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Elisa Matos

2011
Filosofia

3. – Dimensões da Acção Humana e dos Valores.

3.2. – A dimensão estética – análise e compreensão da


experiência valorativa.

Educar para a contemplação estética – Do Impressionismo à


Pintura do Século XX (antes da II Guerra Mundial)

Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho


Filosofia 2011

3.2.1.5. – Educar para a contemplação estética

História da Pintura – Renascimento Maduro ao Barroco

Renascimento

Principais características da Pintura Renascentista:


– Perspectiva: distâncias e proporções entre os objectos vistos, segundo os princípios da
matemática e da geometria. Inicia-se o uso da tela e da tinta a óleo.
– Uso do claro-escuro: áreas iluminadas e outras na sombra, jogo de contrastes reforçam a
sugestão de volume dos corpos.
Outra característica da arte do Renascimento, em especial da pintura, foi o surgimento de
artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal
de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.

Leonardo da Vinci (1495-1520)

Galeria Offizi – Florença – “Adoração dos Reis Magos” – a sua obra mais ambiciosa, cujo
traçado revela uma ordem geométrica e uma perspectiva espacial construída com rigor. O
aspecto mais surpreendente - e verdadeiramente revolucionário – deste painel é o modo
como está pintado.
Neste painel – à direita do centro – as formas parecem materializar-se de modo suave e
gradual, nunca chegando a destacar-se completamente da penumbra envolvente. Da Vinci
não pensa em termos de contornos, mas sim de corpos tridimensionais tornados visíveis, em
grau variável, pela incidência da luz. Nas sombras, estas formas permanecem incompletas, os
seus contornos meramente implícitos. Neste método de modelar as formas já não se erguem
simplesmente justapostas, mas são parte de uma nova unidade pictural, derrubadas
parcialmente as várias separações entre umas e outras. E existe, do mesmo modo, uma
continuidade emocional comparável: os gestos e os rostos da multidão transmitem com
eloquência comovente a realidade do milagre que vieram contemplar.

Museu do Louvre – Paris – “A Virgem dos Rochedos” – Aqui as figuras emergem da gruta
envoltas por uma atmosfera carregada de humidade que lhes vela delicadamente as formas.
Esta ligeira bruma (designada de Sfumato) confere à cena um calor e uma intimidade
particulares. Cria ao mesmo tempo uma qualidade remota, onírica e faz a pintura parecer
mais uma visão poética que uma imagem da realidade pura e simples. O recanto escondido e
rochoso que serve de enquadramento, o lago em frente e a vida vegetal, cuidadosamente,
escolhidos e dados com perfeição indicam significações simbólicas de difícil interpretação.
Interessante a conjugação dos gestos entre as figuras – um a proteger, outra a apontar, um
terceiro a benzer. Quadro enigmático que exerce uma enorme atracção.

“Mona Lisa”- O delicado sfumato é superior ao da “Virgem dos Rochedos”, alcançando um tal
grau de perfeição que pareceu um milagre aos contemporâneos do artista. As formas são
construídas a partir de várias camadas transparentes de tinta, tão delicadas que todo o painel
parece exalar uma suave luz interior. Mas a fama de Mona Lisa não vem apenas da subtil
beleza pictórica. Mais intrigante ainda é o fascínio psicológico da personalidade do modelo.
Porque nenhum outro sorriso foi considerado tão misterioso? O próprio sorriso pode ser lido
de duas maneiras: como eco de uma disposição momentânea ou como uma expressão
atemporal, simbólica. A própria paisagem ao fundo, composta sobretudo por rochas e água,
sugere forças vitais da natureza.
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Barroco

Estilo dominante no período 1600-1750 e acompanha um Catolicismo revigorado, o Estado


Absolutista e o novo papel da ciência.
De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os
movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica,
embora interpretando-a diferentemente, o que teria resultado em diferenças na expressão
artística de cada período. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderação, economia
formal, austeridade, equilíbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de
temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade,
exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre
o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre
essas características são evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo.
Roma – Michelangelo Merisi (da Caravaggio)
Flandres – Peter Paul Rubens
Holanda – Rembrandt Harmenszoon van Rijn
Espanha – Diego Velásquez

Neo Classicismo e o Romantismo

O Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII,


que teve larga influência em toda a arte e cultura do ocidente até meados do século XIX. Teve
como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade
clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reacção
contra os excessos dramáticos do Barroco e Rococó.

