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UNIVERSIDADE PAULISTA

PSICOLOGIA

ADNA PERES FERREIRA NASCIMENTO


KAREN SABADINE COELHO
LARYSSA ALVES FERREIRA
LILIAN GOMES SILVA
MISSILENE RAMOS DO NASCIMENTO
VANESSA LIMA SANTANA

SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

SANTANA DE PARNAÍBA
2023
ADNA PERES FERREIRA NASCIMENTO RA: N051124
KAREN SABADINE COELHO RA: N0774680
LARYSSA ALVES FERREIRA RA: G736FGB
LILIAN GOMES SILVA RA: T934CB1
MISSILENE RAMOS DO NASCIMENTO RA: G785746
VANESSA LIMA SANTANA RA: G745BH6

SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

TRABALHO DE COMPLEMENTO DA
MATÉRIA DE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA,
APRESENTADO AO CURSO DE
PSICOLOGIA, DA UNIVERSIDADE PAULISTA
PARA FECHAMENTO DE NOTAS

ORIENTADOR: PROF. MS. REBECA DE


CASTRO

SANTANA DE PARNAÍBA
2023
“A sabedoria começa na reflexão”
(Sócrates)
Surgimento da Psicologia como Ciência
O presente trabalho aborda questões advindas da Baixa Idade Média,
compreendido entre os séculos XI e XV, até o marco histórico da psicologia como
ciência, datado no século XIX. Para a psicologia intitular-se como ciência foi preciso
conhecimento de si, que é resultante de condições históricas.

Durante a Baixa Idade Média, na Europa Ocidental, a sociedade feudal era


dividida em quatro instâncias: rei e nobreza, clero e servos, com baixa possibilidade
de ascensão social, suas posições eram definidas no nascimento. O rei e a nobreza
exerciam poder político e militar, o clero, a classe detentora do poder religioso,
persuadia seus fiéis pela fé e exercia amplo poder político, enquanto os servos
eram a maior parte da população.

Em um mundo ruralizado, a economia baseava-se nos feudos e na mão de


obra servil. O senhor feudal e alguns elementos do clero, distribuíam pequenos lotes
aos servos para a produção agrícola. Essa produção era passada ao senhorio,
apenas uma pequena parcela era destinada ao seu sustento.

O Teocentrismo influenciou a sociedade em diversas áreas. Os festivais eram


de cunho religioso, a baixa produção agrícola seria por questões divinas, os
monarcas justificavam o direito ao trono por escolha de Deus, sendo sua nomeação
reconhecida pelo Papa. Existia um forte vínculo entre o Estado e a Igreja, os reis
ficavam submetidos ao clero.

A Igreja Católica detinha grande poder e representatividade, qualquer


pensamento e ação que fugisse da doutrina religiosa era considerado pecaminoso.
Na visão teocêntrica, Deus é o centro de tudo e a igreja corresponde ao governo de
Deus na Terra. Portanto, a forma de vida medieval é marcada pelo pensamento
religioso. Existia uma única verdade, inspirada em Deus e nos ensinamentos da
Bíblia.

“Durante a Idade Média, era relativamente difícil explicar como era possível
ser responsabilizado por pecar se a pessoa não era livre e apenas cumpria os
planos de Deus, como responsabilizá-la?” (SANTI, 1998, p. 19). Nessa época, havia
pouca atividade intelectual, a concepção do “eu” não era possível, tampouco a
privacidade ou o isolamento.
Com a Expansão Marítima do mundo ocidental, a Baixa Idade Média
testemunhou o ápice do feudalismo e o seu declínio. Com o fortalecimento do
comércio e as transformações políticas, econômicas e culturais, marca-se o fim da
“Idade das Trevas” e do sistema feudal, e o início da Idade Moderna e do
capitalismo mercantil, datado entre os séculos XV até XVIII.

Idade Moderna

No Renascimento, os preceitos e costumes ditados pela igreja passam a ser


questionados. Não existia uma única verdade fundamentada na palavra de Deus e
referida pelo clero. Logo, a diminuição de sua influência e de seu poder,
ocasionados pelas Grandes Navegações e transição do feudalismo ao
mercantilismo, leva à crise que desencadeia o antropocentrismo.

