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ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO

Prof.: Ms. Henrique Dias Sobral Silva


O ESTADO ABSOLUTISTA
O Absolutismo como uma forma de governo centralizado se
expressava por meio da autoridade monárquica, soberana e, em
algumas monarquias, considerada divina, sendo identificada com o
Estado.

Esse Estado possui uma população, habitando um território definido,


que reconhece uma cultura, língua, origem e tradição comuns.

No âmbito econômico, o Estado absolutista se caracteriza pelo


intervencionismo e pelo protecionismo econômico (BAUER; PINNOW,
2019, p. 55).
O ESTADO ABSOLUTISTA
“A definição de “Absolutismo” para as monarquias do século XVI e
XVII não é contemporânea a esses acontecimentos” (BAUER; PINNOW,
2019, p. 70).

“Trata-se de um termo difundindo no vocabulário político francês ao


final do século XVIII e, na Inglaterra, em começos do século XIX, em
função da adoção de uma nova forma de estado, o liberal” (BAUER;
PINNOW, 2019, p. 70).
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO

Nicolau Maquiavel
(1469-1527)
Retrato de Nicolau Maquiavel
(s/d), pintado por Santi de Tito.
Sua principal obra é O Disponível em:
Príncipe (1532) https://www.meisterdrucke.pt/im
pressoes-artisticas-
sofisticadas/Santi-di-
É reconhecido como Tito/217902/Retrato-de-Nicolau-
fundador da ciência Maquiavel-(1469-1527).html
Acesso em 21 jul. 2021.
política moderna.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO
Segundo Maquiavel (BAUER; PINNOW, 2019, p. 75):

- Não existiria um fundamento anterior e exterior à política (como


Deus, a natureza ou a razão). A política nasce das divisões e lutas
sociais na busca de unidade e identidade.

- Maquiavel, diferentemente dos pensadores da Antiguidade clássica


e dos cristãos, não concebe a política como uma realização do bem
comum e da justiça, mas como tomada e manutenção do poder.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO
Segundo Maquiavel (BAUER; PINNOW, 2019, p. 75):

- A política não seria regida por uma moral cristã, mas por uma
virtude propriamente política, não necessariamente boa ou má. Isso
não significa que o príncipe deva ser odiado, mas temido e
respeitado.

- Qualquer regime político - tenha a forma e a origem que tiver -


poderá ser legítimo ou ilegítimo. O critério de avaliação, ou o valor
que mede a legitimidade e a ilegitimidade, é a liberdade.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO

Thomas Hobbes (1469-


1527) Retrato de Retrato de Thomas
Hobbes (s/d), pintado por
Georgios Kollidas. Disponível
É reconhecido não só em:
pelas ideias em favor do https://www.coc.com.br/blog/so
ualuno/historia/quem-foi-
absolutismo, mas thomas-hobbes Acesso em 21
também sobre o Estado jul. 2021.
moderno.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO
“Thomas Hobbes, que em sua obra Leviatã (1651), afirmou que todo
Estado nasce do contrato mútuo entre os homens” (SILVA; SILVA,
2009, p. 12).

“Estes, quando em estado de natureza, viveriam em constante


conflito e situação de guerra. Assim sendo, para garantir a ordem,
considerada a única forma de a sociedade prosperar, os indivíduos
faziam um acordo em que todos abdicavam de suas liberdades em
favor de um representante, o rei, que, por sua vez, se encarregaria de
garantir a ordem” (SILVA; SILVA, 2009, p. 12).
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO

“[...] para Hobbes, o poder do soberano superaria os indivíduos e as


coletividades, estabelecendo a paz e trazendo segurança para todos.
O fundamento do poder não estaria na tradição (família, linhagens,
sangue), mas na conveniência de se ter um soberano absoluto, para o
bem de todos.” (BAUER; PINNOW, 2019, p. 76).
O ESTADO ABSOLUTISTA PORTUGUÊS E
ESPANHOL
Ao analisar cada formação dos estados absolutistas, é possível
enxergar as especificidades das próprias formações político-
econômicas dos países europeus.

