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Maio 2009
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
1
11- PREPARO DE SOLUÇÕES PARA HIGIENIZAÇÃO NA INDÚSTRIA DE
ALIMENTOS ............................................................................................................ 51
11.1. Concentração de soluções em porcentagem ................................................ 51
11.1.1 Concentração de soluções em porcentagem peso por peso ( p/p) .......... 51
11.1.2 Concentração de soluções em porcentagem peso por volume (p/v) ...... 53
11.1.3 Concentração de soluções em porcentagem volume por volume (v/v) .. 53
11.2 Concentração de soluções em partes por milhão (ppm)............................... 53
11.3 Concentração de soluções em molaridade (mol/l) ........................................ 55
12- BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NA PREVENÇÃO DA
CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS ................................................................. 57
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1- INTRODUÇÃO
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2- PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HIGIENIZAÇÃO
2.1- Definições
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3- FONTES DE CONTAMINAÇÃO
Homem: pele, boca, nariz, ouvidos, garganta, olhos, intestinos, cabelos, mãos,
unhas e trato genital de manipuladores.
Animal: a contaminação pode ser veiculada por animais produtores de
alimentos, animais de estimação, roedores, pássaros e insetos.
Insumo e matéria-prima: água, ingredientes, produtos agropecuários, matérias
de embalagem.
Ambiente: terra, água e ar.
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5- NATUREZA DAS SUPERFÍCIES
Da mesma forma que é necessário saber qual resíduo será removido, conhecer a
natureza da superfície a ser limpa é fundamental para a eficiência do processo de
higienização. Dentre os inúmeros materiais utilizados na fabricação dos equipamentos e
utensílios, destacam-se: o aço inoxidável, o ferro, estanho, alumínio, plástico, madeira e
borracha (Quadro 2).
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6- ETAPAS DA HIGIENIZAÇÃO
6.1- Pré-limpeza
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ii) incorporado à espuma: o agente tensoativo (agente espumante) é
incorporado ao detergente (durante a sanitização ao sanitizante) gerando uma espuma
densa e consistente, que permite um maior contato entre os resíduos e o agente de
higienização. O produto de higienização e a água são misturados automaticamente com
o ar para gerar a espuma. A utilização de espuma facilita a limpeza de paredes e vidros,
pela propriedade de aderência da espuma às superfícies verticais. A velocidade de
cobertura da área a ser higienizada pela espuma depende da capacidade do equipamento
gerador da espuma. O tempo de contato varia em função do tipo de resíduo e da
intensidade de aderência deste resíduo à superfície. A natureza da superfície e as
características do agente de higienização devem ser observadas, quando se optar pela
higienização por meio de espuma. O menor consumo de água, pode ser citado como a
grande vantagem desta forma de aplicação. Na higienização por espuma, trabalha-se
com a relação 1:10, ou seja, uma parte de água gera 10 partes de espuma.
A limpeza com detergente pode ser conduzida em duas fases: a primeira com o
uso de agentes alcalinos e a segunda com o uso de agentes ácidos.
A aplicação de soluções alcalinas, geralmente, é sempre efetuada. A limpeza
alcalina tem o objetivo de remover os resíduos protéicos e gordurosos das superfícies,
além de reduzir o número de microrganismos.
O uso de agentes ácidos é efetuado quando existe a possibilidade de formação de
incrustações minerais, que podem ocorrer em função do tipo de alimento processado,
dos agentes utilizados na higienização e também da qualidade química da água
industrial (dureza da água).
A operação de limpeza deve ser realizada logo após a operação de pré-limpeza,
que, conforme mencionado anteriormente, deve ser conduzida imediatamente após o
uso dos equipamentos e utensílios.
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6.3- Enxágüe
6.4- Sanitização
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A necessidade de enxágüe ou não das superfícies higienizadas dependerá do tipo
de agente sanitizante, da recomendação do fornecedor deste produto e das normas
estabelecidas pela empresa.
ação mecânica;
ação química;
ação térmica;
tempo de contato com a superfície a ser higienizada;
tipo de resíduo a ser removido;
tipo de microrganismo a ser reduzido ou eliminado.
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A energia térmica confere maior eficiência à higienização. A ação térmica acontece através
da elevação da temperatura das soluções. A definição das temperaturas para as soluções utilizadas
nos processos de higienização dependerá de diversos fatores, dentre eles: do método utilizado, do
agente químico escolhido, do resíduo a ser removido, das características físicas do equipamento,
superfície e/ou utensílio.
O tempo de contado dos agentes químicos, para que as reações ocorram, ou a duração do
procedimento de higienização, tem uma relação direta com a eficiência do processo. A princípio,
quanto maior for o tempo de contato ou a duração do procedimento, maior será a eficiência da
higienização. Entretanto, quando se considera a atuação dos agentes químicos, as reações ocorrem
com maior eficiência nos minutos iniciais da aplicação destes produtos, pois a medida que o tempo
passa, as soluções tornam-se saturadas com o material originado das reações, perdendo assim, sua
eficiência com o tempo.
Como combinações adequadas destes fatores são fundamentais para se garantir uma
higienização eficiente, a alteração de um deles implica na modificação de outro para que se
mantenha o mesmo nível de eficiência do processo.
Saponificação
H2O
GORDURA + AGENTE ALCALINO GLICEROL + SABÃO
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Emulsificação
Solubilização
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Solubilização
8- MÉTODOS DE HIGIENIZAÇÃO
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de média ou baixa alcalinidade e a temperatura de trabalho não deve exceder os 45°C.
Os utensílios de limpeza tais como esponjas, escovas e raspadores devem ser adequados
de modo a não provocarem fissuras e/ou ranhuras nas superfícies a serem higienizadas.
Os processos de higienização manual devem ser sempre avaliados, considerando
o custo versos o benefício proporcionado, já que, muitas vezes, demandam maior tempo
para execução e têm sua eficiência dependente do desempenho do operador que a
executa.
