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FACULDADE DE ILHÉUS – CESUPI

CURSO DE NUTRIÇÃO

SÉRGIO LECSON ANDRADE OLIVEIRA

MODULAÇÃO GASTROINTESTINAL:
TRATAMENTO DA DISBIOSE E A RELAÇÃO COM O SISTEMA IMUNE

ILHÉUS-BAHIA
2022
I

SÉRGIO LECSON ANDRADE OLIVEIRA

MODULAÇÃO GASTROINTESTINAL:
TRATAMENTO DA DISBIOSE E A RELAÇÃO COM O SISTEMA IMUNE

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso


de Graduação em Nutrição da Faculdade de
Ilhéus – CESUPI.

Área de concentração: Nutrição Clínica


Orientador(a): Profa. Ma. Cinthia Lisboa

ILHÉUS-BAHIA
2022
II

MODULAÇÃO GASTROINTESTINAL:
TRATAMENTO DA DISBIOSE E A RELAÇÃO COM O SISTEMA IMUNE

RESUMO

A disbiose é um problema de saúde encontrado em várias doenças, principalmente


as do trato gastrointestinal (TGI) e sua gravidade parece estar relacionada com
alterações no sistema imune. Das formas de combate-la, a modulação do TGI se
demonstra como a mais eficaz. Este projeto tem como objetivo identificar se/de que
forma a modulação atua no controle da disbiose e se relaciona com o sistema imune
(SI). Será realizada uma revisão bibliográfica de cunho exploratório utilizando artigos
publicados entre 2003 e 2022. É esperado encontrar, nos resultados, uma forte
relação entre a Modulação do TGI através da nutrição e grande melhora das funções
do SI, além da supressão no surgimento e agravamento de outras doenças
relacionadas a disbiose.

Palavras-chave: Disbiose; Microbiota; Modulação do trato gastrointestinal; Sistema


Imune; Trato Gastrointestinal.
III

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGCC Ácidos graxos de cadeia curta


BVS Bibliote virtual de saúde
CESUPI Centro de ensino superior de Ilhéus
DC Doença celíaca
DeCS Descritores em Ciência da Saúde
DHGNA Doença hepática gordura não alcoólica
DII Doença inflamatória intestinal
EHNA Esteatose hepática não alcoólica
FOS Frutooligossacarídeos
GALT Tecido linfático associado ao intestino
GOS Galactooligossacarídeos
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MALT Tecido linfático associado à mucosa
MEDLine Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
NIH National Library of Medice
RBone Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento
SBID Supercrescimento bacteriano do intestino deslgado
SciELO Scientific Eletronic Library Online
SGI Sistema gastrointestinal
SI Sistema imunológico
SII Síndrome do intestino irritado
TGI Trato gastrointestinal
TMF Transplante de microbiota fecal
IV

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 6
2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA................................................................ 7
3. FORMULAÇÃO DA HIPÓTESE.................................................................. 7
4. JUSTIFICATIVA........................................................................................... 7
5. OBJETIVOS................................................................................................. 8
5.1. OBJETIVO GERAL.................................................................................... 8
5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 8
6. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................... 8
6.1. O TGI E O INTESTINO............................................................................. 8
6.1.1. Microbiota Intestinal............................................................................. 10
6.1.2. Relação com o sistema imunológico................................................. 12
6.1.2.1. Papel da Microbiota em relação ao Sistema Imune............................ 14
6.2. DISBIOSE.................................................................................................. 15
6.2.1. Comportamento da microbiota na doença........................................ 16
6.2.2. Definição de disbiose........................................................................... 17
6.2.2.1. Causas................................................................................................ 17
6.2.2.1.1. Uso de antibióticos........................................................................... 17
6.2.2.1.2. Alimentação...................................................................................... 18
6.2.2.1.3. A mucosa.......................................................................................... 19
6.2.2.1.4. O sistema imune............................................................................... 19
6.2.2.2. Consequências.................................................................................... 19
6.2.3. Interação com o sistema imune.......................................................... 22
6.2.4 Tratamento............................................................................................. 23
6.3. MODULAÇÃO GASTROINSTESTINAL.................................................... 24
6.3.1. Técnicas de modulação do TGI........................................................... 24
6.3.1.1. Transplante de microbiota fecal (TMF)................................................ 24
6.3.1.2. Suplementação de glutamina.............................................................. 25
6.3.1.3. Probióticos........................................................................................... 25
6.3.1.4. Metabólitos bacterianos comensais.................................................... 26
6.3.1.5. Prebióticos........................................................................................... 27
6.3.1.5.1. Oligossacarídeos – FOS e GOS...................................................... 28
6.3.2 Modulação e nutrição............................................................................ 28
V

6.3.2.1. Proteína............................................................................................... 29
6.3.2.2. Carboidratos........................................................................................ 29
7. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 30
7.1. ABRANGÊNCIA SOCIAL DO PROJETO.................................................. 31
8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES.............................................................. 31
9. ORÇAMENTO DETALHADO...................................................................... 32
10. REFERÊNCIAS.......................................................................................... 32
6

1. INTRODUÇÃO

O intestino é um dos órgãos mais importantes na maioria dos seres vivos


quando se analisa a sua função. Além de ser o responsável por mais de 80% da
capacidade de absorção do corpo humano, é também a primeira barreira contra
patógenos (SANIOTO, 2008).
Essa barreira é formada principalmente pelo tecido epitelial que cobre o
intestino, o sistema imunológico e suas células de defesa, e a microbiota. Todos
esses elementos convivem no corpo humano saudável, exercendo uma relação de
simbiose e quando ocorre alguma alteração que modifique a forma como eles
interagem, está formado o território propício para doenças. Dentre os citados, a
microbiota é a que mais tem influência no estado de saúde dos indivíduos (WEISS e
HENNET, 2017).
Microbiota é o conjunto de microrganismos que habitam um ecossistema,
como bactérias, fungos e protozoários, que geralmente têm funções importantes
naquele meio. Ela está relacionada à população de microrganismos hospedeiros que
permanecem residentes ao longo da vida de um indivíduo (CÂNDIDO; TUNON;
CARNEIRO, 2009).
Mais de um trilhão de microrganismos, principalmente benéficos, vivem
no trato gastrointestinal (TGI) e são responsáveis por funções vitais metabólicas,
imunológicas e nutricionais (SIDHU e POORTEN, 2017).
Ao nascimento, todo o trato intestinal é estéril; o intestino do bebê é
colonizado pela primeira vez por bactérias maternas e ambientais durante o
nascimento e continua a ser povoado através da alimentação e outros contatos
(QUIGLEY, 2013).
Grandes mudanças na proporção entre os filos residentes do intestino, ou
a expansão de novos grupos bacterianos levam a um desequilíbrio promotor da
doença, que é muitas vezes referido como disbiose (CHAVASCO et al. 2017).
A disbiose é encontrada em várias doenças e está mais frequentemente
associada às que acometem o TGI, onde alterações na interação do hospedeiro com
o sistema imunológico (SI) geram estímulos e antígenos derivados do lúmen iniciam
e/ou perpetuam a inflamação descontrolada na mucosa intestinal e em alguns geram
outra série de problemas (CARDING et al. 2015).
7

Como a disbiose se tornou um fator de gravidade para o desenvolvimento


de doenças, surgiu também a necessidade de encontrar uma terapia para freá-la.
Estudos revelam que a modulação do TGI pode efetuar mudanças na composição
do microbioma intestinal, atuando de forma terapêutica no tratamento da disbiose
(FAN et al., 2019)
A aplicação de procedimentos responsáveis pela modulação
gastrointestinal deve ser discutida, sempre buscando novos estudos. Manipular a
microbiota intestinal sugere manter a saúde de pacientes e tratar doenças de forma
direta e indireta. Desta forma são necessárias abordagens mais refinadas, buscando
o entendimento dos mecanismos que ocorrem na modulação e analisar as
particularidades do indivíduo, buscando personalização da terapia mais adequada.
(CARDING et al., 2015).

2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Como a modulação gastrointestinal no controle da disbiose, irá influenciar


no bom funcionamento do sistema imune?

