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Universidade Federal do Piauí - UFPI

Campus Amílcar Ferreira Sobral - CAFS


Disciplina: Fundamentos da Educação Especial
Docente: Dra. Vanessa Nunes dos Santos

DEFICIÊNCIA
VISUAL
Discentes: Marcos Mendes; Natiele Ferreira; Raylanne Taínara
Contexto histórico sobre
deficiência visual

ANTIGUIDADE CRISTIANISMO 1784

Nas sociedades primitivas, os


cegos eram inexistentes Visão dualista Valentin Hauy criar a escola
• As pessoas cegas eram vista residencial denominada
Na Idade Média, a cegueira era vista como
um castigo ou atribuída como vingança. como eleitas de Deus Instituto Real dos Jovens Cegos
• As pessoas cegas eram vista de Paris
como pecadoras
Contexto histórico sobre
deficiência visual

1829 1854 1948 1994

Louis Braille cria o


D. Pedro II Declara Universal dos Direitos Declara de Salamanca
Sistema
criar o Instituto dos Meninos Humanos
Braille que é um código
universal de Cegos no Rio de Janeiro, hoje
leitura tátil e de escrita, denominado Instituto Benjamin
usado por pessoas cegas. Constant
Constituição Federal
DO DIREITO A
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE
EDUCAÇÃO
2015. Art. 27. A educação constitui direito da pessoa
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional
com Deficiência), destinada a assegurar e a inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao
promover, em condições de igualdade, o longo de toda a vida, de forma a alcançar o
exercício dos direitos e das liberdades máximo desenvolvimento possível de seus talentos
fundamentais por pessoa com deficiência, e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
visando à sua inclusão social e sociais, segundo suas características, interesses e
cidadania(BRASIL, 1988). necessidades de aprendizagem (BRASIL, 1988).
Quando falta a visão
Mas o que é cegueira? “Os sentidos têm as mesmas características e
potencialidades para todas as pessoas. As
“A cegueira é uma alteração grave ou total de
informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa
uma ou mais das funções elementares da visão
são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque
que afeta de modo irremediável a capacidade de
elas recorrem a esses sentidos com mais frequência
perceber cor, tamanho, distância, forma, posição
para decodificar e guardar na memória as
ou movimento em um campo mais ou menos
informações.” (p.15)
abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento
“sistema háptico é o tato ativo, constituído por
(cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira
componentes cutâneos e sinestésicos, através dos
adventícia, usualmente conhecida como
quais impressões, sensações e vibrações detectadas
adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou
pelo indivíduo são interpretadas pelo cérebro e
acidentais.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.15)
constituem fontes valiosas de informação.” (SÁ;
CAMPOS; SILVA. 2007, p.16)
Quando falta a visão
“Uma demonstração surpreendente da capacidade
de coleta e do processamento de informações
pela via do tato é o tadoma, mecanismo de
comunicação utilizado por pessoas surdocegas.
Trata-se de uma comunicação eminentemente
tátil que permite entender a fala de uma pessoa,
ao perceber as vibrações e os movimentos
articulatórios dos lábios e maxilares com a mão
sobre a face do interlocutor.” (SÁ; CAMPOS;
SILVA. 2007, p. 16)

Fonte: Ricardo Shimosakai


Baixa visão
A definição de baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual)
O que é? é complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos das
funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de
luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou
limitam a execução de tarefas e o desempenho geral. (SÁ; CAMPOS;
SILVA. 2007, p. 16)

As pessoas com essa condição enfrentam diariamente o impacto de sua


Impactos
redução visual em vários aspectos: físicos, emocionais e sociais.
Avaliação Funcional da Visão

ACUIDADE CAMPO EFICIÊNCIA DA


VISUAL VISUAL VISÃO

Fonte: Freepik Fonte: Cemo Fonte: Julia Herrena


O desempenho visual na escola
Algumas dificuldades de percepção que Alguns sinais ou sintomas físicos característicos e
alunos com baixa visão manifestam em condutas frequentes de pessoas com baixa visão:
determinadas circunstâncias: • Esfregar excessivamente os olhos;
• Objetos situados em ambientes mal • Franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos;
iluminados; • Balançar a cabeça ou movê-la para frente ao
• Ambiente muito claro ou ensolarado; olhar para um objeto próximo ou distante;
• Objetos ou materiais que não • Levantar para ler o que está escrito no quadro
proporcionam contraste; negro, em cartazes ou mapas;
• Objetos e seres em movimento; • Copiar do quadro negro faltando letras;
• Percepção de formas complexas; • Dificuldade na leitura ou em outro trabalho que
• Representação de objetos tridimensionais. exija o uso concentrado dos olhos;
• Piscar mais que o habitual.
O desempenho visual na escola

