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NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ANTIBIOTERAPIA E O

ACONSELHAMENTO NA FARMÁCIA

FISIOLOGIA E FARMACOTERAPIA
ANO LETIVO 2022/2023
TURMA: 10º ANO
MÓDULO 10156
PROF: PATRÍCIA QUEIRÓS
OBJETIVOS:

 Reconhecer a importância do uso racional dos antimicrobianos


no tratamento de doenças infeciosas.

 Identificar a organização celular dos procariotas e eucariotas.

 Identificar os mecanismos gerais de resistência bacteriana.

 Identificar os princípios gerais de ação antibacteriana e grupos de


antimicrobianos.

 Aconselhar a utilização de medicamentos não sujeitos a receita


médica (MNSRM) e produtos de saúde nas
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 patologias infeciosas mais frequentes na farmácia.
ORGANIZAÇÃO CELULAR:
 As células são as unidades estruturais e funcionais dos seres vivos. Todos os seres vivos são constituídos por
células, com exceção dos vírus, que são organismos acelulares.

 Alguns organismos são formados por uma única célula (seres unicelulares), outros, por sua vez, são formados
por várias células (seres pluricelulares).

 A célula tem todo o material necessário para realizar processos vitais, como nutrição, libertação de energia e
reprodução.

 As células podem ser classificadas em dois grandes grupos: procarióticas e eucarióticas (possuem núcleo bem
definido).

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

 Todos os seres vivos são agrupados de acordo com as suas características comuns, tornando possível conhecer e
analisar a Biodiversidade no planeta, entender graus de parentesco evolutivo entre indivíduos e perceber os
momentos onde existiu necessidade de adaptação.

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- FORMA DE OBTENÇÃO DE ALIMENTO

 Autotróficos: seres vivos capazes de sintetizar o próprio alimento. Exemplo: Plantas,Algas, Bactérias.

➢ Fotossintetizantes: utilizam a energia luminosa para produzir matéria orgânica através da Fotossíntese. Exemplo: Plantas.

➢ Quimiossintetizantes: utilizam compostos químicos inorgânicos para produzir matéria orgânica por Quimiossíntese.

Exemplo: Bactérias.

 Heterotróficos: seres vivos que não são capazes de sintetizar o próprio alimento, devendo obter a matéria orgânica

necessária para o seu metabolismo através do consumo de outros seres vivos ou de matéria orgânica produzida pelos
autotróficos.

➢ Herbívoros: seres que se alimentam de Plantas. Exemplo:Vacas, Elefantes.

➢ Carnívoros: seres que se alimentam de outros seres, geralmente através da caça ou de restos de animais. Exemplo: Leão, Hiena.
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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- NÍVEL TRÓFICO

 Produtores: são a base da cadeia alimentar, ocupando o 1º Nível Trófico. São os organismos autotróficos como
as plantas e as algas.

 Consumidores Primários: herbívoros que se alimentam dos Produtores. Exemplo: coelho.

 Consumidores Secundários: carnívoros que se alimentam de Consumidores Primários. Exemplo: raposa.

 Consumidores Terciários: carnívoros que se alimentam de outros carnívoros (Consumidores Secundários).


Exemplo: águia.

 Apex Predator: animais no topo da cadeia alimentar, sem predadores naturais. Exemplo: leão, orca, homem.

 Decompositores: seres que contribuem para a reciclagem de nutrientes no ecossistema, alimentando-se de


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restos de carcaças de outros indivíduos. Exemplo: fungos.
CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- NÍVEL TRÓFICO

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- TAXONOMIA

 A classificação básica dos seres vivos é feita em Ordem Decrescente (do Maior para o Menor):

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- TAXONOMIA

 Existem 3 Domínios:

 Bacteria: inclui todos os organismos unicelulares e procariontes. Engloba bactérias que causam doenças ao
homem e também as que se encontram em ambientes como água e solo.

 Archaea: representado por organismos geralmente quimiossintetizantes e procariontes, que não encaixam no
Domínio anterior. Muitos dos representantes são Extremófilos – organismos capazes de viver em condições
extremas – que acabam por estabelecer os limites de tolerância dos seres vivos às condições climáticas.

 Eucarya: inclui apenas organismos eucariontes, unicelulares, como os Protozoários, ou Multicelulares, como
Animais, Fungos e Plantas.
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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- TAXONOMIA

 5 Reinos

 Monera: bactérias e semelhantes

 Protista: protozoários

 Fungi: Fungos

 Planta: todos os tipos de plantas

 Animal: animais aquáticos, voadores ou terrestres

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS- TAXONOMIA

 A classificação dos seres vivos em cinco reinos da biologia foi feita baseando-se em três critérios básicos:

 Organização estrutural celular: procarionte ou eucarionte / unicelular ou pluricelular)

 Tipo de nutrição: autotrofismo (fotossíntese, quimiossíntese) ou heterotrofismo (ingestão ou absorção)

 Função nos ecossistemas: produtores, macroconsumidores, microconsumidores ou decompositores

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CONSTITUIÇÃO CELULAR

 Núcleo: encontra-se somente em células eucariontes,


concentra o material genético, ou seja, DNA e RNA. Esta
estrutura, portanto, é responsável pelo controle de todas as
funções celulares e pelo armazenamento das informações
genéticas.

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CONSTITUIÇÃO CELULAR

 Citoplasma: Responsável por manter a forma da célula e


concentrar substâncias essenciais para sua atividade, o
citoplasma é a região interna à membrana onde ocorrem as
reações da célula.

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CONSTITUIÇÃO CELULAR

 Membrana citoplasmática: constituída por fosfolipídios e


proteínas, trata-se da estrutura que envolve a célula,
responsável, portanto, por controlar tudo que entra e sai.
Através desta ocorrem os transportes ativo e passivo de
iões e moléculas.

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DIVISÃO DAS CÉLULAS:

 A divisão celular pode ser dividida em duas etapas: a primeira, denominada interfase, no qual a célula está a ser
preparada para a divisão celular; e a segunda, quando ocorre a divisão celular, caracterizada pela mitose, com a
separação do núcleo e a citocinese, que é a separação do citoplasma

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DIVISÃO DAS CÉLULAS:

 A interfase é uma fase relativamente


longa quando comparada com a fase
micótica. Durante este período, a célula
procede à síntese de diversos
constituintes que conduzem ao
crescimento e à maturação. Desta
forma, a interfase permite que a célula se
prepare para uma nova divisão.

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DIVISÃO DAS CÉLULAS:

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FASE MICÓTICA: MITOSE E CITOCINESE

 A mitose é um período onde o núcleo sofre um conjunto de transformações que culminam com a sua divisão.
 Embora a mitose seja um fenómeno continuo divide-se em 4 fases:
 Profase, Metafase, anafase e telófase.

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FASE MICÓTICA: MITOSE E CITOCINESE

 Citocinese: para que termine a divisão


celular é necessário dividir o citoplasma em
duas partes, cada uma com o seu núcleo.
Este processo é chamado de citocinese e
apresenta aspetos diferentes consoante se
trate de uma célula animal ou vegetal.

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RELAÇÃO PARASITA/HOSPEDEIRO: TIPOS DE RELAÇÃO

 Parasitismo: relações em que um organismo - Parasita - é beneficiado às custas de outro – Hospedeiro. O


efeito de um parasita no hospedeiro pode ser Mínimo, sem lhe afetar as funções vitais – Piolhos, ou pode causar
doenças graves e até mesmo a morte – vírus e bactérias. Nestes casos extremos, o parasita normalmente morre
com o seu hospedeiro, mas, em alguns casos, o parasita pode-se ter reproduzido e passado os seus descendentes,
que podem ter infestado outros hospedeiros – Plasmodium.

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PARASITISMO:

 Parasita: organismos que, com a finalidade de se alimentar, reproduzir ou completar o seu ciclo de vida, vivem
em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o
organismo hospedeiro. Os parasitas são tipicamente muito mais pequenos que os seus hospedeiros, geralmente
não o matam e vivem neles por extensos períodos temporais. São seres altamente especializados e reproduzem-
se mais rapidamente que o hospedeiro. Todas as doenças infeciosas em animais são causadas por seres
considerados parasitas – Parasitose.

 Os parasitas mais comuns são: vírus, bactérias, vermes, artrópodes, protozoários – agentes da malária, da doença
do sono e disenteria. Podem ser classificados quanto:

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PARASITISMO: ESPECIFICIDADE PARASITÁRIA

 Estenoxenos: afetam somente uma espécie hospedeira ou um grupo de espécies muito próximas. Exemplo:
Ascaris lumbricoides (lombrigas), Plasmodium (malária),Taenia.

 Eurixenos: apresentam uma ampla variedade de hospedeiros. Exemplo: Toxoplasma gondii (toxoplasmose),
Leishmania.

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PARASITISMO: PARTE DO CORPO DO HOSPEDEIRO ATACADA

 Ectoparasitas: atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro. Exemplo: piolhos, pulgas, carrapatos.

 Endoparasitas: vivem no interior do corpo do hospedeiro. Exemplo: ténias, vírus.

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PARASITISMO: PARTE DO CORPO DO HOSPEDEIRO ATACADA

 Hemoparasitas: vivem na corrente sanguínea. Exemplo: Plasmodium, tripanossomas.

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PARASITISMO: NECESSIDADE

 Parasitas Obrigatórios: o parasita depende do hospedeiro para sobreviver. Exemplo: vírus.

 Parasitas Facultativos: não dependem do hospedeiro para sobreviver, mas escolhem parasitá-lo.

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PARASITISMO:

 Hospedeiro: organismo que abriga um parasita no seu corpo, constituindo o seu habitat. O parasita pode ou não

causar doença ao hospedeiro. Os hospedeiros podem ser:

 Primário ou Definitivo: organismo que apresenta o parasita na sua fase adulta ou na sua forma sexuada. São

imprescindíveis para o parasita. Exemplo: Schistosoma mansoni e Trypanosoma cruzi (Doença das Chagas), têm no
ser humano o seu hospedeiro definitivo; já o do Plasmodium é o mosquito Anopheles.

