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UM PARADOXO?
Niterói
2022
ANA LETICIA GOMES MORAND BENTES
Niterói, 2022
ANA LETICIA GOMES MORAND BENTES
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Mauricio Afonso Vericimo
(Avaliador prévio)
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________
Profa. Dra. Monique de Moraes Bitteti Pedruzzi
(Avaliador prévio)
Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro
_______________________________________________
Prof. Dr. William Rodrigues de Freitas
Universidade Federal do Sul da Bahia
______________________________________________________________
Milton Masahiko Kanashiro
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
______________________________________________
Prof. Dra. Luciana Paiva
Universidade Federal Fluminense
À minha mãe, marido, filhos e minha comadre que sempre
razão de tudo
trabalho.
(Hipócrates)
RESUMO
Gráfico 2 – Evolução do número de artigos publicados por década a partir de 1926 sobre
alergia alimentar microbiota e sua associação ........................................................................ 52
LISTA DE FIGURAS
Figura 12. Nuvem de palavras criadas usando os unitermos dos artigos obtidos na busca para
revisão sistemática ................................................................................................................... 54
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 47
4 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 48
6 DISCUSSÃO....................................................................................................... 58
7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 84
9 ANEXOS.......................................................................................................... 102
9.1 referencias com seus respectivos resumos no idioma original .................... 102
15
1 INTRODUÇÃO
Conforme proposto no livro “Pegando fogo: Por que nos tornamos humanos” por Richard
Wrangham, um dos principais fatores que levaram nossos ancestrais a se distanciarem dos
demais primatas foi a capacidade de domar a linguagem e o fogo. A hipótese é que o uso do
fogo contribuiu para a evolução da espécie uma vez que alimentos cozidos, são mais fáceis de
serem digeridos, menos tóxicos, podem ser preservados por mais tempo e, por consequência,
a disponibilidade de alimentos e a absorção dos nutrientes é maior. A necessidade de cassar
menos desencadeou a possibilidade de mais ócio permitindo maior tempo para descobertas
e criatividades iniciando entre os seres humanos o desenvolvimento de tecnologias cada vez
mais complexas. [3]
16
Do ponto de vista da ciência a nutrição é o estudo das propriedades dos alimentos, suas
interações com o organismo, consequências benéficas e maléficas considerando as condições
clínicas dos indivíduos. A ciência da Nutrição tem por objetivo promover o bem-estar e o
equilíbrio da saúde através da alimentação. Outra especificidade da nutrição humana é o
estudo dos costumes alimentares, uma vez que os seres humanos se adaptaram a grande
variedade de alimentos que nos tornou o animal com maior diversidade de hábitos
alimentares. [5]
Para que haja nutrição é preciso a ingestão de alimentos, sua digestão e absorção. Em
situações de normalidade ou fisiológicas podemos dizer que a alimentação nos traz saciedade,
um aporte calórico e de nutrientes além de uma sensação prazer. Embora a interação com o
alimento seja na maioria das vezes benéfica, em algumas situações ela pode trazer ou
17
provocar agravos a saúde pela toxicidade, falta de capacidade de digestão ou pela interação
inadequada com o sistema imunológico. O agravo desencadeado através de reações com o
sistema imunológico é nomeado de alergia cuja etimologia, dada por von Pirquet em 1906, “é
uma reação fora do lugar”. [8]
Fonte: Dados compilados pelas autoras do site https://pubmed. ncbi. nlm. nih. gov (2022)
A partir de um conhecimento cada vez maior sobre a microbiota surgem palavras como
eubiose (microbiota em equilíbrio), disbiose (microbiota em desequilíbrio) probiótico
(microrganismos vivos não patogênicos que, quando ingeridos em quantidade suficiente,
exercem efeitos benéficos à saúde do hospedeiro) entre outros como abordaremos
especificamente durante este trabalho. [11, 12]
Na atualidade, a necessidade de uma vida laboral intensa, bem como a diversidade dos
produtos alimentícios com e sem aditivos químicos de preservação e intensificação dos
sabores, no mercado tem levado os indivíduos a realizarem escolhas alimentares que não são
necessariamente saudáveis. Consequências inócuas, doenças leves, moderadas ou graves
podem ser desencadeadas quando as escolhas não são adequadas, tanto na quantidade como
da qualidade. [13-18]
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Embora, no senso comum, se associe bactérias à doença nem todas são patogênicas. A
interação com algumas bactérias é vital à vida, devendo haver um equilíbrio (simbiose) entre
o hospedeiro e as bactérias, no qual ambos se beneficiem em prol da saúde do hospedeiro.
[21] A microbiota em equilíbrio (eubiótica) não desencadeia processos inflamatórios. Um
equilíbrio delicado se estabelece ao longo da vida entre as superfícies mucosas do hospedeiro
e as constantes interações entre os estímulos externos. Assim, um sistema fundamental de
tamponamento (equilíbrio) para a manutenção da homeostase é a microbiota gastrintestinal.
Do ponto de vista quantitativo estima-se que o intestino humano comporte mais de 1 Kg de
bactérias e sua microbiota seja formada de 1013 a 1014 células número equivalente ao número
de células constituintes do corpo. O local de maior densidade e diversidade de comunidades
bacterianas do trato gastrointestinal é o intestino grosso. [22]
O termo microbiota refere-se ao ecossistema que engloba uma variedade com alta
diversidade de micro-organismos vivos em contato com as superfícies corpóreas (pele e
mucosas). Estas interações (microrganismos/hospedeiro) podem produzir efeitos tanto
positivos quanto negativos à saúde do hospedeiro. Ao longo do trato gastrintestinal, em
função das características do pH, das secreções de enzimas etc. desenvolvem-se
microambientes com ecossistemas distintos da microbiota.
