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Maio 2009
Apostila da disciplina Gestões de qualidade microbiológica na indústria alimentícia
SUMÁRIO
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Profa Mônica Hitomi Okura
Apostila da disciplina Gestões de qualidade microbiológica na indústria alimentícia
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Profa Mônica Hitomi Okura
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As células é a unidade fundamental dos seres vivos. Ela pode se originar de uma
célula já pré-existente ou, no caso da reprodução sexuada, pela troca de material nuclear
entre duas células.
Os seres vivos podem ser classificados como unicelulares, ou multicelulares.
Nos primeiros, a organização é mais simples, sendo a totalidade do organismo
constituída de uma única célula. Como esta dimensão é microscópica, o organismo
unicelular é necessariamente pequeno e por isto, denominados de microrganismos. A
organização unicelular é comum, porém não universal nos microrganismos, tais como
bactérias, protozoários e algas. Ocorre também, embora mais raramente, entre os
fungos. Já no caso dos multicelulares, embora se originem de uma única célula, são
constituídos, no estado maduro, de muitas células permanentemente unidas umas às
outras de uma forma característica. Entretanto, quando um organismo multicelular
contém um número relativamente pequeno de células, ele poderá permanecer sob
dimensões microscópicas.
Os microrganismos, por muito tempo, ficaram situados em dois reinos distintos.
Os protozoários, no reino animal; e as algas, fungos e bactérias no vegetal. Inúmeros
casos duvidosos ocorriam. O problema taxonômico foi inicialmente resolvido quando
foi criado por Haeckel (1865) um terceiro reino, o protista, que abrangia os
protozoários, fungos, algas e bactérias. Whittaker, em 1969, sugeriu a separação dos
protistas procarióticos dentro de reinos diferentes, criando um sistema com cinco reinos:
Monera (bactérias), Protista (algas e protozoários), Plantae (plantas superiores), Fungi
(bolores e leveduras) e Animália (animais).
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1.2.1. Bactérias
Dimensões: as bactérias são muito pequenas, possuindo células que têm, geralmente,
entre 0,5 a 10 micra de comprimento ou diâmetro. Podem ser vistas sob o microscópio
em aumentos superiores a 400 vezes. Normalmente, os aumentos de 400 a 600 vezes
são empregados para observação a fresco e o de 1.000 vezes para observação de lâminas
coradas.
Formas: as bactérias podem ser encontradas sob inúmeras formas. As células podem,
também, estar unidas formando grupamentos como “cachos”, cadeias, formações pares,
tétrades e outras.
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f) Flagelos: Quando presentes nas células, são responsáveis pelo movimento das
bactérias. É uma organela de locomoção, que se origina em corpúsculo esférico
basal, situado no citoplasma próximo à membrana. São constituídos de proteínas
(flagelina). A energia de sua movimentação é dada pela ATP.
Desta foram, uma célula dá origem a duas, estas duas dão origem a quatro, e assim
por diante, em um crescimento (ou multiplicação), chamado exponencial. O tempo de
geração (em que uma dá origem a duas), em condições ótimas de crescimento, é
geralmente, de 15 a 20 minutos.
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1.2.2. Bolores
São denominados bolores, os fungos filamentosos. Os bolores são também
amplamente distribuídos na natureza. São encontrados no solo, em superfícies de
vegetais, nos animais, no ar e na água. Estão em maiores quantidades geralmente nos
vegetais, onde provocam doenças, especialmente em frutos. Nos alimentos, são muito
conhecidos por provocarem deteriorações (emboloramento) e por produzirem
micotoxinas. Podem ser utilizados, também, na produção de certos alimentos (queijos,
alimentos orientais), bem como na produção de medicamentos (penicilina).
A) Dimensões: os bolores são bem maiores que as bactérias (mais de 100 micra),
podendo ser examinados em aumentos de 100 vezes ao microscópio.
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1.2.3. Leveduras
São denominadas leveduras, os fungos unicelulares, também conhecidos como
fermentos. São também amplamente distribuídas na natureza na água, solo, plantas, ar e
animais. De modo geral, são encontradas em maiores números nas frutas e nos vegetais.
São utilizadas para a fabricação de bebidas, pães e outros produtos fermentados, já que,
na ausência do ar, fazem a fermentação alcoólica. Podem provocar, também,
deterioração de alimentos e bebidas. Algumas espécies são patogênicas, causando
doenças ao homem, mas que não são transmitidas por alimentos.
a) Dimensões: variam de 2 a 20 micra, podendo medir 100 micra de comprimento.
