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RESULTADO DA PESQUISA PARA EXPOSIÇÃO DO

BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

PARTE 1

AS ARTES NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA

&

A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA IMPERIAL

PARTE 2

MONUMENTOS E CELEBRAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA

Emanuel de Souza Pereira


SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................. 3

PARTE 1 - AS ARTES NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA &


CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA IMPERIAL .......................................... 4

Dom João IV e a missão Francesa. ............................................. 5

As Ordens Honoríficas ............................................................ 16

junta governativa de Santa Catarina ..................................... 19

Dona Leopoldina e a Missão Austríaca. ..................................... 21

A música no contexto da independência.................................... 25

A música no contexto catarinense ............................................ 28

Dom Pedro, o Rei Músico ........................................................ 29

PARTE 2 – MONUMENTOS E CELEBRAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA .... 33

A primeira celebração em solo Catarinense ............................... 34

Ponte da Independência ......................................................... 38

Instituto Politécnico ............................................................... 42

Exposição Internacional de 1922 ............................................. 51

PADROEIRA Santa Catarina DE ALEXANDRIA............................. 87


PREFÁCIO

As pesquisas foram realizadas em dois eixos principais, a saber:


a apresentação de elementos que ilustram o contexto da produção
artística na época da proclamação da independência em especial a
contribuição da família imperial desde a vinda de Don João IV e Dona
Carlota Joaquina com a corte Portuguesa e a Missão Francesa; a
vinda da Maria Leopoldina da Áustria e a missão Austríaca; A música
no contexto da independência; Dom Pedro I o Rei músico e
compositor de importantes hinos; o papel das ordens honoríficas; a
criação da nova bandeira imperial; a relação da junta governativa da
província de Santa Catarina com o governo imperial. O outro
enfoque são as celebrações para o centenário da independência que
ocorreram em todo Brasil com destaque para a exposição
internacional no Rio de Janeiro e em Santa Catarina com o início da
construção da Ponte da Independência, Instituto Polytechnico de
educação e diversas reformas urbanas além da oficialização pela
Santa Sé da Santa Catarina de Alexandria como padroeira no nosso
Estado. Também serão apresentadas obras artísticas, fatos
e personagens históricos de destaque na produção artística nacional
do período. Nas citações e transcrições de documentos de época
procurou-se manter a escrita na forma original.
PARTE 1 - AS ARTES NO
CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA
& CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA
IMPERIAL
DOM JOÃO IV E A MISSÃO FRANCESA.

FIGURA 1 FIGURA 2 -JEAN-BAPTISTE DEBRET - RETRATO DE DOM JOÃO VI

Com a vinda de Don João VI e a corte portuguesa em 1808,


houve uma formidável estruturação do Brasil. Houve
desenvolvimentos na economia, administração pública, na educação,
nas artes e ciências, com a criação de diversas instituições
importantes e a vinda de funcionários e cortesãos. Para citar alguns
exemplos concretos, foram criadas fábricas e academias militares,
escolas de medicina, O Banco do Brasil, o Museu Real, o Jardim
Botânico, o observatório astronômico, a Imprensa Régia, etc. No
campo das artes e cultura temos a Biblioteca Nacional, o Teatro São
João, a Escola Nacional de Belas Artes e a vinda dos mais
prestigiados músicos e cantores da corte portuguesa e em seguida a
vinda da missão Francesa com artistas plásticos. O contexto cultural
do período da independência contou, portanto com grande
contribuição de Dom João VI, por isso reconhecido como um amante
e incentivador das artes.

Graças ao patrocínio e a estrutura construída a mando do rei Don


João VI foi possível realizar em solo nacional apresentações das
óperas de Rossini e Mozart que eram as mais reverenciadas na
europa. Desse modo, tal qual ocorria nas cortes europeias, o monarca
servia-se da alta qualidade musical patrocinada como expediente
para louvar e celebrar o próprio nome e de outros membros da
família imperial, como revela a descrição do concerto em celebração
do aniversário da princesa Leopoldina em 1819.

Estava o Theatro rica e profusamente iluminado


com globos e mangas de vidros de diferentes grandezas
e variadas formas, e era brilhantíssimo o concurso de
pessoas distintas vestidas em grande gala, com a maior
elegância e riqueza. Logo que Apareceram Sua
Majestade e Altezas Reais, se deram unânimes Vivas a
EL-REI Nosso
Senhor, repetidos com exaltado entusiasmo. Recitou
-se um elogio alegórico acompanhado de música e
ornado com as efígies de SS. MM. e de SS. AA. RR. o
Príncipe e Princesa Real.

Além da música, a arquitetura e as artes plásticas receberam apoio


durante o periodo do reinado de Don João VI. Um fato notável para
as artes em território nacional foi a vinda da Missão Francesa em
1816 composta por prestigiados artistas. Entre outros vieram Debret
, Jacques Lebreton, Taunay e Grandjean de Montigny.

A presença desses artistas deu novo impulso à vida cultural da Corte


e corroborou com a influência neoclássica nas artes plásticas e
arquitetura. Para organizar o estabelecimento desses artístas Don
João VI decretou a criação da ESCOLA REAL DAS CIÊNCIAS, ARTES E
OFÍCIOS (Escola de Belas Artes):

Decreto de 12 de agosto de 1816[8]:

Atendendo ao bem comum que provem aos meus fiéis vassalos de se estabelecer
no Brasil uma Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, em que se promova e
difunda a instrução e conhecimentos indispensáveis aos homens destinados não
só aos empregos públicos da administração do Estado, mas também ao
progresso da agricultura, mineralogia, indústria e comércio, de que resulta a
subsistência, comodidade e civilização dos povos, maiormente neste Continente,
cuja extensão, não tendo ainda o devido e correspondente número de braços
indispensáveis ao amanho e aproveitamento do terreno, precisa dos grandes
socorros da estatística para aproveitar os produtos, cujo valor e preciosidade
podem vir a formar do Brasil o mais rico e opulento dos Reinos conhecidos;
fazendo-se portanto necessário aos habitantes o estudo das Belas Artes com
aplicação e referência aos ofícios mecânicos, cuja prática, perfeição e utilidade
depende dos conhecimentos teóricos daquelas artes e difusivas luzes das
ciências naturais, físicas e exatas; e querendo para tão uteis fins aproveitar
desde já a capacidade, habilidade e ciência de alguns dos estrangeiros
beneméritos que tem buscado a minha real e graciosa proteção para serem
empregados no ensino e instrução pública daquelas artes: Hei por bem, e
mesmo enquanto as aulas daqueles conhecimentos, artes e ofícios não formam a
parte integrante da dita ESCOLA REAL DAS CIÊNCIAS, ARTES E OFÍCIOS
que eu houver de mandar estabelecer; se pague anualmente por quartéis a cada
uma das pessoas declaradas na relação inserta neste meu real decreto, e
assinada pelo meu Ministro e Secretário de Estados dos Negócios Estrangeiros
e da Guerra, a soma de 8:032$000 em que importam as pensões, de que por um
efeito da Minha Real Munificência e Paternal zelo pelo bem público deste
Reino, lhes faço mercê para a sua subsistência, pagas pelo Real Erário
cumprindo desde logo cada um dos ditos pensionários com as obrigações,
encargos e estipulações que devem fazer a base do contrato, que ao menos pelo
tempo de seis anos hão de assinar, obrigando-se a cumprir quanto for tendente
ao fim da proposta instrução nacional, das belas artes, aplicadas à industria,
melhoramentos e progresso das outras artes e ofícios mecânicos. O Marquês de
Aguiar, do Conselho de Estado, Ministro Assistente ao Despacho do Gabinete e
Presidente do Meu Real Erário, o tenha assim entendido, e faça executar com os
Despachos necessários, sem embargo, de quaisquer Leis, Ordens, ou
Disposições em contrário. Palácio do Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1816 -
com rubrica de Dom João VI.

Relação das pessoas a quem por decreto desta data o Príncipe Regente manda
dar pensões anuais:

Ao Cavaleiro Joaquim Lebreton, diretor


...................................................1:600$000

Pedro Dillon[9], secretário.................................................800$000

João Batista De Bret, pintor de história


....................................................800$000

Nicolau Antônio Taunay, pintor


................................................................800$000

Augusto Taunay, escultor


..........................................................................800$000

Augusto Henrique Vitório Grandjean de Montigny, arquiteto


..................800$000
Simão Pradier, abridor.................................................................800$000

Francisco Ovide, professor de mecânica


…...............................................800$000

Carlos Henrique Levasseur


.......................................................................320$000

Luiz Simphoriano Meunié..................................................................320$000

Francisco Bonrepos ….....................................................................192$000

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1816 - com rubrica de Dom Fernando José de


Portugal e Castro, o Marquês de Aguiar[10].

