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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Escola de Ciências Médicas e da Vida Medicina


Veterinária

Revisão Bibliográfica:
Uso de antibióticos e resistência bacteriana na Medicina
Veterinária

RAYAN CARVALHEDO DE SOUSA


20201013000730

Goiânia, Goiás
2022

Introdução
A utilização de antibióticos não se restringe apenas à terapias medicamentosas,
mas também se destaca na utilização para melhora de desempenho animal. É
nesse sentido que a problemática referente à resistência bacteriana se vê em
diversas esferas. A preocupação com a ineficácia de antibióticos também atinge
a saúde humana, visto que entre ambos há muitos princípios ativos em comum. 1
A utilização indiscriminada de antibióticos vem selecionando bactérias
resistentes e contribuindo para a ineficácia de terapias que visam o bem-estar.
Além disso, a utilização de antimicrobianos como promotores de crescimento é
motivo de controvérsias no mercado, visto que há resíduos desses
medicamentos nos alimentos, o que vem sendo questionado pelos consumidores,
além de serem uma das fontes de bactérias resistentes. 2
Nesse sentido, essa revisão bibliográfica busca selecionar pontos principais
trazidos pela literatura que se refere à utilização do antibiótico tanto como para
terapia medicamentosa, quanto para promotor de crescimento e melhora no
desempenho animal, na tentativa de selecionar os principais pontos e suas
respectivas discussões.
Discussão
A resistência à algum antibiótico acaba por se tornar um processo natural
da utilização dos antimicrobianos seja qual for o seu objetivo. 2. Vários são os
fatores que podem contribuir para que ocorram casos de resistência, assim como
para a sua manutenção. Associações inadequadas, doses abaixo ou acima do
ideal, relação tempo/doses estabelecidas de forma errônea e a utilização de
forma desnecessária, são situações que favorecem a instalação de bactérias
resistentes. Quando falamos em manutenção, seria a passagem do gene dessas
bactérias resistentes para as próximas gerações, contribuindo diretamente para
manter essa resistência no ambiente, abrangendo sua área de impacto.
O uso de antibióticos, mesmo que em pequenas doses, na tentativa de
melhora no desempenho animal, assim como para metafilaxia e profilaxia, com
o objetivo de controle de doenças, vem sendo pauta de discussões por parte do
mercado consumidor. As problemáticas que envolvem a utilização de antibióticos
na produção animal vão desde a questão residual da comida que vai diretamente
para o consumidor, até as consequências indiretas que seriam a contaminação
do ambiente e possível surgimento de mais resistência1. Autores como Moreno
et al3 demonstraram em um experimento que em galinhas, por exemplo, que 63%
das amostras estavam contaminadas com resíduos de streptomicina,
cloranfenicol e gentamicina, em baixo nível, mas em grande quantidade. Um
4
estudo de Bahnson e Cray , que trabalhando com amostras de fezes de suínos,
onde conseguiram identificar várias amostras de Salmonella spp e constatou-se
a resistência a vários antibióticos como amicacina, ciprofloxacina, ceftriaxone,
sendo os maiores índices observados para tetraciclina, novobiocina, neomicina
e sulfametoxazole. Na suinocultura os antibióticos são usados em quatro
ocasiões: promotores de crescimento, profiláticos, metafiláticos e terapêuticos.
As formulações envolvendo antimicrobianos estão ligadas à sanidade animal e
biosseguridade, mas com a racionalização do uso do antibiótico, as quantidades
e situações nas quais há utilização tendem a diminuir considerando a
conscientização sobre o surgimento de genes de resistência e seu impacto na
produção e terapêutica animal.6
Novos estudos vêm surgindo trazendo uma melhor elucidação sobre a
utilização consciente desses antibióticos, assim como formas de se fazer uma
incorporação inteligente ou substituições que ajudem no desempenho animal da
mesma forma. A quantificação do surgimento dessa resistência, assim como o
impacto na saúde, é continuamente monitorada por entidades e pesquisadores,
na tentativa de controlar o surgimento das bactérias resistentes e seus
respectivos impactos na saúde pública.1
Existem vários mecanismos a partir dos quais as bactérias se tornam
resistentes, mas a maioria deles é por mutações gênicas no DNA da bactéria.
Dessa forma, alterações nas sequências das bases nitrogenadas, interferem
para que determinado medicamento não tenha mais ação sobre essa bactéria.
Outra forma de resistência é a adquirida, ela ocorre através da transferência dos
genes de uma bactéria resistente para outra que seja sensível. Tal mecanismo é
mediado pelos plasmídeos. 2
A responsabilidade do médico veterinário de possuir conhecimento a cerca
de microbiologia, farmacologia e clínica médica veterinária, é o que torna tão
frequente o surgimento de mais casos de resistência. As taxas de resistência
variam de acordo com o microorganismo estudado, localização e quais os
antibióticos que foram usados. Dessa forma, é também importante enxergar a
que o teste de suscetibilidade antimicrobiana se vê como uma parte importante
nas escolhas das terapias medicamentosas, por conseguir correlacionar os
corretos medicamentos com a doença a ser tratada.5
A utilização de antibióticos em animais tem seu impacto direto e indireto
na saúde humana e pública. Os efeitos diretos são aqueles relacionados ao
contato direto da bactéria antibiótico resistente com os seres humanos, já os
efeitos indiretos são aqueles relacionados com a propagação desses
microrganismos resistentes pelo ambiente. Muitos estudos são realizados a fim
de quantificar o real risco da utilização de antibióticos em animais e o surgimento
de resistência bacteriana que influencia diretamente em infecções nos seres
humanos, assim como a ineficácia de certos medicamentos na terapêutica de
doenças. 1

