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Escola Básica e Secundária Helena Cidade Moura

Filosofia da arte
TEORIA REPRESENTACIONAL

Francisca Mourão nº3 11ºA


Madalena Gomes nº8 11ºA
Mariana Pires nº9 11ºA
Henrique Rodrigues nº7 11ºA
Filosofia
16/04/2023
Capítulo I
Definir a arte é
pensar no
impensável
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina de filosofia e tem como
principal objetivo o aprofundamento da filosofia da arte, mais concretamente
pretendemos analisar as várias teorias da arte, focando-nos na teoria
representacional e analisando uma obra da coleção de Paula Rego à luz dessa
teoria.

O problema da definição de arte:


Quando pensamos em arte, pensamos, na beleza da peça, no seu sentimento,
no significado que nos quer transmitir, na história que existe por detrás de todo
o processo criativo, acima de tudo arte é um interessante desafio à nossa
imaginação e pensamento.
O que é a arte?, ou o que se entende por obra de arte? À partida, perguntas de
resposta rápida e clara, porém debatidas e por séculos, alvo de reflexão entre
filósofos. Por vezes para a filosofia, a arte parece algo difícil de compreender,
demasiado flexível e inconstante, ou demasiado concreto, quase inexplicável,
como se investir no pensamento à arte e na procura de uma definição filosófica
da mesma fosse um projecto impossível. Quando encontramos afirmações
como "a bela arte deve parecer a natureza", “isto sim é uma obra de arte”, “a
filosofia é a arte da razão” não podemos deixar de pensar a que se referem
pelo termo arte. Já alguma vez se deram conta de que expressões tão
frequentemente utilizadas por nós como "arte" e “obra de arte” podem nem
sequer possuir uma definição concreta, uma vez que se tornou impossível
definirmos algo que parece ter chegado a um ponto onde qualquer coisa pode
ser considerado arte. Se é um facto de que nem tudo é arte, há, então, que
escolher critérios de validação, excluindo dessa denominação tudo o que não
os respeite e que os ultrapasse.
Mas a verdade, é que a arte desafia os artistas a libertarem-se dos ideais
impostos, esta distingue-se em geral, das demais atividades humanas enquanto
modo de produção de beleza ou, pelo menos, de algo que possa fixar a nossa
atenção e a nossa sensibilidade estética, seja isso considerado belo ou não, e
traduz ainda a necessidade de compreender e dar novos pontos de vista sobre
a realidade, de expressar formas diferentes de ser, ver e estar no mundo,
produzindo-se, algo inovador e transgressor. É por isso, impensável encontrar
os limites de um conceito, que em si mesmo é aberto.
Capítulo II

Será a Teoria
representacional
a chave para a
arte?
Principais teorias da arte:
Após esta primeira análise do problema da demarcação da arte, estamos
finalmente preparados para começar a discutir as teorias da arte que tem
como propósito explicar a natureza da obra de arte, isto é, são tentativas de
classificar arte de não arte.
Estas teorias podem ser classificadas como essencialistas ou não essencialistas.
As teorias essencialistas são aquelas que defendem que a definição de arte é a
que descreve a sua natureza, revelando características intrínsecas, necessárias
e suficientes, o que lhe confere que o valor da arte está dentro dela, não está
relacionado com nada de fora, são estas características que fazem com que
algo seja arte, estas teorias estão relacionadas com o valor que o artista dá à
obra, ou seja, é subjetivo. Dentro das teorias essencialistas existem três
variantes: A teoria da arte como representação, como expressão e como forma.
Já as teorias não essencialistas são as teorias que defendem que as condições
necessárias e suficientes para algo ser arte são relativas ao contexto em que os
objetos se encontram inseridos e ao modo como eles adquirem o valor de arte
e existem duas variantes desta teoria: A Teoria institucional da arte e a teoria
histórica da arte.
Mais especificamente, iremos abordar a teoria da arte como representação
para mais à frente podermos relacioná-la com a nossa obra escolhida.
A teoria representacional, ou seja, a teoria da arte como representação foi
desenvolvida por Platão e Aristóteles no início da Grécia antiga. Foi a partir
destes filósofos que durante séculos tivemos a definição de arte, utilizando a
palavra “mimese” que significa imitação, para se referirem à característica
essencial da arte como cópia ou imitação. Ao utilizarem este termo os dois
filósofos queriam salientar que estavam a pensar em algo mais abrangente do
que a imitação ou representação fiel e exata da natureza, segundo esta teoria,
só é arte se for produzida pelo Homem e se imitar algo.
Platão defende que um artista ao imitar a natureza está a imitar uma imitação,
isto é, considerava que os artistas produziam algo que procura imitar um
objeto que, por sua vez, é uma aparência, visto que a verdadeira essência do
objeto encontra-se no mundo inteligível, logo procura imitar as ideias ou
formas perfeitas e imutáveis. Para Aristóteles, a arte não passa também de
uma imitação, contudo vê este conceito de um modo positivo e defende que as
obras devem ser mimeses perfeitas de imperfeições da natureza, afirmando
que essa imitação pode ser feita e distinguida através de diferentes meios
(cores, formas, sons...) utilizados para imitar, por objetos que imitam e pelo
modo de imitar desses objetos. A arte, segundo ele, está em interpretar,
partindo dos princípios invisíveis de funcionamento da Natureza.

