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Garcia
Dickie começa por aderir à ideia de que o projeto tradicional de encontrar uma
definição essencialista deve ser abandonado. No entanto, defende que é
perfeitamente viável dar uma definição explícita de arte. O objetivo de Dickie é, pois, o
de apresentar uma definição verdadeira capaz de resolver o problema: como distinguir
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arte de não-arte? O que ele procura é uma definição nominal, ou, nas suas palavras,
uma definição em “sentido classificativo” de arte, que indique condições necessárias e
conjuntamente suficientes. Dickie apresentou a seguinte definição institucionalista:
Algo é uma obra de arte no sentido classificativo se, e só se, 1) é um artefacto e 2)
alguém age sobre ele em nome de uma dada instituição (pertencente ao mundo da
arte), propondo-o como candidato a apreciação.
Uma das características mais salientes desta definição é que qualquer coisa pode ser
uma obra de arte, desde que alguém a proponha como candidata para apreciação de
acordo com o procedimento descrito. Assim, objetos completamente diferentes, sem
qualquer semelhança percetível a não ser a sua a sua artefactualidade, podem adquirir
o estatuto de obras de arte. A noção de artefacto de Dickie é alargada de modo a
incluir objetos que não são físicos, como, por exemplo, poemas. A ideia é que um
artefacto é tudo o que é feito por seres humanos, aí se incluindo o conjunto de
movimentos coordenados que constituem uma dança ou o que resulta do ato de
apanhar um pedaço de madeira à deriva nas águas de um rio para ser exibido numa
galeria de arte.
Quanto à condição 2, Dickie esclarece que as pessoas aptas a propor um dado
artefacto para candidato a apreciação são geralmente os artistas, os galeristas, os
críticos de arte ou os curadores de arte e outros agentes ligados a museus, revistas de
arte, faculdades de artes, casas de espetáculos, etc. Essa é a instituição, genericamente
designada ‘mundo da arte’, em nome da qual se confere a esse artefacto o estatuto de
candidato para apreciação. Estamos, portanto, perante condições necessárias, mas
não suficientes da arte.
Deste modo, toda a obra de arte possui o estatuto de obra de arte, que lhe foi
atribuído por alguém. O estatuto de apreciação é atribuído por pessoas ligadas a
esfera artística, pessoas ligadas ao mundo da arte, as quais têm autoridade suficiente
para determinar o que deve ou não ser admirado (lembrando que não é obrigatório
que um artefacto seja apreciado), através do processo chamado de "batismo",
"transformam" (denominam) objetos e artefactos em obras de arte, por meio de
exibições, representações e publicações dessas obras.
A definição de arte proposta por Dickie dá apenas conta do sentido "classificativo" do
termo "arte", sem preocupações relativamente ao problema de saber se uma obra de
arte implica ou não a atribuição de valor. Uma teoria classificativa da arte opõe-se às
teorias valorativas (como as de Bell e Collingwood). Para as últimas, se algo é arte,
então tem algum valor para nós. Para Dickie, ao invés, reconhecer que algo é uma obra
de arte não implica atribuir-lhe qualquer tipo de valor. Classificar um objeto como arte
não implica que ele seja uma coisa valiosa ou um bom exemplar de arte.
Em suma, a artefactualidade é uma condição necessária para que algo seja
considerado uma obra de arte, mas não é uma condição suficiente, só recebe o título
de obra de arte, aquela que satisfazer as condições de artefactualidade e estatuto,
simultaneamente.
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Félix
Antigamente, os filósofos de arte apenas prestavam atenção a algumas propriedades
da arte, dos objetos criados, como por exemplo as suas características figurativas e
expressivas, pelo que ignoravam por completo a propriedade não exibida da obra. No
entanto, quando nos vemos perante objetos bizarros, como por exemplo, os objetos
dadaístas (objetos industriais, com finalidade prática, elevados à categoria de obra de
arte por Duchamp), a atenção do espectador é obrigada a ser desviada das
propriedades óbvias do objeto para conseguir considera-lo segundo o seu contexto
social.
Segundo a teoria de Dickie, estes objetos podem não ser grandes obras de arte, mas
enquanto exemplos de arte são extremamente valiosos para a sua teoria, isto porque
segundo o mundo da arte, tais objetos são considerados obras de arte.
O mundo da arte é um feixe de sistemas, constituído pelo teatro, pintura, escultura,
literatura, música, assim como pessoas que se considerem membros deste mundo, e
por consequente, em condições de agir sobre o nome do mesmo, como por exemplo,
pintores, escritores, filósofos da arte, o público, etc.
Cada um destes proporciona um contexto institucional, daí intitula-se a teoria, para a
atribuição do estatuto de arte aos objetos que pertencem ao seu domínio. Como não
existem limites ao número de sistemas que albergam o mundo da arte, não existe
nenhuma conceção genérica de obra de arte. São estas características do mundo da
arte que fornecem elasticidade, ou seja, estas características permitem abranger toda
a criatividade, incluindo a mais radical, como os objetos dadaístas.
Assim, percebemos que o conceito “obra de arte” é extremamente flexível. No
entanto, a teoria institucional da arte é alvo de algumas críticas.
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definição não fosse considerada um círculo vicioso. Assim, estando perante um círculo
virtuoso, a definição de Dickie não deixa de ser informativa.
Tavares
Falta de autoridade reconhecida:
Uma outra critica á teoria institucional da arte constitui no facto de com alguns
filósofos e indivíduos que pertencem ao mundo da arte argumentarem que ela exclui
aqueles artistas que trabalham fora do contexto do mundo da arte. Esta crítica baseia-
se na ideia de que os artistas isolados podem desenvolver trabalhos artísticos de
grande qualidade sem precisar da influência das instituições culturais. Incluindo os
artistas do tempo da pré historia que realizaram grandes obras de arte fora de
qualquer contexto artístico social.
Desta forma, a teoria institucional da arte não consegue abranger os artistas que
trabalham fora do contexto do mundo da arte, pois não reconhece a importância dos
laços sociais e da colaboração entre artistas fora de um contexto social e publico.
Além disso, a teoria institucional da arte também é criticada por privilegiar as obras de
arte produzidas por artistas reconhecidos. Porem os artistas isolados têm menos
acesso às instituições culturais e, portanto, menor chance de serem reconhecidos.
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Critica de Richard Wollheim:
Por último, existe a critica de Richard Wollheim, que foi um dos críticos mais
renomados da teoria institucional da arte. O seu principal argumento foi que esta
teoria, dependendo de uma entidade para adquirir o estatuto de obra de arte,
necessitaria de razoes claras para transformar artefactos em arte. Assim, tais razoes,
deveriam ser uniformes e aplicadas de igual forma a todos os artefactos, constituindo
num método.
Porem se não existem razoes por parte dos indivíduos que atribuem tal estatuto, e
apenas o fazem de forma subjetiva e excêntrica, Wollheim conclui que esta teoria não
pode ser considerada adequada para a produção de obras de arte e, portanto, deve
ser abandonada.
Carvalhosa
Conclusão teorias não essencialistas
Em suma, a teoria institucional da arte é uma teoria bastante abrangente no que diz
respeito ao estatuto da obra de arte, considerando assim algo como obra de arte se e
só se for um artefacto, tendo sido atribuído um conjunto das suas características um
estatuto de candidato à apreciação por uma ou várias pessoas que atuam em nome de
determinada instituição social (mundo da arte).