Estas funções são relevantes para o bom funcionamento do organismo portanto para a
prevenção de algumas doenças, levando assim à proteção, ação imunomoduladora,
nutricional e metabólica. [26] Como neste trabalho nosso foco de pesquisa está na interação
da microbiota intestinal com o organismo não apresentaremos ênfase aos aspectos da
microbiota localizada nas demais regiões do organismo.
Uma vez colonizado, o organismo se ajusta em diversos momentos até atingir um perfil
estável e que, embora possa sofrer perturbações, tende a voltar para seu ponto de equilíbrio.
23
O ápice de equilíbrio, para alguns autores como dos Santos Sousa et. al. [29] é alcançado em
torno dos dois anos de vida enquanto para outros como Batista [25] só se estabelece em torno
dos 3 anos. Diversos fatores como a dieta, o estresse, as interações com o ambiente podem
modular a microbiota. [26] (Figura 4) O ecossistema microbiano que se instala no trato
gastrintestinal irá desempenhar inúmeras funções, e muitas delas relacionadas ao sistema
imunológico. [30]
2.1.2 Eubiose
estão em equilíbrio, em suas estreitas interações, com o tecido do trato gastrintestinal. [31]
Do ponto de vista qualitativo a eubiose se caracteriza principalmente pela presença de
bactérias anaeróbias cujas espécies se distribuem conforme a região do trato gastrintestinal.
A quantidade de microrganismos ao longo do trato gastrintestinal não é homogênea e se
encontra distribuída da seguinte forma: 101 UFC/g no estômago, 103 UFC/g no duodeno, 107
UFC/g no intestino delgado e 1012 UFC/g no intestino grosso. [32]
2.1.3 Disbiose
quadro clínico da disbiose cursa com uma variedade de sinais e sintomas que podem ser
antagônicos. Sendo os três principais: gases, diarreia e/ou constipação. [21]
negativas pode ocorrer um desequilíbrio no percentual relativo destes grupos causando uma
disbiose. Outro efeito secundário do uso indiscriminado dos antibióticos é o surgimento e/ou
seleção de bactérias resistentes a este medicamento ou mesmo superbactérias que podem
causar infecções graves a fatais. [37, 41]
2.1.4 Prebióticos
Prebióticos são definidos como ingredientes nutricionais não digeríveis dos alimentos,
como por exemplo as fibras. Estes propiciam de forma seletiva o crescimento e/ou atividade
de um tipo ou de um número limitado de bactérias desejáveis no cólon mudando desta forma
a microbiota colônica. [42] Estudos mostram que os prebióticos promovem o crescimento de
27
2.1.5 Probióticos
O termo probiótico foi primeiramente sugerido por Lilly e Stillwell em 1965 [44] e
desde então foi recebendo várias denominações conceituais. A palavra probiótico é de origem
grega e possui como significado “pró vida”. Estes são definidos como:
fibras (prebióticos) isoladamente ou em combinação com probióticos pode ser uma boa
manobra terapêutica no que se refere ao aumento da produção de AGCC. Também é
demonstrado que uma grande gama de compostos, como bacteriocinas, etanol, ácidos
orgânicos, acetaldeídos, peróxido de hidrogênio (H2O2) e peptídeos são produzidos por muitos
probióticos controlando o crescimento de microrganismos patogênicos. Destes compostos, os
peptídeos e as bacteriocinas, principalmente, estão entre os mais envolvidos no aumento da
permeabilidade da membrana das células-alvo, o que leva à despolarização do potencial de
membrana e, por último, à morte celular. Da mesma forma, a produção de H2O2 por esses
grupos bacterianos favorece a oxidação de grupos sulfidrilas, propiciando a desnaturação de
várias enzimas levando à peroxidação dos lipídios da membrana, aumentando assim a
permeabilidade da membrana do microrganismo patogênico e a morte celular.