Conclusão
Há uma preocupação cada vez maior sobre a utilização dos antimicrobianos e
essa preocupação vem sendo a base para surgimento de estudos sobre como
diminuir a velocidade do surgimento de resistência bacterianas. A
conscientização sobre a utilização de medicamentos abrange a saúde única e
não apenas uma área da saúde. É importante reconhecer que o tempo é escasso
e as mutações rápidas, o surgimento de genes de resistência não é
acompanhado da criação de novas formulações mediamentosas. O cuidado se
vê importante, principalmente quando coloca em risco a saúde pública.
Referências Bibliográficas

1-Landers TF, Cohen B, Wittum TE, Larson EL. A review of antibiotic use in food
animals: perspective, policy, and potential. Public Health Rep. 2012
JanFeb;127(1):4-22. doi: 10.1177/003335491212700103. PMID: 22298919;
PMCID: PMC3234384.

2- Gottardo, A., Teichmann, C. E., De Almeida, R. S., & Ribeiro, L. F. (2021).


USO INDISCRIMINADO DE ANTIMICROBIANOS NA MEDICINA
VETERINÁRIA E RISCO PARA A SAÚDE PÚBLICA. GETEC, pp. 110-118.

3- MORENO, L. V. et al. Antibiotic residues and drugs resistant bactéria in


beef and chicken tissues. Journal of Food Science., v. 55, n. 3, p. 632-635, 1990.

4-BAHNSON, P. B.; CRAY, F. P. J. The association of antimicrobial resistence


patterns and reported usage of antimicrobial in commercial growing pig
production. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON THE EPIDEMIOLOGY AND
CONTROL OF SALMONELLA IN PORK, 3., 1999, Washington D. C.,
Proceendings... Disponível em: <http://www.isecsp99.org>.

5-Manzi, G. M. (2022). RESITÊNCIA BACTERIANA ÀS


ANTIBIÓTICOTERAPIAS UTILIZADAS NA ROTINA MÉDICA DE
PEQUENOS ANIMAIS - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

6- Stella, A. E., Oliveira, A., Oliveira, A. F., Moreira, C. N., & Viali, K. G. (2020).
USO DE ANTIMICROBIANOS NA SUINOCULTURA: INDICAÇÕES E
RESTRIÇÕES. pp. 001-014.

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