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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem

Leila Jussara Berlet

Infecção no período puerperal: implicações para a enfermagem

Rio de janeiro
2015
Leila Jussara Berlet

Infecção no período puerperal: implicações para a enfermagem

Dissertação apresentada, como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre, ao
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Área de concentração: Enfermagem, Saúde e
Sociedade.

Orientadora: Prof.a Dra. Rosângela da Silva Santos

Rio de Janeiro
2015
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB/B

B514 Berlet, Leila Jussara.


Infecção no período puerperal : implicações para a enfermagem /
Leila Jussara Berlet. - 2015.
103 f.

Orientadora: Rosângela da Silva Santos


Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Enfermagem.

1. Cuidados em enfermagem. 2. Infecção Puerperal - Enfermagem. I.


Santos, Rosângela da Silva. II. Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Faculdade de Enfermagem. III. Título.

CDU
614.253.5

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação, desde que citada a fonte.

_________________________ _____________________
Assinatura Data
Leila Jussara Berlet

Infecção no período puerperal: implicações para a enfermagem

Dissertação apresentada, como requisito


parcial para obtenção do título de Mestre, ao
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Área de concentração: Enfermagem, Saúde e
Sociedade.

Aprovada em 25 de fevereiro de 2015.


Banca Examinadora:
__________________________________________________
Prof.ª Dra. Rosângela da Silva Santos (Orientadora)
Faculdade de Enfermagem - UERJ

__________________________________________________
Prof. Dr. Octavio Muniz da Costa Vargens
Faculdade de Enfermagem – UERJ

__________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria Antonieta Rubio Tyrrell
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
2015
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que esteve conosco em toda a caminhada, dando-nos força quando
em nós já não havia. Aquele que nos compreende muito mais do que podemos entender. O
nosso muito obrigado.
A meus pais, meus irmãos Luis, Leidi (in memorian) e Leidiane, minha cunhada
Zelinda, meu cunhado Adilson Shumacher (in memorian), meu cunhado Lucas, meus
sobrinhos, meus primos, tios e tias que apesar da distância sempre estiveram presentes.
Quanto tempo se passou, eu não sei ... sei apenas que vendo novamente o orgulho e a
felicidade nos seus olhos, sinto uma enorme gratidão. Serei o indivíduo digno de ser a
continuidade do brilho de vocês, porque mais do que um profissional serei um ser humano.
Ao meu companheiro, minha fortaleza, por me ouvir, incentivar e acreditar em mim,
pela paciência durante esta etapa.
A família do meu noivo pela acolhida, apoio e incentivo.
Aos professores, em especial aos do curso de pós-graduação da Faculdade de
Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FENF/UERJ), pelos ensinamentos
e conhecimentos passados durante a minha formação.
À Profª. Dra. Rosângela da Silva Santos por aceitar ser minha orientadora, pela
paciência, carinho, compreensão, incentivo e ensinamentos dispensados durante esta etapa da
minha vida e formação acadêmica.
Ao Prof. Dr. Octávio Muniz da Costa Vargens e a Profa Dra Maria Antonieta Rubio
Tyrrell por suas contribuições e dedicação ao ler este trabalho.
Às minhas companheiras que se tornaram amigas Carla, Emi e Tharine, por me darem
apoio durante esta jornada e, principalmente, nos momentos que mais precisei.
Aos amigos que estiveram presentes sempre na minha vida, e durante esta etapa na
minha formação profissional, pessoal e acadêmica de alguma forma, seja ela por Skype,
Facebook, Whatsapp, e-mail, telefone, e/ou em pensamento...
Enfim, agradeço a todos aqueles que de uma maneira ou outra me incentivaram.
RESUMO

BERLET, Leila Jussara. Infecção no período puerperal: implicações para a enfermagem.


2015. 103f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

A enfermagem é uma profissão voltada para o cuidado das pessoas nas diferentes fases
da vida, o ato de cuidar é a essência no fazer da enfermeira, e, possui uma inquietação com o
conjunto de prioridade de pesquisa em seu meio. Neste sentido, a saúde materna considerada
um indicador sensível à qualidade de vida de uma população é uma delas. O presente estudo é
uma revisão integrativa da literatura que teve como objetivo descrever as infecções mais
frequentes que a mulher está exposta durante o período puerperal, investigadas em
publicações nacional e internacional da área da saúde, além de identificar o nível de evidência
cientifica de cada artigo. Para a seleção dos estudos foram utilizadas três bases de dados,
ScienceDirect, Pubmed e Lilacs. O recorte temporal foi de 2009 a 2013 e, a amostra foi
composta por 19 artigos, relacionado à infecção puerperal. Os dados foram coletados da
segunda quinzena de setembro à primeira de outubro. A análise dos estudos permitiu
identificar que mais da metade das publicações foi no Brasil. Dois estudos identificaram
enfermeiros como autores. A maioria dos periódicos de veiculação dos estudos era da área
medica. Doze estudos apresentaram delineamento não experimental, três eram estudo de caso
e quatro apresentaram delineamento experimental. As principais infecções puerperais
encontradas foram a endometrite, a infecção urinária, a infecção do sítio cirúrgico, a sepse
puerperal, a mastite, a cervicite. Os resultados mostraram que são necessárias mais pesquisas
com delineamento experimental, principalmente no que tange a área da enfermagem. A
avaliação rigorosa da puérpera no pós-parto, a adequada conduta para prevenção da infecção
puerperal e/ou manejo das intervenções no cuidado da paciente com morbidade infecciosa,
alicerçam ações indispensáveis da enfermeira na obtenção de um atendimento de enfermagem
mais seguro, de qualidade, que promova o protagonismo da mulher nesta etapa importante de
sua vida e lhe proporcione autonomia em relação aos seus direitos sexuais e reprodutivos
contribuindo para a redução da mortalidade materna.

Palavras-chave: Infecção. Infecção puerperal. Enfermagem.


ABSTRACT

BERLET, Leila Jussara. Infection postpartum period: implications for nursing. 2015. 103f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

Nursing is a profession focused on the care of people at different stages of life, the act
of caring is the essence in making the nurse, and has a concern with the search priority set in
their midst. In this sense, the maternal considered a sensitive indicator of the quality of life of
a population is one. This study is an integrative literature review that aimed to describe the
most common infections that a woman is exposed during the postpartum period, investigated
in national and international publications in the health field, and identify the level of scientific
evidence of each article. For the selection of studies have used three databases, ScienceDirect,
Pubmed and Lilacs. The time frame was 2009 to 2013 and the sample consisted of 19 articles
related to puerperal infection. Data were collected from the second half of September to the
first of October. The studies identified that more than half of the papers in Brazil. Two studies
identified nurses as authors. Most of the studies serving journals was the medical area.
Twelve studies showed no experimental design, three were case study and four presented
experimental design. The main puerperal infections were found endometritis, urinary
infection, surgical site infection, puerperal sepsis, mastitis, the cervicitis. The results showed
that more research is needed with experimental design, especially regarding the area of
nursing. Rigorous evaluation of women postpartum, the appropriate approach to prevention of
puerperal infection and / or management of interventions in patient care with infectious
morbidity, underpin essential actions nurse in obtaining a safer nursing care, quality, to
promote the role of women in this important stage of his life and it provides autonomy in
relation to their sexual and reproductive rights contributing to the reduction of maternal
mortality.

Keywords: Infection. Puerperal infection. Nursing.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Fluxograma da busca dos artigos para Revisão Integrativa da


Literatura sobre infecção puerperal ....................................................... 29
Quadro 2 - Base de dados dos artigos selecionados ................................................ 34
Quadro 3 - Periódicos e número de artigos publicados ........................................... 35
Quadro 4 - Apresentação da distribuição dos artigos segundo ano, país e idioma.. 36
Quadro 5 - Síntese dos artigos selecionados ........................................................... 38
Quadro 6 - Distribuição das infecções no período pós-parto encontradas nos
artigos analisados .................................................................................. 45
Quadro 7 - Sinais vitais no pós-parto ...................................................................... 63
Quadro 8 - Avaliação pós-parto e sinais de complicações potenciais ..................... 71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEn Associação Brasileira de Enfermagem


ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
BVS Biblioteca Virtual da Saúde
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CME Centro de material e esterilização
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREn Conselhos Regionais de Enfermagem
CPMI Coordenação de Proteção Materno-Infantil
DINSAMI Divisão Nacional de Saúde Materno-Infantil
GR Grau de recomendação
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
ISC Infecção do Sítio Cirúrgico
IST Infecção Sexualmente Transmissível
JAMA Journal of the American Medical Association
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MES Ministério da Educação e Saúde
NE Nível de evidência
ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
OMS Organização Mundial de Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PA Pressão Arterial
PAISM Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PCR Reação em Cadeia da Polimerase
PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
PNAISM Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
RS Rio Grande do Sul
SUS Sistema Único de Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UTI Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 10


1 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 16
1.1 A mulher e o período puerperal ........................................................................ 16
1.2 Políticas Públicas e a Enfermagem na assistência a mulher no ciclo
gravídico puerperal ............................................................................................ 18
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 27
2.1 Tipo de estudo ...................................................................................................... 27
2.2 Critérios de Seleção .............................................................................................. 28
2.3 Procedimentos para busca e seleção dos artigos .................................................. 28
2.4 Coleta de dados .................................................................................................... 30
2.5 Análise dos dados ................................................................................................ 30
3 RESULTADOS .................................................................................................. 33
4 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 44
4.1 Principais infecções que a mulher está exposta no puerpério .............................. 44
4.2 A Enfermagem e o cuidado à mulher no período puerperal ................................. 58
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 73
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 76
APÊNDICE A - Instrumento para coleta de dados ............................................ 84
APÊNDICE B – Síntese do artigo A01 .............................................................. 85
APÊNDICE C – Síntese do estudo A02 ............................................................. 86
APÊNDICE D – Síntese do artigo A03 .............................................................. 87
APÊNDICE E – Síntese do artigo A04............................................................... 88
APÊNDICE F – Síntese do artigo A05 .............................................................. 89
APÊNDICE G – Síntese do artigo A06 ............................................................. 90
APÊNDICE H – Síntese do artigo A07 .............................................................. 91
APÊNDICE I – Síntese do artigo A08 ............................................................... 92
APÊNDICE J – Síntese do artigo A09 ............................................................... 93
APÊNDICE K – Síntese do artigo A10 .............................................................. 94
APÊNDICE L – Síntese do artigo A11 ............................................................... 95
APÊNDICE M – Síntese do artigo A12 .............................................................. 96
APÊNDICE N – Síntese do artigo A13 .............................................................. 97
APÊNDICE O – Síntese do artigo A14 .............................................................. 98
APÊNDICE P – Síntese do artigo A15 ............................................................... 99
APÊNDICE Q – Síntese do artigo A16 .............................................................. 100
APÊNDICE R – Síntese do artigo A17............................................................... 101
APÊNDICE S – Síntese do artigo A18 .............................................................. 102
APÊNDICE T – Síntese do artigo A19 .............................................................. 103
10

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A presente pesquisa tem intuito de descrever as infecções mais frequentes que a


mulher está exposta, durante o período puerperal, em publicações cientifica da área da saúde.
A pesquisa é resultante da inquietação que surgiu durante estágios extracurriculares e
curriculares que realizei no decorrer da graduação no curso de Enfermagem e da minha
atuação como enfermeira 1 de centro de material e esterilização (CME).
Acompanhando o atendimento de mulheres no ciclo gravídico puerperal, o que me
chamava atenção eram as intervenções realizadas no parto e, posteriormente, suas
consequências, em particular a infecção. As intervenções que presencie foram: prática de
episiotomia; uso de fórceps; amniotomia; manobra de kristeller; uso de cateter venoso,
métodos farmacológicos para acelerar o parto e antibiótico profilaxia. A complicação mais
comum foi à infecção puerperal, em especial a infecção do sitio cirúrgico em cesárea.
Na atuação como enfermeira de centro de material e esterilização, eu não
acompanhava os procedimentos, mas acompanhava o trabalho dos técnicos de enfermagem no
centro de material e esterilização, os quais recebiam o pedido de material para montar a sala
de parto, e um dos itens que sempre estava no pedido era o fórceps, e que inúmeras vezes
retornavam sujo de sangue.
Estes fatos me inquietavam, pois entendendo que a maternidade, é, para muitas
mulheres, um dos aspectos mais intensos e significativos da existência humana e,
normalmente, está relacionada a um momento de renovação da vida. Entretanto, nem sempre
é assim que transcorre, e a maternidade se associa a riscos para a vida da mulher (SOUZA;
PILEGGI-CASTRO, 2014).
As intervenções que as mulheres são submetidas podem levar a complicações que poderão
culminar em uma infeção puerperal, que hoje de acordo com o Ministério da Saúde é terceira
causa de morte obstétrica direta (BRASIL, 2014a, 2014b).
As principais causas de infecções na gravidez e puerpério são classificadas em
obstétricas e não obstétricas. As infecções por causas obstétricas ligadas ao ciclo gravídico
puerperal ocorrem em razão de alguma complicação, como: as relacionadas: a gestação e
podem ser em decorrência de aborto infectado, corioamnionite, tromboflebite pélvica séptica;

1
A palavra enfermeira será utilizada ao nos referirmos ao profissional de enfermagem de nível superior, por uma
questão de gênero da profissão.
11

as relacionadas ao parto pode ocorrer endometrite pós-parto, infecção de episiotomia,


infecção de parede ou uterina pós-cesárea; e associada à realização de procedimentos
invasivos: (infecção pós-cerclagem ou pós-amniocentese, fasciíte necrotizante). As infecções
não obstétricas agrupam doenças adquiridas não pelo fato da mulher estar grávida, mas em
decorrência do meio em que está inserida, sendo: pneumonia adquirida em comunidade,
infecções do trato urinário, apendicite, colecistite, Vírus da Imunodeficiência Humana (Hiv) e
malária (CASTRO et al., 2009); também são incluídas patologias como: a rubéola, sífilis,
toxoplasmose, hepatite B (BARROS, 2009).
Vários fatores tornam a infecção em uma relevante complicação do ciclo gravídico
puerperal, agravando tanto o prognóstico materno quanto o perinatal. Mudanças anatômicas e
fisiológicas impostas ao trato gestacional predispõem a transformação de mulheres
(CALEGARI et al., 2012).
As infecções podem ocorrer tanto no parto normal quanto na cesárea e, normalmente,
é polimicrobiana, e os agentes etiopatogênicos são germes aeróbios e anaeróbios da flora do
trato geniturinário e intestinal (BENINCASA et al., 2012).
No entanto, a cesariana está ligada a riscos de saúde maiores que aos do parto vaginal.
Destacando-se: as lesões uretral e vesical, os riscos de histerectomia, tromboembolismo,
complicações infecciosas, reinternamentos hospitalares e morbilidade respiratória do recém-
nascido, bem como a maior incidência de placenta prévia, rotura uterina e morte fetal nas
gestações subsequentes (CAMPOS, 2010). Isto trás sérias preocupações, pois o numero de
cesáreas realizadas pelos SUS no Brasil, nos últimos anos, tem aumentado inclusive no estado
do Rio de Janeiro onde a cesárea é a via de parturição mais escolhida (BRASIL, 2012a).
Assim o nascimento compreende, desde a gestação, atravessando pelo parto e período
pós-parto, uma vivencia complexa que pode ser produtora de vulnerabilidades às mulheres. A
complexidade é conferida pelo entrelaçamento de aspectos biológicos, psicológicos,
emocionais, relacionais, socioculturais e por questões de gênero a que está sujeito esse
processo. A vulnerabilidade, entendimento que perpassa a ideia de suscetibilidade ou
fragilidade, é algo que reúne fatores de exposição e de proteção a esse processo, os quais
podem ser individuais, coletivos/sociais e relativos a políticas e programas governamentais.
Nessa ótica, as altas taxas de cesariana e a morbimortalidade materna e perinatal são
apresentadas como condições de vulnerabilidade as quais as mulheres estão expostas no ciclo
gravídico puerperal (CABRAL; HIRT; VAN DER SAND, 2013). O ciclo gravídico puerperal
é aquele que envolve a gravidez, o parto e o período pós-parto (CANDIDO et al., 2011).
12

