da República comete os que
denominamos de Crimes de Responsabilidade esta deverá ser julgada a sua perda
do mantado através de julgamento realizado pelo Senado Federal Tem o vídeo
na integra: (179) Impeachment - Sessão Extraordinária - 31/08/2016 - YouTube .

Certo pessoas? Alguma dúvida até aqui?

Bem, sanadas estas dúvidas vamos ao nosso segundo poder: o Poder


Executivo.

Executar compreende em administrar. Essa é a função típica do Poder


Executivo: administrar e gerenciar o país além de representar estes em alguns
momentos nas questões internacionais.

Algém precisa organizar orçamento, gerenciar gastos, dar ordens de


criaç~]ao e elaboração de projetos. Literalmente: guiar todo o processo nacional.
Esta função portanto em nosso caso cabe ao presidente da república, mas nada
impede como nos sistema inglês que possa caber a um primeiro-ministro, por
exemplo.

Portanto, com as leis criadas pelo Poder Legislativo o Poder Executivo deve
cumprir integralmente o que vem ordenando sob a responsabilidade de
cometer atos ilícitos e perder o cargo.

Certo professor, mas e a função atípica do homem, qual é? Como função


atípica existe o controle dos atos legais o qual se dá através da sanção e do veto
ou ainda pode o presidente em casos limitados legislar. Isto é: o chefe do Poder
Executivo pode criar leis em alguns casos.

Mas, como isso ocorre? Vou exemplificar: você deve ter visto em algum
momento que o Presidente fez uma “Medida Provisória”, remetendo-a ao
Congresso, ou ainda, partiu do Poder Executivo uma proposta de lei a qual lhe é
exclusiva.

Mesmo havendo a remessa da Medida Provisória no prazo de 24 horas


ao Congresso nacional, esta entra em vigor de imediato cabendo ao Congresso
apenas manter ou suspender a lei.
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Certo, pessoas? Deixei claro que a função típica do Poder Executivo é a de


administrar e executar as leis que são feitas pelo Poder Legislativo e que a função
atípica e a de criação de leis em casos específicos?

Então, para finalizar vamos agora ao Poder Judiciário.

Esse por sua vez não está como último lugar por ser pior ou menos
importante: detem uma função específica: a de ajustar as contas em
determinados casos. Mas antes vamos a sua função típica.

Simples: como função típica, cabe ao Poder Judiciário a possibilidade de


julgar fatos ocorridos no passado, os quais vão contra as leis.

Atráves de um peocesso judicial o qual é criado por meio de lei, temos o


julgamento de fatos cometidos por um indivíduo o qual transgrediu leis
anteriormente criadas. Cabe ao Poder Judiciário exercer o que chamamos de
jurisdição estatal.

Todo o juiz que se encontra em umas vara ou no tribunal está ali como
representante do estado. Por isso se diz que ele é o estado-juiz e que por meio
dele haverá a jurisdição estatal.

Certo, professor, mas o poder judiciário possui função atípica? Sim e


vamos dizer quais são elas.

Como função atípica gosto de destacar duas. A primeira delas e


possibilidade de legislar ou propor certas leis de maneira exclusiva. De que
forma prof.? Todo tribunal possui um regimento interno. Este regimento é
elaborado pelo próprio tribunal e votado lá dentro.

Possui força de lei mesmo não sendo lei, mas dada a sua validade deve
ser seguido. Mas qual a razão disso? Nada melhor do que o dono da casa para
dizer onde há goteiras.

Com isso, desejo dizer o seguinte: nada melhor que o próprio tribunal
para dizer como este funciona e como organizar este funcionamento. A outra
coisa está na propositura de leis determinadas.

Tivemos a Emenda Constitucional 45 a qual pedi para voc~es darem


uma pesquisada. Esta emenda alterou certos artigos da Constituição, incluindo
alguns artigos voltados a administração e divisão do Poder Judiciário.
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Neste caso, quem fez foi o Poder Legislativo, mas este não poderia fazer se
não houvesse a propositura do Judiciário. Propositura nada mais é do que o
Judiciário dizer ao Legislativo quais suas necessidades.

Na maioria dos casos, e isso vem dos sistema americano, cabe ao Poder
Judiciário outra função: a de controlar os atos legislativos tantos do Poder
Legislativo quanto do Executivo.

O que isso significa professor? O seguinte: quando o Congresso Nacional


vota em uma lei que vai contra a constituição cabe ao Supremo Tribunal Federal
julgar e analisar a inconstitucionalidade desta lei. Quando falamos do Poder
Executivo temos o controle de ilegalidades de atos administrativos.

Que ver um exemplo: o caso da declaração de inconstitucionalidade do


indulto do senador Daniel Silveira dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro: (179)
Pleno - Bloco 1 - Anulação do indulto concedido ao ex-deputado Daniel Silveira
- 10/5/2023 - YouTube .

Bem, pessoas. Esse foi um breve resumo do que vem a ser os três poderes
e da mesma forma como estes surgiram e chegaram até nós.

Na próxima aula falaremos sobre soberania como derivativo dos três


poderes.

Bjs!!!
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