O efeito benéfico dos probióticos também se dá por ativação das vias de defesa do
hospedeiro estimulando ou ativando a produção de defensinas (peptídeos antimicrobianos
catiônicos produzidos em vários tipos de células, incluindo Células de Paneth nas criptas do
intestino delgado e células epiteliais intestinais). Outra função atribuída aos probióticos é a
competição pela ligação do patógeno aos seus sítios receptores, bem como por nutrientes
disponíveis e crescimento adquirindo assim efeitos positivos à mucosa intestinal. [20]
No que se refere ao efeito dos probióticos na função imunológica hoje se sabe que a
microbiota intestinal é primordial para o desenvolvimento e maturação do sistema
imunológico; de modo recíproco, a microbiota também é intensamente afetada pelo
complexo sistema imunológico do hospedeiro. Subjacente ao epitélio intestinal temos a
lâmina própria (LP), rica em linfócitos, células plasmáticas, células dendríticas (DC),
macrófagos, neutrófilos e miofibroblastos, intimamente estimulada pelo microbioma
intestinal (bactérias, fungos, vírus, arquéias e fago) e os antígenos alimentares. As células T na
LP são a fonte determinante da citocina anti-inflamatória IL-10. [66]
uma resposta inflamatória prejudicial. Entretanto, nem todas as cepas de bactérias láticas são
igualmente efetivas. A resposta imunitária pode ser aumentada, quando um ou mais
probióticos são consumidos concomitantemente atuando sinergicamente, como parece ser o
caso dos Lactobacillus administrados em conjunto com Bifidobacterium. [52]
L. plantarum 06CC2 alterou a secreção de INF-γ e de IL-4 nas células do baço de camundongos
e são importantes para o alívio de sintomas alérgicos. A S. boulardii, também confere proteção
em situações de lesões intestinais e inflamação. Porém os mecanismos moleculares pelos
quais os probióticos exercem essas ações benéficas permanecem obscuros. [20]
2.1.6 Simbióticos
Uma das principais funções dos simbióticos é a proteção estrutural, do lúmen intestinal
e da modulação da resposta inflamatória. [75] Os simbióticos são componentes dietéticos
funcionais que podem potencializar a sobrevivência dos probióticos durante sua passagem
pelo trato gastrintestinal uma vez que seu substrato específico está disponível para a
fermentação (prebiótico). O êxito na sua utilização depende do tipo de preparação e da
concentração de probióticos no composto. Segundo a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA)
a recomendação por dia do simbiótico viável é entre 10 8 a 10 9 UFC. [42]
dos processos inflamatórios evitando assim a destruição tecidual ao mesmo tempo que
estimulam a produção local de IgA secretória (sIgA). [76]
associados à mucosa. Estes, por sua vez, são potentes indutores na diferenciação de células
Treg FoxP3+ favorecendo assim a tolerância de mucosa. [76]
A conexão do mundo não próprio (mundo microbiano) com o próprio (não microbiano)
se dá essencialmente através das interações das células do sistema imunitário inato, que
apresentam na sua superfície receptores capazes de reconhecer uma ampla gama de
fragmentos microbianos. Assim o sistema imunitário inato é uma forma universal e antiga
(filogeneticamente) de defesa do hospedeiro contra infecções. No entanto, não são capazes
de distinguir se estes antígenos são derivados da microbiota ou de patógenos invasores. O
reconhecimento inato depende de um número limitado de receptores codificados pela linha
germinativa. Esses receptores, denominados de Toll-like receptors (TLR), evoluíram para
reconhecer produtos conservados do metabolismo microbiano produzidos por patógenos
microbianos, mas não pelo hospedeiro. O reconhecimento dessas estruturas moleculares
permite ao sistema imunológico distinguir o não próprio infeccioso do próprio não infeccioso.
[79] Até onde temos conhecimento existem 10 moléculas distintas. Destes TLR1, TLR2, TLR4,
TLR5, TLR6 e TLR10 estão localizados na membrana celular, enquanto TLR3, TLR7, TLR8 e TLR9
estão localizados em vesículas intracelulares (sensores de ácidos nucleicos). [80] Os TLR são
expressos por uma variedade de células, incluindo DC e células epiteliais intestinais (intestinal
epethelial cells - IEC). Algumas formas de reconhecimento são: O TLR2 dimerizado com TLR1
ou TLR6 reconhece lipoproteínas da parede celular bacteriana enquanto o LPS é reconhecido
por TLR4 em conjunto com CD14 e MD2. Os motivos CpG não metilados do DNA bacteriano
são reconhecidos por TLR9 e flagelina é reconhecida pelo TLR5, expresso na membrana
basolateral pelas células epiteliais intestinais. [81]
Em Condições de homeostasia a expressão de TLR2 e TLR4 pelas IEC tende a ser baixa,
e, portanto, tendem a não responder aos estímulos microbianos. [82] No entanto, sob
condições inflamatórias, a expressão epitelial de TLR2 e TLR4 está aumentada,
retroalimentando o processo inflamatório e está associado à doença inflamatória intestinal.
[83] Em contraste, a estimulação apical, e não basolateral, de TLR9 foi descrita como
contribuindo para a homeostase intestinal [84] uma vez que esta via previne a degradação de
IκB-α suprimindo a produção de citocinas pró-inflamatórias induzidas por NF-κB nestas
células. Assim podemos dizer que a ativação diferenciada dos TLR no epitélio intestinal é uma
chave na regulação das respostas imunológicas da mucosa intestinal. A ativação de TLR das
40
IEC tem também o papel de modular as junções oclusivas intraepiteliais (tight junctions). Em
muitos distúrbios inflamatórios intestinais estas junções se apresentam alteradas
desencadeando uma série de comprometimentos fisiopatológicos entre os quais o aumento
da translocação bacteriana que por sua vez retroalimenta o processo inflamatório e de
proteínas alimentares propiciando a indução de alergias. [85] Outro componente de regulação
para manutenção de um perfil anti-inflamatório é a fermentação das fibras gerando a
produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que por sua vez estimulam o
amadurecimento de células Treg capazes de inibir respostas inflamatórias mediadas por APC
intestinais. [18]
Para que uma molécula seja considerada antigênica é preciso que esta seja capaz de
ativar linfócitos ao se ligar aos seus receptores clonais (Receptor da célula T - TCR ou Receptor
