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Farmacologia clínica de Antibióticos

Olá, tudo bem?

Hoje vamos falar sobre Farmacologia clínica de Antibióticos.

Para interagir quimicamente com o seu receptor específico, a molécula de uma


droga tem que ter tamanho, carga elétrica, forma e composição atômica apropriados.

Normalmente as drogas são administradas em um local distante do local de ação.

Uma droga útil precisa reunir as propriedades necessárias para ser transportada do
local que é administrada para aquele em que age.

No final do processo, esta droga deve ser inativada ou excretada do corpo em uma
velocidade razoável, de modo que suas ações tenham uma duração apropriada.

A Farmacologia básica estuda como as substâncias químicas reagem com os


organismos vivos.

A Farmacologia clínica tem como objetivo avaliar o medicamento, analisando a sua


utilização de forma padronizada em variadas populações de indivíduos buscando
informações que possam ser generalizadas.

Os antibióticos ou antimicrobianos representam um dos mais importantes campos


de pesquisa da farmacologia clínica pelas questões relacionadas a eficácia e
segurança.

Isto posto, vejamos como exemplo a resistência aos antibióticos, resultado do


comportamento diferenciado que cada agente antimicrobiano pode apresentar sob
circunstâncias diferentes.

A resistência bacteriana é resultado de um fenômeno biológico natural que veio


como resposta à introdução de antibióticos na prática clínica.

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Este processo refere-se a cepas de microrganismos capazes de se multiplicar na
presença de concentrações de antibióticos mais altas do que aquelas provenientes
de doses terapêuticas praticadas segundo a posologia recomendada.

Há um fenômeno relacionado a mutações genéticas sofridas pelos microrganismos


ao serem expostos a drogas antimicrobianas, dando origem a “superbactérias”.

No campo da farmácia hospitalar é assunto de grande importância, pois os


antimicrobianos em geral apresentam uma característica peculiar, já que constituem
os únicos tipos de medicamentos que são capazes de influenciar não somente o
paciente em tratamento, mas todo o ecossistema onde ele está inserido, com
consequências negativas.

Vejamos alguns exemplos de superbactérias que trazem grande preocupação nos


Serviços de Saúde:

• Enterobacteriaceae resistente a carbapenêmicos


• Acinetobacter multirresistente
• Pseudomonas aeruginosa multirresistente
• Enterobacteriaceae produtora de  lactamase de espectro estendido
• Staphylococcus aureus resistente a oxacilina
• Enterococcus resistente a vancomicina
• Clostridium difficile
• Neisseria gonorrhoeae resistente a ceftriaxona

Do ponto de vista farmacológico, os antibióticos podem trazer alguns riscos


associados ao seu uso. Estes eventos adversos estão condicionados ao tipo de
substância utilizada.

Vejamos um exemplo clássico, a nefrotoxicidade produzida pelo uso de


aminoglicosídeos, normalmente não ocorre com o uso de beta lactâmicos. Há
também o fator idade que pode condicionar a uma maior susceptilidade dos agentes.
Idosos e crianças possuem restrições importantes quanto ao uso de alguns

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antibióticos. Os aminoglicosídeos em crianças, se não forem devidamente
monitorizados, podem trazer danos irreversíveis, como a ototoxicidade.

Em muitas situações os benefícios irão superar os riscos para o uso de antibióticos,


tendo em vista sua extensa faixa terapêutica. Sendo assim iremos encontrar raros
casos de antibióticos com baixo IT (índice terapêutico).

Alguns destes casos irão ocorrer devido a questões fisiológicas ou etárias, como por
exemplo o uso de Vancomicina em idosos.

Os principais eventos adversos associados a antibióticos podem ser:

• Gastrintestinais: dores abdominais, glossite, estomatite, náusea, vômito,


enterocolite, colite pseudomembranosa e diarreia.
• Hepáticas: Alteração de transaminases.
• Hematológicas e linfáticas: anemia, trombocitopenia, púrpura
trombocitopênica, eosinofilia, leucopenia e agranulocitose.
• Rash Cutaneo
• Prurido.
• Alterações do humor, alucinações.
• Nefrotoxicidade
• Ototoxicidade
• Alterações ósseas e na pigmentação dos dentes.

O uso de antibióticos é preconizado para as infecções causadas por bactérias, não


havendo, portanto, justificativa para a utilização em infecções virais.