3. FORMULAÇÃO DA HIPÓTESE

Um intestino que não funciona corretamente pode causar alterações


fisiológicas no corpo humano, contribuindo negativamente para o funcionamento do
sistema imune, diminuindo a qualidade de vida dos indivíduos.

4. JUSTIFICATIVA

Este trabalho busca mostrar como a disbiose intestinal pode ser


prejudicial para o funcionamento correto do sistema imunológico, refletindo na
funcionalidade do corpo humano - assim com a importância da modulação intestinal,
a forma correta de realizá-la, através da nutrição, a fim de cercear a doença,
trazendo benefícios para a saúde da população.
Pouco se fala da relação do funcionamento do intestino com a imunidade
e de quanto o seu funcionamento impacta na qualidade de vida de todos os
8

integrantes da sociedade, sejam eles saudáveis ou não, tornando o estudo desse


tema de grande relevância na atualidade, onde grande parte das pessoas são
acometidas por doenças que atingem o trato gastrointestinal - quadros esses que
poderiam ser evitado com informação. O tema escolhido ainda evidencia a
importância da Nutrição quanto ao cuidado, prevenção e tratamento de doenças.

5. OBJETIVOS

5.1. OBJETIVO GERAL

Relacionar o funcionamento do sistema imune com a disbiose e


modulação gastrointestinal.

5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar os riscos da disbiose à saúde humana.


- Mostrar os benefícios de se realizar a modulação gastrointestinal para o
corpo humano.
- Relacionar o bom funcionamento do sistema imune com o
funcionamento do intestino.

6. REFERENCIAL TEÓRICO

6.1. O TGI E O INTESTINO

O trato gastrointestinal (TGI) é formado por órgãos ocos, interligados,


onde ambos se comunicam com o meio externo ao corpo humano, chamados
comumente de TGI. A junção com os órgãos anexos secretores formam o sistema
gastrintestinal (SGI). Este é responsável pela digestão, transporte, absorção e
excreção dos nutrientes e substratos obtidos através da alimentação e trabalha em
uma relação bastante estreita com o sistema circulatório, já que é por ele que os
substratos do processo da digestão chegam aos demais tecidos do corpo
(SANIOTO, 2008).
9

O revestimento do TGI é composto por uma membrana mucosa. Nesse


revestimento são encontrados cristas permanentes e pregas temporárias que
somem conforme o bolo alimentar se forma, aumentando significamente a superfície
de absorção do intestino. A mucosa tem várias características estruturais que
aumentam bastante sua habilidade de absorver os nutrientes: pregas circulares,
vilosidades, epitélio colunar, tecido conectivo areolar, músculo liso (MARTINI et al.,
2014).
É através da mucosa de revestimento interno, chamada também de
lúmen, que acontece a comunicação entre o meio intersticial-vascular e o externo. A
composição do fluido luminal depende diretamente do que é ingerido, das trocas que
acontecem entre ele e o meio interno e da excreção fecal, sendo assim, um fluído
extracorpóreo, pois mesmo estando na luz do intestino, comunica-se e depende
diretamente do meio externo. Um dos processos mais importantes, a absorção, é
mediado pelo intestino (SANIOTO, 2008).
O intestino é um órgão de estrutura tubular e parede muscular, dividido
em intestino delgado e intestino grosso. Apesar de terem diferentes características
funcionais e estruturais, eles possuem a mesma estrutura tecidual (MARTINI et al.,
2014).
O intestino delgado é por onde o quimo, recém saído do estômago,
passa. É um tubo de formato contorcido, de diâmetro entre 2 e 3 centímetros, e 6 a 8
metros de comprimento, sendo o local primário para digestão de todos os nutrientes
alimentares. Ele é responsável pela maior parte da absorção de água,
micronutrientes e macronutrientes. Possui três regiões principais: duodeno, jejuno e
íleo. As enzimas decompõem os nutrientes e os substratos são absorvidos no
epitélio mucoso (STANFIELD, 2014).
Sua eficiência absortiva é resultado do grande número de vilosidades que
aumentam a área superficial dele em cerca de dez vezes. A parte final do delgado
se conecta com o Cólon ou Intestino Grosso (STANFIELD, 2014).
O intestino grosso possui diâmetro de seis centímetros e um metro e meio
de comprimento, sendo mais curto e mais largo, quando comparado ao delgado.
Anatomicamente, é dividido em ascendente, transverso, descendente e sigmóide.
Os três primeiros absorvem água e íons do quimo, enquanto o sigmóide podemos
chamar de depósito dos materiais que sobram após o processo de absorção
(STANFIELD, 2014).
10

Possui uma diferença estrutural básica, quando comparado aos demais


órgãos do TGI: sua camada muscular é mais comprimida em faixas estreitas
chamadas tênias. A principal função do cólon é reduzir o volume do quimo,
absorvendo parte da água que sobrou no processo anterior, formando assim as
fezes. No cólon são encontradas mais de 700 espécies bacterianas. Elas vivem no
seu lúmen, compõem a flora intestinal e possuem diversas funções. A alimentação,
antibióticos, bem como patógenos invasores exercem influência direta na mucosa,
interferindo na flora intestinal. (STANFIELD, 2014).

6.1.1 Microbiota intestinal

A microbiota humana normal é composta por um conjunto de


microrganismos, encontrados em partes de um organismo saudável, vivendo em
harmonia com o mesmo e trazendo benefícios. Estima-se que vivam no corpo
humano cerca de dez vezes mais células microbianas do que células humanas.
Esses microrganismos têm relação direta com o sistema imunológico, a resistência à
agentes patogênicos e a forma com a qual o corpo absorve os alimentos, exercendo
assim função fundamental para a saúde (BERNARDI, 2020). De acordo com
Cândido, Tunon e Carneiro (2009, p. 55): 
Do nascimento até a morte somos colonizados por um grupo diverso,
complexo e dinâmico de microrganismos. A criança entra em contato com
os microrganismos da mãe durante a passagem pelo canal vaginal e
através do próprio ambiente hospitalar. As que nascem de cesariana têm
este último fator como elemento primordial. A população bacteriana
desenvolve-se logo no primeiro dia de vida e quando nos tornamos adultos
a nossa população bacteriana já excede nosso número total de células
somáticas e sexuais. Vários fatores determinam a composição da microbiota
em uma região do corpo, dentre eles estão o pH, temperatura, potencial
redox, oxigênio e níveis e tipos diferentes de nutrientes daquele ambiente.
Outros fatores como, peristaltismo, saliva, lisozima e secreção de
imunoglobulinas também ajudam a controlar e a determinar a microbiota de
um determinado nicho no hospedeiro.

Fatores ambientais como idade, dieta, estilo de vida, uso de


medicamentos antibióticos e higiene também influenciam a composição da
microbiota. Uma dieta rica em fibras aumenta o trânsito intestinal e o nível dos
substratos fermentáveis que servem de alimento para os microrganismos - esses
fatores contribuem para o crescimento de microrganismos de crescimento rápido
(BERNARDI, 2020).
De acordo com Chavasco et al. (2017): 
11

A microbiota intestinal é influenciada por diversas particularidades do estilo


de vida moderno, como: melhoria do saneamento básico, urbanização, uso
excessivo de antibióticos, menor exposição a infecções na infância,
vacinação, sedentarismo, entre outros. A higiene, também relacionada com
a melhoria do saneamento básico, é um fator ambiental que pode contribuir
para a alteração da microbiota. Contrário ao pensamento popular, a
exposição escassa a microrganismos, sejam eles benéficos (simbiontes) ou
prejudiciais (patogênicos) para o organismo, na fase inicial da vida, pode
influenciar negativamente o desenvolvimento normal e adequado do sistema
imunológico, o que pode ser explicado por perda de tolerância imunológica
por parte do hospedeiro, resultando em respostas imunitárias agressivas e
induzindo a ativação de mecanismos de autoimunidade.

