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Apresentação: Visita guiada a uma galeria de obras de arte

Personagens:
Guia- Adriana
Pintor- Emília
Turista 1- Vitória
Turista 2- Bartolomeu
Turista 3- Flávia

Guião:

(O pintor e o guia entram na sala e dirigem-se aos turistas já lá dentro)

Guia: Bom dia a todos, hoje serei o vosso guia nesta exposição de obras de arte.
Quero começar por vos perguntar o que vocês acham que é a arte?

Turista 3: A arte é uma forma que o ser humano encontra para expressar as suas emoções, a sua história
e a sua cultura, através de alguns valores estéticos, como a beleza, a harmonia e o equilíbrio.

Turista 1: Pode também ser representada através da música, da escultura, da pintura, do cinema, da
dança, entre outros.

Guia: Tudo o que vocês disseram está correto cientificamente, mas na filosofia o que será realmente a
arte? Será que há dificuldade em definir a arte?

Pintor: Para a filosofia, a arte refere-se a algo que é socialmente construído, e não algo produzido pela
natureza.

Turista 2: Então podemos dizer que o significado da arte não é arbitrário, ou seja, para definir arte
precisamos de identificar as condições que terão de se verificar para algo ser classificado como arte,
certo?

Guia: Certo. O conceito de arte pode ser aplicado a uma grande diversidade de objetos e práticas sociais,
assim como vocês já disseram, existem diversas formas de arte, de diferentes origens, estilos e épocas.

Pintor: Para haver uma definição explícita do que é a arte, incluem-se duas condições. Alguém sabe
quais são?

Turista 3: Sim, a condição necessária e a condição suficiente.

Pintor: Exatamente. E o que nos dizem essas condições?

Turista 1: Numa condição necessária, as características são partilhadas por todas as obras de arte, já
numa condição suficiente, as características são apenas as que as obras possuem.

Guia: Muito bem! Estamos agora prontos para discutir as principais teorias da arte e as suas
correspondentes propostas de definição.

Turista 2: E quais são essas teorias?

Turista 1: As teorias essencialistas e as teorias não essencialistas.

Pintor: Exato. As teorias essencialistas defendem que existe uma essência de arte, ou seja, que existem
características essenciais comuns a todas as obras de arte.
Turista 3: Se há características comuns a todas as obras de arte, é então possível dizer quais são as suas
condições necessárias, intrínsecas e suficientes, ou seja, é possível fornecer uma definição explícita de
arte.

Turista 2: Então e as teorias não essencialistas?

Guia: As teorias não essencialistas defendem que não é possível encontrar propriedades intrínsecas
comuns a todas as obras de arte, que só elas possuem. A arte não se define por propriedades
intrínsecas às obras de arte, mas pelas propriedades extrínsecas e relacionais.

Turista 1: Um dos filósofos que mais defendeu esta teoria foi o filósofo Morris Weitz, que define que a
arte é um conceito aberto pois esta está sujeita a revisões e reajustes, ou seja, o conceito de arte é
indefinível, certo?

Pintor: Sim é.

Guia: Tal como existem várias posições sobre a definição de arte, também podemos salientar diferentes
teorias da arte. Alguém me sabe referir uma?

Turista 1: Arte como representação?

Pintor: Exato. A arte como representação foi uma teoria iniciado por Platão e Aristóteles que defendiam
a arte como imitação. Para Platão a imitação era a criação de coisas aparentes, não reais e para
Aristóteles existiam diferentes meios de imitações, entre eles: cores, formas, por meio de objetos, de
modo narrativo ou dramático etc..

Turista 2: Para esses filósofos a arte não exigia uma representação?

Guia-: Sim é verdade, para eles era algo muito mais abrangente do que apenas imitação. Por isso, se
podem distinguir estes dois conceitos, a imitação exige semelhança a representação não.

Turista 3: Então, podemos dizer que a arte seria o que mais fiel representasse a realidade, é uma
condição necessária mas não suficiente, uma vez que, algo que é arte representa algo mas uma coisa
que represente algo pode não ser considerado arte.

Turista 1: Sim, como é exemplo de um sinal de trânsito, ele representa algo mas não é considerado arte.

Guia- Aqui podemos ver alguns exemplos desta teoria.

(imagens)
(Todos olham para as imagens em silêncio durante algum tempo)

Pintor: Esclarecida esta ideia, vamos explorar agora um pouco a arte como expressão, olhem para este
exemplo. (imagem)
Este tipo de arte foi defendida pelos autores Leu Tolstoi e Collingwood, alguém conhece as suas teorias?

Turista 2: Sim, conheço bem Tolstoi. Ele defendia que a arte é uma atividade de expressão de
sentimentos individuais do artista que devem contagiar as pessoas com os mesmos tipos de sentimentos
sentidos pelo autor. Isto dependia obviamente da menor ou maior individualidade dos sentimentos que
cada um transmitia.

Guia: Exatamente. E em relação a Collingwood, alguém sabe?

