Uso Racional de Antibióticos: Na Medicina Veterinária

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O
USO RACIONAL
DE ANTIBIÓTICOS
NA MEDICINA VETERINÁRIA
ATBnaVet
atb
n a V E T
USO
RACIONAL DE
ANTIBIÓTICOS
na Medicina Veterinária
SHEILA REZLER WOSIACKI
© Antibióticos na Veterinária 2021 - Smart Cursos. - Todos os direitos reservados

atb
n a V E T
USO
RACIONAL DE
ANTIBIÓTICOS
na Medicina Veterinária
SHEILA REZLER WOSIACKI

atb USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS
n a V E T
INTRODUÇÃO
Muito se fala sobre o Uso Racional de

Antibióticos, mas porque este termo foi criado e
qual sua importância?
O uso racional de antimicrobianos pode ser

definido como a prática de prescrição que
resulta na correta indicação, escolha e regime
de administração de um esquema terapêutico
ou profilático, avaliando os resultados da
terapia, propiciando o sucesso clínico com a
mínima toxicidade para o paciente e redução do
impacto da resistência antimicrobiana.
O uso racional de antimicrobianos é um

tema de grande importância na Saúde, e neste
contexto, a resistência antimicrobiana é um dos
aspectos mais importantes. O uso, mau uso e
abuso destes medicamentos estão entre os
principais fatores que desencadeiam o
crescimento da resistência.
1
n a V E T
A RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA
A resistência antimicrobiana se refere a

linhagens de microrganismos que são capazes de se
multiplicar na presença de concentrações
terapêuticas ou mais elevadas de antimicrobianos.
O desenvolvimento da resistência e
multirresistência é fenômeno biológico natural que
se seguiu à introdução de drogas antimicrobianas
nas práticas clínicas. Esta característica não é
propriamente nova, mas o seu aumento e
disseminação são dependentes do emprego de
antibióticos em larga escala na Medicina Humana,
Veterinária, Agropecuária, e consequente
contaminação ambiental por estes medicamentos.
Existem evidências que indicam que o uso de

antimicrobianos é a principal força motora para o
desenvolvimento da resistência bacteriana. E muitos
estudos demonstram o papel que o mau uso e o
abuso de antimicrobianos, principalmente de amplo
espectro, representam na emergência de
microrganismos multirresistentes.
2
n a V E T
As consequências da resistência podem ser

devastadoras. Em serviços de saúde observa-se um
aumento da morbidade, falhas terapêuticas,
prolongamento do tempo de internação, elevação dos
custos de tratamento e aumento da mortalidade.
O USO RACIONAL
A racionalização do uso de antimicrobianos é

um conjunto de ações que permitem melhorar a
qualidade da prescrição desses medicamentos,
otimizando seus resultados e minimizando suas
consequências.
A antibioticoterapia racional significa usar

antimicrobianos quando existir uma indicação para
o seu uso, usando o medicamento certo, com regime
de administração certo e pelo menor tempo possível.
Ao escolher um antibiótico, o prescritor deve

se preocupar com o aspecto micro (interesse atual -
cura da infecção do paciente) e com os aspectos
macro (interesses futuros – eficácia e
disponibilidade medicamentos para pacientes
futuros de todas as áreas da saúde).
3
n a V E T
O QUE CONSIDERAR PARA O USO

RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS NA
VETERINÁRIA?
O uso de antibióticos deve ser baseado em

princípios científicos clínicos, microbiológicos e
farmacológicos atuais e legais.
Quando optamos pelo uso de antibióticos,

precisamos considerar o paciente, o microrganismo
que está causando a infecção ou que iminentemente
causará uma infecção e qual o medicamento que
indicaremos.
Então, falaremos destes três princípios básicos

da terapia antimicrobiana racional: o paciente, o
medicamento e o microrganismo.
o paciente
o medicamento
o microrganismo
4
n a V E T
1 - O PACIENTE
Vários são os fatores relacionados ao

paciente que devem ser considerados na hora
de escolher uma Terapia Antimicrobiana.
Existe o diagnóstico de uma infecção ou a

real iminência do desenvolvimento de uma
infecção? Qual a gravidade dos sinais clínicos?
Qual o estado geral do paciente? Qual a
localização da infecção? Vamos falar de cada
um.
indicação
gravidade dos sinais clínicos
quadro clínico geral do paciente
localização da infeção
5
n a V E T
1. INDICAÇÃO
Os prescritores precisam ter clareza na utilização
adequada destas drogas, evitando-se o mau uso e o
abuso destes medicamentos.
A indicação do uso de antimicrobianos é baseada no

diagnóstico de uma infecção ou na real iminência do
desenvolvimento de uma infecção.
O uso de antimicrobianos não deve ser considerado

por incerteza do diagnóstico,insegurança ou
ansiedade do prescritor ou do tutor, ou como medida
profilática que substitui boas técnicas de controle de
infecção ou desinfecção adequadas de ambientes.
2. GRAVIDADE DOS SINAIS CLÍNICOS