O uso de antibióticos, mesmo que necessários em tratamentos de


infecção, atingem também os microrganismos residentes no corpo, causando um
tipo de desregulação (BERNARDI, 2020).
O envelhecimento também tem grande influência na microbiota, podendo
gerar problemas. O TGI fica suscetível a mudanças da saliva, dieta, desgaste,
dentição e outros fatores comuns a essa etapa da vida como surgimento de doenças
e dependência de medicamentos - fatores esses que contribuem para alterações na
microbiota, aumentando o risco de infecções (BERNARDI, 2020).
A maior parte dos microrganismos que fazem parte da microbiota normal
de um indivíduo é encontrada no intestino, possuindo cerca de mil espécies
diferentes. Existe um dinamismo bastante notável, já que aproximadamente 35
milhões de células no intestino delgado e 2,5 milhões no cólon são renovadas por
minuto - uma renovação contínua e não fixa, pois em algumas partes esses
microrganismos são residentes, mas em outras tem característica transitória,
influenciados por fatores ambientais e de genótipo do hospedeiro (CÂNDIDO;
TUNON; CARNEIRO, 2009).
Cândido, Tunon e Carneiro (2009, p. 63-64) dizem que:
O intestino delgado é dividido em duodeno, jejuno e íleo. O duodeno contém
poucos microrganismos porque recebe o suco gástrico, a ação da bile e a
secreção pancreática. [...] Na porção distal do íleo, a microbiota torna-se
mais parecida com a do cólon. É no íleo que o pH se torna mais alcalino. [...]
O intestino grosso ou cólon apresenta a maior comunidade microbiana no
corpo. O cólon pode ser visto como um local onde ocorre uma enorme
fermentação. [...] Em condições normais a comunidade microbiana é
controlada por si só. Competição e mutualismo entre os diferentes
microrganismos e entre estes e o hospedeiro ajudam a manter o equilíbrio
da microbiota. Porém, quando algum distúrbio acontece, esta pode ser
alterada rapidamente. Dentre os fatores que podem causar distúrbio estão o
estresse, mudança de altitude, fome, presença de parasitas, diarréia e o uso
de antimicrobianos e probióticos.
12

A microbiota intestinal varia de acordo com as regiões anatômicas do


intestino, que variam em termos de fisiologia, pH e tensão de oxigênio, velocidade
do fluxo da digestão, (rápido da boca para o ceco, mais lento depois),
disponibilidade de substrato e secreções do hospedeiro. O intestino delgado fornece
um ambiente mais desafiador para colonizadores microbianos, devido aos tempos
de trânsito bastante curtos (três a cinco horas) e às altas concentrações de bile. O
intestino grosso, que é caracterizado por taxas de fluxo lentas e pH neutro a
levemente ácido, abriga de longe a maior comunidade microbiana (dominada por
bactérias anaeróbicas obrigatórias). Podemos observar um gradiente crescente
quantitativo da microbiota e um gradiente decrescente qualitativo da microbiota com
uma diminuição progressiva de bactérias aeróbicas em benefício de bactérias
estritamente anaeróbias (RINNINELLA et al., 2019).
Em qualquer nível do intestino, a composição da flora também apresenta
variação ao longo de seu diâmetro, com certas bactérias tendendo a aderir à
superfície da mucosa, enquanto outras predominam no lúmen. As espécies
bacterianas que residem na superfície da mucosa ou dentro da camada de muco
são as mais propensas a participar de interações com o sistema imunológico do
hospedeiro, enquanto aquelas que povoam o lúmen podem ser mais relevantes para
interações metabólicas com alimentos ou produtos de digestão (QUIGLEY, 2013).
De acordo com Gomes (2017):
O TGI é dominado sobretudo por bactérias de 2 filos: Bacteroidetes e
Firmicutes. O primeiro contempla bactérias Gram-negativas que inclui os
gêneros Bacteroides e Prevotella. As bactérias Firmicutes predominantes no
TGI são divididas em duas classes principais de bactérias Gram-positivas,
Bacilli e Clostridia, incluindo géneros como Clostridium, Enterococcus,
Lactobacillus e Ruminococcus. Estas bactérias representam mais de 90%
da população microbiana nos ratinhos e humanos, sendo que
Proteobacteria, Tenericutes, Verrucomicrobia, Actinobacteria, Fusobacteria
e Cyanobacteria são os filos mais representados nas restantes bactérias.

Os benefícios da microbiota são variados: auxiliam na digestão de


polissacarídeos vegetais, sintetizam e excretam vitaminas do complexo B, impedem
a colonização do intestino por patógenos, através da competição por espaço e
nutrientes, promovem o desenvolvimento do tecido linfático no TGI e estimulam a
produção de anticorpo naturais do corpo, além de ajudar o sistema imune na
apresentação de antígenos, o que deixa o organismo mais tolerante a fatores
imunológicos - reduzindo respostas alérgicas por exemplo. (BERNARDI, 2020).
13

6.1.2. Relação com o sistema imunológico

A barreira intestinal pode ser dividida em componentes extracelulares e


celulares. A primeira defesa, composta de elementos extracelulares, é encontrada
no lúmen. O pH e as enzimas e secreções auxiliam na digestão e quebram
microrganismos e antígenos. A própria mucosa também impede o contato entre o
epitélio e microrganismos - ela é rica em peptídeos antibacterianos e
imunoglobulinas, além de possuir características fisiológicas que mediam a
permeabilidade do epitélio intestinal (RODRIGUES et al., 2016). Para Rodrigues et al
(2016): 
A manutenção da homeostase da barreira funcional intestinal é um processo
co-regulado por mediadores: células epiteliais, células do sistema imune,
microbiota e sistema nervoso entérico. [...] A capacidade de diferenciação
das células epiteliais do intestino permite o desenvolvimento de um
completo aparato celular capaz de impedir a invasão de substâncias no
epitélio. Neste contexto, a primeira linha de defesa é formada pela ação de
células especializadas secretoras. [...] Outra contribuição das células do
epitélio para a proteção da barreira intestinal se dá no transporte da
imunoglobulina IgA através do epitélio. A IgA é produzida por células
plasmáticas na lâmina própria e tem papel importante na neutralização
inespecífica de microorganismos. Vale ressaltar o papel importante das
células M, células especializadas do epitélio que têm a propriedade de
endocitose e transporte de antígenos para as células do sistema imune na
lâmina própria.

As membranas mucosas que revestem o TGI são os principais locais de


entrada para a maioria dos patógenos. Assim, mecanismos de defesa são
necessários nos locais da mucosa para evitar a entrada microbiana. Os grupos de
tecidos linfoides que revestem esses locais de mucosa são conhecidos como
mucosa-associated lymphoid tissue (MALT). Estruturalmente, o MALT pode ser
organizado em dois tipos: Aglomerados soltos de tecidos linfoides, geralmente
encontrados na lâmina própria das vilosidades intestinais e tecidos linfoides
estruturados organizadas como amígdalas, apêndice e placas de Peyers (SASTRY;
BHAT, 2019).
O sistema imunológico está fortemente presente no TGI, principalmente
no intestino. Esse sistema é chamado de gut associated lymphoid tissue (GALT),
agregados do sistema linfático, composto por placas de Peyer e uma grande
população de células imunológicas. Essas células são encontradas em sua maioria
nas porções distais do íleo. As células linfoides encontradas na mucosa são os
14

mastócitos, macrófagos, eosinófilos, leucócitos, linfócitos, dentre outras - todas


fazem parte do sistema imunológico (SANIOTO, 2008).
A importância dessa população nessa região do corpo se dá ao fato de
que o intestino possui a maior área do organismo em contato direto com agentes
infecciosos e tóxicos. Além disso, a maior parte da produção de imunoglobulina
acontece no intestino - cerca de 80% da produção total. Dessa forma, o GALT
protege o corpo humano de bactérias, vírus e patógenos, além de proteger o corpo
de sua própria flora bacteriana, normalmente localizada no intestino grosso
(SANIOTO, 2008). GONÇALVES et al. (2016) diz que:
A ação coordenada das células e moléculas da imunidade inata representa
a primeira barreira seletiva do organismo, atuando de forma imediata e não
específica contra um determinado agente potencialmente invasor que pode
ser prejudicial, além de possibilitar o desenvolvimento de mecanismos da
resposta imune adaptativa, quando necessários. A camada epitelial
intestinal constitui a primeira barreira física de proteção contra invasão
tecidual de agentes patogênicos no lúmen do intestino. [...] Além da função
de barreira, as células epiteliais intestinais (células de Paneth) produzem
moléculas antimicrobianas (defensinas) que causam alterações na parede
celular das bactérias, promovendo sua lise celular. [...] O muco também atua
como um lubrificante para reduzir a abrasividade física da mucosa e
participa da proteção da mucosa de danos induzidos por ácidos e outras
toxinas luminais. [...] Secreções mucóides são ricas em anticorpos IgA que
efetivamente se ligam e agregam bactérias, prevenindo aderência à mucosa
e colonização (assim chamada exclusão imune) e também concentram
peptídeos antimicrobianos produzidos pelas células de Paneth. [...] Além
disso, sabe-se que bactérias mortas também translocam como um processo
biológico normal. Após serem sensibilizadas, células apresentadoras de
antígeno e células imunes imaturas do G.A.L.T. deixam o trato intestinal,
migram através do ducto torácico, participam na imunidade sistêmica e
preferencialmente colonizam a mucosa intestinal como células maduras T e
B. Assim, é concebível considerar a translocação bacteriana como um
processo provavelmente fisiológico e essencial, regulando a imunidade
sistêmica e a tolerância a inúmeros antígenos que entram em contato com o
epitélio intestinal.