da célula B - BCR). Quanto mais complexa a molécula maior a probabilidade de ativação da
resposta imunológica. Assim os principais alvos no estudo da alergia alimentar são as
41
proteínas. [61] É importante informar que uma mesma molécula que compõe qualquer
alimento (parte ou todo) pode tanto desencadear a tolerância como a sensibilização. [89]
A reatividade cruzada é um fator que merece menção. Proteínas mesmo que não sejam
derivadas de espécies com a mesma classificação taxonômica, podem ter sequência de
aminoácidos, e/ou estrutura terciária (epítopos) semelhantes. Um exemplo na clínica é a
síndrome fruta-látex o paciente com reatividade ao látex também tem para algumas frutas
como banana, kiwi e morango, ou ainda entre o leite de vaca e o leite de cabra. Embora esta
semelhança estrutural possa aumentar a predisposição às múltiplas alergias, a necessidade de
se retirar os outros alimentos só se faz indispensável quando ocorre o surgimento de
sintomatologia clínica. [16]
Com os conhecimentos atuais é possível refinar a definição de alergia cunhado por von
Pirquet. Assim os especialistas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos
Estados Unidos conceituam alergia alimentar como
envolvidos em especial naqueles indivíduos com dermatite atópica. Os órgãos onde a alergia
se manifesta também podem ser variados como por exemplo as vias aéreas, a pele o trato
gastrintestinal manifestando por sua vez a uma grande variedade de sintomas clínicos. [61,
94]
A prevalência das alergias alimentares não é exata, a revisão compilada por West
mostra que na literatura os critérios de inclusão, definições e métodos diagnósticos utilizados
para definir um indivíduo alérgico são diferentes, levando a estimativas que variam entre 2%
e 10% da população como alérgicos. No entanto fatores como predisposição genética,
antigenicidade dos alimentos e desequilíbrios intestinais são apontados como causas
importantes. O desequilíbrio na microbiota intestinal vem crescendo em importância no
aumento da prevalência das doenças inflamatórias não transmissíveis, incluindo a alergia
alimentar. [18] Outro aspecto relacionado ao aumento epidêmico das doenças alérgicas
parece estar diretamente ligado às mudanças ambientais, o declínio global da biodiversidade
ambiental, associado a cuidados excessivos com limpeza e uso de antibióticos impactam
diretamente a microbiota intestinal comensal humana. Um consenso é que alergia alimentar
43
A AARDA lista mais de 100 doenças autoimunes das quais diversas foram estabelecidos
protocolos para amenizar as manifestações clínicas através do uso de probióticos. Os ensaios
clínicos para tratar pacientes com doença autoimunes com terapias bacterianas incluem o uso
do transplante microbiano fecal e dos probióticos. De acordo com as diversas sociedades de
saúde que divulgam fatos sobre as doenças autoimunes é consenso que as mais comuns são:
Diabetes Melitus tipo 1; Artrite Reumatoide; Psoríase, Esclerose Múltipla; Lúpus Eritematoso
Sistêmico; Doença Inflamatória Intestinal (DII); Doença de Addison, Doença de Graves;
Síndrome de Sjogren; Tireoidite de Hashimoto, Miastenia gravis, Vasculite Autoimune,
Anemia Perniciosa, Doença Celíaca, Dermatomiosite, Artrite Reativa. [102]
3 OBJETIVOS
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 PRISMA
4.2 BUSCA
O Science in Risk Assessment and Policy (SciRAP) é uma ferramenta online desenvolvida
para relatar a confiabilidade e relevância de estudos in vitro e in vivo. [115] Nesta revisão, o
SciRAP foi utilizado para avaliação de qualidade e relevância dos artigos incluídos com
pequenos ajustes para se adequarem ao tema proposto.
50
5 RESULTADOS
Neste trabalho não realizamos uma restrição quanto a idade dos envolvidos uma vez que
alergias, embora mais frequentes na infância, podem afetar indivíduos em qualquer idade.
Restringimos a espécie humana uma vez que a inclusão de animais domésticos envolveria a
possível diferenciação de mais mecanismos de ação, mesmo que a maioria fossem
semelhantes. Incluímos apenas alguns resultados derivados de experimentação quando
houve uma correlação clara.
A extração dos dados foi realizada de forma manual por pelo menos dois revisores onde
foram analisados o título, o abstract e então a leitura do artigo como todo para a extração dos
dados propriamente dito. A partir da seleção de artigos incluídos foram analisados os
seguintes critérios de cada artigo:
• Doenças associadas;
• Prevalência;
• Intervenção ou não com probióticos;
• Uso ou não de antibióticos;
• Principal fase do ciclo da vida;
• Se houve ou não a citação de outros fatores relacionados;
• Descrição do tipo de resposta desenvolvida;
• Balanço de Citocinas e o perfil de inflamação descrito;
• Os efeitos do processo inflamatório e ou do tratamento sobre a mucosa intestinal;
A principal fonte de dados foi o Pubmed e Scielo, como fontes secundárias foram usados
o Google Scholar e Lilacs. Quando assim fosse necessário foram buscadas fontes secundárias
a partir dos artigos analisados.
Número de artigos
Cruzamento PubMed Scielo
“Food allergy” 11764 146
Inflammation 856831 4630
Gut inflammation 21787 39
“Food allergy” AND inflammation 2090 3
“Food allergy” AND microbiota 386 0
“Food allergy” AND dysbiosis 104 0
Microbiota AND “Food Allergy” AND Inflammation” 60 0
Fonte: levantamento realizado pelos autores nos bancos de dados do PubMed e Scielo com os unitermos “food
allergy” probiotics;
Cruzamentos dos dados realizado com auxílio do Gerenciador de referências bibliográficas Endnote® atualizado
em julho de 2022
Gráfico 2 – Evolução do número de artigos publicados por década a partir de 1926 sobre alergia
alimentar microbiota e sua associação
1000000
100000
NÚMERO DE PUBLICAÇÕES
10000
1000
100
10
1
até 1940 a 1950 a 1960 a 1970 a 1980 a 1990 a 2000 a 2010 a 2020 a
1939 1949 1959 1969 1979 1989 1999 2009 2019 2029*
Food Allergy 6 62 88 135 130 516 768 1958 6288 11316
Microbiota 0 0 2 19 50 149 350 2954 61976 200588
FA x MB 0 0 0 0 0 0 1 42 571 1444
DÉCADAS
Durante a seleção inicial cada artigo incluído foi analisado por pelo menos dois
membros do grupo. Estes analisaram os títulos e resumos para determinar se o trabalho seria
incluído ou excluído para a realização do trabalho de revisão. (Figura 11).