O reconhecimento precoce de infecções graves, a
detecção rápida dos microrganismos causadores e o
início imediato da terapêutica adequada são aspectos
fundamentais para melhor evolução de
determinados pacientes.
No entanto, para menores gravidades clínicas o

início da terapia antimicrobiana pode ser atrasada
para a melhor avaliação do quadro e instituição de
medidas alternativas iniciais.
6
n a V E T
3. QUADRO CLÍNICO GERAL DO PACIENTE

Na maioria dos casos, a redução da população
bacteriana gerada pelos antimicrobianos permite que
as defesas naturais do hospedeiro possam lidar
efetivamente contra os patógenos.
O status imunológico do paciente é um fator

fundamental de avaliação, pois interfere
diretamente na escolha e qualidade da terapia
antimicrobiana instituída.
Porém, a avaliação do estado geral do paciente,

avaliando e tratando outras possíveis comorbidades
e disfunções orgânicas, é essencial para a melhora
clínica.
4. LOCALIZAÇÃO DA INFECÇÃO
O diagnóstico do sítio infeccioso é essencial para a
escolha do medicamento. Este fator vai direcionar a
terapia para medicamentos que atinjam
concentrações terapêuticas adequadas no sítio da
infecção e sejam efetivos contra os microrganismos
frequentemente encontrados neste sítio.
7
n a V E T
2 - A DROGA
Os fatores relacionados às drogas são

fundamentais para a escolha do medicamento,
e devem ser entendidos pelos prescritores para
a escolha correta.
Estes fatores se relacionam com as

características dos fármacos, sendo referentes
à ação deles no microrganismo-alvo e às suas
interações com o paciente.
Sobre as ações dos medicamentos no

microrganismo-alvo, devemos considerar os
seguintes pontos:
ação antimicrobiana
interações com o paciente
8
n a V E T
1. AÇÃO ANTIMICROBIANA
A ação antimicrobiana reflete o que acontece com

o microrganismo na presença do medicamento.
A ação desencadeada pelo medicamento no

microrganismo é dependente do mecanismo de ação
deste medicamento na célula bacteriana, da
concentração do medicamento que está chegando na
célula bacteriana e do microrganismo em si.
Assim temos que determinados mecanismos de ação

podem levar a ações diferentes em determinados
microrganismos, a depender da concentração que
está chegando no sítio da infecção. Um fato que deve
ser considerado também é o tempo de concentração
subterapêutico, até a eliminação completa do
medicamento do organismo, e sua ação nas células
bacterianas e na disseminação da resistência
antimicrobiana.
mecanismo de ação
concentração
microrganismo
9
n a V E T
Para se fazer o Uso Racional de

Antimicrobianos, precisamos, no tocante
aos medicamentos, conhecer os
mecanismos de ação dos medicamentos,
ação antimicrobiana desencadeada, o
espectro de ação de cada medicamento e as
características farmacocinéticas e
farmacodinâmicas. Estas características
são compartilhadas entre as classes de
medicamentos e podem ser estudadas por
classe com algumas particularidades em
determinados medicamentos.
classes
mecanismo de ação
ação antimicrobiana
espectro de ação
características pK/pD
10
n a V E T
Então as questões a serem consideradas na

escolha de um medicamento são as características do
medicamento, o sítio da infecção e o patógeno ou
patógenos prováveis. Também são fatores de
influência a apresentação clínica do medicamento, o
custo e a disponibilidade.
características dos medicamentos

sítio da infecção
microrganismo
apresentação clínica/custo/disponibilidade
2. INTERAÇÕES COM O PACIENTE
Os medicamentos antimicrobianos interagem de

diversas formas com o paciente. Esta interação
ocorre desde o início da sua absorção, durante sua
distribuição, sua metabolização, sua eliminação e
pode ir até muito além do tempo que decorre até a
completa eliminação do organismo.
11
n a V E T
Os parâmetros de absorção, distribuição,

