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Carvalhosa

Teorias não essencialistas


Hoje vamos apresentar o nosso tema que é as teorias não essencialistas. De início
vamos falar sobre o que são mesmo as teorias não essencialistas e de seguida, vamos
falar sobre a teoria institucional da arte, vamos falar sobre o mundo da arte vamos
finalizar esta apresentação com as críticas que são realizadas às teorias não
essencialistas.
As teorias não essencialistas defendem que não existe uma boa definição de arte,
tendo em conta que as definições de arte estudadas até ao dia de hoje, tenham
fracassado. Vários filósofos já deram a sua opinião em relação ao conceito de arte,
mas, há um filósofo em específico que se destaca, Morris Weitz. Morris Weitz foi um
filosofo que nasceu em 1916 e faleceu em 1981, e Morris defendia que o conceito da
arte é indefinível. Morris até publicou um artigo em 1956, onde defendia que “a teoria
estética é uma tentativa logicamente vã de definir o que não pode ser definido”. Sabe-
se que para Morris Weitz, o conceito de arte e indefinível, mas também é sabido que
ao longo dos anos, surgem novas formas de arte e novos movimentos, o que faz da
arte um conceito aberto, e, se a arte é um conceito aberto então, não esta submetido
a condições necessárias e suficientes, o que significa que não pode ser definida.
Weitz, ao considerar que não há qualquer essência da arte para ser definida, vai
apresentar uma perspetiva anti essencialista.
Como reação ao ceticismo de Weitz, surgiram outras definições que deixaram de
buscar uma alegada essência da arte, mas que procuram identificar as condições
necessárias e suficientes para que algo seja arte, trata-se, portanto, de definições não
essencialistas.
Nesta apresentação, procuramos apresentar a teoria não essencialista da arte assim
como as críticas que lhe são dirigidas.
A teoria institucional da arte destaca o contexto em que surgem e são apreciadas as
obras de arte. Esta teoria foi defendida pelo filósofo George Dickie que chama a nossa
atenção para as propriedades relacionais, extrínsecas e não observáveis das obras de
arte. Apesar de concordar com Weitz, de que é inútil tentar procurar uma alegada
essência da arte, George Dickie, considera que isso não impede que existam condições
necessária e suficientes para algo ser arte.

Garcia
Dickie começa por aderir à ideia de que o projeto tradicional de encontrar uma
definição essencialista deve ser abandonado. No entanto, defende que é
perfeitamente viável dar uma definição explícita de arte. O objetivo de Dickie é, pois, o
de apresentar uma definição verdadeira capaz de resolver o problema: como distinguir

