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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é sobre a obra O Príncipe, do filosofo,


diplomata, poeta e músico do período Renascentista. Sua obra
foge dos princípios do politicamente correto durante todo o
texto, e atinge seu ápice na máxima “os fins justificam os
meios”, na qual defende que o governante pode agir com
crueldade para obter seus objetivos, e ainda assim parecer
benévolo.

Ainda defende que o príncipe deve se fazer ser temido, e, ainda


que não tenha obtido o amor de seus seguidores, é necessário
que se mantenha longe do ódio.

O livro é considerado um exemplo de obra estrategista, e ainda


hoje é amplamente discutido por seu conteúdo inteligente e
repleto de percepções da realidade política.

A obra ainda é enriquecida por inúmeras citações que


comprovam as teses defendidas pelo autor, sendo portanto,
uma rica fonte de conhecimento histórico e argumentativo,
podendo assim ser amplamente aproveitado.

Por fim, o livro, ainda hoje, pode causar espanto por seu
conteúdo romper com as regras morais presentes no
imaginário social, e explicita a realidade política, além de ser
dotada de uma linguagem que ainda gera discursões não só
pelo seu conteúdo literário, como também pela forma como foi
escrita.

DESENVOLVIMENTO
A obra O Príncipe, escrita por Nicolau Maquiavel, é iniciada
com uma dedicatória ao “Magnífico Lourenço, Filho de Pedro
de Médici” - diplomata, político e patrono de acadêmicos,
artistas e poetas e também mecenas- na qual o autor explicita o
fato de que, não tendo algo melhor que os conhecimentos
adquiridos ao longo de sua vida: “o conhecimento das ações
dos grandes homens"adquiridos, assim como ele diz, após
estudos de fatos atuais e históricos.
Inicialmente, o autor lança mão da definição dos principiados,
segundo Maquiavel (1996, p.6):

Todos os Estados, os domínios todos que existiram e existem


sobre os homens, foram e são repúblicas ou principados. Os
principados ou são hereditários e seu senhor é príncipe pelo
sangue de longa data ou são novos. Seja habituado a sujeição a
um príncipe, seja livre, e são adquiridos com tropas alheias ou
próprias, graças à fortuna ou à virtú.

Após a definição, o autor enfoca, em capítulos, os diferentes


tipos de principiados e apresenta formas para que o príncipe
mantenha seu poder ou adquira autoridade sobre estes.

Segundo Maquiavel (1996) principiados hereditários são


aqueles que já são pertencentes a sua família, basta que o
príncipe não abandone o proceder dos antecessores, e também
se use de contemporização com as situações novas.

Acerca do principiado misto o Maquiavel (1996, p.7) defende a


tese de que “entretanto a dificuldade está nos principados
novos. Primeiro, se não é o caso de principado novo,
totalmente e sim de membro reunido a Estado hereditário”.
Após a definição, é colocada em foco a situação de que, aquele
que se opuser ao príncipe é deste, inimigo; ainda assim, o
príncipe não deverá ter como amigos aqueles que o colocaram
no poder, pois, se assim o tiverdes será possível que eles, ao se
tornarem insatisfeitos com a autoridade, se rebelem contra o
príncipe.

Maquiavel (1996) sugere que, para resguardar seu poderio ao


anexar novos territórios de mesma cultura, o príncipe deve
extinguir a linhagem do antigo príncipe e não modificar leis e
impostos. Porém, em caso de cultura, língua ou leis diferentes,
é aconselhável que o príncipe vá habitar no local, assim, em
caso de desordens, está de pronto para resolvê-las, além de
que, segundo Maquiavel (1996, p.10)"os súditos ficam
satisfeitos porque o recurso ao príncipe se torna mais fácil,
donde têm mais razões para amá-lo, querendo ser bons, e para
temê-lo, caso queiram agir por forma diversa."

Outro modo eficiente, ou remédio, é criar Colônias, visto que,


Segundo Maquiavel (1996) não é muito que se gasta com as
colônias, podendo assim ser organizadas e mantidas. Os únicos
que terão prejuízos com elas serão de quem se tomam os
campos e as moradias para se darem aos novos habitantes.

