Você está na página 1de 15

O Príncipe apresenta ao leitor os detalhes dos principados da época.

Maquiavel os dividiu em
hereditários, civis ou eclesiásticos. A intenção da obra é ensinar aos príncipes como chegar ao
poder e não perdê-lo, não perder seus territórios.

Maquiavel enfatizou a necessidade de se ter boas armas e boas leis, além de comandar e
defender os principados mais fracos que estiverem em torno do território principal. Esta
medida é preventiva, pois fortalece a fronteira contra possíveis inimigos.

Os principados hereditários são mais fáceis de governar. Eles já são vistos como sendo de
famílias que têm direito ao poder.

Os principados novos são os primeiros de alguma família ou são recentes porque foram
conquistados por outros estados que têm seus príncipes hereditários.

Neste caso, o principado é considerado misto.

“…as alterações nascem principalmente de uma dificuldade natural a todos os principados


novos, que consiste no fato de os homens gostarem de mudar de senhor, acreditando com isso
melhorar”.

Os principados novos encontram mais dificuldades para se estabelecerem, pois precisarão de


apoio para manter o território conquistado.

Caso um cidadão particular se torne o príncipe de sua pátria, seu governo será chamado de
principado civil. Será necessário uma grande astúcia, governando em benefício do povo e não
dos poderosos. Se o povo for hostil, este abandonará o príncipe.

“Aqueles que, somente pela fortuna, de cidadãos particulares se tornam príncipes fazem-no
com pouco esforço, mas com muito esforço se mantêm. E não encontram dificuldade no
caminho porque passam voando por ele: mas todas as dificuldades surgem quando chegam ao
destino”.

Os principados eclesiásticos são adquiridos por virtude ou pela fortuna e são mantidos pela
religião. Permanecem fortes e estarão sempre no poder.

Além disso, não precisam ser defendidos, pois são considerados seguros e felizes. Nestes
exemplos, o poder é aumentado com mais armas e mais virtudes.

Como o príncipe deve governar para permanecer no poder?


Para ganhar forças, o príncipe precisa considerar como inimigos todos aqueles que se
incomodaram ou se ofenderam por terem sido conquistados. Será necessário reconquistar
regiões rebeladas.

Não oprimir o povo é a regra de ouro para se manter no poder. Os súditos precisam ver o
príncipe como alguém que promove a segurança e a estabilidade. O príncipe sábio se
certificará de que o povo sempre precise do Estado e o veja como o provedor de suas
necessidades.

Os problemas do Estado são como a tuberculose. Fácil de tratar no início, mas difícil de
detectar. Com o tempo, o diagnóstico se torna mais fácil e o tratamento mais difícil. Por esta
razão, é necessário prevenir a ocorrência de problemas.

Outro passo da estratégia de Maquiavel é não mudar os costumes, as leis e os impostos das
províncias conquistadas por povos de costumes iguais. No entanto, os novos governantes terão
dificuldades.

Para amenizá-las, será necessário habitar a província, dominar as desordens e estabelecer


colônias.

Se o príncipe dá a seus súditos uma boa condição de vida, alimento e trabalho, ele é amado. E,
se os súditos forem fiéis, deverão ser amados. Os que não aceitarem o príncipe devem ser
empregados como conselheiros ou considerados inimigos.

Primeiro, o povo deve ser considerado amigo, e é melhor não o oprimir. O príncipe deve estar
preparado para ver os cidadãos fugirem nas adversidades. Entretanto, se um povo espera o
mal e recebe o bem, ele é mais fiel do que aquele que espera apenas o bem.

A liberalidade prejudica o príncipe se for usada de uma forma conhecida por todos, levando-o
a ser desprezado e odiado. O que usa seu exército para saquear fortunas alheias é benquisto
pelo povo.

O miserável é considerado correto, pois gasta pouco e não rouba seus súditos, sendo um
defeito que colabora na manutenção do poder.

O príncipe deve manter sua palavra?

Maquiavel diz que não deve, caso isso lhe cause prejuízo ou quando a circunstância que o
levou a prometer algo não exista mais. Para amenizar a palavra quebrada, será necessário
desenvolver a habilidade de transformar o intelecto das pessoas e dissuadi-las de promessas
outrora feitas.

