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Psicanálise - Contexto histórico Psicanalítico

Freud, um médico neurologista austríaco que viveu no séc. XIX é considerado o pai da psicanálise,
pois foi o primeiro a formular teorias com base em eventos psicológicos e não neurológicos,
diretamente ligados à neurologia, isto é, ao sistema nervoso, que é a especialidade dos neurologistas.
A história da psicanálise é uma parte importante da compreensão do ser humano, uma vez que lançou
conceitos como por exemplo, o de inconsciente ou o de pulsões de vida e morte ligadas às demandas
sexuais.
A apresentação do contexto é importante porque o ser humano é uma espécie social, isto é, apresenta
a necessidade de ser cuidado por gerações anteriores para conseguir atingir a maturidade e viver em
sociedade, não podendo desenvolver adequadamente todo seu potencial se for mantido isolado de
outros membros de sua espécie. Entretanto, as relações sociais nem sempre são harmônicas.
Além da necessidade no acompanhamento do desenvolvimento, o ser humano é a única espécie que
desenvolveu a cultura e encontrou diferentes maneiras de armazenar o conhecimento em meios
externos ao próprio corpo, criando tecnologias que ultrapassam suas limitações naturais.
Portanto, principalmente durante o período inicial de desenvolvimento, o ser humano é influenciado
pela cultura da sociedade em que vive e tem a possibilidade de gerar os produtos culturais que
poderão influenciar as próximas gerações, num ciclo contínuo de acúmulo de conhecimentos.

O Surgimento da Psicanálise no Final do Século XIX

Para compreender a importância do contexto, comecemos revendo os principais períodos históricos:


4000 a.c - Pré História inicia-se com o surgimento do homem na Terra e dura até cerca de
4000 a.C., com o surgimento da escrita.
Ano: 4000 a.C.
Evento: escrita.
Concepção de homem: mística.
Organização social: tribos.
Educação: não existia.
Modo de produção: extrativismo.
Produção e divulgação do conhecimento: oral.
Principais pensadores: não existiam.

476 - Idade Antiga: até 476 d.C., quando ocorreu a queda do Império Romano do Ocidente.
Evento: Queda do Império Romano.
Concepção de homem: politeísta.
Organização social: impérios.
Educação: religiosa / academia.
Modo de produção: escravagismo.
Produção e divulgação do conhecimento: Oriente (bárbaros queimavam os livros).
Principais pensadores: Platão, Aristóteles e Ptolomeu.

1494 - Idade Média: viagem de Cristóvão Colombo às Américas; no entanto, não há


consenso sobre essa data, podendo se considerar a conquista de Constantinopla em 1453 ou a
Reforma Protestante em 1517.
Ano: 1494.
Evento: viagem às Américas.
Concepção de homem: monoteísta.
Organização social: reinos.
Educação: etilista (primeiras universidades).
Modo de produção: feudalismo.
Produção e divulgação do conhecimento: bibliotecas (mosteiros e abadias);livros copiados
manualmente.
Principais pensadores: São Tomás de Aquino, Roger Bacon e Mestre Eckhart.

1789 - Idade Moderna: inicia-se com a eclosão da Revolução Francesa.


Ano: 1789.
Evento: Revolução Francesa.
Concepção de homem: científica.
Organização social: estados.
Educação: popular e pública (para todos).
Modo de produção: capitalismo.
Produção e divulgação do conhecimento: razão, livros impressos.
Principais pensadores: Galileu, Descartes, Darwin, Marx e Freud.

Atualmente - Idade Contemporânea: até os dias atuais.

Para contextualizar o momento em que a Psicanálise surgiu, será considerada a concepção de homem
na Modernidade, período que compreende, em relação aos períodos históricos, tanto a Idade Moderna
quanto a Contemporânea.
Com base na definição de “concepção” encontrada no dicionário (HOUAISS; SALLES, 2001, p.
784), chega-se à definição de concepção de homem como “maneira subjetiva de ver e entender o
homem, especialmente as relações humanas e os papéis das pessoas e o seu próprio na sociedade”.
Para tanto, deve-se compreender as modificações ocorridas a partir da Idade Média, pois a
Modernidade marcou a ruptura com a tradição medieval, dominada por dogmas religiosos,
caracterizando-se pelo estabelecimento da autonomia da razão, com reflexos e repercussões sobre a
filosofia, a cultura e toda a sociedade ocidental.

