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ABSOLUTISMO: O PODER CONCENTRADO NAS MÃOS DO SOBERANO

O Absolutismo foi um sistema político predominante na Europa entre os séculos XVI e


XVIII, caracterizado pela concentração quase total do poder nas mãos do monarca. Este modelo
de governo, que contrastava com as estruturas feudalistas anteriores, visava consolidar e
fortalecer o poder do soberano, muitas vezes representado por um rei ou rainha.

Características do Absolutismo:

1. Centralização do Poder: No Absolutismo, o monarca detinha autoridade absoluta sobre


o Estado. Todas as decisões políticas, legislativas e administrativas emanavam do
soberano, que governava sem a necessidade de consultar órgãos representativos.

2. Divina Comédia: Muitos monarcas absolutistas alegavam ter recebido seu poder
diretamente de Deus, uma doutrina conhecida como o "Direito Divino dos Reis". Essa
crença buscava legitimar o domínio do soberano, afirmando que sua autoridade era de
origem divina e, portanto, inquestionável.

3. Economia Mercantilista: O Absolutismo frequentemente promovia políticas


econômicas mercantilistas, visando o enriquecimento do Estado. Os monarcas
buscavam acumular riquezas por meio do controle do comércio, da expansão colonial e
da imposição de tarifas e monopólios.

4. Exércitos Permanentes: Para consolidar o controle interno e externo, os monarcas


absolutistas mantinham exércitos permanentes. Isso garantia a força necessária para
impor a vontade do soberano, reprimir revoltas e expandir territórios.

Exemplos de Absolutismo na Europa:

1. Luís XIV na França: O reinado de Luís XIV, conhecido como o "Rei Sol", é frequentemente
associado ao Absolutismo. Ele consolidou o poder real em Versalhes, controlando
rigorosamente a nobreza e centralizando as decisões políticas e administrativas.

2. Carlos I na Inglaterra: Embora a Inglaterra tenha experimentado o Absolutismo sob


Carlos I, resultando na Guerra Civil Inglesa, a subsequente Revolução Gloriosa (1688)
estabeleceu limites ao poder monárquico, culminando na soberania parlamentar.

Declínio do Absolutismo:

O Absolutismo enfrentou resistência ao longo do tempo, principalmente devido às


crescentes demandas por direitos individuais e participação política. A ascensão de movimentos
iluministas, que promoviam ideias de igualdade, liberdade e separação de poderes, desafiou as
bases do Absolutismo.

Em última análise, o Absolutismo cedeu lugar a formas mais representativas de governo,


marcando uma transição importante na evolução política da Europa. A Revolução Francesa, no
final do século XVIII, foi um dos eventos que culminaram na queda das estruturas absolutistas e
na ascensão de sistemas mais democráticos e participativos.

Os Teóricos Absolutistas: Fundamentos Filosóficos do Poder Absoluto Monárquico

Os teóricos absolutistas desempenharam um papel significativo na fundamentação


ideológica do sistema político conhecido como Absolutismo. Suas obras, desenvolvidas
principalmente durante os séculos XVI a XVIII, buscavam justificar e legitimar a concentração de
poder nas mãos do monarca, promovendo a ideia de que a autoridade real era divinamente
ordenada e, portanto, inquestionável. Entre os principais teóricos absolutistas, destacam-se
figuras notáveis cujas ideias moldaram as práticas políticas da época.
 Jacques Bossuet (1627-1704): Bossuet, bispo e teólogo francês, é conhecido por sua
obra "Política Segundo as Sagradas Escrituras". Nesse tratado, ele defendeu o conceito
do "Direito Divino dos Reis", argumentando que os monarcas recebiam sua autoridade
diretamente de Deus. Bossuet enfatizava a submissão do povo à vontade divina refletida
no poder régio, desencorajando qualquer forma de resistência popular.
 Jean Bodin (1530-1596): Bodin, jurista e filósofo francês, contribuiu para a teoria do
Absolutismo em sua obra "Os Seis Livros da República". Ele defendia a ideia de soberania
absoluta e indivisível do Estado, argumentando que o monarca deveria deter o poder
supremo para assegurar a ordem e a estabilidade na sociedade. Bodin influenciou a
concepção do Estado moderno, destacando a necessidade de um governo centralizado
e forte.
 Thomas Hobbes (1588-1679): Embora Hobbes seja frequentemente associado ao
contratualismo, suas ideias também tiveram impacto nas teorias absolutistas. Em sua
obra "O Leviatã", Hobbes argumentava que, em um estado natural, a vida seria
"solitária, pobre, sórdida, brutal e curta". Ele defendia um contrato social em que os
indivíduos abririam mão de sua liberdade em troca de proteção absoluta pelo Estado, o
Leviatã, liderado por um monarca poderoso.
 Outras Influências: Além desses teóricos, o Absolutismo foi influenciado por
pensadores como Nicolau Maquiavel, cuja obra "O Príncipe" explorava estratégias de
governança e a estabilidade do poder. Também vale mencionar a figura do cardeal
Richelieu na França, que implementou políticas absolutistas em nome do rei Luís XIII.
 Críticas e Desafios: Apesar da influência desses teóricos, suas ideias enfrentaram
críticas, especialmente durante o Iluminismo. Filósofos como John Locke e Montesquieu
questionaram a legitimidade do Absolutismo, defendendo ideias como a separação de
poderes e os direitos naturais, contribuindo para a transformação das estruturas
políticas na Europa.

Em suma, os teóricos absolutistas desempenharam um papel crucial na justificação


ideológica do poder monárquico absoluto, estabelecendo as bases para o governo centralizado
que caracterizou a Europa em certos períodos da Idade Moderna. Suas obras continuam a ser
estudadas como parte fundamental da evolução das teorias políticas.

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