Os linfócitos T, grandemente localizados no epitélio intestinal, estão em


contato direto com antígenos e enterócitos, participando da resposta imune efetora
contra microrganismos patogênicos e processos reguladores da imunidade na
mucosa intestinal. Outras células do sistema imune importantes para a homeostase
da barreira intestinal são os macrófagos e as células dendríticas, fagócitos
encontrados na lâmina própria. Elas atuam na manutenção da tolerância a antígenos
da dieta e no controle de patógenos e microrganismos comensais (GONÇALVES et
al., 2016).

6.1.2.1. Papel da Microbiota em relação ao Sistema Imune


15

As bactérias que vivem no TGI, principalmente no intestino, têm uma


relação de simbiose com as células do organismo. Dessa forma, as células do
epitélio intestinal, junto com as células do sistema imune fazem a regulação no local,
aceitando a microbiota e respondendo contra agentes patogênicos (RODRIGUES et
al., 2016). Para Rodrigues et al. (2016):
A importância dos microrganismos residentes no intestino é verificada nos
mais diversos níveis, passando desde a influência nas propriedades de
proliferação, diferenciação e renovação celular do epitélio intestinal, até a
modulação da permeabilidade intestinal, expressão de peptídeos
antimicrobianos e camada de muco para a barreira físico-química.  

O sistema imunológico diferencia as bactérias intestinais comensais e


patogênicas através de alguns sistemas, como imunidade inata, imunidade adquirida
e barreira física epitelial. Esses incluem modificação de padrões de reconhecimento
ou inibição de resposta inflamatória. Em alguns casos o reconhecimento de
bactérias comensais pode resultar em uma resposta inflamatória controlada que
protege contra patógenos. A indução de uma resposta inflamatória de baixo grau
(inflamação fisiológica) por comensais pode ser vista para preparar o sistema
imunológico do hospedeiro para lidar de forma mais agressiva com a chegada de um
patógeno (QUIGLEY, 2013).
Por meio desses e de outros mecanismos, a microbiota desempenha um
papel crítico na proteção do hospedeiro contra a colonização por espécies
patogênicas. Algumas bactérias intestinais produzem uma variedade de substâncias,
desde ácidos graxos e peróxidos relativamente inespecíficos até bacteriocinas
altamente específicas, que podem inibir ou matar outras bactérias potencialmente
patogênicas, enquanto certas cepas produzem proteases capazes de desnaturar
toxinas bacterianas (QUIGLEY, 2013).
O reconhecimento da microbiota intestinal pelas células do sistema imune
permite o desenvolvimento de funcionalidade da resposta imune. Um organismo que
teve mais contato com uma variedade maior de bactérias comensais, terá uma
microbiota mais diferenciada e consequentemente, melhores respostas imunológicas
(GONÇALVES, 2016).

6.2. DISBIOSE
16

Os seres humanos representam um andaime sobre o qual diversos


ecossistemas microbianos são estabelecidos. Formadas por séculos de evolução,
algumas associações entre hospedeiro e bactéria se desenvolveram de forma
benéfica, criando um ambiente para o mutualismo (ROUND; MAZMANIAN, 2009).
As bactérias simbióticas do intestino são notadas pelos benefícios que
proporcionam ao hospedeiro: por meio do fornecimento de nutrientes essenciais,
metabolismo de compostos indigeríveis, defesa contra a colonização por patógenos
oportunistas e ainda contribuição para o desenvolvimento da arquitetura intestinal.
Além disso, parece que certas características e funções básicas do desenvolvimento
do sistema imunológico dependem de interações com o microbioma humano
(ROUND; MAZMANIAN, 2009).
A composição da microbiota intestinal é altamente variável. A variação em
si é considerada fisiológica no contexto da microbiota intestinal saudável, de acordo
com idade, etnia, estilo de vida e hábitos alimentares. No entanto, essas variações
fisiológicas da microbiota intestinal têm enormes implicações em distúrbios
intestinais e extra intestinais (RINNINELLA, 2019).
Dentre os sintomas mais comuns e relevantes e que são objeto dos mais
diversos estudos relacionados a este tema, estão as náuseas, diarreia, constipação,
abdômen distendido, gases intestinais, azia, perda de apetite, dor no estômago e dor
no intestino - todos eles gastrointestinais - e que se confundem com sintomas de
outras doenças. Alguns autores associam a disbiose ao surgimento de intolerâncias
e hipersensibilidades alimentares, sendo este um dos critérios utilizados no
diagnóstico (COSTA et al., 2019).

6.2.1. Comportamento da microbiota na doença

A importância da flora intestinal só foi reconhecida recentemente, e as


consequências de sua perturbação (interação flora e hospedeiro) é assunto de
alguns estudos novos - apesar de serem situações meio óbvias, quando se pensa
rapidamente. Por exemplo, quando muitos componentes da flora normal são
eliminados ou suprimidos por um curso de antibióticos de amplo espectro, o palco
está montado para que outros organismos que podem ser patogênicos interfiram e
causem doenças (QUIGLEY, 2013).
17

Em outras situações, as bactérias podem simplesmente estar onde não


deveriam estar. Se a motilidade do intestino for prejudicada e/ou a secreção ácida
do estômago for drasticamente reduzida, resulta um ambiente propício à proliferação
de organismos no intestino delgado que normalmente estão confinados ao cólon
(QUIGLEY, 2013).
Outras vezes, a interação imunológica entre a flora e o hospedeiro é
perturbada, e o hospedeiro pode, por exemplo, começar a reconhecer os
constituintes da flora normal, não como comensais, mas como inimigos e pode
montar uma resposta inflamatória inadequada. Todas essas situações levam a lesão
do epitélio intestinal, tornando sua parede permeável, permitindo que as bactérias
acessem as partes mais internas, como a região submucosa e a circulação
sanguínea (QUIGLEY, 2013).

6.2.2. Definição de Disbiose

A microbiota é composta principalmente por bactérias dos filos


Bacteroidetes, Firmicutes, Actinobacteria e Proteobactérias. Grandes mudanças na
proporção entre esses filos ou a expansão de novos grupos bacterianos levam a um
desequilíbrio promotor de doença, conhecido como disbiose (WEISS; HENNET,
2017).
Em outras palavras, a disbiose é definida como o desequilíbrio entre o
número de bactérias protetoras e o número de bactérias agressoras no TGI,
tornando-o mais vulnerável (PEREIRA; FERRAZ, 2017).
Uma microbiota saudável contém uma composição equilibrada de várias
classes de bactérias. Os comensais são residentes permanentes deste complexo
ecossistema e não trazem nenhum benefício ou prejuízo ao hospedeiro. Os
simbiontes são organismos com funções conhecidas de promoção da saúde. Os
patobiontes também são residentes permanentes da microbiota com potencial para
induzir patologia (ROUND; MAZMANIAN, 2009).

6.2.2.1. Causas

Vários fatores exógenos e endógenos afetam a composição microbiana


do intestino. Os efeitos resultantes variam entre transitórios a duradouros e esses
18

efeitos podem variar de inofensivos a prejudiciais. Muitas vezes, um único fator não
é suficiente para induzir a disbiose, pois a microbiota intestinal tem uma resiliência
intrínseca. Os principais fatores que influenciam a composição da microbiota
intestinal são a dieta, uso de medicamentos, a mucosa, o sistema imunológico e a
própria microbiota (WEISS; HENNET, 2017).