Ao estudarmos esta teoria é importante não confundirmos a imitação e a


representação pois são duas coisas distintas, a imitação é quando se faz algo
parecido com outra coisa já existente, ou seja requer semelhança entre as duas
coisas. Já a representação não exige semelhança entre aquilo que representa e
o que é representado. Percebe-se assim que toda a imitação é representação
mas nem toda a representação é imitação.
Devemos ter em atenção que na época em que esta teoria foi considerada a
definição clássica de arte, os artistas expressavam a sua arte através de
esculturas que quanto mais próximas fossem da realidade, maior valor artístico
teriam. Foi com o passar do tempo, que a arte começou a aperfeiçoar e
acrescentar beleza a estas imitações, o que nos levou a questionar se a arte
deve ser tal como defendiam classicamente aristóteles e platão ou se deveria
ser uma transfiguração da realidade? A transfiguração da realidade baseia-se
na arte de abrir portas à imaginação e alargar o horizonte da nossa experiência
sensível e também pensante, esta transfiguração interpreta a realidade
enriquecendo-a com novas perspectivas e modalidades de expressão, logo se
com o passar do tempo foi se acrescentando beleza às imitações podemos
concluir que as mesmas na realidade são transfigurações pois foram
enriquecidas com outros elementos que lhe dão uma nova aparência e
significado.
Assim, podemos perceber que segundo a teoria da arte como representação
uma das características essenciais da arte, consiste na representação de algo,
logo a representação é uma condição necessária para algo ser considerado
arte, mas não é uma condição suficiente, ou seja, da perspetiva clássica tudo o
que se assemelha à realidade é obra de arte, tudo o que imita a realidade é
arte, mas isso não basta, pois pode haver representação sem haver arte. Então
perguntamos-vos o que mais é necessário? Se a representação fosse também
uma condição suficiente, teríamos que admitir que só a arte é capaz de
representar algo, mas tal não é verdade, existindo contraexemplos para o
comprovar, os símbolos e sinais são uma forma de expressão através da
representação e não são arte, todos nós aqui já brincamos ao faz de conta,
representamos um personagem e isso não é considerado arte, logo não
podemos considerar a representação uma condição suficiente da arte.

Ao longo dos anos esta teoria foi estudada e avaliada e chegou-se à conclusão
de que apresenta alguns pontos fortes comparativamente com as restantes
teorias, como por exemplo oferece um critério de classificação bastante
rigoroso e claro, o que nos permite distinguir com facilidade um objeto que é
uma obra de arte de outro que não o é, outro dos seus pontos fortes, é o facto
desta teoria se adaptar a muitos outros tipos de forma de arte que imita algo
da natureza, como a música, a escultura, as pinturas, o teatro, entre outras.
Esta diversidade de formas de arte existentes no mundo levou à criação da pop
art que é um movimento do século XX que luta para dar ao povo o acesso de
consumir coisas artistas pois a arte até este fenómeno era uma atividade de
uma elite, tanto do ponto de vista de produção como de consumo, então
tornar a arte acessível a todos foi um desafio do século XX que foi conseguido
uma vez que hoje em dia podemos encontrar arte nas ruas por onde passamos,
sem precisarmos de deslocarmo-nos a museus, este movimento está
relacionado por isso com a massificação da arte, tornar a arte numa produção
e num produto de massas, por exemplo através das réplicas.

