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Teoria da arte como representação/imitação

• Mais antiga teoria da arte, que vigorou durante mais tempo.


• Platão e Aristóteles.
• A arte consiste num certo modo de imitação da natureza.
• Imitar, com precisão, a aparência bela dos objetos físicos.
• Através de artes (a literatura, o teatro, entre outras) representar comportamentos
humanos, princípios, valores ou ideais belos, bons e justos (leis morais de origem divina;
ordem e harmonia do universo).
• Simples e plausível.
• Vantagem de relacionar a arte com o interesse e prazer que todos nós, crianças ou
adultos, em qualquer cultura, experimentamos ao criar, assistir ou participar em
imitações, seja em pinturas ou em peças de teatro.
• Crítica: artes não-imitativas.

A teoria expressivista
• Definição bastante popular.
• As obras de arte são veículos de expressão de sentimentos ou emoções vividas pelos
seus autores e, por isso, podem despertá-los naqueles que contemplam as obras.
• Dá extrema importância à parte espiritual da experiência da arte.
• Ficou sobretudo associada ao Romantismo (séc. XIX): época em substituiu a teoria da
imitação, a par com a valorização do artista criador e da sua individualidade
(características do Romantismo).
• Romancista russo Liev Tolstói. Arte como "contágio de emoções" (algo só é arte quando
não só exprime a emoção pessoal do autor, mas consegue gerar essa emoção no
público).
• Início do século XX. R. G. Collingwood salienta a importância do que se passa na mente
do artista, onde a obra é criada: a verdadeira obra é, na verdade, algo puramente
mental, que o artista pode concretizar fisicamente, projetando-a sobre a forma de um
objeto de arte.
• O artista procura compreender e clarificar, para si próprio, uma sua emoção particular,
através de uma ideia.
• Depois, ao concretizar esta ideia, num objeto, exprime a emoção original, de um modo
imaginativo, comunicando essa ideia a outras pessoas, (embora isso não seja essencial
à arte).
• A tarefa do público é, então, exercitar, pela sua parte, a imaginação sobre o objeto que
tem à sua frente, de modo a recriar, nas suas mentes, a emoção inicial do artista.
• Crítica: propriedades não-intencionadas e arte inexpressiva.
A teoria formalista
• Tese de Kant: a beleza de um objeto decorre apenas da sua pura forma (antecipação
da teoria formalista).
• Segunda metade do século. XIX. Eduard Hanslick.
• Com mais vigor, início do XX, destacando-se o inglês Clive Bell.
• O que faz de algo uma obra de arte é o facto de possuir uma forma que pode ser
apreciada esteticamente.
• O que é artístico numa obra são as relações entre as suas qualidades formais (na
poesia; os sons, as repetições e as cadências das palavras).
• Bell defendia que o que dava a uma obra o seu caráter de arte era algo de especial
nesses aspetos formais, a que chamou forma significante.
• Tomando o exemplo da poesia, o que mostra a forma significante num poema são as
relações entre os sons, os ritmos das palavras, a sua musicalidade e os seus padrões de
repetição, desvalorizando-se o sentido das palavras.
• Antes de Bell, o crítico musical Hanslick defendera o formalismo na música, valendo-se
o exemplo da música instrumental "pura", isto é, sem um texto nem uma história.
• A música é arte em virtude da qualidade dos seus padrões formais , que resultam dos
modos como o compositor conseguiu conjugar as melodias, as harmonias, as mudanças
de tonalidade, os ritmos, a instrumentação, a intensidade dos sons e os andamentos.
• Parece demasiado fria e técnica, especialmente quando comparada com a teoria
expressivista.
• Vantagem de não fazer depender o estatuto de arte obra de arte de fatores demasiado
subjetivos e flutuantes, centrando-se, antes, segundo os seus defensores, em
propriedades objetivas e autónomas das próprias obras.
• Crítica: vagueza e circularidade do conceito de forma.

