Você está na página 1de 52

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

Curso de Nutrição

Graziela Duarte Schmitz


Hana Miguel Haddad

RELAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL E O SISTEMA IMUNOLÓGICO, E SEU


IMPACTO NAS DOENÇAS AUTOIMUNES E ALERGIA ALIMENTAR
São Paulo
2021
Graziela Duarte Schmitz
Hana Miguel Haddad

RELAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL E O SISTEMA IMUNOLÓGICO, E SEU


IMPACTO NAS DOENÇAS AUTOIMUNES E ALERGIA ALIMENTAR
São Paulo
2021
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Padre Inocente Radrizzani
Graziela Duarte Schmitz
Hana Miguel Haddad

RELAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL E O SISTEMA IMUNOLÓGICO, E SEU


IMPACTO NAS DOENÇAS AUTOIMUNES E ALERGIA ALIMENTAR

São Paulo, 18 de outubro de 2021

__________________________________
Professora Orientadora
Luciana Setaro

___________________________________
Professor Examinador (nome)
São Paulo
2021
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Professora Doutora Luciana Setaro, nossa orientadora, pela


sua ajuda, disponibilidade e atenção para a realização desta revisão de literatura.

Agradecemos aos professores, por todos os conhecimentos que


compartilharam conosco, contribuindo imensamente não apenas para minha
formação profissional, mas, também, como ser humano..

Agradecemos de forma especial aos nossos familiares por nos terem ajudado
através do afeto, amor e incentivo a concretizar o curso de Nutrição, pois sem eles
nada disto seria possível.

MUITO OBRIGADA!
RESUMO

A partir das descobertas sobre a microbiota intestinal e do seu papel no organismo


humano, os pesquisadores conseguiram desenvolver grandes estudos. Entre os
benefícios proporcionados pela microbiota, podemos destacar a manutenção da
homeostase e suas funções nutricionais, imunológicas e neurológicas. Este trabalho
visa relacionar a microbiota e o sistema imunológico, com foco na disbiose intestinal,
nas doenças autoimunes e nas alergias alimentares. Para isso, foi realizada uma
revisão bibliográfica. Foram utilizados artigos científicos, indexados nas bases de
dados Scielo, BVS, PubMed e EBSCO. A seleção de artigos foi realizada desde
janeiro de 2020 até final do estudo, em setembro de 2021, e foram incluídas
publicações entre 2015 e 2021. Os estudos ressaltaram que, a microbiota
desempenha um papel fundamental no treinamento e indução do sistema
imunológico (SI). Quando o sistema funciona de maneira ideal, ele estimula uma
resposta imune a patógenos e tolera antígenos não prejudiciais. Por outro lado, o SI
controla o microbioma do hospedeiro (sinais externos) por meio da estratificação e
compartimentação que separa as respostas imunológicas da mucosa geográfica e
funcionalmente da imunidade sistêmica. Estilo de vida, dieta, envelhecimento e
ingestão de antibióticos alteram a microbiota intestinal, o que altera a homeostase
intestinal e leva a muitas doenças, como o diabetes e as doenças autoimunes.
Extensas interações entre SI e microbioma têm um impacto significativo
na homeostase imunológica que pode estar ligada a várias doenças multifatoriais.
Sendo assim, segundo os estudos e evidências expostos por essa revisão
bibliográfica, chegamos à conclusão de que a microbiota intestinal se desenvolve
com o indivíduo e desempenha um importante papel na sua saúde, sofrendo
alterações com mudanças de hábitos e presença de patologias. No entanto, as
interações entre o corpo e a microbiota apresentam grande relevância na
manutenção da homeostase do organismo como um todo, e do bom funcionamento
do sistema imunológico, auxiliando na prevenção de comorbidades. Desta forma, é
importante o desenvolvimento de hábitos que promovem a microbiota comensal
como a prática de exercícios e consumo de alimentos prebióticos.

Palavras-chave: Microbiota. Sistema imunológico. Doenças autoimunes. Alergias


alimentares.
ABSTRACT

Since the discoveries about the intestinal microbiota and its role in the human
organism, the researchers were able to carry out large studies. Among the benefits
provided by the microbiota, we can highlight the maintenance of homeostasis and its
nutritional, immunological and neurological functions. This work aims to relate the
microbiota and the immune system, focusing on intestinal dysbiosis, autoimmune
diseases and food allergies. For this, a literature review was carried out. Scientific
articles indexed in the Scielo, BVS, PubMed and EBSCO databases were used. The
selection of articles was carried out from January 2020 until the end of the study, in
September 2021, and publications between 2015 and 2021 were included. The
studies highlighted that the microbiota plays a key role in training and inducing the
immune system (IS). When the system works optimally, it stimulates an immune
response to pathogens and tolerates non-harmful antigens. On the other hand, the IS
controls the host microbiome (external signals) through the stratification and
compartmentalization that separates the immunological responses of the mucosa
geographical and functionally from the systemic immunity. Lifestyle, diet, aging and
antibiotic intake alter the intestinal microbiota, which alters intestinal homeostasis
and leads to many diseases, such as diabetes and autoimmune diseases. Extensive
interactions between IS and microbiome have a significant impact on immunological
homeostasis, which may be linked to several multifactorial diseases. Therefore,
according to the studies and evidence exposed by this bibliographic review, we came
to the conclusion that the intestinal microbiota develops with the individual and plays
an important role in their health, suffering alterations with changes in habits and the
presence of pathologies. However, the interactions between the body and the
microbiota have great relevance in maintaining the homeostasis of the organism as a
whole, and in the proper functioning of the immune system, helping to prevent
comorbidities. Thus, it is important to develop habits that promote commensal
microbiota, such as exercising and consuming prebiotic foods.

Keywords: Microbiota. Immune system. Autoimmune diseases. Food allergie.


SUMÁRIO

1
INTRODUÇÃO 8
2 OBJETIVOS 12
2.1 Objetivo geral 12
2.2 Objetivos específicos 12
3 METODOLOGIA 13
4 MICROBIOTA INTESTINAL 14
4.1 Definição 14
4.2 Composição da microbiota intestinal 15
4.3 Como se desenvolve a microbiota intestinal 18
4.4 Fatores que afetam a composição da Microbiota intestinal e geram disbiose
20
4.5 A implicação da microbiota no organismo humano 21
4.6 A relação entre a microbiota e o sistema imunológico 22
5 DOENÇAS ASSOCIADAS À MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA
28
5.1 Doenças autoimunes 28
5.1.1 Diabetes tipo I 28
5.1.2 Espondilite anquilosante 29
5.1.3 Psoríase 30
5.2 Alergias alimentares 31
6 FATORES QUE PREVINEM A DISBIOSE INTESTINAL 33
6.1 Uso de probióticos 33
6.2 Vitamina D 35
6.3 A influência da alimentação 36
6.4 Impactos do exercício físico 36
7 CONCLUSÃO 37
REFERÊNCIAS 38
8

INTRODUÇÃO

 Desde a descoberta de que o intestino humano é colonizado por diversos


microrganismos, o tema vem chamando a atenção de muitos pesquisadores, que
com os avanços tecnológicos tiveram a possibilidade de realizar grandes
descobertas. O conjunto desses microrganismos é denominado microbiota, e é
composto por bactérias, fungos e vírus que habitam todo o trato
gastrointestinal (MACHADO et al., 2015).
Devido às características e relevância das atividades da microbiota para o
hospedeiro, ela também é considerada como um novo órgão, por alguns cientistas.
Entre seus impactos e aspectos podemos destacar: a mudança ao longo das fases
da vida, alterações decorrentes de hábitos individuais, melhora do aproveitamento
de nutrientes, auxílio no desenvolvimento do sistema nervoso e do sistema
imunológico. A interação entre microbiota e o corpo humano também é capaz de
causar mudanças fisiológicas no trato gastrointestinal, além de criar uma barreira
física entre mucosa e lúmen intestinal que auxilia na proteção contra microrganismos
externos potencialmente patógenos (MARCHESI et al., 2015).
Embora ela seja composta por vírus, fungos e bactérias, as últimas possuem
maior destaque em pesquisas acadêmicas, uma vez que apresentam maior
facilidade e instrumentos que permitem seu manuseio em laboratórios. Apesar da
microbiota ser única para cada indivíduo, sabe-se que os filos mais relevantes na
microbiota humana saudável são: Firmicutes, Bacteroidetes, Proteobacteria,
Actinobacteria Synergistetes, Verrucomicrobia, Fusobacteria e Euryarchaeota
(OLIVEIRA, 2020). 
Sua composição sofre alterações ao longo do trato gastrointestinal,
apresentando menor variedade e quantidade em locais mais inóspitos como o
estômago. A presença de um pH muito baixo e a alta atividade peristáltica limitam a
quantidade de microrganismos e de gêneros encontrados, sendo eles Lactobacillus,
Streptococcus e Helicobacter pylori. Já no intestino delgado na porção do duodeno e
jejuno, podemos observar uma maior abundância de Lactobacilli, Enterococci,
Streptococci e Actinobacteria, enquanto no íleo os gêneros predominantes são:
Enterococcus, Bacteroidetes, Lactobacillus, Clostridium e Corynebacteria. Por
9