“[...] em Leão/Castela [Atual Espanha] e Portugal, graças à centralização


do poder nas mãos da monarquia, fora possível institucionalizar o poder
muito mais cedo, o que permitiu as grandes empresas
marítimas/comerciais e a conquista do Novo Mundo” (COELHO, 2014, p.
42).
O ESTADO ABSOLUTISTA FRANCÊS
“[...] nenhuma outra monarquia europeia desenvolveu como a
francesa os ingredientes essenciais do poder absoluto: uma ampla e
ilimitada autonomia financeira (fundada na liberdade de tributar os
camponeses e de vender cargos); um poderoso exército permanente
(o maior da Europa em número de efetivos militares); uma burocracia,
também a maior da Europa e a mais complexa, a ponto de ter dado
origem, ainda que temporariamente, a uma nova e distinta classe
social, a nobreza de toga [...]’” (FLORENZANO, 2007, p. 35)
MERCANTILISMO
“A atuação dos regimes mercantilistas caracterizou-se, [...] pela ajuda
prestada às atividades privadas, incentivando-as e protegendo-as nos
primeiros passos do seu desenvolvimento em moldes capitalistas.”
(NUNES, 2007, p. 302).

“Historicamente, o mercantilismo contribuiu, no plano doutrinal e no


plano da ação política, para a acumulação de capitais necessária à
implantação do capitalismo como modo de produção dominante.”
(NUNES, 2007, p. 302).
MERCANTILISMO

Características gerais do mercantilismo (NUNES, 2007):

Incentivo à exportação de produtos manufaturados;

Proibição da exportação de matérias-primas e dos capitais necessários à


indústria nacional;

Limitação da importação de produtos estrangeiros, excetos os de


utilidade para a indústria nacional;
MERCANTILISMO
Reserva de mercado para os comerciantes nacionais;

Política de fomento às manufaturas;

Liberdade de comércio interno, unificando o mercado dentro das


fronteiras dos reinos;

Práticas colonialistas como busca de novos mercados e novas fontes de


matérias-primas.
MERCANTILISMO E A EXPANSÃO MARÍTIMA
Diferentes tipos de mercantilismo foram adotados nos países europeus, e
o critério para definir cada tipo de mercantilismo foi a posse ou não de
territórios coloniais e o tipo de produto que forneciam.

A expansão marítima europeia trouxe o domínio de novos territórios,


novas fontes de riquezas e novos braços de trabalho, em especial por
meio da escravização de indígenas e negros nos continentes
conquistados.

A estruturação do sistema de exploração colonial só foi possível após o


entendimento da necessidade de gerar riqueza nesses territórios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das discussões realizadas é possível traçar um panorama da
situação da consolidação dos Estados nacionais modernos na Europa.

Associar essa discussão com a ascensão da burguesia em contato direto


com o rei, a nobreza e o clero é um dos modos de se entender a
manifestação do Antigo Regime na Europa.

Ademais, entender o mercantilismo como parte do processo econômico


que funda os estados absolutistas é um modo de compreender como a
economia influencia a política.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUER, C. S.; PINNOW, R. V. História Moderna. Editora SAGAH, Porto Alegre,
2019.

COELHO, M. F. Revisitando o problema da centralização do poder na idade


média: reflexões historiográficas. In: NEMI, A.; ALMEIDA, N.; PINHEIRO, R. (org.).
A construção da narrativa histórica (séc. XIX-XX). Campinas: Editora da
Unicamp: FAP-UNIFESP, 2014.

FLORENZANO, M. Sobre as origens e o desenvolvimento do estado moderno no


ocidente. Lua Nova, n. 71, p. 11-39, 2007.

NUNES, A. Uma introdução à economia política. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

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