E em 1820 decretou a criação da REAL ACADEMIA DE DESENHO,


PINTURA, ESCULTURA E ARQUITETURA CIVIL

Decreto de 12 de outubro de
1820[23]:

Tendo consideração a que as artes


do desenho, pintura, escultura e
arquitetura civil, são indispensáveis à
civilização dos povos, e instrução
pública dos meus vassalos, alem do
aumento e perfeição que podem dar
aos objetos de indústria, física e
história natural: Hei por bem
estabelecer em benefício comum
nesta cidade e Corte do Rio de
Janeiro, uma Academia, que se
denominará - REAL ACADEMIA DE
DESENHO, PINTURA, ESCULTURA E
ARQUITETURA CIVIL….
Por volta de cinco meses depois da criação oficial da “Academia Real
e Escola das Belas Artes”, no dia 24 de abril de 1821 Dom João
VI retornou para Portugal, deixando Dom Pedro I como seu
representante no Brasil. Só em 1826, após a independência que seria
construída a Escola Nacional de Belas Artes onde ministravam cursos
de diversas modalidades artísticas.
FIGURA 2 IMAGEM DE MARC FERREZ DE 1891 DA FACHADA DA ANTIGA ACADEMIA
IMPERIAL DE BELAS ARTES (ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTES) NO RIO DE
JANEIRO, BRASIL. ESTE EDIFÍCIO FOI DEMOLIDO EM 1938.
A arquitetura original da fachada da Escola Nacional de Belas Artes
deixa evidente essa influência neo-clássica,
neo clássica, o frontão triangular, as
colunas e estátuas que remetem à Grécia ou Roma antiga.

Debret teve grande importância registrando cenas do cotidiano e


paisagens nacionais, retratos da família imperial, celebrações
importantes e foi um dos o responsáveis pela elaboração da bandeira
do Brasil para D. Pedro I
FIGURA 3 COROAÇÃO DE D. PEDRO I DO BRASIL, POR JEAN-BAPTISTE DEBRET

Poucos meses depois, Com a elevação do Brasil ao grau de Império e


a sagração de D. Pedro I como Imperador, determinou-se em 1º de
dezembro de 1822 a substituição da coroa real pela coroa imperial
nas armas do Brasil,[7] e conseqüentemente, na bandeira do Império.
FIGURA 4 BANDEIRA DO IMPÉRIO DO BRASIL DURANTE O PRIMEIRO REINADO E
PARTE DO SEGUNDO REINADO
NADO (1º DE DEZEMBRO DE 1822 — C. 1853), COM 19
ESTRELAS.

As armas imperiais do Brasil, pintadas na


bandeira, consistem em um escudo verde
encimado por uma coroa imperial
im e no meio
do qual uma esfera celeste dourada enfeixa a
cruz da Ordem de Cristo. É nessa esfera
cercada por um círculo composto de dezenove
estrelas de prata sobre campo azul-celeste,
azul
correspondentes às províncias do Império
brasileiro. Dois ramos, um
u café com flores e
frutos, colocado à esquerda, e outro de
tabaco, também em flor, colocado à direita,
reúnem
reúnem-se em sua extremidade inferior pela
roseta nacional e servem de suporte ao escudo
plantado no meio de um losango amarelo-ouro
amarelo
que ocupa todo o centro
ce da bandeira.
FIGURA 5 (DETALHES SIMBÓLICOS DA BANDEIRA IMPERIAL POSTERIOR)

Na coroação de Dom Pedro I foi lançada a ordem honorífica do


cruzeiro, a primeira ordem genuinamente brasileira. Foi destinada a
premiar brasileiros e estrangeiros e sua maior distribuição ocorreu no
dia da coroação e sagração de D. Pedro I.
AS ORDENS HONORÍFICAS

As ordens honoríficas tem suas origens nas ordens militares e


religiosas criadas na época das cruzadas e da Reconquista cristã da
Península Ibérica. A primeira ordem militar religiosa surgiu em 1120,
em Jerusalém. Tratava-se da Ordem do Templo, dos lendários
cavaleiros templários. Essa ordem foi extinta pelo papa Clemente V
em 1312. Perseguidos na França por Luis IV, os templários foram
acolhidos em Portugal sendo rei D. Dinis que instituiu por meio do papa João
XXII a Ordem de Cristo em 15 de março de 1319. O emblema da ordem, a
Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das Caravelas que chegaram no
Brasil em 1500. Pedro Álvares Cabral era cavaleiro da Ordem de
Cristo.

Com origem na aristocracia cristã na Europa medieval, as


condecorações honoríficas são objetos artísticos de valor simbólico
tais como por mantos, medalhas e faixas concedidas originalmente
como prêmio por serviços prestados à Igreja e mais modernamente
ao Rei ou ao Estado. Tradicionais entre as cortes e aristocracia
européia, as condecorações honoríficas eram símbolos de status e
distinção social. Na independência do Brasil foram lançadas novas
condecorações. A farta distribuição de condecorações durante o
primeiro império contribuiu para angariar apoio e fidelidade entre os
governantes e autoridades das províncias.

Muitos padres constavam nas listagens de condecorados,


especialmente na Ordem de Cristo. Os serviços religiosos tinham
grande importância para o poder central, visto que, muitas vezes, os
párocos eram os únicos representantes deste poder na localidade.
Isto porque os vigários eram designados pelo imperador, devido à
subordinação da Igreja ao Estado, para atuarem nas diversas
paróquias.

No período do Primeiro Reinado entre 1822-1831 encontravam-se no


Brasil as três ordens militares portuguesas - Ordem de Cristo, de São
Bento de Avis e de Santiago - e as ordens civis criadas pelo
imperador, Don Pedro I - Ordem do Cruzeiro, de Don Pedro I e da
Rosa.

A Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul foi a principal ordem honorífica


criada no contexto da independência. Foi criada em 1 de dezembro de
1822 por Dom Pedro I, menos de três meses após a independência,
como símbolo do poder imperial. Houve uma tentativa de vincular as
insígnias das Ordens ao Império nascente, na tentativa de construção
de uma identidade própria que se desvinculasse da identidade
portuguesa através de cores próprias e de símbolos ligados às
províncias do Brasil

A comenda foi abolida com a primeira constituição republicana em


1891 e restabelecida com a denominação de Ordem Nacional do
Cruzeiro do Sul em 5 de dezembro de 1932 pelo presidente Getúlio
Vargas passando a ficar restrita a personalidades estrangeiras
configurando-se um ato de relações exteriores. É a mais alta
condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.
FIGURA 6 RAINHA ELIZABETH II EXIBE O "GRANDE-COLAR"
COLAR" E A PLACA DA ORDEM
NACIONAL DO CRUZEIRO DO SUL. (FOTO: RICARDO
RICAR DO STUCKERT/PR, 2006)
2006
Outra ordem criada por Don Pedro em 1826 leva o seu nome.

Decreto de 16 de Abril de 1826

Crêa a Ordem de Pedro Primeiro, Fundador do Imperio do


Brazil

Querendo marcar de uma maneira distincta a época, em que


foi reconhecida a Independencia deste vasto Imperio, que
Tive a glória de Fundar, e do qual Sou o Primeiro Imperador
Constitucional: Hei por bem Crear uma Ordem com a
denominação de-Ordem de Pedro Primeiro Fundador do
Imperio do Brazil-, a qual terá as Graduações, Insignias, e
Estatutos que Eu for Servido Estabelecer.(...)