último, é no intestino grosso, que proporcionamos um ambiente mais propício, e


encontramos uma quantidade mais elevada de bactérias, entre elas: Bacteroidetes,
Clostridium, Prevotella, Porphyromonas, Eubacterium, Ruminococcus,
Streptococcus, Enterococcus, Lactobacillus, Peptostreptococcus e Fusobacterias
(ADAK, KHAN, 2019).
Estudando a microbiota nas diferentes fases da vida, evidenciamos que a
colonização do trato gastrointestinal começa na primeira infância, sendo até o
segundo ano de vida uma fase crucial para definição do perfil de microrganismos,
sendo influenciada pelo tipo de parto, aleitamento e tempo de amamentação a qual
a criança foi exposta. Após este período, chamado de janela de oportunidade, a
microbiota se torna estável, podendo ser modificada de forma temporária através da
mudança de hábitos cotidianos. Enquanto na senescência podemos observar uma
queda na estabilidade e qualidade da microbiota que pode ser associada a
processos fisiológicos naturais do envelhecimento, patologias e ao uso de
medicamentos, em principal, os antibióticos (GOMES, 2017). 
Entre os benefícios proporcionados pela microbiota, podemos destacar suas
funções nutricionais como: melhor aproveitamento de energia, através da
fermentação de substratos não digeríveis, biossíntese de aminoácidos (OLIVEIRA,
2020) e produção de vitaminas como: B12, folato, vitamina K, riboflavina, biotina e
ácido nítrico (GOMES, 2017). Ressaltamos, também, sua influência no
desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso, que está relacionada com a
produção e liberação de neurotransmissores como a serotonina (ADAK et al., 2019). 
Além dos benefícios citados, podemos destacar a influência da microbiota na
proteção do hospedeiro pela competição com microrganismos patogênicos por
nutrientes, locais de adesão no lúmen intestinal, produção de antibióticos pelas
bactérias comensais, e principalmente por interações mais complexas com o
sistema imunológico (MACHADO et al., 2015). 
Os metabólitos produzidos pelos microrganismos também exercem um papel
importante no que diz respeito à proteção do hospedeiro, como o butirato e o
acetato, que são ácidos graxos de cadeia curta, capazes de reduzir a
permeabilidade intestinal através do estímulo ao crescimento de células epiteliais e
10

melhora da qualidade do muco intestinal por estimular as células calciformes a


produzir mucina (MACHADO et al., 2015).
As mucinas são glicoproteínas que constituem a maior parte da camada de
muco que cobre o epitélio, além de fornecer proteção, elas exercem ação
antibacteriana contra as bactérias patogênicas e atuam como lubrificante, facilitando
assim, o trânsito do conteúdo fecal ao longo do cólon, por esses motivos são
consideradas a primeira linha de defesa do cólon (HIIPPALA et al., 2016).
Explorando a interação entre os microrganismos presentes no intestino e o
sistema imunológico, podemos observar a importante função de excretar antígenos,
que são apresentados pelas células dendríticas e induzem uma resposta das células
de defesa, essa interação é a base para o desenvolvimento dos órgãos linfóides
associado a mucosa (GALT), local onde ocorre a maturação das células do sistema
imune, como células B secretoras de anticorpos IgA e células T reguladoras
(SANTOS, 2018). 
Por esses motivos, ter uma microbiota saudável é fundamental para a
presença de um sistema imune eficaz, uma vez que ela influencia na quantidade e
desenvolvimento de células de defesa e de estruturas que participam tanto da
imunidade inata, quanto da adaptativa (NICCOLAI et al., 2020). 
Entretanto, quando a microbiota se encontra em disbiose, que é definida por
um desequilíbrio entre microrganismos comensais e patogênicos, caracterizado pela
diminuição dos microrganismos benéficos (SANTOS, 2018), podendo ocasionar
mudanças estruturais e funcionais que impactam de forma negativa a homeostase e
os produtos gerados pela fermentação. Como consequência, interfere nas respostas
imunológicas (PARAY et al. 2020), que podem estar ligadas a várias condições
patológicas como em doenças autoimunes e inflamações intestinais (NICCOLAI et
al., 2020).
Essas alterações nas respostas imunológicas levam a alterações do perfil
metabólito e processos inflamatórios, que são encontrados com frequência em
indivíduos portadores de doenças autoimunes. Existem teorias que tentam explicar
como a interação de sistema imunológico e a microbiota, entre elas a que mais se
destaca é a do mimetismo molecular, baseada na semelhança dos epítopos
11

microbianos e os do hospedeiro, gerando respostas equivocadas das células de


defesa (NICCOLAI et al., 2020).
As doenças autoimunes são enfermidades de etiologia desconhecida e
multifatorial, em que o sistema imunológico comprometido ataca as próprias células
saudáveis do organismo, estimulando a inflamação e consequente dano tecidual.
Algumas das doenças mais comuns deste grupo incluem, Diabetes Mellitus do tipo
1, a Doença Celíaca, a Doença de Crohn, o Lúpus Eritematoso Sistêmico e a Artrite
Reumatóide (PARAY et al., 2020). 
As alterações das respostas do sistema imune influenciadas pela microbiota
também podem estar relacionadas com a prevalência de alergias alimentares, como
vem sendo observado através de estudos comparativos entre crianças com maior
exposição a microrganismos e aquelas que tem um estilo de vida mais moderno,
associado a menor exposição a bactérias (SOLÉ et al., 2018).
Por fim, para prevenir e corrigir casos de disbiose podemos modular a
microbiota, a fim de favorecer a quantidade de microrganismos comensais. essa
modulação pode ser feita através do uso de probióticos, que são microrganismos
vivos que quando administrados em quantidades adequadas beneficiam à saúde do
hospedeiro (SILVA; MARSI, 2016). Podemos também, favorecer este equilíbrio por
meio do consumo de substâncias prebióticas (LU et al., 2017), e pela mudança de
hábitos cotidianos como o tipo de alimentação e a prática de exercício físico
(GOMES, 2017).
Manter a microbiota em equilíbrio, pode ser uma boa alternativa para
influenciar de forma positiva a qualidade de vida de pacientes portadores de
doenças ligadas ao sistema imunológico, podendo ser explorada como fator de
prevenção ou tratamento auxiliar.
12

OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo relacionar a microbiota e o sistema


imunológico, com foco na relação entre a disbiose intestinal, as doenças auto
imunes e as alergias alimentares.

2.2 Objetivos específicos

Descrever as interações entre a microbiota intestinal e o sistema imunológico.

Identificar os fatores dessa interação que influenciam o desenvolvimento de


doenças autoimunes e alergias.

Identificar as principais causas de disbiose e os fatores que auxiliam na


modulação da microbiota.
13

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Foram


utilizados artigos científicos, indexados nas bases de dados, The Scientific Electronic
Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e EBSCO. As
palavras chaves utilizadas foram: microbiota intestinal (gut microbiota); alergia
alimentar (allergyfood) doenças autoimunes (autoimmunediseases); disbiose
intestinal (intestinal dysbiosis); modulação intestinal; permeabilidade intestinal,
probiotics; intestinal epithelialbarrier; gutmicrobiome; autoimmunity; intestinal
inflammation; gut microbiota composition. A seleção de artigos foi realizada desde
janeiro de 2020 até final do estudo em setembro de 2021, e foram incluídas
publicações entre 2015 e 2021 nas línguas inglês e português. Nas primeiras buscas
surgiram em torno de 625.534 artigos relacionados principalmente aos descritores
de “doenças autoimunes", "alergia alimentar” e “microbiota intestinal”. Foram
selecionados artigos que abordavam sobre as doenças autoimunes, alergia
alimentar, sistema imunológico e os relacionados ao intestino para melhor
compreensão da permeabilidade intestinal (leakygut), processo inflamatório e
impacto da alimentação, dos probióticos e da atividade física na composição da
14

microbiota. Por fim, foram selecionados 33 artigos para serem lidos na íntegra,
utilizados como referência do trabalho e para análise de dados e revisão de
literatura. 

4 MICROBIOTA INTESTINAL

4.1 Definição 
 
A microbiota gastrointestinal humana, caracteriza-se em um grupo de
microrganismos que vivem no trato digestivo, compreendendo um ecossistema
metabolicamente ativo e complexo. Existem milhares de microrganismos (bactérias,
vírus e alguns eucariotos) que colonizam o trato digestivo logo após o nascimento. A
microbiota estabeleceu uma associação dinâmica de benefícios mútuos (simbiose)
com o organismo humano, o que resulta na manutenção das funções imunológicas,
metabólicas e motoras normais, bem como na digestão e absorção corretas de
nutrientes (GOMES; MAYNARD, 2020). 
O trato gastrointestinal de um feto é estéril até o nascimento, no momento do
parto vaginal, os micróbios da mãe e do ambiente colonizam rapidamente o trato
intestinal da criança. Vários outros fatores, como tipo de alimentação e medidas de
15

higiene, também demonstraram desempenhar um papel em nossa eventual


composição microbiana intestinal. O papel da genética do hospedeiro na
determinação da composição da microbiota intestinal permanece pouco conhecido.
No entanto, recentemente estudos avaliando características quantitativas em
camundongos lançaram alguma luz sobre os mecanismos de controle genético do
hospedeiro na formação da diversidade de microbiomas individuais em mamíferos.
Evidências recentes sugerem que a microbiota intestinal humana é única para cada
pessoa, altamente variável entre indivíduos e notavelmente estável após o primeiro
ano de vida. Apesar dessa singularidade, dentre os micróbios presentes no trato
intestinal humano, os filos microbianos intestinais dominantes são Firmicutes,
Bacteroidetes, Actinobacteria, Proteobacteria, Fusobacteria e Verrucomicrobia, com
os dois filos Firmicutes e Bacteroidetes representando 90% da microbiota intestinal.
É importante ressaltar que parece haver grandes diferenças na aderência da
superfície (isto é, mucosa) e nas espécies microbianas luminais ao longo do
comprimento do trato gastrointestinal (SANTOS; PEREIRA; FREITAS, 2020). 
A microbiota age como uma barreira aos agentes agressores do trato
digestivo, especialmente no intestino, competindo com patógenos por nutrientes e
locais de ligação, criando substâncias inibidoras e evitando sua penetração no
intestino. Essa população codifica de 3 a 4 milhões de genes, ou aproximadamente
150 vezes mais que o genoma humano. O genoma microbiano possibilita que os
agentes da microbiota façam diversas atividades metabólicas que não são
codificadas pelo genoma humano, sendo benéficas ao hospedeiro (GOMES;
MAYNARD, 2020). 
Os seres humanos têm seu próprio padrão individual de distribuição e
composição de microbiota, que é em parte determinada pelo genótipo do hospedeiro
e pela colonização inicial que ocorre imediatamente após o parto. Muitos fatores
como a forma de parto e amamentação, estilo de vida, dieta, condições higiênicas e
ambientais, utilização de antibióticos e vacinação, podem influenciar alterações
definitivas no padrão de microbiota (PASSOS; MORAES-FILHO, 2017). 
A microbiota intestinal constitui-se em mais de mil e quinhentas espécies,
distribuídas em mais de 50 diferentes filos, ainda que a maioria seja representada
por apenas dois filos: Firmicutes (mais prevalentes) e Bacteroidetes.  Outros filos
16

também podem ser encontrados em menor quantidade (PASSOS; MORAES-FILHO,


2017). 
Sendo assim, pode-se dizer que os trilhões de microrganismos que
geralmente são encontrados no intestino humano são chamados de microbiota.
Sendo a maior parte bactérias anaeróbicas, a microbiota supera em muito as células
humanas e contém 100 vezes mais genes (microbioma) do que o genoma humano.
Existem evidências que apontam que a microbiota atua como um "órgão"
metabólico, instigando a aquisição de nutrientes, a homeostase energética e o
controle do peso corporal (SANTOS; PEREIRA; FREITAS, 2020). 
 