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Figura 8.1 – Esquema de um sistema para higienização pelo método CIP.
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Dentre as diversas vantagens da higienização pelo método CIP, destacam-se:
i) uso racional da água, detergentes, sanitizantes, energia (calor) e tempo de
higienização;
ii) menor risco de acidentes envolvendo os operadores;
iii) maior confiabilidade nos processos de higienização, evitando a
recontaminação e estendendo a vida útil do alimento processado.
Algumas desvantagens do sistema CIP podem ser citadas, dentre elas:
i) o elevado custo de implantação;
ii) o fato de requer manutenção especializada;
iii) a restrição de uso para alguns equipamentos e/ou etapas, não permitindo, em
alguns casos, que toda a linha seja higienizada pelo sistema CIP.
Apesar do elevado custo de implantação, geralmente, o sistema torna-se viável
economicamente com o tempo. Entretanto, para aquisição e operação eficiente de um
sistema CIP, deve-se recorrer a empresas especializadas, que observem e atendam as
necessidades específicas apresentadas por cada indústria.
Método também designado por limpeza COP - Cleaning Out of Place (limpeza
fora do lugar). Caracterizada pela desmontagem parcial do equipamento, com a
remoção ou não de suas partes para outra área dentro das instalações industriais e
circulação das soluções de higienização passando pelas partes com uma velocidade,
geralmente, de 1,5 m/s.
No caso da remoção de partes do equipamento ou utensílios, para outra área, a
higienização destas pode ser realizada pelo uso de sistema denominado COP unit, que é
uma unidade composta, normalmente, por dois tanques de aço inoxidável, interligados
por uma bomba de recirculação, que promove o contato das soluções de higienização
com as partes desmontadas. Um dos tanques armazena as peças a serem higienizadas e
o outro atua como tanque reservatório para as soluções circulantes. O tempo normal de
higienização por este tipo de sistema é de 30 a 40 minutos, podendo ocorrer um
acréscimo de 5 a 10 minutos para limpeza ácida e/ou no enxágüe do sanitizante. A
temperatura utilizada, em geral, varia de 45 a 55°C. O sistema COP unit, pode também
ser utilizado como parte de um sistema CIP. Existem sistemas tipo COP unit que
empregam ar para secar as peças higienizadas.
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8.5 Higienização por meio de máquinas lava jato tipo túnel
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8.7 Higienização por nebulização ou atomização
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COR
cor fora do padrão especificado pode indicar:
presença de substâncias de natureza orgânica: taninos, ácido húmico e
produtos da decomposição de taninos;
presença de íons férricos e humatos férricos: produzem cor de alta
intensidade;
águas com estas características podem manchar materiais e afetar os
processos industriais.
TURBIDEZ
refere-se à presença, na água, de qualquer material em suspensão: ex. lama,
areia (por ser abrasiva a areia causa o desgaste de equipamentos, bombas,
etc.);
águas de superfície podem atingir uma turbidez de 2000 mg de anidrido
silícico por litro de água (mg SiO2/l);
a água industrial pode apresentar uma turbidez de no máximo 5 mg SiO2/l.
SABORES E ODORES
independente da origem, os sabores e odores não característicos do produto
são indesejáveis na indústria de alimentos;
os sabores e odores, veiculados pela água, podem ser resultantes da
combinação de diferentes fatores como a presença de ácido sulfídrico,
metano, dióxido de carbono, matérias orgânicas e substâncias minerais.
DUREZA
caracterizada pelo teor de sais de cálcio e magnésio presentes na água (são
sais lixiviados pela água em seu caminho através do solo);
a Tabela 9.1 apresenta a classificação da água quanto à dureza.
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Tabela 9.1 - Classificação da água segundo os teores de sais de cálcio e magnésio,
expressos em mg CaCO3/l.
Classificação Padrões
os sais responsáveis pela dureza são componentes normais da água potável, mas sua
presença na água industrial prejudica a eficiência dos detergentes e sanitizantes. Os
sais de cálcio e magnésio interferem no processo de higienização, pois:
facilitam os processos de corrosão em equipamentos e utensílios: em altas
temperaturas permitem a deposição de substâncias corrosivas entre a
incrustação e o equipamento;
reduzem a eficiência de alguns agentes detergentes e sanitizantes: reagem com
componentes dos agentes detergentes e sanitizantes impedindo ou reduzindo a
atuação destes sobre os resíduos e microrganismos, respectivamente;
contribuem para a formação de incrustações sob superfícies de equipamentos e
utensílios denominadas, na indústria, de “pedra”: estes depósitos são a
combinação de resíduos dos alimentos, com os resíduos dos agentes de
higienização e os sais provenientes da dureza da água;
os depósitos destes minerais podem favorecer o crescimento e contaminação
microbiológica: por dificultarem os processos de higienização.
ALCALINIDADE
caracterizada pela presença de carbonatos, bicarbonatos e hidróxido de cálcio,
magnésio, ferro, sódio, manganês, dentre outros;
ação corrosiva em sistemas de geração de vapor, apresentando os mesmos
inconvenientes da dureza da água;
os bicarbonatos também liberam gás carbônico quando submetidos a altas
temperaturas em águas de caldeiras;
a alcalinidade cáustica é indicativa de poluição e é caracterizada pela presença de
hidróxidos.
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ACIDEZ
acidez total representa os teores de:
dióxido de carbono livre (CO2 dissolvido na água a torna corrosiva);
ácidos minerais e orgânicos;
sais de ácidos fortes, que por dissociação liberam íons H+ na solução;
está relacionada a processos de corrosão, fator importante para a conservação
de equipamentos, utensílios e etc.