O príncipe deve ser como a raposa, que sabe como escapar das armadilhas. Também deve ser
como o leão, que sabe aterrorizar seus inimigos. Quando ser raposa ou ser leão vai depender
das circunstâncias.

Não há razão para manter a palavra com os homens, porque eles são maus e igualmente não
mantêm sua palavra. E mesmo que o príncipe mude, ele deve sempre parecer ter uma palavra
que é como uma rocha.

Como conquistar principados que já tinham suas leis?

Em resumo, Maquiavel apresenta três formas:

Arruiná-los como a estratégia mais segura;

Habitá-los pessoalmente;

Criar gradualmente um governo, deixando os súditos com suas próprias leis.

Estados que possuíam outro príncipe governando são mais facilmente conservados. Os que
foram conquistados com armas e fortunas de outros não são mantidos por causa da corrupção
do exército e da sociedade que não possui alicerce; não é fortalecida.

Assim, estes governantes terão que se submeter à vontade de quem lhes concedeu o Estado. É
um caso em que o príncipe não tem poder, pois quem comanda o Estado é o dono da fortuna.

Como usar a crueldade?

O governante deve agir difundindo a fama de ser cruel, já que os príncipes, em geral, querem
manter um ar de piedade. Segundo Maquiavel, um bom príncipe não deve se preocupar se
seus súditos o considerem cruel, pois isso os manterá unidos e fiéis.

Para sustentar a reputação de crueldade, ele cita os exemplos dos governantes que permitiram
o nascimento da desordem por um excesso de piedade.

Os que alcançam o poder por meio de crimes não são celebrados como homens de virtude.
Mas Maquiavel descreveu duas possibilidades para o uso da crueldade.
Se o crime for de extrema necessidade, a maldade é justificável se, depois disso, apenas o bem
for praticado;

Se o crime se perpetuar, o príncipe faltará com escrúpulos.

O mal deve ser feito de uma só vez, e a bondade aos poucos. Os homens se lembram dos
benefícios recentes mais do que de todo um mal infligido anteriormente.

A Itália do século XVI estava em péssimas condições por ter confiado suas forças às milícias e
aos mercenários.

O amor é preservado pelo vínculo de obrigação, que é quebrado quando os homens o acham
necessário. O medo mantém os súditos unidos por causa do medo do castigo, que não
desaparece.

A importância do exército do príncipe

O objetivo principal do príncipe é cuidar da arte da guerra, de sua organização e disciplina. Os


que não pensam na guerra perdem seu estado, os que pensam, tornam-se príncipes ou
aumentam seu poder.

A organização das tropas deve acontecer pensando constantemente na guerra, sendo mantidas
organizadas e treinadas. Nem mesmo em tempos de paz um exército deve estar ocioso.

A força de um principado deve ser medida de acordo com o poder de seu exército, ou seja,
pela força de suas armas. Reinados com muita fortuna e muitos homens devem ter um bom
exército.

Se o príncipe não tiver bons fundamentos, ele cairá na ruína. Poder e prestígio vêm das boas
armas, que são uma condição para que existam boas leis. Maquiavel não recomenda o uso de
tropas mercenárias e auxiliares, pois são desunidas, ambiciosas e infiéis.

As boas tropas dependem da presença do príncipe e da atuação como seu capitão. O perigo
das tropas mercenárias é a covardia, e o das auxiliares é seu valor.

As tropas auxiliares não são boas, porque são chamadas para combater outro principado mais
poderoso. Em caso de derrota, o principado estará arrasado. Porém, se vencer, ficará refém das
tropas que o ajudaram.
As armas dos outros não só são danosas e prejudiciais, como também são motivos de vergonha
e constrangimento. O principado não será seguro e estável se não estiver fundamentado em
suas próprias forças.

É melhor ser mais amado do que temido ou mais temido do que amado?

O príncipe deve aprender a não ser muito bom e piedoso, assim como deve ser prudente e
fugir dos vícios que o levariam a perder seu poder.

De acordo com Maquiavel, é melhor que o príncipe seja mais temido do que amado. Segundo
ele, o governante temido mantém o povo em paz, unido e leal. É preferível que um indivíduo
seja prejudicado do que todo o reino, por causa da fraqueza de um príncipe piedoso.

Os homens traem facilmente suas amizades e são bons quando lhes convém. A natureza
humana é ingrata, inconstante e teme o perigo.