No Brasil, o nascer não tem sido uma experiência natural nem para pobres nem para
ricos. A pesquisa, denominada Nascer no Brasil, visando estudar o parto e o nascimento,
realizada, em nosso país, teve uma amostra de 23.940 mulheres, das quais 56,8% foram
classificadas de risco obstétrico habitual, ou seja, as mulheres foram definidas como: sem
história de complicações ou doenças pré-existentes, com idade gestacional entre 37-41
semanas ao parir, gravidez única, com feto em apresentação cefálica e peso ao nascer entre
2.500g e 4.499g e entre o 5º e 95º  percentil de peso ao nascer por idade gestacional (LEAL et
al., 2014). Nas mulheres desta pesquisa os desfechos avaliados foram boas práticas e
intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto.
As autoras consideraram como boas práticas: ingesta de líquidos ou alimentos durante
o trabalho de parto e uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor – averiguado em
menos de um terço da amostra; mobilidade durante o primeiro estágio do trabalho de parto e
monitoramento do progresso do trabalho de parto pelo partograma. Foi constatado em
aproximadamente 45% das mulheres da pesquisa, o monitoramento pelo partograma; 100%
das mulheres da pesquisa contaram com a presença de acompanhante durante todo o período
de hospitalização.
As intervenções consideradas foram: uso de cateter venoso em 70%; ocitocina para
aceleração do trabalho de parto, e amniotomia (para mulheres com bolsa íntegra na admissão)
em 40%; analgesia raque/epidural em 30%; foi constatado durante o parto que a litotomia, a
manobra de Kristeller e episiotomia estiveram presente, respectivamente em 92%, 37% e
56%. Do total de partos, 48,1% foram vaginais, 5% vaginais sem nenhuma intervenção
durante o trabalho de parto e parto e 51,9% cesariana (LEAL et al., 2014). Os resultados
encontrados corroboram o que vivenciei durante a graduação e em atuação como enfermeira
de Centro de Material e Esterilização.
A saúde materna é considerada um indicador sensível à qualidade de vida de uma
população, principalmente para as que estão em desenvolvimento e subdesenvolvimento; logo
monitorar suas tendências e características é relevante para apoiar a definição de políticas de
saúde efetivas (BRASIL, 2011b). Desta forma, ao avaliar os principais problemas mundiais,
em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oito objetivos denominados
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que os países teriam que alcançar até o
ano de 2015.
Dentre os objetivos, o quarto e o quinto estão diretamente direcionados à saúde
reprodutiva, sendo o quinto voltado, especificamente, para a atenção à saúde materna. Na
13

ocasião foi acordado que os países deveriam reduzir em 75% a taxa de mortalidade registrada
em 1990 até o ano de 2015 e melhorar o acesso à saúde reprodutiva e sexual (BRASIL,
2010a).
Essa decisão é relevante, pois no século passado as taxas de morbimortalidade eram
muito altas, já podendo ser observada uma redução de 45% desde 1990 pelos óbitos maternos
de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No entanto, ainda não será alcançada a
redução da taxa de mortalidade materna estabelecida, principalmente, em países em
desenvolvimento e subdesenvolvimento, uma vez que em 2013, em torno de 289.000
mulheres morreram em decorrência a complicações no ciclo gravídico puerperal, comparado
com 523.000 em 1990. Do total de mortes registradas em 2013, 62% foram registradas
somente na região da África Subsaariana (é a região onde tem o maior número de mortes
maternas), seguida pelo Sul da Ásia, com 24%. Juntos os dois países respondem por um terço
dos óbitos de mulheres gestantes ou parturientes no mundo em números absolutos: a Índia,
com 17% (50 mil), e a Nigéria, com 14% (40 mil). Na Somália e Chade o risco de morte é de
1 óbito para cada 18 nascidos vivos na Somália e 1 em 15 no Chade, sendo os mais altos do
mundo. Houve redução de 40% na mortalidade materna da América Latina e 36% no Caribe,
em comparação aos números de 1990 com 2013 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
2014).
Neste mesmo período, no Brasil, houve uma redução de 43%, na proporção de óbitos
em decorrência a complicações no ciclo gravídico puerperal de acordo com relatório da
Organização Mundial da Saúde (2014), divulgado em maio de 2014. Em 1990 eram 120
óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos, passando para 69 em 2013. Esta redução é
similar ao observado no mundo.
O ritmo de queda da mortalidade materna no mundo é um pouco mais que a metade do
exigido para atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de reduzir em três
quartos a taxa de mortalidade materna entre 1990 e 2015. Para reduzir o número de mortes
maternas, as mulheres precisam ter acesso a cuidados de saúde reprodutiva de boa qualidade e
intervenções eficazes (BRASIL, 2014a).
A mortalidade materna é maior nas áreas rurais e nas comunidades mais pobres,
consequentemente 99% dos óbitos maternos acontecem em países em desenvolvimento. As
jovens adolescentes, entre 15 a 19 anos, têm maior risco de complicações e morte como
resultado da gravidez. Por volta de 800 mulheres morrem por dia devido a complicações do
14

ciclo gravídico puerperal por uma gama de complicações decorrentes deste período, as quais
poderiam ser evitadas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2014).
Apesar de todos os avanços conquistados nos últimos 20 anos, foi pouco o
desenvolvimento associado à prevenção da gravidez de adolescentes, abortos, óbitos
maternos, infecções de transmissão sexual e pelo Hiv, e se observam diferenças consideráveis
na disponibilidade e na qualidade dos serviços e da educação integral sobre saúde sexual para
jovens, bem como no acesso, especialmente nos países de baixa renda (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 2014).
No Brasil, observa-se, através do Relatório Nacional de Acompanhamento dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2014, que a saúde reprodutiva não está ligada
ao acompanhamento das mulheres na fase reprodutiva, de uma forma holística, mas ao
número de consultas pré-natal, a utilização de métodos de anticoncepção (BRASIL, 2014).
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde com mais de 60.00 mortes
maternas, em 115 países, constatou que 28% destas mortes eram em decorrências de
patologias pré-existentes (como diabetes, malária, HIV e obesidade) agravadas pela gestação
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2014).
Caso a atenção à saúde reprodutiva destas mulheres fosse dispensada adequadamente,
estas mortes poderiam ser evitadas. A saúde materna está ligada à saúde reprodutiva que não é
só a prevalência do uso de anticoncepcionais, e consequente diminuição da taxa de
fecundidade. Para melhorar a atenção a saúde materna, deve-se realizar um acompanhamento
adequado universalizando o acesso à saúde reprodutiva, evitando muitas complicações no
decorrer do ciclo gravídico puerperal.
Para melhor direcionar as pesquisas e a criação de novas políticas o Ministério da
Saúde elaborou e implementou a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, um
processo político que busca, em todas as suas etapas, a ampla participação de atores com
experiências e linguagens distintas tanto na pesquisa como na saúde, assim consentindo que
preferências de pesquisa em saúde estejam em consonância com os princípios do SUS
(BRASIL, 2008).
Assim, a enfermagem possui uma inquietação com o conjunto de prioridades de
pesquisa em seu meio, que não é recente, passa a focar o que é para dar visibilidade ao saber
próprio constituído, ou seja, no cuidado de enfermagem enquanto categoria teórica, nos
sujeitos do cuidado, nas competências profissionais e também nos grandes problemas
15

nacionais transversais, de forma a melhor definir o campo disciplinar e a faceta


interdisciplinar desse campo de conhecimentos (OLIVEIRA, 2013).
Desta forma, a Agenda de Prioridades respeita as necessidades nacionais e regionais
de saúde e aumenta a indução seletiva para a produção de conhecimentos e bens materiais e
processuais nas áreas prioritárias para o desenvolvimento das políticas sociais. Nesta agenda,
a Saúde da mulher é a oitava preocupação do governo, e engloba a magnitude, dinâmica e
compreensão dos problemas de saúde da mulher (BRASIL, 2008). Consequentemente, as
complicações do puerpério estão entre as oito primeiras prioridades.
A enfermagem trata-se de uma profissão voltada para o cuidado das pessoas nas
diferentes fases da vida, pela capacidade que possui em se aproximar dos indivíduos e assisti-
los em suas necessidades, compreendê-los e ajudá-los buscando a promoção da sua saúde e
cidadania (KOERICH et al., 2010). Ela está respaldada por seu comitê de ética para dispensar
atenção à mulher no ciclo gravídico puerperal, por isso é essencial sua atuação nas saúdes
materna e reprodutiva.
A partir destas informações, elaborou-se a seguinte questão norteadora “A que
infecções puerperais a mulher está exposta a partir de publicações científicas da área na
saúde?”.
Em função da inquietação e da questão norteadora formularam-se os seguintes
objetivos:

a) Descrever as infecções mais frequentes que a mulher está exposta durante o


período puerperal, em publicações nacional e internacional da área da
saúde;
b) Identificar o nível de evidência cientifica de cada artigo.
16

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 A mulher e o período puerperal

A gestação é um fenômeno fisiológico e necessita ser olhada pelas gestantes e


profissionais da saúde como uma fração de vida saudável na qual rodeiam alterações
dinâmicas do ponto de vista físico, social e emocional e, normalmente, seu desenvolvimento
decorre sem intercorrências. No entanto, pode ser uma situação limítrofe que pode implicar
riscos para a mãe e o bebê, pois uma parcela destas gestantes poderá desenvolver problemas
(BRASIL, 2010).
A saúde materna destacou-se com o grande número de mortes no puerpério, no século
XIX. Neste período, as altas taxas de mortalidade materna preocupavam a população, pois as
mulheres estavam morrendo por complicações após o parto. O médico Holmes, nos Estados
Unidos, e Semmelweis, na Europa, definiram as bases para o entendimento da aquisição da
febre puerperal e dos riscos de hospitalização para as parturientes. Em 1843, Holmes
responsabilizou obstetras de disseminarem a infecção entre as puérperas. Semmelweis, em
1847, observou que no setor das parteiras as mortes maternas eram mais raras, constatando,
após a morte de um dos professores com a mesma febre das parturientes, que os médicos e
estudantes de medicina eram os transmissores da infecção puerperal. A transmissão dava-se
pelas mãos contaminadas durante as autopsias, ou no contato com mulheres com infecção
estabelecida, pois não existia o hábito de lavar as mãos (RODRIGUES, 2009).
No mesmo século XIX, também ocorreram descobertas na área da microbiologia,
havendo um avanço nos cuidados com as infecções, principalmente as hospitalares.
Consequentemente, ocorreram inúmeras mudanças na assistência à saúde materna.
Vale lembrar que no ciclo gravídico puerperal, a assistência à mulher remete-nos a
fatos ocorridos desde os primórdios, pois é uma prática milenar. Tschrak e Susruta da
medicina hindu, que viveram antes de Cristo, aconselhavam atenção especial à mulher neste
período. Estes cuidados foram exercidos basicamente por mulheres, principalmente as anciãs,
denominadas parteiras e, posteriormente, a obstetrícia tornou-se uma ciência e houve a
institucionalização e a medicalização do parto (SCHIRMER et al., 2009).
17

A partir do advento da institucionalização e medicalização do parto, a saúde materna


obteve resultados positivos, mas também adquiriu outros problemas como: a utilização de
forma rotineira de alguns procedimentos, os quais devem ser bem analisados antes de serem
aplicados. Dentre estes procedimentos destacam-se a cesárea, a episiotomia e o fórceps
(JARDIM; PENNA, 2012).
Em 2010 as complicações pertinentes do ciclo gravídico puerperal levam mais de meio
milhão de mulheres a óbito por ano no mundo, fora outros estimados 10 milhões que ficam
com sequelas relacionadas às complicações que ocorreram neste período. No Brasil,
especificamente, mais da metade das mortes maternas acontecem durante o parto; e em torno
de 70% das mortes são por causas obstétricas diretas; 15% em decorrência do aborto irregular.
Além destas mortes, estima-se que, para um óbito materno, existam 30 mulheres que ficaram
com sequelas ou problemas crônicos devido a complicações no ciclo gravídico puerperal
(NARCHI; CRUZ; GONÇALVES, 2013).
A minimização destes problemas pode ocorrer durante a realização do pré-natal,
quando os fatores de risco gestacional podem ser reconhecidos. Isto, desde que os
profissionais de saúde estejam alertas a todas as etapas da anamnese, exame físico geral,
exame gineco-obstétrico e, também, na visita domiciliar, razão pela qual é importante à
coesão da equipe (BRASIL, 2010).
Para haver a redução das mortes maternas é preciso ofertar acesso a intervenções
eficazes e dispensar um atendimento de boa qualidade na área da saúde reprodutiva. A
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2012) ressalta que para o período entre 2005 a 2011,
em torno de 81% das mulheres grávidas fizeram uma consulta pré-natal, quando o mínimo
aconselhado é de quatro consultas. Salienta também que o número ideal de profissionais
qualificados é de 90% e, assim, seria possível reduzir a mortalidade perinatal, neonatal e
materna. Em relação à consulta pré-natal, no Brasil, o Ministério da Saúde preconiza no
mínimo seis consultas pré-natais.
O pré-natal, além de estabelecer um relacionamento de confiança entre a gestante e a
equipe de saúde, ajudará a diminuir os anseios e medos, além de possibilitar que as
informações não somente sejam transmitidas, mas sejam assimiladas e utilizadas por elas
(PICCININI et al., 2012).
A política pública de assistência à saúde materna contribuiu para melhorar a atenção à
saúde da mulher no ciclo gravídico puerperal. A seguir são abordadas as políticas
desenvolvidas no decorrer das últimas décadas.
18

