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Schäfer Dániel Dezembro de 2011

EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS

Introdução
A Exposição do Mundo Português foi um evento que teve lugar em Lisboa em
1940, na época do Estado Novo de Oliveira Salazar. Foi um grande evento para além por
ser realizada no duplo centenário de dois acontecimentos históricos importantes: a
Fundação do Estado Português de 1140 e a Restauração da Independência de 1640,
dignificar o país e propagar a sua capacidade criadora. Esta Exposição foi a maior no país
até à Expo ’98.
Foi inaugurada a 23 de Junho de 1940 pelo presidente do Conselho Salazar e foi
encerrada a 2 de Dezembro de 1940. Recebeu cerca de três milhões de visitantes e este
foi o maior evento cultural do regime salazarista, em Portugal que «não é um país
pequeno».
A Exposição contribuiu para uma completa renovação da parte ribeirinha de Lisboa
ocidental, na zona de Belém. Foi situada entre a margem direita do Rio Tejo e o Mosteiro
dos Jerónimos. O centro da Exposição foi a então Praça do Império em torno da qual se
organizou o evento. A Exposição compunha-se de pavilhões temáticos que se
relacionavam com a história, a cultura, as regiões e os territórios ultramarinos de Portugal,
ilustravam momentos da história dos portugueses desde a Fundação do Estado
Português1.

Preparações para a exposição


Oliveira Salazar foi nomeado presidente do Conselho em 1932. Em 1933, redigiu
um projeto de Constituição Política que apareceu na imprensa. Assim acabou o regime de
ditadura militar e começou o regime do Estado Novo. A nova Constituição era influenciada
na maior parte por correntes de pensamento nacionais como o integralismo lusitano e
internacionais como o fascismo italiano2.
Em 1933, foi criado o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) por Salazar.
António Ferro é que sugeriu a Salazar de criar um organismo para a propaganda dos feitos

1
WIKIPÉDIA. Exposição do Mundo Português
2
CARMO REIS, António do. Nova História de Portugal. p. 201
do regime salazarista. Este organismo foi o Secretariado da Propaganda Nacional que era
dirigido por António Ferro.
António Ferro foi um escritor, jornalista e político. Ele é que fundou a revista
Panorama, Fernando Pessoa encarregou-o de ser o editor da revista Orpheu. Foi
comissário-geral das exposições internacionais de Paris em 1935 e de Nova Iorque em
1938. Ele fundou o Museu de Arte Popular. Salazar chamou-o para o colaborador dele
para desempenhar simultaneamente as funções de chefe da propaganda e de responsável
pelo setor cultural.
Ele decidiu sobre a data da Exposição: «1140 (…) explica 1640, como 1640 prepara
1940. São três anos sagrados da nossa história, o ano do nascimento, o ano do
renascimento e o ano apoteótico do ressurgimento! O que vamos festejar não é, portanto,
apenas, o Portugal de ontem, mas o de hoje, não apenas o Portugal de D. Afonso
Henriques e de D. João IV, mas o Portugal de Carmona e Salazar»3.

A mística imperial que estava no auge durante a Exposição, era realmente presente
durante os anos 30 em diversas manifestações. Na Bélgica, em Liège e em Anvers houve
exposições coloniais internacionais em 1930. Em 1931, houve uma exposição colonial
internacional em Paris em Bois de Vincennes. Em 1 de Junho de 1933 reuniu-se a
Conferência Imperial Colonial onde António Ferro e a sua equipa do Secretariado da
Propaganda Nacional receberam como missão de não perder nem uma única ocasião de
mostrar um Portugal ao mundo que brilhava graças ao seu império colonial. Logo em 1934
realizou-se uma exposição no Porto (se bem que se tivessem preparado os planos já em
1931), a primeira Exposição Colonial Portuguesa no Palácio de Cristal, decorrendo
simultaneamente o primeiro Congresso de Intercâmbio Comercial com as Colónias. Em
1937 abriram a Exposição Histórica da Ocupação em Lisboa, no Parque Eduardo VII, que
foi inaugurada por Salazar e Óscar Carmona. Esta exposição apresentou a construção
jurídica e política do Império.4, 5, 6
Os planos da Exposição de 1940 apareceram no Diário de Notícias de 27 de Março
de 1938, com o título Nota Oficiosa da Presidência do Conselho. Mas estes planos foram
3
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 5
4
ESCOLA E. B. CIDADE DE CASTELO BRANCO. Cromos da História – Exposição Colonial Portuguesa (Porto)
5
MATTOSO, José. “O renascer do «Império»”, História de Portugal, Volume 7 – O Estado Novo. p. 286
6
YVES, Léonard. Le Portugal et ses « sentinelles de pierre ». L’exposition du monde portugais en 1940. p. 33