A largura varia geralmente de 1 a 9 micra.
b) Morfologia: são encontradas sob diferentes formas. A oval é a mais freqüente.
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2.1. Bactérias
a) Gênero Pseudomonas - possui células na forma de bastonetes, Gram-negativas,
móveis, com flagelos polares. As espécies são aeróbias, não formadoras de esporos e
catalase e oxidase positivas. Vivem especialmente no solo e na água, salgada ou doce.
Muitas espécies multiplicam-se bem em temperaturas de refrigeração, algumas
produzem pigmentos fluorescentes e são fitopatogênicas.
Pseudomonas aeruginosa é patógeno humano oportunista.
Pseudomonas sp de modo geral, são importantes na deterioração de pescado, carnes e
derivados, aves, leite e derivados, mantidos sob refrigeração, pois são psicrotróficas e
produzem enzimas proteolíticas e lipolíticas. São responsáveis pelo aparecimento de
limosidade superficial e odores desagradáveis.
Pseudomonas fluorescens freqüentemente é implicada na deterioração de carnes in
natura, com produção de pigmento esverdeado.
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concentração de cloreto de sódio, tais como: salinas, lagos salgados, alimentos salgados
(ex.: charque). São responsáveis pela produção de limosidade, de odores desagradáveis
e pelo chamado “vermelhão do charque”, pois suas células produzem pigmentos
vermelhos (bactoruveína). A espécie mais importante deste gênero é Halobacterium
salinarum.
e) Gêneros Lactobacillus, Lactococcus, Streptococcus, Leuconostoc, Pediococcus,
Enterococcus e Vagococcus: São bactérias Gram-positivas, em forma de bastonetes
(Lactobacillus) ou cocos (os demais), imóveis, que se desenvolvem em ambientes com
baixa tensão de oxigênio, não formadoras de esporos. Constituem o grupo denominado
de bactérias láticas, pois produzem ácido lático a partir de açúcares, através da
fermentação lática. Esta pode ser homolática (só produz praticamente ácido lático), ou
heterolática (produz ácido lático, CO2 e ácido acético).
O habitat desses microrganismos é variado, podendo ser encontrados na mucosa
bucal, no trato intestinal, no leite e derivados, nas superfícies de vegetais e em outros
ambientes.
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b) Como patogênicos
c) Como deteriorantes
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(NaCl). Algumas cepas podem produzir enterotoxinas termoestáveis (não são destruídas
pelo calor normalmente empregado no cozimento dos alimentos). Staphylococcus
aureus bem como Streptococcus epidermidis são comuns nas mucosas nasal e oral do
homem e de certos animais, bem como na pele, pêlo e infecções (feridas e tumores). São
levadas aos alimentos, principalmente, devido a falhas na higiene pessoal e durante a
manipulação dos mesmos.
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O valor de n pode ser calculado pela seguinte fórmula: n= t/tg, onde t é o tempo
(em minutos) de crescimento e tg é o tempo de geração, ou tempo necessário para
dobrar o número de células (em minutos).
O tempo de geração varia de acordo com os microrganismos e, para um mesmo
microrganismo, varia de acordo com as condições ambientais (temperatura, nutrientes,
etc.). Assim, uma bactéria que tem o tempo de geração de 15 minutos, por exemplo, em
uma carne a temperatura ambiente, ao final de 3 horas dará origem a cerca de 4.000
bactérias. Isto pode ser calculado da seguinte forma:
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3.2.1. pH
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Alimento pH
Abóbora 5,0 – 5,4
Aipo 5,7 – 6,0
Alface 6,0
Aspargo 5,7 – 6,1
Azeitona 3,6 – 3,8
Batata 5,3 – 5,6
Berinjela 4,5
Beterraba 4,2 – 4,4
Brócolis 6,5
Feijão 4,6 - 6,5
Tomate 4,2 – 4,3
Ameixa 2,8 – 4,6
Banana 4,5 – 4,7
Figo 4,6
Maça 2,9 – 3,3
Melancia 5,2 – 5,6
Uva 3,4 – 4,5
Carnes bovina (moída) 5,1 – 6,2
Frango 6,2 – 6,4
Presunto 5,9 – 6,1
Camarão 6,8 – 7,0
Creme de leite 6,5
Leite 6,3 – 6,5
Manteiga 6,1 – 6,4
Queijo 4,9 – 5,9
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Aa = (P1)/(Po )
Onde:
P1 = pressão de vapor d’água da solução (alimento) e
Po = Pressão de vapor do solvente puro (água)
Aa = U. R./ 100
Onde:
UR = umidade relativa do alimento
Aa = n2 / (n1 + n2)
Onde:
n1 = número de moles do soluto e
n2 = número de moles do solvente, considerando-se uma solução ideal.