SÍLICA
formam incrustações de difícil remoção quando combinadas com os sais
responsáveis pela dureza da água;
águas normais apresentam teores de sílica entre 5 a 50 mg de anidrido silícico
por litro de água (mg SiO2/l).
GASES
efeito corrosivo para ferro e liga de cobre
gás carbônico e oxigênio dissolvido: são normais em água potável até
10mg/l, mas nestes níveis, são corrosivos para o ferro e ligas de cobre;
gás sulfídrico e gás amoníaco: também são corrosivos ao ferro e cobre,
além de serem indicativos de poluição em água potável.
O abastecimento das indústrias com uma água de boa qualidade contribui para a
fabricação de produtos dentro dos padrões microbiológicos estabelecidos pela
legislação, bem como, para a preservação da saúde pública. A Tabela 9.2 apresenta os
padrões microbiológicos de potabilidade da água para consumo humano.
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Tabela 9.2 - Padrões microbiológicos de potabilidade da água para consumo humano.
Item Parâmetro VMP(1)
Água para -Eschericia coli - Ausência em 100 ml
consumo ou coliformes
humano (2) termotolerantes (3)
Água potável é a água que deve ser disponibilizada para o consumo humano. Para
receber esta denominação a água dever passar por uma série de tratamentos apropriados que
vão reduzir a concentração de poluentes até o ponto em que não apresentem riscos para a
saúde da população.
O controle rigoroso da qualidade da água na fonte de abastecimento é essencial, seja
esta água proveniente da rede municipal, de poço, de reservatório ou, ainda, água de rede
municipal com depósitos intermediários. Nestes três últimos casos, é recomendado a
instalação de sistema automático para dosagem de cloro, com alarme sonoro ou óptico que
indique quando o cloro do reservatório for totalmente consumido.
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Legislação Brasileira: Portaria n° 518 do Ministério da Saúde de 25 de março de
2004, estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância
da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade (em
substituição à Portaria 1469/GM-MS de 29/12/200 que havia substituído a Portaria
36/GM-MS de 19/01/1990).
Recomendações aplicáveis ao controle da qualidade da água na indústria:
freqüência de análise deve ser variável em função da fonte de
abastecimento;
deve-se proceder a amostragem complementar de água em diferentes
pontos dentro da indústria;
os circuitos de água devem ser livres de contaminação cruzada;
os resultados devem ser avaliados e comparados aos valores de
referência da legislação;
os registros devem informar sobre a data da análise, resultado verificado,
limites críticos e limites de segurança, ações corretivas em caso de
desvio do especificado, bem como, a indicação do nome do responsável
pela análise;
adoção de ações corretivas, em caso de desvios, na fonte de
abastecimento;
adoção de ações preventivas e corretivas , para o caso dos desvios
afetarem processamento dos alimentos;
o sistema de distribuição de água não deve ser operado de forma a
permitir retornos nas tubulações (pressão negativa);
todos os novos projetos e processos deverão considerar o sistema de
abastecimento e distribuição de água em seus escopos.
As indústrias devem ter o mapeamento arquitetônico do sistema de distribuição
de água dentro de suas instalações, identificando as redes de distribuição de água. Além
de promover a identificação das tubulações a partir de um código padrão de cores,
conforme exemplo indicado no Quadro 9.1.
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Quadro 9.1 - Código de cores para identificação de tubulações.
A água bruta passa por um tratamento para ser transformada em água potável. A
seguir apresenta-se um exemplo das etapas a serem percorridas para o tratamento da água
potável. De maneira geral, o tratamento da água de abastecimento pode englobar as seguintes
etapas:
Filtração: a água passa por grandes filtros com camadas de seixos (pedra de rio) e de
areia, com granulações diversas e carvão antracitoso (carvão mineral). Aí ficarão
retidas as impurezas que passaram pelas fases anteriores.
Desinfecção: a água neste ponto já é potável, mas para maior proteção contra o risco
de infecções de origem hídrica, é feito o processo de desinfecção. A desinfecção pode
ser feita através do uso de cloro, ozônio, raios ultravioleta e aquecimento. No Brasil o
agente mais utilizado para a eliminação de microrganismos na água é o cloro. Nesse
processo pode ser usado o hipoclorito de sódio, cloro gasoso ou dióxido de cloro.
Recomenda-se um tempo de atuação do cloro de pelo menos 20 minutos antes do uso
da água.
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Fluoretação: este passo refere-se à controversa fluoretação, quando será adicionado
fluorsilicato de sódio ou ácido fluorsilícico em dosagens adequadas. O objetivo desta
adição é prevenir e reduzir a incidência de cárie dentária, especialmente nos
consumidores de zero a 14 anos de idade, período de formação dos dentes. Alguns
cientistas são contrários a esta medida, devido à arbitrariedade da medicação, mas a
grande maioria se posiciona a favor. Quando o tratamento é feito pela própria
indústria ou unidade usuária da água, esta etapa é dispensável.
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10- AGENTES EMPREGADOS NOS PROCESSOS DE HIGIENIZAÇÃO
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Penetração é a capacidade do agente químico de atingir locais de difícil acesso,
como ranhuras e fissuras que normalmente existem nas superfícies. Esta função está
relacionada à capacidade de molhagem das soluções.
10.1.1 Alcalinos
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Exemplos:
soda cáustica
hidróxido de potássio
álcalis fortes metassilicato de sódio
ortossilicato de sódio
sesquissilicato de sódio
carbonato de sódio
álcalis fra cos
bicarbonato de sódio
10.1.2 Ácidos
10.1.3- Tensoativos
Ação emulsificante.
Ação umectante.
Modificam a tensão superficial em interfaces líquido-líquido, líquido-gás e
sólido-líquido.