4.2 Composição da microbiota intestinal 
 
O termo "microbiota intestinal" geralmente se refere a uma comunidade
dinâmica de cerca de 100 trilhões de células microbianas alojadas no trato
gastrointestinal humano, e o termo "microbioma humano" se refere a cerca de 3
milhões de genes (principalmente de bactérias) alojados por essas células
microbianas. As bactérias intestinais humanas mais comuns são membros dos filos
Bacteroidetes gram-negativos e Firmicutes gram-positivos, e também alguns outros
filos, como Actinobacteria, Fusobacteria e Verrucomicrobia, que estão presentes em
níveis subdominantes (GOMES; MAYNARD, 2020). 
A microbiota intestinal de cada indivíduo é caracterizada especificamente por
grupos de bactérias denominadas enterótipos. Três enterótipos são caracterizados
por três grupos de bactérias dominantes: Bacteroides (enterótipo
I), Prevotella (enterótipo II) ou Ruminococcus (enterótipo III). Cada enterótipo abriga
diferentes gêneros de bactérias. Na verdade, um enterótipo é uma associação
harmoniosa funcional de várias espécies de bactérias, em vez de uma adição
sistemática de espécies de bactérias (RODRIGUES, 2016). 
A composição da microbiota é conhecida por depender tanto do histórico
genético do hospedeiro quanto do estilo de vida/fatores ambientais, embora
evidências recentes sugerem que os determinantes exógenos dominam a genética
do hospedeiro na formação da microbiota intestinal humana. Fatores dietéticos
certamente desempenham um papel central nesses processos,
17

embora fatores ambientais (infecções, exposição a xenobióticos) e estilo de vida


(ingestão de álcool/drogas, atividade física) sejam, sem dúvida, de grande
importância também. Diante disso, não é surpreendente que mudanças sazonais na
composição da microbiota intestinal tenham sido relatadas (PASSOS;
MORAES-FILHO, 2017). 
A microbiota intestinal é composta por várias espécies de microrganismos,
incluindo bactérias, leveduras e vírus. Taxonomicamente, as bactérias são
classificadas de acordo com filos, classes, ordens, famílias, gêneros e
espécies. Apenas alguns filos são representados, contabilizando mais de 160
espécies. Os filos microbianos intestinais dominantes são Firmicutes, Bacteroidetes,
Actinobacteria, Proteobacteria, Fusobacteria e Verrucomicrobia, com os dois filos
Firmicutes e Bacteroidetes representando 90% da microbiota intestinal. O filo
Firmicutes é composto por mais de 200 gêneros diferentes,
como Lactobacillus, Bacillus, Clostridium, Enterococcus e Ruminicoccus.Os gêneros 
Clostridium representam 95% dos filos Firmicutes. Bacteroidetes consistem em
gêneros predominantes como Bacteroides e Prevotella. O filo Actinobacteria é
proporcionalmente menos abundante e representado principalmente
pelo gênero Bifidobacterium (RODRIGUES, 2016). 
As variações de filos e gêneros de acordo com a região do intestino estão
destacados na imagem 1.
 
Imagem 1 -Variações de filos e gêneros de acordo com a região do intestino
 
18

Fonte: Cresci e Badwden (2015)


 
 Todo enterótipo não é uma identidade bem definida, como grupos
sanguíneos; entretanto, os enterótipos caracterizam os indivíduos, permanecem
estáveis ​desde a idade adulta e podem ser restaurados se forem modificados. Cada
enterótipo com seus grupos distintos de bactérias e respectivas características
funcionais define uma forma distinta de gerar energia a partir de substratos
fermentáveis ​disponíveis no cólon. Na verdade, os aglomerados de bactérias do
enterótipo I derivam energia principalmente de carboidratos usando principalmente
as vias de glicólise e pentose fosfato, enquanto os aglomerados de bactérias dos
enterótipos II e III são capazes de degradar as glicoproteínas da mucina da camada
mucosa intestinal. Os enterótipos parecem ser definidos principalmente de acordo
com os hábitos alimentares. Compreender as origens e funções dos enterótipos
pode melhorar o conhecimento das relações entre a microbiota intestinal e a saúde
humana (PASSOS; MORAES-FILHO, 2017). 
A composição da microbiota intestinal varia de acordo com as regiões
anatômicas do intestino, que diferem em termos de fisiologia, pH e tensão de O2,
taxas de fluxo da digestão, disponibilidade de substrato e secreções do
hospedeiro. O intestino delgado oferece um ambiente mais desafiador para os
colonizadores microbianos, dados os tempos de trânsito bastante curtos (3–5 h) e as
19

altas concentrações de bile. O intestino grosso, que é caracterizado por taxas de


fluxo lentas e pH neutro a levemente ácido, abriga de longe a maior comunidade
microbiana (dominada por bactérias anaeróbias obrigatórias) (PASSOS;
MORAES-FILHO, 2017). 
  
4.3 Como se desenvolve a microbiota intestinal 
 
  A microbiota materna é a principal fonte de microrganismos para a
colonização e desenvolvimento da microbiota de um recém-nascido. Essa
transmissão é um processo contínuo que ocorre desde a gestação até o segundo
ano de vida, sendo impactada pela saúde materna e outros fatores como tipo de
parto, aleitamento e o uso de probióticos (WANG; LIN, 2021).
Ainda é muito cedo para afirmar se útero é um ambiente estéril, alguns
estudos evidenciaram a presença de estruturas semelhantes a microrganismos em
tecidos placentários, fluidos amnióticos e no TGI fetal (WANG; LIN, 2021),
entretanto, de acordo com Blaser (2016) será necessário novos estudos, com testes
mais rigorosos para comprovar a presença desses microrganismos, e mais ainda
para possamos afirmar que a colonização do corpo humano começa no ambiente
intrauterino com a existência de uma microbiota dentro do útero.
Sendo assim, ainda é considerado que no momento do parto é quando
acontece o início da interação entre o recém-nascido e os microrganismos, e que o
tipo de parto tem grande influência nas cepas que estarão compondo a microbiota.
Segundo um estudo feito por Podlesny (2021), as primeiras cepas de bactérias que
habitam o intestino são de microrganismos aeróbios facultativos que levam a
diminuição de oxigênio, e por consequência disso uma posterior colonização por
espécies anaeróbias facultativas. 
Essa transição é considerada a maturação da microbiota, e o tipo de parto,
vaginal ou cesariana, acarreta um contato com cepas bacterianas diferentes, isso se
deve ao fato de que bebês que nasceram de parto normal entram em contato com a
microbiota vaginal materna adquirindo maior quantidade de cepas. Já os bebês que
nascem de cesariana entram em contato primeiro com o ambiente hospitalar e
posteriormente com a pele da mãe. Podlesny (2021) demonstrou um atraso de dez
20

dias na transição de bactérias tolerantes de oxigênio para as não tolerantes, além de


apresentar um ecossistema microbiano menos hostil para patógenos oportunistas. 
No entanto, com o passar do tempo as divergências da microbiota de acordo
com o tipo de parto vão diminuindo (PODLESNY; FRICKE, 2021). Em um estudo
realizado por Bäcked (2015) foi salientado que além do parto, o tipo de aleitamento
também é uma forma de transmissão de microrganismos com grande influência na
modulação da microbiota, em seu estudo foi feita uma comparação entre crianças
que receberam aleitamento materno e crianças que receberam fórmulas infantis.
Nesta comparação foi observado que crianças que estavam em aleitamento materno
tinham níveis mais elevados de cepas bacterianas usadas como probióticos. 
As mudanças alimentares que ocorrem durante os dois primeiros anos de
vida, também geram alterações na microbiota que estão ligadas com a introdução
alimentar, quando o organismo da criança entra em contato com uma maior
diversidade de bactérias que de acordo com WANG & LIN, 2021 gera um aumento
da variedade de microrganismos colonizadores, dos seis aos 24 meses de vida.  
Outro momento importante citado por Bäcked (2015) é marcado pelo fim do
aleitamento quando ocorre também a diminuição da concentração de espécies
vindas do leite materno como Bifidobacterium, Lactobacillus, Collinsella,
Megasphaera e Veillonella. Segundo o autor, a diminuição dessas cepas e o
aumento da diversidade de microrganismos, é mais um processo de maturação da
microbiota.  
Considerando o impacto da microbiota materna e as influências externas
descritas, diversos estudos comprovaram que a microbiota de um indivíduo é
definida em um período de 1000 dias, compreendido entre o momento da concepção
até os dois anos de idade, quando a microbiota da criança se assemelha a de um
adulto e se torna estável. Este período é visto como um momento de oportunidade
para favorecer a saúde através da modulação da microbiota, que após os dois anos
de idade, apesar de poder apresentar variações temporárias, possui um perfil bem
definido (WANG; LIN, 2021).
  
