Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Filosofia da arte
TEORIA REPRESENTACIONAL
Será a Teoria
representacional
a chave para a
arte?
Principais teorias da arte:
Após esta primeira análise do problema da demarcação da arte, estamos
finalmente preparados para começar a discutir as teorias da arte que tem
como propósito explicar a natureza da obra de arte, isto é, são tentativas de
classificar arte de não arte.
Estas teorias podem ser classificadas como essencialistas ou não essencialistas.
As teorias essencialistas são aquelas que defendem que a definição de arte é a
que descreve a sua natureza, revelando características intrínsecas, necessárias
e suficientes, o que lhe confere que o valor da arte está dentro dela, não está
relacionado com nada de fora, são estas características que fazem com que
algo seja arte, estas teorias estão relacionadas com o valor que o artista dá à
obra, ou seja, é subjetivo. Dentro das teorias essencialistas existem três
variantes: A teoria da arte como representação, como expressão e como forma.
Já as teorias não essencialistas são as teorias que defendem que as condições
necessárias e suficientes para algo ser arte são relativas ao contexto em que os
objetos se encontram inseridos e ao modo como eles adquirem o valor de arte
e existem duas variantes desta teoria: A Teoria institucional da arte e a teoria
histórica da arte.
Mais especificamente, iremos abordar a teoria da arte como representação
para mais à frente podermos relacioná-la com a nossa obra escolhida.
A teoria representacional, ou seja, a teoria da arte como representação foi
desenvolvida por Platão e Aristóteles no início da Grécia antiga. Foi a partir
destes filósofos que durante séculos tivemos a definição de arte, utilizando a
palavra “mimese” que significa imitação, para se referirem à característica
essencial da arte como cópia ou imitação. Ao utilizarem este termo os dois
filósofos queriam salientar que estavam a pensar em algo mais abrangente do
que a imitação ou representação fiel e exata da natureza, segundo esta teoria,
só é arte se for produzida pelo Homem e se imitar algo.
Platão defende que um artista ao imitar a natureza está a imitar uma imitação,
isto é, considerava que os artistas produziam algo que procura imitar um
objeto que, por sua vez, é uma aparência, visto que a verdadeira essência do
objeto encontra-se no mundo inteligível, logo procura imitar as ideias ou
formas perfeitas e imutáveis. Para Aristóteles, a arte não passa também de
uma imitação, contudo vê este conceito de um modo positivo e defende que as
obras devem ser mimeses perfeitas de imperfeições da natureza, afirmando
que essa imitação pode ser feita e distinguida através de diferentes meios
(cores, formas, sons...) utilizados para imitar, por objetos que imitam e pelo
modo de imitar desses objetos. A arte, segundo ele, está em interpretar,
partindo dos princípios invisíveis de funcionamento da Natureza.
Ao longo dos anos esta teoria foi estudada e avaliada e chegou-se à conclusão
de que apresenta alguns pontos fortes comparativamente com as restantes
teorias, como por exemplo oferece um critério de classificação bastante
rigoroso e claro, o que nos permite distinguir com facilidade um objeto que é
uma obra de arte de outro que não o é, outro dos seus pontos fortes, é o facto
desta teoria se adaptar a muitos outros tipos de forma de arte que imita algo
da natureza, como a música, a escultura, as pinturas, o teatro, entre outras.
Esta diversidade de formas de arte existentes no mundo levou à criação da pop
art que é um movimento do século XX que luta para dar ao povo o acesso de
consumir coisas artistas pois a arte até este fenómeno era uma atividade de
uma elite, tanto do ponto de vista de produção como de consumo, então
tornar a arte acessível a todos foi um desafio do século XX que foi conseguido
uma vez que hoje em dia podemos encontrar arte nas ruas por onde passamos,
sem precisarmos de deslocarmo-nos a museus, este movimento está
relacionado por isso com a massificação da arte, tornar a arte numa produção
e num produto de massas, por exemplo através das réplicas.
Obra:
Foi então na década de 70 que Paula Rego, devido a uma série de
transformações políticas e sociais criou várias obras sempre em função de uma
história. Esta, muda substancialmente da colagem, e volta à pintura em acrílico,
mais livre e mais direta, retratando o mundo intimista e infantil, acabando por
trazer para as suas obras bem como as memórias da sua infância como
representações de problemas do quotidiano da época.
A obra pela qual optamos foi criada em 1976 e faz parte da sua coleção de
obras sem título, Paula produziu esta coleção pois na altura da realização
destas obras não estava preocupada em dar títulos às mesmas mas sim na sua
execução, desta forma as pessoas podiam dar asas à sua imaginação e
interpretar as obras de formas diferentes, tirando as suas próprias conclusões e
gerando um clima de debate. Foi devido a esta incerteza que tivemos de
elaborar a nossa própria interpretação da obra.