53
Fonte: fluxograma adaptado pelos autores com a inclusão dos resultados parciais
Figura 12. Nuvem de palavras criadas usando os unitermos dos artigos obtidos na busca para revisão
sistemática
Como forma de apresentar e facilitar o acesso aos artigos originais optamos por não
realizarmos a tradução dos resumos apresentados no anexo 1. Apresentamos a referência e o
abstract em formato de um quadro em ordem alfabética. Definidos os artigos a serem
incluídos, (Figura 13) eles foram estratificados de modo a detalhar os conteúdos desta forma
facilitando a escrita das ideias veiculadas pelos diferentes autores. (material suplementar)
6 DISCUSSÃO
Nossa fundamentação teórica uma revisão livre, foi elaborada como um embasamento
da revisão sistemática para compreendermos a inter-relação da disbiose intestinal e a gênese
da alergia alimentar. É expertise do nosso grupo, nas últimas décadas, o estudo dos
fenômenos alérgicos em modelos murinos na tentativa de compreender os mecanismos
envolvidos e as possíveis associações no que se refere a temporalidade, intensidade de
fenômenos inflamatórios intestinais bem como a indução ou não da alergia alimentar. [88,
107, 108]
O Kefir [151] e o Kombucha [24] são classificados como simbióticos pois além do
probióticos contem prebióticos. As crenças populares quanto aos benefícios destes alimentos
foram confirmadas em trabalhos científicos demonstrando que suplementos alimentares
contendo microrganismos vivos e fibras podem atuar positivamente no regresso da
desarmonia (disbiose) da microbiota restabelecendo o equilíbrio intestinal (eubiose).
Os mecanismos pelos quais isso ocorre ainda estão sendo esclarecidos, porém, se sabe
que a amamentação molda a microbiota intestinal no início da vida, tanto diretamente pela
exposição do neonato à microbiota quanto indiretamente, por meio de fatores do leite
materno que afetam o crescimento e o metabolismo bacteriano, como os oligossacarídeos e
a sIgA e fatores antimicrobianos. Assim a associação dos fatores do leite materno e a
exposição microbiana precoce parece ser essencial no processo de indução de um ambiente
eubiótico capaz de privilegiar a indução da tolerância oral aos antígenos alimentares e
ambientais. [145, 169, 177]
imersos em um ambiente não inflamatório. Este contexto pode oferecer uma perspectiva mais
ampla às estratégias com a utilização terapêutica dos probióticos e prebióticos e outros
nutrientes anti-inflamatórios no que se refere a prevenção de doenças, como as alergias
alimentares. [132] Assim a exposição do sistema imunológico a bactérias em um contexto não
inflamatório é importante para o processo de tolerância imunológica. [127] Desta forma Arias
and Lucendo [120], Bouchaud, Castan [130] apresentam a “hipótese de higiene” onde a falta
de contato com uma alta diversidade de microrganismos impede que haja o estímulo e
diferenciação das células T reguladoras por meio de exposição microbiana.
Na busca por terapêuticas para o tratamento da disbiose intestinal, vários estudos estão
testando possíveis métodos. Entre estes podemos citar que mudanças dietéticas são capazes
de influenciar a composição bacteriana da microbiota intestinal, com a introdução da ingestão
de prebióticos e probióticos, ou simbióticos. [161] Outro método é o transplante da
microbiota fecal (TMF) eubiótica para indivíduos com quadro da disbiose que vem se
apresentado como uma nova terapêutica. [21] Embora o TMF tenha sido inicialmente
publicado em 1958 com uma aparente eficácia, só começou a ser extensamente estudado e
adotado pela prática clínica nos últimos dez anos. [4, 164]
O TMF é uma técnica com evidências positivas comprovadas. Apresenta uma taxa de
sucesso de 90% no tratamento da infecção refratária por C. difficile e com poucos efeitos
adversos [33] reduzindo custos quando comparada ao tratamento convencional. [164] Essa
técnica se baseia na administração de uma microbiota intestinal de um doador saudável
(eubiose), em um paciente com a microbiota disbiótica com o intuito de restaurar o equilíbrio
intestinal. [4, 33, 164] Apesar do sucesso e até o momento baixos efeitos colaterais o TMF
ainda não é bem compreendido e não são conhecidas as possíveis mudanças na composição
e diversidade microbiótica e como isto poderia afetar o hospedeiro. [33]
67
A alergia alimentar é uma doença multifatorial que vem ganhando uma curva
ascendente em número de casos principalmente nos países desenvolvidos [119, 125, 145,
147] e representa um problema de saúde pública de relevância. [119] Uma das hipóteses para
o aumento dos casos de alergia alimentar no mundo pode estar relacionada com a baixa de
estimulação microbiana do sistema imunológico na infância (teoria da higiene). [118, 165]
68
Como apresentado na nossa fundamentação, Iweala and Nagler [77], revisando a literatura
postularam que a falta de regulação e ou a falta de estimulação microbiana pode estar na
gênese das respostas alérgicas de base Th2. Assim a hipótese dominante é que o cerne do
desenvolvimento das alergias ou da tolerância está no desequilíbrio ou equilíbrio,
respectivamente, das interações entre a microbiota com os componentes do sistema
imunológico.