1.2 Políticas Públicas e a Enfermagem na assistência a mulher no ciclo gravídico


puerperal

Os dados estatísticos sobre a morbimortalidade materna são usados de indicadores


para a saúde materna e, desta forma, servem como a melhor ferramenta de gestão de políticas
públicas em prol da diminuição destes índices (VIANA et al., 2011). Servindo para a criação
de políticas públicas na intenção de melhorar a qualidade de vida das gestantes.
A incorporação da saúde materna às políticas públicas, delimitadas, nesta época,
relativas à gravidez e ao parto, ocorreu somente nas primeiras décadas do século XX, no
Brasil. A visão sobre a mulher era associada à característica biológica e no seu papel social de
mãe e dona de casa, responsável pela criação, educação e cuidado com a saúde de sua prole e
familiares, traduzido nos programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70
(BRASIL, 2011b).
Neste período, o governo priorizava a diminuição da mortalidade infantil com o intuito
de aumentar a população, e seu olhar não estava focado na qualidade da reprodução humana e
nem nas condições de saúde da mulher, a qual era vista como reprodutora e sua função era
voltada exclusivamente para a criação de braços fortes para servir o País, sem direitos
pessoais, sociais e econômicos. A saúde destas mulheres não era seguida, nem mesmo no
ciclo gravídico. No entanto, o governo estimulava a reprodução, sem que as possibilidades
mínimas essenciais para o desenrolar de uma gravidez fossem atendidas (CASSIANO et al.,
2014).
Surgiu, em 1937/1945, o primeiro programa estatal de proteção à saúde materna,
englobando a infância e a adolescência. As ações do programa eram desenvolvidas pelo
departamento Nacional de Saúde do Ministério da Educação e Saúde (MES), através da
divisão de Amparo à Maternidade e à Infância (BRASIL, 2011c).
A partir do Decreto-Lei nº 2.024, de 17 de Fevereiro de 1940, foram fixadas as bases
da organização da proteção à maternidade, à infância e à adolescência em todo o País. Com o
enfoque de buscar de modo sistemático e permanente, condições favoráveis permitindo às
mulheres uma sadia e segura maternidade, desde a concepção até a criação do filho, e garantir
a satisfação de seus direitos essenciais no que respeita ao desenvolvimento físico, à
conservação da saúde, do bem estar e da alegria, à preservação moral e à preparação para a
19

vida. Para atender este objetivo foi estipulado que as esferas federal, estadual e municipal
articulassem os órgãos administrativos relacionados com o problema, bem como dos
estabelecimentos ou serviços públicos ora existentes ou que venham a ser instituídos, com a
finalidade de exercer qualquer atividade concernente à proteção, à maternidade, à infância e à
adolescência (BRASIL, 1940).
Neste mesmo decreto foi criado no Ministério da Educação e Saúde, o Departamento
Nacional da Criança, diretamente subordinado ao Ministro de Estado. Este departamento
passou a ser o supremo órgão de coordenação de todas as atividades nacionais relativas à
proteção à maternidade, à infância e à adolescência (BRASIL, 1940).
Devido aos altíssimos números de óbitos maternos e neonatais, no século XX,
especialmente na década de 1940, ocorreu também o fenômeno da institucionalização do
parto, no Brasil, e logo a medicalização tornando a gravidez uma doença e não parte da
fisiologia da mulher. Este fato deve-se ao surgimento de novas tecnologias na área da
medicina e sua incorporação à área obstétrica como: anestesia, antissepsia, antibioticoterapia e
hemoterapia (BUSSADORI, 2009).
Após a 2ª Guerra Mundial, houve rápido aumento da industrialização e crescimento
populacional, devido a redução da mortalidade geral e as altas taxas de natalidade, marcando
um período com diversas tensões e pressões entre a sociedade civil e o Estado. A saúde da
mulher passou a incorporar às políticas nacionais de saúde, limitando-se, nesse período, às
demandas relativas à gravidez e ao parto (PADILHA et al., 2011).
O Departamento Nacional da Criança coordenou a assistência materno-infantil no
Brasil até o ano de 1969, transformando-se, em 1970, na Coordenação de Proteção Materno-
Infantil (CPMI), através do Decreto nº 66.623, de 22 de Maio de 1970, que dispõe sobre a
organização administrativa do Ministério da Saúde. A Coordenação de Proteção Materno-
Infantil tinha por finalidade planejar, orientar, coordenar, controlar, auxiliar e fiscalizar as
atividades de proteção à maternidade, à infância e à adolescência (BRASIL, 1970).
A proposta governamental de saúde nesta época era orientada pela necessidade de
garantir crianças saudáveis e mulheres reproduzindo com segurança, e estas eram orientadas a
realizar o controle da natalidade, através de medidas intervencionistas justificadas pela falsa
ideia de que a pobreza e as desigualdades resultam do crescimento populacional desordenado
(SOUZA; TYRRELL, 2011).
O período de 70 a 74 foi caracterizado pela ideologia do programa de integração social
e pela intensificação de convênios com os sindicatos, a fim de transformá-los em órgãos
20

assistenciais. Surge, nesta década, no Brasil, o movimento pela Humanização da Assistência


ao Parto e Nascimento, com a finalidade de resgatar as praticas naturais de assistência ao
nascimento (DINIZ, 2005; JARDIM; PENNA, 2012).
Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materna e infantil, criou-se, em 1975, o
Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil. O qual possuía a finalidade de concentrar
recursos financeiros, preparar a infraestrutura de saúde, melhorar a qualidade da informação,
estimular o aleitamento materno, garantir suplementação alimentar para a prevenção da
desnutrição materna e infantil, ampliar e melhorar a qualidade das ações dirigidas à mulher
durante o ciclo gravídico puerperal e à criança menor de cinco anos. Destacavam-se aí as
diretrizes básicas que visavam o aumento da cobertura de atendimento à mulher, à criança e,
consequentemente, a melhoria da saúde materno-infantil (BRASIL, 2011c).
A Coordenação de Proteção Materno-Infantil, em 1976, tornou-se a Divisão Nacional
de Saúde Materno-Infantil (DINSAMI), a qual foi vinculada à Secretaria Nacional de
Programas Especiais de Saúde, passando a ser o órgão responsável, no nível central, pela
assistência à mulher, à criança e ao adolescente (BRASIL, 2011c).
A política de saúde dirigida à mulher nos anos 80 presenciou, sem dúvida, importantes
avanços no país, decorrentes de compromissos políticos internacionais e nacionais que
acarretaram na promoção de eventos regionais para o debate das questões de saúde da mulher.
Atentam-se as ações educativas, preventivas, de diagnóstico e tratamento relacionados a
problemas ginecológicos, obstétricos e perinatais, com enfoque na integração das ações no
ciclo vital (SOUZA; TYRREL, 2011).
A partir da luta do movimento feminista brasileiro com fortes críticas aos programas
de visão restrita a mulher, esta deixa de ser pura procriadora para ser um sujeito de direito.
Este movimento atuou vigorosamente no campo da saúde, colaborando para incluir na agenda
política nacional, assuntos até então deixados em segundo plano, por serem consideradas
restritas ao espaço e às relações privadas. Assim as mulheres organizadas, reivindicaram sua
condição de cidadãs, com necessidades que extrapolam o momento da gestação e parto,
demandando ações que lhes proporcionassem a melhoria das condições de saúde em todos os
ciclos de vida (BRASIL, 2011b).
Devido a este movimento, em 1984, elaborou-se o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM), que incorporou como princípios e diretrizes as propostas de
descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, e também a integralidade e a
equidade da atenção, num período em que, paralelamente, no âmbito do movimento Sanitário,
21

concebia-se o arcabouço conceitual que embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde.


Este programa deu ênfase ao cuidado a saúde da mulher (BRASIL, 1984).
Com o enfoque dirigido à população feminina, obteve-se um novo perfil
epidemiológico, com ações educativas, preventivas, de diagnóstico e tratamento relacionados
a problemas ginecológicos, obstétricos e perinatal e o enfoque na integralidade das ações no
ciclo vital (SOUZA; TYRRELL, 2011).
A Constituição Federal, em 1988, criou o Sistema Único de Saúde (SUS), com o
intuito de diminuir a situação de desigualdade na assistência à saúde da população e neste
período, a saúde não era considerada um direito de todos. Tornou-se um projeto social único
que se materializa por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde da
população. A Lei 8080 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes (BRASIL, 1990).
Com o advento do SUS, a população em geral passou a ser atendida, e a Atenção à
Saúde da Gestante foi ampliada com a instituição dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio pela Organização Mundial da Saúde, em 2000. Visando atender estas exigências e os
direitos de cidadania, e estabelecer um atendimento apropriado e de qualidade as mulheres no
ciclo gravídico puerperal e aos recém-nascidos o Ministério da Saúde, em 2000, publicou a
portaria n° 569 que estabeleceu o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
(PHPN) (BRASIL, 2000).
A criação do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, além de reduzir
as altas taxas de morbimortalidade, serviu para adotar medidas destinadas a assegurar a
melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade destas mulheres; complementou as medidas
já adotadas pelo Ministério da Saúde, assim como estimulou o aprimoramento do sistema de
assistência à saúde da gestante, integrando e regulando o atendimento à gestação e ao parto
nos níveis ambulatorial básico e especializado, o acompanhamento pré-natal e ainda o
controle de leitos obstétricos, como forma de garantir a integralidade assistencial; adotou
medidas que possibilitem o avanço da organização e regulação do sistema de assistência à
gestação e ao parto, estabelecendo ações que integraram todos os níveis desta assistência,
definindo mecanismos de regulação e criando os fluxos de referência e contra referência que
para garantir o adequado atendimento à gestante, ao parto e ao recém-nascido (BRASIL,
2000).
Após vinte anos da criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
(PAISM), em 1984, o mesmo tornou-se a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
22

Mulher (PNAISM), no ano de 2004, sendo revisado em 2011, com o objetivo de atender as
mulheres acima de 10 anos de idade ampliando, qualificando e humanizando a atenção
integral à saúde delas no Sistema Único de Saúde (SUS). As ações, até então focadas na
assistência ao ciclo gravídico-puerperal, foram aumentadas para incluir outros aspectos
relevantes da saúde da população feminina, tais como a assistência às doenças ginecológicas
prevalentes, a prevenção, a detecção e o tratamento do câncer de colo uterino e de mama, a
assistência ao climatério, à assistência à mulher vítima de violência doméstica e sexual, os
direitos sexuais e reprodutivos e a promoção da atenção à saúde de segmentos específicos da
população feminina, entre outros (BRASIL, 2011b).
No ano de 2004, o Ministério da Saúde lançou o Pacto Nacional pela Redução da
Mortalidade Materna e Neonatal que reconheceu a vigilância do óbito materno, por
intermédio da organização da investigação dos óbitos de mulheres em idade fértil e da criação
dos Comitês de Mortalidade Materna, como uma estratégia fundamental para o alcance dos
seus objetivos. A Portaria GM/MS nº 1.172, de 15 de junho de 2004, definiu a vigilância
epidemiológica da mortalidade materna como uma atribuição de municípios e estados. Em
2008, a Portaria GM/MS nº 1.119 de 5 de junho, regulamentou esta prática estabelecendo
prazos e fluxos da investigação (BRASIL, 2009).
O Ministério da Saúde vem adotando uma série de medidas para melhorar a qualidade
da atenção à saúde da mulher e ao registro dos óbitos maternos. A atenção obstétrica e
neonatal prestada pelos serviços de saúde deve ter como características essenciais a qualidade
e a humanização. É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a
mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direito (BRASIL, 2005b).
Em 2005, o Ministério da Saúde publicou o Manual Técnico de Atenção Qualificada e
Humanizada no Pré-natal e Puerpério, que recomenda iniciar o acompanhamento no primeiro
trimestre de gravidez e realizar no mínimo seis consultas durante todo o pré-natal, duas
consultas a mais que a Organização Mundial da Saúde preconiza (BRASIL, 2005b).
A Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal foi instituída pela Portaria nº
1.067/GM de 4 de julho de 2005 e executada conjuntamente pelo Ministério da Saúde nas três
esferas Federal, Estadual e Municipal além do Distrito Federal. Com o objetivo de
desenvolver ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-
nascidos, promove a ampliação do acesso a essas ações, o incrementando a qualidade da
assistência obstétrica e neonatal, bem como sua organização e regulação no âmbito do
Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005a).
23

Assim o crescente número de cesáreas, no país, levou o Ministério da Saúde, em 2006,


a adotar a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea
Desnecessária criando, em 2008, a Política Nacional pelo Parto Natural e Contra as Cesáreas
Desnecessárias. Em parceria com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou
parâmetros para os serviços públicos e privados que atendem à parturiente e ao recém-
nascido, com repasse de recursos iniciados em dezembro de 2008, para adaptações físicas e
qualificação de profissionais (BRASIL, 2010b).
Com a Lei nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da
gestante ao conhecimento e à vinculação à maternidade, a grávida passou a ter o direito de
conhecer o local onde receberá assistência, no âmbito do Sistema Único de Saúde, ou seja,
conhecer onde será o seu parto e atendimento, caso haja alguma intercorrência no pré-natal
(BRASIL, 2007).
Instituída, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) - a Rede Cegonha através da
Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar
à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e
ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e
desenvolvimento saudáveis. Possui como objetivos fomentar a implementação de novo
modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, ao
nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento de zero aos 24 meses; organizar a Rede de
Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e
resolutividade; e reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal
(BRASIL, 2011a).
A Rede Cegonha traz um novo modelo de atenção à Saúde materno-infantil, expondo
características de acolhimento e resolutividade, com o foco de diminuir a morbimortalidade
de mulheres no ciclo gravídico puerperal, crianças e recém-nascidos, estando à enfermeira
como ator fundamental nesse processo (BRASIL et al., 2014).
É importante ressaltar, que desde o início do século XX, tanto a saúde materna quanto
a participação da enfermagem nas políticas públicas foram alvos de ações da saúde pública
com muitos programas implantados e assim conquistando modificações e ampliações da
atuação da enfermeira em nível hospitalar e comunitário. Desta forma, a atuação da
enfermeira que no Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) limitava-se
à orientação pós-consulta médica, na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (PNAISM) apresenta autonomia junto à equipe de saúde.
24