2
muito mais que anunciar que ‘haverá uma exposição em 1940’. Descreveram neles
detalhadamente os processos das edificações dos pavilhões, as seções, as figuras que
assistiriam à preparação e à execução do evento glorioso.
Para a realização da Exposição era necessário escolher um lugar que fosse bastante
grande e vago para que se pudessem edificar os pavilhões. Foi escolhida a sua localização
em 1938 que foi publicada na Nota Oficiosa da Presidência do Conselho. Em 1939 Augusto
de Castro concretizou a localização exata do evento: «o terreno livre em frente da Igreja e
Mosteiro até ao rio, que poderia ir, em largura, desde a Praça Afonso de Albuquerque até à
Torre de Belém».7 Foi escolhido este território porque este era bastante grande e era digno do
caráter da Exposição como ali localizavam-se (e hoje também se localizam) o Mosteiro dos
Jerónimos e a Torre de Belém. Estes dois monumentos evocam a cultura e o espírito antigos
portugueses, pois não só foram edificados em Estilo manuelino mas são os edifícios mais
emblemáticos do Estilo manuelino. Foram construídos pouco depois de Vasco da Gama ter
regressado da viagem à Índia. Isso tinha uma influência sobre as carsterísticas do estilo. Foram
utilizados elementos decorativos relacionados ao mar, à navegação e aos territórios
conquistados. E estes edifícios foram criados na época do estilo gótico: construíram-se
edifícios gigantescos em pedra esculpida.
Já só era preciso demolir tudo o que estava no lugar do evento futuro. Valeu a pena
demolir esta parte da cidade porque havia ali um bairro pobre, insalubre, com edifícios
que afeiavam Belém. Isso era uma razão bastante forte só por si mas ainda porque
situavam-se ali aqueles dois monumentos maravilhosos. Demolindo aquele feio bairro de
lata que obstruía a relação entre o Mosteiro dos Jerónimos e a margem do rio Tejo donde
partiram os descobridores, haveria um grande espaço. Cottinelli Telmo é que comentou o
processo e os métodos da demolição. As demolições eram anunciadas muitas vezes que
eram necessárias mas ninguém descreveu exatamente durante muito tempo que edifícios
seriam demolidos. O comissário-geral Augusto de Castro disse que «os terrenos em frente
dos Jerónimos até ao rio serão libertados das horríveis construções que os desfeiam e
obstruem. Em 1940 os Jerónimos voltarão a olhar de frente, sem embaraços, o Tejo, seu
espelho e seu complemento»8. Enfim, demoliram tudo o que conseguiram, até alguns
edifícios belos. As demolições começaram em 15 de Fevereiro de 1939, o Diário de

7
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 20
8
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 21