metabolização e eliminação são os parâmetros
farmacocinéticos.
Devemos considerar que os medicamentos

antimicrobianos não estão em concentrações
terapêuticas durante todo o tempo da terapia
antimicrobiana, e podem ser encontrados em
concentrações sub-terapêuticas no início da terapia,
durante a terapia e por muito tempo após o término
desta terapia; além de poderem ser encontradas
concentrações diferentes em diferentes locais do
organismo e por tempos diferentes.
As concentrações terapêuticas são influênciadas por

diversos fatores do paciente e do medicamento e
levam a ações diferentes em determinados
microrganismos.
paciente
droga
microrganismos
12
n a V E T
Com relação ao paciente, as concentrações do

medicamento são influenciadas pela espécie animal,
estado geral do paciente, comorbidades e presença de
determinadas alterações orgânicas.
espécie
estado geral
comorbidades
alterações orgânicas
Com relação ao medicamento, além das influências

do paciente, as concentrações terapêuticas podem
sofrer a influência da dose; do intervalo entre doses;
da via de administração; da capacidade de ligação a
proteínas; da distribuição em diferentes líquidos,
células, tecidos e órgãos; da meia-vida; da
metabolização; e da forma de eliminação.
dose
intervalo entre doses
via de administração
ligação a proteínas
distribuição
meia-vida
metabolização
eliminação
13
n a V E T
Concentrações terapêuticas e sub-terapêuticas

podem ser diferentes para determinados
microrganismos, levando a ações antimicrobianas
diferentes. E ações antimicrobianas são encontradas
tanto nas bactérias causadoras da infecção quanto
nas bactérias das microbiotas, por isso que os efeitos
de uma terapia podem ser muito mais prolongados
do que o tempo da terapia ou da eliminação completa
do fármaco do organismo.
As principais formas de interação entre os fármacos

e o paciente se relacionam a toxicidade, alterações de
microbiotas, que são muito importantes para o bom
funcionamento do organismo do paciente, e aos
efeitos não antimicrobianos dos antimicrobianos.
Antimicrobianos também apresentam outros efeitos
orgânicos além dos efeitos antimicrobianos.
toxicidade
microbiotas
efeitos não antimicrobianos dos
antimicrobianos
14
n a V E T
* FATORES QUE NÃO PODEMOS ESQUECER:
“Os medicamentos antimicrobianos são

os únicos medicamentos que não
influenciam apenas no paciente que está
em tratamento, mas em todo o
ecossistema onde este paciente está
inserido, com repercussões potenciais
profundas”
Os medicamentos antimicrobianos são

eliminados em grande parte na sua forma ativa,
contaminando o meio ambiente.
As bactérias que sofreram ação direta pelo

tratamento de um paciente não estão aprisionadas no
organismo, elas podem ser transmitidas a
contactantes deste paciente de forma direta ou
indireta.
15
n a V E T
3 - O MICRORGANISMO
Desconsiderados por muitos, os fatores

relacionados ao patógeno são fundamentais
para a escolher e o sucesso da terapia
antimicrobiana, afinal o objetivo da terapia é a
eliminação do patógeno, então não podemos
desconsiderá-lo. Não dá para ir para uma
guerra sem conhecer o inimigo e querer
vencer.
Os microrganismos são muitos

importantes para o bom funcionamento do
organismo compondo as microbiotas que são
barreiras não imunológicas e fundamentais
para diversas funções biológicas normais.
Alterações das microbiotas podem levar a
várias disfunções e doenças.
Alguns poucos microrganismos

eventualmente podem causar infecções, e a
terapia antimicrobiana deve ser direcionada a
estes e não a todos os microrganismos.
16
n a V E T
Devemos levar em consideração diversos

fatores relacionados aos microrganismos: A
presença de bactéria sempre significa uma
infeção? Qual o microrganismo que está
causando ou vai causar uma infecção? Quais
são os mecanismos de escape deste
microrganismo a ação do antimicrobiano?
Patógeno
Patógeno diagnosticado
Patógeno provável
Mecanismos de escape do patógeno
1. PATÓGENO
Existem patógenos obrigatórios. Sempre que são

encontrados existe uma infecção, que pode estar na
sua forma clínica ou ainda estar na fase pré-clínica,
em incubação.
Mas existem outros patógenos que são oportunistas,

