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3. O que é a arte?

TEXTO TRÊS

A teoria institucional da arte

«Ao apresentar a teoria institucional da arte tentei formular o que chamei de um sentido
“classificativo” de “obra de arte”. Ou seja, sempre procurei estabelecer um significado de arte
valorativamente neutro. Acredito que isso seja necessário porque às vezes falamos de má arte e
de arte sem valor. Se as obras de arte forem definidas como necessariamente valiosas, seria difícil
ou impossível falar de má arte ou de arte sem valor. Assim, acredito que a teoria básica da
arte é acerca de um sentido da arte de valor neutro. Observe que esta teoria básica é sobre os
membros da classe de obras de arte: alguns membros desta classe são excelentes, alguns
membros são medíocres e alguns membros são maus. A atividade geral de criar obras de arte é,
obviamente, uma atividade valiosa, mas é nos membros da classe de obras de arte que a teoria
institucional se concentra. […]
A teoria institucional da arte é uma resposta à visão de que “arte” é um conceito aberto que
não pode ser definido em termos de condições necessárias e suficientes. A afirmação geral da
teoria institucional é que, se pararmos de procurar por características exibidas (facilmente
percebidas) de obras de arte, como representacionalidade, expressividade emocional e outras em
que os teóricos tradicionais se concentraram, e em vez disso procurarmos por características que
as obras de arte têm como resultado de sua relação com o seu contexto cultural, então podemos
encontrar propriedades definidoras. As teorias da arte formuladas pelos teóricos tradicionais são
facilmente refutadas por contraexemplos porque a imensa diversidade de obras de arte fornece
facilmente exemplos de obras de arte que carecem das propriedades especificadas como
definidoras das teorias tradicionais. Por outro lado, nenhuma obra de arte, por mais inusitada que
seja, pode escapar das suas relações com o seu contexto cultural. O problema é encontrar as
propriedades relacionais definidoras das obras de arte para a sua cultura e caracterizá-las
corretamente.»

George Dickie, “The institutional theory of art”, in Noel Carroll, Theories of art today,
Wisconsin, The University of Wisconsin Press, 2000, pp. 97-98 (Traduzido e adaptado pelos autores).

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