JUNTA GOVERNATIVA DE SANTA CATARINA

Em Santa Catarina os membros da junta governativa agradecem a


Sua Magestade Imperial pelas condecorações recebidas de Cavaleiros
da Ordem Imperial do Cruzeiro pelo minístro José Bonifácio

Ilustrissimo e Excelentíssimo Senhor

Os Membros da Junta Provisória do Governo da Província


de Santa Catarina , abaixo assinados , sobremodo
sensíveis à honra que Vossa Excelência lhes fez ,
apresentando a Sua Majestade Imperial a súplica que lhes
dirigiram , pedindo a Mercê do Grau de Cavaleiros da
Ordem Imperial do Cruzeiro , com que se acham
Condecorados; vão por este modo à Presença de Vossa
Excelência rogar - lhe um novo favor, qual é o de levar
aos pés do Trono Augusto do Imperador; com novos, e
ardentes protestos de amor e fidelidade A Sua Sagrada
Pessoa; seus humildes agradecimentos pela Mercê com
que os honrou , e distinguiu , a qual só merecem pelos
grandes desejos que os animam de acertarem , e serem
úteis ao Serviço do Estado e de Sua Majestade, em que
gostosamente se empregam , e se empregaram ,
anelando por ter ocasiões em que possam ser agradáveis
a tão Justo, como Munificente Soberano .

Os abaixo - assinados esperam da reconhecida bondade


de Vossa Excelência mais este favor que solicitam , e
aproveitam a oportunidade para oferecerem a Vossa
Excelência seus serviços, e os sinceros votos que formam
pela conservação da Ilustre Pessoa de Vossa Excelência ,
a quem Deus Guarde por muitos anos ,

Vila do Desterro 4 de março de 1823 .

De Vossa Excelência .

Os muito humildes e obedientes Servos .

Ilustrissimo e Excelentíssimo Senhor José Bonifácio de


Andrada

e Silva .

O Presidente Jacinto Jorge dos Anjos Corrêa .

O Secretário José da Silva Mafra .

Francisco Luís do Livramento .

Joaquim de Santana Campos .

POLIANO, Luiz Marques. Ordens honoríficas do Brasil (história, organização,


padrões, legislação). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943.

Silva, Camila Borges da; A “pedagogia da adesão”: o papel das ordens


honoríficas na promoção da “causa do Brasil” (1822-1831)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ,
Brasil.Disponível em:
https://www.scielo.br/j/alm/a/c9TfLDbWSDhPTwQttjk57VM/?lang=pt
DONA LEOPOLDINA E A MISSÃO AUSTRÍACA.

Maria Leopoldina da Áustria nasceu em 22 de janeiro de 1797, no


Palácio de Hofburg, na cidade de Viena, Áustria. Era filha do
Francisco II último imperador do Sacro Império Romano-Germânico e
pertencia, portanto a uma das mais antigas e poderosas dinastias da
Europa, os Habsburgo, que reinou sobre a Áustria de 1282 até 1918.

FIGURA 7 - PALÁCIO DE HOFBURG, ONDE NASCEU MARIA LEOPOLDINA DA ÁUSTRIA


Dona Leopoldina participou do processo de independência presidindo a reunião de
estado que decidiu pela proclamação.

FIGURA 8 - SESSÃO DO CONSELHO DE ESTADO DE GIORGINA DE ALBUQUERQUE (A


PINTURA MOSTRA DONA LEOPOLDINA, ENTÃO PRINCESA REAL-REGENTE DO REINO
DO BRASIL, PRESIDINDO A REUNIÃO DO CONSELHO DE MINISTROS EM 2 DE
SETEMBRO DE 1822.)

A obra foi exposta pela primeira vez como parte da Exposição de Arte
Contemporânea e Arte Retrospectiva do Centenário da
Independência, inaugurada em 12 de novembro de 1922.
Atualmente, encontra-se no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro
Dona Leopoldina chega ao Brasil em 4/11/1817 trazendo uma grande
coleção de partituras, incluindo manuscritos feitos em homenagem a
ela. Na comitiva da arquiduquesa veio um grupo de naturalistas e
artistas que no Brasil realizou um vasto trabalho de catalogação,
desenho e coleção de espécimes. Dos trabalhos desta expedição que
ficou conhecida como missão austríaca derivou-se a coleção a
chamada Flora Brasilienses disponível em:
http://florabrasiliensis.cria.org.br/index

FIGURA 9 MUSICA NA FRAGATA AUSTRIA - THOMAS ENDER, ARTISTA QUE VEIO


COM A COMITIVA DA DONA LEOPOLDINA

Na época, Viena era o epicentro da música clássica, onde estavam os


mais ilustres compositores, tais como Haydn, Mozart e Beethoven,
Schubert e muitos outros. O aprendizado de música era parte
integrante da formação da nobreza.

Nessa carta enviada ao irmão, Francisco, em 1º de janeiro de 1818 (


o violão na corte imperial, pg 35 escrita originalmente em
alemão) Dona Leopoldina narra sua rotina diária de estudos de
música com Dom Pedro I atestando o grande apreço que o casal
nutria pela música.

Levanto-me todos os dias às seis horas, pois já às nove e meia


costumo ir dormir, meu esposo assim gosta; aqui não é
costume frequentar o teatro salvo quando há grande gala.
Depois, das sete até as dez horas, saio e ando a cavalo; então
venho para casa, visito o rei para o beija-mão e em seguida
vem o meu professor de gramática portuguesa e latim. A uma
hora estudo violão e, com o meu esposo, piano; ele toca viola e
violoncelo, pois toca todos os instrumentos de corda, assim
como os de sopro.
A MÚSICA NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA

Em 2016 um ano antes da vinda da Dona


Leopoldina, a pedido da corte de Don João veio ao Brasil um dos mais
prestigiados compositores austríacos da época, Sigmund Neukomn
que deu aulas para a arquiduquesa e seu marido Dom Pedro I.

FIGURA 10 FIGURA 10 SIGISMUND VON NEUKOMN

Neukomm deixou um notável legado musical do Brasil compondo 70


obras no Brasil incluíndo Missa de Aclamação de Don João IV realizada
em 1818 e a primeira sinfonia composta em território nacional e foi
professor de Francisco Manoel da Silva autor do Hino Nacional.
Tendo sido um dos alunos mais destacados de Haydn e convivido com
os melhores músicos de sua época, Neukomn não hesitou em
declarar o Padre josé Maurício Nunes o maior improvisador que ja
viu.
FIGURA 11 RETRATO DO PADRE JOSÉ MAURÍCIO NUNES GARCIA MAIOR
COMPOSITOR BRASILEIRO DA ÉPOCA

Antes mesmo da vinda dos prestigiados compositores europeus


atuava no Brasil um dos maiores compositores nacionais de todos os
tempos; neto de escravos, o Padre José Nunes Garcia foi autor de
mais de 240 obras. Com a vinda da corte portuguesa em 1908 o
talento do padre José Nunes Garcia foi logo reconhecido por Don João
IV e Dona Carlota Joaquina, assim o compositor foi contratado como
mestre da recém criada Real Capela e recebeu diversas encomendas.

Em 1811, o talento do Padre José Maurício Nunes Garcia seria


relativente obliterado pela vinda de Marcos Portugal que passou a
receber as principais encomendas para a Família Imperial incluíndo o
Requiem em homenagem a D. Maria I e o hino da coroação de Don
João VI. O Compositor português era celebrado na Europa e
considerado o maior compositor portugues de óperas tendo sido o
principal professor de música de Dom. Pedro I. O Hino da
Independência possui duas versões, a mais consagrada atribuída a
Dom Pedro, e a versão mais rebuscada de Marcos Portugal

FIGURA 12 MARCOS PORTUGAL, CÉLEBRE COMPOSITOR PORTUGUES - GRAVURA DE


CHARLES-SIMON BASEADA EM UMA PINTURA DE DEBRET.
A MÚSICA NO CONTEXTO CATARINENSE

Desde o sec. XVIII as associações religiosas eram as principais


fomentadoras de apresentações musicais dentro de cerimônias e
procissões religiosas. Na Ilha de Santa Catarina havia a Venerável
Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, instalada em 1745, a
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de 1750 e a
Irmandade do Senhor Jesus dos PAssos, instituída em 1765.