“Os homens têm menos receio de ofender a alguém que se faça amar do que alguém que se
faça temer. […] Deve, porém, fazer-se temer de modo que, se não atrair o amor, afaste o ódio”.

Mas ser temido não é o mesmo que ser odiado. O melhor caminho é o do equilíbrio, com
prudência e humanidade. É inteligente não ter demasiada confiança nas pessoas. O príncipe
deve saber quando ser bom e quando ser mau, punindo com leis ou com violência.

“… deve um príncipe viver com seus súditos de forma que nenhum incidente, mau ou bom,
faça variar seu comportamento: porque, vindo às vicissitudes em tempos adversos, não terás
tempo para o mal, e o bem que fizeres não te será creditado, porque julgarão que o fizeste
forçado…”

Para afastar o ódio, é preciso ser dissimulado, demonstrando um certo conjunto de


habilidades, mesmo que o príncipe não as tenha. Maquiavel explica que é necessário parecer
tê-las.

Para saber mais sobre ideologias políticas e sua influência na história moderna, a Brasil Paralelo
está oferecendo gratuitamente o e-book Ideologias Políticas: As Diferentes Correntes. Não
perca a oportunidade de conhecer as origens e os principais pensadores da transformação
cultural do mundo ocidental dos últimos anos.

A postura do príncipe deve ser sempre a de um soberano com cinco qualidades:

Piedoso;

Fiel;
Humano;

Íntegro;

Religioso.

Em caso de necessidade, agirá de forma contrária a estas qualidades.

“… deves parecer clemente, fiel, humano, integro, religioso – e sê-lo, mas com a condição de
estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres de modo que possas e saibas
como tornar-te o contrário”.

Para ser odiado pelo povo, será suficiente os bens de seus súditos, seduzir suas mulheres e
desonrá-los. Se nenhuma dessas coisas acontecer, o povo viverá feliz.

Para ser amado, ele deve manifestar atos de grandeza e coragem em ações irrevogáveis.

“Nada torna um príncipe tão estimado quanto realizar grandes empreendimentos e dar de si
raros exemplos”.

O povo também precisará de distrações, como festas e espetáculos. O Estado deve contar com
os melhores e ter bons ministros. É imprescindível que haja confiança mútua entre o príncipe e
seus ministros para a manutenção do poder.

Os conselheiros devem ser sábios e devem falar somente se solicitados. O príncipe, por sua
vez, deve escutá-los e manter a prudência.

Mas os conselheiros não podem receber muito poder, pois o povo estará confuso sobre quem
é seu senhor. A França, segundo Maquiavel, teve vários barões locais que faziam com que o rei
tivesse pouca autoridade.

“… aquele que não detecta no nascedouro os males de um principado não é verdadeiramente


sábio”.

Em suma, o príncipe deve estar constantemente atento quanto às armas, evitar a inimizade do
povo e saber se defender dos grandes. Ao seguir estas instruções, seu principado não será
perdido.

Torne-se Membro da Brasil Paralelo para ter acesso a conteúdos exclusivos de todos os
documentários e acesso a dezenas de cursos sobre história, filosofia, economia, arte e
educação.

Críticas a Maquiavel
Olavo de Carvalho, em seu livro Maquiavel ou A Confusão Demoníaca, apontou severas críticas.
A principal delas consiste na demonstração de que Maquiavel incorreu em uma paralaxe
cognitiva.

Para entender exatamente o que é paralaxe cognitiva, leia o artigo específico sobre este
assunto.

Segundo o professor, Maquiavel não sabia quais seriam os meios para chegar ao poder, mas
discursava como se soubesse. Sua verdadeira história aponta que ele sempre apostou no lado
perdedor. Maquiavel nunca conseguiu estar ao lado dos que efetivamente venceram.

Escrevendo em particular sobre O Príncipe, Maquiavel disse:

“Não digo jamais aquilo em que creio, nem creio naquilo que digo – e, se descubro algum
pedacinho da verdade, trato logo de escondê-lo sob tantas mentiras que se torna impossível
encontrá-lo”.

Ele não é, entretanto, nem um simples imoralista vulgar, nem um realista científico, como
pensam seus admiradores modernos. Nem pode ser considerado um límpido patriota, como os
intérpretes italianos o celebram.