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Vê-se, então, que este é um fator importante a ser usado na conservação dos
alimentos, e também determina que tipos de microrganismos irão se desenvolver em
determinados alimentos. Pode-se, por exemplo, utilizar a exaustão, embalagens não
permeáveis ao O2 colocadas a vácuo, atmosfera com gases inertes, deaeração e
carbonatação para se controlar os microrganismos aeróbios. Estes recursos são usados
largamente para queijos, vegetais, produtos cárneos e outros, a fim de evitar os mofos
superficiais.
No caso dos enlatados, o ambiente anaeróbio favorece a multiplicação de
bactérias esporuladas, anaeróbias ou facultativas.
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a) Ovo: possui lisozima que destrói a parede celular das bactérias Gram-positivas.
No albumen do ovo encontra-se a avidina, uma substância com atividade
inibitória sobre algumas bactérias e leveduras.
b) Amoras, ameixas e morangos: possuem ácido benzóico com atividade
bactericida e fungicida, sendo mais efetivo em pH na faixa de 2,5 a 4,5.
c) Cravos: contém eugenol, que atua contra bactérias (Bacillus, Staphylococcus
aureus, Aeromonas e Enterobactérias).
d) Canela: contém aldeído cinâmico e eugenol, que atuam contra bolores e
bactérias, respectivamente.
e) Alho: contém substãncias voláteis (alicinas) que apresentam atividade
antimicrobiana. Atuam sobre as Salmonella, Shigella, Microbactérias, L.
planturam, Staphylococcus aureus, Leuconostoc mesenteroides, Bacillus cereus,
Clostridium botulinium, Cândida albicans, Aspergillus flavus e Penicillium,
entre outros.
f) Leite: no leite crú existem vários grupos de substâncias com atividade
antimicrobiana, protegendo contra a deterioração e inibindo a multiplicação de
bactérias patogênicas: sistema lactoperoxidase, latoferrina e outras proteínas que
se ligam ao ferro.
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c) Casca de arroz
d) Pele e pêlo dos animais
e) Casca ou película das frutas.
3.1.1. Temperatura
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Bactérias patogênicas e/ou suas toxinas causam a maioria dos surtos e casos de
doenças de origem alimentar notificado. Esses microrganismos podem ser encontrados,
em um determinado nível, em alimentos crus. Condições de estocagem e/ou
manipulação imprópria desses alimentos, contribuem para um aumento significativo no
seu nível. Alimentos processados, como por exemplo, os que sofreram cocção, podem
ser recontaminados (contaminação cruzada) com microrganismos patogênicos que
alcançam rapidamente uma dose infectante se a temperatura de estocagem for favorável
à sua multiplicação.
Nas Tabelas 4.1; 4.2 e 4.3 encontram-se descritos alguns dados relacionados a
doenças de origem alimentar causada por bactérias.
Tabela 4.1. Estimativa dos custos das doenças de origem alimentar causada por
bactérias – Estados Unidos, 1987.
Patógenos Número de casos Estimativa das toxinfecções
estimados Número de Custos de U$
mortes bilhões
Campylobacter jejuni/coli 1.375.000- 1.750.000 110-511 0,6-1,0
Salmoenlla (não Typhi) 696.000 – 3.840.000 696-3840 0,6-3,5
Staphylococcus aureus 1.513.000 1210 1,2
Listeria monocytogenes 1.526 – 1.767 378-485 0,2-0,3
Escherichia coli O157:H7 8.000 – 16.000 160-400 0,2-0,6
Clostridium perfringens 10.000 100 0,1
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a) Salmonella spp
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b) Shigella spp
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c) Escherichia coli
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EIEC é o próprio homem, sendo a transmissão pessoa a pessoa, a forma mais comum de
disseminação. As ETEC e as STEC (EHEC) têm como reservatório os animais. Vários
surtos causados por EHEC envolveram alimentos de origem bovina, e sidra (maçã)
produzindo um grande impacto, não só econômico como também em saúde pública.