Com o surgimento do antropocentrismo, que coloca o homem como o centro


do mundo, surge o movimento denominado Humanismo. “O homem não pode mais
contar com uma resposta dada por uma autoridade absoluta, ele deverá buscar ou
construir suas próprias respostas” (SANTI, 1998, p. 9). Neste período, na passagem
entre Idade Média e Idade Moderna, o homem busca compreensão através de
métodos científicos, havia a valorização do ser humano e de suas emoções,
consequentemente os ensinamentos religiosos ficam em segundo plano.

Deste modo, o homem busca por meio de regras, estruturar uma forma de ser
e seu propósito, e como consequência surge a percepção da Subjetividade Privada:
os indivíduos são livres, independentes, e donos do seu próprio destino. “Essa
escolha implica em uma construção da identidade, e exige um esforço brutal, quase
sobre-humano; o homem deve dominar a dispersão que o mundo é” (SANTI, 1998,
p. 19).

Ao pensarmos em arte, na Idade Média, o ser humano era visto apenas como
instrumento da criação divina. As assinaturas tornam-se incluídas nas obras no
Renascimento, trazendo à arte a expressão de seus artistas. Decerto que Leonardo
da Vinci e Michelangelo foram artistas de inúmeros talentos, refletiam sobre os
astros, anatomia humana, e a partir dessa visão, o homem abre-se para um novo
mundo.
A relação do homem com o mundo trouxe a multiplicidade, o conhecimento
de novas civilizações, costumes, hábitos e línguas. A feira renascentista trazia
diversas novidades de vários lugares, desde alimentos básicos de cozinha, até
circulação de mercadorias e intercâmbio de bens. Diante dos costumes distintos dos
seus, surgem duas atitudes básicas:

I. Diferença é um erro: em razão disso, cabe catequizá-la, conduzi-la à verdade.


Caso recuse em acreditar, utiliza-se outros meios convincentes, visto que
trata-se do seu próprio bem;
II. Ambas verdades são válidas ou inválidas: coloca-se em questão a própria
verdade, não como única, mas como uma entre as possíveis.
Esse encontro com a diversidade, e o confronto com a diferença no mundo
fez com que o homem questionasse sobre si.
A colocação do homem no centro do mundo nos traz a ideia que todas as
coisas existem para a sua contemplação e uso. Torna-se natural para o
homem matar animais ou devastar a natureza na medida de seus
interesses. A relação do homem com relação ao mundo se tornará cada vez
mais a de exclusão. O homem julga-se quase como Deus, relativamente
acima do mundo, e as coisas (e mesmo o corpo humano) serão tomadas
como objetos. (SANTI, 1998, p. 11).

Santo Inácio de Loyola reconhece a liberdade humana, entretanto constata a sua


perdição, à vista disso busca guiar o homem ao caminho de volta a Deus. Dessa
forma, propõe em “Os Exercícios Espirituais” procedimentos disciplinares
estruturados em práticas espirituais que levarão o praticante à iluminação. Para a
sua salvação, é preciso revogar a sua liberdade e transferi-la a uma autoridade
religiosa. Se a iluminação não for alcançada ao fim do exercício, será por
insuficiência de fé e do empenho do praticante.

Nicolau Maquiavel julga o mundo como egoísta e mau. Em sua obra “O Príncipe”
descreve prescrições sobre como governar. O governante é instruído a criar
alianças como única forma de estabelecer uma unidade de dispersão.
Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que
quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se
rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são
egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.
(MAQUIAVEL, 1532, p.31).

Em ambos procedimentos descritos por Santo Inácio de Loyola e Nicolau


Maquiavel, tendo em vista que um afirma o valor do governo humano enquanto o
outro, o retorno a Deus, os autores reconhecem a necessidade da afirmação do
sujeito por modos radicais e estreitos.

Ainda no século XVI, em relação à construção do “eu”, vale ressaltar um nome


de destaque no movimento do Ceticismo: o filósofo Michel de Montaigne. Seu
isolamento da vida social dá origem ao processo de escrita intimista de sua obra
“Ensaios”, na qual trabalhou até o fim de sua vida.