eles não causam infecção normalmente, mas quando
existe uma quebra das barreiras não imunológicas e
imunológicas eles podem causar uma infecção.
17
n a V E T
E quando estes microrganismos são encontrados,

muitas vezes não significa uma infecção, depende da
sua localização e quantidade. Então temos que nem
sempre a presença de uma bactéria indica uma
infecção. Existem locais que são considerados
estéreis, outros não. A presença de um
microrganismo, independente da quantidade nas
meninges significa infecção, a presença de
microrganismos na pele, não necessariamente.
2. PATÓGENO DIAGNOSTICADO
E quando pensamos que existe uma infecção, e foi

realizado um diagnóstico do patógeno através da
cultura, sabemos o que estamos combatendo e
devemos direcionar a terapia a este patógeno.
3. PATÓGENO PROVÁVEL
Mas quando temos uma infecção onde não foi

diagnosticado o patógeno, devemos basear a terapia
aos possíveis patógenos deste sistema, por isso,
conhecer a prevalência dos patógenos de cada
sistema é importante. Idealmente, esta prevalência
deve ser local, fazemos um estudo de prevalência
bacteriana de cada infecção com os nossos próprios
dados de cultura e antibiograma.
18
n a V E T
Afinal, a prevalência de microrganismos

patogênicos de cada sítio de infecção pode ser afetada
pela espécie, pela raça, pelo manejo e higiene, pela
alimentação e pela temperatura ambiental. As
condições que criamos animais aqui podem ser
diferentes das condições de outros países, e isso
influencia diretamente na composição das
microbiotas e dos patógenos prevalentes.
4. MECANISMOS DE ESCAPE DO PATÓGENO
Como forma de se proteger a agressões externas,

as bactérias criaram ao longo da sua evolução,
várias estratégias para sobreviver. No tocante aos
antimicrobianos, que são agressões externas, elas
evoluíram para não serem facilmente agredidas por
eles.
Além do desenvolvimento de várias formas de

resistência, como produção de enzimas que
degradam o princípio ativo, produção de bombas de
efluxo para tirar a droga de dentro da célula e
modificação dos alvos dos antimicrobianos, elas
desenvolveram técnicas para disseminar estes
mecanismos para outras bactérias.
19
n a V E T
Isso mesmo, elas trocam informações genéticas e

trabalham como verdadeiras comunidades com a
finalidade de sobreviver e se multiplicar. Existe
uma vantagem importante para que elas
disseminem a resistência a outras bactérias. Afinal,
viver sozinho não é fácil, mais fácil é viver em
comunidade.
E pensando nisso, devemos escolher os

medicamentos que não induzam a resistência e
disseminação destes mecanismos, ou medicamentos
que não tenham alta prevalência de resistência
detectados na sua localidade.
Um dos principais fatores que levam as bactérias a

desenvolver ou disseminar mecanismos de
resistência é a presença da droga. Então o consumo
de determinados princípios ativos na linha humana,
na veterinária ou na agropecuária em uma região,
localidade ou país, são fatores determinantes para
ter maior ou menor resistência. Por isso os dados
locais de prevalência de resistências também são
muito importantes e devem ser levados em
consideração para a escolha da terapia
antimicrobiana a ser instituída.
20
n a V E T
* ENTÃO, PARA ESCOLHER UM

MEDICAMENTO DEVEMOS CONSIDERAR:
o diagnóstico ou indicação
o estado clínico do paciente e a gravidade da
infecção
presença de comorbidades e disfunções
orgânicas
o sítio da infecção
o patógeno e as microbiotas
a ação antimicrobiana desejada neste patógeno
o mecanismo de ação do medicamento no
patógeno
o espectro de ação do medicamento e sua
influencia nas microbiotas
as características farmacocinéticas e
farmacodinâmicas do medicamento
o regime de administração (via/dose/intervalo
entre doses)
a concentração atingida no sítio da infecção
que leva a ação antimicrobiana esperada
a distribuição, meia-vida e eliminação
e a duração:
- para a cura clínica
- que minimize a seleção da resistência
- que reduza a contaminação ambiental
21
n a V E T
CONSIDERAÇÕES
O uso de Antimicrobianos de forma racional não