Um dos oito alimentos que mais frequentemente promovem alergias (8% na infância -
nos primeiros 2 anos de vida e 2% em adultos) é o trigo. A alergia e intolerancia a este alimento
é uma condição frequente em países desenvolvidos envolvendo a produção de respostas
imunitárias pró-inflamatórias. Em alguns indivíduos susceptiveis foi demonstrado que estes
secretam inibidores da tripsina (ATI - wheat amylase trypsin inhibitors )que por sua vez
dificulta a proteólise das proteinas do trigo (entre elas as gliadinas e gluteninas). O trabalho
de Caminero, McCarville [131] demonstrou que lactobacilos apresentam a capacidade de
degradarem os inibidores da tripsina reduzindo a disfunção intestinal induzida por proteínas
imunogênicas do trigo em indivíduos sensiveis. [130]
A dermatite atópica (DA) é uma doença de pele grave tipicamente da infância sendo
em sua maioria em pacientes com histórico familiar de atopia ou hiperprodução de IgE
desencadeada por alérgenos ambientais. [123] É uma doença crônica sistêmica caracterizada
por uma barreira (pele e mucosas) funcionalmente anormal. As causas da quebra da barreira
epidérmica são complexas envolvendo uma combinação de fatores estruturais, genéticos,
ambientais e imunológicos. [180] É caracterizada por eczema inflamatório, (pele seca, barreira
epidérmica disfuncional e prurido grave). [123, 127] O tipo de resposta que se manifesta é
uma reação de hipersensibilidade tardia do tipo IV que se desenvolve a partir do contato com
alérgenos ambientais, e é caracterizada por inflamação mediada por Th2 frequentemente
associada a altos níveis de IgE. [127]
inflamatória mediada pela linfopoietina estromal tímica que promove a quebra da barreira
em locais distantes, incluindo o trato intestinal e respiratório. [180]
As alergias respiratórias são caracterizadas pela produção elevada de IgE, que pode ser
detectada no soro, e uma elevada produção de citocinas com perfil Th2 (IL-4, IL-5, IL-9 e IL-
13). [127] Esta é uma reação clássica de hipersensibilidade tipo 1 onde o encontro dos
75
antígenos com as IgE ligadas aos mastócitos levará a degranulação destas células com a
respectiva liberação de aminas vasoativas. Em resumo a ação das aminas vasoativas como
histamina, serotonina etc. sobre a estrutura brônquica leva a contração da musculatura lisa,
edema da mucosa e elevação na produção de muco. [89]
A asma, uma doença alérgica respiratória, é conceituada como uma doença que
desenvolve uma hiper responsividade das vias aéreas e inflamação, tendo como um
importante fator desencadeante para o seu desenvolvimento, a alergia mediada por IgE com
perfil Th2 e sensibilização [148]. Os eosinófilos, granulócitos dependentes de IgE são
amadurecidos em resposta à hipersensibilidade alérgica e parasitoses e associados a
processos inflamatórios semelhantes aos que ocorrem na asma brônquica. [120]
Embora exista uma relação genética na gênese da asma, segundo Campbell, Boyle
[132] estudos de ligação genômica e de associação de genes candidatos identificaram mais de
120 genes, que podem estar relacionados a doenças atópicas, mas nenhum gene de
76
suscetibilidade de relevância especifica para asma e atopia foi identificado, destacando desta
forma, a grande heterogeneidade da hereditariedade em distúrbios alérgicos. Um exemplo é
o polimorfismo genético, da IL-10 e FOXP3 que estão associados com aumento da
suscetibilidade e proteção contra doenças alérgicas em estudos de coorte assim podem
influenciar a transcrição de marcadores de células Treg. [132]
Outra observação deste estudo foi que a síntese de TNF-α/IL-6 induzida por OVA pode
influenciar no desencadeamento de alergias; que por sua vez, são aliviadas devido ao
aumento da secreção de IL-10 anti-inflamatório, como demonstrado, contra regulando o
fenótipo de resposta com perfil Th2. Desta forma, pela sua ação imunossupressora, a IL-10
tem sido sugerida como um importante enfoque terapêutico para inflamação alérgica e asma.
[148] Corroborando com este trabalho um estudo de He, Morita [156] demonstrou que
espécies de bifidobactérias (B. Bifidum) isoladas de lactentes saudáveis estimulam a expressão
maior de IL-10, associada a menor produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-12) do
que aquelas isoladas de lactentes alérgicos.
6.6.4 Eczema
Existe uma forte relação entre eczema e o desenvolvimento de alergia alimentar [119].
A falha de tolerância oral (sensibilização alimentar) é um mecanismo imunológico que aparece
precocemente. [125] Estudos demonstram que aos 4 meses de idade, cerca de um terço dos
bebês com eczema moderado apresentam sensibilização alimentar ao ovo e reatividade
clínica associada, antes mesmo da introdução da alimentação complementar bem como antes
da ingestão do alimento em questão, ou seja, anterior ao primeiro contato por via oral. [125]
77
Segundo Bae, Leung [127], Ashley, Dang [125] e Campbell, Boyle [132] o eczema é uma
consequência da dermatite atópica. Estes autores mostram a relação existente entre eczema
e a ruptura da barreira cutânea. Uma barreira epitelial danificada poderia favorecer o risco de
sensibilização transcutânea, demosntrando que a sensibilização aos alérgenos pode ocorer
tanto por via oral quanto por esta via da pele, sendo as crianças com eczema as mais
propensas ao desenvolvimento de alergia alimentar. [125]
Diante do exposto, melhorar a barreira da pele seria uma importante estratégia no que
se refere a prevenção. Porém, embora tal estratégia tenha alcançado uma redução no eczema
não houve evidência desta redução na sensibilização alimentar nos estudos de Ashley, Dang
[125], Nowak-Wegrzyn and Chatchatee [166] Assim, esta continua a ser uma importante
questão para estudos futuros e para a compreensão sobre os fatores que contribuem para o
aumento das taxas de eczema sendo um elemento importante para a compreensão do
aumento da alergia alimentar. [125] Mudanças nos padrões nutricionais são fatores de risco
que podem afetar as respostas imunológicas aos antígenos alimentares alterando o
microbioma ou ainda exercendo outras influências através do desenvolvimento de tolerância
específica devido à exposição oral a alimentos alergênicos durante o periodo inicial do
desenvolvimento imunológico. [125].