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arte de não-arte? O que ele procura é uma definição nominal, ou, nas suas palavras,
uma definição em “sentido classificativo” de arte, que indique condições necessárias e
conjuntamente suficientes. Dickie apresentou a seguinte definição institucionalista:
Algo é uma obra de arte no sentido classificativo se, e só se, 1) é um artefacto e 2)
alguém age sobre ele em nome de uma dada instituição (pertencente ao mundo da
arte), propondo-o como candidato a apreciação.
Uma das características mais salientes desta definição é que qualquer coisa pode ser
uma obra de arte, desde que alguém a proponha como candidata para apreciação de
acordo com o procedimento descrito. Assim, objetos completamente diferentes, sem
qualquer semelhança percetível a não ser a sua a sua artefactualidade, podem adquirir
o estatuto de obras de arte. A noção de artefacto de Dickie é alargada de modo a
incluir objetos que não são físicos, como, por exemplo, poemas. A ideia é que um
artefacto é tudo o que é feito por seres humanos, aí se incluindo o conjunto de
movimentos coordenados que constituem uma dança ou o que resulta do ato de
apanhar um pedaço de madeira à deriva nas águas de um rio para ser exibido numa
galeria de arte.
Quanto à condição 2, Dickie esclarece que as pessoas aptas a propor um dado
artefacto para candidato a apreciação são geralmente os artistas, os galeristas, os
críticos de arte ou os curadores de arte e outros agentes ligados a museus, revistas de
arte, faculdades de artes, casas de espetáculos, etc. Essa é a instituição, genericamente
designada ‘mundo da arte’, em nome da qual se confere a esse artefacto o estatuto de
candidato para apreciação. Estamos, portanto, perante condições necessárias, mas
não suficientes da arte.
Deste modo, toda a obra de arte possui o estatuto de obra de arte, que lhe foi
atribuído por alguém. O estatuto de apreciação é atribuído por pessoas ligadas a
esfera artística, pessoas ligadas ao mundo da arte, as quais têm autoridade suficiente
para determinar o que deve ou não ser admirado (lembrando que não é obrigatório
que um artefacto seja apreciado), através do processo chamado de "batismo",
"transformam" (denominam) objetos e artefactos em obras de arte, por meio de
exibições, representações e publicações dessas obras.
A definição de arte proposta por Dickie dá apenas conta do sentido "classificativo" do
termo "arte", sem preocupações relativamente ao problema de saber se uma obra de
arte implica ou não a atribuição de valor. Uma teoria classificativa da arte opõe-se às
teorias valorativas (como as de Bell e Collingwood). Para as últimas, se algo é arte,
então tem algum valor para nós. Para Dickie, ao invés, reconhecer que algo é uma obra
de arte não implica atribuir-lhe qualquer tipo de valor. Classificar um objeto como arte
não implica que ele seja uma coisa valiosa ou um bom exemplar de arte.
Em suma, a artefactualidade é uma condição necessária para que algo seja
considerado uma obra de arte, mas não é uma condição suficiente, só recebe o título
de obra de arte, aquela que satisfazer as condições de artefactualidade e estatuto,
simultaneamente.

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Félix
Antigamente, os filósofos de arte apenas prestavam atenção a algumas propriedades
da arte, dos objetos criados, como por exemplo as suas características figurativas e
expressivas, pelo que ignoravam por completo a propriedade não exibida da obra. No
entanto, quando nos vemos perante objetos bizarros, como por exemplo, os objetos
dadaístas (objetos industriais, com finalidade prática, elevados à categoria de obra de
arte por Duchamp), a atenção do espectador é obrigada a ser desviada das
propriedades óbvias do objeto para conseguir considera-lo segundo o seu contexto
social.
Segundo a teoria de Dickie, estes objetos podem não ser grandes obras de arte, mas
enquanto exemplos de arte são extremamente valiosos para a sua teoria, isto porque
segundo o mundo da arte, tais objetos são considerados obras de arte.
O mundo da arte é um feixe de sistemas, constituído pelo teatro, pintura, escultura,
literatura, música, assim como pessoas que se considerem membros deste mundo, e
por consequente, em condições de agir sobre o nome do mesmo, como por exemplo,
pintores, escritores, filósofos da arte, o público, etc.
Cada um destes proporciona um contexto institucional, daí intitula-se a teoria, para a
atribuição do estatuto de arte aos objetos que pertencem ao seu domínio. Como não
existem limites ao número de sistemas que albergam o mundo da arte, não existe
nenhuma conceção genérica de obra de arte. São estas características do mundo da
arte que fornecem elasticidade, ou seja, estas características permitem abranger toda
a criatividade, incluindo a mais radical, como os objetos dadaístas.
Assim, percebemos que o conceito “obra de arte” é extremamente flexível. No
entanto, a teoria institucional da arte é alvo de algumas críticas.