 Secundário ou Intermédio: apresentam o parasita em fases iniciais do seu crescimento, na sua fase de larva ou

assexuada. Exemplo: no caso da ténia, o seu hospedeiro primário é o humano, mas o intermediário é o porco,
onde se desenvolve no seu músculo.
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PARASITISMO:

 Paraténico ou de Transporte: é o organismo que serve de reservatório temporário para a fase imatura do parasita,
não sendo necessário para completar o seu ciclo de vida. Aqui, o parasita pode acumular-se em grande número,
aumentando as suas possibilidades de sobrevivência e transmissão. Exemplo: Gnathostoma tem como hospedeiros
definitivos mamíferos carnívoros. As fezes destes animais contaminam a água, onde o parasita inicia o seu
desenvolvimento e pode ser ingerido por pequenos crustáceos. Estes crustáceos são ingeridos por peixes ou
sapos (Hospedeiros Secundários), que podem ser ingeridos imediatamente pelos carnívoros, ou por patos e
cobras que se tornam Hospedeiros Paraténicos

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PARASITISMO- VETORES

 Os vetores: podem ser artrópodes, moluscos, entre outros veículos


capazes de transmitir o parasita entre 2 hospedeiros.

 Biológicos: quando o parasita se reproduz ou desenvolve nesse vetor.

 Mecânico: quando o parasita não se reproduz nem desenvolve no vetor,


sendo este apenas um transporte.

 Inanimado/Fómites: quando o parasita é transportado por objetos como


lenços, talheres, seringas.

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COMENSALISMO:

 Comensalismo: apenas uma espécie é beneficiada sem causar prejuízo à


outra. É considerada uma relação Harmoniosa, sendo um exemplo desta
o tubarão e a remora. A remora fixa-se na parte ventral do tubarão,
utilizando uma ventosa, sendo assim transportada e aproveitando os
restos alimentares do tubarão. Também os urubus mantêm uma relação
comensal com os humanos e outros mamíferos. A ave alimenta-se do
desperdício humano, nas lixeiras ou de carcaças velhas. Outro exemplo, é
a relação mantida entre o homem e a Entamoeba coli, um protozoário
que vive no intestino grosso e se alimenta de restos digestivos, sem
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causar doença.
MUTUALISMO:

 Mutualismo: indivíduos de espécies diferentes vivem associados, sendo


dependentes ou não desta associação. Aqui, todos são beneficiados, sendo
assim uma relação Harmoniosa. O mutualismo é uma parte fundamental da
ecologia, já que estas interações são vitais para o funcionamento dos
ecossistemas: 48% das plantas terrestres dependem de micorrizas para
sobreviver; as florestas tropicais dependem de animais para dispersão de
sementes.

 Exemplos: Polinização – as plantas fornecem comida (néctar ou pólen) em


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troca de dispersão de pólen ou sementes por abelhas e beija-flores.


INFEÇÃO
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INFEÇÃO:

 Infeção: quando ocorre a invasão e colonização do organismo hospedeiro por parasitas internos (bactérias,
vírus, fungos, parasitas). A colonização do organismo pela flora normal, desde que mantida nas suas áreas
normais, não é uma infeção. No entanto, se estas bactérias colonizam outro local em que não deviam estar,
passamos a ter infeção

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TIPOS DE INFEÇÃO:

 Infeção Sistémica: o parasita espalha-se pelos tecidos pela circulação sanguínea.

 Infeção Localizada: o microrganismo mantém-se isolado num determinado local, como o sítio de uma ferida.

 Infeção Primária: infeção inicial numa série de possíveis infeções.

 Infeção Secundária: infeção que se apresenta após a primária. Exemplo: a infeção primária pode enfraquecer o
sistema imunitário, permitindo infeções secundárias – Oportunistas.

 Infestação: quando o ataque é por parasitas externos, como os artrópodes (piolho, carrapato).

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FORMAS DE TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECIOSOS

 Uma Infeção começa com a exposição do hospedeiro ao agente infecioso, que habita em reservatórios como
seres humanos ou outros animais, água, solo ou comida. O agente infecioso sai do seu reservatório e propaga-se
de um hospedeiro infetado para outro. Os Portadores desempenham aqui um papel importante, já que
transportam o agente sem apresentarem sintomas da doença.

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FORMAS DE TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECIOSOS

 Os agentes infeciosos podem ser transmitidos de variadas maneiras:

→ Contacto Direto: inclui contacto entre hospedeiros, seja através de beijos ou relações sexuais, onde uma pessoa entra
em contacto com a pele e fluidos corporais de outra pessoa. Uma grávida pode transmitir um agente infecioso ao seu feto
– Transmissão

→ Vertical – durante a gravidez ou durante o parto.

→ Transmissão por Transfusão de Sangue Infetado

→ Transmissão por Gotículas: também pode ser considerada uma forma de contacto direto. Envolve a transmissão do
agente por pequenas gotículas respiratórias, quando um hospedeiro infetado tosse ou espirra, que são depois inaladas por
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outro hospedeiro.
FORMAS DE TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECIOSOS

→ Contacto Indireto: envolve a transferência do agente infecioso através de um intermediário, como um objeto
ou pessoas contaminados. O agente pode ser depositado num objeto inanimado – Fómites – que é depois utilizado
por outra pessoa. Isto inclui partilha de brinquedos, talheres, contacto em superfícies comuns como maçanetas ou
um teclado de computador. Se um médico ou enfermeiro não trocar de luvas entre pacientes, também pode
transmitir patógenes.

→ Transmissão Aérea (Airborne): ocorre quando agentes infeciosos estão presentes em pequenas partículas ou
gotículas no ambiente, que podem percorrer distâncias maiores, permanecendo infeciosas durante algum tempo.

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FORMAS DE TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECIOSOS

→ Transmissão Fecal-Oral: ocorre quando o agente infecioso está presente nas fezes de um hospedeiro infetado.
As fezes vão, por sua vez, contaminar alimentos e água, que podem ser consumidos por outro hospedeiro.

→ Transmissão por Vetores: acontece quando um artrópode (mosquitos, moscas, pulgas) ou outro animal
(morcego) está envolvido na transmissão. Geralmente, o artrópode morde/pica um hospedeiro infetado, transmitindo
o agente infecioso quando vai picar um novo hospedeiro.

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MECANISMOS DE DEFESA:

Barreiras naturais

Respostas imunitárias inespecíficas

Respostas imunes específicas

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BARREIRAS NATURAIS - PELE

 A pele é o maior órgão e confere proteção contra a entrada de microrganismos invasores, a menos que esteja
rompida (p. ex., por artrópodes vetores, lesões, acessos IV e/ou incisão cirúrgica).

 Exceções incluem:

 Papilomavírus humano (causa verruga)

 Alguns parasitas;

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BARREIRAS NATURAIS- MUCOSAS:

 As mucosas possuem secreções que contêm propriedades antimicrobianas.


 Exemplo:
 Muco cervical;
 Líquido prostático;
 Lágrimas
 Assim conseguem proteger-se das bactérias impedindo a infeção.

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BARREIRAS NATURAIS- TRATO RESPIRATÓRIO

 O trato respiratório contém filtros nas vias respiratórias superiores (pêlos no nariz).

 Se os microrganismos invasores alcançam a árvore traqueobrônquica, o epitélio mucociliar


transporta-os para fora dos pulmões.

 A tosse é também um mecanismo de defesa que auxilia nas remoções dos organismos. Se os
microrganismos alcançam os alvéolos, macrófagos alveolares e histiócitos teciduais irão
fagocita-los (elimina-los).

 Estas defesas podem ser superadas pelo grande tamanho do inóculo ou ter sua eficácia
comprometida por poluentes do ar (p. ex., fumo de cigarro), pela interferência nos
mecanismos protetores (p. ex., entubação endotraqueal ou traqueostomia) ou por defeitos
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congênitos (p. ex., fibrose cística).


BARREIRAS NATURAIS- GASTROINTESTINAL

 As barreiras naturais do trato gastrintestinal incluem o pH ácido do estômago e a atividade antibacteriana das
enzimas pancreáticas, bílis e secreções intestinais.

 O peristaltismo e a perda normal de células epiteliais intestinais removem os microrganismos. Se por ventura o
peristaltismo é lento (p. ex., utilização de fármacos como a beladona ou alcaloides opiáceos), essa remoção é mais
demorada e prolonga algumas infeções, como a shigelose sintomática.

 A flora intestinal normal pode inibir os microrganismos patogénicos: a alteração desta flora pelo uso de
antimicrobianos pode permitir o crescimento excessivo de microrganismos (p. ex., Salmonella Typhinurum),
crescimento exacerbado e formação de toxinas de C. difficile ou infecção secundária por microrganismos
habitualmente comensais (p. ex., Candida albicans). 44
RESPOSTAS IMUNITÁRIAS INESPECÍFICAS (RESPOSTAS IMUNITÁRIAS CONGÉNITAS)

 Quando o organismo é afetado por algum microrganismo, irá desenvolver


uma resposta imunitária para se defender, ou seja, irá produzir substâncias
capazes de eliminar/combater o agente agressor- ocorre uma resposta
inflamatória.

 A resposta inflamatória distribui os componentes do sistema imunitário


para os locais de lesão ou de infeção e manifesta-se por aumento da
distribuição sanguínea e permeabilidade vascular, que permite que
peptídeos quimiotáticos, neutrófilos e células mononucleares deixem o
compartimento intravascular.
Fagocitose
 A disseminação microbiana é limitada pela fagocitose de microrganismos
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por fagócitos (p. ex., neutrófilos e macrófagos).
RESPOSTAS IMUNITÁRIAS ESPECÍFICAS (RESPOSTAS IMUNITÁRIAS ADAPTATIVAS)

 Após a infeção, o hospedeiro pode produzir vários anticorpos que se ligam a antigénios microbianos
específicos. Os anticorpos podem auxiliar a eliminar o microrganismo infetante atraindo os leucócitos do
hospedeiro e ativando o sistema complemento.

 O sistema complemento destrói as paredes celulares dos microrganismos. Os Anticorpos também podem
promover a deposição de substâncias conhecidas como opsoninas na superfície dos microrganismos, o que ajuda
a promover fagocitose.

