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“Ao dizer da eficácia do psicólogo que ela é discutível, não se quer dizer que ela
é ilusória; quer-se simplesmente observar que esta eficácia está sem dúvida mal
fundada, enquanto não se fizer prova de que ela é devida à aplicação de uma
ciência, isto é, enquanto o estatuto da psicologia não estiver fixado de tal maneira
que se deva considerá-la como mais e melhor do que um empirismo composto,
literariamente codificado para fins de ensinamento. De fato, de muitos trabalhos
de psicologia, se tem a impressão de que misturam a uma filosofia sem rigor uma
ética sem exigência e uma medicina sem controle.” (P. 1)
“Enquanto que, apesar das aparências, é pelo objeto mais do que pelo método
que uma psicologia é chamada clínica, psicanalítica, social, etnológica. Todos
estes adjetivos são indicativos de um só e mesmo objeto de estudo: o homem,
ser loquaz ou taciturno, ser sociável ou insociável.” (P. 2)
“O conhecimento da alma não é direto, mas somente por reflexão. Porque a alma
é semelhante ao olho que vê tudo e não pode se ver senão pela reflexão, como
num espelho... e a alma, de maneira semelhante, não se vê e não se conhece
senão pela reflexão e por reconhecimento de seus efeitos.” (P. 6)
“Se se pensa que algo do psíquico pode ser inconsciente, a psicologia não se
reduz à ciência da consciência. O psíquico não é mais somente o que está
escondido, mas o que se esconde, aquilo que se esconde, ele não é mais
somente o íntimo, mas também — segundo um termo retomado por Bossuet
(1627-1704)47 aos místicos — o abissal. A psicologia não é mais somente a
ciência da intimidade, mas a ciência das profundezas da alma.” (P. 9)
“O psicólogo não quer ser senão um instrumento, sem procurar saber de quem
ou de que ele é instrumento.” (P. 9)