No que se refere à atuação da enfermagem, o ato de cuidar é a essência do fazer da


enfermeira. Esse ato produz dados, informações e conhecimentos, os quais, conjuntamente,
caracterizam a profissão de enfermagem dando-lhe sustentação e legitimidade. O
conhecimento a ele associado, portanto, é o resultado da experiência vivenciada e
compartilhada na prática assistencial e/ou em uma pesquisa (SOUZA et al., 2010).
A criação da enfermagem é dada através da satisfação com as necessidades de cuidado
a partir de um processo de objetivação a uma atividade particular. A enfermeira, então, passa
a ser ao mesmo tempo um produto e produtora de meios para satisfazer as carências de saúde
e deverá gerir e regulamentar os cuidados, deixando a qualidade prevalecer (ZUNIGA;
MORALES; GONZÁLEZ, 2013).
No decorrer de sua história, a enfermagem busca conhecer o que a diferencia das
demais profissões dirigidas à saúde, isto no que se refere à forma de conduzi-la. Assim,
entende-se que a enfermeira possui formação e competência para aplicar seus conhecimentos
técnico-científicos na prática assistencial, com um olhar de cuidado, realizado de maneira
coerente e coesa (CABRAL; MEDEIROS; SANTOS, 2011). No Brasil, tornam-se bem
definidas suas atribuições através da Lei N0 7498, de 25 de junho 1986, que dispõe sobre o
exercício legal da profissão, regulamentada pelo Decreto 94.406, de 8 de junho de 1987. As
primeiras leis para a aplicação de seu exercício foram promulgadas para atender às
necessidades econômicas e política de cada período passado. No entanto, foi em consequência
da ação conjunta entre a União, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), o Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (COREn) que
aconteceu, em 1986, a promulgação final da lei do exercício profissional (KLETEMBERG et
al., 2010).
A enfermeira deve buscar estratégias no âmbito clínico e comunitário que
fundamentem seu zelo pela qualidade dirigido ao bem estar das pessoas e a compreensão dos
processos vitais de saúde e enfermidade (ZUNIGA; MORALES; GONZÁLEZ, 2013).
Zelar constitui-se em práticas que contornam a situação de vida e saúde das pessoas,
associada à mulher, especificamente no período da gravidez, parto e puerpério. O cuidado da
enfermagem é dispensado desde o princípio que a mulher pretende engravidar até o pós-parto
(MARTINS, 2014).
Na assistência dispensada à mulher no ciclo gravídico puerperal, a enfermeira é
corresponsável na promoção de ações preventivas e de recuperação à saúde em uma entrada
preferencial pela Unidade Básica de Saúde (UBS), no sistema de saúde. Este seria o local
25

estratégico para a dispensação de atenção, além do mais aconselhável para acomodar suas
necessidades, e que ainda proporcionaria um seguimento ao longo de seu ciclo gravídico
puerperal. Isto não é improvável de ocorrer, uma vez que as equipes de atenção básica se
encarregam de acompanhar a população em sua área de abrangência, buscando manter a
coordenação do cuidado até mesmo quando o referido grupo necessita de atenção em outros
serviços do sistema de saúde (BRASIL, 2012b).
Uma enfermeira pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede
básica de saúde com o objetivo de proporcionar possibilidades para promover a saúde da
gestante e a melhoria de sua qualidade de vida. Desta forma, o profissional criará vínculo com
a gestante e poderá contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes
da gestante, de sua família e comunidade, exercendo assim papel educativo (BRASIL,
2012b).
A enfermeira tem como uma de suas funções, no pós-parto, acompanhar a parturiente
através de visitas domiciliares, e da consulta puerperal. Os cuidados e a orientação referentes
ao período pós-parto devem estar presentes desde o pré-natal, no intuito de amparar a gestante
nesta nova experiência em seu contexto familiar. Diante desta preparação, calcula-se que o
retorno da mulher à unidade para a consulta pós-parto mantém-se devido à assistência e ao
acolhimento prestado pela equipe durante a gravidez (ANGELO; BRITO, 2012).
Amparar a mulher no ciclo gravídico puerperal acarreta ofertar um cuidado
humanizado ao binômio mãe-bebê, o qual se inicia através das consultas de enfermagem. As
quais consentem a enfermeira assegurar vínculo maior com a cliente e/ou família, efetuando,
assim, um acolhimento que possibilite uma instrução de acordo com suas necessidades,
evitando dúvidas futuras (HADDAD et al., 2009). O momento da consulta de enfermagem
também serve para a criação do vínculo cliente/equipe proporcionando o retorno no período
pós-parto.
O Puerpério é um período que começa após o parto e termina quando o corpo da
mulher retorna o mais próximo possível de seu estado antes da gravidez (NETTINA, 2014),
ou seja, o período que transcorre após o parto, quando os órgãos e sistemas, compreendidos
direta ou indiretamente na gravidez e no parto, passam pelo processo regenerativo na tentativa
de retornar às condições pré-gravídicas (ABRÃO et al., 2009).
Cabe à equipe de enfermagem o papel de “vigiar” e cuidar da mulher que transita por
esta situação. Isto se deve por ser frisado por intensas modificações biopsicossociais na vida
da parturiente e de sua família. O corpo da mulher sofre alterações anatômicas e fisiológicas,
26

que podem levá-la a não cumprir seu papel de mãe, pois isto a induzirá a pensar em sua
responsabilidade social e cultural de prestar cuidados, afeto e proteção ao recém-nascido,
deixando-a ansiosa e com medo e estes elementos que cooperam para modificar o pós-parto,
tornando-o um período complicado nesta fase da vida da mulher (CABRAL; MEDEIROS;
SANTOS, 2011).
As mulheres no puerpério não estão doentes, mas em compensação, existe a
probabilidade de acontecerem intercorrências clínicas como anemias, hemorragias e
infecções, caracterizando desta forma o puerpério como uma fase de risco para a saúde delas
(CABRAL; OLIVEIRA, 2010).
Conjecturando, as infecções puerperais causam repercussões negativas à mulher e à
sociedade, pois geram custos e comprometem a recuperação da puérpera nesse período,
retardando o tempo de internamento e postergando a vinculação mãe, bebê e família (LIMA,
et al, 2014). Assim, os profissionais da enfermagem que prestam assistência a mulheres no
ciclo gravídico puerperal devem compor em suas competências de atuação conhecimentos
sobre os riscos de infecções de tal espécie, ficando em alerta para sua prevenção e ocorrência.
A assistência da enfermeira na prevenção de infecções puerperais deve não apenas
atender às necessidades de saúde da puérpera, e sim fazer com que as suas ações sejam
capazes de esclarecer e orientar a parturiente com base em suas necessidades individuais.
Habitualmente, o puerpério progride sem complicações, com o mínimo de intervenções, no
entanto, em alguns casos, pode caminhar para complicações sérias, colocando em risco a vida
da parturiente (DUARTE et al., 2014).
27

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, um método que proporciona a


síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos
significativos na prática, no caso é mais amplo, pois permite incluir literatura teórica e
empírica bem como estudos com diferentes abordagens metodológicas. Os estudos incluídos
na revisão são analisados de forma sistemática em relação aos seus objetivos, materiais e
métodos, permitindo que o leitor analise o conhecimento pré-existente sobre o tema
investigado. A Revisão Integrativa da Literatura, diferente da revisão tradicional, segue um
protocolo pré-estabelecido que deve orientar todo o processo de revisão e a identificação do
problema, passando pela busca de informação ao Relatório final. Trata-se de um estudo com
coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento biblio-
gráfico e baseado na experiência vivenciada pelas autoras por ocasião da realização de uma
revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
O intuito da Revisão Integrativa da Literatura é estudar um determinado fenômeno
pesquisado, com o propósito de mostrar o que se conhece sobre ele em um dado momento ou
explicá-lo quando apresenta-se confuso ou ignorado. Tal processo organizado com rigor
metodológico permite identificar as características reais dos estudos avaliados, propiciando
impacto positivo direto na qualidade de assistência a saúde (MELO, 2010).
O processo de revisão integrativa deve seguir uma sucessão de etapas bem definidas:
1ª Etapa: identificação do tema e formulação da questão de pesquisa; 2ª Etapa:
estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão/seleção da amostra; 3ª Etapa: Identificação
dos estudos pré-selecionados e selecionados; 4ª Etapa: Categorização dos estudos
selecionados; 5ª Etapa: Análise e interpretação dos resultados; 6ª Etapa: Apresentação da
revisão/ síntese do conhecimento (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011).
O tema proposto para esta investigação é a infecção puerperal e apresentamos como
questão de pesquisa “A que infecções puerperais a mulher está exposta a partir de publicações
científicas na área da saúde?”.
28

2.2 Critérios de Seleção

Os critérios para inclusão dos artigos foram: ser pesquisa completa, publicada em
inglês, português ou espanhol no período entre 2009 a 2013; em formato de artigos; realizada
em seres humanos; apresentar resumo para pré-seleção; os textos teriam que estar disponíveis
gratuitamente nas bases de dados através do Portal Capes e Biblioteca Virtual da Saúde, pela
internet. Os artigos deveriam falar sobre infecção puerperal respondendo a questão norteadora
e os objetivos desta pesquisa.
Os critérios de exclusão foram: estar repetido nas bases de dados e ser revisão de
literatura.
A coleta de dados ocorreu entre a segunda quinzena de setembro e a primeira
quinzena de outubro de 2014.

2.3 Procedimentos para busca e seleção dos artigos

Para a realização da presente pesquisa, foram realizadas buscas nas bases de dados da
ScienceDirect, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Pubmed (serviço da Biblioteca Nacional de Medicina Americana – NLM). Para a
identificação e seleção dos estudos publicados, seguiram-se os critérios de inclusão e exclusão
expostos acima, facilitando desta forma a seleção da amostra para esta pesquisa.
A princípio seriam utilizados os descritores “infecção puerperal” e “vulnerabilidade
em saúde” e os mesmos descritores na língua inglesa puerperal infection e health
vulnerability, em ambos seria utilizado o operador booleano and. Obtivemos dois artigos: um
na base de dados Lilacs, através da Biblioteca Virtual em Saúde, e o outro na base de dados
Pubmed. No entanto, nenhum dos dois atendeu os critérios de inclusão. Desta forma, optou-se
em utilizar um único descritor, puerperal infection, com os critérios de inclusão e exclusão
definidos anteriormente.
No Quadro 1, apresentamos o fluxograma do processo de seleção dos artigos para
realização da Revisão Integrativa da Literatura, utilizando o descritor puerperal infection.
29

Quadro 1 - Fluxograma da busca dos artigos para Revisão Integrativa da Literatura sobre
infecção puerperal

Fonte: A autora, 2014.

Ao iniciar a busca, apareceu um elevado número de estudos em cada base, perfazendo


um resultado total de 11.700. Na base de dados ScienceDirect o número apurado foi de 7.881
resultados para o descritor, já na base Pubmed somou-se 3.611 resultados. A base de dados
Lilacs apresentou um número menor, 208 resultados. Devido a estes excedentes números,
estabeleceu-se um recorte temporal de 5 anos (2009 a 2013) para a obtenção de uma análise
de rigor e qualidade para a pesquisa. Assim, os números diminuíram: ScienceDirect, 1.024;
Pubmed, 284; Lilacs, 37. Após selecionar os filtros disponíveis ou free full text e humano ou
humans, o número reduziu significativamente: ScienceDirect, 24; Pubmed, 59; Lilacs, 21.
Assim tornou-se possível uma leitura criteriosa do resumo dos artigos, dos quais foram pré-
selecionados seis na ScienceDirect; 33, na Pubmed; e 15, na Lilacs. Em análise feita,
verificou-se a repetição de os artigos que foram excluídos, fechando a pré-seleção da amostra
em 6, 28 e 9, respectivamente. Após minuciosa leitura dos artigos foram selecionados 3
artigos na base de dados ScienceDirect, 11 na Pubmed e 5 na Lilacs, totalizando 19 artigos
para nossa amostra. Os 24 artigos excluídos não tinham relação direta com os objetivos da
pesquisa ora desenvolvida.
30

2.4 Coleta de dados

Para coleta de dados, dos artigos incluídos na Revisão Integrativa foi adaptado um
instrumento sugerido por Souza, Silva e Carvalho (2010). Para coletar dados sobre infecção
puerperal, cada artigo foi identificado de acordo com a ordem da leitura, usou-se a letra A de
artigo e colocados em ordem numérica crescentes para identificá-los. O questionário foi
montado em uma planilha do Microsoft Excel (APÊNDICE A), para analise/categorização
dos mesmos, apresentando os seguintes dados: código do artigo (letra A e o número
correspondente a leitura do artigo, no caso 1, 2 ...) titulo, autor (es), local de
trabalho/instituição, titulação, periódico, base de dados, ano de publicação, país, idioma,
objetivo, método, principais resultados, considerações e/ou conclusões, nível de evidencia.

2.5 Análise dos dados

A análise e síntese dos dados ocorreram após tradução e leitura minuciosa dos artigos.
Os elementos coletados foram transcritos para o instrumento de coleta de dados e,
posteriormente, foram montados os quadros com informações importantíssimas acerca de
infecção puerperal no âmbito mundial, e assim também possibilitou o detalhamento de cada
estudo e a realização de análise temática.
Os estudos selecionados foram avaliados criticamente para análise do delineamento de
pesquisa, no caso, para determinar sua qualidade metodológica. Foram lhes atribuídos os
níveis de evidência seguindo a classificação adotada por Polit e Beck (2011):

a) Nível I – a) Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados; b)


Revisão sistemática de ensaios clínicos não randomizados;
b) Nível II – a) Ensaio clínico randomizado Individual; b) Ensaio não
randomizado;
c) Nível III – Revisão sistemática de estudos de correlação/observação;
d) Nível IV- Estudo de correlação/observação;
31

e) Nível V – Revisão sistemática de estudos descritivos/ qualitativos/


fisiológicos;
f) Nível VI – Estudo descritivo/qualitativo/fisiológico individual;
g) Nível VII – Opiniões de autoridades, comitês de especialistas.

De acordo com o Prof. Stieven Filho (2011), escalas de evidência estão na moda, e
servem para determinar o melhor estudo para conduta clínica, ou seja, tratamento. Uma das
primeiras escalas com o desenho moderno foi publicada em 1999 no Journal of the American
Medical Association (JAMA), que publicou uma série de evidências. Contudo, o nível de
evidência teve origem no Canadá, iniciando nos Estados Unidos quando o Prof. David Scket
foi convidado a trabalhar em Oxford e, montou o centro de medicina baseada em evidência
mais respeitado até hoje. Existem diversas formas de classificação dos níveis de evidência,
inclusive o Brasil tem sua própria pirâmide de evidência proposta pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Esta coloca no topo da pirâmide os
estudos de revisão sistemática ou metanálise. Estes estudos são a junção de vários outros e
possuem a capacidade conectar várias conclusões para chegar a um consenso.
O Prof. Stieven Filho solicita que se tenha uma atenção especial para não confundir
escala de evidência com grau de recomendação. O grau de recomendação refere-se a um
tratamento e não a um estudo. O estudo é nível 1, 2… O tratamento tem grau de
recomendação A, B (...) ou conforme o seu embasamento. No entanto, às vezes, um estudo
nível 1 determina que um tratamento não deve ser feito, pois o grau de recomendação é
inferior. As escalas de evidência podem ser utilizadas para definir uma conduta a ser seguida
e, apesar das inúmeras escalas, o conceito é o mesmo e é ele que deve ser entendido.
De acordo com o Ministério da Saúde o grau de recomendação é um parâmetro, com
base nas evidências científicas, aplicado a um parecer (recomendação), que é emitido por uma
determinada instituição ou sociedade. Como o grau de recomendação pode variar, neste
estudo utilizou-se o grau de evidência (A, B, C e D) utilizado pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2012c):

a) A: ensaios clínicos randomizados e revisão sistemática de ensaios clínicos


randomizados consistentes;
32

b) B: estudos de coorte, caso-controle e ecológicos e revisão sistemática de


estudos de coorte, ou caso controle consistente ou ensaios clínicos
randomizados de menor qualidade;
c) C: séries de casos, estudos de coorte e caso-controle de baixa qualidade.
d) D: opiniões de especialistas sem maiores evidências explícitas ou baseadas
em fisiologia.
33

3 RESULTADOS

A presente pesquisa buscou descrever as infecções mais frequentes que a mulher está
exposta, durante o período puerperal, em publicações científicas nacionais e internacionais na
área da saúde. Identificamos que os estudos que compuseram a amostra não eram referentes
somente ao pós-parto, mas também a gravidez, parto, saúde materna, mortalidade materna e
epidemiologia obstétrica. Neste capitulo, apresenta-se a Revisão Integrativa, a partir da
síntese dos resultados encontrados nos estudos selecionados.
Os resultados foram obtidos através do instrumento elaborado para responder a
questão norteadora assim como, os objetivos desta pesquisa. A amostra final desta pesquisa
contabilizou 19 artigos que atenderam aos critérios de inclusão. A seguir, mostramos um
panorama geral dos estudos selecionados (A01 a A12), os quais encontram-se mais detalhados
nos Apêndices B a T.
Na base de dados ScienceDirect foram encontrados três artigos (A01, A02, A03); na
Pubmed 11 (A04, A05, A07, A08, A09, A10, A11, A12, A14, A17, A19); e na Lilacs 5 (A06,
A13, A15, A16, A18), apresentados no Quadro 2.
34

Quadro 2 - Base de dados dos artigos selecionados


Cod. Autor Base
A01 PAIVA et al. ScienceDirect
A02 BORBOREMA-ALFAIA et al. ScienceDirect
A03 COÊLHO et al. ScienceDirect
A04 DARMSTADT et al. Pubmed
A05 KAROLINSKI et al. Pubmed
A06 ALBAN et al. Lilacs
A07 ACOSTA et al. Pubmed
A08 DINSMOOR et al. Pubmed
A09 GAUGHAN; EOGAN; HOLOHAN Pubmed
A10 WANG et al. Pubmed
A11 ZIOGOS et al. Pubmed
A12 ABOUD et al. Pubmed
A13 FERRAZ; BORDIGNON Lilacs
A14 ARAÚJO et al. Pubmed
A15 MARTINS FILHO et al. Lilacs
A16 BENINCASA et al. Lilacs
A17 SOARES et al. Pubmed
A18 ZIMMERMMANN et al. Lilacs
A19 WANDERER; LEFFERT Pubmed
Fonte: A autora, 2014.