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BACTÉRIAS 47
BACTÉRIAS:

 As bactérias são organismos Procariontes Unicelulares, do Reino Monera.

 Muitas vivem sobre e dentro do corpo de pessoas e animais, na pele, vias respiratórias,
boca e tratos digestivo, reprodutivo e urinário, sem causar nenhum dano – Flora
Habitual ou Microbioma.

 O número de bactérias na nossa microbiota é, no mínimo, igual ao número de células


no organismo, ajudando na digestão de alimentos ou prevenindo o crescimento de
outras bactérias mais perigosas.

 Assim, o organismo contém várias centenas de espécies diferentes de bactérias e


triliões de bactérias individuais. As espécies são diferentes entre locais, refletindo o 48

ambiente também diferente.


BACTÉRIAS:

 Apenas alguns tipos de bactérias causam doenças – Bactérias Patogénicas, mas, por vezes, mesmo as bactérias
do Microbioma podem fazê-lo. Se as membranas mucosas sofrerem uma lesão, a bactéria passa a ser capaz de
provocar doença, pois entra em tecidos que estão geralmente fora dos seus limites e não têm defesas contra elas.
Exemplo: bactérias do intestino que tentam viver na bexiga.

 Podem, também, entrar na corrente sanguínea, espalhando-se. As bactérias causam doença ao produzirem toxinas,
ao invadirem tecidos ou ambos, provocando inflamações que podem afetar o coração, o SN, os rins e o TGI.
Podem, ainda, aumentar o risco de cancro – Helicobacter pylori.

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BACTÉRIAS- ESTRUTURA

→ Citoplasma: como são procariontes, é aqui que o material genético se


encontra disperso. Este material genético é constituído por uma molécula
Circular de DNA - Nucleoide – e, em algumas bactérias, existem moléculas
adicionais, os Plasmídeos – zonas do DNA que ajudam a defender as bactérias da
ação dos antibióticos pois possuem Genes Resistentes. Também existem
Ribossomas no citoplasma, que produzem proteínas.

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BACTÉRIAS- ESTRUTURA

→ Membrana Plasmática e Parede Celular: a Membrana Plasmática


delimita o citoplasma e é revestida pela Parede Celular, que torna a célula
Impermeável à entrada de água.

Algumas bactérias têm, ainda, uma Cápsula externa que as protege da


desidratação e de serem comidas, defendendo a bactéria e ajudando-a a fixar-
se ao hospedeiro.

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BACTÉRIAS- ESTRUTURA

→ Flagelo, Pili ou Fimbria: ajudam à locomoção da bactéria, através do seu batimento.

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BACTÉRIAS:

 Nutrição: a grande maioria das bactérias são Heterotróficas, alimentando-se de substâncias produzidas por outros
seres vivos. No entanto, algumas são Autotróficas.

 Reprodução: as bactérias reproduzem-se de forma Assexuada, principalmente por Divisão Binária. Nesta divisão, o
cromossoma é duplicado e a célula divide-se ao meio, dando origem a duas bactérias iguais. Este processo é
extremamente rápido, motivo pelo qual a proliferação de bactérias em infeções é tão rápida.

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BACTÉRIAS- REPRODUÇÃO

 Outro modo de reprodução é a


Esporulação (formação de esporos),
que acontece quando a bactéria
está exposta a condições críticas
como falta de água e nutrientes.

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BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO

Gram-positivas

Gram-negativas

Micobactérias (lepra, tuberculose)

Riquétsias (pulgas, piolhos)

Espiroquetas (Sífilis, Leptospirose)

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Atípicas (Micoplasmas – Pneumonia; Legionela


BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO- NOME CIENTÍFICO

 As bactérias são classificadas por Género, com base nas


suas características semelhantes, seguido da Espécie.
Exemplo: Clostridium botulinum. Dentro da espécie,
existem Estirpes, que tendo um ancestral comum, diferem
na formação genética e nos componentes químicos. Por
vezes, alguns medicamentos e vacinas contra determinada
bactéria são eficazes apenas contra determinada estirpe.

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Clostridium botulinum.
BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO- COLORAÇÃO

 As bactérias podem ser classificadas pela cor que apresentam


após certas substâncias químicas lhes serem aplicadas. A
coloração de Gram é o processo mais utilizado para
identificação de bactérias, que adquirem cores diferentes
devido a diferenças nas paredes celulares.

 Estas bactérias dividem-se em 2 grupos, que podem


provocar diferentes infeções e serem resistentes a diferentes
antibióticos:

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BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO

 Gram-positivas: a sua Parede Celular é uma camada espessa de peptidoglicano. Estas bactérias ficam com uma cor azul-violeta. Podem
apresentar-se sob duas formas, Cocos ou Bacilos , e apenas algumas causam doença.A maioria integra o nosso Microbioma. Exemplos:

➢ Anthrax (bacilo)

➢ Difteria (bacilo)

➢ Infeções Enterocócicas (cocos) - Celulite

➢ Listeriose (bacilo)

➢ Infeções Pneumocócicas (cocos) – Pneumonia, Meningite, Sinusite, Otite


Anthrax (bacilo)
➢ Infeções por Staphylococcus aureus (cocos)

➢ Infeções Estreptocócicas (cocos) - Faringite 58


BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO
 Gram-negativas: bactérias com uma parede celular fina, que ficam com uma coloração vermelha. Estas bactérias estão envoltas numa Cápsula protetora
que ajuda a evitar que os Glóbulos Brancos as comam. Por baixo, a sua membrana externa protege-as contra alguns antibióticos, como a Penicilina. Quando
esta membrana é perturbada, liberta substâncias tóxicas – Endotoxinas – que agravam os sintomas nas infeções. Estas bactérias podem provocar Pneumonias,
Peritonites (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal), infeções no sangue, urinárias e meningite. Exemplos:

 Cólera

 Neisseria

 Escherichia coli – infeções urinárias e gastrointestinais

 Peste

 Febre Tifoide

 Legionela

 Salmonella
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 Haemophilus influenzae
BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO

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BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO- FORMA

 Formas: todas as bactérias podem ser classificadas com


uma de 4 formas básicas: Cocos (esferas), Bacilos
(bastonetes), Espiroquetas (espirais ou hélices) e
Vibriões (forma de vírgula).

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BACTÉRIAS- CLASSIFICAÇÃO- NECESSIDADE DE OXIGÉNIO

 Necessidade de Oxigénio: as bactérias que precisam de oxigénio chamam-se Aeróbias – Estafilococos,


Estreptococos, Enterococos, Neisseria; já as que têm dificuldade em viver e crescer quando o oxigénio está
presente são chamadas Anaeróbias.Algumas são Facultativas, que podem viver e crescer nas duas condições

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ANTIBIÓTICOS 63
ANTIBIÓTICOS:

→ Antibióticos: substâncias químicas com a capacidade


de interagir com bactérias patogénicas, com o intuito de
eliminar ou impedir a sua multiplicação, sendo assim
utilizados para no tratamento de infeções bacterianas. É
fundamental conhecer as concentrações em que os
antibióticos atuam.

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ANTIBIÓTICOS

 Para que um antibiótico apresente uma eficácia clínica considerável, deve:

1. Ser eficiente a baixas concentrações, caso contrário pode tornar-se tóxico para o paciente

2. Ter Toxicidade Seletiva, ou seja, ser ativo contra microrganismos invasores e inativo contra o hospedeiro

3. Ser específico contra o microrganismo patogénico sem destruir a microbiota normal

4. Ter ação Bactericida ou Bacteriostática - os antibióticos interferem no ciclo de vida dos microrganismos,
matando-os ou inibindo o seu metabolismo e/ou reprodução, o que permite ao sistema imunitário combatê-los
com maior eficácia

5. Ter um bom poder residual – tempo que a substância ativa mantém a sua proteção
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6. Não propiciar o aparecimento de linhagens resistentes


ANTIBIÓTICOS

Antibióticos naturais ( ex: penincilina)

Antibióticos semissintéticos (molécula, de origem


natural, é alterada em laboratório; Ex: oxacilina)

Antibióticos sintéticos- Quimiotrápicos- (obtido em


laboratório)

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ANTIBIÓTICOS – VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

Oral

Parentérica

Venosa

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MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

 Bacteriostáticos: apresentam a capacidade de parar o crescimento bacteriano,


inibindo a divisão celular. Exemplos: Macrólidos,Tetraciclinas, Sulfas.

 Bactericidas: para uma bactéria se dividir, precisa destruir a sua Parede Celular e
voltar a sintetizá-la. Estes antibióticos vão impedir este último passo (síntese), matado a
bactéria. Exemplo: Penicilinas, Cefalosporinas, Quinolonas, Aminoglicosídeos. Podem,
ainda, utilizar métodos como Destruição da Permeabilidade da Membrana Plasmática
(Polimixina B).

 Alguns antibióticos podem ter as duas ações, dependendo da dose em que são
administrados, da exposição e estado das bactérias invasoras. Os Bactericidas em dose
baixa podem ser Bacteriostáticos e estes, em dose elevada, podem-se tornar 68

Bactericidas.
COMO ESCOLHER UM ANTIBIÓTICO

 Antibiograma: depois de se identificar o microrganismo, obtemos uma amostra de bactérias do paciente


(sangue, fezes, urina, saliva) que distribuímos em meio de cultura, para que cresçam. A esta amostra juntamos
discos com concentrações conhecidas de vários antibióticos. Colocamos a 37ºC durante 16-24h e mede-se o
diâmetro dos Halos de Inibição de Crescimento. Os resultados possíveis são: S – Sensível, R – Resistente, I –
Intermédio. Na ausência de crescimento – Halo Maior –, diz-se que o microrganismo é sensível aquele antibiótico,
logo é o indicado para o tratamento da infeção.

69
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS

 A resistência é a capacidade da bactéria resistir aos efeitos de um ou mais antibióticos ou antimicrobianos. Esta
resistência pode ser:

Natural Adquirida

70
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS- NATURAL

 Natural (Primária ou Essencial): ou Insensibilidade. Estas bactérias não são consideradas um problema
clínico significativo. Neste caso, a bactéria apresenta um gene resistente a determinado antibiótico, mas NÃO é
capaz de o transmitir a outras bactérias. Na maioria dos casos, o microrganismo não apresenta o alvo de ação do
medicamento ou consegue destruir/inativar o antibiótico. Exemplos: Mycoplasma pneumoniae é resistente aos
antibióticos β-lactâmicos pois não tem parede celular, a estrutura alvo destes medicamentos; microrganismos
Anaeróbios apresentam resistência aos Aminoglicosídeos.