Há pelo menos duas vertentes do Ceticismo: uma diz respeito ao Fideísmo, que
vai ditar a fé como posição de superioridade em relação à razão, reforçando a
insignificância do homem perante Deus, e a outra vertente, Ceticismo Radical afirma
que é insustentável crer em alguma referência absoluta.

Acredita-se que Montaigne tinha afinidade com a segunda vertente, pois


subentende-se através de sua obra. Segundo Santi (1998, p. 48), “o eu não é para
ele uma referência a priori, como será para Descartes, mas sim algo inconstante e
sempre inacabado. Ele se forma continuamente num processo reflexivo”.

Ainda no seguimento dessa segunda vertente crítica a qual Montaigne faz parte,
destaca-se Erasmo de Rotterdam, autor da famosa obra “Elogio da Loucura”. Nessa
obra desconstrói valores que até então eram tidos como óbvios e desnaturaliza
costumes considerados naturais sob tom de humor, expondo as hipocrisias.

Dando seguimento, surge a vertente dos autores dos “Manuais de Boas


Maneiras”, cujo intuito era o controle do corpo. Pode-se citar de exemplo obras como
“O processo civilizador”, de Norbert Elias e “História da vida privada”, de Ariés &
Duby. Tais obras analisam a Civilidade Pueril, o corpo começa a ser foco da
observação e do autocontrole.

Aproximadamente, entre o século XVI ao XVII, surge uma obra importante escrita
por Shakespeare intitulada “Hamlet”. Repleta de monólogos que expressam a
interioridade, uma característica fundamental da Modernidade. Hamlet, o
personagem principal, demonstra profunda recusa em ser manipulado e exercer o
papel que lhe foi designado, ele opta por priorizar a si mesmo, se distanciando do
coletivo. A partir disso, temos um exemplo de autocrítica e também da construção do
homem na Modernidade.
Um dos fundadores da Modernidade é o filósofo René Descartes. Ele escreveu
“O Discurso do Método”, uma obra de grande importância, escrita no século XVII e
que surge a partir de um momento de fragilidade do movimento do Ceticismo, diante
da necessidade de encontrar referências confiáveis e racionais.

A forma de pensar de Descartes assemelha-se à de Santo Inácio, pois Descartes


acredita que todos podem acessar o caminho para a verdade. Divergindo-se de que
a razão humana estrutura a ordem das coisas, através do uso correto das leis
matemáticas e geométricas.

Importante dizer que Descartes, desde jovem, estudou em escola de jesuítas,


criada por Santo Inácio, seguindo seus ensinamentos. Percebe-se, através de suas
obras, o anseio de Descartes por uma referência confiável e também uma
percepção de desordem e dúvida sobre o mundo.

Descartes iniciou um processo chamado “Dúvida Metódica”, onde se propôs a


refletir sobre cada coisa que há no mundo, procurando saber se lhe poderia fornecer
uma verdade segura. Todas as idéias precisavam ser claras e distintas, então,
Descartes as ordenou em 3 categorias: 1) aquilo que fosse falso, ele consideraria
falso; 2) aquilo que fosse incerto, também seria considerado falso; 3) verdade, o que
fosse 100% seguro diante do crivo da racionalidade humana.

Seguindo essa linha de pensamento, concluiu-se que os conhecimentos obtidos


até então, mostravam-se enganosos, e as opiniões anteriores duvidosas. Há
incertezas no externo, apresentando a necessidade de interrogar-se a si mesmo,
buscar o contato com a interioridade.

Os caminhos de Descartes e de Montaigne se encontram e terminam de formas


muito diferentes. Enquanto Montaigne apresenta a incerteza sem fim e a
necessidade de construir um “eu”, Descartes, em meio ao movimento de “recuo
metódico” (o ato de duvidar era condicionado a um “eu pensante”), chega à
conclusão de que apesar das incertezas encontradas no externo, havia um ser
pensante, uma alma racional, o único ponto de segurança que produz a estruturação
correta das coisas no mundo. A dúvida é superada pela existência do “eu absoluto”.
Exemplo de sua famosa frase: “Eu penso, logo existo”.
Durante o século XVII, o “eu” passou a ser tomado como centro do mundo. O
“eu” era totalmente definido pela totalidade da experiência humana, onde tudo que
não se identificasse a ele seria tomado como loucura. Não era admitido nada habitar
em um espaço fora do “eu”.