No que se refere aos periódicos, três foram publicados no International Journal of


Gynecology and Obstetrics, dois no National Institutes of Health - Obstetrics and
Gynanecology, dois no Bio Med Central, dois na Revista da Associação Médica Brasileira, e
em cada um dos periódicos a seguir foi encontrado um: The Brazilian Journal of infectious
Diseases, Journal of Health, Population, and Nutrition, Arquivos Catarinenses de Medicina,
BMJ case reports, Revista Baiana de Saúde Pública, Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Revista do Hospital de
Clinicas de Porto Alegre, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Revista Medicina
Minas Gerais (Quadro 3).
35

Quadro 3 - Periódicos e número de artigos publicados


Periódico Qtde
Revista da Associação Médica Brasileira 2
The Brazilian Journal of infectious Diseases 1
Journal of Health, Population, and Nutrition 1
International Journal of Gynecology and Obstetrics 3
Arquivos Catarinenses de Medicina 1
National Institutes of Health - Obstetrics and Gynanecology 2
BMJ case reports 1
Bio Med Central 2
Revista Baiana de Saúde Pública 1
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil 1
Revista do Hospital de Clinicas de Porto Alegre 1
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 1
Revista Medicina Minas Gerais 1
Fonte: A autora, 2014.

Vale salientar que as revistas em que os estudos foram publicados são de veiculação
da área médica.
Na definição dos critérios de inclusão da amostra definimos o período de 2009 a 2013
para que obtivéssemos as publicações mais recentes, bem como para possibilitar o processo
de avaliação destes estudos, a julgar pelo número de publicações se não houvesse a
estipulação de um intervalo haveria um excesso de estudos que dificultaria o encontro das
respostas referente à questão proposta nesta pesquisa. Assim, considerando-se que o ano de
2014 não tinha sido concluído por ocasião da realização da presente pesquisa, o mesmo não
foi incluído, e os artigos publicados neste ano referentes à temática foram utilizados na
discussão dos resultados por serem publicações recentes.
Um dado que chama a atenção é que se esperava que a enfermagem com o passar dos
anos e sua inserção na saúde materna/obstétrica tivesse um número elevado de produções
sobre a temática, pois nos últimos anos tem aumentado o número de enfermeiras que atuam
na assistência à mulher no puerpério.
36

Em relação ao ano de publicação (Quadro 4), 2009 destacou-se com seis dos estudos
selecionados, seguido por 2012 com cinco, 2010 com quatro, 2013 com três e 2011 com um
dos estudos encontrados, nas bases de dados pesquisadas.
Quadro 4 - Apresentação da distribuição dos artigos segundo ano, país e idioma
Cod. Ano País Idioma
A01 2012 Brasil Português
A02 2013 Brasil Português
A03 2012 Brasil Português
A04 2009 Egito Inglês
A05 2010 Argentina/Uruguai Inglês
A06 2009 Brasil Português
A07 2012 Escócia Inglês
A08 2009 EUA Inglês
A09 2011 Irlanda Inglês
A10 2010 China Inglês
A11 2010 Grécia Inglês
A12 2009 África Inglês
A13 2013 Brasil Português
A14 2009 Brasil Português
A15 2010 Brasil Inglês
A16 2012 Brasil Português
A17 2012 Brasil Português
A18 2009 Brasil Português
A19 2013 EUA Inglês
Fonte: A autora, 2014.

Quanto ao país de origem (Quadro 4) 10 dos estudos foram oriundos do Brasil. A


distribuição dos demais países foi desta forma: Estados Unidos com dois artigos; Irlanda,
Egito, China, Grécia, Argentina e Uruguai, África Subsaariana (Tanzânia, Malawi, Zâmbia),
Reino Unido (Escócia) cada um apresentou um artigo na produção selecionada. O idioma
predominante foi o inglês (11 artigos), seguido do português, e em espanhol não foi
selecionado nenhum estudo.
O Brasil deteve 10 estudos de toda a amostra selecionada, estando distribuída da
seguinte forma: um na região Sudeste, em Minas Gerais; um na região Norte, Amazonas; um
abrangia todos os estados; dois não especificaram o nome do local; dois na região Nordeste,
Recife – PE; e a região Sul foi a que apresentou o maior número com três artigos
37

selecionados, divididos assim: um em Criciúma – SC, um em Porto Alegre – RS e o outro no


estado do Paraná.
Não foi possível identificar a formação acadêmica e titulação em grande parte dos
estudos, pois os artigos não informavam. A grande maioria reportava o local de trabalho do
(s) autor(es). Em relação à formação dos autores, 10 dos estudos não especificava qual a
formação dos autores, seis são da área médica, um da nutrição, um foi produzido pela área
médica e de enfermagem e somente um foi produzido por enfermeiras.
Ao analisar o nível de evidência dos 19 artigos, 12 apresentaram Nível de Evidência
IV (A01, A02, A03, A04, A06, A08, A10, A13, A15, A16, A18, A19); quatro estudos
possuíam Nível de Evidência II (A05, A07, A11, A12); e em três o Nível de Evidência
encontrado foi VI (A09, A14, A17). O grau de recomendação de quatro estudos ficou como A
(A05, A07, A11, A12); 12 apresentaram grau de recomendação B (A01, A02, A03, A04, A06,
A08, A10, A13, A15, A16, A18, A19); e três estudos que eram estudos de casos, foram
classificados como grau de recomendação B (A09, A14, A17). Dos 19 artigos selecionados
(Quadro 5) somente 03 eram de relato de experiências os demais eram artigos originais.
No Quadro 5, têm-se as respectivas publicações discriminadas com: o código, título,
autor, objetivos, tipo de estudo, população, principais resultados, nível de evidência e grau de
recomendação.
38

Quadro 5 - Síntese dos artigos selecionados (continua)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A01 PAIVA et al. Verificar a influência do estado Estudo 374 puérperas A obesidade aos seguintes resultados: infecção IV B
nutricional materno no final da observacional de ferida cirúrgica; infecção urinária,
gravidez e a ocorrência de prospectivo necessidade de antibioticoterapia, febre e
complicações no puerpério. morbidade composta além de mastite, infecção
puerperal, hospitalização.
A02 BORBOREMA- Avaliar a taxa de C. trachomatis Prospectivo 88 gestantes Cervicite foi observada em 36,4% das pacientes IV B
ALFAIA et al. associada a status socioeconômico e associada significativamente a C. trachomatis.
dos participantes incluídos no Duas apresentaram endometrite pós-parto.
estudo, os resultados adversos da
gravidez associados ao aborto
espontâneo, parto prematuro,
ruptura prematura de membranas
e de baixo peso ao nascer.

A03 COÊLHO et al. Avaliar de forma mais Estudo do tipo 500 mulheres Na internação 45,7% tinham associado um IV B
pormenorizada as causas não coorte no ciclo diagnóstico obstétrico. Os principais
obstétricas de internamento em ambidirecional, gravídico diagnósticos clínicos foram: cardiopatia,
uma UTI obstétrica de hospital descritivo. puerperal trombose venosa profunda (TVP), infecção do
terciário no Nordeste do Brasil. trato urinário (ITU), asma, edema agudo de
pulmão (EAP) e pneumonia comunitária.

A04 DARMSTADT Avaliar o impacto do uso de kit de Coorte 334 puérperas 84% tiveram seus partos em casa. Foi usado o IV B
et al. parto limpo, em Beni Suef transversal kit em cerca de 71% de todos os partos; dos
Governorate, na morbidade por feitos em casa, 75% usaram. Foram
infecções puerperais e umbilicais. confirmados 5 casos (1,5%) de infecção
puerperal, destas 4 não utilizaram o kit.
Atendimento em instituições de saúde (públicas
e privadas), eram mais susceptíveis ao uso de
fórceps, vácuo extrator, cesariana.
39

Quadro 6 - Síntese dos artigos selecionados (continuação)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A05 KAROLINSKI Rever o uso de práticas baseadas Estudo de coorte, Mortes 83% das mulheres tiveram pelo menos uma II A
et al. em evidências no cuidado de multicêntrico, maternas e consulta pré-natal e 84% tiveram um parto por
mães que morreram ou tiveram internacional. gestantes cesariana. Hemorragia e infecção puerperal
morbidade grave, atendidas em internadas foram as principais causas de Morte Materna e
hospitais públicos em dois países com Morbidade Materna Grave. 15% das
latino-americanos. morbidade complicações foram associadas ao parto cesáreo
materna grave (incluindo danos à órgãos adjacentes e/ou
em unidades posterior histerectomia).
de terapia
intensiva.
A06 ALBAN et al. Identificar a incidência de Estudo de coorte 105 puérperas Quanto à paridade, 61 pacientes eram IV B
complicações imediatas maternas prospectivo, primíparas, 35 secundíparas e destas 31
e fetais nas gestantes submetidas à observacional, apresentavam uma cesárea prévia, 9 tercíparas.
cesárea eletiva exploratório e Das 105 pacientes 28 tiveram infecção do trato
documental urinário durante a gestação e uma das gestantes
apresentou infecção puerperal (endometrite).

A07 ACOSTA et al. Descrever o risco de sepse ou Estudo caso 89 casos de A maioria dos casos ocorreu no pós-parto e II A
sepse grave associada a (índice de controle sepse sem antes da alta hospitalar. A obesidade foi
massa corporal ≥30) obesidade complicações, significativamente associada com sepse sem
entre gravidez, parto e mulheres 14 casos de complicações. Além disso, o parto vaginal
no puerpério imediato. sepse grave e operatório e prematuridade foram associados
412 mulheres com sepse sem complicações, enquanto parto
do grupo induzido foi associada com sepse grave.
controle.
A08 DINSMOOR et Estimar a eficácia da profilaxia Análise 9.432 fichas 6006 (64%) receberam profilaxia antibiótica IV B
al. antibiótica no momento pós-parto secundária de um de mulheres pré-operatória. As mulheres que receberam
cesariana e reduzir complicações banco dados submetidas a profilaxia antibiótica eram mais jovens, pesadas
infecciosas no pós-parto. cesariana no momento do parto, e foram atendidas pelo
setor publico. Houve redução significativa nas
taxas de endometrite pós-parto e infecção de
ferida operatória.
40

Quadro 7 - Síntese dos artigos selecionados (continuação)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A09 GAUGHAN; Relato de caso de Piomisite após Relato de caso Puérpera de 34 Dor progressiva na nádega esquerda e na coxa e VI C
EOGAN; parto vaginal. anos fraqueza no membro inferior esquerdo dia 1
HOLOHAN pós-parto vaginal espontâneo. Radiografia
mostrou edema grave da esquerda glúteos,
ilíaco, piriforme e dos músculos adutores da
coxa esquerda e uma pequena coleção de
líquido na articulação do quadril esquerdo.
A10 WANG et al. Comparar as mulheres que Estudo de coorte 301 mulheres A incidência de complicações totais foi 2,2 IV B
submetidas a cesariana com pareado por submetidas a vezes maior no grupo de cesárea no período de
mulheres que tiveram parto indicação cesariana e internação pós-parto. O risco de hemorragia foi
vaginal 301 mulheres maior no grupo de cesariana. Os dois grupos
que deram à tiveram incidências semelhantes de infecções
luz por via anemia e complicadores tais como complicações
vaginal. da ferida ou infecção do trato urinário.
A11 ZIOGOS et al. Avaliar a eficácia e segurança de Prospectivo, 176 gestantes 7,4% pacientes desenvolveram infecção II A
uma dose única de ampicilina / randomizado e com cesariana puerperal, sendo 5,9% das 85 pacientes que
sulbactam em comparação com controlado. programada receberam cefuroxima e 8,8% de 91 pacientes
uma única dose de cefuroxima no que receberam ampicilina-sulbactam. A
momento de pinçar o cordão infecção do sitio cirúrgico (ISC) foi a mais
umbilical para a prevenção da frequente. Importantes fatores de risco
morbidade infecciosa pós- associados a infecção foram: ruptura de
cesariana. membranas, 6 ou mais exames vaginais antes da
cesariana, cesariana de emergência, e perda de
sangue superior a 500 ml.
A12 ABOUD et al. Avaliar o efeito do uso de Estudo 1558 mulheres Não houve diferenças significativas entre os II A
antibiótico no pré-natal e multicêntrico gestantes com grupos de antibióticos e placebo para condições
periparto para prevenção da Hiv e 271 não médicas, complicações obstétricas, achados do
morbidade e mortalidade materna infectada exame físico, sepse puerperal, mastite e morte
entre as mulheres infectadas pelo tanto no grupo infectado pelo HIV ou não
Hiv e não infectadas. infectado
41

Quadro 8 - Síntese dos artigos selecionados (continuação)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A13 FERRAZ; Apresentar o perfil da mortalidade Descritiva com Óbitos As principais causas dos óbitos maternos foram: IV B
BORDIGNON materna no Brasil nos anos de dados secundários maternos no outras doenças da mãe que complicam a
2000 a 2009 intervalo de 10 gravidez, o parto e o puerpério (17,10%);
anos no Brasil eclampsia (11,88%); hipertensão gestacional
com proteinúria significativa (6,22%);
hemorragia pós-parto (5,86%); infecção
puerperal (5,18%); descolamento prematuro de
placenta (4,28%).
A14 ARAÚJO et al. Relatar caso de puérpera com Relato de caso Puérpera de 15 Primípara, sem intercorrências obstétricas. No VI C
choque séptico pelo Streptococcus anos segundo dia de puerpério, apresentou dor
beta-hemolítico do grupo A abdominal e sangramento vaginal, associados à
febre, algúria (sensação dolorosa ao urinar),
polaciúria, diarreia, prostração, dispneia,
palpitações e mialgia generalizada. Foi
admitida no Hospital, onde recebeu o
diagnóstico de septicemia secundária com
provável foco infeccioso genitourinário. A
necropsia revelou: Endometrite, cervicite e
colpites agudas bacterianas necro-hemorrágicas;
e síndrome Waterhouse-Friderichsen.
A15 MARTINS Descrever o perfil epidemiológico Estudo de coorte 35 prontuários A sepse de origem pélvica representou 45% dos IV B
FILHO et al. e clínico das pacientes admitidas transversal de puérperas casos de sepse puerperal. Apenas nove haviam
com o diagnóstico de sepse com sepse de parido na instituição. A grande maioria era
puerperal de origem pélvica em origem pélvica procedente de cidades do interior do estado, e
uma Unidade de terapia intensiva em relação à via de parto, a cesariana
(UTI) obstétrica representou 68,6% do total. Primiparidade foi
observada em 22. A ocorrência de qualquer
complicação, esteve presente em 16 pacientes,
sendo as mais frequentes: choque séptico e
insuficiência renal. Histerectomia foi realizada
em 44,1% das pacientes, sendo necessário
relaparotomia em mais da metade.
42