21

4.4 Fatores que afetam a composição da Microbiota intestinal e geram


disbiose 
 
Alterações na microbiota intestinal podem causar problemas na saúde do
hospedeiro, evento denominado por disbiose intestinal, e esta afeta de forma
significativa a integridade intestinal. Dessa maneira, agentes tóxicos são bioativados
por sistemas de enzimas das bactérias intestinais, sendo este processo
desenvolvido com maior rapidez no sistema intestinal com populações de
microrganismos desequilibradas (SCHMIDT et al., 2017). 
A disbiose, causa proliferação bacteriana, produção de toxinas e ampliação
da permeabilidade intestinal, resultando em mudanças na imunidade e hormônios,
dessa maneira, hábitos de vida como dieta, estresse e utilização de antibióticos,
fazem com que a microbiota transitória prevaleça sobre a residente, predispondo a
distúrbios gastrintestinais (BOAS, 2017).  
Alimentos específicos e padrões dietéticos podem influenciar a abundância de
diferentes tipos de bactérias no intestino, o que por sua vez pode afetar a saúde. Os
adoçantes de alta intensidade são comumente usados ​como alternativas ao açúcar,
sendo muitas vezes mais doces do que o açúcar com calorias mínimas, são feitos
com sacarina, ciclamato, acessulfame-k, sucralose e esteviosideo. Apesar de serem
“geralmente reconhecidos como seguros” pelas agências reguladoras, alguns
estudos em animais mostraram que esses substitutos do açúcar podem ter efeitos
negativos sobre a microbiota intestinal (NETTLETON; REIMER; SHEARER, 2016). 
Aditivos alimentares, como emulsificantes, que são onipresentes em
alimentos processados, também mostraram afetar a microbiota intestinal. Outras
áreas de preocupação incluem os efeitos colaterais das dietas restritivas populares
sobre a saúde intestinal. Estes incluem algumas dietas estritas, alimentos crus ou
dietas de “alimentação limpa”, dietas sem glúten e dietas com baixo FODMAP
(oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis) usadas
para tratar a síndrome do intestino irritável (SILVA et al., 2021). 
Os micróbios mutualísticos do corpo humano interagem com muitos
processos fisiológicos e participam da regulação da homeostase imunológica e
metabólica. Portanto, a exposição a antibióticos pode alterar muitos equilíbrios
22

fisiológicos básicos, promovendo doença a longo prazo. Além disso, o uso excessivo
de antibióticos promove a resistência bacteriana, e o microbioma humano
excessivamente exposto tornou-se um reservatório significativo de genes de
resistência, contribuindo para a dificuldade crescente no controle de infecções
bacterianas (BOAS, 2017).
Existem evidências clínicas insuficientes para tirar conclusões ou
recomendações claras para essas ou outras preferências alimentares com base na
microbiota intestinal. Porém, estudos futuros sobre aditivos alimentares,
medicamentos e a segurança e eficácia das modificações dietéticas devem levar em
consideração esses avanços e seus efeitos sobre a microbiota intestinal. Isso está
se tornando claro em pacientes com câncer tratados com imunoquimioterapia,
receptores de medula óssea e pacientes com doenças autoimunes em uso de
produtos biológicos, onde pequenas mudanças em sua microbiota podem causar
grandes mudanças em sua resposta. Além disso, experimentos com animais
mostraram que os efeitos protetores dos fitoestrógenos no câncer de mama
dependem da presença de micróbios intestinais (como Clostridium
saccharogumia, Eggerthella lenta, Blautia producta,e Lactonifactor longoviformis )
que pode transformar isoflavonas em compostos bioativos
(SPANOGIANNOPOULOS et al., 2016). 
Sendo assim, pode-se destacar que a disbiose é resultado, em parte, da
natureza circunstancial ou especulativa dos mecanismos intestinais. Esses fatores
que influenciam a microbiota intestinal estão em um fluxo constante e o intestino
com repertório de micróbios é resistente o suficiente para se ajustar a qualquer
variação. Além das variações naturais, o sistema imunológico, a mucosa intestinal, a
própria microbiota, a dieta e os medicamentos ingeridos são os principais fatores
que influenciam a disbiose (SILVA et al., 2021).
 
4.5 A implicação da microbiota no organismo humano 
 
Vem sendo demonstrado o importante papel da microbiota intestinal humana
no aumento da capacidade de extrair energia dos alimentos, no aumento da colheita
de nutrientes, na alteração do sinal de apetite, na produção de vitaminas, e na
23

capacidade de metabolizar muitos materiais, incluindo xenobióticos que constituem


compostos químicos estranhos ao organismo humano, porque contém enzimas
variadas, únicas e específicas e tem diversas vias bioquímicas. A microbiota
intestinal está envolvida em muitos processos biológicos básicos, incluindo a
regulação do desenvolvimento epitelial, a modulação do fenótipo metabólico e a
estimulação da imunidade inata. Além disso, a microbiota protege o corpo de
patógenos externos por meio da colonização competitiva ou produção de agentes
antimicrobianos como bacteriocinas que matam patógenos (SILVA et al., 2021). 
 A disbiose da microbiota intestinal leva a muitas doenças, como doenças de
autoimunidade, como asma e artrite, doenças crônicas, como doença inflamatória
intestinal (DII), e doenças metabólicas e cardiovasculares, como obesidade,
diabetes, aterosclerose e doenças hepáticas (SCHMIDT et al., 2017).
 
4.6 A relação entre a microbiota e o sistema imunológico 
 
Quadro 1 – Estudos sobre o sistema imunológico e microbiota intestinal (n=7). 
Autor  Título  Nº Metodolo Parâmetr Resultados 
amostr gia  os 
al 

Nash et O microbioma 333 Longitudinal  unidades Em comparação com


al. (2017)  intestinal da extrações taxonômica as comunidades
coorte saudável de DNA s bacterianas, o
do Projeto microbiano operacionai microbioma do
Microbioma de s centrais intestino humano é
Humano  amostras (OTUs) de baixa diversidade
de fezes  e dominado por
leveduras,
incluindo Saccharom
yces,
 Malassezia e Candid
a. 
24

Britton Microbiotas de 32 Coorte transferênci Microbiotas fecais de


etal.  humanos com doadores transversal  a das humanos com DII
(2019)  doença saudáveis  microbiotas alteram a
inflamatória intestinais homeostase das
intestinal de 32 células T CD4+
alteram o doadores intestinais em
equilíbrio do saudáveis camundongos. Além
intestino Th17 e ​ou com DII de mais células Th2
RORγt+ Células para e Th17. 
T regulatórias e camundong Microbiotas de
colite os livres de indivíduos saudáveis
exacerbada em germes.  ​induzem mais
camundongos  células RORgt +
Treg 
Em um modelo de
colite, camundongos
colonizados com
microbiotas com DII
desenvolvem doença
mais grave 

Perbelin O papel da 49 artigos  Narrativa  Revisão de O sistema


et al. microbiota  literatura  imunológico está
(2019)  como aliada no intimamente ligado
sistema  com a microbiota
imunológico  intestinal e a dieta é
o maior contribuinte
das alterações
ocorridas. Uma
alimentação
equilibrada pode
elevar a imunidade
através da benéfica
ação na microbiota
intestinal. 
Cekanavic Bactérias 71 Coorte in vitro e in  
iute et al . intestinais de pacientes transversal  vivo  A microbiota
(2017)  pacientes com com intestinal regula as
esclerose esclerose funções das células
múltipla múltipla T em todo o corpo. 
modulam as não
células T submetido
humanas e sa
exacerbam os tratamento
sintomas em e 71
modelos de controles
camundongos  saudáveis 
25

Forslund Desemaranham 784 Longitudinal  metagenôm De modo geral, o


et al. ento de metageno ica presente estudo
(2015)  diabetes tipo 2 mas intestinal enfatiza a
e assinaturas intestinais quantitativa necessidade de
de tratamento humanos    separar as
com metformina assinaturas da
na microbiota microbiota intestinal
intestinal de doenças
humana  humanas específicas
daquelas de
medicamentos em
parte, aliviado por
alterações induzidas
por metformina. 
Tanoue et Um consórcio 11 Coorte Avaliação As 11 cepas
al. (2019)  comensal pacientes  transversal  de11 cepas representam
definido elicia bacterianas principalmente
células T CD8 e de fezes  componentes raros e
imunidade de baixa abundância
anticâncer  do microbioma
humano e, portanto,
têm grande potencial
como bioterapêuticos
amplamente
eficazes. 
Berer et A microbiota 34 pares Coorte Avaliação As células imunes de
al. (2017)  intestinal de de gêmeos transversal  in vitro  receptores de
pacientes com monozigóti camundongos de
esclerose cos  amostras de gêmeos
múltipla permite MS produziram
encefalomielite menos IL-10 do que
autoimune as células imunes de
espontânea em camundongos
camundongos  colonizados com
amostras de gêmeos
saudáveis. A IL-10
pode ter um papel
regulador na
autoimunidade
espontânea do SNC,
uma vez que a
neutralização da
citocina em
camundongos
colonizados com
amostras fecais de
gêmeos saudáveis
​aumentou a
incidência da
doença. 
 
Os estudos ressaltaram que, a microbiota desempenha um papel fundamental
no treinamento e indução do sistema imunológico (SI). De acordo com Nash et al.
(2017), quando o sistema funciona de maneira ideal, ele estimula uma resposta
26

imune a patógenos e tolera antígenos não prejudiciais. O sistema imunológico


consiste em uma rede complexa (inata e adaptativa) que tem a capacidade de se
adaptar e responder a muitos desafios e atua para preservar o tecido e restaurá-lo
no contexto de encontros microbianos. 
Estratégias do hospedeiro são adaptadas para manter o equilíbrio com os
microrganismos, a fim de reduzir a comunicação entre os microrganismos e as
superfícies das células epiteliais, reduzindo assim a inflamação e evitando a
disseminação de bactérias por todo o corpo. Assim, há abundância de células do
sistema imunológico em áreas de contato direto com microrganismos, como a pele e
o intestino delgado (BRITTON et al., 2019). 
O mutualismo hospedeiro-microbioma excede amplamente os únicos
aspectos metabólicos e nutricionais e envolve a interação entre o microbioma e o
sistema imunológico. As superfícies mucosas e mais especificamente o trato
gastrointestinal representam a principal interface entre o SI e os microrganismos e a
capacidade de discriminar comensais de patógenos pode ser considerada como a
força motriz da evolução do SI (NASH et al., 2017). 
No intestino humano, existe uma sinergia maciça entre o muco, os peptídeos
antimicrobianos, as células do sistema imunológico e a IgA, que são conhecidos
como “firewall da mucosa”. Esta sinergia desempenha um papel importante na
prevenção de patógenos de atravessar a lâmina e estimular a inflamação, mantendo
assim a homeostase intestinal. As células caliciformes secretam glicoproteínas
mucinas que formam uma camada de muco com uma espessura de 150 μm para
evitar o contato direto entre a microbiota e o tecido do hospedeiro. Enquanto as
células epiteliais produzem peptídeos antimicrobianos (α-defensinas, catelicidinas e
lectinas do tipo C) que matam as bactérias atacando suas paredes celulares ou
rompendo suas membranas internas, a expressão de alguns peptídeos
antimicrobianos, como RegIIIγ, que é o melhor peptídeo antimicrobiano expresso
imediatamente após o nascimento ou após micróbios serem dados a animais
experimentais, requer sinais bacterianos (BRITTON et al., 2019). 
Quanto às demais, a maioria das α-defensinas não requer sinais como este. O
acúmulo de antimicrobianos no muco cria uma barreira física entre a microbiota e as
células epiteliais, que é chamada de “zona desmilitarizada”, enquanto as células
27