“A baixa visão pode ocasionar conflitos emocionais, psicológicos e sociais, que influenciam
o desempenho visual, a conduta do aluno, e refletem na aprendizagem. Um ambiente de
calma, encorajamento e confiança contribuirá positivamente para a eficiência na melhor
utilização da visão potencial que deve ser explorada e estimulada no ambiente educacional,
pois o desempenho visual está relacionado com a aprendizagem. É recomendável, portanto,
provocar a conduta de utilizar a visão para executar todo tipo de tarefas, pois a visão não se
gasta com o uso. Além disso, o professor deve proporcionar ao aluno condições para uma
boa higiene ocular de acordo com recomendações médicas.” (SÁ; CAMPOS; SILVA.
2007,p. 18)
Recursos Ópticos e Não-
Ópticos
Recursos Ópticos:

LUPAS MANUAIS OU
PARA LONGE PARA PERTO
LUPAS DE MESA E DE
APOIO

Fonte: Canvas Fonte: Mudodalupa


Recursos Não-Ópticos:

Fonte: G1 - Globo Fonte: Professora Bel Fonte: Visão na infãncia

Tipos ampliados Plano inclinado Chapéus e bonés


Recomendações úteis
Evitar a incidência de claridade diretamente nos
olhos da criança;
Adaptar o trabalho de acordo com a condição
visual do aluno;

Colocar a carteira em local onde não haja reflexo


de iluminação no quadro;

Utilizar papel fosco, para não refletir a claridade.


Avaliação da Aprendizagem

De acordo com Sá, Campos e Silva (2007).


Para que o aprendizado seja completo e
significativo as pessoas com deficiência
visual é importante possibilitar a coleta de
informação por meio dos sentidos
remanescentes.
Espaço físico e mobiliário
“É necessário possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do
espaço físico e da disposição do mobiliário. A coleta de informações
se dará de forma processual e analítica através da exploração do
espaço concreto da sala de aula e do trajeto rotineiro dos alunos:
entrada da escola, pátio, cantina, banheiros, biblioteca, secretaria,
sala dos professores e da diretoria, escadas, obstáculos. As portas
devem ficar completamente abertas ou fechadas para evitar
imprevistos desagradáveis ou acidentes. O mobiliário deve ser
estável e qualquer alteração deve ser avisada. Convém reservar um
espaço na sala de aula com mobiliário adequado para a disposição
dos instrumentos utilizados por esses alunos que devem incumbir-se
da ordem e organização do material para assimilar pontos de
referência úteis para eles.”(SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p. 22)
Fonte: SEDU
Comunicação e Relacionamento

Os educadores devem estabelecer um relacionamento aberto e cordial com a


família dos alunos para conhecer melhor suas necessidades, hábitos e
comportamentos. Devem conversar naturalmente e esclarecer dúvidas ou
responder perguntas dos colegas na sala de aula.
(SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p. 22)
Sistema Braille
Criado por Louis Braille, em 1825, na França, é
conhecido universalmente como código ou meio de
leitura e escrita das pessoas cegas, em que se baseia
na combinação de 63 pontos que representam as
letras do alfabeto, os números e outros símbolos
gráficos.(SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p. 22)

Fonte: IDAV Fonte: RECENSE


Atividades
“Exibição de filmes ou documentários, excursões e exposições.
A apresentação de vídeo requer a descrição oral de imagens,
cenas mudas e leitura de legenda simultânea se não houver
dublagem para que as lacunas sejam preenchidas com dados da
realidade e não apenas com a imaginação. É recomendável
apresentar um resumo ou contextualizar a atividade programada
para esses alunos.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.25)
“Atividades de educação física podem ser adaptadas com o uso
de barras, cordas, bolas com guiso etc. O aluno deve ficar
próximo do professor que recorrerá a ele para demonstrar os
exercícios ao mesmo tempo, em que ele aprende.” (SÁ;
CAMPOS; SILVA. 2007, p.25-26)
“Os alunos cegos podem e devem participar de praticamente
todas as atividades com diferentes níveis e modalidades de Fonte: Agência de notícias da indústria
adaptação.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p. 26)
Avaliação
A adaptação e produção de material, a transcrição de provas, exercícios
e de textos em geral para o sistema braille;

Estender o tempo da avaliação;

Os alunos podem utilizar a máquina de escrever em braille ou o


computador;

Exercícios orais e/ou escrita em tinta.