Quadro 9 - Síntese dos artigos selecionados (continuação)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A16 BENINCASA et al. Comparar a taxa de infecção Estudo de coorte 26.691 O número de partos vaginais é maior do que o IV B
puerperal relacionada ao parto retrospectivo prontuários de número de cesarianas e essa relação se mantém
cesáreo com a taxa gestantes ao longo dos anos. A taxa de cesáreas é, em
relacionada ao parto normal submetidas a média, de 32,55%. A porcentagem de infecção
partos vaginal relacionada a partos cesáreos foi de 2,8%, e em
e abdominal partos normais foi de 0,8%. A taxa de infecção
relacionada aos partos cesáreos vem
diminuindo desde 2004, período que foi
instituída a profilaxia antibiótica.
A17 SOARES et al. Identificar e analisar as Estudo Estudos de As principais causas foram: pré- VI C
causas da mortalidade quantitativo, Caso de eclâmpsia/eclampsia, infecção urinária, infecção
materna, segundo os níveis de descritivo e de Óbitos puerperal e causas indiretas. Nos hospitais de
complexidade hospitalar coorte transversal Maternos referência para gestação de baixo risco, as taxas
elaborados de letalidade hospitalar foram: 76,2/100.000 e
pelo Comitê 80,0/100.000, e como principais causas:
Prevenção da hemorragias, embolias e complicações
Mortalidade anestésicas.
Materna
A18 ZIMMERMMANN Avaliar a frequência de Coorte transversal 314 A idade gestacional associou-se entre IV B
et al. complicações precoces prontuários de prematuridade e cesariana, de forma que
associadas exclusivamente à puérperas 157 pacientes com idade gestacional inferior a 37
via de parto (cesariana ou do grupo semanas foram submetidas com mais frequência
parto normal) cesariana e à cesariana. A multiparidade associou-se a
157 partos partos vaginais. O puerpério foi considerado
vaginais. patogênico em 5,1% dos casos, seja pela
presença de mastite (2,9%), infecção da ferida
operatória (2,5%), endometrite (0,6%) ou
infecção do trato urinário (0,3%).
43

Quadro 10 - Síntese dos artigos selecionados (conclusão)


Cod. Autor Objetivo Tipo de Estudo População Principais Resultados NE* GR**
A19 WANDERER; Definir a prevalência, a Estudo descritivo 2.927 Os principais diagnósticos associados à IV B
LEFFERT indicações e as tendências internações internação na UTI foram gravidez resultante de
temporais relacionadas as em UTI no doença hipertensiva (29,9%), hemorragia
internações em UTI obstétrica. ciclo gravídico (18,8%), miocardiopatia ou outras doenças
puerperal cardíacas (18,3%), infecções genito-urinária
(11,5%), complicações de gravidez ectópica e
aborto (10,3%), infecção não geniturinário
(10,1%), sepse (7,1%), doença cerebrovascular
(5,8%) e embolia pulmonar (3,7%). Houve
aumento das taxas de sepse. A maioria foi
admitida no departamento de emergência ou por
transferência de outra unidade de saúde.

Legenda: NE*: Nível de evidencia. GR**: Grau de recomendação.


Fonte: A autora, 2014.
44

4 DISCUSSÃO

A avaliação dos artigos selecionados para a revisão integrativa foi originada com o intuito
de analisar a temática central abordada nesta pesquisa, ou seja, verificar a exposição da mulher a
infecção puerperal. Após minuciosa leitura dos artigos identificou-se as principais infecções
puerperais que a mulher está exposta. A partir desta constatação compilaram-se os resultados
referentes a cada tipo de infecção puerperal de uma maneira coerente para um melhor
entendimento do tema abordado em cada pesquisa.
Para que ações preventivas sejam asseguradas é imprescindível, antes de tudo, conhecer
quais situações e características tornam as clientes vulneráveis para o desenvolvimento de
infecção puerperal.
Uma das particularidades considerável da produção científica foi a grande produção da
área da medicina na publicação de artigos que investigam a infecção puerperal, e outras áreas da
saúde. Este dado demonstra que a infecção não é mais entendida como um problema somente da
medicina e enfermagem, mas um desafio para todos profissionais de saúde.
As infecções puerperais são todas as infecções genitais, extragenital e infecções
acidentais que acometem a mulher após o parto, e nesta pesquisa foram analisados tanto
artigos que abordavam infecções puerperais relacionadas ao trabalho de parto quanto
infecções do trato urinário.

4.1 Principais infecções que a mulher está exposta no puerpério

Com base no conteúdo abordado em cada artigo analisado ocorreu a identificação dos
principais focos de infecção puerperal. A endometrite e a infecção urinária foram as mais
encontradas. Endometrite foi avaliada em sete dos artigos analisados (A2, A6, A08, A10,
A11, A14, A18), igualmente a infecção urinária (A1, A3, A10, A11, A17, A18, A19).
A infecção da ferida cirúrgica ou Infecção do sitio cirúrgico (ISC) e sepse puerperal
estão entre as infecções puerperais mais frequentes nesta pesquisa, ambas foram abordadas
em cinco artigos, respectivamente (A01, A08, A10, A11, A18).
45

Os casos de sepse puerperal apresentados nos cinco artigos (A05, A07, A12, A15,
A19), conforme demonstradas no Quadro 5, ocupam o segundo lugar, juntamente com a
infecção da ferida cirúrgica. Três artigos classificados como Infecção puerperal (A04, A13,
A16), não especificaram o local que a infecção se instalou.
A mastite foi encontrada em três estudos (A01, A12, A18). E a Cervicite foi
encontrada em dois artigos, A02 e A15. É relevante ressaltar que o A14, apresentou um relato
de caso da puérpera com choque séptico, ao ser analisada na necropsia foi diagnosticada com
cervicite e, também parametrite. A mastite, cervicite e parametrite foram abordadas em
poucos estudos, mas devido a sua gravidade para com a puérpera acometida também foram
contabilizadas.
Para atender os objetivos deste estudo no Quadro 6 estão descritas as infecções
puerperais que ocorreram no período pós-parto, dentre os estudos analisados.

Quadro 11 - Distribuição das infecções no período pós-parto encontradas nos artigos


analisados
Infecções Número de Artigos Código dos Artigos
Endometrite 7 A2, A6, A08, A10, A11, A14, A18
Infecção urinária 7 A1, A3, A10, A11, A17, A18, A19
Infecção da ferida cirúrgica 5 A01, A08, A10, A11, A18
Sepse puerperal 5 A05, A07, A12, A15, A19
Infecção puerperal 3 A04, A13, A16
Mastite 2 A01, A12, A18
Cervicite 2 A02, A15
Piomiosite 1 A09
Parametrite 1 A15
Fonte: A autora, 2014.

Como podemos ver os artigos abordam assuntos variados relacionados à infecção


puerperal que tem como início mais conhecido a ascensão polimicrobiana para o útero a partir
das vias genitais inferiores, mas em alguns casos também pode ocorrer à disseminação
hematogênica, ou seja, para outros pontos do corpo (NETTINA, 2014).
A seguir apresentamos as infecções mais frequentes abordadas em cada artigo.
A endometrite é uma das causas mais importantes de choque séptico na gravidez,
lembrando que os microrganismos causadores de sepse materna grave e choque séptico são
geralmente polimicrobiana, refletindo a colonização vaginal (DILLEN et al., 2010). As
46

associações de microrganismos patogênicos ou potencialmente patogênicos nas secreções


genitais das mulheres grávidas a termo podem aumentar o risco de complicações pós-natais.
Em um estudo de coorte, realizado em clínica pré-natal de baixo risco em Hospital de
Manaus, Amazonas, Brasil, entre janeiro e junho de 2005, com população de 88 gestantes
avaliadas no último trimestre de gestação e no puerpério evidenciou-se que a infecção por
Chlamydia trachomatis pode estar associada à endometrite, pois de 11 pacientes positivas
duas desenvolveram endometrite, sendo constatado que há uma lacuna nas informações sofre
a infecção por Chlamydia, assim como os resultados demonstraram que na realidade local, as
mulheres não têm informação e a consciência da possibilidade das complicações na gravidez,
parto e puerpério (BORBOREMA-ALFAIA et al., 2013).
Corroborando com o estudo de Borborema-Alfaia et al. (2013) que associa Chlamydia
trachomatis a endometrite pós-parto, Medina et al. (2013) a fim de obter dados
microbiológicos que fortaleçam o tratamento adequado das gestantes colonizadas e desta
forma prevenir os efeitos prejudiciais que estes agentes patogênicos presentes na vagina
podem causar, analisaram 179 amostras cérvico-vaginais. Constataram que os
microrganismos identificados com maior frequência foram o Mycoplasma e Chlamydia (78,2
e 69,3%, respectivamente) e foram associados às complicações infecciosas nas mulheres no
pós-parto (3,9%), 50% destas complicações foram endometrites.
A cesárea eletiva foi associada à endometrite, conforme Alban et al. (2009)
constataram quando buscaram identificar a incidência de complicações imediatas maternas
nas gestantes submetidas à cesárea eletiva, ela foi a única complicação que ocorreu. O estudo
realizado foi do tipo coorte prospectivo, observacional, exploratório e documental, em
Hospital em Santa Catarina, Brasil, com 105 gestantes submetidas à cesárea eletiva. Os
autores ressalvam que apesar do índice de complicações imediatas maternas e fetais
evidenciados nas cesáreas eletivas ter sido de 0,95%, a cesárea eletiva não é um procedimento
isento de risco. Assim, gestantes e médicos devem estar conscientes destes riscos quando
pensarem em realizar uma cesariana eletiva; e suas decisões devem ser baseadas nos riscos e
benefícios para a mãe e o recém-nascido. São necessários maiores estudos comparando a
cesárea eletiva com o parto vaginal, bem como com a cesárea de urgência; para que esta seja
bem indicada.
Em estudo de coorte pareado por indicação, realizado em 3 hospitais maternos infantis
de Xangai, com 301 mulheres no grupo de parto vaginal e igualmente no grupo de cesariana
foram comparadas as mulheres nulíparas de baixo risco submetidas a cesárea eletiva com
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mulheres que tiveram parto vaginal e constatou-se que a incidência de complicações totais foi
2,2 vezes maior no grupo de cesárea no período de internação pós-parto, em comparação com
o grupo de parto vaginal. Mas em relação à endometrite os dois grupos tiveram incidências
semelhantes. A cesariana foi associada a uma maior taxa de morbidade pós-parto, assim os
autores recomendam que em mulheres nulíparas com baixo risco, que solicitam o
procedimento cirúrgico sem indicação médica convencional, sejam advertidas sobre os riscos
potenciais (WANG et al., 2010).
Para a prevenção da morbidade infecciosa pós-cesariana, Ziogos et al. (2010)
realizaram um estudo prospectivo, randomizado e controlado, no Hospital Regional de
Nikaia, em Atenas, Grécia. Com 176 pacientes submetidas à profilaxia antibiótica, e
administraram uma dose de 1,5 g de cefuroxima em 85 gestantes no momento de pinçar o
cordão umbilical e 91 receberam uma dose 1,5 g de ampicilina-sulbactam, nas mesmas
condições. Houve quatro casos de endometrites, sendo dois em cada grupo. Os autores
afirmam no presente estudo o papel benéfico da profilaxia antimicrobiana para qualquer
mulher que se submete cesariana eletiva ou de emergência, independentemente da presença
ou ausência de fatores de risco específicos. Ressalvam que os médicos devem identificar as
pacientes com maior risco para o desenvolvimento de infecções pós-operatórias e manter um
acompanhamento rigoroso para as semanas seguintes à cesariana. Citaram como limitações do
estudo a falta de dados microbiológicos quantitativos de mulheres antes da cesariana, bem
como após a operação.
A endometrite é realmente um desafio. Pois mesmo com o uso profilático de
antibióticos ela foi detectada em puérperas no estudo de Dinsmoor et al. (2009). Os autores
fizeram uma análise secundária de dados de um banco de dados, coletados prospectivamente,
em 13 centros acadêmicos do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento
Humano Materno-Fetal Eunice Kennedy Shriver. 9432 mulheres com cesariana primaria ou
que já haviam sido submetidas à cesariana anteriormente, foram analisadas. Destas 6006
fizeram o uso de antibióticos profiláticos comparadas as gestantes nas mesmas condições que
não fizeram o uso de antibióticos profiláticos. As mulheres que receberam profilaxia
antibiótica apresentavam características demográficas como: mais jovens, com sobrepeso e
necessitavam de atendimento público. As pacientes submetidas à cesariana e que fizeram uso
de profilaxia antibiótica demonstraram uma redução significativa nas taxas de endometrite
pós-parto, comparada entre aquelas submetidas à cesariana e que não receberam
48

profilaxia antibiótica. Contudo, não é citado o número de pacientes que desenvolveram


endometrite no grupo que recebeu a profilaxia e nem no grupo sem profilaxia.
Os estudos analisados na revisão sistemática que Haas, Morgan e Contreras (2014)
realizaram, demostraram que a limpeza da vagina com uma solução antisséptica antes de uma
cesariana diminui o risco de morbidades infecciosas maternas, incluindo endometrite e
complicações da ferida, como a ferida operatória. Os autores concluíram que a preparação
vaginal imediatamente antes da cesariana reduziu significativamente a incidência de
endometrite pós-cesariana, particularmente, maior para as mulheres com ruptura de
membranas. E sugerem que, por ser uma intervenção simples, geralmente de baixo custo, os
profissionais devam considerar a implementação de limpeza vaginal pré-operatória com
iodopovidona antes de realizar cesariana.
O tipo de parto é um fator predisponente para a endometrite, no entanto não foi o que
Zimmermmann et al. (2009) detectou em um estudo de coorte transversal, em uma clínica
particular, no Brasil, com 314 prontuários de puérperas, nos quais avaliaram a frequência de
complicações precoces associadas exclusivamente à via de parto (abdominal ou vaginal) e
constataram que 0,75% das pacientes estudadas apresentaram endometrite. Os autores
consideram baixo os índices e sem associação com a via de parto. Sugerem que o parto
vaginal deva ser estimulado, mas cabe ao obstetra, junto com sua paciente, decidir a melhor
conduta a ser seguida.
Entretanto, há estudos que evidenciam que a endometrite pós-parto é mais comum
após a cesariana, especialmente após a ruptura prolongada das membranas e, menos frequente
após o parto vaginal. A microbiologia inclui organismos vaginais e intestinais e a paciente
pode apresentar sinais de sepse acompanhados por dor abdominal inferior e secreção
purulenta. Os antibióticos profiláticos são comumente administrados antes da cesariana e isso
deve ser considerado na escolha de um regime de antibióticos terapêuticos (LAPINSKY,
2013). Este dado confere com o achado nos estudos analisados, aparecendo como uma das
principais infecções no pós-parto, por cesariana.
Nos artigos (A1, A3, A10, A11, A17, A18, A19) que pesquisaram a infecção urinária
estes estavam ligados à gravidez, parto, puerpério, mortalidade materna e dados
epidemiológicos obstétricos.
Em estudo quantitativo, descritivo de coorte transversal, realizado no estado do
Paraná, e cujos dados foram analisados estatisticamente através dos óbitos maternos, pelo
Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna analisaram-se as causas da
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mortalidade materna, segundo os níveis de complexidade hospitalar, a infecção urinária que