dendríticas (DCs) que estão localizadas sob as placas de Peyer e na lâmina própria
desempenham um papel importante na resposta imune. As DCs reduzem a
inflamação desnecessária ao promover Treg que é transportado para a lâmina
própria e secreta Il-10, que suprime a inflamação desnecessária induzindo as células
B a se diferenciarem em células plasmáticas IgA+ no linfonodo mesentérico. As
células plasmáticas IgA + são transportadas para a lâmina própria e secretam IgA,
que é transportada através da célula epitelial por meio da transcitose e evita a
penetração bacteriana. Na inflamação, as DCs produzem citocinas pró-inflamatórias,
como Il-6, Il-12 e Il-23, que levam à redução de Il-10 e aumentam as citocinas
inflamatórias como TNF α, INF γ e Il-17 (PERBELIN et al., 2019). 
Na verdade, o microbioma comensal pode conferir resistência indireta
imunomediada contra patógenos. O papel do microbioma na formação do SI ao
longo da vida (sinais de fora para dentro) surge comparando camundongos livres de
germes e livres de patógenos específicos. Os camundongos livres de germes são
caracterizados por atrofia das manchas de Peyer com poucos centros
germinativos, linfonodos mesentéricos imaturos, poucos folículos linfoides isolados,
níveis diminuídos de peptídeos antimicrobianos e imunoglobulina (Ig) A e um número
geral reduzido de células B, T e dendríticas (DCs). Além disso, as vilosidades são
mais longas e estreitas, com uma rede vascular menos complexa, enquanto as
criptas são menos profundas, com menos células-tronco em proliferação. Ratos
axênicos têm menos células caliciformes  e uma camada de muco mais fina
caracterizada por aumento de mucinas neutras (BERER et al., 2017). 
Além disso, eles exibem defeitos na SI sistêmica, uma vez que a estrutura do
baço e dos gânglios linfáticos são afetados com menos centros germinativos, células
B difusas e zonas de células T e níveis reduzidos de IgG circulante. Muito
importante, a colonização de camundongos axênicos (livre de germes) com
bactérias comensais reverte esses defeitos, permitindo que o SI desses
camundongos se desenvolva e se normalize em semanas. Esses dados enfatizam o
papel principal do microbioma comensal na maturação do tecido linfoide associado a
mucosa (MALT), bem como do SI sistêmico (CEKANAVICIUTE et al., 2017).  
Por exemplo, o polissacarídeo A de Bacteroides fragilis restaura deficiências
de células T sistêmicas, organogênese linfoide e a diferenciação de células T
28

CD4 em células T reguladoras (Tregs), que por sua vez favorecem a


imunomodulação da mucosa e a produção de TGF-β. Bactérias filamentosas
segmentadas induzem a maturação de células T helper (Th) 17 para coordenar o
equilíbrio com Tregs e manter uma inflamação fisiológica de baixo grau. O papel
desempenhado pelas células Th17 pode variar em função do contexto global: em um
modelo experimental murino, a microbiota de crianças
com hereditariedade atópica induziu respostas Th-17 predominantes (TANOUE et al.,
2019). 
Por outro lado, o SI controla o microbioma do hospedeiro (sinais externos) por
meio da estratificação e compartimentação que separa as respostas imunológicas da
mucosa geográfica e funcionalmente da imunidade sistêmica. A estratificação ou
segregação é fornecida pelo muco e pelas moléculas antimicrobianas. No cólon,
onde a densidade bacteriana é mais alta, o microbioma é mantido longe do epitélio
por uma densa camada de muco interna impermeável composta de mucina
MUC2 O-glicosilada enriquecida em proteína semelhante à lectina, como ZG16
e β-defensinas (PERBELIN et al., 2019). 
Essa segregação espacial também é observada no intestino, onde o muco é
mais heterogêneo, rico em α-defensinas derivadas das células de Paneth. A
estratificação anatômica de bactérias comensais também é dependente
da interleucina (IL) -22 produzida pelo ILC3 que governa a exclusão imunológica,
controlando a produção de peptídeo antimicrobiano. Em camundongos sem células
T CD4, as respostas de citocinas, como IL-22 e IL-23, persistem após o desmame,
levando a alterações na microbiota e subsequentes alterações metabólicas. A
compartimentalização da resposta imune para bactérias comensais é fornecida pela
estrutura única do MALT o que reduz a exposição de bactérias comensais ao SI
sistêmico. Na verdade, as bactérias comensais são fisiologicamente captadas pelas
células T ou diretamente pelas DCs da zona subfolicular. As DCs interagem no patch
de Peyer com as células B e T ou migram para os linfonodos mesentéricos. Nos
linfonodos mesentéricos, as DCs ativam as células B e T, que então deixam os
linfonodos mesentéricos pelo ducto torácico, para alcançar a circulação sistêmica e
se alojar nos tecidos da mucosa, generalizando a resposta da mucosa para todas as
superfícies da mucosa do organismo (CEKANAVICIUTE et al., 2017). 
29

Imagem 2 - Visão integrada da resposta imune contra agentes patogênicos a nível


da mucosa.

Fonte: Martelli et al. (2021)

Estilo de vida, dieta, envelhecimento e ingestão de antibióticos alteram a


microbiota intestinal, o que altera a homeostase intestinal e leva a muitas doenças,
como o diabetes e as doenças autoimunes. Em resumo, extensas interações IS -
microbioma têm um impacto significativo na homeostase imunológica que pode estar
ligada a várias doenças multifatoriais (FORSLUND et al., 2015). 

5 DOENÇAS ASSOCIADAS À MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA

5.1 Doenças autoimunes

5.1.1 Diabetes tipo I

O diabetes tipo I (DM1) é uma doença autoimune na qual as células T


destroem as células beta do pâncreas, que produzem insulina. Estudos
demonstraram que fatores genéticos, padrão alimentar e a microbiota intestinal
afetam tanto o diabetes tipo I quanto o tipo II. Os estudos sobre intervenções para a
30

microbiota intestinal em indivíduos com doenças metabólicas têm aumentado nos


últimos anos, principalmente no que diz respeito às complicações da DM1. A
microbiota intestinal e seus metabólitos desempenham um papel importante no
desenvolvimento dessas doenças (JAMSHIDI et al., 2019). 
Estudos conectaram a disbiose da microbiota intestinal e o diabetes e
encontraram uma interrupção na taxa de Firmicutes Bacteroidetes em pacientes
diabéticos. Há uma diminuição significativa de Faecalibacterium prausnitzii, que
pertence ao filo Firmicutes que ocasionam uma alteração negativa na composição
intestinal o que leva a ima disbiose. Por outro lado, a dieta do diabético desempenha
um papel no incentivo aos sintomas da doença, aumentando as citocinas
inflamatórias que interrompem as células beta produtoras de insulina em DM1
(ZHOU et al., 2020).
Um aumento de Bacteroidetes (bactérias gram-negativas) resulta na produção
de propionato, succinato e acetato de lactato que decompõe a camada de miosina,
levando à alteração da permeabilidade das células epiteliais e permitindo a entrada
de patógenos. Também causa uma redução nas bifidobactérias que produzem
butirato a partir do lactato, que é considerado uma substância anti-inflamatória, bem
como um potencializador das junções herméticas entre as células epiteliais e um
aumento da eficiência de sua missão. Os outros ácidos graxos de cadeia curta
benéficos resultantes do metabolismo bacteriano se ligam a receptores acoplados a
proteína G - GPR41 e GPR43, que captam sinais extracelulares e ativam vias de
transdução de sinal no interior da célula, portanto, reduzem a inflamação nas células
do sistema imunológico, enquanto a ligação às células L no intestino aumenta o
peptídeo YY e o peptídeo semelhante ao glucagon GLP-1, que melhora a insulina
sensibilidade (JAMSHIDI et al., 2019). 
Além disso, a microbiota pode metabolizar os ácidos biliares desconjugados
em bile secundária, que se liga ao receptor acoplado à proteína G TGR5 e leva a um
aumento no GLP-1 e na sensibilidade à insulina. Além disso, no caso do DM1 foi
sugerido que algumas espécies de bactérias estimulam a promoção de
autoantígenos, levando ao fortalecimento do ataque às células beta no pâncreas,
confirmando assim o papel da disbiose na microbiota intestinal no desenvolvimento
de DM1 e 2. Portanto, melhorar nossa compreensão dos efeitos do intestino
31

microbiano no desenvolvimento de ambos os tipos de diabetes pode fornecer o


potencial para intervenções preventivas (ZHOU et al., 2020).

5.1.2 Espondilite anquilosante

A espondilite anquilosante (EA) é um tipo raro de artrite inflamatória que afeta


principalmente a coluna vertebral, a parte inferior das costas e as articulações
sacroilíacas. A condição pode causar crescimento ósseo novo, dor e inchaço.
Pesquisadores identificaram uma conexão entre EA e as bactérias no intestino. As
evidências sugerem que certas bactérias, como bactérias de clamídia, podem
desencadear EA, enquanto outros tipos podem não (BISANZ et al., 2016).
A microbiota oral (com mais de 700 espécies bacterianas alojadas na
cavidade oral) tem um papel na doença periodontal e, por sua vez, desempenha um
papel contributivo na periodontite. Também foi relatado que a periodontite está ligada
à EA, e os pacientes com EA são mais propensos a sofrer de
periodontite. Comparando pacientes com EA com pessoas saudáveis, os pacientes
com EA têm o nível mais alto de anti- Pophyromonas gingivalis. P. gingivalis é capaz
de induzir resposta humoral e celular nos in- divíduos infectadossugerindo
novamente uma interação potencial entre alguma microbiota específica com EA
(BISANZ et al., 2016).
Cerca de 70 por cento dos pacientes com EA têm inflamação intestinal
subclínica, o que indica que as duas doenças podem ser entidades semelhantes
com uma origem comum, ou seja, disbiose intestinal. O papel do microbioma
intestinal na patogênese da EA também é sugerido e pode estar associada à
Doença Intestinal Inflamatória (DII). Durante o estágio ativo da doença, a maioria dos
pacientes exibe um nível sérico de IgA total elevado, sugerindo translocação
microbiana e falha da barreira intestinal (TITO et al., 2016). 
Um estudo indicou que, no íleo terminal e quando comparados a controles
saudáveis, os pacientes com EA tinham uma abundância maior de cinco famílias de
bactérias (por exemplo, Lachnospiraceae, Prevotellaceae, Rikenellaceae,
Porphyromonadaceae e Bacteroidaceae) e uma menor abundância de duas famílias
de bactérias (Ruminococcaceae e Rikenellaceae) (COSTELLO et al., 2015). O
32

estado de inflamação intestinal está fortemente associado ao perfil da microbiota da


mucosa de pacientes com EA e uma maior presença fecal de bactérias redutoras de
sulfato (Desulfobacterales; Desulfovibrionales; Syntrophobacterales), têm sido
implicadas na patogênese da DII. Além disso, percebeu-se também que o
aleitamento materno, que induz uma microbiota diferente daquela induzida pela
alimentação com mamadeira, poderia prevenir o desenvolvimento de EA (TITO et al.,
2016). 