Infecções causadas por cepas pertencentes às demais categorias, com exceção das
EaggEC, já foram associadas à ingestão de alimentos. Contaminação cruzada é muito
comum. Infecção alimentar por E. coli causa dor abdominal, diarréia aquosa ou
sanguinolenta, febre, náusea e vômito. Os sintomas variam em função da categoria a
que pertence a cepa implicada. Da mesma forma, o período de incubação e a duração da
doença, também, vão depender do biótipo de E. coli envolvido. Com exceção de STEC
(EHEC), cujo período de incubação é longo (3 a 9 dias), as demais categorias provoam
diarréia dentro de 8 a 24 horas após a ingestão do alimento contaminado. A dose
infectiva para ETEC e EPEC é elevada, 105 a 108, ao passo que para EIEC é baixa,
semelhante à de Shigella e para STEC (EHEC) e EAggEC não é conhecida.
Medidas preventivas: perigos de E. coli podem ser prevenidos por aquecimento dos
alimentos o suficiente para eliminar as bactérias (65º C a 74º C); manutenção dos
alimentos a uma temperatura inferior a 5º C; prevenção de contaminação cruzada pós-
cocção e não permitindo que pessoas doentes trabalhem em operações que envolvam
alimentos. A dose infectante de E. coli, dependendo da cepa envolvida, varia desde
algumas células a milhões. Por isto, tempo/temperatura inadequada de produtos
alimentícios pode ou não ser necessário para resultar em doença. Nas Tabelas 4.8 e 4.9,
encontram-se descritos os fatores que controlam o desenvolvimento de E. coli em
alimentos.
Tabela 4.8. Parâmetros que influenciam no desenvolvimento de E. coli.
Parâmetros Valores
Temperatura mínima 2,5º C
Temperatura máxima 45,5º C
pH mínimo 4,0
pH máximo 9,0
Aa mínima 0,95
% máximo de NaCl 6-8%
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d) Yersinia enterocolítica
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e) Campylobacter spp
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f) Listeria monocytogenes
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g) Bacillus cereus
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h) Clostridium botulinium
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j) Staphylococcus aureus
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Um veterinário pode utilizar vários testes para constatar se um animal está morto
ou não (por exemplo, se o animal não respirar, se não apresentar batimento cardíaco ou
pressão sangüínea). Evidentemente, não podemos aplicar testes similares em uma única
célula microbiana para verificar se está morte ou não. Em microbiologia, o critério de
morte de um microrganismo é baseado em uma única propriedade: a capacidade de se
reproduzir. Portanto, quando aplicado para os microrganismos, o termo morte é definido
como a perda da capacidade de reprodução. Para avaliar a eficiência de um agente
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Altas temperaturas
Calor úmido
O calor úmido é muito mais eficiente que o calor seco para destruir os
microrganismos (Tabela 5.1). Isto porque o calor úmido causa desnaturação e
coagulação das proteínas vitais como as enzimas, enquanto o calor seco causa
oxidação dos constituintes orgânicos da célula (sito é, ele “queima” lentamente as
células). A desnaturação de proteínas celulares ocorre com temperaturas e tempos de
exposição menores do que aqueles requeridos para a oxidação. Por exemplo, os
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endósporos de Bacillus anthracis são destruídos entre 2 a 15 min pelo calor úmido a
100º C, mas com o calor seco leva mais de 180 min a 140º C para conseguir o mesmo
resultado. A tabela 5.1 mostra mais exemplos do tempo de duração e das maiores
temperaturas requeridas para matar esporos pelo calor seco.
Endósporos bacterianos são as formas mais resistentes de vida. Por outro lado,
as células vegetativas das bactérias são muito mais sensíveis ao calor e são usualmente
mortas dentro de 5 a 10 min pelo calor úmido a 60-70º C. Células vegetativas de
leveduras e outros fungos são normalmente destruídos entre 5 a 10 minutos pelo calor
úmido a 50-60º C. Para matar os esporos de fungos no mesmo período de tempo são
necessários temperaturas de 70-80º C. a susceptibilidade dos protozoários e muitos vírus
ao calor é similar àquela da maioria das células vegetativas.
Tabela 5.1. Tempos de destruição de alguns esporos bacterianos pelo calor úmido e
calor seco.