Recursos Didáticos

Segundo, Sá, Campos e Silva (2007) os


recursos destinados ao Atendimento
Educacional Especializado (AEE) aos alunos
com deficiência visual devem proporcionar a
inserção em situações e vivências cotidianas em
que visam estimular a exploração e o
desenvolvimento pleno dos outros sentidos.
Sugestões de recursos didáticos

Fonte: Inclusão & diversidade


Caixa de vocabulário: caixa de plástico Fonte: Loja Civiam
ou de papelão contendo miniaturas Alfabeto: letras cursivas confeccionadas
coladas em cartões com o nome do com emborrachado, papelão ou em arame
objeto em braille e em tinta. flexível.
Sugestões de recursos didáticos

Caneta maluca: caneta Bic com um fio Caixa de números: caixas de plástico ou de
comprido de lã enrolado em um carretel na papelão contendo miniaturas. Colar na parte
parte superior e com a ponta enfiada no externa o numeral, em tinta, relevo e em braille,
lugar da carga para desenhar sobre prancha correspondente à quantidade de objetos guardados
de velcro. no interior da caixa.
Outros recursos

Modelos e Maquetes Mapas Sorobã


A utilização de maquetes e de O uso de mapas construídos com “Instrumento utilizado para trabalhar
modelos é uma boa maneira de cartolina, linha, barbante, cola, e outros cálculos e operações matemáticas;
trabalhar as noções e os materiais de diferentes texturas, possibilita espécie de ábaco que contém cinco
que o aluno com deficiência visual facilite contas em cada eixo e borracha
conceitos relacionados aos
sua compreensão (SÁ; CAMPOS; SILVA. compressora para deixar as contas
acidentes geográficos, ao
2007, p. 32) fixas.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.
sistema planetário e aos
32)
fenômenos da natureza. (SÁ;
CAMPOS; SILVA. 2007, p. 32)
Outros recursos

Livro Didático Adaptado Livro Acessível


O livro acessível visa contemplar a
Os livros didáticos são todos os leitores.(SÁ; CAMPOS;
ilustrados com desenhos, SILVA. 2007, p. 33)
gráficos, cores, diagramas, fotos
e outros recursos inacessíveis
para os alunos com limitação
visual. (SÁ; CAMPOS; SILVA.
2007, p. 32)
Recursos tecnológicos
Existem programas leitores de tela com síntese de voz, concebidos para usuários cegos, que
possibilitam a navegação na internet, o uso do correio eletrônico, o processamento de textos, de
planilhas e uma infinidade de aplicativos operados por meio de comandos de teclado que
dispensam o uso do mouse.
Entre os programas mais conhecidos e difundidos no Brasil, destacamos:
DOSVOX: sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui um conjunto de ferramentas e aplicativos
próprios além de agenda, chat e jogos interativos. Pode ser obtido gratuitamente por meio de
“download” a partir do site do projeto DOSVOX.
VIRTUAL VISION: é um software brasileiro desenvolvido pela Micropower, em São Paulo,
concebido para operar com os utilitários e as ferramentas do ambiente Windows. É distribuído
gratuitamente pela Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos. No mais, é
comercializado.
Os leitores de tela e a leitura do mundo
JAWS, Job Access With Speech, que um leitor de tela
desenvolvido para usuários de computador cuja perda
de visão os impede de ver o conteúdo da tela ou
navegar com um mouse. O JAWS fornece saída de fala
e Braille para os aplicativos de computador mais
populares (FREENDOM SIENTIFIC, 2015)
Barreiras reais e virtuais
Exemplos de barreiras de acesso ao conteúdo de uma página enfrentadas por pessoas
cegas ou com baixa visão:
• Imagens complexas. Exemplo: gráfico ou imagem com importante significado que
não possuem descrição adequada.
• Vídeos que não possuem descrição textual ou sonora.
• Páginas com tamanhos de fontes absolutas, que não podem ser aumentadas ou
reduzidas facilmente.
• Páginas ou imagens que possuem pouco contraste.
• Quando a cor é usada como único recurso para enfatizar o texto.
• Contrastes inadequados entre as cores da fonte e do fundo.
Acessibilidade e Desenho Universal