6.2.2.1.1. Uso de antibióticos

A composição da microbiota intestinal pode ser mais ou menos afetada


pelo uso de antibióticos. Um estudo chamado "Differential Effects of Antibiotic
Therapy on the Structure and Function of Human Gut Microbiota" (PEREZ-COBAS et
al., 2013), explorou o efeito de antibióticos com diferentes modos de ação na
composição da microbiota intestinal humana e demonstrou que os tratamentos com
antibióticos modificam a composição da microbiota intestinal com
abundância/aparecimento de certas espécies e diminuição/desaparecimento de
outras espécies. Antibióticos de amplo espectro levam a um desequilíbrio entre
Firmicutes e Bacteroidetes. A diversidade bacteriana diminui e também a
abundância dessas bactérias durante os tratamentos. Propriedades específicas dos
antibióticos, como efeitos antimicrobianos ou modo de ação, são forças poderosas
para a seleção da microbiota intestinal e são parcialmente responsáveis pelas
mudanças na composição bacteriana durante a antibioticoterapia (RINNINELA et al.,
2019).

6.2.2.1.2 Alimentação

A dieta é um elemento importante que afeta a microbiota intestinal.


Variações naturais na ingestão de alimentos podem causar mudanças transitórias na
composição microbiana. Alterar a composição dos alimentos, bem como a escassez
de alimentos ou excesso de oferta afeta a microbiota intestinal (WEISS; HENNET,
2017).
Um exemplo é o que ocorre em pacientes que estão se alimentando por
via parenteral - esta via gera ausência de absorção de nutrientes no intestino, o que
aumenta os níveis de proteobactérias, promovendo inflamação da mucosa e
eventual ruptura da barreira epitelial. Outro exemplo é o que ocorre na obesidade. A
19

oferta excessiva de nutrientes gera o ganho de peso, e uma consequência de se


tornar obeso é o aumento de distúrbios metabólicos inflamatórios, estes levam à
disbiose. A obesidade é caracterizada pela diminuição da diversidade microbiana
(WEISS; HENNET, 2017). Rinninella et al. (2019) afirma que: 
Hábitos alimentares, desmame infantil e práticas de alimentação tornam-se
determinantes e desempenham um papel crucial nas variações da
microbiota intestinal. A introdução de alimentos ricos em fibras e
carboidratos (alimentos tradicionais) causa um aumento de Firmicutes e
Prevotella, enquanto a introdução de alimentos ricos em fibras e proteínas
animais causa um aumento em Bacteroidetes.

6.2.2.1.3. A mucosa 

Em doenças inflamatórias, é possível encontrar alta expressão de alguns


fatores como citocinas e hormônios na camada mucosa. Esses fatores geram
alterações, como o aumento da disponibilidade de carboidratos no intestino,
alterando a composição da microbiota. A capacidade de extrair carboidratos das
mucinas glicanas está concentrada em grupos bacterianos, que expressam um
vasto conjunto de enzimas hidrolases e transportadores que permitem a utilização
de monossacarídeos como fontes de carbono. Entre os filos bacterianos do intestino
humano, Bacteroidetes expressam a maior máquina de fermentação de carboidratos
(WEISS; HENNET, 2017).

6.2.2.1.4. O sistema imune

O sistema imunológico permite uma relação simbiótica com a microbiota


comensal, mantendo uma homeostase não inflamatória. Este estado de tolerância
depende de múltiplos mecanismos, como uma barreira física do muco minimizando
o contato com o epitélio e a secreção de antimicrobianos proteínas e imunoglobulina
A. O sistema imunológico constantemente detecta e contém a microbiota intestinal.
Cada componente do sistema imunológico exerce pressão em porções da
microbiota intestinal. Por exemplo, a ausência de imunoglobulina A produz uma forte
expansão de bactérias anaeróbicas, especialmente do filo Firmicutes (WEISS;
HENNET, 2017).
20

Doenças que atingem diretamente a imunidade parecem se relacionar


com o surgimento da disbiose. É importante destacar que algumas doenças são a
causa primária do estabelecimento da disbiose no hospedeiro, como é o caso da
síndrome da imunodeficiência adquirida (GONÇALVES, 2016).

6.2.2.2. Consequências

Gonçalves et al. (2016) diz que: 


[...]alterações da microbiota, denominadas disbiose, influenciam fortemente
diversos processos patológicos nos seres humanos, uma vez que parecem
estar relacionadas com o desenvolvimento de doenças inflamatórias
intestinais, autoimunes, metabólicas (obesidade e síndrome metabólica) e
até mesmo neurológicas.

SIDHU e POORTEN (2017) afirmam que:


Muitas doenças gastrointestinais têm sido associadas a alterações no
microbioma intestinal, assim como distúrbios metabólicos, doenças
hepáticas, certos distúrbios neurológicos e de humor, artrite e condições
imunológicas. A disbiose, que significa desequilíbrio ou estado mal
adaptativo do microbioma, é encontrada em quase todas essas condições,
embora não tenha sido estabelecido se isso é causa ou efeito na maioria
dos casos.

A microbiota também tem sido implicada no desenvolvimento da


resistência à insulina, uma anormalidade fundamental na síndrome metabólica, por
afetar o balanço energético, o metabolismo da glicose e o estado inflamatório de
baixo grau que tem sido associado à obesidade e distúrbios metabólicos
relacionados (QUIGLEY, 2013).
O microbioma gastrointestinal entre indivíduos magros e obesos é bem
diferente. Enquanto o primeiro possui um maior número de bactérias benéficas, o
outro possui mais bactérias com efeito patogênico. Isso se relaciona com o aumento
de citocinas circulantes nos pacientes obesos, o que ocasiona estados  patológicos 
e  o  desenvolvimento  de Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT’S), tornando
a microbiota um fator de risco para a obesidade (COSTA et al., 2019).
A microbiota intestinal também pode modular o metabolismo lipídico
sistêmico através da modificação dos padrões metabólicos dos ácidos biliares,
impactando também diretamente nas propriedades de emulsificação e absorção dos
ácidos biliares e, assim, indiretamente no armazenamento de ácidos graxos no
fígado (QUIGLEY, 2013).
21

Alterações nas bactérias intestinais na doença hepática gordurosa não


alcoólica (DHGNA) e esteatose hepática não alcoólica (EHNA) estão associadas à
translocação bacteriana intestinal, levando ao aumento da liberação de
lipopolissacarídeos, ácidos graxos livres e outras toxinas diretamente para o fígado
da veia porta. Além disso, pacientes com EHNA apresentam maior abundância da
família de bactérias Escherichia , grupo que fermenta carboidratos e produz etanol
endógeno. Isso leva ao aumento dos níveis de álcool perifericamente, um possível
cofator na patogênese da doença hepática gordurosa (SIDHU; POORTEN, 2017).
A doença inflamatória intestinal (DII) envolve uma mudança de respostas
imunes intestinais reguladas para uma que é impulsionada pela ativação irrestrita de
células imunes e produção de citocinas pró-inflamatórias. A causa desse aumento
na estimulação imune tem grande relevância e várias evidências indicam um papel
significativo das bactérias comensais na progressão da doença. Pacientes com DII
respondem favoravelmente ao tratamento com antibióticos e desvio fecal, e têm
títulos de anticorpos maiores contra bactérias nativas do que indivíduos não
afetados. Além disso, as lesões inflamatórias são mais vistas nas áreas do intestino
que contêm o maior número de bactérias. (ROUND; MAZMANIAN, 2014)
As respostas inflamatórias durante a DII são direcionadas para certos
subconjuntos de organismos comensais com potencial patogênico, como
Helicobacter, Clostridium e Enterococcus. Curiosamente, esses organismos são
comensais abundantes e não agentes patogênicos tipicamente infecciosos. Fatores
genéticos desempenham um papel importante na patogênese da DII, mas pelo
menos em parte, ela resulta de um desequilíbrio na microbiota normal sem aquisição
de um agente infeccioso. Ainda não está claro se a disbiose causa diretamente a
doença ou é resultado do ambiente intestinal alterado (ROUND; MAZMANIAN,
2014).
Outro ponto importante é o que acontece na Síndrome do Intestino
Irritável (SII). Uma variedade de evidências sugere um papel para a microbiota
intestinal na SII. A primeira e mais importante delas é o que se observa clinicamente,
onde SII pode se desenvolver em indivíduos de novo após a exposição a infecções e
infestações entéricas (ou seja, SII pós-infecciosa). Mais controversa tem sido a
sugestão de que pacientes com SII podem apresentar supercrescimento bacteriano
do intestino delgado (SBID) (QUIGLEY, 2013).
22