Anti-essencialismo: "arte" como conceito aberto


• Século XX.
• Mudanças radicais na arte.
• Rutura com o passado.
• "Fonte" de Marcel Duchamp: um urinol vulgar, recolhido por Duchamp, virado ao
contrário e com uma assinatura "R. Mutt", que não corresponde a ninguém.
• A arte simplesmente não tem uma essência.
• Apesar de ser possível detetar algumas semelhanças entre a arte do passado e a do
presente, essas semelhanças não são universais, não são as mesmas a estarem
presentes em todas as obras comtemporâneas (e, nalgumas obras, como "Fonte",
parece não haver, realmente, nada de comum com a arte anterior).
• Proposta por Morris Weitz.
• A razão pela qual as várias definições de arte têm falhado é que não há condições
necessárias e suficientes para que algo seja arte, uma vez que as semelhanças na arte
se verificam entre um obra e outra num aspeto, mas entre esta e uma terceira noutro
aspeto, e assim sucessivamente.
• Pode haver semelhanças, mas não há uma semelhança única que tornasse possível
uma definição essencialista de arte.
• Assim, em vez de termos uma tal lista de condições que, se um objeto as satisfazer,
garantem que ele é arte, temos um conceito aberto, que está em constante mutação,
até porque alguns artistas veem, como um dos objetivos das suas obras, precisamente,
pôr em causa o conceito de arte da sua época.
• Crítica: nenhuma teoria da arte pode ser bem sucedida, hoje em dia.

A teoria institucional
• George Dickie, baseado no trabalho do crítico e filósofo Arthur Danto.
• Danto havia chamado a atenção para a importância daquilo a que chamou um "mundo
da arte" (designação para a instituição formada por uma extensa rede que inclui todas
as pessoas que criam, estudam, apreciam, comentam, explicam, conservam,
apresentam, avaliam ou estão ligadas, por mais fino que seja o fio, a obras de arte).
• O facto de um determinado urinol ser, atualmente, tomado como arte, quando, há dois
séculos, o mesmíssimo objeto, certamente, não o seria, reside no facto de que agora há
uma teoria da arte à luz da qual isso pode ser visto como arte.
• São as ideias acerca da arte e do mundo, e a relação do objeto com elas e com as
pessoas que participam no mundo da arte, em cada época, que justificam a aceitação de
obras, radicalmente, inovadoras, como arte.
• Dickie propõe uma definição de arte que põe a tónica no contexto convencional ou
institucional que rodeia essas obras e na relação que os seus autores pretendem
estabelecer entre o que criam e o mundo da arte.
• Uma obra de arte é um artefacto, com um conjunto de aspetos, ao qual foi conferido o
estatuto de candidato para apreciação por uma pessoa, ou pessoas, atuando em nome
de uma certa instituição social (o "mundo da arte").
• Dickie esclarece que a definição visa explicar como é que certos objetos são
classificados como arte, não emitindo qualquer consideração acerca do valor ou
sucesso deles enquanto arte.
• Tudo o que diz é que os que satisfazem a definição são arte (e, como quase tudo,
podem ser belos, horrendos, etc. enquanto arte).
• Crítica: circularidade e falta de informatividade e critérios ocultados.
Argumento cosmológico/da primeira causa
• Tomás de Aquino.
• Parte da observação de que os fenómenos que ocorrem em nosso redor têm, todos
eles, causas específicas, o que sugere que tudo o que acontece tem uma causa, sendo,
portanto, efeito de acontecimentos anteriores.
• As causas e os efeitos formam longas sequências de acontecimentos que se estendem
até ao passado remoto.
• Essencial do argumento: poderão as causas e os efeitos remontar por uma sequência
infinita em direção ao passado ou há algures um início da cadeia de causas e efeitos,
uma primeira causa?
• Tudo o que acontece tem uma causa. Se tudo o que acontece tem uma causa, então o
universo, no seu conjunto, também tem uma causa. Logo, o universo tem uma causa.
• Para além disso, a cadeia de causas não pode recuar infinitamente. Se a cadeia de
causas não é infinita na direção ao passado, então existe uma primeira causa.
• Conclusão: há uma primeira causa (e essa causa é Deus).
• Argumento bastante simples.
• Generalização universal daquilo que a nossa experiência nos informa sobre os
acontecimentos com que contactamos diretamente.
• Estabelece que aquilo que se verifica a respeito de cada acontecimento particular se
aplica ao universo no seu conjunto.
• Diz-nos que a série das causas e dos efeitos não pode ser infinita.
• Afirma que não é possível que se recue na ordem das causas sem parar: a cadeia não
pode ser infinita.
• Crítica: qual foi a causa de Deus?