Pensadores importantes que questionaram as crenças da Idade Média foram:


1473-1543
Nicolau Copérnico: Propôs o modelo heliocêntrico a partir da observação dos astros, que ia contra a
concepção geocêntrica da Igreja.
1564 - 1642
Galileu Galilei: Personalidade fundamental na revolução científica, foi perseguido pela Santa
Inquisição, que o fez renunciar publicamente às suas descobertas.
1596 - 1637
René Descartes: Primeiro pensador moderno, estabeleceu a importância do uso da razão para a
compreensão do mundo.

A influência da Igreja Católica foi muito grande na Idade Média. Isso ocorreu, principalmente,
porque, com as invasões bárbaras, que tentavam arruinar qualquer traço de civilidade, muitas
bibliotecas foram destruídas, e as que restaram ficavam em abadias e monastérios católicos. Contudo,
os livros eram caros e pouco populares, uma vez que eram os monges que faziam cópias manuais
deles, muitas vezes sem nem mesmo entender o que estava escrito. Foi apenas no séc. XV que
Johannes Gutenberg (1398-1468) aperfeiçoou a prensa móvel, que deu origem à palavra “imprensa”.
Em razão de seu feito, os livros como conhecemos hoje passaram a ser popularizados, tendo sido a
Bíblia aquele com a maior quantidade de edições em todos os tempos. A Revolução Científica e o
Renascimento foram marcos da Idade Moderna e lançaram as bases materiais para a economia do
conhecimento e a disseminação da aprendizagem em massa. A influência da Igreja Católica era tanta
que Karl Marx (1818-1883) chegou a afirmar que a religião era o ópio do povo, isto é, aquilo que
mantinha a população anestesiada dos verdadeiros problemas sociais. Temporalmente mais próximo
do contexto do surgimento da Psicanálise, mas sem desconsiderar a influência que a religião exerceu
sobre Freud, Marx, como um dos principais pensadores do séc. XIX, abordou aspectos econômicos,
sociais, culturais, políticos e filosóficos ao apresentar a divisão de classes na sociedade capitalista
entre a burguesia e o proletariado, segundo a qual a burguesia, enquanto classe dominante, se apropria
do trabalho proletário.

“Há na sociedade capitalista divisão de classes entre a burguesia e o proletariado.”

Outro pensador importante do séc. XIX foi Charles Darwin (1809-1882), que, com o conceito de
evolução relacionado às espécies, questionou as afirmações religiosas sobre Adão e Eva, afirmando
que o homem e o macaco teriam ancestrais comuns, o que foi comprovado pelos fósseis. A influência
da religião é perceptível praticamente em todos os pensadores e cientistas da Modernidade. E não
poderia ser diferente com Freud, um médico de origem judaica. Além da religião, a situação
econômica também foi muito importante na formação de Freud, pois sua família teve de mudar para
Viena em 1860 por problemas financeiros e também de saúde de seu pai. Freud nasceu em 1856 na
cidade de Freiberg in Mähren e foi o primeiro filho do terceiro casamento de Jacob Freud - um
comerciante de lã que fracassou no mundo dos negócios - com Amalie Nathanson, vinte anos mais
jovem do que ele. Aos 17 anos entrou para a faculdade de medicina na Universidade de Viena e
graduou-se em 1881 como médico neurologista. A família e a formação médica tiveram grande
influência sobre Freud. Ele começou sua carreira tratando pacientes com histeria, sob a orientação de
Charcot (1825-1893), que usava a hipnose como método de tratamento para diversas perturbações
psíquicas. A importância de Freud, como um dos principais pensadores do séc. XIX, vai muito além
de seus estudos médicos. Um conceito importante é o de “inconsciente”, que revela o quanto a
racionalidade não é suficiente para explicar o comportamento humano.

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