5.1.3 Psoríase

A psoríase é uma dermatose inflamatória recidivante-remitente imunomediada


crônica, desencadeada por vários fatores ambientais e endógenos em indivíduos
geneticamente suscetíveis. No Brasil, a prevalência da doença é de 1,3%, variando
entre 0,9 a 1,1% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 1,9% no Sul e
Sudeste (SDB, 2021). Clinicamente, a psoríase geralmente aparece como episódios
recorrentes de placas eritematosas escamosas bem demarcadas e, em casos raros,
pode se manifestar como eritrodermia generalizada com risco de vida. As
características histológicas que caracterizam a psoríase incluem acantose, que é um
distúrbio cutâneo manifestado por placas hiperpigmentadas, aveludadas,
papilomatosas, hipertróficas e simétricas geralmente encontradas em áreas flexoras
e intertriginosas., reflexo de um estado de hiperproliferação de queratinócitos e
paraqueratose, indicativo de diferenciação desregulada de queratinócitos. Outra
característica dessa doença é o aumento da vascularização, que permite o acúmulo
de subpopulações inflamatórias de neutrófilos, células dendríticas e linfócitos T
(KULIG et al., 2016).
A psoríase está comumente associada à inflamação em outros sistemas
orgânicos. Muitos pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) também são
diagnosticados com psoríase, indicando uma forte associação com a inflamação
gastrointestinal. Certos fatores genéticos e ambientais e vias imunológicas
demonstraram estar envolvidos na etiopatogênese de ambas as doenças. Por
exemplo, as células Th17 e suas citocinas desempenham papéis essenciais no
desenvolvimento da psoríase e na fisiopatologia da DII (KALIL et al., 2020).
33

O microbioma intestinal produz metabólitos que têm potencial de modificação


imunológica e alteram o equilíbrio entre a tolerância imunológica e a inflamação. Um
dos mecanismos pelos quais esses metabólitos atuam é por meio de seu efeito na
diferenciação de células T virgens em linhagens regulatórias ou Th17. Essas células
têm demandas metabólicas distintas. Em geral, as células T efetoras são anabólicas
e dependem da glicólise como fonte de trifosfato de adenosina (ATP). No entanto, as
células T de memória e de repouso são consideradas catabólicas e dependem de
ácidos graxos, aminoácidos e glicose para gerar ATP por meio da fosforilação
oxidativa. Os principais fatores de transcrição das vias lipogênica e glicolítica são a
quinase ativada por monofosfato de adenosina e a rapamicina, respectivamente
(KULIG et al., 2016).
O mesmo padrão de disbiose encontrado em pacientes com DII foi descrito
em pacientes com psoríase, independentemente da ocorrência de DII. É
caracterizado pela depleção de bactérias simbiontes, incluindo Lactobacillus spp.,
Bifidobacterium spp. E F. prausnitzii, e a colonização por certos patobiontes, como
Escherichia coli, Salmonella sp., Helicobacter sp., Campylobacter sp.,
Mycobacterium sp. e Alcaligenes sp. Além disso, a colonização da pele ou intestino
(ou ambos) por Staphylococcusaureus, Malassezia e Candidaalbicansexacerba a
psoríase. Outra semelhança entre a psoríase e a DII é a abundância reduzida de 2
espécies de bactérias benéficas (Parabacteroides e Coprobacillus) observada em
pacientes com psoríase e artrite psoriática e naqueles com DII. Níveis reduzidos de
bactérias de filos benéficos podem levar a consequências deletérias, incluindo
regulação deficiente das respostas imunes intestinais que podem afetar sistemas de
órgãos distantes (KALIL et al., 2020).

5.2 Alergias alimentares

A alergia alimentar é uma reação imunológica exagerada que acontece após


a ingestão de algum antígeno alimentar. As reações de hipersensibilidade aos
alimentos podem ser classificadas de acordo com o mecanismo imunológico
envolvido em: Mediadas por IgE; Mistas (Mediadas por IgE e células) e Reações não
mediadas por IgE. A mais comum é mediada pelo anticorpo IgE que gera uma
34

resposta imunológica rápida. Assim que o corpo entra em contato com o antígeno
acontece a ativação das células Th2 e linfócitos B produtoras de IgE, esse anticorpo
se liga aos mastócitos. É necessária uma nova interação com o antígeno para que
ele se ligue ao anticorpo presente no mastócito e ocorra a liberação de histaminas,
prostaglandinas e citocinas que são responsáveis pelos sintomas da alergia
alimentar tipo I, sendo os mais comuns: reações cutâneas (dermatite atópica,
urticária, angioedema), gastrintestinais (edema e prurido de lábios, língua ou palato,
vômitos e diarréia), respiratórias (asma, rinite) e reações sistêmicas (anafilaxia com
hipotensão e choque). (BERZUINO, 2017).  
A alergia não mediada por IgE, é responsável por uma resposta tardia que
acontece através da ativação de outras células do sistema imune. Após entrar em
contato com o alimento alergênico, são liberados mastócitos que fagocitam os
antígenos e os apresentam para as células Th1 produtoras de interleucina 2 que
auxiliam as células TCD4+, células responsáveis pela mediação da resposta
imunológica neste tipo de alergia alimentar (BERZUINO, 2017). 
A prevalência das alergias alimentares vem aumentando nas últimas duas
décadas, hoje estima-se que 10% da população mundial tenha algum tipo de alergia
a proteínas alimentares, e o grupo mais vulnerável a essa doença são crianças de
até 3 anos de idade, tendo uma prevalência quase duas vezes maior que o grupo de
adultos (SENNA, 2018).
 Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, é difícil ter uma real visão
epidemiológica devido a falta de diagnósticos feitos da forma correta (SENNA, 2018)
que envolve não apenas uma história clínica detalhada como exames físicos, sendo
eles: o teste cutâneo de hipersensibilidade imediata, testes de provocação oral e
exames para medir a atividade do sistema imune após o contato com os alimentos
alergênicos (BERZUINO, 2017). 
Um diagnóstico baseado apenas na história clínica do paciente é responsável
pela restrição de alimentos alergênicos, sem que haja uma real necessidade,
podendo levar a déficits nutricionais, em principal na primeira infância, e a um
desgaste familiar para a adesão de uma dieta restritiva, já que alguns alimentos são
amplamente utilizados na culinária, sendo os alimentos alergênicos mais comuns:
35

ovos; leite; amendoim; frutas secas; soja; peixe; crustáceos e moluscos; grúten
(SENNA, 2018). 
Um estudo epidemiológico realizado por Senna (2018), coletou dados de 234
crianças que passaram pelo Ambulatório de Alergia e Imunologia Pediátrica do
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG. As crianças selecionadas para o estudo
possuíam uma história clínica com fortes suspeitas de alergia alimentar, presença de
IgE após a sensibilização com o antígeno alimentar, que possuíam teste alérgico
negativo, e ausência de reações anafiláticas. Para o estudo foi realizado o TPDCPC
(teste de provocação duplo-cego placebo controlado) de acordo com os critérios
estabelecidos pela American Academy of Allergy Asthma and Immunology. Apenas
12.8% das crianças que realizaram os testes tiveram a alergia confirmada,
demonstrando assim a necessidade de uma melhor investigação e teste mais
rigorosos para o diagnóstico. 
De acordo com Marko (2017), o aumento da incidência de doenças alérgicas
pode ser explicado pelo estilo atual de vida, com menor interação com
microrganismos. essa hipótese sugere que com a diminuição dessa interação, o
sistema imunológico passou a procurar novos antígenos, desenvolvendo respostas a
partículas que antes eram consideradas inofensivas. Além disso, o autor também
ressalta que a maior exposição a antibióticos pode levar a uma colonização diferente
da microbiota com um risco maior do desenvolvimento de disbiose, que pode ser
responsável por um desequilíbrio entre as células Th1 e Th2 aumentando o risco de
alergias. 
Segundo Berzuino (2017), a imaturidade da mucosa é um fator de risco no
desenvolvimento de alergia alimentar, devido ao aumento da permeabilidade
intestinal. A presença de uma microbiota intestinal é responsável pela diminuição da
permeabilidade, através da produção de ácidos graxos que estimulam o crescimento
de células epiteliais, e também pela produção de mucina que melhora a qualidade
do muco (MACHADO et al., 2015).  
Entretanto, de acordo com o Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar (2018),
não há nenhuma evidência que sustente o uso de prebióticos, como forma de
melhorar a qualidade da microbiota, seja eficiente no auxílio ou prevenção para essa
doença. Quanto ao uso de probióticos, existem metanálises que comprovam a
36

eficácia do seu uso na prevenção e na diminuição dos sintomas, mesmo assim


serão necessários mais estudos para comprovar eficiência, uma vez que também
são encontradas evidências contrariando essa hipótese.

6 FATORES QUE PREVINEM A DISBIOSE INTESTINAL

6.1 Uso de probióticos

Os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em


quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro). Os
probióticos (principalmente as espécies Bifidobacterium e Lactobacillus) podem ser
incluídos em uma variedade de produtos, incluindo alimentos, suplementos
dietéticos ou medicamentos (SOUZEDO; BIZARRO; PEREIRA, 2020).
Existe a preocupação de que a maioria dos suplementos de micróbios não
consiga se estabelecer no intestino e não exerça nenhum efeito na comunidade
residente. Mas os probióticos podem afetar a saúde independentemente da
microbiota intestinal por meio de efeitos diretos no hospedeiro; por exemplo, por
meio da modulação imunológica ou da produção de compostos bioativos. O efeito
terapêutico da suplementação de probióticos foi estudado em uma ampla gama de
doenças. Modular a microbiota usando probióticos constitui uma perspectiva futura
para o desenvolvimento de ferramentas nutricionais ou farmacêuticas para manter a
saúde (SOUZA et al., 2019).
Probióticos são identificados por sua cepa específica, que inclui o gênero, a
espécie, a subespécie (se aplicável) e uma designação de cepa alfanumérica. Os
sete gêneros principais de organismos microbianos mais frequentemente usados ​em
produtos probióticos são Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces,
Streptococcus, Enterococcus, Escherichia e Bacillus (SOUZEDO; BIZARRO;
PEREIRA, 2020). O Quadro 2 mostra exemplos da nomenclatura usada para várias
cepas comerciais de organismos probióticos.