Argumento teleológico/do desígnio


• Com uma história filosófica ilustre.
• Proposto por Platão, embora a favor de uma divindade diferente do Deus teísta.
• Tomás de Aquino.
• O mais discutido, atualmente, sobretudo, graças a recentes descobertas científicas
sobre o universo.
• Baseia-se numa analogia entre o universo e um artefacto humano, como um relógio ou
uma máquina.
• Se nos depararmos com um objeto composto por muitas partes diferentes, que surgem
organizadas para trabalharem juntas para um resultado final, sem que nenhuma delas
pareça estar sem uma razão de ser, ou seja, sem contribuir para esse resultado, a
nossa conclusão imediata será pensar que esse objeto não é fruto do acaso, mas sim
de um ser inteligente que o concebeu e construiu para que funcionasse e obtivesse um
determinado resultado final.
• O exemplo mais usado, neste contexto, é o da analogia entre um relógio e um ser vivo:
pressupõe a existência prévia de um relojoeiro, como seu autor, e de um desígnio ou
propósito deste (dispor as várias peças de modo a que obtivesse a leitura das horas).
• Do mesmo modo, a grande organização de partes nos seres vivos, ou organicidade,
cada uma delas com uma função, mas concorrendo para a sobrevivência e
multiplicação desses organismos sugere que também eles foram concebidos por uma
força inteligente com um propósito: essa força é Deus.
• Crítica: este argumento não é dedutivamente válido e uma explicação natural para a
organicidade (Darwinismo).

Argumento ontológico
• Anselmo de Cantuária.
• Descartes.
• Característica invulgar: o facto de se basear apenas em premissas verdadeiras cuja
verdade poderá ser conhecida a priori, ou seja, sem apelar à experiência.
• A simples análise do conceito de Deus, que todos somos capazes de formar nas nossas
mentes, poderá demonstrar a sua existência na realidade.
• Argumento por redução ao absurdo: juntando às restantes premissas a proposição de
que Deus não existe, gera-se uma contradição, pelo que essa proposição é falsa (Deus
existe).
• Deus, o ser maior do que o qual nenhum outro é possível, um ser que acumula sem si
todas as perfeições que existam, que detém todas as propriedades positivas, de tal
modo a que seja o máximo possível da perfeição, existe no pensamento, isto é, pode
ser concebido como ideia.
• Deus é um ser possível.
• Se algo só existe no pensamento, mas não existe na realidade, então podia ser maior do
que é, se existisse também na realidade.
• Deus não existe na realidade: hipótese da redução ao absurdo.
• Se Deus não existe na realidade, então pode haver um ser maior do que ele.
• Tudo isto parece implicar que há um ser, o maior possível, existente no pensamento e
na realidade, que é maior do que o ser maior do que qual o nenhum outro é possível, o
maior possível que existe "só" no pensamento, mas a quem falta a existência na
realidade.
• Como é suposto, a adição da hipótese da redução ao absurdo gera uma contradição,
pois não é possível haver um ser maior do que Deus justamente pelo facto de Deus ser
o maior de todos os seres.
• Conclui-se, então, o que argumento pretende provar (Deus não existe na realidade).
• Dizendo o mesmo na forma afirmativa, Deus existe na realidade e no pensamento.
• Crítica: a existência não é uma propriedade.

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