Os modelos de computadores, players, celulares e outros


dispositivos eletrônicos são acessíveis?
Acessibilidade e Desenho Universal
Princípios do desenho universal:
1. Equiparação nas possibilidades de uso: o design é útil e comercializável
às pessoas com habilidades diferenciadas.
2. Flexibilidade no uso: o design atende a uma ampla gama de indivíduos,
preferências e habilidades.
3. Uso simples e intuitivo: o uso do design é de fácil compreensão,
independentemente de experiência, nível de formação, conhecimento do
idioma ou da capacidade de concentração do usuário.
4. Captação da informação: o design comunica eficazmente ao usuário as
informações necessárias, independentemente de sua capacidade sensorial
ou de condições ambientais.
Acessibilidade e Desenho Universal

5. Tolerância ao erro: o design minimiza o risco e as conseqüências


adversas de ações involuntárias ou imprevistas.
6. Mínimo esforço físico: o design pode ser utilizado com um mínimo de
esforço, de forma eficiente e confortável.
7. Dimensão e espaço para uso e interação: o design oferece espaços e
dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso,
independentemente de tamanho, postura ou mobilidade do usuário. (SÁ;
CAMPOS; SILVA. 2007, p. 53).
Perguntas frequentes
Perguntas frequentes
Como identificar o aluno com baixa visão?
“Alguns sinais e condutas recorrentes, observados informalmente dentro ou fora da
sala de aula, podem ser indícios de baixa visão. Por exemplo: dor de cabeça
constante, olhos vermelhos ou lacrimejantes, inclinação da cabeça para enxergar,
intolerância à luz, hábito de apertar ou esfregar os olhos, trazer o papel, o caderno
ou livro para perto dos olhos, chegar bem próximo do quadro negro ou da televisão
para enxergar, tropeçar ou esbarrar em móveis ou objetos com freqüência, evitar
executar tarefas que dependem da visão, demonstrar oscilação entre ver e não ver
algo ou alguém etc.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.34).
Perguntas frequentes
Quem ensina braille ao aluno cego no ensino
relugar ?
"Quem estiver qualificado e disponível para
este fim".(SÁ; CAMPO SILVA. 2007, p.35)

Como trabalhar as cores com os alunos cegos ?


"As cores devem ser apresentadas aos alunos cegos por
meio de associações e representações que possibilitem
compreender e aplicar adequadamente o vocabulário e o
conceito de cores na fala, na escrita, no contexto da
escola e da vida".(SÁ; CAMPO SILVA. 2007, p.35)
Perguntas frequentes
Alunos cegos demoram mais para aprender do que
os outros?
“Não. Eles podem ser mais lentos na realização de
algumas atividades, pois a dimensão analítica da
percepção tátil demanda mais tempo. Esses alunos
precisam manipular e explorar o objeto para
conhecer as suas características e fazer uma análise
detalhada das partes para tirar conclusões. Essa
diferença básica é importante porque influi na
elaboração de conceitos e interiorização do
conhecimento.” (SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.35)
Fonte: Roraima em foco
Perguntas frequentes
Quais são as habilidades que devemos desenvolver no caso de alunos cegos?
“Esses alunos devem desenvolver a formação de hábitos e de postura,
destreza tátil, o sentido de orientação, o reconhecimento de desenhos,
gráficos e maquetes em relevo dentre outras habilidades. As estratégias e as
situações de aprendizagem devem valorizar o comportamento exploratório, a
estimulação dos sentidos remanescentes, a iniciativa e a participação ativa..”
(SÁ; CAMPOS; SILVA. 2007, p.35)
Conclusão
Referências

FRANCO, João Roberto; DA SILVEIRA DIAS, Tárcia Regina. A pessoa cega no


processo histórico: um breve percurso. Benjamin Constant, n. 30, 2005.

GASPARETTO, Maria Elisabete Rodrigues Freire. História e retrospectiva da


deficiência visual. +história, Campinas-SP: UNICAMP.

SÁ, E. D. D.; CAMPOS, I. M. D.; SILVA, M. B. C. Atendimento Educacional


Especializado . Brasília: Cromos, 2007.

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