Essas associações continuavam em vigor durante a época da


independência e entre 1817 a 1828 o Padre Domingos Coutinho
era o músico mais atuante em Desterro. Um fato curioso da
biografia do Padre Domingos Coutinho e do Padre José Nunes Garcia
é que ambos tem filhos que seguiram a carreira de músicos,
exemplificando que na época não era raro que padres deixassem
herdeiros. Assim, seu filho João Francisco de Souza Coutinho
entre 1845 a 1856 foi o mais atuante em todas as associações
religiosas que promoviam apresentações musicais. Foi um dos mais
prolíficos músicos de Desterro como compositor, regente, organista,
instrumentista e professor de música. Estudou com Francisco Luiz do
Livramento e Francisco de Souza Fagundes. Além disso atuou em
diversos cargos públicos importantes incluíndo a vice-presidência da
Província de Santa Catarina. Irmão ministro da Ordem Terceira e
fundador e diretor da Sociedade Philarmônica. Compôs o Hymno
Catharinense (1934) para a comemoração9 do dia da Independência
e o Hymno a suas Magesatdes Imperiaes escrito para a ocasião da
visita do casal imperial à capital em 1845.
Referências: GUTJAHR, Simone, A música em Desterro, prêmio Elisabete
Anderle, Florianópolis, 2017

DOM PEDRO, O REI MÚSICO

Tendo aulas com os melhores músicos de seu tempo, Dom Pedro


tornou-se reconhecido pelas habilidades músicais: cantava, regia, e
tocava vários instrumentos, como piano, flauta, clarinete, violino,
baixo, trombone, harpa e violão e recebeu aplausos especialmente
como compositor em diversos gêneros.
Don Pedro compôs diversas obras, entre as mais conhecidas estão o
Hino a D. João, composto em 1917, em 1821 compôs o Hino
Constitucional, está entre os hinos luso-brasileiros mais bem
sucedidos, pois acabou por se instituir oficialmente como hino
nacional português até a Proclamação da República em 1910; e
também o Hino da Independência que é a sua composição mais
consagrada no Brasil, sobre a letra de Evaristo Ferreira da
Veiga (“Brava gente brasileira…”). Um fato curioso envolve a Marcha
de Ituzaingó que teria sido escrita, em 1827, para ser usada para
celebrar a vitória das tropas brasileiras na guerra contra as Províncias
Unidas do Rio Prata, mas que com a derrota da tropa imperial
brasileira foi capturada pelas tropas argentinas que venceram a
batalha e atualmente é utilizada para saldar a presença do presidente
de lá.

Pode ser escutada no seguinte link


https://www.youtube.com/watch?v=75g5nwgiBjM&t=2s

Don Pedro também compôs músicas religiosas tais como:


Responsório para São Pedro de Alcântara (Mortuus est) 7 2. Antífona
de Nossa Senhora, em Dó maior (Sub tuum praesidium) 8 3. Credo
do Imperador (Credo, Sanctus e Agnus Dei da Missa de Nossa
Senhora do Carmo, em Dó maior). Hino de Ação de Graças, em Dó
maior (Te Deum) Exemplos de sua música religiosa podem ser vistos
no Acervo Musical do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro
Um dos fatos que atesta o pendor musical de Don Pedro e o seu
prestígio como músico foi quanto teve a sua música apresentada no
Teatro Italiano em Paris com a presença da corte francesa e regida
por Rossini que elogiou a obra. Em 2018 foi lançado um livro
(Conversations with Rossini, Pallas Athene, 2018) com relatos sobre
esse episódio em um diálogo entre dois dos mais prestigiados
compositores da época.

NEUKOMM: Eu aceitei o posto de mestre de capela como


professor do jovem príncipe Pedro, que tinha verdadeiro amor
pela música. Ele foi devotado ao ponto de compor por conta
própria.

ROSSINI: Ele foi muito generoso ao me enviar uma


condecoração (Rossini foi condecorado Cavaleiro da Ordem da
Cruz do Sul). Depois, quando ele chegou em Paris, de alguma
forma contra a sua vontade, eu o agradeci por aquilo. Como eu
tinha ouvido falar sobre as composições de sua autoria, propus
que ele deveria apresentar algumas delas no Theatre Italien,
uma proposta que ele aceitou com muito gosto.

NEUKOMM: Ele teria conduzido por conta própria se você


tivesse perguntado!

ROSSINI: Não era possível! Ele me enviou a cavatina, que eu


adicionei uma explosão de tons de trombone. Teve uma boa
perfomance no Theatre Italien e foi bem recebida. Dom Pedro
parecia muito feliz sentado em sua box. De qualquer forma, ele
me agradeceu de forma muito amistosa depois.
HILLER: Eu me lembro da Condessa B me contar como Dom
Pedro chegou nas Tulherias totalmente desfigurado naquela
noite. Ele disse ter sido a experiência mais feliz de toda a sua
vida. A condessa disse que, para um homem que acabara de
perder um império, aquelas demonstrações de entusiasmo
eram até estranhas. Eu sugeri a ela que as coisas mais
importantes da vida não necessariamente são aquelas que nos
proporcionam o maior prazer.

https://estadodaarte.estadao.com.br/conversas-geniais-quando-dom-pedro-i-
conheceu-rossini/

https://www.youtube.com/watch?v=75g5nwgiBjM

http://www.acmerj.com.br/CMRJ_CRI_SM53.htm (partituras originais de Don


Pedro)

http://www.drzem.com.br/2013/09/a-historia-do-hino-da-independencia-uma.html

https://musicabrasilis.org.br/temas/d-pedro-i-do-brasil-iv-de-portugal-hinos-e-
marcha-imperial

https://www.revistas.ufg.br/musica/article/view/28014/16043
PARTE 2 – MONUMENTOS E
CELEBRAÇÕES DA
INDEPENDÊNCIA
A PRIMEIRA CELEBRAÇÃO EM SOLO
CATARINENSE

No dia 7 de setembro foi dado o famoso grito da independência, mas a


data que teve mais destaque na época foi o 12 de outubro quando houve a
aclamação de Dom Pedro I, no dia do seu aniversário. A aclamação da
independência foi motivo de celebrações em diversas partes do Brasil.

FIGURA 13 ACLAMAÇÃO DE DOM PEDRO I NO CAMPO DE SANT'ANA, POR JEAN-


BAPTISTE DEBRET

No dia 16 de outubro, a junta governamental que governava a Província


de Nossa Senhora do Desterro assinou a seguinte carta em louvor à nova
majestade Imperial Don Pedro I e relatando as celebrações realizadas em
Solo Catarinense pela independência do Brasil e aclamação ao novo
Imperador.

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor


O procedimento capcioso, e iníquo das Cortes de Portugal a
respeito do Brasil embaído, e vilipendiado por elas , fez
germinar entre os habitantes desta Província ; bem como entre
todos os bons Brasileiros em geral, o desejo de Proclamarem a
Independência deste Império, Aclamando ao mesmo tempo
novo Chefe do Poder Executivo : Mais se exacerbaram os
ânimos , já tão justamente ressentidos , com a notícia das
últimas medidas tomadas pelo Congresso de Lisboa ; medidas
abertamente hostis , subversoras da liberdade do Brasil, e da
sua Dignidade como Reino, e inteiramente opostas à sua
vontade expressada por alguns de seus mais dignos Deputados
; cujos clamores têm sido menos cabados e desatendidos pela
facção dominante naquele Congresso : Com a chegada e
conhecimento do Edital de 21 de setembro próximo passado
publicado pela Câmara dessa Corte , foi geral o alvoroço , e a
disposição difundida por todas as classes para se imitar aqui o
brioso e patriótico proceder dos Fluminenses : E a Junta do
Governo Provisório , conquanto estava convencida da
necessidade de pôr-se em execução o manifestado desejo do
Povo, quis obrar com toda a circunspecção e regularidade em
negócio de tão alta ponderação ; e por isso convidou as
Autoridades Constituídas da Província , tanto Civis, como
Militares à Seção do dia 7 do corrente ; e na Cópia aqui inclusa
da Ata da Seção daquele dia , verá Vossa Excelência a
exposição que o Governo lhes fez , e a resposta que unânimes
deram às referidas Autoridades : Finalmente raiou o para
sempre memorável, e faustíssimo Dia 12 de outubro, e unido o
Governo com a Câmara nos Paços do Conselho, em presença de
toda a Tropa da Primeira, e Segunda Linhas, e de
numerosissimo Concurso de habitantes de todas as condições ;
foi proclamada pelo Presidente da mesma Câmara a
Independência do Brasil , e Aclamado Imperador Constitucional
deste Império O Senhor Dom Pedro Primeiro, que fora até
então o seu Regente; cuja Proclamação e Aclamação foi
recebida, correspondida com o mais decidido entusiasmo, e
vivas e repetidas demonstrações do mais puro regozijo ; sendo
muito para louvar a harmonia e concordia que se observou em
toda esta solenidade, o que prova incontestavelmente que
todos conheciam a necessidade, e a justiça desta tão feliz
mudança , e que ao menos nesta Província, não há dissidentes
da Santa Causa . Esperamos com razão, que este grande passo
, que acabamos de dar, terá sido dado pelas mais Províncias do
Império, e será louvado pelos presentes, e vindouros, porque,
proclamando a nossa independência, usamos de um direito
inauferível, e que se nos não pode negar sem injustiça , e
Aclamando Nosso Imperador ao Senhor Dom Pedro Primeiro,
demos-Lhe o que lhe era devido por seu Nascimento, e ainda
mais pelas raras virtudes , que tem ostentado no exercício

de Sua Benéfica Regência , com as quais , tendo granjeado o


mais acrisolado amor dos Brasileiros , tinha já em seus
Corações o mais seguro , e esplêndido Trono .