Agentes capazes de reduzir a tensão superficial:
grupos polares;
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Classificam-se em:
aniônicos:
sabão: ação umectante;
álcoois: ação emulsificante;
hidrocarbonetos sulfonados: ação umectante;
sulfonatos de alquila e arila: ação emulsificante;
catiônicos:
compostos de quaternário de amônio: maior ação como
germicida do que como detergente;
não iônicos:
éteres: álcoois etoxilados;
ésteres: ácidos carboxílicos etoxilados;
amidas: amidas etoxiladas;
anfóteros:
pH ácido: carga positiva;
pH básico: carga negativa;
exemplos: acil dialquil etileno, diaminas e ácidos N-alquil aminos.
10.1.4- Fosfatados
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10.1.5- Complexantes
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A resistência microbiana aos sanitizantes depende de inúmeros fatores.
Destacam-se dentre eles os seguintes aspectos:
os sanitizantes, quando empregados adequadamente, eliminam
rapidamente a forma vegetativa da célula microbiana;
as células microbianas apresentam resistência ao calor, para a forma
esporulada de até 105 vezes superior à observada para a forma
vegetativa;
a resistência microbiana da forma esporulada a sanitizantes químicos é
de 102 a 105 vezes superior à observada para a forma vegetativa.
10.2.1.1 Calor
Sanitizante físico mais utilizado na indústria.
Formas de aplicação:
CALOR SECO
eliminação das bactérias por processos oxidativos;
ar quente:
• recomendação exposição durante 20 minutos à
temperatura de 90°C.
CALOR ÚMIDO
eliminação das bactérias pela inativação enzimática,
desorganização dos lipídios celulares, desnaturação protéica,
alteração do RNA e DNA, alteração da permeabilidade da
membrana celular;
água quente:
• recomendação
utensílios: exposição durante 2 minutos à 77°C;
equipamentos: exposição durante 5 minutos à 77°C .
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vapor:
forma mais eficiente de sanitização pelo calor;
• proporciona um aumento na temperatura do equipamento
de forma a garantir uma sanitização segura;
• esta forma de calor é capaz de penetrar nos resíduo,
mesmo quando incrustados nas superfícies, e eliminar os
microrganismos;
• como a transferência de calor ocorre por condução, toda a
superfície, inclusive as ranhuras, é sanitizada;
• recomendação:
jatos de vapor à temperatura de 77°C: exposição
durante 15 minutos;
jatos de vapor à temperatura de 93°C: exposição
durante 5 minutos;
jatos de vapor direto: exposição durante 1 minuto.
Vantagens:
capaz de atingir toda as superfícies por completo, incluindo pequenos
orifícios e ranhuras;
não é corrosivo;
ampla ação sob os microrganismos, não sendo seletivo para
determinados grupos;
não deixa resíduos indesejáveis.
Desvantagens:
apresenta custo elevado em função do consumo de energia;
pode provocar aderência de resíduos e microrganismos às superfícies,
por exemplo: sanitização por ar quente;
não é indicado para o tratamento de seções muito longas, pois, apesar
do calor se propagar por condução, pode ocorrer condensação,
levando à diminuição da temperatura e comprometimento do
processo;
pode provocar a dilatação de partes metálicas causando o bloqueio
dos componentes de algumas válvulas.
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10.2.1.2 Radiação
A principal forma de radiação utilizada na indústria de alimentos e
estabelecimentos prestadores de serviços neste segmento é a radiação
ultravioleta.
A radiação ultravioleta é utilizada para a eliminação de microrganismos em
ambiente e material de embalagem antes de envolverem o produto.
A eliminação das bactérias ocorre por meio da absorção de radiação pelas bases
purínicas e pirimidínicas do DNA, provocando mutações letais, ou ainda, por
modificações químicas irreversíveis, como a dimerização da timina, que impede
a replicação do DNA, causando a eliminação da célula bacteriana.
A emissão de radiação pela luz ultravioleta ocorre na faixa de comprimento de
onda de 900 a 3800 °A, sendo que a zona de maior emissão corresponde a
2600°A.
Tipos de lâmpadas:
argônio-mercúrio: indicadas para pequenas áreas;
mercúrio-quartzo: instalações maiores e que operam sob pressão.
Vantagens:
não geram sabores indesejáveis.
Desvantagens:
alto custo devido ao consumo de energia elétrica;
não proporcionam efeito sanitizante residual;
sua eficiência decresce com o tempo de uso;
requerem controle da freqüência de troca;
atuam apenas a nível superficial.
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10.2.2.1 Compostos clorados
O cloro foi descoberto em 1808, por Sir Humpley Davy e teve suas propriedades
bactericidas demonstradas em 1881.
O uso contínuo do cloro só ocorreu em 1902, na Bélgica, quando houve a
determinação das formas de cloro combinado e livre e a cloração baseada em
controles bacteriológicos.
É o sanitizante mais utilizado na indústria de alimentos.
Sua ação germicida se deve à combinação com radicais oxidáveis,
principalmente os radicais –SH das enzimas.
O dióxido de cloro (ClO2 ) é um derivado clorado que não se hidrolisa,
sendo sua ação sanitizante associada apenas à presença de sua molécula.
A ação germicida e oxidante do cloro, com exceção do dióxido de cloro
(ClO2 ), é controlada pelo ácido hipocloroso (HClO), que é um produto da
hidrólise da substância clorada.
O ácido hipocloroso é um ácido fraco, cuja tendência em dissociar-se leva à
formação de íons hidrogênio (H+) e hipoclorito (OCl -). Esta reação é
reversível e forma o ácido hipocloroso (HOCl), quando em presença de íons
H +, pela hidrólise do íon hipoclorito (OCl -).
Dentro do grupo dos compostos clorados, existem as cloraminas,
caracterizadas por possuírem um ou mais átomos de hidrogênio substituídos
pelo cloro em seu grupamento amino. Têm a vantagem de serem mais
estáveis que os hipocloritos em termos de liberação prolongada de cloro.
