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Ficha de trabalho 2 - Argumento cosmológico - Correção

1. Um argumento a priori é um argumento cujas premissas são a priori, ou seja, tem apenas
premissas que podem ser conhecidas independentemente da experiência do mundo. Pelo
contrário, um argumento a posteriori é um argumento em que pelo menos uma das suas
premissas é a posteriori, isto é, pelo menos uma das suas premissas baseia-se em informação
sobre como o mundo realmente é. Seguindo este critério, o argumento cosmológico é um
argumento a posteriori, dado que tem as seguintes premissas empíricas: existem coisas no
mundo e essas coisas foram causadas a existir por alguma outra coisa.

2. A ideia central do argumento é a seguinte: parte-se de factos simples acerca do mundo,


como o facto de nele haver coisas cuja existência é causada por outras coisas, para daí concluir
que tem de haver uma primeira causa, ou seja, Deus.

3. Para se mostrar a validade do argumento de Tomás de Aquino devemos começar pela


construção do respetivo dicionário:

P = Existem coisas no mundo.

Q = As coisas do mundo foram causadas a existir por alguma outra coisa.

R = Há uma cadeia causal que regride infinitamente.

S = Há apenas uma primeira causa que é a origem da cadeia causal.

Com base neste dicionário, a forma lógica do argumento é a seguinte:

P, (P→Q), (Q→(R∨S)), ¬R ∴ S Com esta formalização pode-se construir um inspetor de


circunstâncias e pode-se constatar que não há nenhuma circunstância em que as premissas
são verdadeiras e a conclusão é falsa; por isso, o argumento é válido.

4. Pode-se criticar o argumento de Tomás de Aquino pelo facto de cometer a falácia do falso
dilema. Isto porque, na premissa 3, além da opção de cadeia de regressão infinita, e da opção
de haver apenas uma primeira causa, também se deveria considerar a opção de haver várias
primeiras causas diferentes. Além disso, pode-se argumentar que podem existir cadeias
causais infinitas. E, por fim, ainda que o argumento fosse bom, não provaria que existe o Deus
teísta, dado que a primeira causa não tem de ser omnisciente ou moralmente perfeita.

5. Por exemplo, uma forma de evitar a crítica do falso dilema é argumentar que «Tudo o que
começa a existir tem uma causa para a sua existência; ora, o universo começou a existir; logo,
o universo tem algum tipo de causa para a sua existência.»

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