A doença celíaca (DC) é uma doença inflamatória intestinal crônica e a


disbiose tem um papel significativo na sua patogênese. Estudos demonstraram que
as proporções dos grupos Clostridium histolyticum, C. lituseburense e
Faecalibacterium prausnitzii são menos abundantes em pacientes com DC não
tratados (RINNINELLA et al., 2019). 
Pacientes com DC também mostram uma redução nas espécies
benéficas (Lactobacillus e Bifidobacterium) e um aumento naquelas potencialmente
patogênicas (Bacteroides e E. coli) em comparação com indivíduos saudáveis.
Existe aqui uma relação de causa e consequência com a disbiose: ao mesmo tempo
que a variação bacteriana é desencadeadora da DC, camada mucosa de pacientes
com essa doença não consegue estabilizar a microbiota intestinal e não consegue
impedir o hospedeiro da invasão de antígenos e patógenos nocivos (RINNINELLA et
al., 2019).
Evidências sugerem que a disbiose pode resultar em uma possível
síndrome do intestino permeável, causando, em cadeia, maior permeabilidade,
chances de ativação do sistema imunológico inato, afetando vias de sinalização e
modificação do metabolismo glicêmico e lipídico e desencadeando inflamação de
baixo grau, corroborando com um quadro de resistência à insulina e até diabetes
mellitus tipo 2. Sendo assim, diante da ruptura da barreira intestinal, a disbiose é
relacionada à endotoxemia e inflamação crônica, interferindo também no número de
bactérias benéficas (bactérias sacarolíticas) produtoras de AGCC (SABATINO et al.,
2017).
Ainda é possível relacionar a disbiose com a Doença de Alzheimer e
Parkinson, Autismo, alergias alimentares, Doença de Crohn, Câncer colorretal e
outros distúrbios. O fato é que a disbiose está presente em um grande espectro de
doenças e pode ser a chave para o tratamento de várias dela (RINNINELLA et al.,
2019).

6.2.3. Interação com o Sistema Imune

Quando a disbiose intestinal se instala, bactérias têm grande chance de


serem transportadas para os linfonodos mesentéricos, gerando uma resposta imune
agressiva anormal contra esses microrganismos. É importante salientar que os
microrganismos que compõem a microbiota intestinal estão relacionados com o
23

desenvolvimento de respostas inflamatórias e outros a mecanismos anti-


inflamatórios (RODRIGUES et al., 2016).
A diversidade dessa microbiota pode ser considerada a chave para
entender como acontece a manutenção da homeostase intestinal. Dentro dessa
perspectiva, dá pra dizer que o desequilíbrio da microbiota desencadeia inflamação
no intestino, pois influencia nos determinantes da homeostase da barreira intestinal
(RODRIGUES et al., 2016).
Enquanto uma comunidade intestinal disbiótica é marca registrada de
várias doenças inflamatórias, a disbiose, por sua vez, também desencadeia
mecanismos que desequilibram a homeostase intestinal e causam inflamação. A
translocação de bactérias através do epitélio intestinal aumenta na disbiose.
Pequenos números de bactérias comensais translocadas, são removidas pela ação
das células de defesa. e um alto número de bactérias invasoras atuam ativamente e
continuamente, provocando uma superexpressão de citocinas pró-inflamatórias, que
danificam o epitélio intestinal e levam a inflamações intestinais (WEISS; HENNET,
2017).
Uma microbiota alterada também afeta a maturação do sistema
imunológico inato, pois as bactérias intestinais são uma força motriz nesse processo.
Sem microbiota, a função dos neutrófilos é prejudicada, exibindo morte reduzida de
patógenos e secreção reduzida de interferons. Também acontece do
desenvolvimento de células mieloides na medula óssea ser retardado na ausência
de microbiota. Esse atraso prejudica a eliminação de infecções sistêmicas e
aumenta a suscetibilidade a alergias (WEISS; HENNET, 2017).
Round e Mazmanian (2014, p. 22) dizem que “a desregulação
imunológica é o resultado da disbiose na microbiota”.
No TGI estão um conjunto de células imunes agregadas e existe maior
quantidade de linfócitos e produção de anticorpos. Estas células evitam respostas
contra antígenos e microbiota. Falhas nesses mecanismos podem gerar uma
resposta imune exagerada na mucosa, causando doenças (GONÇALVES, 2016).

6.2.4. Tratamento

O tratamento para disbiose não deve ser invasivo e muito menos


agressivo. Deve levar em conta uma série de critérios para escolher o melhor, como
24

tipo de alimentação, doenças estabelecidas, fatores de risco, uso de medicamentos.


Estudos sugerem que a modulação do TGI é a forma mais indicada, e   que a
manipulação dietética pode ser o primeiro tratamento para a disbiose. A
suplementação de glutamina pode ser uma ferramenta útil em alguns casos
(PANTOJA et al., 2019).
Em casos mais específicos, como a disbiose causada por Clostridium
Difficile, é indicada a antibioticoterapia. Nesse tratamento, remove-se o antibiótico
que desencadeia as alterações na microbiota e inicia-se a administração de
antibiótico específico. Este tratamento é controverso, pois pode eliminar parte da
microbiota comensal não nociva, além de perder a eficácia se o paciente tiver
recidivas (SIDHU; POORTEN, 2017).
Terapeuticamente, abordagens baseadas em probióticos têm sido usadas
com algum sucesso durante muitos anos, assim como a abordagem mais agressiva
baseada em transplante fecal (CARDING et al., 2015). Cândido, Tunon e Carneiro
(2009) dizem que:
Alguns estudos já vêm demonstrando que um prebiótico também pode
influenciar nos microrganismos patogênicos presentes na microbiota
intestinal. [...] Uma outra maneira de influenciar na microbiota é por meio do
uso de simbiontes, que é a combinação de probióticos com prebióticos. O
uso de alimentos vivos (probióticos) pode ser utilizado juntamente com
substratos específicos (prebióticos) para o crescimento, como por exemplo
FOS combinado com uma cepa de bifidobactéria ou lactitol combinado com
lactobacilos.

6.3. MODULAÇÃO GASTROINTESTINAL

Na literatura médica e nutricional, entende-se a Modulação do Trato


Gastrointestinal como um conjunto de intervenções aplicáveis no TGI com a
intenção de equilibrar e restaurar as proporções de bactérias que formam a
microbiota de um indivíduo. Deve ser feita tanto em termos quantitativos como em
qualitativos, a fim de diminuir a proliferação de patógenos - estes, na maioria das
vezes, são os responsáveis pela disbiose (GAGLIARDI, 2018). Gomes (2017) diz que: 
O estudo do metabolismo, sinalização e interações imunitárias entre a
microbiota intestinal e hospedeiro e o modo como essas interações
modulam outros órgãos e as funções intestinais, criou o conceito de
manipulação terapêutica da microbiota intestinal. A seleção de estirpes
bacterianas intestinais específicas representa uma abordagem terapêutica
promissora para controle de certas patologias.

6.3.1. Técnicas de modulação do TGI


25

A modulação da microbiota intestinal pode ser alcançada através de


várias abordagens, incluindo a administração de probióticos, prebióticos, simbióticos,
metabólitos bacterianos comensais, nutracêuticos e oligoelementos (CHEN;
VITETTA, 2021).