Quando amônia ou compostos amoniacais estão presentes na água no
momento em que o cloro é adicionado, formam-se os compostos
denominados de cloraminas que têm ação sanitizante. Estes compostos são
resultantes da reação da amônia com o ácido hipocloroso.
Os compostos clorados são mais efetivos em valores de pH baixos.
em água clorada, o cloro molecular (Cl2) está presente em pH < 2,0;
o ácido hipocloroso (HClO) predomina entre os valores de pH 4,0 e 7,5;
o íon hipoclorito (OCl -) predomina em pH 7,5 e 9,5;
o dióxido de cloro (ClO2) apresenta maior eficiência em pH = 8,5;
a água potável tem pH entre 6,0 a 9,5 e teor de cloro residual
livre máximo 2,0 mg/l (2,0 ppm);
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como o ácido hipocloroso é considerado a forma ativa do cloro
com ação antimicrobiana, a quantidade deste composto dependerá
do pH da solução.
O efeito corrosivo do cloro é apresentado na Tabela 10.1.
35
Tabela 10.2 - Relação dos principais compostos clorados inorgânicos e orgânicos.
36
Mecanismos de ação dos compostos clorados sobre os microrganismos (hipóteses):
37
10.2.2.2 Compostos iodados
O iodo foi descoberto em 1811. É um sólido de cor castanha escura, com
aparência de cristais metálicos.
É pouco solúvel em água ( ≈ 0,33 mg / l ) e muito solúvel em soluções de
Tabela 10.4 - Relação dos principais compostos iodados utilizados nos estabelecimentos
manipuladores e industrializadores de alimentos.
% Iodo Residual Livre
Compostos Iodados
(IRL)
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Iodóforo significa carreador de iodo (do latim iodum e do grego phorein
que significa carreador).
Os complexos iodóforos, quando diluídos em água, liberam iodo
lentamente, sendo mais solúveis, não inodoros e não irritantes à pele,
quando comparados às soluções aquosas e alcoólicas.
Dentre os tensoativos mais utilizados destacam-se a polivinilpirrolidona
e os condensados de nonilfenol-óxido de etileno.
Para preparar o composto iodóforo, o iodo é adicionado ao tensoativo e
aquecido à temperatura de 55 a 65 °C, para a estabilização do produto
final. Se o nível de iodo não ultrapassar o limite de solubilidade do
tensoativo, o produto final será completamente solúvel por meio de uma
lenta liberação do iodo em solução aquosa. O iodo encontra-se ligado a
um agregado micelar no carreador, e quando diluído em água, ocorre um
processo de dispersão da micela e a ligação iodo-tensoativo é desfeita,
levando à liberação do agente germicida. Geralmente, apenas 80 a 90% do
iodo nas formulações com tensoativos, torna-se efetivo como bactericida,
ficando o restante complexado ao surfactante.
O iodo é menos ativo que o cloro e por isso tem maior dificuldade de
reagir com a matéria orgânica, exigindo um rigor maior na condução da
etapa de limpeza, que precede sua aplicação.
As soluções de iodo são principalmente empregadas na anti-sepsia da
pele (para manipuladores). No ambiente, são utilizadas sob a forma de
nebulização. Atualmente, os iodóforos têm substituído definitivamente
outras soluções iodadas para o uso em manipuladores. Assim, as
características de coloração e irritabilidade da pele, principais
desvantagens das soluções aquosas e tinturas de iodo, são minimizadas. A
Tabela 10.5 apresenta as concentrações, tempo de contato e temperatura,
recomendadas para o uso do iodo como sanitizante.
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Mecanismos de ação dos compostos iodados sobre os microrganismos:
em solução aquosa, dependendo do pH, o iodo apresenta-se em
diversas formas iônicas, com diferentes atividades bactericidas,
conforme Quadro 10.1.
Quadro 10.1 - Atividade bactericida das diferentes formas iônicas e moleculares do iodo.
Forma Atividade Reação
I2 Iodo diatômico Muito bactericida pH neutro e ácido
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o iodo é eficiente sobre células bacterianas, sejam gram positivas ou
negativas e é moderadamente eficiente sobre fungos, leveduras e vírus;
o iodo é tão eficiente quanto o cloro sobre células vegetativas, mas
apresenta uma ação muito menor quando se trata de esporos
bacterianos. As células vegetativas são aproximadamente 10 – 1000
vezes menos resistentes ao iodo do que os esporos bacterianos.
Vantagens:
apresentam boa estabilidade;
apresentam ação de molhagem;
são eficientes contra todos os microrganismos, exceto sobre esporos
bacterianos e bacteriófagos;
são relativamente atóxicos;
não são corrosivos nem penetrantes à pele;
apresentam boa penetração e propriedade de espalhamento;
previnem formação de incrustações minerais por serem de natureza
ácida;
sua coloração é indicativa de seus níveis de concentração;
são facilmente preparados;
apresentam concentração de fácil determinação;
não são afetados pela água dura.
Desvantagens:
eficiência decresce com o aumento do pH;
são menos eficientes que o cloro sobre esporos bacterianos e
bacteriófagos;
podem causar odores desagradáveis em alguns produtos;
podem provocar descoloração de alguns materiais, como o plástico;
são mais caros que o cloro;
não devem ser empregados em temperaturas acima de 43°C, pois
sublimam;
não devem ser empregados em linhas de processamento de amido.
41
10.2.2.3 Clorhexidina
A clorhexindina foi sintetizada em 1956 por Rose e Swain.
É um derivado da biguanida com os grupamentos N1 e N5 substituídos.
Trata-se de uma base de cor branda que em solução aquosa não apresenta
coloração.
Sua solubilidade em água é dada por:
na forma de diacetato: 1,9 % (p/v);
na forma de diidocloreto: 0,06% (p/v);
na forma de digluconato de clorhexidina: totalmente solúvel.