O medo da loucura surgiu a partir do conceito de Descartes, sendo a referência


do homem e da razão “o ser pensante”, a partir do momento que a falta de lucidez
ou a instabilidade do “eu” coloca em risco esta referência do homem (seu valor no
mundo), surge o medo da loucura, a estabilidade do mundo se fragiliza (a identidade
do “eu” torna-se ameaçada).

Podemos referir que o reconhecimento da loucura estava ligado ao momento de


maior afirmação do “eu”.

Neste período tivemos a influência do filósofo Thomas Hobbes. Ele buscou


sistematizar idéias a respeito da natureza humana e do Estado em sua obra mais
importante intitulada “Leviathan” (1651). Ele acreditava que o homem deveria seguir
o caminho da racionalidade e exercer o domínio da natureza humana. Para Hobbes,
a sociabilidade não fazia parte da natureza humana, e a ordem social só seria
possível através da constituição de um estado civil, pois todas as inclinações
individuais estarão unificadas promovendo o bem coletivo.

Durante o século XVIII, o “eu” deixa de ser tomado como totalidade e surge o
estabelecimento dos espaços público e privado. Este foi o período no qual o espaço
outrora “excluído” emerge como “mundo íntimo”, passando a ser considerado.

Este século é considerado o século das luzes e ao mesmo tempo também é


considerado o século do artifício.

O espaço da privacidade constituía-se o lugar dos desejos, e pensamentos anti-


sociais, que eram ocultados pela etiqueta e boas maneiras. Manter as aparências
era o foco principal do convívio social.

Neste século, o “eu” é encoberto por um véu e a missão é revelá-lo. O “eu” passa
a ser uma máscara que encobre a verdade. A vida urbana e civilizada é acusada de
afastar o homem de sua verdadeira natureza, porém, essa é uma natureza
idealizada.
Neste contexto, o Romantismo nasce como uma crítica ao Iluminismo por seu
racionalismo. Esse movimento se estende do final do século XVIII até o século XIX
e ressalta que a essência humana está em sua natureza passional.

Com a separação do público e privado, tivemos uma suposição que tudo o que
mostramos em público era o que tínhamos de bom e o que era feito no privado
mostrava uma ideia de algo excluído da sociedade. Porém, surge um novo
pensamento que aquilo que mostramos no público é uma imagem falsa e o privado
corresponde a quem somos de verdade.

No século XVIII surge também um movimento de autocrítica para a razão


alcançar o conhecimento pleno. Através de Kant, o pensamento torna-se objeto de
investigação, proporcionando um movimento reflexivo (a razão pensa por si). Em
sua principal obra, a “Crítica da razão pura” estrutura-se o pensar por categorias que
representa tudo a respeito do mundo, portanto o conhecimento sobre o mundo é
formatado por nossa cognitividade, só teremos acesso aos fenômenos, nada é
conclusivo, produzimos hipóteses, e não verdades.

Isso significa que a razão deve abster-se de questões que ultrapassem em muito
seu alcance, por exemplo, a existência de Deus, da alma ou da liberdade. Podemos
discutir interminavelmente sobre tais assuntos e nunca chegaremos a uma
conclusão, este movimento é infinito.

Sendo assim, o autor do século XX, descreve o procedimento da razão no século


XVII:
Ele consiste em partir de fatos solidamente estabelecidos pela observação,
mas não basta que os fatos estejam 'ao lado' uns dos outros, é preciso que
eles se encaixem uns 'nos' outros, que a simples convivência se revele, bem
considerada, como dependência, que da forma de agregado se passe à
forma de sistema. Esta forma sistemática não pode evidentemente ser
imposta o exterior aos fatos; é preciso que ela sobressaia. Os 'princípios'
que nós precisamos procurar em toda parte, e sem os quais nenhum
domino de um conhecimento seguro e possível, não são tais ou tais ponto
de partida escolhidos arbitrariamente pelo pensamento e aplicados a força à
experiência concreta para modelar (CASSIRER, 1998, p. 66).