Sobre questões pertinentes à principiados que possuem leis


próprias antes de serem conquistados, o autor ainda reitera o
fato de que é necessário deixar que vivam com suas leis,
arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que
se mantenham amigos nesse governo.

Já um principado no qual o príncipe chegar ao poder não pela


crueldade e sim pelo favor de seus concidadãos, tal pode ser
denominado principado civil.

Ao elucidar sobre os principiados eclesiásticos, o autor diz não


ser da pertinência humana falar a seu respeito, pois tal ato
seria presunçoso e temerário.

Segundo Maquiavel (1996), não é aconselhável que as forças


armadas do estado sejam de origem mercenária, visto que,
estes sendo contratados, são infiéis e ambiciosos e, seguindo
uma tendência do livro, o autor utiliza de exemplos, e nesta
parte, lança mão do exemplo da Itália que se encontrava em
situação desoladora.

O autor ainda coloca em cheque as tropas auxiliares, que são


aquela que, quando há necessidade, se apresentam quando
chamada por um poderoso para que, com seus exércitos, ajude
e defenda. O autor ainda define-as como sendo mais perigosas
que as mercenárias, tornando o principado à ruína certa.
Portando, um príncipe prudente deve preferir suas tropas,
ainda que estas o levem a derrota, do que estas outras forças,
sendo que isso não desencadearia em uma vitória real.

Ainda fazendo uso das táticas de guerra, o autor defende a tese


de que é necessário que o príncipe não se afaste desta, com
ações e com a mente.

Para falar dos príncipes, ao autor analisa-os, segundo


Maquiavel (1996) estes se fazem notar por alguns daqueles
atributos que lhe acarretam ou reprovação ou louvor, podendo
ser exemplificados (pelos príncipes já vividos na terra) liberais,
miseráveis, pródigos, rapaces, cruéis, piedosos, fedígrafos,
fieis, efeminados, pusilânimes, ferozes, animosos, humanos,
lascivos, castos, simples, astutos, duros, fáceis, graves,
levianos, religiosos, incrédulos e assim por diante.

O autor afirma que não é possível possuir todas as virtudes e


que, quem as possuem, não consegue se manter no poder.
Segundo Maquiavel (1996, p.72):

A um príncipe, portanto, não é necessário que de fato possua


todas as sobreditas qualidades; é necessário, porém, e muito,
que ele pareça possuí-las. Antes, ouso dizer que, possuindo-as
e praticando-as sempre, elas redundam em prejuízo para si.

Entretanto, a afirmação feita pelo autor, não significa que ele


não dê importância as virtudes, pois segundo Maquiavel (1996)
assassinar os seus concidadãos, trair os seus amigos, renegar a
fé, a piedade, a religião, não são ações que possam ser
chamadas de virtuosas, pois por esses meios pode-se
conquistar o poder, mas não a glória.

Sobre a liberdade, é necessário que a faça sem exagero, não


deve ser concedida liberdade de maneira imprudente, não
devendo se preocupar com a tacha de miserável.
Assim o príncipe não deve gastar muito para que não precise
roubar de seus súditos, para não ficar pobre e desprezado pelo
seu povo, mantendo-se no poder. Segundo Maquiavel (1996,
p.67):

Dentre todas as coisas de que um príncipe se deve guardar,


está ser desprezado e odiado, e a liberdade o conduz a uma e a
outra dessas coisas. Portanto, é mais sabedoria ter a fama de
miserável, que dá origem a uma infâmia, sem ódio, do quem
por querer o conceito de liberal, ver-se na necessidade de
incorrer no julgamento de rapace, que cria uma má fama com
ódio.

No capítulo dezessete o autor lança mão da máxima que é


melhor ser temido que amado. Assim como a liberdade, o
príncipe não deve utilizar de piedade exacerbada, ainda que
seja melhor ao príncipe que este seja tido como piedoso à cruel,
não obstante, ele deve ter cuidado a usar tal piedade, pois, com
exemplos, o autor evidencia o fato de que, quando tido como
piedoso, o príncipe pode colocar em risco seu principado.