71
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS- ADQUIRIDA

 Adquirida (Secundária): este sim é um grave problema de saúde pública. Neste caso, o gene responsável pela
resistência pode passar de uma bactéria para outra – um microrganismo antes sensível ao antibiótico torna-se
resistente. O mecanismo de resistência pode acontecer por:

 Mutação: a bactéria é exposta ao antibiótico e sofre uma mutação no seu DNA tornando-a resistente. Exemplo:
Staphylococcus aureus e E. coli são resistentes a Quinolonas, pois o seu alvo apresenta diferenças estruturais
nestas bactérias.

 Transferência Genética. Exemplo: a β-lactamase, enzima que destrói os antibióticos β-lactâmicos, pode ser
transferida entre bactérias.

72
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS- ADQUIRIDA

 Conjugação: passagem do gene de resistência de uma célula dadora para uma recetora por contacto direto.

73
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS- ADQUIRIDA

 Transdução: o gene de resistência de uma bactéria passa para outra por Bacteriófagos.

74
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS- ADQUIRIDA

 Transformação: a bactéria incorpora DNA do meio envolvente.

75
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS

 O antibiótico não atinge o seu alvo: ou porque


não consegue entrar na bactéria porque esta
alterou a estrutura dos seus recetores, ou pela
existência de uma bomba que expulsa o antibiótico
da bactéria, caso ele entre. As Pseudomonas
conseguem eliminar Quinolonas, β-lactâmicos,
Cloranfenicol.

76
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS

 O antibiótico é Inativado: a bactéria produz enzimas


que inativam o antibiótico, antes dele atuar. Existem,
ainda, bactérias “toxicodependentes” que só crescem na
presença do antibiótico. Exemplo: β-lactamase inativa a
Penicilina e Cefalosporinas; CAT (E. coli) inativa o
Cloranfenicol; Klebsiella pneumonia destrói β-lactâmicos;
S. aureus altera a função dos aminoglicosídeos.

77
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS

 O alvo do antibiótico é alterado: o antibiótico não se consegue ligar ao seu alvo.

78
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA A ANTIBIÓTICOS

 Resistência Cruzada: uma bactéria pode adquirir resistência a vários antibióticos. Exemplo: o S. aureus é
resistente à Penicilina, com resistência cruzada a todos os seus derivados. Apenas a Vancomicina consegue
combater estas bactérias.

79
PRINCÍPIOS GERAIS DA TERAPÊUTICA ANTIBACTERIANA

1. Antimicrobianos de utilização exclusiva em profilaxia cirúrgica (cuja utilização deve ser limitada a dose única ou

excecionalmente até 24 horas);

2. Antimicrobianos de utilização regular: neste grupo serão incluídos os anti-infeciosos considerados como de uso

habitualmente seguro, grande experiência de uso, sem identificação de pressão seletiva significativa e com menor

impacto de custos;

3. Antimicrobianos com utilização condicionada, mediante justificação: neste grupo ficarão os anti-infeciosos com

características que aconselham à sua utilização controlada por alguma das seguintes razões: elevada toxicidade;

elevado efeito de pressão seletiva de agentes nosocomiais resistentes; constituírem a única terapêutica eficaz de
80

agentes “problema”; escassa experiência de utilização; custo elevado.


MECANISMO DE AÇÃO

→ Inibidores da Parede Celular (Bacteriolíticos): estes antibióticos vão interferir com a correta formação da
parede celular da bactéria, logo, atuam na altura em que estas se estão a dividir e multiplicar.

ATENÇÃO: Se juntarmos um antibiótico Bacteriostático a um Inibidor de Parede, este último perde o efeito, visto
que as bactérias deixam de se multiplicar. Exemplo: β-lactâmicos, Bacitracina,Vancomicina, Cefalosporinas.

81
MECANISMO DE AÇÃO

→ Alteração da Membrana Plasmática: pouco seletivos, apresentando elevada toxicidade sistémica, logo, são de
uso tópico. Exemplo:Anfotericina B.

→ Inibidores do Metabolismo: Sulfas e Trimetropim, inibem a síntese de ácido fólico.

→ Inibidores da Síntese de Ácidos Nucleicos: Quinolonas, Nitrofuranos, Metronidazol – DNA; Rifampicina,


Actinomicina – RNA.

→ Inibidores da Síntese de Proteínas: Tetraciclinas, Macrolídeos,Aminoglicosídeos, Cloranfenicol.

82
GRUPOS DE ANTIBIÓTICOS

Antibióticos anti-parietais (β-lactâmicos)

Antibióticos membrano-ativos

Antibióticos inibidores da síntese proteica

Antibióticos inibidores da síntese dos ácidos nucleicos

Antibióticos antimetabolitos

Nitrofuranos (bactericidas; Gram +/-) ex: Nitrodurantoína

83
Anti-tuberculose e anti-lepra
ANTIBIÓTICOS ANTI-PARIETAIS (Β-LACTÂMICOS)

 β-Lactâmicos: têm um Anel Betalactâmico na sua constituição, o qual pode


ser destruído pelas enzimas β-lactamases de algumas bactérias, conferindo-lhes
resistência a estes antibióticos. Assim, alguns destes antibióticos podem ser
associados a inibidores da β-lactamase, como o Ácido Clavulânico (Amoxicilina)
e o Sulbactam (Ampicilina), tornando-os mais eficazes na destruição das
bactérias.

 Atuam pela Inibição da Síntese da Parede Celular das bactérias, matando-as –


Bactericida. Exemplos: Penicilinas, Cefalosporinas.

84
ANTIBIÓTICOS ANTI-PARIETAIS (Β-LACTÂMICOS)

 Penicilinas: primeiro antibiótico a ser desenvolvido. A Penicilina em si é atualmente


pouco utilizada, pois a maioria das bactérias já apresenta resistência contra ela. No
entanto, é aconselhada para Sífilis e Amigdalites. É importante perceber que o espetro
de ação destes antibióticos varia, sendo a Piperacilina utilizada em infeções hospitalares e
a Amoxicilina em infeções simples da via aérea.

 Exemplos: Ampicilina (oral, intravenosa ou intramuscular; infeções do ouvido e garganta,


sinusite, abcessos, bronquite, pneumonia, infeções urinárias, gonorreia, salmonela),
Amoxicilina (oral; sinusite, infeções respiratórias, urinárias, dentárias, dos ossos e
articulações), Penicilina (oral, parentérica; meningites, septicemias, infeções respiratórias,
tétano, antrax), Penicilina G (via intramuscular ou endovenosa pois é destruída pelo pH
85
do estômago), Piperacilina (parentérica).
ANTIBIÓTICOS ANTI-PARIETAIS (Β-LACTÂMICOS)

 Cefalosporinas: existem 5 gerações (Gen) destes antibióticos, cada uma com maior espetro de ação que a
anterior. As cefalosporinas de 3ª Gen conseguem atravessar a Barreira Hematoencefálica, por isso são utilizadas na
Meningite. Exemplos: Ceftriaxona, Cefotaxima.

86
ANTIBIÓTICOS- ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE DOS
ÁCIDOS NUCLEICOS

 Quinolonas: antibióticos de espetro largo, que interferem na normal síntese de RNA, matando a bactéria
(Bactericida). São utilizadas em infeções urinárias e respiratórias, Antrax, gonorreia, otite, infeções por E. coli e
Salmonella.

 Podem provocar efeitos adversos graves e debilitantes, logo, não devem ser utilizadas como 1ª linha de
tratamento. O seu uso foi restringido na Europa

87
CLASSIFICAÇÃO DAS QUINOLONAS

88
ANTIBIÓTICOS- ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA

 Tetraciclinas: antibióticos geralmente tomados por via oral, que impedem a síntese de proteínas que as bactérias
necessitam para crescer e se multiplicar. Exemplos: Doxicilina.

89
INIBIDORES DA SÍNTESE DE PROTEÍNAS

 Aminoglicosídeos: afetam bactérias Gram-negativas, impedindo a sua multiplicação, e são mais utilizados de
forma intravenosa, em infeções graves. Exemplos: Gentamicina, Canamicina, Estreptomicina.

 Macrolídeos: antibióticos que interferem na síntese de proteínas e são utilizados em casos de pneumonia,
infeções oculares,Toxoplasmose. Exemplos:Azitromicina, Claritromicina, Eritromicina.

90
ANTI-TUBERCULOSE/LEPRA:

 Tratamento Anti-tuberculose: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol.

 Tratamento Anti-lepra: Dapsona, Rifampicina, Clofazimina.

 Para tratar bactérias com metabolismo lento, como a Mycobacterium tuberculosis (tuberculose) e a M. leprae
(lepra), é necessário mais que um antibiótico. O tratamento, nestes casos, tem como objetivo evitar o surgimento
de bactérias resistentes a um dos antibióticos.Assim, a ação dos 2 é mais eficaz do que um sozinho – Sinergia

91
OUTROS:

 Cloranfenicol – tratamento de infecções graves, possivelmente com risco de vida, causadas por microrganismos
susceptíveis que não podem ser tratadas com ou que não respondem a outros antimicrobianos eficazes e menos
tóxicos (Febre Tifóide, Salmonelose, Meningite);

 Sulfas – algumas são de uso tópico, para tratar queimaduras, infeções cutâneas, vaginais ou oculares;

 Glicopeptídeos – como a Vancomicina, importante contra as S. pneumoniae resistentes à penicilina;

 Metronidazol – antibiótico utilizado para prevenção de infeções em cirurgias intestinais ao cólon ou reto, para a
Giardíase (infeção do intestino delgado), contra infeções vaginais e septicemia.

 Polimixina B – utilizada contra bactérias Gram-negativas, é um antibiótico neuro e nefrotóxico, logo deve ser
utilizado em último recurso quando outros falham. Como não é absorvida no TGI, deve ser administrada por via
92

tópica, parentérica ou inalatória.