foi detectada em 15 das 174 mortes maternas consideradas de alto risco obstétrico e em 03
dos 136 óbitos de puérperas consideradas de baixo risco (SOARES et al., 2012).
Já em estudo observacional prospectivo realizado por Paiva et al. (2012), em Hospital
Universitário de atendimento terciário, no Brasil, em que 374 puérperas de alto risco
obstétrico foram avaliadas, a fim de verificar a influência do estado nutricional materno ao
final da gravidez e a ocorrência de complicações no puerpério. A infecção urinária foi uma
das complicações constatadas em 4 casos, independente do seu estado nutricional. Logo, tal
infecção pode ser associada às mulheres de alto risco obstétrico a partir dos resultados das
pesquisas de Paiva et al. (2012) e Soares et al. (2012).
Na China, Wang et al. (2010) detectaram infecção urinária em mulheres de baixo risco
obstétrico que foram submetidas a cesárea sem indicações obstétricas assim como em
mulheres com parto vaginal, mas não relatou o número de puérperas afetadas. Salientando que
as mulheres deste estudo eram mulheres grávidas nulíparas, relativamente saudáveis, sem um
histórico de doenças graves e também não ocorreram complicações graves durante a gravidez.
Todas as pacientes que foram submetidas à cesárea receberam profilaxia antibiótica, apesar de
algumas apresentarem a infecção, mesmo sem associação dos pesquisadores.
Em uma UTI obstétrica de um hospital terciário no Nordeste do Brasil, Coelho et al.
(2012) em um estudo de coorte ambidirecional, descritivo, que incluiu 500 prontuários de
mulheres no ciclo gravídico-puerperal por causas não obstétricas, identificaram que em 7,5%
delas havia o diagnóstico de infecção urinária. Este dado é relevante, pois, mesmo os
pesquisadores investigarem as causas não obstétricas de internação, os resultados estão
ligados a esta pesquisa por detectarem a infecção urinária como uma das complicações no
puerpério.
Resultado parecido foi encontrado a partir do banco de dados do estado de Maryland,
nos Estados Unidos, onde Wanderer e Leffert (2013) que objetivaram definir a prevalência, as
indicações e as tendências temporais relacionadas às internações em UTI obstétrica,
realizaram um estudo descritivo e constataram que das 2.927 pacientes internadas no ciclo
gravídico puerperal, que foram hospitalizadas entre 1999 e 2008 em UTI, destas internações
11,5% foram por infecções do trato urinário.
Corroborando com esse resultado, os estudos de Wang et al. (2010), Zimmermmann et
al. (2009), Ziogos et al. (2010) também constataram infecção urinária em puérperas,
respectivamente um, um e dois casos de infecção.
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Outra infecção comum ao período pós-parto é a infecção do sitio cirúrgico, esta foi
apresentada nos artigos A01, A08, A10, A11, A18. A análise dos artigos evidenciou que a
obesidade no final da gravidez está significativamente associada à infecção da ferida
cirúrgica. Dado este constatado por Paiva et al. (2012) nas 374 puérperas que compuseram
sua amostra. Delas, 16,7% apresentaram quadro de infecção na ferida cirúrgica. O ganho
excessivo de peso materno deve ser alertado para a ocorrência de complicações no parto e
puerpério, principalmente quando as mulheres atingem a faixa que caracteriza a obesidade,
além do aumento do risco de cesárea.
Zimmermmann et al. (2009) ao compararem mulheres que fizeram cesariana com as
que tiveram parto vaginal, identificaram que a incisão cirúrgica da cesárea apresentou maior
frequência de infecção, com 5,1% dos casos de complicação infecciosa e nenhum no grupo
que teve episiotomia. O uso de antibiótico profilaxia não foi apurado, mas as pacientes que
apresentaram infecção foram submetidas à antibioticoterapia. Este resultado difere do achado
por Wang et al. (2010) que constataram que não houve diferença estatisticamente significativa
neste sítio entre o grupo cesárea e o de parto vaginal. Das 301 mulheres que tiveram parto
vaginal, 297 foram submetidas à episiotomia médio-lateral, 86 (28,6%) necessitaram de
assistência fórceps. Todo o grupo de mulheres submetidas à cesariana e 48,2% no grupo de
parto vaginal recebeu antibiótico. Provavelmente, isto tenha influenciado no equilíbrio dos
dados de infecção apurados no estudo de Wang et al. (2010), já que as 297 citadas sofreram
intervenções que aumentariam o risco de desenvolver infecção puerperal.
Existe uma forte relação entre ocorrência de infecções puerperais e o tipo de parto, de
forma que aquele que envolve um procedimento cirúrgico (cesariana) destaca-se como maior
probabilidade da mulher apresentar infecção. Razão pela qual é importante a conscientização
da mulher para a realização do parto vaginal, com incisão cirúrgica somente quando
intercorrências impossibilitem a outro tipo adotando profilaxia para infecção puerperal.
(NASCIMENTO et al., 2011).
O uso de antibióticos profiláticos resultou em uma redução significativa nas taxas de
infecção de ferida operatória, constado em dois estudos que analisaram o uso de antibiótico
para evitar as complicações infecciosas no pós-parto. Dinsmoor et al. (2009) realizaram uma
análise secundária de um banco de dados, em 13 centros acadêmicos de desenvolvimento
materno fetal, analisou-se 9.432 fichas de mulheres submetidas a cesariana para avaliar a
eficácia da profilaxia antibiótica no momento pós-parto cesariana e redução das complicações
infecciosas no pós-parto. Destas, 62% receberam profilaxia antibiótica, não foi possível
51

identificar qual o momento que a profilaxia deve ser administrada antes da incisão ou na
sequencia do pinçamento do cordão umbilical. No estudo de Ziogos et al. (2010), com 176
pacientes submetidas à profilaxia antibiótica, identificou-se uma taxa de 7,4% de infecções do
sitio cirúrgico. Contudo, nem Ziogos et al. (2010) muito menos Dinsmoor (2009) citam a taxa
de redução no número de infecções.
A utilização de antibióticos peri operatórios no momento da cesariana antes do parto,
independentemente da presença de ruptura de membrana, diminui significativamente os riscos
de endometrite e infecção da ferida. No entanto, Dinsmoor et al. (2009) enfatizam que o
tamanho do efeito é pequeno, e um grande número de mulheres tem de ser tratado com
antibióticos para prevenir uma única infecção.
Na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de uma maternidade pública
do Ceará, foram analisadas 46 fichas de notificação de mulheres com infecção na incisão
cirúrgica da cesárea, constatou-se que várias circunstâncias também elevaram o risco de
infecção após o parto cesáreo, como as doenças hipertensivas, perda de líquido, amniorrex
prematura, diabetes, sangramento vaginal, oligoamnio associados aos fatores sociais,
demográficos culturais e econômicos (CRUZ et al., 2013). Ressalta-se que mesmo havendo
técnicas avançadas e cuidados de higienização por parte dos profissionais de saúde o número
de mulheres que evoluem para infecção no sítio cirúrgico pós-cesárea ainda é significativo,
mesmo em outros países.
No estudo de Souza e Medeiros (2010) das 1345 cesáreas, 14 casos evoluíram com
abscesso de parede, mesmo tendo sido realizado profilaxia antibiótica. E, quanto ao tempo de
bolsa rota, horas de trabalho de parto e quantidades de toque para exame do colo uterino, não
foi possível realizar uma relação precisa com a infecção de sítio cirúrgico pós-cesárea devido
à grande variação de valores demonstrada no alto desvio padrão.
Dado este constatado em uma instituição referência, na cidade de Porto Alegre, em um
estudo transversal, retrospectivo e descritivo quando foram avaliados prontuários de pacientes
com diagnóstico de infecção do sítio cirúrgico após procedimentos obstétricos. Foram
notificados 118 casos, de 9528 partos (4106 cesarianas e 5422 partos normais) realizados no
período investigado. Nas mulheres submetidas à cesariana foram notificados 1,53% casos de
infecção do sítio cirúrgico e para o parto vaginal 1,01%. Assim, nas pacientes que foram
submetidas à cesariana o risco de desenvolver infecção do sítio cirúrgico foi 1,5 vezes maior
do que nas pacientes com parto vaginal (PETTER et al., 2013). Isto mostra que os resultados
são semelhantes aos encontrados nos artigos analisados.
52

Ações simples, como cuidados dispensados pelos profissionais no pós-parto servem


para prevenir infecções. De acordo com Medeiros e Souza (2010), as puérperas de seu estudo,
referiram ter recebido informações dos profissionais quanto aos cuidados com o sítio
cirúrgico (manutenção da cobertura por 24 h, limpeza com água e sabão do sítio cirúrgico,
retirada dos pontos e cuidados de higiene) e seguiram todas as orientações. Mas não se sabe se
as pacientes compreenderam as instruções recebidas, se realmente elas as executaram
adequadamente. As autoras salientam a necessidade de acompanha-las, de preferência durante
os dias de internação e reforçam que a alta teria que ser dada mediante confirmação da
capacidade de “auto cuidar-se” em domicílio.
No que concerne a sepse puerperal, é complicação pouco frequente, porém, importante
na gravidez, parto e puerpério, resultando em significativa morbidade materna e mortalidade
no mundo. Os microrganismos causadores são, geralmente, polimicrobiano com o
estreptococos β hemolítico do grupo A (GAS), sendo muitas vezes a causa de casos graves de
febre puerperal. O único fator de risco mais importante para a infecção pós-parto parece ser a
cesariana, e os antibióticos profiláticos durante o procedimento de reduzir substancialmente o
risco de infecção (DILLEN et al., 2010).
Estudo de coorte, multicêntrico, internacional, que realizou revisão do uso de práticas
baseadas em evidências no cuidado de mães que morreram ou tiveram morbidade grave,
atendidas em hospitais públicos em dois países latino-americanos mostrou que das 26 mortes
maternas, no período do estudo, quatro delas foram devido à sepse puerperal. Na análise das
mortes maternas e dos casos de morbidade materna grave os resultados mostraram baixa
utilização (58%), de práticas baseadas em evidências científicas para as mulheres grávidas.
Mas não se pode afirmar que apenas o uso de práticas baseadas em evidências impediria a
morte materna ou a gravidade dos casos, mas os resultados sugerem que a qualidade da
assistência prestada às mulheres em serviços de saúde não foi adequada (KAROLINSKI et al.,
2010).
O reconhecimento precoce, o diagnóstico correto e codificação de acordo com um
sistema de classificação internacional e da aplicação de diretrizes de gestão baseadas em
evidências podem reduzir o risco geral de mortalidade e morbidade por sepse materna.
Embora isso se aplica a países de alta renda, bem como de baixa renda, a introdução de
tecnologias simples, como lavagem vaginal com fornecimento de drogas anti-séptico e de
base comunitária necessitam de mais pesquisas para avaliar o impacto sobre a sepse materna
nos países de baixa renda (DILLEN et al., 2010).
53

A sepse puerperal foi pesquisada em um estudo caso controle, no banco de dados do


Hospital Maternidade, na Irlanda, Reino Unido, onde foram analisados 103 casos de sepse
materna comparados com 412 mulheres sem sepse, ou seja, o grupo controle. A taxa de
obesidade foi significativamente maior entre as mulheres com sepse. A maior proporção de
mulheres com sepse teve ruptura de membranas, trabalho de parto prematuro e parto induzido
em comparação com o grupo controle. Nas mulheres com sepse grave e sem complicações a
cesariana foi realizada em 48,3% e 64,3%, respectivamente, em comparação com 25,3% no
grupo controle. A incidência de intervenções também foi maior nas mulheres com sepse,
assim como tiveram maior percentual de remoção manual da placenta (21,4% versus 4,7% do
controle) e perderam mais de 500 ml de sangue (71,4% versus 23,9% dos controles) durante o
parto. As taxas de sepse mantiveram-se predominante entre mulheres que foram submetidas à
cesariana (ACOSTA et al., 2012).
Estudo sobre as causas da sepse puerperal do ponto vista do pessoal de saúde de um
Hospital Universitário mostrou que a falta de assiduidade à clínica pré-natal, a não adesão à
assepsia durante o parto/ruptura prolongada de membrana, retenção de produtos da
concepção, bem como anemia durante a gravidez são os principais fatores predisponente para
sepse puerperal (MOMOH; EZUGWORIE; EZEIGWE, 2010).
No estudo de Acosta et al. (2012) entre as mulheres com sepse que tiveram uma
cesariana, 38,5% receberam antibióticos durante a gravidez ou o parto, foi significativamente
menor do que as mulheres (70,2%) do grupo controle que tiveram uma cesariana e receberam
antibióticos, nestas o aumento de antibióticos foi gradativo. A obesidade e a episiotomia
foram associadas com a sepse. Os autores enfatizam que os dados microbiológicos das
mulheres com sepse não estavam disponíveis.
A identificação do microrganismo causador da infecção é necessária, pois guiará a
prescrição de antibiótico-terapia dirigida e fornecerá dados para análise da flora prevalente na
instituição hospitalar. Mas corroborando com os achados de Acosta et al. (2012) em nenhuma
das entrevistadas com abcesso de parede pós-cesariana foi colhido material para cultura ou
realizado o antibiograma. Enfatiza-se que a realização do antibiograma é de fundamental
importância, especialmente devido ao surgimento de bactérias multirresistentes (SOUZA;
MEDEIROS, 2010).
Constatou-se ainda que mulheres com sepse que tiveram uma cesariana eram menos
propensas do que as do grupo controle para receber antibióticos, destacando a necessidade de
profilaxia. A associação foi observada entre o parto vaginal com episiotomia e sepse materna
54

enfatizando a importância de rigorosas técnicas de controle de infecção assim como medidas


assépticas na prática clínica (ACOSTA et al., 2012).
Ao analisar o uso de antibióticos como uma profilaxia (ABOUD et al., 2009) em 1829
mulheres (1558 infectadas com HIV e 271 não), os resultados da análise indicaram que não há
diferenças significativas na morbidade ou mortalidade em ambos os grupos infectados pelo
HIV ou não infectados pelo HIV, não houve disparidade considerável entre os grupos de
antibióticos e placebo para condições médicas, complicações obstétricas como sepse.
Nos estudos selecionados, dois analisaram paciente internadas em UTI, um deles a
sepse foi diagnosticada em 7,1% das pacientes no pré-parto, parto e pós-parto, que foram
hospitalizados entre 1999 e 2008 no estado de Maryland (WENDERER; LEFFERT, 2013) e o
outro descreve o perfil epidemiológico e clínico das pacientes admitidas com o diagnóstico de
sepse puerperal de origem pélvica em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) obstétrica, na
região Nordeste do Brasil. Sendo constados 35 casos de sepse puerperal de origem genital.
Primiparidade foi observada em 62,5% da amostra. Em relação à via de parto, detectamos que
a cesariana representou 68,6% do total. A ocorrência de qualquer complicação esteve presente
em 45.7% pacientes, sendo as mais frequentes o choque séptico e a insuficiência renal
encontrados, respectivamente 28,6% e 17,1%. Histerectomia foi realizada em 44,1% das
pacientes, sendo necessário relaparotomia 2 em 54,3% (COELHO et al., 2012).
Sepse puerperal de origem genital é doença grave, que acomete mulheres jovens de
baixa paridade. A frequência de complicações e de procedimentos invasivos nesse grupo de
mulheres é elevada, o que implica em alta morbidade e mortalidade. Compreender de forma
mais detalhada esse grupo de pacientes contribui com o conhecimento atual sobre a doença,
melhorando a preparação dos centros para tratar a sepse puerperal de origem genital
(ACOSTA et al., 2012).
A sepse puerperal é uma das principais causas de mortalidade nos países em
desenvolvimento, no entanto o conhecimento de suas causas é pobre, e há a necessidade de
colocar mais ênfase no que a provoca, durante as orientações de saúde pré-natal. Isso pode
ajudar a reduzir a morbidade e mortalidade associada à sepse puerperal (YAHAYA; BUKAR,
2013). Os autores realizaram um estudo, no Nordeste da Nigéria, com o objetivo determinar o
conhecimento das mulheres em relação aos sinais e sintomas de sepse puerperal. Foi um