A Junta do Governo, que tem a glória de fazer a Vossa


Excelência esta agradável participação; nomeou um de seus
Membros para ir, por tão plausível motivo, cumprimentar A Sua
Majestade Imperial; e enquanto ele se não apresenta; roga a
Vossa Excelência o favor de levar aos Pés do Trono Augusto do
Imperador a expressão humilde e verdadeira dos sinceros votos
que esta Junta, e habitantes desta Província formam pela
conservação da Excelsa Pessoa de Sua Majestade Imperial, da
Imperatriz, e da Sua Adorável Família, desejando que O Mesmo
Senhor Se Digne Aprovar o nosso comportamento, e se sirva
aceitar benígno a homenagem respeitosa do amor, fidelidade e
submissão, que gostosos Lho tributamos.

Deus Guarde a Vossa Excelência muitos anos . Vila do Desterro


16 de outubro de 1822 .

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor José Bonifácio de Andrada


e Silva .

Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império e


Estrangeiros.

O Presidente, Jacinto Jorge dos Anjos Corrêa .

O Secretário José da Silva Mafra .

João de Bitencourt Pereira Machado e Sousa .

Francisco Luís do Livramento .

Joaquim de Santana Campos .


PONTE DA INDEPENDÊNCIA

Objeto do acerto: foto acima

Florianópolis era, no início da década de 1920, uma pacata cidade de


aproximadamente 40.000 habitantes, situada somente na ilha de
Santa Catarina, dependia totalmente de barcos para suas ligações
com o continente. Pessoas e mercadorias realizavam diariamente a
travessia, em geral pela Empresa Valente, que explorava as barcas
de PASSAGEM, o gado vivo realizava a travessia a nado. Apesar de
haver horários regulares para as barcas de travessia das pessoas, as
condições do tempo influíam nesse trânsito.
Essa precariedade histórica de se acessar a Ilha Capital foi utilizada
diversas vezes como argumento para propor a mudança da sede
administrativa do Estado para um município continental. O próprio
governador Hercílio Luz (1918-24) chegou a solicitar, na década de
1920, um projeto para transferência da capital para a região do
planalto de Lages, às margens do rio Canoas. Contudo, com a
decisão de construir a Ponte da Independência, a Ilha Capital foi
ligada a parte continental do Estado por meio de um grande
monumento que justificava a permanência da Ilha de Santa Catarina
como capital do Estado.

Na assinatura do primeiro contrato para a construção da Ponte


Metálica Sobre o Estreito, celebrado em 28 de setembro de 1920,
data natalícia de Hercílio Luz, o objetivo era inaugurá-la no dia do
Centenário da Independência do Brasil, ou seja, 07 de setembro de
1922, e batizá-la com o nome de Ponte Independência.
Porém uma série de acontecimentos, como o atraso na liberação dos
empréstimos feitos pelo governo, fez o projeto passar por mudanças
importantes e adiar esse sonho. Então, somente em novembro de
1922 que a empresa americana Byington & Sundstron com sede em
São Paulo, a escolhida para a construção da ponte, deu início as
obras. Ao seu turno um pool de empresas americanas foi responsável
pelo fornecimento da estrutura da ponte, desde o projeto, elaborado
pela Steimann & Robinson, ficando a cargo da United States Steel
Products Company os componentes metálicos e finalmente à
American Bridge Company a concepção do projeto.

FONTES:

Imagem 1 texto 1 dez-19: WWW.acervodigital.iphan <acesso 04 nov 2019

Imagem 2 texto 1 dez-19: Revista Careta, RJ, 1923.

Imagem 3 texto 1 dez-19: WWW.acervodigital.iphan <acesso 04 nov 2019

Imagem 4 texto 1 dez-19: WWW.acervodigital.iphan <acesso 04 nov 2019


INSTITUTO POLITÉCNICO

objeto de exposição - Fotografia do Instituto e retrato do governador


Hercílio Luz

No início do sec. XX Florianópolis carecia de uma instituição de ensino


superior, desta carência educacional surgiu a intenção de criar o
Instituto Politécnico. O Governador Hercílio Luz cedeu a área de terra
para a construção do prédio do Instituto Plytechnico que carecia de
uma sede própria e funcionava desde 1907 em local alugado.

No dia 7 de Setembro de 1922, no dia em que se comemorava o


centenário da independência do Brasil, foi lançada a pedra
fundamental para a construção do novo edifício do Instituto
Polytechnico. Ao ato compareceram representaçoes politicas de varios
municipios catarinenses. O diretor de Obras Publicas, Dr. Olavo Freire
Jr representou o Governador.
Foram oradores: Jose Boiteux representando a diretoria do Instituto e
Juvenal Bacellar os discentes. No ato foi lavrada ata que com
moedas, gravuras do prédio, exemplares dos jornais "O Estado",
"Republica" e "Verdade", em caixa de cobre, foi colocada numa cova,
onde mais tarde erguerse-ia o predio. O Deputado Federal Joaquim
David Ferreira Lima, conseguiu carrear recursos do Ministerio da
Agricultura para auxiliar a construção do edifício. A Diretoria de
Viaçao e Obras Publicas organizou a planta de corte transversal.
A comunidade catarinense compreendendo os esforços dos
idealizadores do Instituto, deu seu apoio efetivo através de
banqueiros, industriais e comerciantes. No ano de l923 recebeu as
seguintes ofertas: um forro artístico de imbuia procedente de Rio
Negrinho destinado ã sala da Congregação. No dia 23 de outubro
começou a cobertura do Instituto com telhas francesas procedentes
de Joinville. Madeiramento para vários salas de aula procedentes de
Palmital, Brusque, Lauro Müller e São Bento. O Governo do Estado
doou a escada trabalhada e carteiras de aula tipo americanas. Em
l924 mais ofertas sao dadas oriundas de Urussanga e norte do
Estado, bem como a porta principal que foi ofertada pela direçao da
Estrada de Ferro Santa Catarina. Os amigos do Instituto entregam ã
José Boiteux 200$OOO para aquisição de um relógio. Até l924,
segundo dados fornecidos à imprensa pela Diretoria, haviam sido
despendidos 82I897$O0O, resultando num saldo de 2t869$OOO.
Com o propósito de homenagear o implantador do ensino superior em
Santa Catarina é feita uma lista de adesão para colocar o seu busto
no vestíbulo do novo prédio. O prédio tinha 682m2 e o terreno
720m2, sendo na época, depois do da Escola Normal, o maior.

Em 1922, Florianópolis passava por um forte processo de


modernização e embelezamento, com o início da construção da Ponte
da Independência, a grande reforma e ampliação da Catedral
Metropolitana e também a Avenida Hercílio Luz com construções que
marcaram essa época.

Referências:

Veiga, Eliana Veras da; Florianópolis Memória Urbana; 2° edição.


Fundação Frankin Cascaes; Florianópolis, 2008.

Vieira, Amazile de Hollanda; O INSTITUTO POLYTECHNICO NO

CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL DE FLORIANOPOLIS; Dissertação


submetida ã Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção de
Grau de Mestre em Histõria, Florianópolis, 1979

Alguns documentos oficiais demonstram a grande importância dada


pelos governantes catarinenses às celebrações da independência em
Santa Catarina e a participação catarinense na exposição
internacional no Rio de Janeiro.
A seguir recorte da mensagem apresentada ao congresso
representativo, em 16 de agosto de 1922, pelo Coronel Raulino Julio
Adolpho Horn, Presidente do mesmo Congresso, no exercício do cargo
de Governador do Estado de Santa Catarina.

(....A fim de que se promovam desta capital e nas


demais localidades do Estado festas commemorativas
da grande data que é a ephemeride de primeiro
centenario da nossa independencia, nomeeri pela
resolução n. 3081, de 8 de maio, uma comissão para
elaborar e executar, após a minha approvação, o
programma de festejos officiaes.