OUTROS:

 Rifampicina – utilizada, em conjunto com outros antibióticos, na Tuberculose (+ Isoniazida, Pirazinamida e


Etambutol), Lepra, Brucelose (+ Tetraciclina), Legionela (+ Eritromicina).

 Péptidos - Bacitracina, exclusiva de uso tópico, para afeções da pele.

93
94
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

 Espetro de Ação – número de espécies de microrganismo sensíveis a determinado antibiótico.

➢ Estreito: ativos contra poucas espécies de bactérias. Exemplo: Penicilinas de espectro curto, Vancomicina,
Macrólidos.

➢ Largo: ativos contra várias espécies de bactérias (Gram +, Gram -…). Exemplo: Tetraciclinas (Doxicilina),
Cefalosporinas (3ª-5ª Gen), Sulfas, Cloranfenicol, Canamicina e Gentamicina (Aminoglicosídeo), Macrólideos e
Ampicilina (Penicilina).

95
SUPERINFEÇÃO- SEPTICEMIA

 A sépsis – septicemia- é uma resposta imunológica extrema a uma infeção, que pode levar à falência dos órgãos e
até à morte. Ou seja, o sistema imunológico não consegue controlar os organismos invasores e surge uma infeção
generalizada.

 De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, 22% dos internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos
devem-se a situações de sépsis, originando uma mortalidade hospitalar global de cerca de 40%. A mortalidade das
formas mais graves da sépsis, como o choque séptico, é de cerca de 51%.

96
SUPERINFEÇÃO- SEPTICEMIA- SINTOMAS
 Febre superior a 38ºC

 Sudorese (transpiração) intensa

 Aumento da frequência cardíaca

 Aumento da frequência respiratória - respiração ofegante

 Calafrios ou prostração

 Mais grave:

 Estado de confusão mental

 Náuseas e vómitos

 Diminuição / ausência de urina

 Pele pálida ou manchada

 Alterações da função hepática (fígado) 97

 Tensão arterial mais baixa do que o normal


CONSELHOS AO UTENTE

 Nunca utilizar antibióticos sem autorização médica (receita);

 Utilizar nas doses adequadas;

 Efetuar a toma dos medicamentos até ao final da embalagem;

 Não beber bebidas alcoólicas aquando da toma de antibióticos.

 Não deve tomar antibióticos no caso de:

 Constipação;

 Gripe;

 Dor de garganta;

 Pingo no nariz;
98
 Tosse seca.
USO INDEVIDO DE ANTIBIÓTICOS

 Infeções virais

 Tratamento de febre de origem desconhecida

 Falta de informação sobre a infeção, as bactérias e as suas


resistências

99
VÍRUS 100
VÍRUS:

 O Vírus é uma partícula infeciosa que só se pode reproduzir infetando células hospedeiras. São seres Acelulares,
ou seja, não são células nem são constituídos por células, muito simples e pequenos (20–1000nm), que
atravessam os filtros normalmente utilizados para bactérias.

 São considerados Parasitas Intracelulares Obrigatórios pois não têm metabolismo próprio, e comandam uma
célula hospedeira viva, utilizando os seus recursos para realizar as suas atividades vitais e produzir mais vírus –
aminoácidos, nucleótidos para sintetizar DNA/RNA, ribossomas para síntese de proteínas e energia. As células
hospedeiras são reprogramadas para se tornarem em “Fábricas de Vírus”.

 Os vírus são, ainda, incapazes de aumentar em tamanho e de se dividir. Estas características impedem que sejam
101
considerados seres vivos.
VÍRUS:

 Fora do ambiente celular, os vírus são Inertes. No entanto, quando invadem uma célula, a sua capacidade de
replicação é surpreendente: 1 único vírus é capaz de dar origem a milhares de novos vírus, em poucas horas.

 Os vírus são capazes de infetar seres vivos de todos os domínios (Eucarya, Archaea e Bacteria). Por este motivo,
são os seres com maior diversidade biológica do planeta! No ser humano, provocam doenças como a gripe,
sarampo, febre amarela, meningite, hepatite, SIDA e varíola.

102
VÍRUS:

103
VÍRUS- ESTRUTURA

 Não existe um padrão único de estrutura viral. A estrutura


mais simples apresentada por um vírus consiste numa
molécula de ácido nucleico coberta por muitas proteínas
idênticas.

104
VÍRUS- ESTRUTURA

 Os vírus mais complexos podem ter várias moléculas de


ácido nucleico, assim como diversas proteínas associadas,
Cápside com formato definido e um complexo envelope
externo com espículas.

105
VÍRUS- ESTRUTURA

 Genoma Viral: uma ou várias moléculas de Ácidos Nucleicos (DNA ou RNA). A informação contida no vírus
será utilizada para sintetizar proteínas e novo DNA/RNA com a maquinaria da célula hospedeira.

 Capsídeo Proteico: conjunto de proteínas que envolve e protege o ácido nucleico viral da digestão por
enzimas. Tem regiões que permitem a passagem do ácido nucleico para o citoplasma da célula hospedeira. O
capsídeo tem sempre origem no genoma do vírus!

 Envelope: alguns vírus têm um revestimento externo formado por fosfolípidos, açúcares e proteínas em volta do
capsídeo, utilizados para ajudar na ligação e invasão da célula hospedeira, facilitando a fixação do vírus. O envelope
tem origem na célula hospedeira!

106
VÍRUS- MECANISMO DE INFEÇÃO

107
PERÍODO DE INCUBAÇÃO:

• Um período de incubação mais curto


significa que mais rapidamente
aparecem sintomas e mais depressa a
pessoa começa o seu tratamento,
diminuído probabilidades de contágio e
melhorando o prognóstico.

108
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 A infeção de uma célula hospedeira por um vírus é todo um


processo que pode demorar entre poucas horas até alguns
dias. Este processo chama-se Replicação Viral.

109
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 1. Adsorção do vírus à célula hospedeira: ligação do vírus à célula hospedeira. Proteínas no envelope (Espículas)
ou no capsídeo, ligam-se a recetores da membrana plasmática da célula hospedeira. Estas interações são
altamente especificas, como um modelo chave-fechadura, e determinam a tendência que o vírus tem para infetar
determinada célula ou tecido. Nos momentos iniciais de adsorção, a interação proteína-recetores ainda é
reversível. À medida que mais recetores se associam ao vírus, esta ligação torna-se irreversível, possibilitando a
entrada do vírus na célula.

110
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 2. Penetração do vírus no citoplasma: após aderir à membrana, os vírus devem entrar na célula, para que o seu
material genético seja processado e replicado. Este processo envolve a penetração no citosol e posterior
desmontagem do capsídeo, libertando o genoma viral. Existem dois mecanismos que permitem a entrada do vírus,
ambos dependentes da temperatura, que deve rondar os 37ºC:

111
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO- PENETRAÇÃO

 Endocitose: a partícula viral entra na célula através de endossomas - a membrana plasmática da célula hospedeira
rodeia o vírus formando vesículas. Os vírus sem envelope provocam o rebentamento do endossoma (Adenovírus)
ou geram poros na membrana da vesícula, por onde sai o ácido nucleico viral (Poliovírus).

112
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO- PENETRAÇÃO

 Fusão: quando a membrana plasmática se funde com o envelope do vírus - mecanismo exclusivo para vírus com
envelope. O ácido nucleico e o capsídeo são libertados no interior da célula por fusão entre o envelope viral e a
membrana plasmática, ou de modo Indireto, onde acontece endocitose em vesículas, seguida de fusão, já dentro da
célula.

113
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 3- Descapsulação (Descapsidação): já no citoplasma, o material genético tem de ser libertado e exposto ao


ambiente da célula hospedeira. O capsídeo é, então, desmontado completa ou parcialmente. Este processo pode
acontecer enquanto o vírus entra na célula ou nos instantes posteriores, em diversos locais: citoplasma
(Togavírus), endossoma (Picornavírus), poros nucleares (Adenovírus, Herpesvírus), dentro do núcleo (Parvovírus).

114
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 4. Biossíntese

 a. Síntese de proteínas necessárias para o capsídeo, utilizando os ácidos nucleicos virais e a maquinaria celular
(ribossomas).

 b. Replicação do genoma viral: o vírus vai utilizar a maquinaria da célula para replicar o seu ácido nucleico, dando
origem a novos vírus.

115
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 5. Encapsulação (Encapsidação, Montagem): formação de partículas virais capazes de infetar. Todas as


proteínas sintetizadas nas etapas anteriores associam-se para construir o capsídeo. No caso dos Vírus Helicoidais,
o capsídeo é formado à volta do ácido nucleico; nos Icosaedros, são montados previamente e depois preenchidos
através de um poro. No caso de Vírus com Envelope, a montagem só termina depois da aquisição do envelope
viral. Este envelope tem origem em estruturas da célula hospedeira: membrana plasmática, retículo
endoplasmático

116
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 6. Libertação: os novos vírus devem sair da célula hospedeira em busca de novas células para invadir. Isto
acontece por Lise Celular (morte) – Ciclo Lítico ou Brotamento. O Ciclo Lítico é mais comum para vírus SEM
envelope. A quantidade de vírus no interior da célula é tão grande que a membrana plasmática rompe, levando à
morte.

 No entanto, nem todo o processo de libertação viral provoca danos à hospedeira. O Brotamento é mais comum
nos vírus com envelope e envolve a migração do capsídeo com o material genético para a parte de dentro da
membrana plasmática, saindo e levando parte desta consigo.

117
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

118
VÍRUS- ETAPAS DA INFEÇÃO

 Após libertação, os vírus ficam inertes até que outra célula hospedeira seja infetada, reiniciando este ciclo.

119
VÍRUS:

 Ciclo Lítico- Neste ciclo, o vírus insere o seu material genético na célula hospedeira e passa a comandá-la,
utilizando os seus recursos, e destruindo-a no final do processo. Exemplos: Poliovírus, Ébola, Rinovírus,
Adenovírus, Rotavírus, Influenza.

