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ESTÉTICA (resposta do teste modelo)

Nos três textos apresentados, é nos possível separar várias questões levantadas
relativamente à arte, através das teorias dos dois filósofos referidos, Arthur Danto e
Nelson Goodman. O artigo “The Artworld” de Danto, aborda de forma crítica e
reflexiva temas que serviram de base para a problematização das teorias da arte e
para criação de um novo sistema filosófico da arte. Quando Dando se depara com a
obra das “Caixas de Brillo” de Andy Warhol em grandes pilhas como nos
supermercados fez com que levantasse algumas questões: como distinguir quem fez
as caixas de James Harvey, as de Warhol e as de Bidlo, uma vez que eram idênticas,
reforçando que uma obra de arte não mostra o autor nem o seu tempo, e como
objetos que não são arte tornarem-se objetos artísticos. O que leva à questão
“Quando é Arte?” e não “O que é Arte”, Goodman, por sua vez levanta a questão de
“Quando há Arte?”, uma vez que o mesmo objeto em tempos e locais distintos muda
de estatuto em relação à arte. A diferença reside no facto de as caixas de
supermercado pertencerem ao espírito objetivo, segundo Hegel, que consiste nas
práticas sistemáticas mediante as quais a sociedade se organizava num momento
exato. As caixas de Warhol pertencem ao espírito absoluto, que é quando a ideia de
arte começa-se a expandir, através das “Caixas de Brillo”, Warhol critica o consumismo
e muda a definição filosófica da arte daquela época. Ao longo da história filosófica a
arte tinha uma identidade sólida antecedente, em que qualquer pessoa conseguia
distinguir o que era arte e o que não era, o que se quebra quando o objetos do
quotidiano são considerados arte. Danto afirma que critérios meramente visuais não
são suficientes para interpretar a obra, e parte da dificuldade da distinção da arte
deve-se à possibilidade de não ter consciência que se está num ambiente artístico
quando não existe algo que o confirme como arte. A distinção de Danto consegue
retirar entre meros objetos e objetos artísticos que as obras de arte são sempre algo e
contém significado. Com isto, põe em causa se é necessário uma teoria de arte para
que um objeto seja reconhecido, e se isso torna a arte num conhecimento privado ou
num objeto de estudo, pois aceitar teorias que aplicam o mesmo conceito a tudo é
aceitar que a arte não é para todos. Um ponto mencionado no livro “Artworld”, é que
inicialmente apenas era aceite como arte o que imitava a natureza, e foi usado durante
muito tempo como teoria de validação da arte. Para Danto, haveria uma função
cognitiva na imitação, na medida em que a arte como imitação era comparada a um
espelho e nos mostrava o que de outra forma não conseguiríamos ver. Segundo ele,
há duas teorias que servem de base, a teoria imitativa que explica uma grande parte
dos fenómenos ligados à avaliação da arte e a teoria da realidade que não é a ilusão
mas sim a realidade. O surgimento de uma nova teoria é uma possibilidade para a
“transfiguração”, que junta o que era defendido na teoria imitativa mas dá ênfase às
novas características artísticas. É quase uma comemoração pela liberdade obtida com
a nova teoria, novos objetos surgem no mundo da arte, tal e qual no mundo comum,
reclamando o seu estatuto real e não como meras cópias. Danto até acaba por
declarar o “fim da arte” precisamente pela rotura do conceito da mesma.
Goodman acredita que a estética é uma avaliação imparcial e que a arte funciona
cognitivamente. Através da estética tenta mostrar como é que as artes contribuem
para a cognição. A arte funciona cognitivamente e, através da estética tenta explicar
como é que as artes contribuem para a cognição e que contribuição é essa se a função
cognitiva da arte é transmitir informação para receptores passivos, em que o
mecanismo utilizado poderá ser a semelhança. Assim, as obras assemelham-se aos
seus objetos e fornecem informação sobre a sua aparência. Esta posição, é altamente
criticada pois, na melhor das hipóteses, só funciona na arte representativa, e nem a
cem por cento. Segundo Goodman, este ponto de vista baseia-se em incompreensões
tanto na arte como na cognição. Uma vez que a mente humana não é passiva na
recepção de sensações, também as obras de arte não devem ser vistas como meras
superfícies sensoriais. São símbolos com propriedades sintáticas e semânticas
determinadas, em que os símbolos exigem interpretação e é preciso aprender os
símbolos a que pertencem. Para Goodman há duas referências básicas, a denotação,
que liga o nome ao seu objeto, ou seja, representações daquilo que representa e a
exemplificação que mostra a parte de um todo como exemplo, o símbolo aponta para
as propriedades das quais ele é amostra. Uma cadeira referencial composta por
ligações denotativas e exemplificativas conectam um símbolo ao seu referente.
Segundo Goodman, um símbolo científico apenas apresenta uma verdade e a
tonalidade da sua referência vê-se na totalidade. Um símbolo estético é normalmente
mais composto, pode ter múltiplas interpretações corretas e simbolizar
simultaneamente em diferentes dimensões. O que simboliza exatamente o que nunca
pode ser estabelecido. O mesmo item pode ser um símbolo de qualquer desses tipos,
dependendo como funciona. Isto leva-nos não ao levantamento da questão
anteriormente levantada de “O que é Arte?” mas sim “Quando há Arte”, quando e
como e com que fins funciona um símbolo esteticamente. Isto remete-nos a alguns
pensamentos chave: como que a satisfação não serve para distinguir os objetos e
experiências estéticas e não estéticas; que da mesma forma que a pesquisa científica
pode produzir muita satisfação; que ser estético não impede algo de ser insatisfeito ou
de ser esteticamente mau; que toda a consideração da experiência estética é absurda;
que na experiência estética as emoções funcionam cognitivamente: a obra de arte é
apreendida graças aos sentimentos e aos sentidos.
Exposição
Quanto ao “objeto” a analisar, mais propriamente a exposição “E tu porque és negro?”
de Rubén H. Bermúdez, é importante referir que se tratava de arte e tema
contemporâneos, com um carácter pessoal, referente a questões de poder e racismo
para com uma comunidade de “pessoas negras” e, por último, que era uma Instalação
que recorreu à exposição de vários media.
Tendo isto em conta e também o texto de Boris Groys sobre este tipo de obra artística,
esta exposição, apesar de apresentar um vídeo com a compilação de vários trechos
criados individualmente e pessoalmente por várias pessoas distintas, continua a ser
uma obra artística original e com aura própria, em contraponto com o que nos foi
apresentado por Walter Benjamin, no texto acima referido.
Com isto, temos a relação para com o original reformulada e um potenciar da cópia e
do múltiplo.
Por outro lado, temos o contemporâneo que continua a dialogar com os seus pares
independentemente do próprio tempo dos mesmos e do tempo da própria obra.
Por último, temos a prática da Instalação como amostra da problematização das
barreiras do original vs cópia quebradas pelo próprio espaço da Instalação, uma vez
que existe a preocupação quanto ao integrar do espaço expositivo na obra e a re-
localização da Instalação faz com que esta seja sempre uma nova obra
independentemente de alocar sempre os mesmos objetos.

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