Mecanismo de ação da clorhexidina:
o mecanismo de ação se caracteriza por uma rápida absorção da
clorhexidina pelas células bacterianas, resultando em diversas
modificações citológicas que afetam a permeabilidade celular;
a quantidade absorvida pela célula é proporcional à concentração do
agente químico, à densidade da célula bacteriana e à composição e
pH do meio;
pesquisas mostram que a clorhexidina reage com a célula a partir de
grupamentos lipofílicos, provocando uma desorientação da
membrana lipoprotéica, levando a uma alteração em sua função de
barreira osmótica.
Apresenta ação bacteriostática e bactericida, conforme descrito a seguir:
ação bacteriostática: induzida por danos leves à membrana e inibição
enzimática. Em baixas concentrações, há uma rápida e irreversível
perda de constituintes citoplasmáticos;
ação bactericida: caracterizada por morte rápida; é atribuída à
precipitação de macromoléculas intracelulares em concentração de
500 a 2000 vezes maior, em relação à concentração bacteriostática;
em altas concentrações, ocorre uma redução na perda de constituintes
e a célula passa a apresentar um aspecto coagulado.
A eficiência da clorhexidina em relação aos demais compostos sanitizantes é
apresentada nas Tabelas 10.6 e 10.7.
42
Tabela 10.6 - Média de reduções decimais (RD) da microbiota presente em mãos de
manipuladores pela ação de diferentes sanitizantes.
Sanitizante Média de RD
Clorhexidina 2,16
Iodóforo 1,93
43
Vantagens
apresenta boa estabilidade;
não é inativada pela matéria orgânica;
é relativamente atóxica;
proporciona várias alternativas de apresentação: solução aquosa,
alcoólica e na forma de sabão;
é eficiente contra bactérias gram negativas e gram positivas, esporos
bacterianos, fungos e vírus;
não é corrosiva nem irritante à pele e mucosas;
não apresenta odor;
apresenta maior eficiência que o cloreto de benzalcônico, alguns
compostos fenólicos e iodóforos.
Desvantagens
Apresenta ação de molhagem reduzida: podem ser usados tensoativos
catiônicos e aniônicos para minimizar esta deficiência;
sua eficiência é afetada pela água dura: a clorhexidina pode ser
inativada pela precipitação por sais minerais, inclusive por aqueles
que compõem a dureza da água.
44
em abatedouros e para a sanitização das carcaças de frango, o ácido
peracético também apresentou um bom desempenho como
sanitizante.
Mecanismo de ação do ácido peracético:
o ácido peracético tem grande capacidade de oxidação dos
componentes celulares, o oxigênio liberado pelo peróxido de
hidrogênio, reage imediatamente com os sistemas enzimáticos
inativando-os;
este agente não existe como uma entidade química única em solução,
necessita estar em equilíbrio com o peróxido de hidrogênio e o ácido
acético;
embora as recomendações dos fabricantes sejam baseadas na
concentração do ácido peracético, não resta dúvida que a ação sobre
as células vegetativas, esporos, fungos, leveduras e vírus, deve-se
também ao teor de peróxido de hidrogênio presente nas formulações
comerciais.
A Tabela 10.9 apresenta a eficiência do ácido peracético em relação a outros
compostos sanitizantes.
45
Tabela 10.10 - Condições de uso do ácido peracético na indústria de alimentos.
Temperatura Tempo de contato
Aplicação pH
(°C) (min)
Equipamentos e
2-4 até 30°C 10 - 15
utensílios
Fonte: adaptado de Macêdo (2001).
Vantagens:
apresenta excelente ação sanitizante;
apresenta amplo espectro de ação (células vegetativas, fungos, esporos e
vírus);
apresenta baixa toxidade;
dispensa enxágüe final: decompõe-se rapidamente em ácido acético,
oxigênio e água;
sua concentração é facilmente determinada;
é seguro para uso em filtros de éster-celulose, empregados nas cervejarias;
apresenta ação em baixas temperaturas;
não apresenta ação corante;
não é afetado pela dureza da água;
não é corrosivo ao aço inox e alumínio, nas concentrações de uso
recomendadas;
não ataca vidro, porcelana, PVC, polietileno, polipropileno e teflon;
não é espumante dentro das concentrações de uso recomendadas;
requer baixas concentrações de uso, sendo praticamente inodoro na forma
diluída.
Desvantagens
é irritante à pele e mucosas;
requer manuseio especializado e o uso de EPI´s (roupas protetoras, luvas de
PVC, máscaras providas de filtro contra gases tóxicos e proteção ocular);
apresenta baixa estabilidade à estocagem: o produto deve ser estocado em
local fresco e ventilado, protegido de luz direta e fontes de calor;
é corrosivo ao ferro, cobre, níquel, titânio, cromo, prata, zinco, alumínio e
suas respectivas ligas;
ataca a borracha natural e sintética (evitar o uso em equipamentos que
tenham gaxetas de borracha).
46
10.2.2.5 Peróxido de hidrogênio
Utilizado há décadas como agente bactericida e esporicida, em função de sua
ação oxidante (o poder oxidante deve-se à liberação do chamado oxigênio
atômico).
As soluções de peróxido de hidrogênio não são estáveis, razão pela qual
apresentam em sua formulação substâncias orgânicas estabilizantes, como
acetanilida, uréia e ácido úrico.
É utilizado na composição de outros sanitizantes (particularmente em
equilíbrio com o ácido acético dando origem ao ácido peracético).
Apresenta ação sinérgica entre o peróxido de hidrogênio e a radiação UV: apesar de forte
oxidante, este sanitizante é capaz de gerar radicais hidroxilas sob radiação ultravioleta.
Sua atividade bactericida e esporicida é aumentada em presença de sais orgânicos,
principalmente os sais de cobre.