Deve o príncipe se fazer temer, de modo que se não conquistar


o amor, fuja ao ódio. Podendo o príncipe ser, ao mesmo tempo,
temido e não odiado. Entre ser amado e temido, é deveras mais
seguro ser temido, visto que, o homem geralmente é um ser
ingrato e volúvel, e o príncipe que confia inteiramente em suas
palavras está perdido.

As amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela nobreza


da alma, não se podem contar, pois no momento oportuno, não
se torna possível utilizá-las.

Mudando a linha de pensamento o autor defende que o


príncipe deve dar pouca importância às conspirações se o povo
lhe é benévolo, mas caso não o for, deve portanto temer a tudo
e a todos.
Ao retomar suas considerações sobre os príncipes, o autor
enuncia que um príncipe é estimado, ainda, quando verdadeiro
amigo e vero inimigo. Ainda defende a tese de que o príncipe,
quando necessitar de ajuda, deve ter cautela em jamais fazer
aliança com um mais poderoso que ele, para atacar os outros,
pois, caso vença, poderá se tornar prisioneiro de tal.

Ainda, ao príncipe cabe estimular os seus súditos virtuosos,


honrando os melhores na arte e animar seu povo a exercer suas
atividades de agricultura, comércio, além de, em épocas
convenientes, distrair seu povo com festividades e espetáculos.

Segue depois, no capítulo XXIII, um fato de extrema


importância, como dito por Maquiavel (1996, p.96):

Necessidade de afastar os aduladores, escolhendo em seu


estado homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de
falar-lhe a verdade. Devendo o príncipe procurar conselhos
quando a ele for pertinente, e não quando os outros acharem
que seja necessário, devendo os conselhos nascerem da
prudência, e não a prudência nascer dos bons conselhos.

Por fim, o autor enuncia sobre as questões sobre a política


italiana. Maquiavel ensina como tomar o poder e clama para
que alguém o faça, para a unificação da Itália. Tudo que ensina
é para achar um Príncipe virtuoso que salve sua pátria, a si e ao
povo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dotada de grande cunho político, a obra O Príncipe, de Nicolau
Maquiavel, é por excelência, obra escrita na época para todo
político que aspirasse obter bons resultados durante seu
governo.
Maquiavel aconselha os governantes sobre como governar e
manter o poder absoluto, mesmo que seja necessário utilizar
forças militares para alcançar tal objetivo. O autor conclui que
um bom governante deveria ter virtude e fortuna.
A obra é escrita de maneira rebuscada, o que, ainda assim, não
é capaz de torna-la incompreensível, visto que, com uma
leitura crítica percebe-se que atinge pontos essenciais do
estado.

Ao ler, é possível inferir dados perceptíveis da nossa sociedade,


como exemplo: a utilização do governo dos meios de
entretenimento como forma de distração da população –
método utilizado no império romano na política do pão e circo,
e que se assemelha na utilização do atual governo nacional dos
eventos esportivos de grande porte que aconteceu em 2014 e as
Olímpiadas que acontecerá no Brasil no próximo ano, 2016.

Maquiavel ainda defende a criação de colônias, e, em ato que


foge aos direitos sociais da democracia atual, ele defende a tese
de que o prejuízo será apenas aos não abastados, prática
também recorrente na política nacional, onde a população
pobre é reclusa dos privilégios do estado.

O autor ainda sugere, em diversas passagens, que o príncipe


não deve confiar plenamente em outrem, sendo que, a natureza
do homem é egoísta, e que, o dinheiro, por vezes, parece
ocupar um pedestal de extrema importância em seus objetivos,
e é responsável por corromper toda e qualquer relação
humana.

Após a leitura da obra, e a análise da mesma, é possível que a


capacidade cognitiva e de percepção da realidade do estado,
abranja horizontes e torne possível que se obtenha novos e
edificantes conhecimentos, os quais serão levados como
experiência ao longo da vivência.

A obra aqui desenvolvida é de grande importância, não só


política, mas também cultural e social.

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