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2011
Filosofia
Renascimento
Galeria Offizi – Florença – “Adoração dos Reis Magos” – a sua obra mais ambiciosa, cujo
traçado revela uma ordem geométrica e uma perspectiva espacial construída com rigor. O
aspecto mais surpreendente - e verdadeiramente revolucionário – deste painel é o modo
como está pintado.
Neste painel – à direita do centro – as formas parecem materializar-se de modo suave e
gradual, nunca chegando a destacar-se completamente da penumbra envolvente. Da Vinci
não pensa em termos de contornos, mas sim de corpos tridimensionais tornados visíveis, em
grau variável, pela incidência da luz. Nas sombras, estas formas permanecem incompletas, os
seus contornos meramente implícitos. Neste método de modelar as formas já não se erguem
simplesmente justapostas, mas são parte de uma nova unidade pictural, derrubadas
parcialmente as várias separações entre umas e outras. E existe, do mesmo modo, uma
continuidade emocional comparável: os gestos e os rostos da multidão transmitem com
eloquência comovente a realidade do milagre que vieram contemplar.
Museu do Louvre – Paris – “A Virgem dos Rochedos” – Aqui as figuras emergem da gruta
envoltas por uma atmosfera carregada de humidade que lhes vela delicadamente as formas.
Esta ligeira bruma (designada de Sfumato) confere à cena um calor e uma intimidade
particulares. Cria ao mesmo tempo uma qualidade remota, onírica e faz a pintura parecer
mais uma visão poética que uma imagem da realidade pura e simples. O recanto escondido e
rochoso que serve de enquadramento, o lago em frente e a vida vegetal, cuidadosamente,
escolhidos e dados com perfeição indicam significações simbólicas de difícil interpretação.
Interessante a conjugação dos gestos entre as figuras – um a proteger, outra a apontar, um
terceiro a benzer. Quadro enigmático que exerce uma enorme atracção.
“Mona Lisa”- O delicado sfumato é superior ao da “Virgem dos Rochedos”, alcançando um tal
grau de perfeição que pareceu um milagre aos contemporâneos do artista. As formas são
construídas a partir de várias camadas transparentes de tinta, tão delicadas que todo o painel
parece exalar uma suave luz interior. Mas a fama de Mona Lisa não vem apenas da subtil
beleza pictórica. Mais intrigante ainda é o fascínio psicológico da personalidade do modelo.
Porque nenhum outro sorriso foi considerado tão misterioso? O próprio sorriso pode ser lido
de duas maneiras: como eco de uma disposição momentânea ou como uma expressão
atemporal, simbólica. A própria paisagem ao fundo, composta sobretudo por rochas e água,
sugere forças vitais da natureza.
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Barroco
Realismo e Impressionismo
Pintura: caracteriza-se sobretudo pelo princípio de que o artista deve representar a realidade
com a mesma objectividade com que um cientista estuda um fenómeno da natureza. Ao
artista não cabe “melhorar” artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual
ela é. A sua função é apenas revelar os aspectos mais característicos e expressivos da
realidade. Desta forma, a pintura realista deixou completamente de lado os temas
mitológicos, bíblicos, históricos e literários, pois o que importa é a criação a partir de uma
realidade imediata e não imaginada.
Os quadros realistas/impressionistas são como fotografias instantâneas, que registam um
determinado momento. Há nas obras desse período registos urbanos, mas também muitas
paisagens ao ar livre. Outra marcante característica desse estilo de pintura são as pinceladas
rápidas que conotam movimento, além da técnica de aplicar as tintas puras à tela, fazendo
com que seja o cérebro do observador que mistura opticamente a cor, e não o pincel.
1. O artista utiliza todo o conhecimento sobre perspectiva para criar a ilusão de espaço.
2. Os volumes são muito bem representados, devido à gradação de cor, de luz e sombra.
3. Há preocupação de representar a textura, a aparência real do objecto (a textura da pele,
dos tecidos, da parede, etc.)
4. O desenho, bem como, a técnica utilizada na representação do corpo humano são
perfeitas.
5. Voltados para o desejo de representar a realidade tal e qual ela se apresenta e voltados
para temáticas de ordem social e política, os realistas pintam em geral trabalhadores, cenas
do quotidiano e da modernidade.
“O Rio” (1868) é inundado por uma luz brilhante que os críticos conservadores queixavam-se
de que lhes feria a vista. Numa rede cintilante de manchas de cor, os reflexos da água são tão
reais quanto os reais. É o jogo infinitamente fascinante entre as imagens reflectidas e a
realidade.