Ao longo do século XVI, a obra-prima de Maquiavel, O Príncipe, tornou-se extraordinariamente


popular. No entanto, seu autor passou a ser visto como um exemplo imoral.

Maquiavel e o adjetivo maquiavélico tornaram-se sinônimos de ações ruins, que fundamentam


a tirania estatal. Para esta defesa, a justificativa era a necessidade de manter a ordem, a
segurança e a prosperidade.

Em 1564, no Concílio de Trento, O Príncipe foi até mesmo incluído na lista dos livros proibidos
pela Igreja Católica.

Maquiavel era apenas um realista?

No final do século XVI, Maquiavel passou a ser visto como um filósofo com qualidades
intelectuais admiráveis. Os leitores procuraram ver na obra uma descrição da tirania dos
Estados em vez de um incentivo à mesma.

O Príncipe de Maquiavel é um clássico que provocou diferentes reações e interpretações.


Mas deve ser entendido que Maquiavel levou em consideração apenas o comportamento
eventual de governantes da época. Usou isto como um modelo ao escrever e, por esta razão,
sua obra não é um retrato integral da realidade.

Seus escritos influenciaram governos posteriores. Ditadores modernos se inspiraram em


Maquiavel. Três exemplos notórios foram Mussolini, Hitler e Stalin.

Onde Hitler morreu? Na Alemanha ou na Argentina?

Todos sustentaram uma ditadura em seus países, mas exacerbaram o nacionalismo, a defesa e
o fortalecimento de seus estados e também adotaram uma conduta imoral e tirania para
permanecer no poder.

Entenda a ditadura venezuelana.

O Príncipe é um discurso, não uma descrição da realidade

O Príncipe consiste em um projeto sem meios políticos para sua concretização. Impossível de
ser realizado, a única forma de se propagar era através da escrita.

Nas palavras do Professor Olavo de Carvalho:

“O que este [Maquiavel] lança nas águas do futuro é apenas o anzol do discurso, para trazer à
tona a nova era que jaz no fundo do mar das possibilidades”.

De acordo com Eric Voegelin, Maquiavel era um realista honesto. Não disfarçava a realidade do
poder e tirania dos estados usando uma nova doutrina que buscava uma nova realidade.

Olavo de Carvalho, entretanto, entendeu que Maquiavel não encobria de fato a realidade da
tirania dos estados, mas queria outra realidade.

Esta seria a prosperidade e a segurança dos principados através de ações de repressão


reformuladas. Portanto, discorreu sobre possíveis práticas que os governantes deveriam
adotar. Por exemplo:

Acentuação do poder armado;

Simulação dos fatos perante o povo;

Controle e defesa dos territórios vizinhos;

Treinamento de exércitos.
Devido a estas instruções, Olavo de Carvalho considera Maquiavel como um pseudo-realista.
Maquiavel critica duramente os governos italianos e usou seus escritos para tentar influenciar
o curso dos acontecimentos políticos.

Ele não sabia quais seriam as formas de governos que estariam em vigor no futuro, mas
escreveu dois livros abordando dois sistemas diferentes:

O Príncipe dirige-se aos principados;

Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio dirige-se às repúblicas.

Olavo de Carvalho entendeu que Maquiavel os usou para dar instruções e fomentar uma
Terceira Roma, julgada por ele como mais adequada.

As três Romas de Maquiavel

Maquiavel dividiu a história de Roma em três períodos.

A primeira Roma diz respeito ao antigo Império Romano, que entrou em decadência porque o
povo e os governantes teriam permitido o crescimento da religião cristã.

A segunda Roma, por ser religiosa, estava condenada ao fracasso. Por causa do papa e dos
cristãos, ela não estava propensa à guerra. A consequência é que não conquistou ordem
territorial e poder.

A terceira Roma, idealizada por Maquiavel, seria capaz de conquistar, mesmo que precisasse
instrumentalizar a religião para o Estado. Visando estas conquistas, ele deu instruções para que
os príncipes governassem, treinassem seus exércitos, investissem em armas e leis, e tratassem
seus governados.

“Maquiavel foi também um idealista utópico, e isto não só no seu pensamento político, mas na
ausência quase completa de ligação consciente entre esse pensamento e a sua experiência
pessoal mais direta e visível. O aparente realismo com que ele aceita as limitações da ação
humana e descreve as misérias da política encobre não só o utopismo profético da Terceira
Roma mas a absoluta incapacidade que o inventor dela tem de examinar sua invenção desde o
ponto de vista da sua própria posição real na existência”.