Considerado o pai da psicologia Wilhelm Maximilian Wundt foi médico,


filósofo e psicólogo alemão, nasceu em 1832 e estabeleceu conceitos que
movimentaram tudo oque se sabia sobre psicologia e foi considerado um dos
fundadores da psicologia experimental.
Estudou medicina em Tubinga e depois transferiu-se para a universidade
de Heidelberg, onde estudou fisiologia, anatomia, física e química. Porém ao logo
do curso evidenciou-se para Wundt que ele não possuía inclinação para
medicina, assim especializando-se em fisiologia. Wundt teve também um
importante envolvimento na política, mas, alguns depois de alguns anos se
afastou do mundo político para se dedicar somente a vida acadêmica.
Com o doutorado na mão trabalhou como professor adjunto na
universidade de Heidelberg por mais de dez anos (focado em fisiologia, porém
seu interesse por psicologia crescia paralelamente), em 1555 defende tese sobre
sensibilidade táctil de pacientes histéricos onde utilizou o método Weber de
discriminação limiar entre dois pontos. Depois foi professor de filosofia em
Zurique e mais tarde professor de filosofia indutiva em Leipzig. Em Heidelberg
deu o primeiro curso universitário de psicologia científica e passou a escrever e
publicar o primeiro livro de psicologia “principles of Physiological Psychology” ou
“princípios de psicologia fisiológica” em 1873, onde afirmou que seu propósito
com o livro era de iniciar um novo domínio da ciência, relatando os métodos
experimentais para estudar a experiência consciente imediata sob situações
controladas em laboratório, antes disso também publicou: 1858, estudos sobre
psicofísica, sensação e percepção organizados em livros “Outlines of
Psychology”; Em 1863 “Lectures on human and animal psychology”, um dos
primeiros estudos de psicologia comparada. Suas pesquisas diziam respeito
principalmente aos processos sensórios e percentuais básicos.
Em 1879 Wundt cria o primeiro laboratório de psicologia do país, no
instituto experimental de psicologia da universidade de Leipzig na Alemanha,
com o intuito de dar uma identidade mais independente na área, assim
separando a psicologia da filosofia e biologia tornando-a uma ciência
independente. Fazendo que a partir daí os psicólogos alemães tivessem mais
liberdade para trabalhar em conceitos mais complexos e restritos, desenvolvendo
investigações psicológicas de forma sistemática, assim fomentaram e
construíram diversas teorias mais elaborado e escolas para ensiná-las. Indicava
e defendia que os psicólogos alemães deveriam investigar os processos
elementares da consciência humana, utilizando métodos científicos para estudar
a sensação e percepção.
Em 1881 Wundt funda a primeira revista científica de psicologia, a
Philosophische Studien, sua abordagem ficou conhecida por estruturalismo
devido ao uso de métodos experimentais para encontrar os blocos de
construções e estruturas de pensamentos, investigar como eles interagiam. Para
fazer isso ele estudou sensação, percepção e observação de objetos, imagens e
eventos de seus participantes, mostrando assim como a introspecção poderia ser
usada para estudar os estados mentais em experiências replicáveis que
poderiam ser feitas em laboratórios. Assim Wundt se destacou por criar muitos
conceitos que ainda hoje são usados, como a definição de mente e processos
mentais mais complicados que são influenciados pela vontade, surgindo daí sua
preferência ao estudo da experiência imediata, também contribuiu na psicologia
social a qual estuda os comportamentos em sociedade, acusados por interações
entre pessoas a partir de sua linguagem e hábitos culturais, havendo assim
algumas análises de psicolinguística. Os estudos com Wundt foram férteis e
abundantes, onde frequentadores de seus laboratórios só cresciam, com isso
surgiram muitas ramificações e ideias novas dando origem a novas tendências e
publicações, sendo assim o responsável por fazer da psicologia um ramo de
estudos próprio.