Jacques Louis David (francês, 1748-1825): foi o mais característico representante do


Neoclassicismo. Durante alguns anos controlou a actividade artística francesa, sendo o pintor
oficial da corte imperial, pintando fatos históricos ligados à vida do imperador Napoleão.
Pintou também temas solenes, personagens e motivos inspirados na antiguidade clássica,
através de cores sóbrias. Sua luminosidade lembra Caravaggio, mas é em Rafael Sânzio
(mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia das cores) que reside sua maior
influência. Figuras sólidas e imóveis. Excelente retratista. Obras mais importantes: A Morte de
Marat (1793); A Morte de Sócrates (1787); As Sabinas; A Coroação de Napoleão em Notre
Dame.

Francisco Goya – Museu do Prado – “O 3 de Maio” (1808): quando os exércitos de Napoleão


ocuparam a Espanha, em 1808, Goya e muitos dos seus compatriotas tiveram a esperança de
que os conquistadores trouxessem as reformas liberais. Mas o comportamento selvagem das
tropas francesas depressa desfez essas esperanças e provocou uma onda de resistência
popular igualmente feroz. Esta tela comemora a execução de um grupo de revoltosos
madrilenos. Aqui, a cor flamejante, a pincelada larga e fluida e a dramática luz nocturna dá
intensidade emocional aos mártires que morrem pela liberdade, e os seus carrascos – numa
formatura de autómatos sem rosto, insensíveis ao desespero e coragem das duas vítimas –
são a tirania política. Quantas vezes, esta cena tornaria a ser representada na história
moderna?
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História da Pintura – Realismo e Impressionismo

Realismo e Impressionismo

Pintura: caracteriza-se sobretudo pelo princípio de que o artista deve representar a realidade
com a mesma objectividade com que um cientista estuda um fenómeno da natureza. Ao
artista não cabe “melhorar” artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual
ela é. A sua função é apenas revelar os aspectos mais característicos e expressivos da
realidade. Desta forma, a pintura realista deixou completamente de lado os temas
mitológicos, bíblicos, históricos e literários, pois o que importa é a criação a partir de uma
realidade imediata e não imaginada.
Os quadros realistas/impressionistas são como fotografias instantâneas, que registam um
determinado momento. Há nas obras desse período registos urbanos, mas também muitas
paisagens ao ar livre. Outra marcante característica desse estilo de pintura são as pinceladas
rápidas que conotam movimento, além da técnica de aplicar as tintas puras à tela, fazendo
com que seja o cérebro do observador que mistura opticamente a cor, e não o pincel.

1. O artista utiliza todo o conhecimento sobre perspectiva para criar a ilusão de espaço.
2. Os volumes são muito bem representados, devido à gradação de cor, de luz e sombra.
3. Há preocupação de representar a textura, a aparência real do objecto (a textura da pele,
dos tecidos, da parede, etc.)
4. O desenho, bem como, a técnica utilizada na representação do corpo humano são
perfeitas.
5. Voltados para o desejo de representar a realidade tal e qual ela se apresenta e voltados
para temáticas de ordem social e política, os realistas pintam em geral trabalhadores, cenas
do quotidiano e da modernidade.

Édouard Manet (1832-1883) - foi o primeiro a compreender esta importância de retratar o


heroísmo da vida moderna.

“Déjeuner” – Esta tela ofendeu em especial, a moralidade contemporânea, pela justaposição


do nu e das figuras vestidas, numa composição ao ar livre.
“Tocador de Pífaro” – uma figura que nos parece tridimensional mas sem sombras – como
que uma resposta ao desafio da fotografia. Era necessário salvar a pintura da competição com
a máquina fotográfica. Manet conseguiu-o ao acentuar que uma tela pintada é, acima de
tudo, uma superfície material coberta de tinta e que devemos olhar “para ela e não através
dela”.