Apresentação comercial: soluções aquosas com 6, 12 e 30% de peróxido de hidrogênio,
sendo chamadas de 20, 40 e 100 volumes, respectivamente;
esta terminologia é baseada no volume de oxigênio que é liberado, quando a
solução é decomposta por aquecimento;
1 cm3 de peróxido de hidrogênio a 100 volumes é capaz de produzir 100 cm3
de oxigênio, nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP);
Mecanismo de ação do peróxido de hidrogênio:
em menores concentrações, atua sobre células vegetativas por meio de um
processo de oxidação enérgica dos componentes celulares;
em concentrações elevadas atua como esporicida.
O peróxido de hidrogênio é indicado para a esterilização de embalagens de produtos
assépticos (ex.: solução de peróxido de hidrogênio a 30%) e sanitização de equipamentos
e utensílios. A Tabela 10.11 apresenta a indicação geral para a utilização do peróxido de
hidrogênio como sanitizante.
47
Vantagens
apresenta baixa toxidade;
apresenta baixo efeito residual;
não requer enxágüe;
apresenta estabilidade em altas temperaturas: alguns pesquisadores têm
utilizado temperaturas de até 95°C para a esterilização de embalagens ou
tratamento com peróxido de hidrogênio seguido de ar quente a 125°C (o ar
quente dissipa o peróxido de hidrogênio na superfície, contribuindo para não
ultrapassar o limite residual de 0,1 mg/l de peróxido de hidrogênio no
produto alimentício).
Desvantagens
é corrosivo para o cobre, zinco e bronze;
quando utilizado em baixas temperaturas, requer longos tempos de
contato;
requer o controle de oxigênio ativo para sua utilização;
requer cuidados especializados no manuseio e dosagem.
48
• heterocíclicos alifáticos ou compostos aromáticos;
• tetraalquil amônio;
• alquil betaínas (mais utilizadas em cosméticos).
Mecanismo de ação do quaternário de amônio:
inibição enzimática;
desnaturação protéica;
lesão na membrana citoplasmática com conseqüente extravasamento
dos constituintes celulares.
forma um filme bacteriostático sobre as superfícies. Atua com menos
eficiência sobre bactérias gram negativas (coliformes e psicotróficos)
do que sobre gram positivas (Staphylococcus spp e Streptococcus
spp); a atividade sobre bactérias gram positivas pode ser aumentada
com o uso do EDTA (etilenodiamino tetra-acético), que age como
quelante para algumas estruturas da parede celular, facilitando a
penetração do quaternário de amônio na membrana celular;
não é eficaz contra bacteriófagos e não apresenta atividade
esporicida, embora possa atuar como esporostático;
apresenta uma excelente atividade sobre fungos e leveduras.
A Tabela 10.12 apresenta a indicação geral para a utilização do quaternário de
amônio como sanitizante.
Vantagens
é estável ao armazenamento;
apresenta longa vida útil;
é estável a variações de temperatura;
apresenta atividade em amplas faixas de pH, com maior eficiência em
meios alcalinos;
não é corrosivo;
não é tóxico;
49
é inodoro;
é incolor;
apresenta efeito bacteriostático residual;
não irrita a pele;
apresenta concentrações facilmente controladas;
é efetivo contra microrganismos termodúricos (resistentes a altas
temperaturas);
apresenta boa ação de molhagem e penetração;
é compatível com tensoativos não iônicos em formulações de
detergentes.
Desvantagens
apresenta baixa atividade em água dura;
apresenta baixa atividade na presença de cálcio (Ca++), magnésio
(Mg++) e ferro (Fe++);
é incompatível com detergentes tensoativos aniônicos;
é mais caro que os compostos clorados;
requer enxágüe;
apresenta problemas com formação de espuma quando utilizado em
limpeza mecânica;
é pouco eficiente contra esporos bacterianos, bacteriófagos,
coliformes e psicotróficos;
as bactérias podem adquirir resistência e multiplicar-se nas soluções
diluídas deste composto;
seus resíduos, se presentes nos alimentos, podem causar náuseas,
vômitos, tonturas e até diarréias, em apenas 5 minutos.
50
11- PREPARO DE SOLUÇÕES PARA HIGIENIZAÇÃO NA INDÚSTRIA DE
ALIMENTOS
A porcentagem peso por peso significa massa do soluto (em grama) em 100 g
da solução.
As concentrações quando expressas no rótulo apenas em percentual (%),
equivalem à concentração peso por peso, podendo-se citar como exemplo os
reagentes: ácido sulfúrico ( H 2SO 4 ), ácido clorídrico( HCl ), ácido nítrico
51
tioglicólico ( HSCH 2 COOH ) e outros, que vêm do fabricante com concentração
expressa no rótulo em porcentagem apenas indicada por %.
Exemplos:
Ácido sulfúrico a 98%. Significa que em 100 g do líquido contido no
frasco existem 98 g de H 2SO 4 .
Acido clorídrico 36% a 38%. Significa que em 100 g do líquido
contido no frasco (ácido clorídrico reagente) existem de 36 a 38 g de
HCl . Considera-se 37 g de HCl quando se deseja preparar solução a
partir dele. Portanto, para se preparar 1000 ml de uma solução de
HCl a 10% p/p deve-se obedecer os passos relacionados a seguir:
a) para preparar 1000 ml da solução são necessários 100 g de HCl
(ácido clorídrico), pois cada 100 ml conterão 10 g de HCl ;
b) cada 100 g do ácido clorídrico reagente contém 36 a 38 g de HCl .
Considerando-se o valor médio tem-se 37 g de HCl em 100 g do
reagente:
37 g de HCl .........em 100 g do reagente
100 g de HCl ..........em x g do reagente
x = 270,27 g do reagente.
Como não é conveniente pesar HCl , por ser muito volátil e poder
danificar a balança, deve-se fazer a conversão da massa para volume.