1ª Crítica: Circularidade (Falácia da Petição de Princípio)


A teoria defendida por Dickie não é muito informativa, devido à circularidade da sua
definição. Os principais conceitos inferidos nesta teoria, “obra de arte” e “mundo da
arte” são ambos definidos com base um no outro: uma obra de arte é um artefacto
que é considerado uma obra de arte pois tal estatuto foi atribuído pela entidade do
mundo da arte, e o mundo da arte é o conjunto de sistemas e de pessoas que, agindo
em seu nome, têm o poder de conferir a um artefacto o estatuto de obra de arte.
No entanto, Dickie reconheceu esta circularidade na definição de arte. Para o autor,
não se tratava de um círculo vicioso, mas sim um círculo virtuoso. Para uma definição
ser considerada circularmente viciosa é porque essa circularidade é de tal maneira tão
restrita, que não apresenta qualquer explicação.
Dickie acreditava que dizia o suficiente sobre o que era o mundo da arte e sobre o
modo como este operava e atribuía estatuto da obra de arte aos objetos para que esta

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definição não fosse considerada um círculo vicioso. Assim, estando perante um círculo
virtuoso, a definição de Dickie não deixa de ser informativa.

Tavares
Falta de autoridade reconhecida:
Uma outra critica á teoria institucional da arte constitui no facto de com alguns
filósofos e indivíduos que pertencem ao mundo da arte argumentarem que ela exclui
aqueles artistas que trabalham fora do contexto do mundo da arte. Esta crítica baseia-
se na ideia de que os artistas isolados podem desenvolver trabalhos artísticos de
grande qualidade sem precisar da influência das instituições culturais. Incluindo os
artistas do tempo da pré historia que realizaram grandes obras de arte fora de
qualquer contexto artístico social.
Desta forma, a teoria institucional da arte não consegue abranger os artistas que
trabalham fora do contexto do mundo da arte, pois não reconhece a importância dos
laços sociais e da colaboração entre artistas fora de um contexto social e publico.
Além disso, a teoria institucional da arte também é criticada por privilegiar as obras de
arte produzidas por artistas reconhecidos. Porem os artistas isolados têm menos
acesso às instituições culturais e, portanto, menor chance de serem reconhecidos.

Razoes para conferir o estatuto:


Uma das críticas também comum à teoria institucional da arte é a alegação de que ela
não consegue abranger a questão da definição de obras de arte.
A teoria institucional da arte considera a existência de autoridades reconhecidas, como
curadores, críticos e historiadores, que são considerados responsáveis por determinar
o estatuto de obras de arte. No entanto, esta autoridade não é reconhecida por todos,
pois muitos críticos argumentam que esses indivíduos não têm o direito de decidir o
que é ou não arte.
Esta crítica leva ao argumento de que a arte não é uma questão de julgamento de
autoridades reconhecidas, mas sim uma questão de consenso social. Assim, a teoria
institucional da arte não consegue abranger a questão da definição de obras de arte
devido à ausência de autoridade reconhecida para determinar o estatuto de obras de
arte.

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Critica de Richard Wollheim:
Por último, existe a critica de Richard Wollheim, que foi um dos críticos mais
renomados da teoria institucional da arte. O seu principal argumento foi que esta
teoria, dependendo de uma entidade para adquirir o estatuto de obra de arte,
necessitaria de razoes claras para transformar artefactos em arte. Assim, tais razoes,
deveriam ser uniformes e aplicadas de igual forma a todos os artefactos, constituindo
num método.
Porem se não existem razoes por parte dos indivíduos que atribuem tal estatuto, e
apenas o fazem de forma subjetiva e excêntrica, Wollheim conclui que esta teoria não
pode ser considerada adequada para a produção de obras de arte e, portanto, deve
ser abandonada.

Carvalhosa
Conclusão teorias não essencialistas
Em suma, a teoria institucional da arte é uma teoria bastante abrangente no que diz
respeito ao estatuto da obra de arte, considerando assim algo como obra de arte se e
só se for um artefacto, tendo sido atribuído um conjunto das suas características um
estatuto de candidato à apreciação por uma ou várias pessoas que atuam em nome de
determinada instituição social (mundo da arte).

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