6.3.1.1. Transplante de microbiota fecal (TMF) 

O TMF é definido como a transferência de material fecal de um dador


saudável para um receptor que apresenta uma microbiota alterada. O objetivo mais
pertinente desta técnica é a restauração da eubiose (GOMES, 2017).
Esta técnica foi utilizada pela primeira vez em 1958, quando pacientes
foram curados de colite pseudomembranosa, causada pelo C. difficile. Seu processo
é considerado simples. É feito um rastreamento, nos doadores, de todos os
patógenos transmitidos pelo sangue e pelas fezes. Esses doadores devem ser
magros e saudáveis. As fezes doadas são misturadas com solução salina/glicerol
estéril e podem ser dadas frescas ou congeladas e podem ser inseridas no
pacientes via sonda nasojejunal ou no ceco na colonoscopia. O processo é seguro,
mas pode acontecer algumas adversidades, como distensão abdominal, diarréia e
febre baixa, que se resolvem sozinhas (SIDHU; POORTEN, 2017).
A TMF atua restaurando a população bacteriana comensal do paciente,
havendo uma maior competição por nutrientes, e como consequência, inibição do
crescimento do C. difficile, podendo regular o sistema imune e as alterações da
atuação dos ácidos biliares que acontecem no intestino, alterando o ciclo de vida
dos microrganismos. Atualmente esta técnica está limitada ao tratamento de DII
associadas ao C. difficile (GOMES, 2017).

6.3.1.2. Suplementação de Glutamina 

A terapia nutricional na disbiose reage diretamente na barreira intestinal e


sistema imune. Através dela é possível cicatrizar feridas, regular células T e B - e
com isso melhorar a defesa da mucosa contra invasores. No aspecto nutricional, a
utilização de aminoácidos tem se mostrado relevante do tratamento de disbiose e
modulação do TGI, pois são capazes de desempenhar papéis fundamentais em todo
26

o organismo como reguladores fisiológicos, e suas propriedades físico-químicas e


sua concentração podem afetar as funções mecânicas, hormonais e
neuroendócrinas desse sistema (FERRAZ, 2017).
Em especial, existe a Glutamina que atua na integridade do intestino,
transporte e metabolismo de nutrientes (o que parece ajudar a nutrir as células
comensais benéficas), função imune e redução da inflamação intestinal, reduzindo a
produção de citocinas inflamatórias no cólon (FERRAZ, 2017)

6.3.1.3. Probióticos

Nos últimos anos, tem-se explorado cada vez mais a utilidade do uso de
probióticos para reverter a disbiose intestinal associada a doenças críticas,
reduzindo assim complicações. (MORROW; WISCHMEYER, 2017)
Probióticos são suplementos alimentares que contém organismos vivos
que são benéficos para quem os consome, melhorando principalmente a microbiota,
que passa a desempenhar de forma mais eficaz a sua função. Para ser considerado
um probiótico, deve trazer benefícios para o hospedeiro; não ser patogênico, nem
tão pouco tóxico; conter grande quantidade de células viáveis; ser capaz de ser
metabolizado e de sobreviver no aparelho digestivo; manter-se vivo durante o seu
uso e estocagem; aderir à mucosa intestinal do hospedeiro e ser de fácil cultivo
(CÂNDIDO; TUNON; CARNEIRO, 2009)
Os probióticos bacterianos mais bem estudados são os das espécies
Lactobacillus , Bifidobacterium e Lactococcus , enquanto a levedura mais
comumente utilizada é a Saccharomyces boulardii. Os probióticos colonizam o
intestino temporariamente e podem exercer efeitos benéficos através do
aprimoramento da barreira intestinal natural (tanto física quanto mucosa),
estimulação da secreção de IgA, regulação negativa da produção de citocinas
inflamatórias e antagonismo direto de patógenos (SIDHU; POORTEN, 2017).
Cândido, Tunon e Carneiro (2009) frisam que:
Dentre as principais vantagens na saúde que os probióticos devem trazer,
podemos citar o alívio dos sintomas da má absorção da lactose; aumentar,
naturalmente, a resistência das doenças infecciosas do trato intestinal;
suprimir o desenvolvimento do câncer; a diminuição da concentração do
colesterol sérico; ajudar na digestão e estimular a imunidade gastrintestinal.
27

Os probióticos são sugeridos para manter e até restaurar a homeostase


do intestino. Agem numa relação de mutualismo com as bactérias comensais, se
forem administrados de forma correta, e entre seus benefícios estão a competição
com patógenos, efeito na imunidade e efeitos antagônicos. Um importante efeito
anti-inflamatório em pacientes com infecções do trato gastrointestinal ou doenças
inflamatórias intestinais foi documentado em vários estudos (CARLET, 2012).

6.3.1.4. Metabólitos bacterianos comensais

Bactérias intestinais comensais podem produzir vários metabólitos para


mediar benefícios à saúde. Os metabólitos incluem ácidos graxos de cadeia curta
(AGCC), derivados de ácidos biliares e aminoácidos. Componentes alimentares que
escapam da digestão no intestino delgado, bem como compostos endógenos, como
enzimas digestivas e células epiteliais e muco associado, entram no cólon e ficam
disponíveis para fermentação pela microbiota colônica (CARDING et al., 2015). 
A conversão bacteriana desses compostos resulta em uma ampla
variedade de metabólitos que estão em contato próximo com as células do
hospedeiro. Carboidratos e proteínas não digeridos constituem os principais
substratos à disposição da microbiota (CARDING et al., 2015).
Acredita-se que nutrindo essas bactérias, irão se multiplicar e o paciente
terá mais metabólitos. O butirato é o metabólito mais estudado como mediador
desse processo e nota-se um efeito de redução de infecções intestinais graves -
pode aumentar as respostas imunológicas para proteger os hospedeiros das
infecções (CHEN; VITETTA, 2015).
O butirato pode reduzir a gravidade de doenças inflamatórias por meio de
seu conhecido efeito anti-inflamatório. Reduz a inflamação intestinal ativando as
células T reguladoras e reduz a inflamação sistêmica através do aumento da
barreira intestinal para evitar a translocação de endotoxinas e bactérias para órgãos
extra-intestinais. O butirato também inibe múltiplas vias de sinalização pró-
inflamatórias para reduzir as tempestades de citocinas (CHEN; VITETTA, 2015).

6.3.1.5. Prebióticos

Cândido, Tunon e Carneiro (2009) explicam que:


28

Prebiótico é um ingrediente não digerível presente em um alimento que


beneficia o hospedeiro ao selecionar e estimular o crescimento de uma
determinada bactéria já existente no trato intestinal. Algumas características
são necessárias para que um alimento seja considerado um prebiótico,
como de ser hidrolisado ou absorvido no trato gastrintestinal. Deve servir de
substrato para uma ou um grupo determinado de bactérias, estimulando seu
crescimento e tornando-a metabolicamente ativa na microbiota do cólon, e,
como consequência, deve ser capaz de alterar a microbiota a fim de que a
mesma se torne mais saudável. Apesar de qualquer ingrediente presente na
comida possa ser um candidato a ser um prebiótico, é a capacidade que
esse tem de selecionar microrganismos fermentadores que é levado em
consideração. Até agora, a procura por prebióticos está direcionada para
aqueles organismos capazes de realizar fermentação lática. Isso se deve
aos benefícios à saúde que tais produtos podem trazer. Alguns estudos já
vêm demonstrando que um prebiótico também pode influenciar nos
microrganismos patogênicos presentes na microbiota intestinal. Por
exemplo, a celobiose tem a capacidade de atenuar a virulência de Listeria
monocytogenes. 

A maioria dos estudos sobre prebióticos têm sido focados em frutanos,


como a inulina, frutanos, frutooligossacarídeos (FOS), galactooligossacarídeos
(GOS) e lactulose. Várias novas fontes de prebióticos e plantas com alto
conteúdo de oligossacarídeos estão sob investigação. Fatores como a
capacidade de diminuir inflamação sistêmica; aumentar a saciedade; e reduzir
estresse oxidativo e esvaziamento gástrico estão sendo levados em conta
(MELLO, 2008).