3
Notícias informou o povo sobre os acontecimentos: Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 1939:
«O camartelo já entrou em acção para demolir casas velhas, a-fim-de ali se erguer a obra
monumental que vai ser esse certame em 1940. Proximo da esquadra de Belem e lá mais
abaixo, onde foi o palacio dos duques de Loulé, já ontem se abateram cimalhas e deitaram
abaixo telhados. Em todo aquele recinto surgirá em toda a sua grandiosidade, a
“Exposição Historica do Mundo Português”.» Terça-feira, 14 de Março de 1939: «Em
Belem, onde dentro de poucos meses será um facto a ossatura da Grande Exposição do
Mundo Português, dezenas de operarios trabalham na demolição dos inesteticos predios
que se erguiam em frente do Mosteiro dos Jeronimos. As familias mais retardatarias
deixam apressadamente, as moradias onde viveram tantos anos, que a picareta começou
já, impiedosamente, a demolir».9
Enquanto Portugal fazia as preparações e os projetos para a Exposição e havia um
clima festivo e luxuoso e comemorações solenes, a Guerra Civil Espanhola devastava no
país vizinho entre 1936 e 1939, ainda por cima, na Europa eclodiu a Segunda Gerra
Mundial em 1939. Esta celebração estava em oposição com a situação política estrangeira.
Durante as comemorações dos centenários vários textos e discursos mencionaram os
acontecimentos e a tragédia da guerra. Isso não foi porque lamentavam muito o que se
passava com outras nações e porque consentiam com elas mas para salientar ainda mais a
paz nacional, a solidez, a ordem e o otimismo da Nação Portuguesa. Em 1940, uma parte
da Europa estava em guerra, mas o Portugal de Slazar celebrou o seu passado grandioso
como se tivesse ignorado o que se passava na Europa e como se a sua neutralidade tivesse
sido um abrigo do perigo da guerra. Portugal estava consciente de que estava ameaçado,
ainda mais que tinha tido de entrar em guerra ao lado dos Aliados por força da antiga
Aliança Luso-Britânica que foi assinada em 1373. Esta é a mais antiga aliança diplomática
do mundo que está mesmo hoje em vigor. E com certeza durante a guerra também estava
em vigor. Além disso, Portugal terá tido medo da Alemanha também porque o governo de
Salazar ajudou milhares de judeus a fugir para os Estados Unidos por Lisboa, emitindo os
vistos necessários. E a Alemanha queria ocupar Gibraltar. Uma alternativa para a
ocupação era que iriam ocupá-lo indo através de Portugal.10, 11

9
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 21
10
YVES, Léonard. Le Portugal et ses « sentinelles de pierre ». L’exposition du monde portugais en 1940. p. 28
11
WIKIPÉDIA. Segunda Guerra Mundial

4
A Exposição
Ainda que a Exposição fosse inaugurada no dia 23 de Junho de 1940, já em 2 de
Junho começaram as comemorações dos dois centenários. À noite de 2 de Junho, Júlio
Dantas, o Presidente da Comissão Executiva das Comemorações abriu as comemorações.
Augusto de Castro disse no seu discurso de inauguração em 23 de Junho: a Exposição é
«uma projeção do passado, como uma galeria de retratos heróicos da fundação e da vida
da nação, da função universal, cristã e evangelizadora da raça, da glória marítima e
colonial do Império»12.
Através da propaganda, a «lição de história» das comemorações e da Exposição do
Mundo Português, oficialmente apresentado como exposição histórica, tinha como
objetivo reanimar a consciência nacional, convencer os portugueses que eles eram «um
grande povo numa grande nação» e dar-lhes fé «no futuro de Portugal, na continuidade e
na continuação da sua história». Salazar disse que «Estamos aqui precisamente por
confiarmos nos valores eternos da pátria, e quando, dentro em pouco, subir no castelo a
bandeira sob a qual se fundou a nacionalidade, veremos, como penhor que confirma a
nossa fé, a cruz abraçar como no primeiro dia a terra portuguesa.»13 Disse também que
«não somos apenas porque éramos, nem existimos apenas porque existíamos; existimos
para cumprir bem a nossa missão e afirmar ao mundo inteiro o direito de cumpri-la.
Graças à solidez das nossas raízes seculares; ligados à história universal que, sem nós, teria
sido diferente, estejamos animados de um sentimento de responsabilidade e de dever
para enriquecer esta herança gloriosa. Se estamos aqui, é precisamente para testemunhar
a nossa confiança nos valores eternos da pátria.»14

A organização da Exposição foi consciente, prestava-se atenção a todas as menores


detalhes, nomeadamente «não apenas a selecção dos conteúdos, mas também a escolha

12
YVES, Léonard. Le Portugal et ses « sentinelles de pierre ». L’exposition du monde portugais en 1940. p. 29
13
CORREIA, Virgínia. Trabalhar com documentos: Estado Novo em Palmela
14
YVES, Léonard. Le Portugal et ses « sentinelles de pierre ». L’exposition du monde portugais en 1940. p. 29