O fator genético parece também ser um importante contribuinte para esta condição.
Mutações de perda de função da “filagrina” (FLG) é um fator de risco conhecido para o
desenvolvimento do eczema e por sua vez, também foi associado tanto à sensibilização
quanto à alergia alimentar. [124, 132, 166] A introdução precoce de alimentos sólidos,
concomitante ao aleitamento materno, pode ser positiva na indução dos mecanismos de
tolerância oral, em especial nas crianças que apresetan eczema e ou dermatite atópica. Além
disso, o microbioma intestinal é modificado rapidamente em resposta à mudança na dieta
conduzindo a alterações em metabólitos bacterianos, como os AGCCs (resultantes da
fermentação das fibras dietéticas), os quais têm sido associados a um papel fundamental nas
alergias. [125] Os níveis de AGCCs possuem uma grande influência na integridade da mucosa
intestinal, além de possuírem efeitos anti-inflamatórios e efeitos epigenéticos nas células
Tregs favorecendo as respostas imunológicas de tolerância intestinais. Assim pode se dizer
que as fibras dietéticas são substratos para bactérias intestinais que moldam o ecossistema
bem como a diversidade bacteriana intestinal. [125] Existem outras variações genéticas que
78
podem predispor a doenças alérgicas por meio da função imunológica alterada que não estão
relacionados com defeitos da barreira epidérmica. Estas envolvem, a defeitos primários e
secundários na função das células treg. Entre os secundários podemos citar causas por
alterações funcionais das APC. [132].
entrada de alérgenos (com ou sem infecções bacterianas) que por sua vez desencadeia a
subsequente sensibilização epicutânea a alérgenos ambientais inclusive alimentares. Este
processo estimula a produção de células Th2 antígeno-específicas cuja recirculação distribui
estes linfócitos nos tecidos linfoides associado às mucosas (MALT) incluindo os brônquios
(BALT) e trato gastrintestinal (GALT). A presença de células de memória com perfil Th2 no BALT
o tornam sensibilizado e ao entrar em contato com os respectivos alérgenos provoca
inflamação das vias aéreas altas (traduzido clinicamente por renite) ou inferiores (traduzido
clinicamente pela asma).
Existe uma correlação entre atopias em geral tais como: histórico familiar de asma
brônquica ou rinite alérgica; dermatite atópica; hipersensibilidade a drogas e eosinofilia com
a EoE. [120] Outro fato que merece destaque é a relação existente entre o aumento de
bactérias comensais no início da vida somado ao tipo de parto (cesariana) e o usos de
antibióticos envolvidos do desencadeamento da EoE em crianças e em adultos. [141]
Até o momento desta revisão o tratamento de eleição para a EoE é estratégia SFED –
6 food elimination diet. Esta é uma dieta de exclusão dos 6 alimentos mais prevalentes que
estão associados a este quadro clinico, são eles: proteína do leite, soja, ovo, trigo,
amendoim/nozes e frutos do mar. Os trabalhos de Benitez, Hoffmann [129], Lucendo, Molina-
Infante [163] demonstram uma remissão de 74% dos casos. Comparações diretas entre os
microbiomas orais e esofágicos revelaram diferenças significativas de gêneros entre os
microambientes. Assim a hipótese prevalente é que o microbioma esofágico em indivíduos
EoE é distinto dos indivíduos sem EoE, e que o microbioma do esófago se modifica após a
manipulação da dieta, ao mesmo tempo que influencia a atividade da doença.
segmentar que pode atingir qualquer parte do trato gastrintestinal, embora haja predileção
pelo íleo, tipicamente associado às placas de Peyer. [128, 135]
reações inflamatórias à mucosa intestinal disbiótica e não a patógenos; desta forma pesquisas
têm focado no papel da microbiota intestinal e na possibilidade de atenuar a doença através
da sua manipulação. [127]
genéticos estão na base da discussão controversa na clínica quanto à etiologia das alterações
funcionais induzidas por dietas contendo trigo. Estratégias de modulação de microbioma com
base no uso de cepas capazes de degradar a ATI (wheat amylase trypsin inhibitors) que poderia
substituir as restrições alimentares, em pacientes com sensibilidade ao trigo. [137]
7 CONCLUSÃO
Uma intervenção probiótica precoce pode ser uma importante terapêutica não só na
prevenção como também no tratamento de doenças alérgicas. A inclusão de alimentos
prebióticos, probióticos ou simbióticos na alimentação do indivíduo pode influenciar o
desenvolvimento de uma microbiota benéfica e consequentemente inibir o crescimento de
patógenos resultando na manutenção ou reestabelecimento do estado eubiótico da
microbiota do trato gastrointestinal, com o suporte das células do sistema imunológico.