A contradição de Maquiavel

Maquiavel instruiu os cidadãos comuns e civis a se tornarem governantes. Obviamente, ele


mesmo não praticou o que recomendou, porque não chegou ao poder. E caso tenha tentado,
não teve êxito, o que mostra que seu ensinamento é falho.
Maquiavel levou uma vida como um funcionário público de baixo escalão que perdeu seu
posto por causa da publicação e suas obras, e também foi exilado.

Outra contradição notória está em uma de suas instruções. Ela envolve o problema da paralaxe
cognitiva.

Os príncipes deveriam matar aliados-chave que os tivessem ajudado a chegar ao poder para
evitar traições, já que eles poderiam fazer o mesmo por outros.

Ora, o próprio Maquiavel é o autor do plano que ajuda o príncipe a governar e, de acordo com
o que ele mesmo escreveu, deveria ter sido um dos primeiros a morrer se o príncipe levasse a
sério seus conselhos.

Anticristianismo em Maquiavel

Maquiavel pode ser considerado um anticristão. Em O Príncipe ele ignora a inspiração divina de
Moisés, atribuindo sua vitória contra o faraó e a conquista da Terra Prometida à força das
armas que possuía, ignorando o armamento superior do exército egípcio.

Maquiavel também trata o cristianismo como um obstáculo para o desenvolvimento da Itália e


de sua chamada Terceira Roma. Esta é mais uma razão pela qual ele não é apenas um realista,
um observador, mas um patriota.

Toda ciência política que partiu de Maquiavel é essencialmente a negação do conhecimento


clássico, que via o Estado como instrumento do bem comum e a figura do governante como o
primeiro servidor deste princípio, comprometido com a ordem justa, à luz da lei natural.

É imoral por causa da forma como ensina os governantes a se manterem no poder por meio da
repressão, assassinato, dissimulação, crueldade e malícia. No entanto, ele não deixa de ser um
cientista político, pois relaciona fatos históricos com o presente e ideias de realidade futura.

“Consciente do caráter radicalmente anticristão de sua utopia, Maquiavel, nos últimos


instantes, confessa seus pecados, recebe o sacramento e morre no seio da Igreja, mas sem ter
desmentido publicamente uma só de suas palavras”.

De acordo com Olavo, os escritos de Maquiavel visam conduzir a uma transição política, sendo
esta uma transição “para o mal consciente, refletido, planejado e transfigurado em obra de
arte”.
Maquiavel adaptado ao marxismo cultural

Em sua crítica, Olavo considera que Gramsci foi quem melhor compreendeu Maquiavel. Ele viu
claramente que “o Príncipe” não era um indivíduo, mas uma elite revolucionária capaz de
controlar e conquistar seus adversários impotentes.

O maquiavelismo está presente em jornais e canais de TV de todo o país, não apenas


glorificando os ídolos da revolução comunista, mas demonizando seus adversários.

Um exemplo notório foi o Foro de São Paulo, que foi ocultado a fim de passar despercebido. As
atrocidades genocidas dos regimes comunistas deixaram de ser noticiadas sistematicamente.

No mesmo período, os marxistas deram total apoio a todas as iniciativas de “revolução


cultural” politicamente correta: abortismo, gayzismo, cotas raciais, liberação de drogas, etc.

Primeira Parte

René Descartes na primeira parte de seu livro, aponta seus motivos para a elaboração da obra,
fazendo diversas considerações sobre a filosofia, e principalmente a ciência. Descartes começa
apontando o bom senso como algo provido a todos. É com ele que conseguimos distinguir o
certo do errado, como ele mesmo cita “o poder de bem julgar o verdadeiro do falso[...]”.
Ligando-se ao fato de que o bom senso vem junto à razão, pois são as únicas características
que nos diferem dos outros animais.

Descartes afirma que seu progresso foi devido as suas indagações, suas desconfianças fizeram
que avançasse bem mais do que pelas suposições. A partir disso, Descartes, nessa parte,
apresenta suas ideias para livre julgamento, e enfatizando o objetivo de que não são para
serem ensinadas, mas apenas demonstradas.