5
do lugar, a organização espacial da exposição, o agrupamento temático e o nome dos
pavilhões, a escala dos edifícios, esculturas e espaços».15
A Exposição ocupava um território de 560 mil metros quadrados que incluía todas
as edificações desde as pequenas casas rústicas até aos enormes pavilhões. O centro da
Exposição foi a Praça do Império que se situava entre os dois maiores e principais
pavilhões: o Pavilhão de Honra e de Lisboa e o Pavilhão dos Portugueses no Mundo.
O lugar da Exposição era um símbolo com o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de
Belém porque Vasco da Gama partiu desta parte da cidade, do Restelo para descobrir a
Índia em 1497.
Nos Pavilhões foram apresentados os eventos, as personagens gloriosos dos
portugueses, tudo do que podiam ser orgulhosos: a Reconquista, os Descobrimentos, Os
Lusíadas de Camões, mas não mostraram muito a história dos séculos XVII-XIX, da época
do declino.
As obras para a realização da exposição duraram catorze meses. Trabalharam seis
mil operários, muitos pintores, decoradores, escultores, arquitetos, engenheiros.
Colaboraram quase todos os aquitetos, escultores e pintores modernos.16
A Exposição compôs-se de diversas seções. A seção histórica foi composta do
Pavilhão da Fundação, do Pavilhão da Formação e Conquista, do Pavilhão da
Independência, do Pavilhão dos Descobrimentos, do Pavilhão do Brasil, do Pavilhão de
Honra e de Lisboa e do Pavilhão da Colonização.17 Outras seções foram a Seção de
Etnografia Colonial no Jardim Tropical, a Seção de Etnografia Metropolitana que evocava o
folclore, os costumes e a reconstrução de aldeias portuguesas desde os Trás-os-Montes
através dos Açores e da Madeira até ao Algarve. Houve um Parque de Atrações e uma
Seção Comercial também.
Na época da Exposição, o Pavilhão de Honra e de Lisboa recebeu as melhores
opiniões de crítica porque demonstrava perfeitamente o ideal arquitetónico do Estado
Novo com os seus tamanhos gigantescos: 150 metros de comprimento, 19 metros de
altura e 50 metros de altura da torre. Há que destacar ainda a Estátua da Soberania que se

15
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 7
16
WIKIPÉDIA. Exposição do Mundo Português
17
YVES, Léonard. Le Portugal et ses « sentinelles de pierre ». L’exposition du monde portugais en 1940. p. 33

6
situava ao lado do Pavilhão dos Portugueses no Mundo. Esta estátua foi esculpida por um
escultor famoso, Leopoldo de Almeida.18
A personagem emblemática da exposição foi Henrique o Navegador cuja figura é
apresentada no Padrão dos Descobrimentos como o herói da expansão portuguesa, como
o timoneiro de todo o projeto expansionista português. Algumas pessoas achavam que
havia um paralelo entre Henrique o Navegador e Salazar. O Padrão dos Descobrimentos
edificado por Leopoldo de Almeida e Cottinelli Telmo mostrava bem o espírito português,
a importância dos Descobrimentos e as suas figuras mais relevantes além de Henrique o
Navegador, como por exemplo Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. O
Monumento dos Descobrimentos, com os seus tamanhos (50 metros de altura, 20 de
largura e 46 de cumprimento) simbolizava a grandeza da história. Foi feito de betão-
armado, apresenta a forma de uma caravela com a sua tripulação formada de 30 figuras.
Em 1960 foi reconstruído em pedra pelo mesmo Leopoldo de Almeida.19, 20
A Nau Portugal, que foi construída nos estaleiros de Aveiro, era uma outra obra
que representava o passado glorioso dos portugueses. Se bem que é chamada Nau, na
realidade era uma réplica de um galeão do século XVII. Esta Nau um pouco depois de ter
partido do estaleiro, virou-se. Conseguiram erguê-la e engenheiros ingleses levaram-na
até Lisboa.
O regime tinha como objetivo com a Exposição fazer acreditar e adotar a sua
ideologia historicista apresentando reconstituições históricas como por exemplo a Nau
Portugal, o estilo estético arquitetónico retirado dos séculos XVII-XVIII, figuras relevantes
da história portuguesa como por exemplo o Infante Dom Henrique, Pedro Álvares Cabral,
Luís de Camões, Fernão de Magalhães, João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira entre
outros no Padrão dos Descobrimentos. O ideal de evocar os eventos históricos ilustres do
passado à memória se bem que fosse um meio perfeito para reforçar o nacionalismo no
país, não mostrou nada de novo, pois pode-se reconhecer realmente esta mesma atitude
nos outros países ditatoriais da Europa. Comemorava-se o passado mítico, o «tempo
histórico» e o «espaço imperial».21