Quadro 2: Nomenclatura para amostras de cepas comerciais de probióticos


37

Gênero Espécies Subespécies Designação Apelido de


de tensão Strai
Lactobacillus Ramnosus Nenhum GG LGG
Bifidobacterium animalis lactis DN-173 010 Bifidus
regularis
Bifidobacterium longum longum 35624 Bifantis
Adaptado de Souza et al. (2019)

Como os efeitos dos probióticos podem ser específicos para certas espécies e
cepas de probióticos, as recomendações para seu uso na clínica precisam ser
específicas para cada espécie e cepa. Os probióticos também estão disponíveis
como suplementos dietéticos (em cápsulas, pós, líquidos e outras formas) contendo
uma ampla variedade de cepas e doses. Esses produtos geralmente contêm
culturas mistas de microorganismos vivos, em vez de cepas isoladas (SOUZEDO;
BIZARRO; PEREIRA, 2020).
Os probióticos são medidos em unidades formadoras de colônias (UFC), que
indicam o número de células viáveis. As quantias podem ser escritas nos rótulos dos
produtos como, por exemplo, 1 x 10 9 para 1 bilhão de CFU ou 1 x 10 10 para 10
bilhões de CFU. Muitos suplementos probióticos contêm de 1 a 10 bilhões de UFC
por dose, mas alguns produtos contêm até 50 bilhões de UFC ou mais. No entanto,
contagens mais altas de CFU não melhoram necessariamente os efeitos do produto
na saúde (SOUZA et al., 2019).

6.2 Vitamina D

A deficiência de vitamina D tem sido associada a sibilos no início da vida,


redução do controle da asma, doenças alérgicas e aumento do índice de massa
corporal. Dado o papel da vitamina D no desenvolvimento e função das células
T-regulatórias e dendríticas, é possível que o status da vitamina D do hospedeiro
modifique o efeito da microbiota intestinal sobre o sistema imunológico. Por exemplo,
camundongos sem receptor de vitamina D (VDR) apresentam inflamação crônica de
baixo grau no trato gastrointestinal. Além disso, a ausência do VDR leva à
38

diminuição do homing das células T no intestino, resultando em mais inflamação em


resposta à flora bacteriana normalmente não patogênica (WU et al., 2015).
O VDR intestinal também demonstrou estar diretamente envolvido na
supressão da ativação do NF-κB induzida por bactérias. Wu et al. (2015) também
mostraram que a colonização bacteriana comensal afeta tanto a distribuição quanto
a expressão de VDR em células epiteliais intestinais, sugerindo uma interação
dinâmica entre essas bactérias e o receptor. Assim, evidências emergentes sugerem
que a via da vitamina D é um modificador potencialmente importante dos efeitos da
flora intestinal nos distúrbios inflamatórios.
O impacto da suplementação de vitamina D na composição da microbiota foi
estudado, predominantemente em estados de doença, mostrando que a
suplementação semanal de 50.000 UI de vitamina D modifica a microbiota intestinal
e das vias aéreas em pacientes com fibrose cística. Em pacientes com esclerose
múltipla aumentou a abundância do gênero Akkermansia, que promove a integridade
da mucosa, no intestino, assim como Fecalibacterium e Coprococcus; estes dois
últimos são os principais produtores de butirato do filo Firmicutes. Da mesma forma,
em indivíduos pré-diabéticos com deficiência de vitamina D, a suplementação diária
de 1332 UI de vitamina D3 por um mês levou ao aumento de 25 (OH) D sérico foi
inversamente correlacionada com a abundância
de Firmicutes (gênero Ruminococcus) e Proteobacteria, e positivamente
correlacionada com a abundância de Bacteroidetes (WATERHOUSE et al., 2018). 

6.3 A influência da alimentação

A importância do papel da alimentação na seleção dos microrganismos da


microbiota intestinal já foi evidenciada em diversos estudos, de acordo com Gubert,
2020 as alterações alimentares são capazes de apresentar mudanças até mesmo
em um período menor que 24 horas, que podem se tornar constantes de acordo com
o tipo de dieta que o indivíduo realiza.
O consumo de uma dieta que tem como base alimentos de origem vegetal,
presente em uma alimentação equilibrada, é capaz de selecionar uma maior
quantidade de bactérias fermentadoras de fibras que levam a um aumento na
39

quantidade de ácidos graxos de cadeia curta, além do aumento dos níveis de


propionato e butirato, apresentando um reflexo positivo na saúde. Enquanto uma
dieta com características ocidentais, isto é, que possui maior quantidade de gordura
e açúcar simples, está associada a diminuição da diversidade microbiana e seleção
de bactérias desfavoráveis à saúde do hospedeiro (GUBERT et al., 2020).
Além dos cuidados com a alimentação equilibrada, o uso de prebióticos é
uma estratégia benéfica para o equilíbrio entre bactérias comensais e patogênicas,
uma vez que os prebióticos são substâncias utilizadas como substrato para
fermentação feita por bactérias específicas do cólon, que também desempenham
um papel relevante na formação de propionato, butirato e acetato. As principais
substâncias utilizadas com esse objetivo são: os oligossacarídeos, inulina e
lactosacarose, que podem ser facilmente introduzidos na alimentação através da
suplementação, ou alimentos como frutas e verduras (VERAS; MAYNARD, 2018).

6.4 Impactos do exercício físico

A prática regular de exercícios físicos moderados gera diversos impactos


positivos na homeostase do corpo humano, apresentando reflexos benéficos tanto
no metabolismo muscular e ósseo, quanto na prevenção de comorbidades e
também na saúde intestinal, sendo possível alterar de forma positiva a microbiota
intestinal favorecendo cepas comensais e maior diversidade de microrganismos
(SILVA, 2020).
Entre os impactos do exercício diretamente no trato gastrointestinal, é
possível destacar a melhora no morfologia e principalmente a diminuição no tempo
de trânsito das fezes, que tem como consequência a menor interação entre
possíveis patógenos e o muco intestinal, diminuindo também essa interação com o
sistema circulatório (GUBERT et al., 2020).
Em seu estudo, Silva, 2020 expõe uma comparação entre jogadores de rugby
e indivíduos sedentários, evidenciando diferenças na diversidade e composição de
suas microbiotas, sendo que os jogadores apresentaram maior quantidade
Faecalibacterium, Roseburia e Akkermansia (cepas associadas a um melhor estado
de saúde) em relação aos demais indivíduos.
40

Apesar da existência de achados científicos que comprovam tais benefícios, é


necessário um maior número de trabalhos e pesquisas, que possuam um maior rigor
e padronização quanto ao tipo de exercício, que pode desencadear resultados
opostos de acordo com a intensidade, e um maior controle quanto aos outros fatores
também alteram a microbiota, como idade e alimentação (GUBERT et al., 2020).

7. CONCLUSÃO

Está bem estabelecido que a microbiota intestinal está em estreita interação


com o sistema imunológico da mucosa intestinal. De fato, a mucosa intestinal pode
ser considerada um nicho imunológico por abrigar um complexo órgão
imunofuncional composto por subpopulações de células T e suas citocinas anti e
pró-inflamatórias relacionadas, bem como vários outros mediadores da inflamação,
além da microbiota. Tanto o sistema imunológico inato quanto o adaptativo estão
envolvidos no nicho imunológico do intestino.

Nesse sentido, a disbiose da microbioma é um fator ambiental muito


importante que pode contribuir para várias doenças autoimunes, embora as ligações
mecanísticas precisas entre o microbioma e as DA não sejam totalmente
compreendidas. Acredita-se que algumas bactérias podem passar da barreira
intestinal e gerar respostas imunes, resultando em aumento da translocação de
bactérias ou seus metabólitos, promovendo auto aberrante sistêmico - respostas
inflamatórias e DA. Além disso, permanece muito incerto se o microbioma intestinal
é um fator causal ou uma consequência da doença, o que requer abordagens mais
cuidadosas, incluindo a colonização de camundongos livres de germes com
microbioma intestinal associado à doença, que pode oferecer mais informações
sobre o papel de essas bactérias na patogênese dessas doenças. 

Dieta, antibióticos e idade podem alterar a microbiota intestinal e gerar


disbiose. Algumas maneiras de modular esse equilíbrio é através de hábitos
saudáveis, consumo ou suplementação de vitaminas e probióticos.
41

REFERÊNCIAS

GOMES, Ana Patrícia Pereira. A microbiota intestinal e os desenvolvimentos recentes


sobre o seu impacto na saúde e na doença. [s.l.]: , 2017. Disponível em:
<https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/36100/1/MICF_Ana_Patricia_Gomes.pdf>.
MACHADO, Alessandra Barbosa Ferreira et al. Microbiota Gastrintestinal: evidências de
sua influência na saúde e na doença. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2015.

MARCHESI, J. R. et al. The gut microbiota and host health: a new clinical frontier. Gut,
v. 65, n. 2, p. 330–339, 2 set. 2015.

‌OLIVEIRA, Louise Crovesy de. Efeito de probiótico (Bifidobacterium lactis) e simbiótico


(Bifidobacterium lactis e frutooligossacarídeo) sobre a microbiota intestinal, perda de
peso corporal e parâmetros metabólicos de mulheres com obesidade. [s.l.] , 2020.
Disponível em:
<http://www.ppgn.ufrj.br/wp-content/uploads/2020/07/Louise-Crovesy-de-Oliveira-tese.pdf>.

ADAK, Atanu ; KHAN, Mojibur R. An insight into gut microbiota and its functionalities.
Cellular and Molecular Life Sciences, v. 76, n. 3, p. 473–493, 2018. Disponível em:
<https://link.springer.com/article/10.1007/s00018-018-2943-4>. Acesso em: 15 Mar. 2021.

GOMES, A.P.G. A microbiota intestinal e os desenvolvimentos recentes sobre o


seu impacto na saúde e na doença. Disponível em:
<https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/36100/1/MICF_Ana_Patricia_Gomes.pdf>.

SOLÉ, D. et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 -


Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade
Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arquivos de
Asma, Alergia e Imunologia, v. 2, n. 1, 2018.