é tão simples assim, além dos fatores já comentados,
existem outros fatores relacionados ao prescritor e
ao tutor que influenciam a prescrição de
antimicrobianos:
1. o conhecimento e as percepções do prescritor, que

podem levar a insegurança no diagnóstico e na
instituição da terapia mais adequada;
2. acesso a exames complementares que podem

auxiliar no diagnóstico definitivo e evitar incertezas
de diagnóstico;
3. interação e expectativas do tutor, que levam

muitas vezes o prescritor a ser pressionado a
prescrever antimicrobianos sem necessidade;
4. características sócio-econômicas do tutor que

podem levar a quadros de incerteza de diagnóstico e
tratamento empírico com medicamentos mais
baratos e não necessariamente mais indicados.
22
n a V E T
E várias barreiras podem ser percebidas e que

influenciam no uso racional de antimicrobianos:
1. falta de atualização sobre os antimicrobianos e uso

racional pelos prescritores;
2. dificuldade do corpo clínico para suspender

esquemas empíricos de amplo espectro e longa
duração;
3. desconhecimento dos perfis microbiológicos;
4. baixa adesão do corpo clínico na requisição de

exames microbiológicos e na qualidade de sua
interpretação;
5. baixa qualidade na elaboração dos laudos dos

exames microbiológico, dificultando a interpretação
correta destes exames pelos prescritores;
6. baixa interação entre os prescritores e os

microbiologistas clínicos.
23
n a V E T
Dados citados pela ANVISA mostram que os

antimicrobianos correspondem a mais de 30% dos
gastos da farmácia hospitalar humana.
25 a 40% dos pacientes hospitalizados utilizam
pelo menos um antimicrobiano em algum
momento da internação.
Mais de 50% destas prescrições são inadequadas
quanto à via de administração, à dose e até
mesmo quanto à indicação do antimicrobiano.
O QUE PODEMOS E DEVEMOS FAZER?
O uso Racional de Antimicrobianos requer vários

conhecimentos e várias ações.
A etiologia da resistência é multifatorial e complexa,

mas o uso de antimicrobianos e, em especial, o mau
uso e abuso, são considerados os fatores mais
importantes para o desenvolvimento da resistência.
Considera-se que o controle da resistência

antimicrobiana requer a implantação de dois
processos fundamentais que são as medidas de
controle de disseminação dos microrganismos
resistentes, principalmente a nível hospitalar, e o
uso racional de antimicrobianos nos seus mais
diversos usos (humano, animais, agropecuária)
(tratamento, profilaxia, metafilaxia e como
promotores de crescimento).
24
n a V E T
E resumindo, para se fazer o Uso Racional de

Antimicrobianos, como terapia ou profilaxia na
Medicina Veterinária, devemos responder as
seguintes perguntas:
1. POR QUE realizar? tem o diagnóstico ou a real

iminência do desenvolvimento de uma infecção
bacteriana?
2. QUAL a droga certa? Considerar o paciente, o sítio

da infecção e o microrganismo.
3. COMO será feito o regime de administração (via,

dose, intervalo e duração)? Considerar o paciente, o
sítio da infecção, a droga e o microrganismo.
4. O QUE aconteceu? A terapia teve sucesso? Qual o

tempo necessário, a evolução do quadro,
intercorrências, necessidade de alterações? Aprenda
para não cometer os mesmos erros em pacientes
futuros.
25
n a V E T
E para que você possa usar os Antimicrobianos

de forma racional, você precisa conhecer e estudar
sobre os:
FATORES DO PACIENTE
FATORES DA DROGA
- ação antimicrobiana
- mecanismo de ação
- espectro de ação
- farmacocinética e farmacodinâmica
FATORES DO PATÓGENO
- principais patógenos
- prevalências
- principais resistências
- como interpretar corretamente
um antibiograma
26
n a V E T
Os Antibióticos são medicamentos espetaculares

que revolucionaram a Medicina e a Medicina
Veterinária, mas o seu mau uso e abuso vão levar a
consequências desastrosas, onde muitos dos
procedimentos convencionais que são feitos com
segurança pelo aporte destes medicamentos não
serão mais facilmente realizados.
Voltaremos a era pré-antibiótica? Já pensou em

uma otite incurável? Já pensou em fazer uma
cirurgia de redução de fratura exposta sem
antibiótico? Já pensou em tratar sepse sem
antibiótico? Já pensou em morrer por um corte no
dedão do pé que infeccionou e nenhum antibiótico
cura?
Use Racionalmente os Antibióticos hoje

para poder utilizá-los sempre!
Use menos para utilizar mais!
Use pouco para utilizar muito!
Droga certa, da forma certa apenas quando

o paciente realmente precisa!
27
n a V E T
CHECKLIST PARA A TERAPIA ANTIMICROBIANA

