Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A teoria expressivista
• Definição bastante popular.
• As obras de arte são veículos de expressão de sentimentos ou emoções vividas pelos
seus autores e, por isso, podem despertá-los naqueles que contemplam as obras.
• Dá extrema importância à parte espiritual da experiência da arte.
• Ficou sobretudo associada ao Romantismo (séc. XIX): época em substituiu a teoria da
imitação, a par com a valorização do artista criador e da sua individualidade
(características do Romantismo).
• Romancista russo Liev Tolstói. Arte como "contágio de emoções" (algo só é arte quando
não só exprime a emoção pessoal do autor, mas consegue gerar essa emoção no
público).
• Início do século XX. R. G. Collingwood salienta a importância do que se passa na mente
do artista, onde a obra é criada: a verdadeira obra é, na verdade, algo puramente
mental, que o artista pode concretizar fisicamente, projetando-a sobre a forma de um
objeto de arte.
• O artista procura compreender e clarificar, para si próprio, uma sua emoção particular,
através de uma ideia.
• Depois, ao concretizar esta ideia, num objeto, exprime a emoção original, de um modo
imaginativo, comunicando essa ideia a outras pessoas, (embora isso não seja essencial
à arte).
• A tarefa do público é, então, exercitar, pela sua parte, a imaginação sobre o objeto que
tem à sua frente, de modo a recriar, nas suas mentes, a emoção inicial do artista.
• Crítica: propriedades não-intencionadas e arte inexpressiva.
A teoria formalista
• Tese de Kant: a beleza de um objeto decorre apenas da sua pura forma (antecipação
da teoria formalista).
• Segunda metade do século. XIX. Eduard Hanslick.
• Com mais vigor, início do XX, destacando-se o inglês Clive Bell.
• O que faz de algo uma obra de arte é o facto de possuir uma forma que pode ser
apreciada esteticamente.
• O que é artístico numa obra são as relações entre as suas qualidades formais (na
poesia; os sons, as repetições e as cadências das palavras).
• Bell defendia que o que dava a uma obra o seu caráter de arte era algo de especial
nesses aspetos formais, a que chamou forma significante.
• Tomando o exemplo da poesia, o que mostra a forma significante num poema são as
relações entre os sons, os ritmos das palavras, a sua musicalidade e os seus padrões de
repetição, desvalorizando-se o sentido das palavras.
• Antes de Bell, o crítico musical Hanslick defendera o formalismo na música, valendo-se
o exemplo da música instrumental "pura", isto é, sem um texto nem uma história.
• A música é arte em virtude da qualidade dos seus padrões formais , que resultam dos
modos como o compositor conseguiu conjugar as melodias, as harmonias, as mudanças
de tonalidade, os ritmos, a instrumentação, a intensidade dos sons e os andamentos.
• Parece demasiado fria e técnica, especialmente quando comparada com a teoria
expressivista.
• Vantagem de não fazer depender o estatuto de arte obra de arte de fatores demasiado
subjetivos e flutuantes, centrando-se, antes, segundo os seus defensores, em
propriedades objetivas e autónomas das próprias obras.
• Crítica: vagueza e circularidade do conceito de forma.
A teoria institucional
• George Dickie, baseado no trabalho do crítico e filósofo Arthur Danto.
• Danto havia chamado a atenção para a importância daquilo a que chamou um "mundo
da arte" (designação para a instituição formada por uma extensa rede que inclui todas
as pessoas que criam, estudam, apreciam, comentam, explicam, conservam,
apresentam, avaliam ou estão ligadas, por mais fino que seja o fio, a obras de arte).
• O facto de um determinado urinol ser, atualmente, tomado como arte, quando, há dois
séculos, o mesmíssimo objeto, certamente, não o seria, reside no facto de que agora há
uma teoria da arte à luz da qual isso pode ser visto como arte.
• São as ideias acerca da arte e do mundo, e a relação do objeto com elas e com as
pessoas que participam no mundo da arte, em cada época, que justificam a aceitação de
obras, radicalmente, inovadoras, como arte.