LU, Q.Y. et al. Prebiotic Potential and Chemical Composition of Seven Culinary Spice
Extracts. Journal of Food Science, v. 82, n. 8, p. 1807–1813, 5 jul. 2017.
42

‌SANTOS, L.A. A MICROBIOTA INTESTINAL E SUA RELAÇÃO COM O SISTEMA


IMUNOLÓGICO. REVISTA DA UNIVERSIDADE VALE DO RIO VERDE, v. 16, n. 2,
2018.

‌PARAY, B. A. et al. Leaky Gut and Autoimmunity: An Intricate Balance in Individuals


Health and the Diseased State. International Journal of Molecular Sciences, v. 21,
n. 24, p. 9770, 21 dez. 2020.

HIIPPALA, K. et al. Mucosal Prevalence and Interactions with the Epithelium Indicate
Commensalism of Sutterella spp. Frontiers in Microbiology, v. 7, 26 out. 2016.

NICCOLAI, E. et al. The link “Cancer and autoimmune diseases” in the light of
microbiota: Evidence of a potential culprit. Immunology Letters, v. 222, p. 12–28, jun.
2020.

BERER, Kerstin et al. Gut microbiota from multiple sclerosis patients enables
spontaneous autoimmune encephalomyelitis in mice. Proceedings Of The National
Academy Of Sciences, [S.L.], v. 114, n. 40, p. 10719-10724, 11 set. 2017.
Proceedings of the National Academy of Sciences.
http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1711233114.

BISANZ, Jordan E. et al. The oral microbiome of patients with axial spondyloarthritis
compared to healthy individuals. Peerj, [S.L.], v. 4, p. 2095, 9 jun. 2016. PeerJ.
http://dx.doi.org/10.7717/peerj.2095.

BOAS, Fernanda Barbosa Ribeiro Vilas. Obesidade e sua possível relação com a


microbiota intestinal. 2017. 19 f. TCC (Graduação) - Curso de Biomedicina, Centro
UniversitÁrio de BrasÍlia - Uniceub, Brasília, 2017. Disponível em:
https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/11720/1/21485287.pdf. Acesso em:
05 jun. 2021.
43

BRITTON, Graham J. et al. Microbiotas from Humans with Inflammatory Bowel
Disease Alter the Balance of Gut Th17 and RORγt+ Regulatory T Cells and
Exacerbate Colitis in Mice. Immunity, [S.L.], v. 50, n. 1, p. 212-224, jan. 2019.
Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.immuni.2018.12.015.

CEKANAVICIUTE, Egle et al. Gut bacteria from multiple sclerosis patients modulate
human T cells and exacerbate symptoms in mouse models. Proceedings Of The
National Academy Of Sciences, [S.L.], v. 114, n. 40, p. 10713-10718, 11 set. 2017.
Proceedings of the National Academy of Sciences.
http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1711235114.

CHONG-NETO, Herberto J. et al. A microbiota intestinal e sua interface com o


sistema imunológico. Brazilian Journal Of Allergy And Immunology (Bjai), [S.L.],
v. 3, n. 4, p. 1, 2019. GN1 Genesis Network.
http://dx.doi.org/10.5935/2526-5393.20190055.

COSTELLO, Mary-Ellen et al. Brief Report: intestinal dysbiosis in ankylosing


spondylitis. Arthritis & Rheumatology, [S.L.], v. 67, n. 3, p. 686-691, 25 fev. 2015.
Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/art.38967.

CRESCI G.A, BAWDEN E. Gut microbiome: what we do and don’t know. Nutrition in
Clinical Practice, v. 30, n 6, p. 734-746, dec. 2015.

FORSLUND, Kristoffer et al. Disentangling type 2 diabetes and metformin treatment


signatures in the human gut microbiota. Nature, [S.L.], v. 528, n. 7581, p. 262-266, 2
dez. 2015. Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1038/nature15766.

GOMES, Patrícia Carneiro; MAYNARD, Dayanne da Costa. Relação entre o hábito


alimentar, consumo de probiótico e prebiótico no perfil da microbiota intestinal:
revisão integrativa. Research, Society And Development, [S.L.], v. 9, n. 8, p.
44

718986101, 30 jul. 2020. Research, Society and Development.


http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6101.

JAMSHIDI, Parnian et al. Is there any association between gut microbiota and type 1
diabetes? A systematic review. Gut Pathogens, [S.L.], v. 11, n. 1, p. 1, 14 out. 2019.
Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1186/s13099-019-0332-7.

KALIL, Célia Luiza Petersen Vitello et al. Uso dos probióticos em Dermatologia -
Revisão. Surgical & Cosmetic Dermatology, [S.L.], v. 12, n. 3, p. 1, 2020. GN1
Genesis Network. http://dx.doi.org/10.5935/scd1984-8773.20201233678.

KULIG, Paulina et al. IL-12 protects from psoriasiform skin inflammation. Nature


Communications, [S.L.], v. 7, n. 1, p. 1, 28 nov. 2016. Springer Science and
Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/ncomms13466.

NETTLETON, Jodi E.; REIMER, Raylene A.; SHEARER, Jane. Reshaping the gut
microbiota: impact of low calorie sweeteners and the link to insulin
resistance?. Physiology & Behavior, [S.L.], v. 164, p. 488-493, out. 2016. Elsevier
BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.physbeh.2016.04.029.

PASSOS, Maria do Carmo Friche; MORAES-FILHO, Joaquim Prado. Intestinal


microbiota in digestive diseases. Arquivos de Gastroenterologia, [s.l.], v. 54, n. 3,
p. 255-262, 6 jul. 2017. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0004-2803.201700000-31. Acesso em: 05 jun. 2021.

PERBELIN, Angélica dos Santos et al. O papel da microbiota como aliada no


sistema imunológico. Arquivos do Mudi, Online, v. 3, n. 23, p. 1-14, 2019.

RODRIGUES, Ludimyla dos Santos Victor. Relação entre microbiota intestinal e


obesidade: terapêutica nutricional através do uso de probióticos. 2016. 34 f.
Tese (Doutorado) - Curso de Nutrição, Centro Universitário de Brasília – Uniceub,
45

Brasília, 2016. Disponível em:


https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/9243/1/21358420.pdf. Acesso em:
05 jun. 2021.

SAMUELSON, Derrick R.; WELSH, David A.; SHELLITO, Judd E.. Regulation of lung
immunity and host defense by the intestinal microbiota. Frontiers In Microbiology,
[S.L.], v. 6, p. 1, 7 out. 2015. Frontiers Media SA.
http://dx.doi.org/10.3389/fmicb.2015.01085.

SANTOS, Maria Paula Medeiros da Cunha; PEREIRA, Thony Guilherme; FREITAS,


Moisés Thiago de Souza. A influência do leite materno na microbiota intestinal do
recém-nascido. Brazilian Journal Of Development, [S.L.], v. 6, n. 11, p.
93400-93411, 2020. Brazilian Journal of Development.
http://dx.doi.org/10.34117/bjdv6n11-670.

SCHMIDT, Leucinéia et al. Obesidade e sua relação com a


microbiotaintestinal. Ries, Caçador, v. 2, n. 6, p. 29-43, 2017. ISSN2238-832X.
Disponível em: http://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/ries/article/view/1089/686.
Acesso em: 05 jun. 2021.

SILVA, Bruna Myrele Freitas da et al. Associação da microbiota intestinal com o
transtorno da ansiedade e depressão. Research, Society And Development, [S.L.],
v. 10, n. 4, p. 16, 17 abr. 2021. Research, Society and Development.
http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14316.

SOUZEDO, Flávia Bellesia; BIZARRO, Lisiane; PEREIRA, Ana Paula Almeida de. O
eixo intestino-cérebro e sintomas depressivos: uma revisão sistemática dos ensaios
clínicos randomizados com probióticos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, [S.L.], v.
69, n. 4, p. 269-276, dez. 2020. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/0047-2085000000285.
46

SPANOGIANNOPOULOS, Peter et al. The microbial pharmacists within us: a


metagenomic view of xenobiotic metabolism. Nature Reviews Microbiology, [S.L.],
v. 14, n. 5, p. 273-287, 14 mar. 2016. Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1038/nrmicro.2016.17.
TITO, Raul Y. et al. Brief Report: dialister as a microbial marker of disease activity in
spondyloarthritis. Arthritis & Rheumatology, [S.L.], v. 69, n. 1, p. 114-121, dez.
2016. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/art.39802.

TANOUE, Takeshi et al. A defined commensal consortium elicits CD8 T cells and
anti-cancer immunity. Nature, [S.L.], v. 565, n. 7741, p. 600-605, jan. 2019. Springer
Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41586-019-0878-z.

ZHOU, He et al. Gut Microbiota Profile in Patients with Type 1 Diabetes Based on
16S rRNA Gene Sequencing: a systematic review. Disease Markers, [S.L.], v. 2020,
p. 1-11, 28 ago. 2020. Hindawi Limited. http://dx.doi.org/10.1155/2020/3936247.

WATERHOUSE, Mary et al. Vitamin D and the gut microbiome: a systematic review
of in vivo studies. European Journal Of Nutrition, [S.L.], v. 58, n. 7, p. 2895-2910,
15 out. 2018. Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1007/s00394-018-1842-7.

WU, S.; ZHANG, Y-G.; LU, R.; et al. Intestinal epithelial vitamin D receptor deletion
leads to defective autophagyin colitis. Gut, v.64, n. 07, p. 1082-

GUBERT, C. et al. Exercise, diet and stress as modulators of gut microbiota:


Implications for neurodegenerative diseases. Neurobiology of Disease, v. 134, p.
104621, fev. 2020.

VERAS, M.; MAYNARD, D. Importância dos prebióticos como modulador da


microbiota intestinal. Centro Universitário de Brasília -UniCEUB Faculdade de
Ciências da Educação e Saúde. 2018. Disponível em:
<https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/prefix/13303/1/21554442.pdf>.
47

SILVA, D.R.M. A interação entre o exercício físico e a microbiota intestinal. Porto.


2020. Disponível em:
<https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/128025/2/410351.pdf>.‌

GUBERT, C. et al. Exercise, diet and stress as modulators of gut microbiota:


Implications for neurodegenerative diseases. Neurobiology of Disease, v. 134, p.
104621, fev. 2020.

MARTELLI, Paolo et al. O sistema imunológico e a imunidade no suíno:


imunidade da mucosa. 2021. Disponível em:
https://www.3tres3.com.br/artigos/o-sistema-imunologico-e-a-imunidade-no-suino-im
unidade-da-mucosa_1104/. Acesso em: 01 set. 2021.

Você também pode gostar