120
VÍRUS:

 Ciclo Lisogénico

 Neste caso, o vírus não se reproduz imediatamente; em vez disso, combina o seu material genético com o da
célula hospedeira. A célula infetada continua a sua “vida” normal. Quando a célula hospedeira se divide, o material
genético desta, juntamente com o do vírus, sofre duplicação, sendo dividido de forma igual pelas duas células-
filhas. Assim, uma vez infetada, a célula vai transmitir o vírus sempre que se dividir, ficando as células-filhas
automaticamente infetadas.

 Sintomas provocados por este tipo de vírus demoram a aparecer e estas doenças tendem a ser incuráveis.
Exemplos: SIDA e Herpes.

121
CICLO LÍTICO E CICLO LISOGÉNICO

122
PREVENÇÃO:

→ Medidas Gerais: as pessoas podem ajudar a prevenir muitas infeções com a adoção de medidas de bom senso,
protegendo-se a si mesmas e aos outros.

 Lavar as mãos frequentemente e cuidadosamente, com água e sabão

 Consumir apenas alimentos e líquidos preparados ou tratados adequadamente

 Evitar contacto com pessoas infetadas e superfícies contaminadas

 Espirrar e tossir para lenços, que devem ser descartados, ou no braço, cobrindo boca e nariz

 Usar práticas de sexo seguro

 Prevenir mordidas e picadas de insetos


123
 Imunização: processo de fortalecimento das defesas do organismo - Vacinas, Imunoglobulinas.
VACINAÇÃO

→ Vacinação: estimulação dos mecanismos de defesa naturais do organismo – Imunização Ativa. As vacinas têm antigénios,
substâncias estranhas ao organismo que provocam uma resposta imunitária, que, quando administrados produzem uma
resposta imunitária protetora específica de um ou mais agentes infeciosos. Ou seja, quando estão no nosso organismo, não
provocam doença, mas induzem o sistema imunitário a produzir Anticorpos.

 As vacinas são administradas, de preferência, ANTES da exposição a um vírus, de modo a prevenir a infeção. Algumas
vacinas disponíveis:

 Hepatite A e Hepatite B (cancro do fígado)

 Vírus do Papiloma Humano (HPV)

 Gripe
124
 Sarampo, Papeira e Rubéola
TIPOS DE VACINAS

125
TIPOS DE VACINAS

 O antigénio da vacina é normalmente composto pelo microrganismo Completo, Morto ou Atenuado, ou


Fragmentos desse microrganismo.

→ Vacinas Vivas Atenuadas: presença do vírus vivo, mas modificado, de modo a que o vírus perca a capacidade de
causar infeção, mas mantendo a sua capacidade replicativa. Vantagem: induz uma excelente resposta imunitária do
hospedeiro. Desvantagem: NÃO deve ser utilizada em indivíduos com imunodeficiência ou em grávidas, visto que o
vírus pode reverter ao seu estado funcional nos primeiros e infetar o feto nas segundas. Normalmente, basta a
administração de uma única dose para produzir imunidade para toda a vida. Exemplo: BCG (tuberculose), rotavírus,
varicela,VASPR, febre-amarela.

126
TIPOS DE VACINAS

→ Vacinas Mortas ou Inativadas: aqui, os microrganismos são mortos por agentes químicos. Vantagem: total
ausência de poder infecioso do vírus, não conseguindo infetar nem se multiplicar, mantendo apenas a capacidade de
provocar resposta imunitária e dar proteção. Desvantagem: a resposta imunitária induzida não é ótima, havendo
necessidade de administrar reforços.

 Inteiras: vírus ou bactérias inteiros. Exemplo: Hepatite A, Cólera, Raiva, Poliomielite, Pertússis.

 Fracionadas: pequenas partes do microrganismo. Exemplo: DTPa (Difteria,Tétano, Pertússis), Gripe, Cólera, MenC.

127
TIPOS DE VACINAS

→ Novas Vacinas: estas vacinas são desenvolvidas por recombinação genética. Aqui, o antigénio é produzido por
outros microrganismos (leveduras). Exemplos: Hepatite B e HPV. Exemplo 2: vacina de mRNA contra a COVID-19.
Neste caso, a molécula de mRNA tem instruções para produzir a proteína Spike, que o COVID-19 necessita para
entrar nas células do organismo. Quando a vacina é administrada, algumas células vão ler as instruções e produzir,
temporariamente, a proteína Spike. Assim, o sistema imunitário começa a reconhecer esta proteína como estranha,
produzindo anticorpos contra ela. Vai, ainda, ativar as nossas células T, glóbulos brancos especializados em atacar
corpos estranhos. Se, mais tarde, a pessoa contrair o vírus SARS-CoV-2, o seu sistema imunitário irá reconhecê-lo e
defende o organismo. O mRNA é, entretanto, destruído pouco tempo após vacinação

128
ANTIVIRAIS 129
ANTIVIRAIS:

 Os antivirais podem interferir em qualquer uma das etapas da replicação do vírus (adsorção, penetração,
desmontagem…). Mas, como os vírus fazem tudo isto no interior da célula hospedeira, utilizando a sua
maquinaria, bloquear o metabolismo dos vírus é quase impossível. Isto faz, também, com que o medicamento seja,
muitas vezes, mais tóxico para a célula hospedeira que para o vírus.

130
CLASSIFICAÇÃO DE ANTIVIRAIS
Medicamentos Mecanismo de ação Medicamentos
Antirretrovirais
Inibidores da Transcriptase Impedem a replicação do ácido Abacavir
Reversa nucleico.
Inibidores de Protease impedem que esta proteína ative Atazanavir, Darunavir
outras no interior do novo vírus.
Isto resulta em HIVs imaturos e
defeituosos, incapazes de infetar
novas células.

Inibidores de Entrada impedem o HIV de entrar no Maraviroc, Enfuvirtide


hospedeiro, por bloqueio dos
recetores onde este se deve
ligar. 131
INFEÇÃO POR HIV

 O HIV destrói as células CD4 (linfócitos) do sistema imunitário, tornando difícil a tarefa do organismo combater
infeções.Assim, os medicamentos utilizados para tratar a infeção pelo vírus do HIV têm 2 objetivos:

 Travar a replicação do vírus, reduzindo a sua quantidade - Carga Viral - no sangue, até ser indetetável

 Ter uma Carga Viral baixa permite ao sistema imunitário recuperar e aumentar o número de células CD4.

132
INFEÇÃO POR HIV

 O tratamento não cura, mas ajuda as pessoas com HIV a viver mais tempo e com mais saúde, reduzindo o risco
de transmissão a terceiros – existem, atualmente, estudos que comprovam que uma pessoa que faz o tratamento
com antirretrovirais e tenha uma carga viral suprimida, não transmite o vírus aos parceiros sexuais.

 Várias classes de Medicamentos Antirretrovirais são utilizadas em conjunto para tratar esta infeção. Estes
medicamentos:

 Bloqueiam a entrada do HIV em células humanas

 Bloqueiam a atividade de uma enzima de que o vírus necessita para se multiplicar dentro da célula e/ou integrar o
seu material genético no DNA humano
133
MEDICAMENTOS UTILIZADOS NO HIV

 Abacavir;
 Zidovudina;
 Emtricitabina;
 Tenofovir;
 Nevirapina;
 Atazanavir;
 Darunavir;
 Fosamprenavir;
 Ritonavir;
 Maraviroc;
 Enfuvirtide 134
VÍRUS INFLUENZA

 A gripe A é uma doença (gripe) provocada pelo vírus influenza A. Os subtipos de vírus influenza A são o H1N1 e
H3N2, estes por sua vez são os que provocam a epidemia de gripe sazonal.

 O período de incubação (tempo que decorre entre o momento em que uma pessoa é infetada e o aparecimento
dos primeiros sintomas) do vírus da gripe A varia entre 3 a 10 dias, com uma média de 7, durante o qual a
contagiosidade é reduzida.

 O tratamento desta gripe pode ser efetuado através de medicamentos antivirais, que estão reservados apenas em
casos de gravidade ou em doentes de alto risco. Normalmente as pessoas efetuam a vacina da gripe na época de
vacinação para prevenir a infeção e reduzir os sintomas.

135
FUNGOS 136
FUNGOS:

 O reino Fungi é composto por:

➢ Organismos Macroscópicos e Microscópicos

➢ Unicelulares (Leveduras) e Pluricelulares (Cogumelos)

➢ Eucariontes

➢ Heterotróficos por Absorção: organismos que absorvem os nutrientes do meio onde vivem. Para isso, libertam enzimas
digestivas que degradam o meio orgânico em moléculas simples de absorver. Os fungos são, então, na sua maioria
Decompositores ou Saprófitos, pois alimentam-se de matéria orgânica em decomposição. Quando são Parasitas,
alimentam-se de substâncias do hospedeiro vivo, e quando são Predadores, alimentam-se de pequenos animais que
capturam.

137
FUNGOS

 Os fungos mais conhecidos são as


leveduras, bolores, mofo e cogumelos.

138
FUNGOS- CONSTITUIÇÃO

 Os fungos são constituídos por uma Parede Celular, tal como as


células vegetais, mas, ao contrário destas que contêm Celulose, os
fungos por sua vez contem Quitina e Glucanos. A quitina é
encontrada no exoesqueleto dos artrópodes.

 Os fungos multicelulares são constituídos por Hifas – filamentos


ramificados. As hifas têm citoplasma e núcleos, e podem apresentar
diversas formas. Estas estruturas começam por ser tubulares e
ramificam-se continuamente formando uma rede, mais ou menos
densa – Micélio.
139
FUNGOS- CONSTITUIÇÃO

 As hifas podem ser Cenocíticas, filamentos contínuos


repletos de citoplasma e com alguns núcleos, ou
Septadas, com compartimentos correspondentes a
células com 1-2 núcleos.

140
FUNGOS- CONSTITUIÇÃO

 Pelo facto de ser filamentoso, o micélio ganha uma grande


superfície, através da qual realiza a absorção de nutrientes. Por
vezes, as hifas organizam-se formando Corpos de Frutificação,
como nos cogumelos.