Claude Monet (1840-1926) – adopta a concepção de pintura de Manet e aplicou-a a


paisagens realizadas ao ar livre.

“O Rio” (1868) é inundado por uma luz brilhante que os críticos conservadores queixavam-se
de que lhes feria a vista. Numa rede cintilante de manchas de cor, os reflexos da água são tão
reais quanto os reais. É o jogo infinitamente fascinante entre as imagens reflectidas e a
realidade.

Auguste Renoir (1841-1919) – de realçar as cenas do mundo do espectáculo – salões de


dança, cafés, concertos, o teatro – assuntos preferidos dos pintores impressionistas.

Edgar Degas (1834-1917)


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“O Copo de Absinto” – Nesta obra olhamos um casal desiludido. Composição que parece, à
primeira vista, tão improvisada como um instantâneo fotográfico, mas quanto mais o olhamos
mais nos convencemos de que tudo foi premeditado com minúcia – até o ziguezague de
mesas vazias, entre nós e o infeliz par, acentua o seu melancólico isolamento. Um profundo
sentido do carácter humano dá substância até a cenas aparentemente ocasionais.

Muitas das suas melhores obras foram executadas em pastel. Meio que exercia sobre ele
forte atracção dado que lhe permitia obter simultaneamente efeitos de traço, tonalidade e
cor, técnica flexível de que é bom testemunho a

“Prima Ballerina” – o palco visto obliquamente de um camarote, ficou integrado numa


composição deliberadamente descentrada. A bailarina flutua acima do chão fortemente
inclinado, como uma borboleta atordoada pelo clarão das luzes da ribalta.
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História da Pintura – Pós-Impressionismo e pintura do século XX (antes da II Guerra Mundial)

Pós – Impressionismo
Após 1880, designa um grupo de artistas que, tendo passado por uma fase impressionista, se
sentiram insatisfeitos perante as limitações do estilo e o ultrapassaram em diferentes
direcções.

Paul Cézanne (1839-1906) – o mais velho dos pós-impressionistas.


Uma busca paciente e disciplinada da harmonia da forma e da cor – cada pincelada é como
um bloco firmemente implantado, o equilíbrio entre as várias dimensões é menos duro; as
cores deliberadamente controladas produzem acordes de tons quentes e frios que se
repercutem por toda a tela. Nas naturezas mortas encontramos a busca do sólido e do
durável e nunca os simples objectos quotidianos assumiram tanta importância aos olhos de
um pintor. As pinceladas atingem um padrão rítmico que dá à tela uma textura cintilante.
Vincent Van Gogh (1853-1890) – Enquanto Cézanne tentava transformar o impressionismo
num estilo mais severo e clássico, Van Gogh tomava o caminho oposto, por lhe parecer que o
impressionismo não oferecia ao artista liberdade suficiente para exprimir as suas emoções.
Dedicou o máximo das suas energias à pintura de paisagens que apresentam turbulência e
não estabilidade arquitectural e permanência.

“Seara de Trigo com Ciprestes” – a terra e o céu apresentam uma turbulência assustadora, a
seara parece um mar tormentoso, as árvores erguem-se do chão como labaredas e os montes
e as nuvens palpitam com o mesmo movimento ondulante. O dinamismo que anima todas as
pinceladas faz de cada uma delas não uma simples marca de cor, mas um incisivo gesto
gráfico.

A cor, e não a forma, determina o conteúdo expressivo dos seus quadros. Com cores fortes,
simples e vibrantes carregadas de significações emocionais só a arte lhe dava sentido à vida.