RACIONAL
Tem diagnóstico ou real iminência do desenvolvimento de uma infecção.
Não posso esperar o resultado da cultura e antibiograma para entrar com a

terapia empírica pela gravidade dos sinais clínicos.
O paciente tem comorbidades ou disfunções orgânicas, mas já estão sendo

tratadas.
A relação risco x benefícios da terapia antimicrobiana foi avaliada.
Foi feito o diagnóstico do patógeno (cultura e antibiograma) ou dos prováveis

patógenos (quando não puder ou não tiver indicação de cultura e
antibiograma).
O medicamento tem ação no patógeno ou prováveis patógenos (espectro de

ação, mecanismo de ação).
Concentrações terapêuticas do medicamento são atingidas no sítio da

infecção (farmacocinética).
A ação antimicrobiana desejada vai ser obtida neste patógeno pelo regime de
administração escolhido (farmacodinâmica e farmacocinética).
O medicamento escolhido atendeu aos critérios de menor espectro, menor

potência e menor risco de desenvolvimento de resistência.
Foi realizado um acompanhamento da evolução clínica do paciente durante a

terapia.
Foi reavaliada a terapia após o resultado da cultura e antibiograma.
A duração da terapia, instituída ou alterada, foi suficiente para a cura

clínica.
A duração da terapia, instituída ou alterada, visou a menor exposição do

paciente e ao menor risco de contaminação ambiental.
Os resultados desta terapia são compilados para ajudar em futuros casos

clínicos semelhantes.
28
atb
n a V E T
NOS ACOMPANHE
Antibióticos na Veterinária
Antibióticos na Vet
@atbnavet
Antibióticos na Vet
atbnavet.com

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Muito se fala sobre o Uso Racional de

O uso racional de antimicrobianos pode ser

O uso racional de antimicrobianos é um

A resistência antimicrobiana se refere a

Existem evidências que indicam que o uso de

As consequências da resistência podem ser

A racionalização do uso de antimicrobianos é

A antibioticoterapia racional significa usar

Ao escolher um antibiótico, o prescritor deve

O QUE CONSIDERAR PARA O USO

O uso de antibióticos deve ser baseado em

Quando optamos pelo uso de antibióticos,

Então, falaremos destes três princípios básicos

Vários são os fatores relacionados ao

Existe o diagnóstico de uma infecção ou a

A indicação do uso de antimicrobianos é baseada no

O uso de antimicrobianos não deve ser considerado

2. GRAVIDADE DOS SINAIS CLÍNICOS

No entanto, para menores gravidades clínicas o

3. QUADRO CLÍNICO GERAL DO PACIENTE

O status imunológico do paciente é um fator

Porém, a avaliação do estado geral do paciente,

Os fatores relacionados às drogas são

Estes fatores se relacionam com as

Sobre as ações dos medicamentos no

A ação antimicrobiana reflete o que acontece com

A ação desencadeada pelo medicamento no

Assim temos que determinados mecanismos de ação

Para se fazer o Uso Racional de

Então as questões a serem consideradas na

características dos medicamentos

2. INTERAÇÕES COM O PACIENTE

Os medicamentos antimicrobianos interagem de

Os parâmetros de absorção, distribuição,

Devemos considerar que os medicamentos

As concentrações terapêuticas são influênciadas por

Com relação ao paciente, as concentrações do

Com relação ao medicamento, além das influências

Concentrações terapêuticas e sub-terapêuticas

As principais formas de interação entre os fármacos

* FATORES QUE NÃO PODEMOS ESQUECER:

“Os medicamentos antimicrobianos são

Os medicamentos antimicrobianos são

As bactérias que sofreram ação direta pelo

Desconsiderados por muitos, os fatores

Os microrganismos são muitos

Alguns poucos microrganismos

Devemos levar em consideração diversos

Existem patógenos obrigatórios. Sempre que são

Mas existem outros patógenos que são oportunistas,

E quando estes microrganismos são encontrados,

E quando pensamos que existe uma infecção, e foi

Mas quando temos uma infecção onde não foi

Afinal, a prevalência de microrganismos

4. MECANISMOS DE ESCAPE DO PATÓGENO

Como forma de se proteger a agressões externas,