Antes de avançarmos, é importante compreendermos a diferença entre a cópia


e a realidade, e relacioná-la com o seu valor. Desde cedo que há uma incerteza
generalizada quanto à relação entre a representação e a cópia, são a mesma
coisa? Será que a cópia tem o mesmo valor artístico que o original? Todas estas
são perguntas que tentamos responder ao falar deste tema. Pegando na nossa
teoria conseguimos perceber que não é tão redutora ao ponto de se aplicar
apenas a um tipo de forma de arte, é possível aplicá-la à definição de outras
formas artísticas como por exemplo a fotografia onde o seu mérito é colocado
em questão ao duvidarem do seu valor artístico por apenas reproduzir, por
meios causais, o que está “lá”, mas a fotografia não substitui a realidade, não é
a sua réplica mas está em vez da realidade, a fotografia eterniza um fragmento,
fixa-o, e esta fixação não é real pois a realidade não se fixa, perde-se, aquilo
que estamos a guardar é a visão do artista ao tirar aquela fotografia que ao ser
vista e colocada numa situação completamente diferente pode adquirir um
valor artístico diferente, ou seja a fotografia não é uma cópia da realidade mas
sim uma representação.
Mas e agora perguntamos e se algo for cópia é considerado arte? tem qualquer
tipo de valor artístico? Isto leva-nos a um segundo ponto, os direitos autorais
das obras, estes são os direitos conferidas por lei à pessoa criadora de uma
obra, para que ela possa usufruir de quaisquer benefícios morais e patrimoniais
resultantes da exploração de suas criações, desta forma os direitos de autor
asseguram a autoria da criação ao autor da obra, concluindo-se que as réplicas
não têm o mesmo valor artístico que o original pois uma das características das
obras de arte no sentido clássico é a sua originalidade, o facto de ser único, ao
fazermos a reprodução vai lhe retirar este valor.

Objeções a esta teoria:


Também ao longo do estudo desta teoria foram surgindo várias objeções, esta
é considerada por muitos críticos uma teoria demasiado restrita tanto em
termos de produção do objeto estético, como no que diz respeito à perceção
da complexidade do ato criativo, pois há obras que embora nada imitem são
consideradas arte pois acredita-se que a representação não é condição
necessária da arte devido ao facto de que vários objetos e criações humanas
que são reconhecidos como arte, têm o objetivo de provocar determinadas
experiências visuais ou auditivas mas não são consideradas representações.
Outra crítica feita é ao facto da possibilidade de ser a imitação ou
representação o critério de validação da arte, uma vez que se assim o fosse
aplicar-se-ia a um número reduzido de criações e seria impossível determinar o
valor das obras pela dificuldade de aceder às realidades que a motivaram. Por
fim, a última crítica colocada a esta teoria é o facto de aristóteles não ter em
consideração que arte representa as coisas como o Homem as vê, o Homem
não apenas recria as obras, pois não consegue ter um olhar isento às mesmas,
considerando as condições onde é observada a realidade pode ter diversas
interpretações, logo a perspetiva do artista está sempre presente.
Após esta primeira abordagem teórica sobre a arte e as diferentes teorias que
competem a este tema, iremos daqui adiante aprofundar os nossos
conhecimentos através da análise de uma das mais conhecidas artistas
portuguesas.
Capítulo III
Os quadros da
Paula Rego são
um tipo de arte
sem palavras
Biografia de Paula Rego:
Paula Rego nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935, tendo ligação às culturas
inglesa e francesa, começou os seus estudos em Lisboa, mas foi em Carcavelos
que cedo começaram a reconhecer-lhe o talento para a pintura. Incentivada
pelo pai a prosseguir o seu desenvolvimento artístico fora do país salazarista
dos anos 50, partiu para Londres, onde constituiu família e se afirmou como
artista plástica. Até à sua morte, viveu sempre entre Portugal e Inglaterra,
falecendo no ano passado com 87 anos. Paula Rego afirmou numa das suas
entrevistas não gostar de arte, admitindo não ter jeito para pintar "detesto
arte, arte é uma fantochada", é contudo considerada uma das artistas
portuguesas mais internacionais.