6.3.1.5.1. Oligossacarídeos - FOS e GOS

Os oligossacarídeos influenciam no crescimento da flora intestinal


'normal', como bifidobactérias e lactobacilos, por meio da atuação do que se
convencionou chamar 'bifidus factor'. O aumento da concentração desses
microrganismos no TGI é considerado benéfico, acarretando a síntese de moléculas
que apresentam efeito antibacteriano e antibiótico, a inibição de crescimento de
bactérias patogênicas, a resistência a infecções intestinais, o estímulo do sistema
imune contra a invasão bacteriana, a prevenção e a melhoria dos distúrbios
gastrintestinais; a redução de lipídios séricos e a prevenção do desenvolvimento de
obesidade e câncer (MILLANI; KONSTANTYNER; TADDEI, 2009).
Os FOS e os GOS são os prebióticos cuja atividade bifidogênica é
comprovada em adultos. São oligossacarídeos não digeríveis (OND), resistentes às
enzimas digestivas do intestino, tendo efeitos similares ao da fibra insolúvel. Sua
ingestão aumenta a proliferação das bactérias do gênero Bifidobacterium e
29

Lactobacillus no trato intestinal, por isso eles são considerados ingredientes


prebióticos (MELLO, 2008).

6.3.2. Modulação e nutrição

A alimentação é fator decisivo na composição da microbiota intestinal,


pois ocasiona modificações em reações bioquímicas que acontecem no intestino,
alterando todo o metabolismo. A relação da alimentação com as modificações no
TGI pode se dar devido à quantidade de lipídeos, que, quando em grandes
quantidades, podem   chegar a prejudicar a integridade da barreira intestinal, 
ocasionando o aumento da permeabilidade. Em estudo mostrado por Mitsou (2017),
apresentou-se a importância da dieta mediterrânea na modulação do microbioma
gastrointestinal, explicada por   uma enorme diversidade de constituintes com efeitos
eficazes, em frente a resultados negativos quando comparada com os efeitos de
uma dieta ocidental (GAGLIARDI, 2018).
Um exemplo do efeito que a dieta tem na formação da microbiota são os
padrões alimentares divergentes de crianças da África rural e da Europa, onde as
crianças de Burkina Faso consomem até 14,2 g de fibra por dia e apresentam perfis
de microbiota fecal notavelmente diferentes, em comparação com seus europeus
que consomem 8,4 g de fibra alimentar (DE FILIPPO et al., 2010). 
Correlações negativas entre as concentrações fecais de AGCC e ingestão
de grãos refinados e açúcar adicionado e correlações positivas entre a ingestão de
frutas e vegetais também foram relatadas (YANG; ROSE, 2014).
Em outro estudo, os indivíduos foram alimentados com dieta pobre em
gordura e rica em fibras, observou-se maior diversidade nos perfis da microbiota
bacteriana, enquanto aqueles com níveis “moderados a altos” de gordura e “baixa”
ingestão de fibras tiveram a microbiota menos diversificada (CLAESSON et al.,
2012).
Coletivamente, esses estudos mostram que a ingestão de fibra alimentar
influencia a diversidade da microbiota intestinal e as espécies dominantes (DE
FILIPPIS et al., 2015).

6.3.2.1. Proteína
30

Os efeitos da proteína na composição da microbiota intestinal foram


citados pela primeira vez em 1977. Um estudo baseado em cultura demonstrou
contagens mais baixas de Bifidobacterium e contagens aumentadas de Bacteroides
e Clostridium em indivíduos que consumiam uma dieta rica em carne bovina quando
comparados a indivíduos que consumiam uma dieta sem carne. Outros estudos
conseguiram avaliar de forma abrangente o impacto da proteína dietética na
composição microbiana intestinal. Os participantes receberam diferentes formas de
proteína nesses estudos, como proteína de origem animal de carnes, ovos e queijos;
proteína de soro; ou fontes puramente vegetarianas, como proteína de ervilha. Foi
observado que o consumo de proteína se correlaciona positivamente com a
diversidade microbiana geral (SINGH et al., 2017; SWIATECKA, D. et al, 2011;
MEDDAH et al. 2001).

3.2.2 Carboidratos

Os carboidratos existem em duas variedades: digeríveis e não digeríveis.


Os carboidratos digeríveis são degradados enzimaticamente no intestino delgado e
incluem amidos e açúcares, como glicose, frutose, sacarose e lactose. Após a
degradação, esses compostos liberam glicose na corrente sanguínea e estimulam
uma resposta à insulina. Indivíduos humanos alimentados com altos níveis de
glicose, frutose e sacarose na forma de frutas de tâmara aumentaram a abundância
relativa de Bifidobacteria, com Bacteroides reduzidos. Em um estudo separado, a
adição de lactose à dieta replicou essas mesmas mudanças bacterianas, além de
diminuir as espécies de Clostridia . Notavelmente, muitas espécies de Clostridium
cluster foram associadas à síndrome do intestino irritável. A suplementação de
lactose também foi observada para aumentar a concentração fecal de SCFAs
benéficos. Esses achados são bastante inesperados, uma vez que a lactose é
comumente considerada um potencial irritante gastrointestinal (por exemplo,
intolerância à lactose) (SALTIEL, 2016; PARVIN, 2015; FRANCAVILLA et al., 2013).

7. MATERIAL E MÉTODOS

Para este trabalho, será realizada revisão de literatura, ou seja, pesquisa


exploratória realizada nos anos de 2022 e 2023, visando responder a pergunta inicial
31

do projeto: “Como a modulação gastrointestinal no controle da disbiose, irá


influenciar no bom funcionamento do sistema imune?”.
Serão utilizados artigos científicos publicados em bases eletrônicas como
Scientific Eletronic Library Online (SciELO), National Library of Medice (NIH),
Pubmed, Google Acadêmico, Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online (MEDLine), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento (RBone).
Serão utilizados descritores indexados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) por
meio de Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) com as combinações a seguir em
inglês: “sistema imune” AND “disbiose” OR “modulação do trato gastrointestinal”,
“nutrição” AND “microbiota”, correlacionando-os. 
Serão considerados artigos em todos os idiomas, artigos na íntegra,
publicados entre 2005 e 2023, que contemplem os temas sugeridos neste projeto.
Serão excluídos artigos de revisão, teses, dissertações, e artigos sem resumo ou
apenas com resumo.
Após a coleta dos artigos, serão avaliados seguindo os critérios de
elegibilidades previamente estabelecidos. Em seguida, os dados avaliados serão
estruturados em um quadro que abranja os pontos seguintes: autor/ano de
publicação, título da revista, tipo de estudo, principais resultados e conclusões.
Esta revisão assegurará os aspectos éticos, o que irá garantir a autoria
dos artigos selecionados, assim como o uso das citações e referências para os
trabalhos mencionados. Tudo conforme o que é estipulado pela Lei de Direitos
autorais: nº 9.610/98.

7,1. ABRANGÊNCIA SOCIAL DO PROJETO

De acordo com estudo publicado na revista Critical Care, a taxa de


mortalidade em pacientes doentes e saudáveis aumenta em 92% devido à disbiose,
podendo então ser um fator determinante na progressão e cura de algumas
doenças. Muitos indivíduos ainda não conhecem a palavra disbiose, tampouco os
seus riscos para a saúde geral da população, criando uma espécie de ostracismo,
que influencia no aumento da incidência de doenças e poderia ser evitada de forma
simples através da Nutrição. Obtendo-se o conhecimento acerca do tema, podemos
evidenciar a importância da modulação do TGI, apresentando os seus benefícios
32

para a saúde da população e tornando o tema difundido entre todas as camadas


sociais, podendo evitar o agravamento e surgimento de doenças, através do
fortalecimento do sistema imunológico.

8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

ATIVIDADES JAN/MAR ABR/JUN JUL/SET OUT/DEZ


Escolha do tema e orientador
x
Leitura informativa sobre o
tema x
Elaboração do problema,
hipótese, justificativa e ação
social e suas correções x
Elaboração do referencial
teórico, metodologia e suas
correções x
Finalização do projeto,
correção e apresentação x
Seleção do material que será
utilizado para elaboração do x
artigo
Organização da metodologia x
Início da discussão do artigo x
Elaboração da Conclusão e x
Finalização do artigo
Montagem da apresentação x
Entrega e apresentação do
artigo x

9. ORÇAMENTO DETALHADO

Item Unidade Valor unitário (R$) Quantidade Valor total (R$)


33

Internet mensal 1 89,90 10 899,00


Impressão 1 0,50 100 50,00
Combustível - 7,90 15 118,50
Transporte - 22,00 20 440,00
Total 1507,50

10. REFERÊNCIAS

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