Essa comissão é composta dos srs. dr. José Arthur


Boiteux, deputados Joe Collaço e Fulvio Aduccei,
major José O´Donnel. Pedro Augusto Carneiro da
Cunha e dr. Carlos José da Motta de Azevedo Corrêa.

Reunida, sob a presidencia do primeiro, a comissão


organizou o seguinte programma, que fiz adoptar pela
Resolução n. 3.139, de 21 de junho:

a) Inauguração do Obelisco commemorativo da


fundação da cidade na praça Dias Velho (antigo largo
de S. Luiz) e do jardim no mesmo local;

b) Inauguração da Avenida Hercílio Luz, inclusive o


trecho que a liga à fererida praça Dias Velho;

c) Inauguração do jardim "Gustavo Richard à praça


17 de Novembro;
d) Offerta, em nome do Estado, de uma palma de
bronze "a commissão do monumento dos Andradas na
cidade de Santos, para ser ali collocada;

e) Determinação a todas as escolas do Estado para


que sejam cantados, a 7 de setembro, os humnos da
Independência e Nacional, sem prejuizo dos
programmas locaes;

f) Realização no mesmo dia, nesta cidade, de um


prestito cívico com parada escolar;

g) Formatura do Batalhão de Caçadores da Força


Pública;

h) Iluminação extraordinaria, embandeiramento geral


e festejos populares, inclusive cinema ao ar livre, na
praça General Osorio;

i) Auxílio Às publicações recommendados pela


Directoria do Instituto Histórico e Geographico de
Santa Catharina.

k) Convite a todos os municípios para que


commemorem devidamente o Centenáril executando.
na medida de suas forças, o dispositivo da Lei n.
1350, de 10 de setembro de 1921.

Exclusivamente para as escolas publicas foi


determinado o seguinte programma, que,
acompanhado de circular explicativa, o serc. Director
da Instrucção expediu aos respectivos professores:
Dia 7 de setembro - A festa terá início pouco antes
do meio dia, de modo que, exactamente a essa hora,
seja prestado o juramento à bandeira. ...)

A seguir recorte da mensagem apresentada ao congresso


representativo em 20 de abril de 1923 pelo Engenheiro Civil Hercílio
Pedro da Luz, governador do Estado de Santa Catarina

(...) “Em meio de patriótico enthusiasmo e com brilho


desusado, vimos decorrer no anno proximo findo o
primeiro centenário da independência nacional.

Dentre as festas, que nesta Capital e em todos os


pontos do Estado, se effectuaram para solennizar o fausto
acontecimento, releva notar as commemorações
escolares, que bem demonstraram que as nossas casas de
ensino vão cumprindo a sua grave missão de
propagadoras do sentimento civico.

Tendo participado das comemorações aqui realizadas


e de outras effectuadas fóra de Santa Catharina, já
concorrendo a Exposição Nacional, já fazendo-se
representar nos congressos científicos que, como padrões
do nosso progresso intelectual durante um século de
soberania, se reuniram no Rio de Janeiro, quis o Governo
do Estado fazer uma commemoração muito sua e muito
catharinense, , perpetuando em aço e granito o
enthusiasmo da geração que viu passar o primeiro
centenario da nossa independencia politica, e, mais do
que isso, perpetuando numa obra monumental e de real
utilidade publica, o espirito de iniciativa o valor moral e
economico dos homens que, no governo ou fóra delle,
trabalhavam em Santa Catharina no anno de 1922,

Esse marco do nosso préstimo será a Ponte


Independencia, de que, em outra parte desta mensagem
dos minuiciosa noticia. Com ella corrigiremos as
desvantagens que, para a nossa Capital, resultam de sua
situação insular; unimos assim, como já publicamente
uma vez me foi dado dizer, a cabeça ao corpo, resolvendo
corajosamente o problema da permanencia da capital em
Florianópolis, pois estavamos diante de um dilemma que
não padecia delongas: ou ligar a ilha ao continente ou
mudar a Capital. Mas Florianopolis, não só pelas suas
excellencias naturaes, como tambem pela sua historia,
bem merecia que não se lhe tirasse a primasia entre as
cidades de Santa Catharina.”
EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE 1922
O centenário da Independência foi muito celebrado, houve também
muitos debates sobre a definição de uma identidade nacional e
afirmação do Brasil como nação independente e moderna. A semana
da arte moderna é bastante lembrada como um marco na arte
nacional. Em Santa Catarina dava-se início a construção da ponte da
Independência (Ponte Hercílio luz) , um marco para a modernização
do Estado. Mas o maior evento nacional em celebração à
independência e um dos maiores da nossa história, que apesar disso
é pouco lembrado, foi a Exposição Internacional do Centenário da
Independência, realizada na cidade do Rio de Janeiro de 7 de
setembro de 1922 a 2 de julho de 1923.

O presidente da República Epitácio Pessoa deu


grande importância ao bicentenário da independência
e assinou o seguinte DECRETO Nº 4.175, DE 11 DE
NOVEMBRO DE 1920

Autoriza o Poder Executivo a promover, conforme


melhor convier aos interesses nacionaes, a
commemoração do Centenario da Independencia
Politica do Brasil

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do


Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu
sancciono a resolução seguinte:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a


promover desde já e conforme melhor convier aos
interesses nacionaes, a commemoração do
Centenario da Independencia Politica do Brasil,
acceitando a cooperação ou concurso de todas
classes sociaes, observadas as seguintes condições:
1ª Constituição de uma commissão idonea, que ficará
directamente subordinada ao Presidente da
Republica, para organizar o programma que resultar
do exame e coordenação dos projectos que forem
formulados pelos membros e commissões do
Congresso, Ministros, Prefeitura do Districto Federal,
Estados, municipalidades ou particulares; 2ª
Observação do criterio de preferencia para a
realização de uma Exposição Nacional na Capital da
Republica.

Art. 2º O Governo organizará o programma da


commemoração, submettendo-o ao conhecimento do
Congresso, com o pedido de credito necessario para
a execução da presente lei.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1920, 99º da


Independencia e 32º da Republica.

EPITACIO PESSÔA.
Alfredo Pinto Vieira de Mello

Assim, no Ano de 1922 foram realizadas diversas celebrações pelo


centenário da independência e maior delas foi a exposição
internacional que teve na abertura a primeira transmissão oficial de
rádio pelo Presidente Epitácio Pessoa
FIGURA 14 PRESIDENTE EPITÁCIO PESSOA

Foi um show memorável de magníficas obras arquitetônica, no


entanto para preparar o espaço para a realização da exposição foi
feita a destruição do Morro do Castelo com jatos d´ água incluindo a
demolição de obras de importância histórica do período colonial.
FIGURA 15 MORRO DO CASTELO ANTES DA DERRUBADA

https://vimeo.com/259029295

FIGURA 16- DERRUBADA DO MORRO DO CASTELO


Na celebração do centenário o Brasil queria afirmar-se como nação
moderna e independente, assim as obras que aludiam ao período
colonial sob domínio português não eram valorizadas como
patrimônios a serem preservados. Apesar disso, Portugal teve uma
destacada participação sendo a única nação a expor dois pavilhões e
na ocasião o chefe de estado de Portugal esteve presente pela
primeira vez no Brasil.

Os seguintes países, que participaram desta exposição: Argentina,


América do Norte, Bélgica, Dinamarca, França, Inglaterra, Itália,
México, Japão, Noruega, Suécia e Tcheco-Eslováquia..O Brasil teve no
total 6.013 expositores, representando todos os estados da
federação. Estima-se que mais de 3 milhões de pessoas participaram
da exposição.

29 estados e algumas cidades norte-americanas enviaram delegações


para a exposição. O governo dos Estados Unidos investiu um milhão
de dólares para construir um edifício que posteriormente serviria
como sua embaixada, além de outro (que custou 700 mil) para
abrigar as delegações de seu país.

Além dos pavilhões de cada um dos 13 países convidados e dos


expositores de todos os estados da Federação Brasileira, a exposição
contou com os seguintes pavilhões:

● Pavilhão da Administração;

● Pavilhão de Alimentação;

● Pavilhão da Estatística;
● Palácio das festas
● Pavilhão de Agricultura e Viação;

● Pavilhão das Pequenas Indústrias;

● Pavilhão das Grandes Indústrias;

● Pavilhão de Caça e Pesca;

● Pavilhão da Cervejaria Antarctica;

● Pavilhão das Joias;

● Pavilhão de Honra de Portugal.