Obra:
Foi então na década de 70 que Paula Rego, devido a uma série de
transformações políticas e sociais criou várias obras sempre em função de uma
história. Esta, muda substancialmente da colagem, e volta à pintura em acrílico,
mais livre e mais direta, retratando o mundo intimista e infantil, acabando por
trazer para as suas obras bem como as memórias da sua infância como
representações de problemas do quotidiano da época.
A obra pela qual optamos foi criada em 1976 e faz parte da sua coleção de
obras sem título, Paula produziu esta coleção pois na altura da realização
destas obras não estava preocupada em dar títulos às mesmas mas sim na sua
execução, desta forma as pessoas podiam dar asas à sua imaginação e
interpretar as obras de formas diferentes, tirando as suas próprias conclusões e
gerando um clima de debate. Foi devido a esta incerteza que tivemos de
elaborar a nossa própria interpretação da obra.
Optámos por esta obra, pois tal como já devem ter reparado, retrata um dos
problemas ainda muito presente na nossa sociedade: a autoridade masculina,
interpretamos esta obra como uma chamada de atenção para a desigualdade
entre homens e mulheres, a mulher numa posição inferior relativamente ao
homem, pelo que lhe deve ser submissa. O primeiro elemento que nos saltou
logo à vista foi a ausência de olhos no homem que podem identificar a sua
ignorância e falta de personalidade, transmite-nos assim a falta de caráter que
o homem ainda possui, este, segue simplesmente o que a maioria diz, não tem
opinião própria. A figura masculina ao ter o poder de controlar a roldana presa
à mulher simboliza o poder e a superioridade que o homem possuía naquela
época e ainda possui nos dias de hoje, onde transforma a mesma numa mulher
que satisfaz as suas vontades, controla-a como se fosse uma “marioneta”. Já o
cão sob a sua cabeça, pode representar a ideia que a mulher é vista e tratada
“abaixo de cão”, ou seja é dominada e domesticada, é feita de acordo com as
necessidades do homem e ensinada a fazer tudo o que este quer. Nesta
representação podemos perceber historicamente como é que a sociedade via o
papel do homem e da mulher e como esta sobrepõe os direitos e vontades dos
homens aos das mulheres, assim e analisando a forma como a sociedade se
comportava na década de 70 podemos dizer que esta obra é uma
representação do comportamento da sociedade em relação à mulher.
Com esta obra e muitas outras, Paula Rego tenta através da sua arte sensibilizar
o seu público para estes problemas que eram e ainda são muito presentes na
nossa sociedade, também conta e de certa forma critica a forma como agimos
em sociedade, na procura de mudar este comportamento.
Assim a análise desta obra permitiu nos por um lado criticar a teoria da
representação da perspectiva clássica uma vez que Paula rego usa o abstrato
para representar um problema do quotidiano, por outro serve para conferir
viabilidade à teoria uma vez que está mesmo não sendo uma mimese
representa algo, logo é arte.
Comparando a teoria abordada com uma das outras 5 teorias, por exemplo
uma das não essencialistas como a teoria histórica da arte, que sublinha que a
arte é um fenómeno inteiramente dependente da sua história, isto é, um
objeto é uma obra de arte se e só se alguém pretende que este, possuindo o
direito de propriedade, tenha a intenção séria ou não passageira, de que seja
encarado obra de arte do mesmo modo que outras objetos preexistentes
foram corretamente vistos no passado.
Ao analisarmos toda a obra, é de facto notório de que esta foi criada com o
intuito de criticar a sociedade da época dos anos 70, logo existe todo um
contexto histórico, no entanto imaginemos que descobrimos agora que Paula
Rego não pagou as tintas e a tela em que pintou este quadro, e que por alguma
razão não demonstrou qualquer tipo de intenção ao criá-la, deixava de ser
considerado arte? Concluímos, então, que por um lado esta teoria é demasiado
exclusiva e restritiva, uma vez que o direito de propriedade do artista sobre a
obra é, para Levinson, uma condição necessária, mas esta é uma exigência
difícil de aceitar uma vez que limita demasiado o que pode ser considerado
“arte”. Por outro, a teoria é demasiado inclusiva pois parece incluir no conceito
de arte objetos que não são artísticos.
Assim sendo, esta teoria não responde à questão de saber o que muda no
objeto propriamente dito quando este se transforma em obra de arte,
deixando por explicar o que uma obra de arte é em si mesma. Logo podemos
perceber através desta comparação que a nossa teoria é mais abrangente e
clara no que diz respeito ao que é arte e não arte.
Capítulo IV
Procurar
conhecimento é
abrir olhos para
novos horizontes
Conclusão:
Após a realização deste trabalho, nomeadamente o aprofundamento dos
nossos conhecimentos relativamente à filosofia da arte bem como a vários
outros subtópicos por exemplo, o problema da demarcação de arte, e
sobretudo da relação destas aprendizagens adquiridas com uma das mais
emblemáticas obras de Paula Rego, conclui-se que de acordo com a teoria
representacional esta é uma obra que é considerada arte, percebendo-se como
esta se aplica nas diversas formas de arte como a pop art, fotografia, teatro.
Por fim reconhecemos que este trabalho abriu-nos um tamanho campo de
conhecimento através da pesquisa e análise dos vários subtópicos como a
transfiguração, também na procura de argumentos e contra argumentos para
podermos defender as nossas crenças que serviram de base para a realização e
concretização deste trabalho. Ficaram agora a perceber melhor o que é a arte?

Bibliografia:
BORGES, José Ferreira; PAIVA, Marta; FADIGAS, Nuno; TAVARES, Orlanda
Em Questão- Filosofia 11º ano
Porto Editora- 1º edição
https://www.studocu.com/pt/document/universidade-de-coimbra/filosofia-mo
derna/resumos-filosofia-da-arte-e-teorias-essencialistas-e-nao-essencialistas/1
4326520
https://arteref.com/arte/o-que-e-arte/

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