No século XX surge Sigmund Scholomo Freud, um neurologista e psiquiatra


Tcheco, que marcou de vez e modificou a história e rumo da psicologia e da
psiquiatria moderna, sendo, o criador da psicanálise. Nasceu em 6 de maio de 1856,
na cidade de Freiberg-Moravia (antigo império austríaco e hoje atual Tchéquia) era
filho de Jacob Freud, pequeno comerciante de lã, e de Amalie Nathanson, de
origens judaica. Freud foi o primeiro de oito filhos e quando tinha quatro anos de
idade devido a problemas financeiros sua família se mudou para Viena, onde os
judeus eram melhores aceitos socialmente, na época berço de grandes produções
de cultura,arte,música, literatura,ciência…
Des de pequeno Freud se mostrava brilhante e em 1873, com 17 anos entrou
na Universidade de Viena no curso de medicina. Durante os anos de faculdade ele
se direcionou para a área de pesquisa, onde fascinou-se pelo estudo cerebral e
histologia (mais especificamente a dissecação do órgão reprodutor masculino das
enguias) foi lá também que conheceu Ernst Wilhelm von Brücke a qual foi o
responsável por direcionar Freud a estudar medicina amplamente oque acarretou no
descobrimento de seu fascínio por psiquiatria. Em 1881 concluiu o curso no Instituto
de Anatomia sob a orientação de H. Maynert. e decidiu se tornar um clínico
especializado em neurologia.
Em 1884 Freud conhece o médico Josef Breuer, um fisiologista austríaco que
já havia curado sintomas graves de histeria (atual hipocondria) através do sono
hipnótico a qual o paciente conseguia se recordar das circunstâncias que originaram
seus problemas (o método foi chamado de “método catártico” e constituiu o ponto de
partida da psicanálise).
Freud e Breuer trabalharam juntos por um período de tempo, porém em 1885
quando Freud obteve o mestrado em neuropatologia ganhou uma bolsa para estudar
em Paris no hospital Salpêtrière na França em um período de especialização com o
neurologista francês Jean Martin Charcot, que comenta também estar trabalhando
em muitos casos de histeria. Freud, quando volta para Viena se junta novamente
com Breuer e colocam em prática estudos de Charcot usando a hipnose e instigando
o paciente através da conversa de sua infância e vida adulta, buscando assim por
traumas que os individuo possa ter, causando a atual histeria.
Em 1886 Freud casa-se com Martha Bernayas, mulher que sempre o
incentivou em sua carreira, nessa época Freud já começa a trabalhar,
principalmente com pacientes que possuíam histeria e em 1895 junto com Breuer
publicam “Estudos sobre a histeria” o livro que se tornou um marco para a
psicanálise.
Alguns anos depois Freud começa a abandonar a hipnose depois de observar
melhor desempenho em ficar calado e deixar o paciente falar, suavemente, levando
assim de uma maneira ou de outra os pacientes a falarem sobre seus traumas e
problemas que tiveram na infância, tendo assim uma associação livre (nascimento
do termo da psicanálise “método catártico”) e em 1896 Freud passa a estudar a
natureza sexual dos traumas infantis (abusos sexuais) causadores das histerias,
trazendo a tona uma de suas célebres frases de uma de suas obras “A etiologia da
histeria” A descoberta mais importante a que chegamos, quando uma análise é
sistematicamente conduzida, é a seguinte: qualquer que seja o caso e
qualquer que seja o sintoma que tomemos como ponto de partida, no fim
chegamos infalivelmente ao campo da experiência sexual. Aqui, portanto, pela
primeira vez, parece que descobrimos uma precondição etiológica dos
sintomas histéricos. (FREUD, 1896. p. 196). , começando também a estudar os
sonhos como segmento dos pensamentos, já que seus pacientes frequentemente
traziam a tona seus sonhos, e durante dez anos Freud trabalhou sozinho no
desenvolvimento da psicanálise, porém sua teoria foi rechaçada pela sociedade da
época devido ao cúmulo sexual de suas obras, trazendo a tona mais um de seus
célebres discursos a qual Freud fez para a sociedade médica de Viena onde dizia
que por trás de cada caso de histeria se tinha na verdade ocorrência de sexo
prematuro, deixando assim graves traumas e assim apresentou o seu novo método,
onde permitia amplo acesso aos processos de pensamentos que permaneciam
inconscientes. Logo após, Breuer separou-se de Freud em seus estudos e assim
delineou-se a teoria do “complexo de Édipo” segundo o qual seria parte da estrutura
mental dos homens o amor físico pela mãe e o ímpeto de assassinar o pai ou ao
contrário, porém depois de muitos analises Freud percebe que na verdade, os
abusos nunca teriam acontecido e sim imaginavam e sonhavam que tinham sofrido
e pelo fato das pessoas não poderem falar sobre isso, acusava-se a histeria. Freud
assim afirma que na maioria de seus casos não houveram abusos e sim ímpetos e
desejos conflitantes, chegando assim a conclusão de que os sintomas de neurose
não estão relacionados a realidade e sim a desejos inconscientes, falando que o
complexo de Édipo na infância é crucial para a formação de caráter e personalidade
da criança e assim pública seu livro “A interpretação dos sonhos” em 1899 que na
visão de Freud possibilitaria a existência de uma técnica psicologia de interpretação
dos sonhos e seus significados sexuais.
Por meio de seu livro Freud conheçe Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, que
depois de ler o livro “a interpretação dos sonhos” interessou-se em criar uma relação
com Freud e assim trocaram 359 cartas entre 1906-1913 e anos depois Jung, que
não aceitava muito bem a questão sexual, levou em bora os anos de conhecimento
que teve com Freud e levou junto com sua teoria que hoje é chamada de “Teoria
analítica de Junguiana” sendo considerado um dos maiores discípulos de Freud. No
meio acadêmico, os primeiros sinais de aceitação da psicanálise, foi em 1909
quando Freud foi convidado a dar conferências nos EUA, em Worcester na Clark
University e em 1910 no segundo congresso internacional de psicanálise, que foi
realizado em Nuremberg, o grupo acabou fundando a Associação Psicanalítica
Internacional que legitimou os psicanalistas em vários países, porém entre 1911 e
1913, Freud sofreu muitas hostilidades, principalmente dos próprios cientistas,
que não aceitavam suas novas ideias, assim indignara-se e fizeram de tudo para
desmoralizá-lo. Adler, Jung e toda a chamada escola de Zurique se separaram de
Freud.
Em 1938 quando os nazistas tomaram Viena, Freud, de origem judia, teve
seus bens confiscados e sua biblioteca queimada com o agravamento da pressão
nazista, perdendo se assim muitas de suas obras, porém graças à ajuda financeira
de Maria Bonaparte, Freud mudou-se para Londres, onde grande parte de sua
família se encontrava, ele foi obrigado a se refugiar e em seus últimos anos de vida
coincidiram com a expansão do nazismo na Europa e em 23 de setembro de 1939
Freud morre, em Londres na Inglaterra, devido a um câncer de boca.
REFERÊNCIAS