Turista 1: Do pouco que sei, este concordava com Tolstoi, no entanto, discorda quando se trata de saber
qual a intenção do artista ao se expressar.
Turista 3: Sim, ele dizia que algo é uma obra de arte se e só se foi feito por alguém com a intenção de
exprimir as suas emoções, de modo a clarificá-las.

Guia: Mas é importante destacar que este filósofo considerava que exprimir uma emoção não é o
mesmo que descrevê-la.

Turista 2: Como assim?

Pintor: Por exemplo, se eu disser que estou irritada só estou apenas a descrever a minha emoção, não a
exprimi-la.

Turista 2: Ah! Já entendi.

(Imagem)

Turista 3: Reparem, esta obra de arte remota me para emoções de simplicidade, união e amizade. Sentes
alguma coisa quando observas esta pintura?

Turista 1: Para ser sincera, não. Esta pintura não me transmite nada.

Pintor: É tão interessante o que vocês acabaram de relatar porque todos nós produzimos emoções
estéticas perante uma obra de arte.

Guia: Segundo Clive Bell, filósofo e crítico de arte, ele considera que algo é uma obra de arte se e só se
tiver uma forma significante, isto é, condição necessária e suficiente para que se distinga a estrutura da
obra de arte, e não propriamente ao seu tema específico.

Turista 1: E quais tipos artes é que são consideradas formas significantes?

Guia: Para Bell, todo o tipo de formas e objetos de arte constituem uma relação entre as partes de uma
obra. E todos os tipos de artes estão incluídas neste critério como as artes visuais, música, literatura, etc.

Pintor: Em suma, uma forma significante leva-nos a sentir uma emoção estética. Qualquer artefacto
pode provocar uma emoção estética mesmo sem saber quem criou aquela obra. Porém, também pode
acontecer que não nos transmita sentimentos individuais. Portanto, a emoção estética é própria da
nossa apreciação crítica.

Turista 3: Esta obra de arte está de acordo com a teoria institucional?

Guia: Segundo George Dickie, é inútil tentar procurar uma alegada essência da arte desde que não
impressa que existam condições necessárias para suficientes para algo ser arte.

Pintor: Algo é uma obra de arte se e só se é um artefacto, tendo sido atribuído a um conjunto das suas
características o estatuto de candidato à apreciação, por uma ou várias pessoas que atuam em nome de
determinada instituição social, ou seja…

Turista 2: O mundo da arte!

Pintor: Corretíssimo!

Turista 3: Mas também há uma segunda condição necessária, mais complexa. Esta condição baseia-se na
noção de atribuição de estatuto de candidato à apreciação, o mundo da arte. O artefacto é atribuído por
um ou mais membros ligados a uma certa instituição social. É graças a esses membros que é possível
transformar qualquer artefacto numa obra de arte.

Guia: Exatamente!
Turista 2: Todas estas ideias e conceitos são muito interessantes, mas tenho pensado bastante possíveis
críticas existentes para as diferentes teorias.

Guia: E o que sabem sobre isso?

Turista 3: Então, sei que a arte abstrata tem sido um tema muito discutido ultimamente, em que esta
desafia a nossa noção convencional de representação, certo?

Turista 2: Exatamente! A ideia de que a arte precisa ser reconhecível, é contestada por muitas obras
contemporâneas, fazendo-nos questionar a sua própria definição.

Turista 1: Concordo. Mas e quanto à arte como expressão? Sempre é fácil identificar a expressão
emocional em todas as formas de arte?

Guia: Não necessariamente. Por exemplo, na poesia e no teatro é mais óbvio, são utilizadas formas como
arquitetura e certas pinturas para expressar os sentimentos e as emoções.

Turista 2: É na perspetiva de Collingwood que os artistas procuram clarificar as suas emoções?

Pintor: Nem sempre isso acontece! Alguns artistas afirmam que transmitem as emoções sem
necessariamente as compreender.

Turista1: Interessante! E a arte como forma? Nem todos conseguem sentir as emoções estéticas ou
reconhecer a forma significante, certo?

Turista 3: Exato! E há objetos que são considerados arte, mas visualmente não se distinguem dos que
não são, levantando questões sobre as definições formais.

Turista 1: Falando em definições, a teoria institucional da arte levanta preocupações sobre quem confere
o estatuto de "obra de arte", correto?

Pintor: Sim. Esta crítica exclui artistas que criam artes fora do contexto da sua instituição.

Turista 2: E quanto à teoria da histórica da arte? Levanta questões sobre a relação da arte com o passado
e até mesmo sobre as características das obras?

Guia: Sim! E o que constitui uma obra de arte pode variar dependendo do contexto histórico e cultural.

Turista 1: Incrível como a arte nos faz questionar tantos aspetos da vida e da sociedade, não acham?

Pintor: Completamente! É fascinante como ela nos desafia a repensar as nossas próprias perceções e
conceitos. Terminados aqui acho que está na hora de terminar a nossa visita, o que acha guia?

Guia: Sim. Espero que tenham gostado e saiam daqui com um pouco mais de conhecimento da arte.

Turista 1/2/3: Adorámos! Muito obrigada!

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