Abaixo imagens dos principais pavilhões presentes na exposição internacional


de 1922:

FIGURA 17 ARCO DA ENTRADA


FIGURA 18 - PARQUE DAS DIVERSÕESE PALÁCIO DAS FESTAS.

FIGURA 19 ESPLANADA DO CASTELO


FIGURA 20 PAVILHÃO PORTUGUES
FIGURA 21 PAVILHÃO FRANCÊS
FIGURA 22PAVILHÃO JAPONÊS
FIGURA 23 - PAVILHÃO MÉXICO

FIGURA 24 - PAVILHÃO ARGENTINO


FIGURA
25 - PAVILHÃO TCHECOSLOVAQUIA

FIGURA 26 PAVILHÃO INGLATERRA


FIGURA 27 PAVILHÃO ITALIA
FIGURA 28 PAVILHÃO NORUEGA E BÉLGICA
FIGURA 29 RESTAURANTE FALCONI

FIGURA 30 PAVILHÃO MATARAZZO


FIGURA 31 PAVILHÃO DISTRITO FEDERAL
FIGURA 32 - PALÁCIO MONROE
FIGURA 33 - PRAÇA TIRADENTES
FIGURA 34 TEATRO MUNICIPAL

FIGURA 35 ENSEADA DE BOTAFOGO E PAVILHÃO MOURISCO

Outras imagens panorâmicas da exposição:


http://www.expo-museum.org/sbbwg/n281/n337/n406/u1ai24503.html9

A exposição de 1922 em comemoração ao bicentenário da


independência se inscreve na tradição das grandes exposições
universais iniciadas em Londres, em 1851. Embora um feito
grandioso e um dos maiores eventos da história do Brasil, não chega
á grandiosidade das maiores exposições européias e norte-
americanas. As exposições internacionais eram eventos dantescos, os
maiores do mundo, a glória da civilização industrial, atraindo milhões
de visitantes. Se faziam presentes representações de diversos países
que apresentavam seus magníficos pavilhões. As atrações incluíam,
além das obras arquitetônicas magníficas, as inovações tecnológicas,
apresentações artísticas e eventos desportivos que se relacionam
com a era moderna dos jogos olímpicos. Por exemplo, a torre Eiffel
foi inaugurada na Grande Exposição Internacional de Paris de 1889
que celebrava os 100 anos da Revolução Francesa.

A exposição de 1876 teve a presença do Imperador Dom Pedro II, na


figura constam ítens do relatório da participação Brasileira na
exposição. Da província de Santa Catarina temos o ítem 836 (
farinha de mandioca);837 (Farinha de trigo) e 838 outras mostras de
farinha, 848 farinha de arroz e mandioca; 852 polvilho.

FIGURA 36 PAVILHÃO BRASILEIRO NA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL EM FILADÉLFIA


1876
FIGURA 37 BRAZIL. COMMISSÃO, EXPOSIÇÃO UNIVERSAL, PHILADELPHIA, 1876.
CATALOGUE OF THE BRAZILIAN SECTION. [PHILADELPHIA, HALLOWELL & CO, 1876]
IMAGE. HTTPS://WWW.LOC.GOV/ITEM/05038220/.
FIGURA 38 - PAVILHÃO BRASILEIRO NA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE CHICAGO
1893
Figura 39 - poster da exposição e jogos olympicos de 1904 em Saint Louis

FIGURA 40 - VISÃO PANORÂMICA DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE CHICAGO


1893
A fotografia colorida artificialmente retrata Santos Dumont, o pai da
aviação, com o dirigível número 4, Sobrevoando o Globo Celeste na
exposição internacional de 1900 em Paris

https://santosdumontlife.blogspot.com/2012/02/how-santosdumont-
will-sail-over-new.html
O Brasil participou de todas as Exposições Universais realizadas
durante quase um século, primeiro somente na Europa e depois
também nos Estados Unidos: de início reunindo seus produtos em
algumas vitrines (Londres, 1851 e 1862; Paris, 1855 e 1867) e mais
tarde construindo jardins e edifícios admiráveis (Paris, 1889; Chicago,
1893; Saint Louis, 1904; Nova Iorque, 1939).

O grande destaque das representações brasileiras foi a premiação de


Francisco Marcelino de Souza Aguiar em Chicago e, depois, com o
projeto para o pavilhão do Brasil para a exposição de Saint Louis em
1904. Edifício que seria remontado no Rio como sede do Senado
Federal – o Palácio Monroe. O palácio também sediou a Comissão Executiva
da Exposição do Centenário da Independência do Brasil, a partir de junho de
1922 e integrou o conjunto arquitetônico das exposições internacionais

de 1908 e 1922 no Brasil.


FIGURA 41 PREMIADO PAVILHÃO BRASILEIRO NA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE
SAINT-LOUIS (1904), POSTERIORMENTE 8OREMONTADO NO BRASIL E NOMEADO
PALÁCIO MONROE
FIGURA 42 - LAURO MÜLLER NOS EUA

O Catarinense Lauro Müller foi o primeiro governador da província de


Santa Catarina no período da República e teve grande participação na
organização do pavilhão brasileiro na exposição internacional em
Saint-Louis em 1904. No ministério das Indústrias, Viação e Obras
Públicas a convite do presidente Rodrigues Alves, Lauro Müller
organizou os preparativos para a participação brasileira na Feira
Internacional de Saint-Louis. Organizou os produtos a serem
expostos, e sobre a construção do Pavilhão Brasileiro exigiu do
arquiteto Souza Aguiar que "Na construção do Pavilhão se terá em
vista aproveitar toda a estrutura, de modo a poder-se reconstruí-lo
nesta Capital. Posteriormente o Pavilhão foi reconstruído no Brasil e
integrou as exposições de 1908 no Rio de Janeiro que comemorava a
vinda de Don João VI e 1922 que celebrava o centenário da
independência.
FIGURA 43 PALÁCIO MONROE E ARCO DE ENTRADA DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DE 1922

“Numa edição dominical, o jornal The St. Louis Republic dedicou toda
a primeira página à obra brasileira. Era pura exaltação: “Observando,
procura-se em vão uma simples falha, um ponto onde a vista sinta a
aspereza de uma linha, onde uma curva, uma janela, qualquer
decoração desagrade. Essa construção representa um poema”.
(Fonte: Agência Senado)

O St. Louis Globe-Democrat informou: “O Brasil galhardamente


sobressaiu na recepção à distinta comitiva presidencial. Roosevelt se
recordará do Brasil e da exposição por toda a vida.” Fonte: Agência
Senado
Apesar de ter sido celebrada, admirada e premiada
internacionalmente, o Palácio Monroe foi demolida em 1974 com o
apoio do arquiteto Lúcio Costa, um dos responsáveis pela construção de

Brasília, que desprezava obras de estilo eclético.

https://epoca.oglobo.globo.com/ideias/noticia/2015/03/bdemolicao-
de-predios-historicosb-foi-motivada-por-arquitetos-modernistas.html

https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.115/2

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/05/04/que-fim-levou-
o-palacio-monroe

https://artsandculture.google.com/asset/brazilian-centennial-international-
exposition-main-entrance-and-monroe-palace-day-view-general-electric-
company/6gEhySTGDZhBOg

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/bndigital04
47/bndigital0447.pdf

https://artsandculture.google.com/asset/brazilian-centennial-international-
exposition-south-gardens-day-view-general-electric-
company/fgFFELCDO0hgSw

Exhibitions ‹ Rothschilds and Brazil :: The Rothschild Archive

Brazil's Great Exposition From The Air - British Pathé (britishpathe.com)

Search result for "1922" (709) (ims.com.br)

A Exposição de 1922 Parte 1/3 - YouTube

e em

https://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/pdfs_revista_16/01_M
SP.pdf
PADROEIRA SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA
FIGURA 44 ESTÁTUA DA SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA DA CATEDRAL
METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS

FIGURA 45 CARAVAGIO - SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

A Padroeira do nosso estado não poderia ser outra, senão a Grande


Mártir Santa Catarina de Alexandria que dá nome a nossa ilha capital
e ao nosso Estado. Contudo foi apenas em 1922, aproveitando a
ocasião do centenário da independência que houve uma mobilização
para receber do papa Pio XI a declaração oficiando Santa Catarina
como Padroeira Principal da então Diocese de Florianópolis (que
abrangia o Estado inteiro). No mesmo ano também houve uma
grande reforma ampliando a Catedral Metropolitana de Florianópolis.
FIGURA 46 RODRIGO DE HARO. SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Embora todos ja ouviram falar no seu nome, poucos conhecem


a sua história e por que é tão venerada não só no nosso estado mas
nos locais mais distantes da cristandade, há mais de 1500 anos.
Assim a descreve Metafrastes:

Maximino lançou os olhos sobre a Grande Mártir. Ela se


chamava Catarina e vivia em Alexandria. Era jovem, e
bela de corpo e de espírito. Era também rica e nobre,
descendente de sangue real. Decidira, porém, ter só a
Cristo como esposo. Era muito instruída em filosofi a, na
arte retórica, na geometria e em outras ciências. Graças à
sua erudição, pôde contestar e logo converter ao
cristianismo cinqüenta sábios, os quais depois, por
castigo, foram condenados ao fogo. Converteu também a
imperatriz Augusta, à qual, por ordem de Maximino,
foram amputados os seios. Catarina, depois de haver
frustrado todas as torpes insistências, foi condenada
primeiro ao cárcere, depois ao suplício da roda, enfim à
decapitação. Do seu pescoço, ferido pela espada, fluiu
leite em vez de sangue. O corpo, para ser preservado, foi
transportado, pelos anjos, de Alexandria ao Sinai.

Declaração de Santa Catarina como Padroeira Principal da então


Diocese de Florianópolis (que abrangia o Estado inteiro) e co-Titular
da Catedral de N.Sra. do Desterro, por Sua Santidade o papa Pio XI,
aos 26 de julho de 1922

Embora a Diocese de Florianópolis, erigida no ano


de 1908, seja também chamada “de Santa Catarina”, por
causa do nome da região – o Estado “de Santa Catarina” –
e venere a mesma Santa Virgem e Mártir como sua
principal celeste Padroeira; e embora os fiéis que residem
na cidade de Florianópolis, antigamente chamada
“Desterro”, fundada em fins do século XVII, e mesmo toda
a população daquela região, tenham escolhido e venerado
a mesma Santa Catarina como sua principal Padroeira,
faltam, contudo, os documentos dessa escolha. Por esse
motivo, o Reverendíssimo Senhor Dom Joaquim
Domingues de Oliveira, Bispo de Florianópolis,
aproveitando a ocasião em que o povo brasileiro, no
próximo mês de setembro, celebrará solenemente o
primeiro centenário da proclamação da sua Independência,
assumindo os anseios suplicantes do Clero e das
Autoridades da Diocese que lhe foi confi ada, pediu, com
insistência, ao Santo Padre, o papa Pio XI, que se dignasse
declarar Santa Catedral de N.Sra. do Desterro e Santa
Catarina 14 SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA Catarina,
Virgem e Mártir, Padroeira principal de toda a diocese de
Florianópolis e co-Titular da Igreja Catedral, cujo Título é o
do Desterro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua Santidade,
amavelmente deferindo esses pedidos apresentados pelo
abaixo assinado, Cardeal Prefeito da Congregação dos
Sagrados Ritos, declarou e constituiu, com sua suprema
Autoridade, Santa Catarina, Virgem e Mártir, Padroeira
principal da diocese de Florianópolis e co-Titular da Igreja
Catedral, juntamente com o Mistério do Desterro de Nosso
Senhor Jesus Cristo, atribuindo todos os privilégios e
honras à mesma Padroeira e co-Titular, privilégios e honras
que pelo direito competem aos Padroeiros principais dos
lugares e aos Titulares das igrejas, nada obstando em
contrário.

Roma, no dia vinte e seis (26) de julho e de mil e


novecentos e vinte e dois (1922). a) A. Card. Vico, Ep.
Portuen. Praef
FIGURA 47 - MOSTEIRO DE SANTA CATARINA NO MONTE SINAI NO EGITO.

Mosteiro de Santa Catarina, Construído em 565 na base do monte Sinai, é o mosteiro


cristão mais antigo ainda em uso para a sua função inicial. O Governo de Santa
Catarina recebeu em 1999 uma relíquia da Santa que permanece desde 2001 na capela
ecumênica dedicada a Santa Catarina, junto à sede do Tribunal de Justiça do Estado
desde 2001,
FIGURA 48 CAPELA ECUMÊNICA ONDE PERMANECE UMA RELÍQUIA DA SANTA
CATARINA.

Capela moderna, ecumênica, dedicada a Santa Catarina, junto à sede do


Tribunal de Justiça do Estado. Em seu interior,
ORAÇÃO À SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Santa Catarina, a quem a Igreja honra com os títulos gloriosos


de Virgem e Mártir, e cujo exemplo inspirou tantas heroínas e
santas que, no decurso da história, trouxeram o vosso nome,
escutai a nossa súplica. A vós recorremos, confiantes no poder
da vossa intercessão junto a Cristo, nosso único Salvador e
Mediador junto ao Pai. É por Ele que somos salvos, é por Ele
que somos ouvidos quando rezamos, é por Ele que recebemos
quando pedimos. Na certeza, porém, de estardes mais próxima
dele que nós, e confiantes na realidade da comunhão-dos-
santos, que a todos nos une, é com grande confi ança que a
vós nos dirigimos. Inspirai-nos, em nossa fé, a mesma firmeza
que vos levou a arrostar os sofrimentos e a própria morte, em
sua defesa e testemunho. Inspirai-nos, nas coisas divinas e
humanas, a sabedoria que vos fez superar as argumentações
dos sábios deste mundo. Inspirai-nos a pureza, vós, cujo nome
nos lembra esse mandamento e essa virtude, tão necessários
em nossa sociedade permissiva. Padroeira desta Ilha e deste
Estado que trazem o vosso nome, exercei em nosso favor o
vosso padroado: sede a nossa Intercessora, a nossa Advogada,
o exemplo de fé e de virtude que estimule a nossa mocidade e
todo o povo catarinense, que inspire governantes e governados
a construírem, de mãos dadas, uma sociedade sempre mais
fraterna e humana, onde todos possam sentir-se felizes no gozo
da paz, a paz que é “fruto da justiça” (Is 32,17). Intercedei por
nós, rogai por todos os que recorrem ao vosso patrocínio, à
vossa intercessão, na certeza de sermos atendidos por Jesus
Cristo, nosso Senhor, que é o nosso Mediador junto ao Pai, a
quem seja dada a glória para sempre, na unidade do Espírito
Santo. Amém. Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!
HINO POPULAR a SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA Padroeira
da Arquidiocese de Florianópolis, e da Ilha e do Estado de Santa
Catarina Refrão: Santa Catarina, Santa Padroeira, Escutai os
rogos desta Ilha inteira. Inspirai Justiça, que assegure a Paz,
Alcançai as bênçãos que o Senhor nos traz!

1. Santa Virgem-Mártir, sois chamada “a Pura”, dai reinar, nos


lares, respeito e ternura!

2. Santa Virgem-Mártir, fostes sábia outrora, que o Saber


divino não nos falte agora!

3. Santa Virgem-Mártir, pela Fé morrestes, Conservai-nos,


firmes, na Fé que vivestes!

Objeto de exposição - quadro da Santa Catarina da pintora Vera


Sabino do acervo do MHSC

referências:

https://arquifln.org.br/projetos/curiosidades-de-santa-
catarina-de-alexandria-por-dom-wilson/

https://www.cnbb.org.br/arquidiocese-de-florianopolis-celebra-o-dia-
de-santa-catarina-de-alexandria-com-festa/

HARO, Rodrigo de. Mistério de Santa Catarina. Florianópolis: Athanor,


2001.

PEREIRA, M. Santa Catarina de Alexandria: a Origem, o Mosteiro e a


Padroeira. Florianópolis: Insular, 2015

Pe. Ney Brasil Pereira SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA


Padroeira da Arquidiocese de Florianópolis, da Ilha e do
Estado de Santa Catarina 2ª edição, revista e aumentada -
2015

Martírio da Santa e Grande Mártir de Cristo Catarina, PG 116,275-


302, derivado do livro Pe. Ney Brasil Pereira SANTA CATARINA DE
ALEXANDRIA Padroeira da Arquidiocese de Florianópolis, da Ilha e do
Estado de Santa Catarina 2ª edição, revista e aumentada - 2015
diponível em:
http://www.padreneybrasil.com.br/pdf/LIVRO%20Santa%20Catarina
%20de%20Alexandria.pdf

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