Espécies de Calor seco
bactérias Calor úmido
Temperatura Tempo de Temperatura Tempo de
(o C) morte (min) (o C) morte (min)
Bacillus anthracis 100 2-15 140 Acima de 180
105 5-10 160 9-90
180 3
Clostridium 100 300 – 530 120 50
botulinium 110 32-90 130 15-35
115 10-40 140 5
Clostridium 100 5-45 120 50
perfringens 105 5-27 130 15-35
115 4 140 5
Clostridium tetani 100 5-90 130 20-40
105 5-25 140 5-15
160 12
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a) Vapor d´água
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Água Fervente
A água levada a ponto de ebulição matará os microrganismos vegetativos
presentes no líquido. Entretanto, materiais ou objetos contaminados expostos à água em
ebulição não serão esterililizados com segurança. Isto porque alguns endósporos
bacterianos podem resistir a 100º C por mais de uma hora. A exposição de instrumentos
em água fervente por curtos períodos de tempo provavelmente matará todas as células
vegetativas presentes, mas não esterilizará necessariamente os instrumentos. Desta
forma, água em ebulição não é considerada um método de esterilização.
Pasteurização
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Calor seco
Calor seco ou ar quente em temperaturas suficientemente altas levam os
microrganismos à morte. Entretanto, esta técnica não é tão efetiva quanto o calor úmido
e, portanto, são necessárias temperaturas muito altas e tempo de exposição maior. Por
exemplo, a esterilização de vidraria de laboratório requer um tempo de 21 h de
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RADIAÇÕES
Radiações ionizantes
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raios gama são difíceis de ser controlado, porque os isótopos emitem seus raios em
todas as direções. Além do mais, os isótopos liberam radiações gama constantemente e
não podem ser “ligados ou desligados” como uma máquina de raio X.
Apesar destas desvantagens, os raios eletrônicos de alta energia e os raios gama
têm sido utilizados para esterilizar alimentos e equipamentos médicos previamente
acondicionados, e equipamentos comerciais têm sido projetados para esta finalidade.
Devido à capacidade dos raios gama de penetrar nos materiais, um produto pode
ser primeiro acondicionado e então esterilizado. Apesar da esterilização de alimentos
com raios gama ser utilizada em vários países, a U. S. Food and Drug Administration
aprovou o seu uso somente em alguns itens alimentícios, como os temperos. Este uso
limitado deve-se a incertezas sobre o efeito dos raios gama na qualidade do produto,
bem como à compreensão pública sobre algumas correlação com radioatividade,
embora os alimentos irradiados pelos raios gama não se tornem radioativos.
Radiações não-ionizantes
A radiação ultravioleta (UV) tem um comprimento de onda entre 136 a 400 nm.
Em vez de ionizar uma molécula, a luz ultravioleta excita os elétrons, resultando em
uma molécula que reage diferentemente das moléculas não-irradiadas. A luz ultravioleta
é absorvida por muitos compostos intracelulares, mas o DNA é quem sofre a maior
avaria. A maior atividade bactericida ocorre no comprimento de onda próximo de 260
nm que é o comprimento de onda mais fortemente absorvido pelo DNA. Após o DNA
ter sido exposto à luz, ocorre a formação de dímeros de pirimidina, quando duas
pirimidinas adjacentes na fita de DNA tornam-se unidas. A menos que esses dímeros
sejam removidos por enzimas específicas de reparo intracelular, a replicação do DNA
pode ser inibida ou alterada, causando mortes ou mutações.
A luz ultravioleta é um componente da luz solar, mas muito dos comprimentos
de onda de UV mais curto e mais lesivos são filtrados por substâncias da camada
atmosférica, como ozônio, gotículas de água das nuvens e fumaças. A radiação UV que
alcança a superfície da Terra é restrita ao comprimento de onda de 295 a 400 nm.
Portanto, embora a luz solar tenha propriedades microbicidas sob certas condições, esta
propriedade tem um certo grau limitado.
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absoluto – um material está estéril ou não. Não pode ser “parcialmente estéril” ou
“quase estéril”.
Desinfetante – é uma substância química que mata as formas vegetativas de
microrganismos patogênicos, mas não necessariamente suas formas esporuladas.
Desinfecção - é o processo que utiliza um agente para destruir microrganismos
infecciosos.
Germicida - é um agente químico que mata as formas vegetativas de microrganismos,
mas não necessariamente suas formas esporuladas. Na prática, é sinônimo de um
desinfetante; entretanto os microrganismos mortos por um germicida não são
necessariamente patogênicos.