Paul Gauguin (1848-1903)

O seu estilo, ainda que menos intensamente pessoal que o de Van Gogh, representou, sob
alguns aspectos, um avanço ainda mais ousado sobre o impressionismo. Para ele, a civilização
ocidental estava “fora dos eixos”, a sociedade industrial tinha obrigado os homens a uma vida
incompleta, dedicada ao ganho material, enquanto descurava as emoções.
Para Gauguin, a renovação da arte e da civilização ocidental tinha de vir dos primitivos e
aconselhava os amigos simbolistas a abandonarem a tradição grega e a voltarem-se para a
Pérsia, o Extremo Oriente e o antigo Egipto. A ideia em si não era nova – tem origem no mito
romântico do Bom Selvagem, protegido pelos pensadores do Iluminismo – voltar a viver num
estado natural e inocente.
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Século XX – Antes da II Guerra Mundial

Pós-Impressionistas

Abstraccionismo Fantástico
Expressionismo
Acentua a Explica o reino da
Acentua a atitude
estrutura formal imaginação, em
emocional do artista
da obra de arte. especial os seus
em relação a si
próprio e ao mundo. traços espontâneos
e irracionais.

Correntes que não se excluem entre si, antes se interrelacionam.

São 3 correntes que não correspondem a estilos determinados, mas a atitudes gerais do
espírito

Abstraccionismo Fantástico
Expressionismo
A sua 1.ª preocupação A sua 1.ª preocupação é o
A sua 1.ª preocupação é
é a estrutura da labirinto da mente
a comunidade humana.
realidade. individual.

Os Fauves e o Expressionismo

Entre 1901 e 1906 surgiram em Paris várias exposições de conjunto das obras de Van Gogh,
Gauguin e Cézanne e muitos jovens pintores, criados na atmosfera mórbida e decadente de
fin de siécle sentiram-se profundamente impressionados, e vários de entre eles
desenvolveram um estilo radicalmente novo, de cor violenta e ousadas distorções. Na sua
primeira apresentação pública, em 1905, escandalizaram a opinião crítica de tal maneira que
foram apelidados de Fauves (feras), titulo que ostentavam com orgulho.

Henri Matisse (1869-1954) – figura dominante.

“A Alegria de Viver” – o que torna os seus quadros tão revolucionários é a sua simplicidade
radical, o seu génio de omissão – tudo o que podia ser esquecido foi deixado de fora ou só
referido implicitamente, e no entanto as cenas contêm o essencial da forma plástica e da
profundidade espacial.

Wassili Kandinsky (1866-1944) – um outro passo original dado na Alemanha com o abandono
definitivo da pintura figurativa. Usando as cores do arco-íris e as pinceladas livres e dinâmicas
dos Fauves de Paris, criou um estilo inteiramente não figurativo. As suas obras têm títulos, tão
abstractos como as suas formas. Qualquer traço de representação nas suas obras é
inteiramente involuntário - a sua intenção era carregar a forma e a cor de um sentido
puramente espiritual eliminando toda a parecença com o mundo físico, era despojar o quadro
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de qualquer espécie de interesse exterior, era a total independência da imagem


representativa.

O abstraccionismo

Pablo Picasso – Cerca de 1905 estimulado pelos Fauves como pelas exposições retrospectivas
dos grandes pós-impressionistas, Picasso adoptou um estilo mais vigoroso. Comungava do
entusiasmo de Matisse por Gauguin e Cézanne, mas via estes mestres de maneira muito
diferente.

Com “as Meninas de Avignon”- composição de cinco nus e uma natureza morte. Mas que
nus? As figuras indefinidas de Matisse parecem perfeitamente inócuas comparadas a esta
selvagem agressividade – rompeu com a concepção clássica de beleza, rompeu com as
proporções, integridade orgânica e continuidade do corpo humano. Mas se analisarmos com
profundidade percebemos que a destruição é perfeitamente sistemática. Tudo – tanto as
figuras como o fundo – está partido em ângulos novos ou em facetas, estas não são lisas, mas
têm sombras que lhes dão uma certa tridimensionalidade. Nem sempre podemos ter a
certeza se são côncavas ou convexas, algumas parecem fragmentos de um espaço
solidificado, outras, pedaços de corpos translúcidos. O material de construção revolucionário
de Picasso, composto de vãos e de volumes (ou de vazios e de cheios), é difícil de descrever
com exactidão. Os primeiros críticos, apesar de sensíveis ao predomínio das arestas vivas e
dos ângulos do novo estilo, chamaram-lhe de Cubismo.