85
É válido mencionar que há uma janela de oportunidade que se inicia antes mesmo do
nascimento e que está associado ao tipo de parto. Desta forma, a compreensão do
funcionamento da homeostase, da simbiose microbiótica (microrganismos e seus
subprodutos) e do hospedeiro é de suma importância para a elucidação dos mecanismos de
tolerância ou desequilíbrio imunológico, no contexto do estado fisiológico de saúde e
doenças, principalmente as imunomediadas.
Essa revisão nos permite concluir que a administração de probióticos com cepas
específicas, bem como de prebióticos dietéticos pode modificar a composição do ecossistema
intestinal, embora ainda sejam necessários mais estudos. Em virtude de uma rápida e
reprodutível resposta da microbiota à intervenção proposta, uma abordagem promissora de
modulação do microbioma permite ser utilizada na terapêutica de diversas doenças bem
como sugere a necessidade de prescrições dietéticas individualizadas com o objetivo de
prevenir e/ou tratar doenças.
Assim a análise da revisão de escopo dos dados na literatura internacional nos mostra
um aumento crescente das alergias alimentares, bem como da sua interação com o processo
de disbiose intestinal, mostrando uma correlação entre estes processos. Estudos nos mostram
que é possível a utilização de cepas probióticas para a prevenção e tratamento da disbiose
intestinal e desta forma, podem prevenir e minimizar, respectivamente, os “gatilhos” das
alergias alimentares.
Assim, para a nossa pergunta norteadora “Existe uma relação direta da disbiose intestinal
com as alergias?” pode-se dizer que a resposta é sim, no entanto ainda não é possível definir
quem vem primeiro
86
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9 ANEXOS
[161] Leite, L., et. al.. (2014). O trato gastrointestinal concentra o maior número e diversidade de bactérias que
"Papel da microbiota colonizam o corpo humano. Esta microbiota pode contribuir em vários processos
na manutenção da fisiológicos como a digestão, transporte e absorção de nutrientes, metabolismo,
fisiologia imunomodulação e proteção contra agentes patogênicos. Sabe-se que no
gastrointestinal: uma estabelecimento da microbiota estão envolvidos vários fatores como o tipo de parto,
revisão da literatura. " aleitamento materno, introdução de nutrientes e características genéticas e, o seu
Boletim Informativo desenvolvimento pode ser favorecido pelo uso de probióticos, prébióticos e simbióticos.
Geum 5(2): 54. Desta forma, objetivou-se com este trabalho mostrar a importância da microbiota na
maturação do sistema gastrointestinal e na manutenção do sistema imunitário, através de
uma revisão bibliográfica em 48 artigos de 1998 a 2013 em bancos de dados como
Medline, Scielo e Sciencedirect onde foi possível observar a sua influência nos mecanismos
de defesa e papel salutogênico.
[162] Lightfoot, Y. L., et. al.. Intestinal immune regulatory signals govern gut homeostasis. Breakdown of such
(2015). "SIGNR3- regulatory mechanisms may result in inflammatory bowel disease (IBD). Lactobacillus
dependent immune acidophilus contains unique surface layer proteins (Slps), including SlpA, SlpB, SlpX, and
regulation by lipoteichoic acid (LTA), which interact with pattern recognition receptors to mobilize
Lactobacillus immune responses. Here, to elucidate the role of SlpA in protective immune regulation,
acidophilus surface the NCK2187 strain, which solely expresses SlpA, was generated. NCK2187 and its purified
layer protein A in SlpA bind to the C-type lectin SIGNR3 to exert regulatory signals that result in mitigation
colitis. " EMBO J 34(7): of colitis, maintenance of healthy gastrointestinal microbiota, and protected gut mucosal
881-895. barrier function. However, such protection was not observed in Signr3(-/-) mice,
suggesting that the SlpA/SIGNR3 interaction plays a key regulatory role in colitis. Our work
presents critical insights into SlpA/SIGNR3-induced responses that are integral to the
potential development of novel biological therapies for autoinflammatory diseases,
including IBD.
[163] Lucendo, A. J., et. al.., INTRODUCTION: Eosinophilic esophagitis (EoE) is one of the most prevalent esophageal
Guidelines on diseases and the leading cause of dysphagia and food impaction in children and young
eosinophilic adults. This underlines the importance of optimizing diagnosys and treatment of the
esophagitis: evidence- condition, especially after the increasing amount of knowledge on EoE recently
based statements and published. Therefore, the UEG, EAACI ESPGHAN, and EUREOS deemed it necessary to
recommendations for update the current guidelines regarding conceptual and epidemiological aspects,
diagnosis and diagnosis, and treatment of EoE. METHODS: General methodology according to the
management in Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation (AGREE) II and the Grading of
children and adults. Recommendations Assessment, Development, and Evaluation (GRADE) system was used
United European in order to comply with current standards of evidence assessment in formulation of
Gastroenterol J, 2017. recommendations. An extensive literature search was conducted up to August 2015 and
5(3): p. 335-358. periodically updated. The working group consisted of gastroenterologists, allergists,
pediatricians, otolaryngologists, pathologists, and epidemiologists. Systematic evidence-
based reviews were performed based upon relevant clinical questions with respect to
patient-important outcomes. RESULTS: The guidelines include updated concept of EoE,
evaluated information on disease epidemiology, risk factors, associated conditions, and
natural history of EoE in children and adults. Diagnostic conditions and criteria, the yield
of diagnostic and disease monitoring procedures, and evidence-based statements and
recommendation on the utility of the several treatment options for patients EoE are
provided. Recommendations on how to choose and implement treatment and long-term
management are provided based on expert opinion and best clinical practice.
CONCLUSION: Evidence-based recommendations for EoE diagnosis, treatment
modalities, and patients' follow up are proposed in the guideline.
117