Descartes descreve sua história e sua vontade de se instruir, buscando o conhecimento para
cada vez mais ficar longe da ignorância. Mostra também, como foi importante seu hábito de
leitura, mas principalmente de autores antigos. Defende a ideia de que se aprofundar um livro
é conversar com seu autor. Além de afirmar que livros antigos, de até outros séculos, são como
viagens ao exterior, aprendendo cultura e costumes diferentes, para não sermos seres com
mentes fechadas. Mas ressalta, que é preciso um certo cuidado, pelo fato de se explorar muito
o século passado, com leituras, e ficar preso nesse, logo, tornando-se um ser fora de seu
próprio tempo, e inclusive, um estrangeiro em sua própria nação.
O autor demonstra sua fascinação pelo conhecimento. Afirma que possui grande paixão por
poesia e pela matemática. A poesia, apesar de sua paixao, a considerava como um dom, e já a
matemática, ele a via como algo certo, como realmente é. Admirava também a teologia, na
qual quem a estudasse, veria o caminho ao céu.

Por fim, Descartes tomou consciência em determinada época da vida, e trocou a escola pelo
mundo. Viajou e se deixou viver experiências, e adquirindo o conhecimento da vida.

Segunda Parte

Nessa segunda parte do livro, Descartes afirma as principais regras para a prática cientifica de
seus métodos. Começa explicando que passou determinado tempo em reflexão, chegando a
conclusões.

As primeiras conclusões e pensamentos que Descartes afirma, para a prática científica, são das
perfeições em obras, independente delas físicas ou não. Sua primeira exemplificação foi a de
que uma obra feita e mexida por vários mestres tem a maior possibilidade de haver falhas, ao
contrário de uma obra elaborada por um único autor. Essa por sua vez, possuirá mais precisão
e ricos detalhes.

Seguindo por esse raciocínio, o autor nos mostra que esse método cabe também a legislação.
Ele exemplifica com o fato de uma legislação feita por Deus, os Dez Mandamentos, ser muito
mais efetivo que outra legislação feita por uma sociedade recém-formada. Isso se deve ao fato
de o autor considerar Deus como o ser superior e sem falhas. Não só por isso, outra legislação
como a de Esparta, obteve êxito, pois foi elaborada por um só indivíduo.

Descartes caminha a um outro raciocínio, entretanto originado do último, que conduz de todo
indivíduo é moldado desde sua infância, e compara esse molde com o de uma casa e de sua
estrutura, fazendo assim a ligação de Estados à opiniões, mostrando que certas vezes é
necessário, não só uma reforma, mas uma reconstrução total.

Enfim, Descartes faz o discurso do método matemático à uma reflexão filosófica, apontando
quatro pontos. Esses quatros pontos se baseiam no recebimento de informações, nos quais
são: Recebimento, análise, síntese e enumeração.

Terceira Parte
Nesta terceira parte, Descartes mostra suas explicações para o método. Com isso, mostra essas
baseando-se na reforma de seu moradia. Seu edifício, a moradia do juízo, tem por base a sua
casa, na qual a reformou conciliando-se com sua opinião, e crenças não justificadas pela
própria razão.

O autor estabelece diferença existente entre juízo e o conhecimento. Sendo o juízo uma
vontade, como no caso da crença, nisso Descartes mostra que a crença é um juízo, sendo assim
não necessário o conhecimento, que é feito do entendimento.

Descartes, por alto crítica a forma dos votos religiosos, reprova a dignidade, sendo isso, uma
causa para seres fracos. Ademais, mostra que não seria necessário, mas vê-se que é uma
fraqueza humana.

Ao voltar para o tema da reforma da casa, Descartes mostra que é preciso uma retirada, algo
provisório para se acomodar. Formando paralelamente a isso, quatro máximas para a moral
provisória. São elas, manter-se nos costumes, leis e religião dos quais te instruíram (no caso os
pais) e dos quais teria-se viver, para logo formar a sua. Depois, ter firmeza nas decisões,
exemplificando pelo que viaja e se perde, mostrando que seguir uma linha reta é mais
promissor do que ficar em círculos. Assim, considerar que o pensamento é algo que
controlamos, mais que qualquer outra coisa, sendo assim, podemos pensar em desejar coisas
que o próprio entendimento considera como possível. Por fim, quanto melhor julgar, melhor
age-se, e buscar opiniões com veracidade.