141
FUNGOS- CLASSIFICAÇÃO

 Chytridiomycota: fungos encontrados


em ambientes marinhos, lagos, solo e
fontes hidrotermais. Podem formar
colónias com hifas ou viver de forma
solitária. A grande maioria das espécies é
Decompositora, embora existam Parasitas.
São os únicos que se reproduzem com
Esporos que têm flagelos – Zoósporos.

142
FUNGOS- CLASSIFICAÇÃO

 Zygomycota: geralmente encontrados no solo, não formam


corpo de frutificação. Encontramos os Mofos neste grupo e outras
espécies de valor económico - fabrico de molho de soja,
medicamentos anti-inflamatórios e anticoncecionais. A maioria dos
seus representantes têm Hifas Cenocíticas e reprodução
Assexuada por Esporos.

143
FUNGOS- CLASSIFICAÇÃO

 Ascomycota: maior grupo de fungos, encontram-se em


ambientes marinhos, de água doce e terrestres. Têm Hifas
Septadas e formam uma estrutura chamada Asco, estrutura de
reprodução sexuada, onde se formam esporos. Cada fungo
pode ter mais de um asco, que se pode unir a outros
formando o Corpo de Frutificação. Neste grupo incluem-se os
fungos produtores de Penicilina e utilizados no fabrico de
queijo.

144
FUNGOS- CLASSIFICAÇÃO

 Basidiomycota: maioria dos fungos macroscópicos


(cogumelos), destaca-se pela produção do Basídio, uma
estrutura produtora de esporos, além de possuir Hifas
Septadas.

145
FUNGOS- CLASSIFICAÇÃO

146
MICOSES:

 Os fungos podem atuar como parasitas de animais, provocando doenças como Micoses que afetam a pele,
Candidíase Oral (“Sapinhos”), Candidíase Vaginal e Histoplasmose (pulmões).

 As micoses são infeções causadas por fungos que atingem a Pele, as Unhas e os Cabelos. Na pele humana também
existem diversas espécies de fungos que, em condições normais, não causam doença.

 A queratina é uma substância que está presente na superfície da pele, unhas e cabelos, e constitui uma fonte de
nutrientes para estes fungos que, sempre que encontram condições favoráveis ao seu crescimento, se reproduzem
e passam a causar a doença. Essas condições, que alteram o equilíbrio entre o fungo e seu hospedeiro, podem ser
o calor, a humidade, uma diminuição das defesas ou o uso de antibióticos a longo prazo.

147
MICOSES

148
MICOSES

 A pitiríase versicolor é uma doença crónica, que aparece e desaparece


ciclicamente e com uma distribuição universal. O fungo que a causa
pertence ao género Malassezia e é mais frequente nos adolescentes e
jovens.

 A candidíase pode-se apresentar sobe a forma de "sapinhos" nos recém-


nascidos, que assumem a forma de placas esbranquiçadas na mucosa oral.
Também se pode manifestar em mulheres através da candidíase vaginal.

149
ANTIMICÓTICOS- ANTIFÚNGICOS 150
ANTIFÚNGICOS

 Os antifúngicos, são medicamentos que matam (Fungicidas) ou inibem o crescimento (Fungistáticos) de fungos,
utilizados para tratar ou prevenir micoses como pé de atleta, dermatofitoses, candidíase, entre outras. Estes
medicamentos são, normalmente, obtidos com receita médica, mas alguns estão disponíveis como medicamentos
de venda livre.

151
ANTIFÚNGICOS

Polienos

Treazólicos

Imidazólicos

Alilaminas

Outros

152
ANTIFÚNGICOS- POLIENOS

 Este grupo de medicamentos liga-se a esteróis na membrana celular dos fungos, principalmente ao Ergosterol. Isto
vai alterar a Temperatura de Transição da membrana (temperatura a que se dá uma mudança radical no estado
físico da membrana), diminuindo a sua fluidez. A célula vai começar a perder potássio, sódio, entre outros iões,
morrendo. As células animais têm colesterol em vez de ergosterol, logo são menos suscetíveis aos efeitos.
Exemplo:Anfotericina B, Candicidina, Nistatina, Rimocina.

153
ANTIFÚNGICOS- TRIAZÓIS E IMIDAZÓIS

 Os antifúngicos azólicos inibem uma enzima necessária para formar o ergosterol. Sem ergosterol na membrana,
os fungos ficam com danos estruturais e funcionais, levando à inibição do seu crescimento.

 Exemplo de Triazóis: Fluconazol, Itraconazol,Voriconazol.

 Exemplo de Imidazóis: Miconazol (Daktarin), Clotrimazol (Canesten), Econazol (Gyno Pevaryl).

154
ANTIFÚNGICOS- TRIAZÓIS E IMIDAZÓIS

155
ANTIFÚNGICOS- ALILAMINAS

 Este grupo de antifúngicos inibe a enzima esqualeno epoxidase (efeito antifúngico devido o acúmulo de esqualeno
e falta de ergosterol).

 Atuam sobre onicomicoses causadas por dermatófitos.

 Uso tópico (1% em creme) e oral

 Acumula na pele, unha e tecido adiposo

 Reações adversas: diarreia, náuseas, erupções cutâneas, urticária e fotossensibilidade.

 Exemplo: Terbinafina.

156
OUTROS- EQUINOCANDINAS

 Equinocandinas: podem ser utilizados para tratar infeções fúngicas sistémicas em pacientes

imunocomprometidos. Impedem a síntese de Parede Celular. Estes medicamentos não são bem absorvidos

quando administrados pela via oral; assim, são normalmente administrados por via intravenosa.

157
INFEÇÕES URINÁRIAS 158
INFEÇÃO URINÁRIA:

 As infeções no aparelho urinário estão entre as infeções mais comuns, atingido cerca de 80 a 90% das mulheres e
é mais prevalente na idade reprodutiva e nas mulheres que estão na menopausa.

 A infeção urinária baixa afeta a uretra (uretrite) ou a bexiga (cistite), enquanto que a infeção urinária alta afeta o
parênquima renal e o bacinete (pielonefrite).

159
INFEÇÕES URINÁRIAS- ETIOLOGIA

 A maior parte das infeções urinárias são causadas pelo bacilo


Gram negativo, E. coli, que normalmente se encontra no intestino.

 Existem outros agentes patogénicos responsáveis por estas


infeções, mas em menor percentagem, tais como, Klebsiella,
Proteus, Enterobacter e Coccus gram-positivo, como o
Staphylococcus e Streptococcus.

160
APARELHOS URINÁRIOS

161
INFEÇÕES URINÁRIAS- FATORES DE RISCO
Mulheres Homens Ambos
Relações sexuais; SIDA; Instrumentalização do aparelho urinário: algaliação
permanente ou intermitente, dilatação uretral e
cistoscopia.
Uso de diafragma; Hipertrofia prostática; Refluxo vesicouretral;
Gravidez; Ausência de circuncisão; Urina residual na bexiga: bexiga neurogénica e
estenose uretral;
Diabetes mellitus; Práticas homossexuais Obstrução do fluxo urinário: malformações
congénitas, cálculos renais, oclusão uretral;
Espermicida;
Antecedentes de infeção urinária;
Micção pós coito tardia.
162
INFEÇÕES URINÁRIAS

Uretrite Cistite Pielonefrite

Infeção urinária alta


Inflamação da Inflamação da que envolve tanto
uretra bexiga o parênquima
como o bacinete

Podem ser
Maior incidência
inflamatórias (virais,
nas mulheres Aguda ou crónica
fúngicas e
(uretra mais curta)
bacterianas),

Começa no sistema
Traumáticas
urinário inferior e
(procedimentos 163
ascende até aos
urológicos)
rins.
INFEÇÕES URINÁRIAS- SINTOMAS

➢ Polaquiúria;

➢ Cistalgia;

➢ Disúria;

➢ Urgência urinária;

➢ Hematúria;

➢ Odor fétido;

➢ Mau estar geral;

➢ Lombalgias baixas;
164
➢ Hipertermia leve ou moderada
MEDIDAS FARMACOLÓGICAS

Uretrite • Tetraciclina
• Doxiciclina

• Trimetopim e sulfametoxazol (Bactrim ®);

Cistite •

Nitrofurantoína
Cefolosporinas
• Ciprofloxacina

• Terapêutica antibacteriana (com base nas sensibilidades)


Pielonefrite • Opiáceos e anti-inflamatórios para a dor (região lombar);
• Cirurgia 165
MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS
 Aumenta-se para 3/4L por dia, pois estes contribuem para a diluição da urina, diminuição da irritação e do ardor,
proporcionam um fluxo urinário contínuo que minimiza a estase, e a multiplicação de bactérias no aparelho urinário.

 Evitar longos períodos com a bexiga cheia, e no caso da mulher, deve urinar após as relações sexuais;

 Utilização de roupa interior de algodão em detrimento de roupas sintéticas;

 Não utilizar pensos higiénicos;

 Higiene íntima cuidada, recorrendo ao uso de água tépida e evitando os produtos perfumados ou os ditos antissépticos
vaginais;

 Toma de suplementos ricos em protoantocianidinas tanto para prevenção de recidivas como para terapêutica
adjuvante; 166
INFEÇÕES GENITAIS 167
INFEÇÕES GENITAIS

 As infeções do trato reprodutivo incluindo infeções sexualmente transmissíveis, merecem atenção especial pois
estão entre as cinco categorias de doenças para as quais mais é recorrido ajuda em adultos.

 As sequelas mais sérias e de maior duração surgem nas mulheres e podem manifesta-se em candidíase
vulvovaginal,Vaginite bacteriana,Tricomoníase entre outras doenças.

168
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL 169
INFEÇÕES GENITAIS- CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)

 O género Candida é constituído de aproximadamente 200 diferentes espécies de leveduras, entre as espécies que
compõem esse género, a Candida albicans apresenta a maior relevância em função da sua taxa de prevalência.

 O delicado balanço entre o hospedeiro e este fungo comensal pode-se transformar numa relação parasitária, com o
desenvolvimento de infeções denominadas candidíases.

 A CVV trata-se de uma infeção de vulva e vagina, causada por leveduras comensais que habitam a mucosa vaginal bem
como as mucosas digestiva e respiratória. Esta patologia é a causa de 20% a 25% dos corrimentos vaginais de natureza
infeciosa. A doença sintomática está associada a uma proliferação excessiva do fungo e penetração nas células epiteliais
superficiais, causando uma resposta inflamatória.