“O Copo de Absinto” – Nesta obra olhamos um casal desiludido. Composição que parece, à
primeira vista, tão improvisada como um instantâneo fotográfico, mas quanto mais o olhamos
mais nos convencemos de que tudo foi premeditado com minúcia – até o ziguezague de
mesas vazias, entre nós e o infeliz par, acentua o seu melancólico isolamento. Um profundo
sentido do carácter humano dá substância até a cenas aparentemente ocasionais.
Muitas das suas melhores obras foram executadas em pastel. Meio que exercia sobre ele
forte atracção dado que lhe permitia obter simultaneamente efeitos de traço, tonalidade e
cor, técnica flexível de que é bom testemunho a
Pós – Impressionismo
Após 1880, designa um grupo de artistas que, tendo passado por uma fase impressionista, se
sentiram insatisfeitos perante as limitações do estilo e o ultrapassaram em diferentes
direcções.
“Seara de Trigo com Ciprestes” – a terra e o céu apresentam uma turbulência assustadora, a
seara parece um mar tormentoso, as árvores erguem-se do chão como labaredas e os montes
e as nuvens palpitam com o mesmo movimento ondulante. O dinamismo que anima todas as
pinceladas faz de cada uma delas não uma simples marca de cor, mas um incisivo gesto
gráfico.
A cor, e não a forma, determina o conteúdo expressivo dos seus quadros. Com cores fortes,
simples e vibrantes carregadas de significações emocionais só a arte lhe dava sentido à vida.
O seu estilo, ainda que menos intensamente pessoal que o de Van Gogh, representou, sob
alguns aspectos, um avanço ainda mais ousado sobre o impressionismo. Para ele, a civilização
ocidental estava “fora dos eixos”, a sociedade industrial tinha obrigado os homens a uma vida
incompleta, dedicada ao ganho material, enquanto descurava as emoções.
Para Gauguin, a renovação da arte e da civilização ocidental tinha de vir dos primitivos e
aconselhava os amigos simbolistas a abandonarem a tradição grega e a voltarem-se para a
Pérsia, o Extremo Oriente e o antigo Egipto. A ideia em si não era nova – tem origem no mito
romântico do Bom Selvagem, protegido pelos pensadores do Iluminismo – voltar a viver num
estado natural e inocente.
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Pós-Impressionistas
Abstraccionismo Fantástico
Expressionismo
Acentua a Explica o reino da
Acentua a atitude
estrutura formal imaginação, em
emocional do artista
da obra de arte. especial os seus
em relação a si
próprio e ao mundo. traços espontâneos
e irracionais.
São 3 correntes que não correspondem a estilos determinados, mas a atitudes gerais do
espírito
Abstraccionismo Fantástico
Expressionismo
A sua 1.ª preocupação A sua 1.ª preocupação é o
A sua 1.ª preocupação é
é a estrutura da labirinto da mente
a comunidade humana.
realidade. individual.
Os Fauves e o Expressionismo
Entre 1901 e 1906 surgiram em Paris várias exposições de conjunto das obras de Van Gogh,
Gauguin e Cézanne e muitos jovens pintores, criados na atmosfera mórbida e decadente de
fin de siécle sentiram-se profundamente impressionados, e vários de entre eles
desenvolveram um estilo radicalmente novo, de cor violenta e ousadas distorções. Na sua
primeira apresentação pública, em 1905, escandalizaram a opinião crítica de tal maneira que
foram apelidados de Fauves (feras), titulo que ostentavam com orgulho.
“A Alegria de Viver” – o que torna os seus quadros tão revolucionários é a sua simplicidade
radical, o seu génio de omissão – tudo o que podia ser esquecido foi deixado de fora ou só
referido implicitamente, e no entanto as cenas contêm o essencial da forma plástica e da
profundidade espacial.
Wassili Kandinsky (1866-1944) – um outro passo original dado na Alemanha com o abandono
definitivo da pintura figurativa. Usando as cores do arco-íris e as pinceladas livres e dinâmicas
dos Fauves de Paris, criou um estilo inteiramente não figurativo. As suas obras têm títulos, tão
abstractos como as suas formas. Qualquer traço de representação nas suas obras é
inteiramente involuntário - a sua intenção era carregar a forma e a cor de um sentido
puramente espiritual eliminando toda a parecença com o mundo físico, era despojar o quadro
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O abstraccionismo
Pablo Picasso – Cerca de 1905 estimulado pelos Fauves como pelas exposições retrospectivas
dos grandes pós-impressionistas, Picasso adoptou um estilo mais vigoroso. Comungava do
entusiasmo de Matisse por Gauguin e Cézanne, mas via estes mestres de maneira muito
diferente.