A densidade é fornecida no rótulo do reagente ou pode-se usar a
densidade ( ρ ) 1,18 g/ml. Deste modo pode-se transformar a massa
(m) de HCl (270,27 g) em volume (v).
m 270, 27
v= = = 229 ml
ρ 1,18
c) preparação da solução: colocar mais ou menos 500 ml de água
num recipiente de 1000 ml; medir 229 ml de HCl e transferir para o
recipiente de 1000 ml; completar o volume com água destilada e
homogeneizar a preparação; rotular o recipiente com o nome da
solução e data.
52
11.1.2 Concentração de soluções em porcentagem peso por volume (p/v)
A porcentagem peso por volume significa massa do soluto (em grama) em 100
ml da solução.
Exemplo:
Preparar uma solução de cloro a 5% (p/v):
transferir 5 g de cloro para um recipiente de 100ml e completar o
volume com água; rotular o recipiente com o nome da solução e
data.
53
Exemplos:
Uma solução de hipoclorito de sódio a 1% (p/v) equivale a uma
solução a 10.000 ppm de hipoclorito (p/v).
1 g ................. 100 ml (p/v)
10 g ................. 1000 ml (p/v)
10.000 mg................. 1000 ml (p/v) 10.000 ppm
54
Determinar qual a concentração em ppm do composto clorado em pó
4% (p/p).
4 g cloro ativo................. 100 g produto (p/p)
40 g ................. 1000 g (p/p)
40.000 mg................. 1000 g (p/p)=> 40.000 ppm
o composto clorado em pó a 4% (p/p), apresenta uma concentração de
40.000 ppm.
55
m
v=
massa em volume, pela relação ρ , a partir da densidade do ácido
sulfúrico 1,84.
Preparo da solução reagente (SR):
a) colocar de 600 a 800 ml de água num balão volumétrico de 1000 ml;
b) medir, numa proveta, 54,3 ml de ácido sulfúrico e transferir,
lentamente, para o balão volumétrico, conduzindo o ácido para a
parte central do líquido que está no balão. Se o ácido for conduzido
pela parede do balão, ao encontrar com o líquido produzirá grande
desprendimento de calor e o aquecimento localizado na parede
poderá levar à dilatação e ruptura do vidro;
c) esfriar a solução (o ácido sulfúrico em contato com água produz
um intenso aquecimento e há expansão do volume do líquido, por
isto é necessário esfriar a preparação) e, em seguida, completar o
volume de 1000 ml com água destilada;
d) homogeneizar, transferir para um frasco de vidro neutro e rotular
H 2SO 4 M SR Obs.: como expressar concentração em mol/l não é uma
notação usual para os agentes de higienização, o procedimento citado
anteriormente aplica-se apenas para o preparo de solução para uso em
laboratórios como reagentes. Para o preparo de soluções ácidas para
fins de limpeza adotam-se procedimentos específicos.
Pode-se expressar molaridade (mol/l) em múltiplos e submúltiplos. Múltiplos
são os valores acima de um mol/l e submúltiplos são os valores abaixo de um
mol/l.
Exemplos de múltiplos da molaridade:
• duplo molar (2 M) ou 2 mols/l. Significa dois mols do
soluto em 1000 ml da solução. No caso do ácido sulfúrico
são duas vezes 98 g (196 g) do ácido em 1000 ml de
solução;
• triplo molar (3 M) ou 3 mols/l. Significa 3 mols do soluto
em 1000 ml da solução. No caso do ácido sulfúrico são
294 g do ácido em 1000 ml de solução.
56
Exemplos de submúltiplos da molaridade:
• decimolar ou décimo de molar (0,1 M) ou 0,1 mol/l.
Significa 0,1 mol do soluto em 1000 ml de solução. No
caso do ácido sulfúrico são 9,8 g do ácido em 1000 ml de
solução;
• centimolar ou centésimo de molar (0,01 M) ou 0,01 mol/l.
Significa 0,01 mol do soluto em 1000 ml de solução.
Mantendo-se o ácido sulfúrico, como exemplo, tem-se
0,98 g do ácido em 1000 ml de solução.
• milimolar (0,001 M) ou 0,001 mol/l. Significa 0,001 mol
do soluto em 1000 ml da solução. Para o ácido sulfúrico
tem-se 0,098 g do ácido em l 000 ml de solução.
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Procedimentos Operacionais Padronizados são procedimentos escritos de forma
objetiva que estabelecem instruções seqüenciais para a realização de operações
rotineiras e específicas na produção, armazenamento e transporte de alimentos. Foram
regulamentados pelo Ministério da Saúde.
A implantação das Boas Práticas de Fabricação e dos procedimentos de
higienização (PPHO e POP) são regulamentadas pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Destacam-se as
seguintes legislações:
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Críticos (ARCPC) em estabelecimentos envolvidos com o
comércio internacional de carnes e produtos cárneos ou, leite e
produtos lácteos e mel e produtos apícolas.
Circular n°369, de 02/06/2003 DCI/DIPOA/MAPA – estabelece
instruções para elaboração e implantação dos sistemas PPHO e
APPCC nos estabelecimentos habilitados à exportação de carnes.
Resolução n° 10, de 22/05/2003 DIPOA/SDA/MAPA – institui o
Programa Genérico de Procedimentos Padrões de Higiene
Operacional – PPHO, a ser utilizado nos Estabelecimentos de
Leite e Derivados que funcionam no regime de Inspeção Federal,
como etapa preliminar e essencial dos Programas de Segurança
Alimentar do tipo APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos
de Controle).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, N.J de; MACÊDO, J.A.B. de. Higienização na indústria de alimentos. São
Paulo: Varela, 1996. 182 p.
HOBBS, B.C. Higiene y toxicologia de los alimentos. Zaragoza: Acribia, 1971. 310 p.
MACÊDO, J.A.B. de. Águas e águas. São Paulo: Varela, 2001. 505 p.
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