Em tese, na construção da moradia da razão, Descartes afirma que é preciso cavar e retirar a
areia movediça, para assim chegar a rocha e a argila. Essa comparação é usada para diferir a
verdade da crença. E termina mostrando que o que vem dos mais experientes de vida e
sensatos, não deve ser pelos o que é dito, mas pelos atos.

Quarta Parte

Nessa quarta parte, René Descartes demonstra com seus argumentos, a existência de Deus
relacionada à alma humana. Por sua vez, Descartes abandona seus preceitos, passa a
desconsiderar incertezas como verdades, e desconfiar de seus próprios sentidos.

Descartes depois de incontáveis reflexões, chegou a conclusão de que a pura verdade é o


“Penso, logo existo”. Para Descartes, a verdade, apesar de ser direta, é algo muito complexo e
distinto. Logo, vê-se que há uma relação de dependência mútua entre pensar e existir. Ligando-
se também a dúvida, pois quando se indaga; se duvida há a presença do pensamento,
comprovando assim de que o pensar é a essência do homem.
Paralelamente, Descartes comprova a existência de Deus, o autor usa argumentos nos quais
nós, seres humanos, somos imperfeitos, e para o imperfeito existir é certo que haja o perfeito,
no caso Deus. Além disso, o autor afirma que nós como imperfeitos, aspiramos a perfeição, e
essa perfeição só poderia ser criada pelo Perfeito, Deus. Seu último argumento, em relação à
existência Divina, vem com a matemática, por sua exatidão torna Deus como algo
inquestionável.

Enfim, o autor afirma que todos os pensamentos e ideias vem de Deus, possuindo um fundo
verdadeiro, mas que por passar pelo homem, elas logo são impedidas de serem uma verdade
absoluta. Sendo assim, as características divinas são boas e as de natureza humana ruins.

Quinta Parte

Nesta penúltima parte, Rene Descartes aplica seu método em questões profundas da alma,
além de aplicá-las em questões físicas e biológicas. Descartes mostra que antes os homens não
possuíam Alma, apenas uma matéria, possuindo apenas uma luz que dava vida à matéria física.
Além disso, reafirma que o físico é distinto da Alma em si. Que a nossa razão, como homens, é
a nossa Alma, diferindo-nos dos animais.

Com isso, Descartes correlaciona a Alma com o funcionamento do corpo, pois ambos estão
interligados. Especificamente, Descartes apresenta o coração e suas artérias, demonstrando
todo o funcionamento do órgão em si ao resto do corpo. São ventos e impulsos que dão o
movimento, partindo do coração ao resto. Os ventos, considerados como Espíritos Animais, são
a Alma e razão. Esses Espíritos cabem no argumento cartesiano, sendo totalmente a ligação da
função da Alma, que é visto que não é só pensar.

Ademais, parte-se para a criação do Autômato, sendo uma constituição física semelhante a do
homem, mas limitado. Poderia ser visto pelo fato de não conseguir se expressar
adequadamente, logo diferindo-se do homem. Ademais seria logo comparado a um animal,
pois o que nos diferencia dos animais é o raciocínio e a razão em nossas falas. E Descartes, faz
logo a comparação de um homem louco a um animal, mostrando que apesar de louco, há uma
certa lógica em sua fala, por mais que pequena, no que de um animal não. Visto assim, a sua
ausência de razão, ou seja, a ausência da Alma.

Sexta Parte

Em sua última parte, Descartes chega a suas conclusões mostrando seu caminho até o método.
Usou de suas buscas pela verdade, de como as coisas existem, dos atos da razão, e concluiu
que Deus é a razão de tudo.
Usou dos astros, do céu e da Terra como elementos como sua forma de obter conhecimento.
Partindo, em seguida para formas mais difíceis e complexas para objetivo de estudo. Essas
formas, são tudo o que há na terra, como Homem, e os animais.

Descartes afirma também, que seus estudos na matemática e física, o levaram a crer de que há
utilidade para esses fins, sendo um dele a geometria, na qual Descartes foi um dos grandes
precursores. Além de tratar os homens como possuidores da natureza.

Concluindo, Descartes considera tudo aquilo que é viável para o progresso do conhecimento, a
razão e indagação. Além de apontar Deus como a perfeição acima de tudo.

Você também pode gostar