Optámos por esta obra, pois tal como já devem ter reparado, retrata um dos
problemas ainda muito presente na nossa sociedade: a autoridade masculina,
interpretamos esta obra como uma chamada de atenção para a desigualdade
entre homens e mulheres, a mulher numa posição inferior relativamente ao
homem, pelo que lhe deve ser submissa. O primeiro elemento que nos saltou
logo à vista foi a ausência de olhos no homem que podem identificar a sua
ignorância e falta de personalidade, transmite-nos assim a falta de caráter que
o homem ainda possui, este, segue simplesmente o que a maioria diz, não tem
opinião própria. A figura masculina ao ter o poder de controlar a roldana presa
à mulher simboliza o poder e a superioridade que o homem possuía naquela
época e ainda possui nos dias de hoje, onde transforma a mesma numa mulher
que satisfaz as suas vontades, controla-a como se fosse uma “marioneta”. Já o
cão sob a sua cabeça, pode representar a ideia que a mulher é vista e tratada
“abaixo de cão”, ou seja é dominada e domesticada, é feita de acordo com as
necessidades do homem e ensinada a fazer tudo o que este quer. Nesta
representação podemos perceber historicamente como é que a sociedade via o
papel do homem e da mulher e como esta sobrepõe os direitos e vontades dos
homens aos das mulheres, assim e analisando a forma como a sociedade se
comportava na década de 70 podemos dizer que esta obra é uma
representação do comportamento da sociedade em relação à mulher.
Com esta obra e muitas outras, Paula Rego tenta através da sua arte sensibilizar
o seu público para estes problemas que eram e ainda são muito presentes na
nossa sociedade, também conta e de certa forma critica a forma como agimos
em sociedade, na procura de mudar este comportamento.
Assim a análise desta obra permitiu nos por um lado criticar a teoria da
representação da perspectiva clássica uma vez que Paula rego usa o abstrato
para representar um problema do quotidiano, por outro serve para conferir
viabilidade à teoria uma vez que está mesmo não sendo uma mimese
representa algo, logo é arte.
Comparando a teoria abordada com uma das outras 5 teorias, por exemplo
uma das não essencialistas como a teoria histórica da arte, que sublinha que a
arte é um fenómeno inteiramente dependente da sua história, isto é, um
objeto é uma obra de arte se e só se alguém pretende que este, possuindo o
direito de propriedade, tenha a intenção séria ou não passageira, de que seja
encarado obra de arte do mesmo modo que outras objetos preexistentes
foram corretamente vistos no passado.
Ao analisarmos toda a obra, é de facto notório de que esta foi criada com o
intuito de criticar a sociedade da época dos anos 70, logo existe todo um
contexto histórico, no entanto imaginemos que descobrimos agora que Paula
Rego não pagou as tintas e a tela em que pintou este quadro, e que por alguma
razão não demonstrou qualquer tipo de intenção ao criá-la, deixava de ser
considerado arte? Concluímos, então, que por um lado esta teoria é demasiado
exclusiva e restritiva, uma vez que o direito de propriedade do artista sobre a
obra é, para Levinson, uma condição necessária, mas esta é uma exigência
difícil de aceitar uma vez que limita demasiado o que pode ser considerado
“arte”. Por outro, a teoria é demasiado inclusiva pois parece incluir no conceito
de arte objetos que não são artísticos.
Assim sendo, esta teoria não responde à questão de saber o que muda no
objeto propriamente dito quando este se transforma em obra de arte,
deixando por explicar o que uma obra de arte é em si mesma. Logo podemos
perceber através desta comparação que a nossa teoria é mais abrangente e
clara no que diz respeito ao que é arte e não arte.
Capítulo IV
Procurar
conhecimento é
abrir olhos para
novos horizontes
Conclusão:
Após a realização deste trabalho, nomeadamente o aprofundamento dos
nossos conhecimentos relativamente à filosofia da arte bem como a vários
outros subtópicos por exemplo, o problema da demarcação de arte, e
sobretudo da relação destas aprendizagens adquiridas com uma das mais
emblemáticas obras de Paula Rego, conclui-se que de acordo com a teoria
representacional esta é uma obra que é considerada arte, percebendo-se como
esta se aplica nas diversas formas de arte como a pop art, fotografia, teatro.
Por fim reconhecemos que este trabalho abriu-nos um tamanho campo de
conhecimento através da pesquisa e análise dos vários subtópicos como a
transfiguração, também na procura de argumentos e contra argumentos para
podermos defender as nossas crenças que serviram de base para a realização e
concretização deste trabalho. Ficaram agora a perceber melhor o que é a arte?
Bibliografia:
BORGES, José Ferreira; PAIVA, Marta; FADIGAS, Nuno; TAVARES, Orlanda
Em Questão- Filosofia 11º ano
Porto Editora- 1º edição
https://www.studocu.com/pt/document/universidade-de-coimbra/filosofia-mo
derna/resumos-filosofia-da-arte-e-teorias-essencialistas-e-nao-essencialistas/1
4326520
https://arteref.com/arte/o-que-e-arte/