“Três Dançarinas”(1925) – a anatomia humana é apenas matéria-prima para o espírito


espantosamente fértil e inventivo de Picasso. Membros, peitos e rostos são tratados com uma
soberana liberdade. A sua identidade original já não interessa – os peitos podem tornar-se
olhos, os perfis fundirem-se com vistas frontais, as sombras tornar-se substâncias ou vice-
versa, numa interminável sucessão de metamorfoses e trocadilhos visuais, proporcionam
possibilidades inteiramente inesperadas de expressão – humorística, grotesca, macabra e até
trágica.

“Guernica” (1937) – Picasso como cidadão de um país neutro tinha sido pouco afectado pela
Primeira Guerra Mundial e não mostrou grande interesse pela política durante a década de
1920. Mas a Guerra Civil de Espanha despertou nele uma viva solidariedade com os
Republicanos. O painel executado para o pavilhão da República Espanhola na Exposição
Internacional de Paris, foi inspirado no terrível bombardeamento de Guernica, a antiga capital
dos Bascos. Não representa o próprio acontecimento, mas evoca, por uma série de poderosas
imagens, a agonia da guerra total.
A destruição de Guernica foi a 1.ª demonstração da técnica de bombardeamento de
saturação, mais tarde empregada, em grande escala, na Segunda Guerra Mundial. O mural
constitui assim uma visão profética da desgraça – a desgraça que nos ameaça ainda hoje,
nesta era de guerra nuclear.
O simbolismo da cena resiste a uma interpretação precisa, apesar de vários elementos
tradicionais: a mãe e o filho morto são os descendentes da Pietá, a mulher com a lâmpada
lembra a estátua da liberdade, e a mão do cadáver a testemunhar ainda uma espada partida é
um emblema bem conhecido da resistência heróica. Também sentimos o contraste entre o
ameaçador touro de cabeça humana, que certamente representa as forças do mal, e o cavalo
agonizante. Estas figuras devem a sua terrível eloquência àquilo que são e não àquilo que
representam.
As distorções, as fragmentações e metamorfoses anatómicas, que nas três dançarinas
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parecem arbitrárias e fantásticas, exprimem agora uma crua realidade – a realidade da dor
insuportável. A validade do cubismo é a sua capacidade de transmitir emoções tão
avassaladoras.

A Arte Fantástica

Para estes tudo depende mais de um estado de espírito do que de qualquer estilo específico.
Apenas há de comum a crença de que a imaginação, a “visão interior” é mais importante que
o mundo externo. E se a imaginação de cada artista é um reino privado, as imagens que ela
proporcionar também devem ser particulares.

Marc Chagall (1887-1985) – nas suas obras revive as experiências da sua infância, criou-as e
recriou-as durante anos sem que a persistência tivesse diminuído.

Paul Klee (1879-1940) – durante a 1.ª Guerra Mundial criou, a partir da arte primitiva e dos
desenhos de crianças, uma linguagem poética própria, maravilhosamente económica e
concisa.
“A Máquina Chilreante” – é um dedicado desenho à pena, colorido a aguarela, mostra o
carácter único da sua arte: com uns simples traço, criou um mecanismo fantástico que sugere
o gorjeio dos pássaros e, simultaneamente, troça da nossa fé nos milagres da idade da
máquina e do valor sentimental que damos ao canto das aves. A maquineta (que não deixa de
ter um certo ar sinistro: as cabeças dos 4 pássaros fingidos parecem anzóis, como se
pudessem apanhar pássaros vivos) condensa assim, de maneira impressionante, um complexo
de ideias sobre a civilização moderna.
Para ele, a arte era uma linguagem de sinais, de formas que constituem imagens de ideias.

H.W.Janson, História da Arte, Lisboa FCG, 1979.

A Professora: Elisa Maria Coimbra Matos

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