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“Teorias da Arte”

Elisa Matos

2019/20

Man Ray, “Le Femme”, à direita e “L´Homme”, à esquerda, 1921.

Texto de Autor

Teoria da Arte: Historicista

Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho


“Teorias da Arte” 2019/20

A crítica da teoria institucional da arte é o ponto de partida para a teoria histórica da


arte, defendida por Jerrold Levinson.

À semelhança da teoria institucional, também a teoria histórica de Levinson procura


definir arte apelando a propriedades extrínsecas e relacionais/contextuais, e não a
propriedades intrínsecas e manifestas nos objetos. Contudo, Levinson procurou
desenvolver uma teoria da arte que possibilite a existência de arte solitária, isto é, de
arte fora do contexto institucional do mundo da arte.

Para Levinson:

Algo é arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre isso tem a intenção
séria de que seja encarado da mesma forma como foram corretamente encarados
outros objetos abrangidos pelo conceito de «obra de arte»

Segundo Levinson, para que um objeto seja obra de arte, não se exige que o artista
tenha consciência de que a sua intenção tem bons precedentes na história da arte,
basta que esses precedentes, de facto, existam. O que quer dizer que o criador pode
nem sequer ter consciência de que aquilo que produziu é obra de arte.

Esta teoria define arte historicamente. Contudo, a existência de bons precedentes


históricos não é uma condição suficiente para que um objeto seja efetivamente uma
obra de arte, Levinson acrescenta mais alguns requisitos.

Um desses requisitos é o de que a intenção em causa seja uma intenção séria. Isto
quer dizer que, qualquer que seja a intenção por detrás da criação, ela não pode ser
momentânea, passageira ou meramente ilustrativa. Por exemplo, para ilustrar esta
teoria o professor poderia sugerir aos seus alunos que tinha a intenção de que a sua
caneta fosse encarada como um ready-made, isto é, um objeto do quotidiano ao qual
foi atribuído o estatuto de obra de arte com o intuito de desafiar a compreensão do
conceito de arte. Ora, como os ready-made são obras de arte e alguns deles foram
concebidos com essa intenção, isso significa que existem bons precedentes históricos
e, por conseguinte, pode parecer que a teoria histórica está condenada a considerar
que o professor acabou de criar uma obra de arte. Contudo, uma vez que a intenção
do professor era meramente ilustrativa, e não uma intenção séria, não se pode dizer
que o professor tenha efetivamente criado uma obra de arte.

Outro requisito é o que o artista tenha direitos de propriedade sobre o objeto em


questão. De acordo com este requisito, não se pode dizer que alguém produziu uma
determinada obra de arte se, logo à partida, essa pessoa não tinha sequer o direito de
usar esse objeto fosse de que maneira fosse. Para ilustrar aquilo que está aqui em
causa, pensemos, no seguinte exemplo: Marcel Duchamp tentou, sem sucesso,
converter o «Edifício Woolworth», em Nova Iorque, num dos seus ready-made. Uma
“Teorias da Arte” 2019/20

possível explicação para o facto de esta tentativa não ter sido bem-sucedida pode ser
precisamente o facto de Duchamp não ter direitos de propriedade sobre o edifício.

A teoria histórica apresenta algumas vantagens sobre as teorias precedentes: Não só


possibilita a existência de arte solitária, como mostra por que razão na arte vale tudo,
embora nem tudo resulte. A razão pela qual vale tudo é que não existem limites
definidos em relação ao tipo de coisas que as pessoas podem seriamente pretender
que sejam encaradas como obras de arte. A razão pela qual nem tudo resulta é que
para que algo seja, atualmente, considerado arte é preciso ter em conta a história da
arte. Assim sendo, não há garantias de que determinado uso presente da palavra
«arte» seja legitimado pela história da arte.

Contraexemplo 1

Edifício Woolworth, Nova Iorque

Objeções

Não explica por que razão a primeira obra de arte é considerada arte

É demasiado inclusiva

É demasiado exclusiva

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