• Dickie propõe uma definição de arte que põe a tónica no contexto convencional ou
institucional que rodeia essas obras e na relação que os seus autores pretendem
estabelecer entre o que criam e o mundo da arte.
• Uma obra de arte é um artefacto, com um conjunto de aspetos, ao qual foi conferido o
estatuto de candidato para apreciação por uma pessoa, ou pessoas, atuando em nome
de uma certa instituição social (o "mundo da arte").
• Dickie esclarece que a definição visa explicar como é que certos objetos são
classificados como arte, não emitindo qualquer consideração acerca do valor ou
sucesso deles enquanto arte.
• Tudo o que diz é que os que satisfazem a definição são arte (e, como quase tudo,
podem ser belos, horrendos, etc. enquanto arte).
• Crítica: circularidade e falta de informatividade e critérios ocultados.
Argumento cosmológico/da primeira causa
• Tomás de Aquino.
• Parte da observação de que os fenómenos que ocorrem em nosso redor têm, todos
eles, causas específicas, o que sugere que tudo o que acontece tem uma causa, sendo,
portanto, efeito de acontecimentos anteriores.
• As causas e os efeitos formam longas sequências de acontecimentos que se estendem
até ao passado remoto.
• Essencial do argumento: poderão as causas e os efeitos remontar por uma sequência
infinita em direção ao passado ou há algures um início da cadeia de causas e efeitos,
uma primeira causa?
• Tudo o que acontece tem uma causa. Se tudo o que acontece tem uma causa, então o
universo, no seu conjunto, também tem uma causa. Logo, o universo tem uma causa.
• Para além disso, a cadeia de causas não pode recuar infinitamente. Se a cadeia de
causas não é infinita na direção ao passado, então existe uma primeira causa.
• Conclusão: há uma primeira causa (e essa causa é Deus).
• Argumento bastante simples.
• Generalização universal daquilo que a nossa experiência nos informa sobre os
acontecimentos com que contactamos diretamente.
• Estabelece que aquilo que se verifica a respeito de cada acontecimento particular se
aplica ao universo no seu conjunto.
• Diz-nos que a série das causas e dos efeitos não pode ser infinita.
• Afirma que não é possível que se recue na ordem das causas sem parar: a cadeia não
pode ser infinita.
• Crítica: qual foi a causa de Deus?
Argumento ontológico
• Anselmo de Cantuária.
• Descartes.
• Característica invulgar: o facto de se basear apenas em premissas verdadeiras cuja
verdade poderá ser conhecida a priori, ou seja, sem apelar à experiência.
• A simples análise do conceito de Deus, que todos somos capazes de formar nas nossas
mentes, poderá demonstrar a sua existência na realidade.
• Argumento por redução ao absurdo: juntando às restantes premissas a proposição de
que Deus não existe, gera-se uma contradição, pelo que essa proposição é falsa (Deus
existe).
• Deus, o ser maior do que o qual nenhum outro é possível, um ser que acumula sem si
todas as perfeições que existam, que detém todas as propriedades positivas, de tal
modo a que seja o máximo possível da perfeição, existe no pensamento, isto é, pode
ser concebido como ideia.
• Deus é um ser possível.
• Se algo só existe no pensamento, mas não existe na realidade, então podia ser maior do
que é, se existisse também na realidade.
• Deus não existe na realidade: hipótese da redução ao absurdo.
• Se Deus não existe na realidade, então pode haver um ser maior do que ele.
• Tudo isto parece implicar que há um ser, o maior possível, existente no pensamento e
na realidade, que é maior do que o ser maior do que qual o nenhum outro é possível, o
maior possível que existe "só" no pensamento, mas a quem falta a existência na
realidade.
• Como é suposto, a adição da hipótese da redução ao absurdo gera uma contradição,
pois não é possível haver um ser maior do que Deus justamente pelo facto de Deus ser
o maior de todos os seres.
• Conclui-se, então, o que argumento pretende provar (Deus não existe na realidade).
• Dizendo o mesmo na forma afirmativa, Deus existe na realidade e no pensamento.
• Crítica: a existência não é uma propriedade.