Com “as Meninas de Avignon”- composição de cinco nus e uma natureza morte. Mas que
nus? As figuras indefinidas de Matisse parecem perfeitamente inócuas comparadas a esta
selvagem agressividade – rompeu com a concepção clássica de beleza, rompeu com as
proporções, integridade orgânica e continuidade do corpo humano. Mas se analisarmos com
profundidade percebemos que a destruição é perfeitamente sistemática. Tudo – tanto as
figuras como o fundo – está partido em ângulos novos ou em facetas, estas não são lisas, mas
têm sombras que lhes dão uma certa tridimensionalidade. Nem sempre podemos ter a
certeza se são côncavas ou convexas, algumas parecem fragmentos de um espaço
solidificado, outras, pedaços de corpos translúcidos. O material de construção revolucionário
de Picasso, composto de vãos e de volumes (ou de vazios e de cheios), é difícil de descrever
com exactidão. Os primeiros críticos, apesar de sensíveis ao predomínio das arestas vivas e
dos ângulos do novo estilo, chamaram-lhe de Cubismo.
“Guernica” (1937) – Picasso como cidadão de um país neutro tinha sido pouco afectado pela
Primeira Guerra Mundial e não mostrou grande interesse pela política durante a década de
1920. Mas a Guerra Civil de Espanha despertou nele uma viva solidariedade com os
Republicanos. O painel executado para o pavilhão da República Espanhola na Exposição
Internacional de Paris, foi inspirado no terrível bombardeamento de Guernica, a antiga capital
dos Bascos. Não representa o próprio acontecimento, mas evoca, por uma série de poderosas
imagens, a agonia da guerra total.
A destruição de Guernica foi a 1.ª demonstração da técnica de bombardeamento de
saturação, mais tarde empregada, em grande escala, na Segunda Guerra Mundial. O mural
constitui assim uma visão profética da desgraça – a desgraça que nos ameaça ainda hoje,
nesta era de guerra nuclear.
O simbolismo da cena resiste a uma interpretação precisa, apesar de vários elementos
tradicionais: a mãe e o filho morto são os descendentes da Pietá, a mulher com a lâmpada
lembra a estátua da liberdade, e a mão do cadáver a testemunhar ainda uma espada partida é
um emblema bem conhecido da resistência heróica. Também sentimos o contraste entre o
ameaçador touro de cabeça humana, que certamente representa as forças do mal, e o cavalo
agonizante. Estas figuras devem a sua terrível eloquência àquilo que são e não àquilo que
representam.
As distorções, as fragmentações e metamorfoses anatómicas, que nas três dançarinas
Filosofia 2011
parecem arbitrárias e fantásticas, exprimem agora uma crua realidade – a realidade da dor
insuportável. A validade do cubismo é a sua capacidade de transmitir emoções tão
avassaladoras.
A Arte Fantástica
Para estes tudo depende mais de um estado de espírito do que de qualquer estilo específico.
Apenas há de comum a crença de que a imaginação, a “visão interior” é mais importante que
o mundo externo. E se a imaginação de cada artista é um reino privado, as imagens que ela
proporcionar também devem ser particulares.
Marc Chagall (1887-1985) – nas suas obras revive as experiências da sua infância, criou-as e
recriou-as durante anos sem que a persistência tivesse diminuído.
Paul Klee (1879-1940) – durante a 1.ª Guerra Mundial criou, a partir da arte primitiva e dos
desenhos de crianças, uma linguagem poética própria, maravilhosamente económica e
concisa.
“A Máquina Chilreante” – é um dedicado desenho à pena, colorido a aguarela, mostra o
carácter único da sua arte: com uns simples traço, criou um mecanismo fantástico que sugere
o gorjeio dos pássaros e, simultaneamente, troça da nossa fé nos milagres da idade da
máquina e do valor sentimental que damos ao canto das aves. A maquineta (que não deixa de
ter um certo ar sinistro: as cabeças dos 4 pássaros fingidos parecem anzóis, como se
pudessem apanhar pássaros vivos) condensa assim, de maneira impressionante, um complexo
de ideias sobre a civilização moderna.
Para ele, a arte era uma linguagem de sinais, de formas que constituem imagens de ideias.