DUKA, M. Teocentrismo. Todo estudo. Maringá, 2015. Disponível em:


https://www.todoestudo.com.br/filosofia/teocentrismo. Acesso em: 26 abr.
2023.

FRAZÃO, D. Biografia de Sigmund Freud. eBiografia. Recife, 2023.


Disponível em: https://www.ebiografia.com/autor/dilva-frazao/. Acesso em 26
abr. 2023.

MACKENZIE. Wilhelm Wundt: contribuições para a psicologia. Blog


Mackenzie. São Paulo, 2021. Disponível em:
https://blog.mackenzie.br/vestibular/guia-de-profissoes/conheca-wilhelm-
wundt-o-pioneiro-alemao-da-psicologia/amp/. Acesso em 26 abr. 2023.

MAZIN, G. Wilhelm Wundt – O pai da psicologia moderna. PsicoEduca, 02


dez. 2016. Disponível em https://psicoeduca.com.br/psicologia/historia-da-
psicologia/14-o-metodo-de-introspeccao-de-wundt. Acesso em 26 abr. 2023

SANTI, P. L. R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto:


Holos, 1998.

TELLES, Y. A história de Sigmund Freud de um jeito fácil. YouTube, 6 fev.


2020. Disponível em: https://youtu.be/w80SB7NFQBs. Acesso em 26 abr.
2023

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