 É mais frequente nas mulheres em idade fértil sendo rara nas meninas antes da primeira menstruação ou nas mulheres
em menopausa, particularmente se não fizerem suplementação com estrogénios.
170
INFEÇÕES GENITAIS- CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)
Fatores de risco:

➢ Diabetes mellitus;

➢ Antibioterapia de largo espetro (a inibição da flora bacteriana normal favorece o crescimento fúngico).

➢ Aumento dos níveis de estrogénios; a CVV parece ocorrer mais frequentemente em contextos como a gravidez

➢ Contracetivos orais combinados;

➢ Imunossupressão(as infeções por Candida são mais comuns em doentes que tomam glucocorticoides e outros imunossupressores)

➢ Dispositivos contracetivos (esponjas vaginais, diafragmas e DIU têm sido associados a CVV)

➢ Comportamento sexual (a CVV não é considerada uma doença de transmissão sexual, uma vez que também ocorre em celibatárias e
porque as espécies de Candida são consideradas como parte da flora vaginal normal)

➢ Fatores genéticos 171


INFEÇÕES GENITAIS- CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)

 Sintomas:

 Ardor;

 Prurido;

 Sensação de dor e irritação;

 Disúria ou dispareunia (dor durante o ato sexual);

 Eritema e edema vulvar, podendo ocorrer escoriação e fissuras;

 Corrimento vaginal é classicamente branco, espesso, aderente às paredes vaginais e grumoso, com aparência de
requeijão, com odor mínimo ou inexistente.
172
INFEÇÕES GENITAIS- CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)

 Medidas farmacológicas:

 O tratamento de referência das CVV consiste em


antifúngicos azólicos (ex: fluconazol), em casos mais
ligeiros, aplicação tópica de antifúngicos tais como o
Clotrimazol, Econazol (MNSRM) e Fenticonazol,
Isoconazol, Sertaconazol (MSRM)

173
INFEÇÕES GENITAIS- CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV)

 Medidas não farmacológicas:

 Manter uma higiene íntima adequada – secar bem e evitar a humidade;

 Efetuar a higiene íntima não mais do que uma vez por dia, com um produto de pH neutro;

 Evitar produtos de higiene, como sabões, géis de banho, toalhetes, etc., que contenham antisséticos ou perfumes;

 Evitar as irrigações vaginais;

 Limpar a área genital e anal sempre da frente para trás.;

 Mudar frequentemente pensos higiénicos e tampões.

 Evitar o uso de pensos diários e de collants;

 Usar roupa interior de algodão; 174

 Evitar lavar a roupa íntima com produtos irritantes.


TRICOMONÍASE 175
TRICOMONÍASE

 A tricomoníase é a infeção sexualmente transmissível não viral mais comum.

 É provocada por um parasita (protozoário) que tem o nome de Trichomonas vaginalis;

 O contágio da tricomoníase acontece nas relações sexuais vaginais com alguém que esteja infetado, mesmo que
não tenha sintomas;

 Habitualmente as mulheres são contagiadas por homens ou por outras mulheres; os homens são contagiados
apenas por mulheres e não transmitem a infeção a outros homens.

176
TRICOMONÍASE – SINTOMAS:
 Homens, a tricomoníase provoca inflamação e infeção da uretra (uretrite) com:

➢ Irritação ou ardor ao urinar;

➢ Possivel corrimento pela uretra.

 Mulheres, os sintomas comuns são:

➢ Dor, ardor ou desconforto ao urinar;

➢ Dor ou desconforto nas relações sexuais;

➢ Prurido (comichão) na região genital;

➢ Corrimento vaginal mais abundante e espesso do que o habitual, de cor amarelada ou esverdeada e odor
177

desagradável.
TRICOMONÍASE – SINTOMAS:

 Medidas farmacológicas:

 Tratamento com antiparasitários (ex: Metronidazol e Tinidazol)

 Medidas não farmacológicas:

 Durante o tratamento é necessário abster-se de relações sexuais;

 Usar preservativo sempre que se tem relações sexuais diminui o risco de ficar infetado.

178
VAGINITE BACTERIANA 179
VAGINITE BACTERIANA

 A vaginite é uma condição que envolve inflamação ou infeção da vulva e da parede vaginal. A sua etiologia está
associada a causas específicas, como as bactérias aeróbias (vaginite bacteriana), e não específicas, devidas aos
irritantes químicos ou a dermatoses.

180
VAGINITE BACTERIANA- SINTOMAS

 Corrimento vaginal anormal com odor desagradável

 Sensação de queimadura fora da vagina durante a micção

 Prurido ao redor da vagina

 Desconforto durante as relações sexuais

181
VAGINITE BACTERIANA

 Medidas farmacológicas:

 A vaginite bacteriana geralmente é tratada com antibióticos, como metronidazol ou clindamicina.

 Os medicamentos usados para tratar uma infeção fúngica incluem butoconazol e clotrimazol. Outras opções
incluem: cortisona em creme para tratar irritações graves e anti-histamínicos, se a inflamação parecer resultar de
uma reação alérgica.

182
VAGINITE BACTERIANA

 Medidas não farmacológicas:

 Boa higiene geral

 Usar sabonetes suaves sem agentes irritantes ou aromas

 Vestir roupa interior de algodão

 Evitar sprays de higiene e outros produtos femininos

 Limpar-se da frente para trás para evitar a propagação de bactérias do ânus para a vagina

 Vestir roupas largas

 Usar preservativos
183

 Tomar antibióticos só quando for necessário


Vaginite
Tricomoníase Candidíase
bacteriana

Corrimento vaginal Odor desagradável, Prurido e


anormal com odor disúria, edema e desconforto vulvar
desagradável com eritema vaginal e intenso, disúria,
piora após coito e vulvar. dispareunia.
durante a Corrimento Corrimento branco.
menstruação. amarelo/esverdeado Os sintomas pioram
Corrimento Os sintomas pioram na fase pré-
acinzentado. após a menstruação. menstrual.

184
185
INFEÇÕES DE PELE 186
INFEÇÕES DE PELE

Infeções de pele

Bacterianas Fúngicas Virais

Impetigo, foliculite, candidíase, Herpes simplex,


antrazes,
furúnculos, pitiríase zona, varicela,
paroníquia
erisipela, celulite, versicolor, tinhas) verrugas 187
INFEÇÕES DE PELE - BACTERIANAS
188
Doença Bactéria Sintoma Medidas Medidas não farmacológicas
farmacológicas
Impetigo Streptococcus pyogenes Pele vermelha, com dor e Antibióticos tópicos Materiais limpos e de uso exclusivo; Evitar
Staphylococcus aureus comichão. tocar nas feridas; Lavar as lesões com água.
mudança diária de toalhas e roupa do
corpo e cama.
Foliculite estafilococo Pequenas espinhas, de ponta Antibióticos tópicos Manter a pele limpa e hidratada, evitar
branca, em torno de um ou lavagens antisséticas, não partilhar as
mais folículos pilosos. toalhas de banho.
Furúnculos Staphylococcus aureus Saliência dura, vermelha e Antibióticos tópicos Nunca espremer um furúnculo,
dolorosa que depois se torna ou orais. Reforçar os cuidados de higiene e
uma bolha com pus. Limpar com uma toalha específica
Antrazes Bacillus anthracis pápula indolor, pruriginosa e Antibióticos Não comer carne crua ou mal cozinhada.
vermelho-acastanhada. Cuidado no manuseamento de lã e peles
ou pelos.
Erisipela/celu estreptococos beta- lesões em placas, elevadas, Antibióticos orais ou Elevação das pernas e manter a pele muito
lite hemolíticos do grupo A/ enduradas e sensíveis com IV hidratada.
s.aureus margens bem delimitadas
Paroníquia Staphylococcus aureus ou A prega ungueal fica dolorida, Antibióticos Manter as mãos secas e protegidas, usar
estreptococos sensível e vermelha. Drenagem do pus cremes e luvas para proteger as mãos.
189
INFEÇÕES FÚNGICAS

Doença Fungo Sintomas Medidas Medidas farmacológicas


Farmacológicas
Candidíase Candida albicans placas eritematosas Antifungicos (ex: Manutenção da pele limpa e seca;
pruriginosas bem cotrimoxazol)
delimitadas, de vários
tamanhos e formas
Pitiríase versicolor Malassezia furfur Manchas Antifungicos (ex: Utilização de roupas leves e tecidos
brancas/acizentadas canesten) não sintéticos, tomar banho com
espalhadas na pele, mais frequência; secar bem a pele.
descamação ligeira.
Tinhas Corporis, pedis, Rebordo definido, Antifungicos tópicos e Não partilhar objetos, secar bem a
cruris, capitis e manchas avermelhadas, orais. pele após o banho, não repetir
unguium prurido. meias, Não ficar descalço em áreas
comuns como chuveiros, saunas e
piscinas 190
INFEÇÕES VIRAIS

Doença Vírus Sintoma Medidas Medidas farmacológicas


Farmacológicas
Herpes herpes simplex vírus ( Aparecimento de bolhas pequenas Antivíricos (ex: Lavar as mãos, não partilhar objetos, evitar
simplex HVS-1 e HVS-2) e dolorosas aciclovir) beijos e contacto íntimos.

Zona Varicella-Zoster do Erupções cutâneas, pequenas Antivíricos (ex: Lavar as mãos com frequência
grupo Herpesvirus. bolhas com líquido (vesículas), valaciclovir) evitar tocar ou coçar as bolhas
sensação de calor cobrir as vesiculas/bolhas

Varicela Herpes varicella zoster Manchas vermelhas no corpo, Antivíricos (ex: Lavar as mãos após tocar nas lesões.
prurido. Zovirax xarope) Isolamento, banhos de água morna e/ou pela
utilização de loções à base de calamina
Verrugas vírus papilomavírus Formam-se pequenas calosidades, Uso de queratolíticos À medida que as peles mortas se vão
humano (HPV) notando-se no seu centro (ex: verrumal) formando à superfície, devem ser raspadas
pequenos pontos negros. até à cura da verruga. 191
192
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