Anti-séptico - é um composto químico, usualmente aplicado na superfície do corpo
humano, que previne a multiplicação dos microrganismos. Isto ocorre em função da
morte do microrganismo ou pela inibição do seu crescimento e da sua atividade
metabólica. Os anti-sépticos são utilizados em feridas e cortes para evitar uma infecção,
e as prateleiras das farmácias estão cheias de cremes, sprays e líquidos anti-sépticos.
Saneador – a norma da saúde pública determina que, em certos lugares, a população
microbiana não deve exceder um número específico. Em atendimento a estas
contaminantes de uma área. Saneadores são normalmente aplicados em objetos
inanimados, como copos, pratos, talheres e utensílios em restaurantes. Eles também são
utilizados diariamente na limpeza de equipamentos de laticínios e indústrias de
alimentos.
Fenol, também chamado de ácido carbólico, tem uma importância por ter sido
um dos primeiros agentes químicos utilizados como um anti-séptico.
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b) Álcoois
c) Halogênios
Os elementos químicos do grupo dos halogênios, particularmente o iodo, o
cloro e em menor extensão o bromo, são componentes de muitos agentes químicos
antimicrobianos.
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Mecanismo de ação do iodo – por ser um forte agente oxidante, o iodo pode destruir
compostos metabólicos essenciais dos microrganismos por meio da oxidação. A
habilidade do iodo em combinar-se com o aminoácido tirosina resulta na inativação das
enzimas e de outras proteínas.
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e) Detergentes
Os detergentes são compostos que diminuem a tensão superficial e são
utilizados para limpar superfícies. São também denominados surfactantes. A ação
umectante deve-se ao fato de serem compostos anfipáticos. Quando uma substância
apolar, como as gorduras, é colocada em uma solução aquosa de detergente, os grupos
hidrofóbicos do detergente ligam-se às substâncias, enquanto os grupos hidrofílicos
criam uma superfície que pode ser encharcada com a água.
Sabões - são exemplos de detergentes. Eles são sais de sódio ou potássio de ácidos
graxos de cadeia longa solúveis em água. Os sabões são produzidos quando as gorduras
são aquecidas com bases fortes como o hidróxido de sódio ou o hidróxido de potássio.
Porém, os sabões têm a desvantagem de precipitar facilmente na presença de água
alcalina ou ácida.
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6. COLETA/TRANSPORTE/ESTOCAGEM/PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS
PARA ANÁLISE
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Procedimentos para coleta: Na realização da coleta das amostras, devem ser seguidas
as orientações abaixo, com todos os cuidados assépticos para garantir a não
contaminação das amostras.
1) Sempre que possível, promover uma mistura de toda a massa de alimento, antes
de iniciar a coleta das unidades de amostra. Alimentos líquidos podem ser
agitados, alimentos moídos ou em pó podem ser revolvidos, blocos de alimentos
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Tentar coletar e analisar amostras das refeições suspeitas o mais cedo possível,
porém, não adianta coletar amostras de alimentos que tenham sofrido abuso de
temperatura ou que já se encontram em estado de parcial deterioração. Os resultados
dessas análises vão ser de pouca ou nenhuma utilidade para as conclusões da
investigação. Se não houver sobras das refeições suspeitas, pode-se tentar uma das
seguintes alternativas:
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7. CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO
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Salmonella 15 2 60 0 0 --
Ovo c.m.d. 1 3 5 3 5x105 5x106
pasteurizado CPP 3 3 5 3 104 106
Salmonella 10 2 5 0 0 --
Leite em pó Coliformes 5 3 5 2 5x104 5x105
CPP 5 3 5 1 10 102
Carne crua S. aureus 8 3 5 1 10 102
CPP 1 3 5 3 106 107
Salmonella 10 2 5 0 0 --
CPP – Contagem padrão em placas
c.m.d. contagem microscópica direta.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ELEMENTOS de apoio para o Sistema APPCC. 2 ed. Brasília, SENAI/DN, 2000. 361p.
JAY, J.M. Microbiologia moderna de los alimentos España: Acribia, 4 ed. 1994, 804p.
PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e
aplicações. v. 1 2 ed. São Paulo: Makron Book, 1996. 524p.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C.L. Microbiologia 6 ed. Porto Alegre:
Editora Artmed, 2000. 827p.
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