Portanto, antibióticos matam bactérias, não vírus. Quando alguém utiliza um


antibiótico para tratar resfriados ou gripes, corre o risco de produzir pressão seletiva
das bactérias levando a quadros de resistência bacteriana.

O farmacêutico hospitalar tem grande importância quanto a adesão dos pacientes à


terapia antimicrobiana, além disso sua participação na elaboração de protocolos
clínicos envolvendo o uso de antimicrobianos e sua atuação na Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), trazem para a equipe de saúde mais
segurança quanto ao sucesso das farmacoterapias adotadas.

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Nos serviços de saúde são empregados vários métodos que visam educar a
prescrição e o uso de antimicrobianos, com destaque para o Stewardship, que
busca garantir que o antimicrobiano seja administrado de forma adequada.

O método diz respeito a intervenções coordenadas com objetivo de melhorar


e medir o uso apropriado de antimicrobianos, estabelecendo a seleção do
regime ótimo de medicamento, com dose, duração da terapia e via de
administração.

A identificação do melhor antibiótico depende bastante do grau de sensibilidade e da


identificação do agente. Muitas vezes a identificação é feita de forma empírica, o que
não invalida o diagnóstico, principalmente se houverem protocolos clínicos.

Algumas condições do paciente podem afetar o uso de antibióticos, como por


exemplo:

- Sistema Imunológico: a eliminação de microrganismos infectantes depende de um


sistema imunológico sadio. Pacientes com Diabetes, que façam uso de bebidas
alcoólicas, HIV positivos, com má alimentação, idade avançada ou sob terapia com
imunossupressores terão resultados alterados.

- Disfunção Renal: apenas 10% abaixo do normal já pode causar acúmulo de


antibióticos gerando efeitos adversos. Neste caso o farmacêutico pode monitorar os
níveis de Creatinina e a taxa de filtração glomerular colaborando com o médico para
a adequação posológica.

- Os hepatopatas tem alteração importante da metabolização dos antibióticos, o que


deve ser também monitorado.

- Nos diabéticos há o risco de os antibióticos não atingirem concentrações


terapêuticos em locais onde há prejuízo da irrigação sanguínea, como nas
extremidades.

- Outra questão importante a ser sempre analisada é o uso de antibióticos em


gestantes pois os antibióticos atravessam a placenta. Deve-se analisar o risco
benefício de sua utilização em gestantes.

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- E finalmente a idade, pois a imaturidade de alguns órgãos na infância e a redução
da atividade de outros no envelhecimento podem alterar o resultado da terapêutica.

Os grupos farmacológicos de antibióticos mais utilizados na terapêutica são:


Betalactamicos ( por exemplo penicilinas, cefaslosporinas e carbapenemicos)
Anfenicois, Tetraciclinas, Polipeptídeos, Macrolídeos, Aminoglicosídeos,
Lincosamidas, Rifamicinas, Poliênicos, Quinolonas e Fluoroquinolonas,
Oxazolidinonas, Glicilciclinas, Estreptograminas e as Sulfonamidas.

No uso dos antibióticos há que se distinguir as diferenças entre dois tipos de


estratégia de tratamento, os bactericidas e os bacteriostáticos.

Bactericidas: matam as bactérias e o número total de bactérias diminui


exponencialmente.

Bacteriostáticos: interrompem o crescimento e replicação de bactérias em níveis


apropriados, desta forma o sistema imune do paciente deve se encarregar de
eliminá-las.

Alguns antibióticos podem exercer ambas as funções. Temos como exemplo o


Cloranfenicol que é bacteriostático para gram negativo e bactericida para
pneumococos.

Os antibióticos podem ser classificados quanto ao seu espectro de ação como:

- Pequeno espectro: os agentes atuam somente sobre um tipo ou um grupo limitado


de bactérias. Como exemplo temos o uso de Isoniazida no tratamento de
micobactérias.

- Espectro ampliado: antibióticos que atuam sobre gram positivos e gram negativos,
como é o caso da Ampicilina.

- Amplo espectro: apresentam ampla variedade, causam modificações na flora


bacteriana intestinal. Neste caso temos como exemplo as tetraciclinas,
cefalosporinas e o cloranfenicol.

E finalmente, os antibióticos podem ser utilizados na forma de associação nos casos


em que é necessária uma terapia empírica com causa desconhecida de infecção,
no tratamento de infecções polimicrobianas, para aumentar a atividade

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antimicrobiana promovendo sinergismo e para prevenir a ocorrência de resistência
bacteriana.

Referências Bibliográficas:

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