18
WIKIPÉDIA. Exposição do Mundo Português
19
WIKIPÉDIA. Exposição do Mundo Português
20
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 43
21
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 6

7
Fim da Exposição e depois da Exposição
A Exposição foi encerrada a 2 de Dezembro de 1940. Duarte Pacheco no seu
discurso de encerramento apresentou a Exposição como «a continuidade da obra histórica
do Estado Novo que foi inspirada pelo saber e pelo fervor de Salazar».
O território e os pavilhões da Exposição após o encerramento foram abandonados.
No jornal Écos de Belém escreveram que: «Quando a Exposição acabar, a gente de Belém
desperta dum sonho quási fantástico de grandeza e animação em que esteve absorvida no
decorrer de seis meses! Após o encerramento da Maravilha Documental que revela os
feitos gloriosos dos portugueses em todo o mundo, vai com certeza o nosso comércio
local sentir-se gravemente no enfraquecimento dos seus negócios.»22
Depois de declarar que a Exposição não reabriria no próximo ano, decidiram a
destruição da maioria das edificações. A maior parte dos edifícios foi demolida em breve
após o evento. Alguns foram utilizados durante um pouco de tempo. Num edifício
operava-se um liceu, mais tarde a comissão de obras da Universidade de Coimbra. Para o
Pavilhão de Hora e de Lisboa foi planeado um Museu de Arte Contemporânea mas o
projeto não se concretizou. Em vez disso, foi entregue à Comissão Reguladora de
Comércio de Metais e mais tarde foi um parque de automóveis. O Pavilhão dos
Portugueses no Mundo foi alugado à Sociedade Geral de Superintendência e à Comissão
Suíça de Navegação. Outros pavilhões foram transformados em armazéns de cereais.
Porém, por fim, quase tudo acabou por desaparecer.23 Durante décadas, Belém estava
vazio, os edifícios abandonados degradavam-se com o passar do tempo. O aspeto de
Belém começou a ser parecido ao aspeto antigo em parte por causa do qual foi demolida
esta parte da cidade para a realização da Exposição.
Hoje em dia, podem-se ver alguns traços da Exposição do Mundo Português que
conseguiram ser guardados. O centro da Exposição, a Praça do Império embora com
algumas alterações e renovações em 1960, permaneceu. A mais relevante peça que temos
hoje da Exposição é evidentemente o Padrão dos Descobrimentos que nos nossos dias
também é um símbolo de Lisboa. Originalmente foi edificado de betão armado mas
reconstruíram-no em 1960 de pedra. Permaneceram ainda alguns edifícios como o Museu
22
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 43
23
BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade e património urbano. p. 44

8
de Arte Popular, o Pavilhão dos Descobrimentos que se tornou no edifício da Associação
Naval de Lisboa e a Estação Fluvial de Belém. O maior edifício novo em Belém é o Centro
Cultural de Belém que foi construído em lugar do Pavilhão dos Portugueses no Mundo.

Imagens da Exposição

Entrada da Exposição Pavilhão de Etnografia

Praça do Império - Fonte Porta da Fundação

Nau Portugal Padrão dos Descobrimentos, Espelho de Água

9
Estátua da Soberania Pavilhão da Honra e de Lisboa Seção Colonial

Pavilhão da Independência Pavilhão da Fundação

Esfera dos Descobrimentos Pavilhão dos Descobrimentos

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Bibliografia, fontes

BARROS, Pedro Alexandre de. Belém e a Exposição Mundo Português: Cidade, urbanidade
e património urbano. Trabalho de Projecto de Mestrado em Património Urbano.
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MATTOSO, José. “O renascer do «Império»”, História de Portugal, Volume 7 – O Estado


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11
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1759_1999_num_62_1_4524

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