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INTRODUÇÃO
1. As DIFERENTES COMPREENSÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas deste século tem sido recorrente a referência ao termo
interdisciplinaridade. tanto no âmbito estrito da produção de id
quanto no da Intervenção em diferentes áreas. No entanto, muitas vezes, O o
mo vem sendo utilizado com conotações diversas, nem sempre eiiatádãs ou
intentando objetivos coincidentes.
e criativas ao pro-
Na segunda compreensão, trata-se de imprimir marcas críticas
ético-político (Netto,
cesso de intervenção profissional que sc dirijam a um projeto
fora do lugar. Com
1999) capaz de construir alternativas ao atual estágio das coisas
dizemos das dificuldades para apreender a extensão do regresso, com às quais
isto
décadas deste breve século
nos debatemos na contemporaneidade. Se as últimas
desenvolvimento científico €
evidenciaram a consolidação, sem precedentes, do
e duradouras para à vida hu-
tecnológico, representando conquistas significativas
trouxeram, também, como sua contraface, à regressividade acentuada das
mana,
que só encontram equiva-
condições mais brutalizadas e teoricamente intoleráveis,
1995:22).
lentes nos padrões de barbarismo (Hobsbawm,
&
Essas idéias foram tão fortes e inovadoras, que influenciaram importantes movi- glossário
lhos interdisciplinares fosse atribuição única da vontade individual, que valeu a homogeneidade de pressupostos.
comuns, as críticas são rechaçadas e
classificação de suas idéias por Frigotto (1995) e outros (Jantsch &
os teóricos trabalham sob
Bianchetti,1995a/b), de filosofia do sujeito.
paradigmas - matrizes disciplinares,
um conjunto de conhecimentos
A contribuição de Frigotto (1995), ao lado de outras, foi entendida por nós, como universalmente reconhecidos);
crítica ao fetiche da pan-interdisciplinaridade. Tais autores dão uma importante Revolução e Crise (quando hã
contribuição à discussão da interdisciplinaridade, ao vincularem as características resistência das fragilidades no interior
do modo de produção científica ao modo de produção capitalista como um todo. En- da ciência e se torna necessário
trevemos nos seus argumentos uma crítica marxista da interdisciplinaridade, que incrementar novas investigações e
nomeamos como a segunda tendência (Coimbra, 1990; Frigotto, 1995; Jantsch & pesquisas). A síntese destas
investigações extraordinárias levariam
Bianchetti, 1995a/b; Minayo, 1994).
à uma nova Ciência Normal —
terceiro momento. Os teóricos da
Esses autores denunciam o fetiche da pan-interdisciplinaridade caracterizado pensamento complexo acreditam,
por uma constante argumentação em favor da interdisciplinaridade, sem a reali- portanto, que há uma crise no
zação da necessária reconstrução histórica, e fazendo dela uma panacéia para o conhecimento científico
combate a todos os males do campo ctentífico (Minayo,1994:43). Esse fetiche contemporâneo, o que os leva a
seria o responsável pela nossa ignorância de que o desafio da integração dos sa- rever os paradigmas e a propor uma
beres não é só teórico-conceitual-epistemológico, mas também é ético-político, nova ciência, sendo que alguns à
econômico e cultural, e depende da luta simultânea em todos esses planos. Tra- denominam Ciência Pós-Normal. É
importante advertir que esta é uma
ta-se de substituir a visão fundada na parceria submersa na vontade dos sujei-
discussão epistemológica que
tos (Frigotto, 1995) na e pela histórica. A questão fundamental não é parceria
encontra raízes nas ciências duras
sim ou não, mas, quando e em que condições (Jantsch e Bianchetti, 1995a: 18). (expressão utilizada para designar
as
ciências exatas, da natureza, tais
Existe um terceiro grupo de autores que, partindo da crítica à ciência normal, como, por exemplo, a física e as
defende a inter/transdisciplinaridade, na qual os pesquisadores gravitam em matemáticas), não podendo ser
torno de objetos complexos. Entre eles, destacamos Almeida Filho (1997), transportada, sem problemas, para O
García (1994), Morin (1990; 1998) Funtowicz e Ravetz (1994; 1997). De forma interior das Ciências Sociais.
&
A perda deste caráter histórico gera o rísco de tratar a questão como uma espé.
cte de fetiche de concettas que constste em atributr-lhes um significado neles
mesmos (Figolto,1995:38) Trata-se de reconhecer que a interdisciplinaridade
sc torna uma necessidade na produção de conhecimento quando se considera ú
caráter dialético da realidade social, No entanto, este caráter é uno e diverso na
sua apreensão e. portanto, distintivo dos limites reais dos sujeitos que Invest.
game dos limites do objeto investigado (Prigotto, 1995:27)
Tomando como exemplo o campo da saúde, podemos dizer que existe, até certo
ponto, um conteúdo prescrito no trabalho desenvolvido (por médicos, enfermeiros,
assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas etc.) e expresso na divisão social do
trabalho, que é reiterado em maior ou menor medida, pelos conselhos
regulamentadores do exercício profissional, pelas instituições contratantes, pelos
próprios profissionais e pela população usuária. Este conteúdo não é estático, varia
conforme diferentes conjunturas e, sobretudo, a partir das requisições produzidas
pelo mundo do trabalho. Hoje, por exemplo, é possível perceber a migração do dis-
curso originário nas empresas japonesas, para os hospitais e instituições de saúde
brasileiros, expressos na necessidade de certificação e no ideário da qualidade to-
tal. Pode-se dizer que esse ideário contém elementos impulsionadores da parceria
interprofissional e da polivalência, e algumas das características pretendidas pela
interdisciplinaridade, tal como preconizada nos anos 70 - como a crítica aos
Profissionalismos -, o que nos mostra o risco de apropriações de uma proposta
Por outra, de orientação e conteúdo totalmente diversos.
A re 00]
eto da nossa Intervenção, à direção das intciativas que estão sendo tomad, €
a possibilidade concreta de se associar a elas, Construindo parcerias con as,
soan-
tes com o projeto ético-político da profissão.
O que queremos dizer, com esta segunda caricatura, é que desenvolver algumas
ações em parceria é imprescindível ao cotidiano profissional, ocorra ele na dire-
ção da produção do conhecimento, da intervenção direta, ou em ambas. Da osci-
lação do pêndulo, o profissional volta fertilizado; como a margem de um rio, pe-
riodicamente inundada, torna-se boa para novos plantios, significando aquele
exercício de uma abertura ao debate plural e com o diferente.
de evitar os
lo. parcialmente, capaz
Interdisciplinar e que pode m nanté-
dizer que tal habilid ade está referida, não sóno
encastelamentos disciplinares Vale quadro teórico em que se tns-
também no q
horizonte ético-político da profissão mas,
s de refe-
que o profissional busca os elemento
creve o projeto formativo — é neste,
tou Netto (1999), o projeto ético-políti-
rência para sua Intervenção. Como argumen
pois atravessa o projeto profisstonal
co não é um Ideal utópico a ser atingido. ideológicas e políticas e
constituído. também, em suas outras dimensões teóricas,
reta.
io na realidade histórico-conc
só se efetiva através de seu exercíc
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