2
A relaparotomia é a intervenção realizada sobre qualquer um dos órgãos da cavidade abdominal nos primeiros
trinta dias de uma operação inicial por causa de uma complicação desta cirurgia (BOURRICAUDY et al.,
2008).
55

estudo de base comunitária transversal, com 400 entrevistados, dos quais 53% não tinham
conhecimento das causas da sepse puerperal; 10% acreditam que é causada por espíritos
malignos. Estes dados mostram que há uma necessidade de colocar mais ênfase sobre as
causas das infecções puerperais, durante as orientações nas consultas de pré-natal. Isso
poderia ajudar a reduzir a morbidade e mortalidade associada à infecção puerperal.
As infecções relacionadas ao parto (infecção puerperal e sepse puerperal) refletem
diretamente os aspectos da qualidade e segurança dos serviços obstétricos quando se avalia a
morbimortalidade materna (HUSSEIN et al., 2014). Os autores realizaram um estudo de
coorte longitudinal para avaliar os efeitos de uma intervenção de vigilância que compreende
uma mudança organizacional chamada Investigação Apreciativa em infecções puerperais em
hosipitais, na Índia. Das 8124 mulheres investigadas, 319 relataram infecção puerperal, as
infecções mais encontradas: foram do trato genital/sepse puerperal, infecções do trato
urinário, infecção da ferida cirúrgica. O grupo que sofreu a intervenção reduziu pela metade o
risco de infecção. Os dados encontrados neste estudo são semelhantes aos encontrados nos
estudos analisados (A05, A04, A07, A12, A13, A15, A 16, A19), mas nos estudos da amostra
desta pesquisa um artigo (A04) somente investigou as intervenções para prevenir a morbidade
pela infecção puerperal, que foi sobre a utilização do kit parto (DARMSTADT et al., 2009).
Para avaliar o impacto do uso de kit parto, um estudo de coorte transversal, conduzido
em três áreas do distrito Ihnasia, em Beni Suef Governorate, Egito, com 334 puérperas, na
prevenção da morbidade por infecções puerperais Darmstadt et al. (2009) acompanharam 334,
gestantes, que se submeteram a parto vaginal e cesárea atendidas por enfermeiras, médicos e
parteiras. Foram confirmados cinco casos (1,5%) de infecção puerperal. Destas, quatro não
utilizaram o kit. Em relação ao local do parto, houve uma diferença entre mulheres que foram
atendidas em instituições de saúde (públicas e privadas), elas eram mais propensas a
apresentar infecção puerperal, talvez porque as que tiveram o parto em casa fizeram maior uso
de kit parto. Além disto, as mulheres (30) nas instituições eram mais propensas a terem partos
envolvendo fórceps, vácuo extrator, cesárea e, consequentemente, mais propensas à infecção
puerperal. Dezessete por cento das mães que tiveram parto com ajuda de um parente/vizinho
ou parteira qualificada desenvolveram infecção puerperal, respectivamente. Os kits partos
podem servir como um importante componente de um pacote integrado de serviços na luta
contra a mortalidade materna e neonatal em ambientes de baixa renda em todo o mundo.
Para apresentar o perfil da mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 a
2009, Ferraz e Bordignon (2013) realizaram uma pesquisa descritiva com dados secundários
56

do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística e identificaram que 5,86% das mortes foram em decorrência da
infecção puerperal. Destacaram que havia ausência de informações em determinados campos,
como cor/raça e escolaridade. Além, das diferenças do número de mortes por determinada
causa entre as regiões brasileiras.
Foram analisados dados dos 26.691 prontuários de gestantes submetidas a partos
normais e cesáreas ocorridos em um Hospital de Clínicas no período de janeiro de 2004 a
dezembro de 2010 e as respectivas taxas de infecção causadas por esses procedimentos. A
taxa de cesariana foi de 32,55% durante o período investigado. Entre os nascimentos, durante
o mesmo período, a taxa de infecção após cesariana foi de 2,8%, e de 0,8% após partos
vaginais. Apesar dessas variações, esses achados permitem afirmar que a opção pelo parto
normal é mais segura do que a opção pela cesárea em relação ao risco de infecção puerperal
(BENINCASA et al., 2012).
A taxa de infecção relacionada às cesarianas vem diminuindo desde 2004, de acordo
com os autores, coincidindo com a época em que a profilaxia antibiótica passou a ser
administrada no momento da indução anestésica, no hospital, diferentemente do que acontecia
até então, quando era administrada apenas no momento do clampeamento do cordão
umbilical, e a taxa no ano de 2010 se mostrou consideravelmente menor do que a desse ano
(BENINCASA et al., 2012). Este dado é relevante, pois Dinsmoor et al. (2009) e Ziogos et al.
(2010) avaliaram o uso do antibiótico como profilaxia e identificaram redução das infecções
puerperais na grande maioria da população estudada.
A cervicite foi identificada no estudo de Araújo et al. (2009) que relataram um caso
excepcional de uma puérpera de 15 anos de idade, primípara, que, após a necropsia, foi
identificada com síndrome de Waterhouse-Friderichsen3, em um Hospital de Clínicas. Assim
como no estudo de Borborema-Alfaia et al. (2013), que identificaram que 36,4% das
pacientes do estudo apresentaram cervicite que foi associada significativamente a C.
trachomatis. O achado de 36.4% de cervicite na população é um dado importante, pois ela
pode levar a uma infecção durante o puerpério, a um parto prematuro e/ou infecção no

3
A síndrome Waterhouse-Friderichsen, também conhecida como púrpura fulminans, é definida como necrose
hemorrágica maciça e aguda das glândulas supra-renais (apoplexia adrenal), no decurso de sepse grave.
Causada por infecção meningocócica em 80% dos casos, restando 20% para infecções decorrentes de
Pneumococos, Staphylococcus sp, SβHGA, Pasteurella multocida, Plesiomonas shigelloides, Haemophilus
influenza, Bacilus diphteriae, Neisseria gonorrhae, Mycoplasma pneumonia. É mais frequente em pediatria e
entre adultos jovens (ARAUJO et al., 2009).
57

neonato. Para Borborema-Alfaia et al. (2013), é essencial para a implementação de programas


de rastreio pré-natal em laboratórios de serviços de saúde públicos, utilizando o método de
reação em cadeia da polimerase (PCR) a fim de detectar infecção por Chlamydia nesta
população de alto risco durante o último mês de gravidez.
Dos três estudos que abordaram mastite, um constatou que esta foi uma das
complicações em puérperas de alto risco; no entanto, não refere à incidência dos casos
(PAIVA et al., 2012). No grupo de mulheres infectadas pelo HIV de acordo com a
randomização antibiótico versus placebo o estudo mostrou que não houve efeito de
antibióticos em mastite (ABOUD et al., 2009). Assim como Zimmermmann et al. (2009) ao
analisar mulheres submetidas a parto vaginal e cesariana, constatou-se que não houve
associação entre mastite e cesariana, mas esteve presente em 2,8% das puérperas pesquisadas.
Um estudo, realizado em um Departamento de Ginecologia e Obstetrícia na
Dinamarca, com o objetivo de investigar a ocorrência de infecções pós-parto, selecionou 1616
mulheres, destas, 1.331 mulheres (82%) de parto vaginal e 285 mulheres (18%) por cesariana
(10% de emergência e 8% eletiva). Dentro de quatro semanas após o parto, 24% de todas as
mulheres tinham experimentado um episódio de uma ou mais infecções. A mastite (12%) foi
as mais frequentes, seguida de ferida operatória (3%), das vias respiratórias (3%), vaginal
(3%) e infecções do trato urinário (3%), endometrites (2%) e "outras infecções" (2%)
(AHNFELDT-MOLLERUP et al., 2012). Os autores não fizeram associação entre parto
vaginal e cesárea e nem uso de profilaxia com antibiótico. Estas infecções também foram
encontradas nos estudos analisados, em outros que usaram profilaxia antibiótico ou
investigaram infecções em puérperas.
A infecção em maternidades continua sobre responsabilidade dos serviços de saúde e
causando problemas de saúde entre as mulheres e bebês. Hussein et al. (2014) ainda sugerem
que a vigilância epidemiológica pode reduzir infecções puerperais em mulheres que têm
partos em maternidades. Recomendando uma renovação do interesse na pesquisa de controle
de infecção, a criação de grandes grupos de colaboração para ajudar a trazer recursos para o
que é de outra maneira uma área negligenciada. Estes grupos podem reunir diversas
perspectivas disciplinares que podem contribuir para avanços metodológicos no estudo das
intervenções organizacionais e comportamentais complexas não passíveis de abordagens de
pesquisa quantitativa convencionais. Assim como o monitoramento das taxas de infecção
deve ser uma prioridade em todas as maternidades, podendo ser uma intervenção preventiva
em si. Propõem a cogitação de alguns fatos como o uso excessivo de antibióticos e os níveis
58

socioeconômicos da população, a fim de melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados de


unidade de saúde na Índia, mas este fato não precisa ser estendido somente para a Índia. Nos
estudos analisados, observam-se abordagens do uso de antibióticos por Dinsmoor et al.
(2009), Zimmermmann et al. (2009) e Ziogos et al. (2010). Assim, faz-se necessária uma
vigilância maior das comissões de infecção hospitalar das maternidades, para avaliar a
necessidade de intervenções e uso de antibióticos.

4.2 A Enfermagem e o cuidado à mulher no período puerperal

A Enfermagem deve ter em mente ao cuidar da mulher no período puerperal as


intensas modificações biopsicossociais que ocorrem na vida da parturiente e de sua família. O
corpo da mulher sofre alterações anatômicas e fisiológicas, que podem levá-la a não cumprir
seu papel de mãe, pois isto a levará a pensar em sua responsabilidade social e cultural de
prestar cuidados, afeto e proteção ao recém-nascido, deixando-a ansiosa e com medo. Estes
elementos cooperam para modificar o pós-parto, tornando-o um período complicado nesta
fase da vida da mulher (CABRAL; MEDEIROS; SANTOS, 2010).
Além dessas modificações as infecções mais frequentes no período puerperal,
encontradas na presente pesquisa, estão ligadas ao tipo de intervenção que a puérpera sofreu.
Para a realização destas intervenções os profissionais de saúde necessitam utilizar
instrumentos que devem estar devidamente esterilizados/estéreis. Parte destes produtos não é
de uso único, no caso tesouras, porta-agulha, cabo de bisturi, bisturi elétrico, pinças, fórceps,
espátulas, afastadores entre outros. Caso estes produtos não sejam submetidos a um processo
de esterilização adequado, contribuirão para o aumento do índice de infecções puerperais.
Desta forma, a enfermeira é peça fundamental, pois o cuidado à mulher no parto e período
pós-parto, não está centrado somente no cuidado direto, mas no cuidado indireto que é pouco
abordado nos estudos.
Neste caso, a forma indireta da enfermeira prestar cuidados, é sua atuação nos centros
de materiais e esterilização, onde são processados os instrumentos utilizados nas intervenções
que a puérpera é submetida como: a cesariana, a episiotomia, cateterismo vesical e em
algumas intervenções, há a utilização do fórceps ou vácuo extrator (por mais que estes não
sejam aconselhados, ainda são utilizados).
59

Nos estudos analisados, a cesariana, esteve presente em todos, considerada uma das
grandes vilãs das infecções puerperais, principalmente a infecção do sítio cirúrgico e a
endometrite, mas nenhum estudo abordou a utilização dos instrumentos utilizados nas
intervenções obstétricas. Tais instrumentos submetidos a processo de esterilização estão
associados a este procedimento e é de responsabilidade da enfermeira da central de material e
esterilização supervisionar, fiscalizar, acompanhar o processo de esterilização, garantindo um
produto de qualidade para o centro cirúrgico obstétrico e/ou sala de parto, bem como para as
ambulâncias da Rede Cegonha.
Temos que estar atentos aos procedimentos que serão realizados nas puérperas para o
tratamento das infecções, pois estas quando retornam aos centros de referências para serem
avaliadas e tratadas podem passar por procedimentos, como histerectomia, laparotomia,
debridamento da ferida, e os materiais a serem utilizados devem ter passado por um processo
de esterilização de qualidade.
No estudo de Souza e Medeiros (2010) com o objetivo de elaborar um protocolo para
atender pacientes portadoras de abcesso de parede, foram entrevistadas puérperas com
abcesso de parede, todos associados à cesariana, em um hospital Regional do Distrito Federal.
Os cuidados às puérperas, com abcesso na parede operatória pós-cesariana, não foram
dispensados corretamente. Após a avaliação médica e drenagem do abscesso, passaram por
anamnese e avaliação primária realizada pela enfermeira, que nem sempre registra est a
avaliação. Analisam as informações e decidem quais coberturas são as mais indicadas e assim
qual a periodicidade da troca destas coberturas. A técnica utilizada para limpeza da ferida foi
considerada como estéril, sendo feita com solução fisiológica 0,9%, e gaze e, para aumentar o
poder de retirada do tecido necrosado utilizou-se seringa e agulha. Após a limpeza, foi feita
nova avaliação e definiu-se qual cobertura seria utilizada. No entanto, após toda a limpeza
com técnica considerada estéril os profissionais não usam pacotes com pinças da Central de
Materiais de Esterilização (CME), e o pacote que envolve a luva estéril é empregado como
campo (SOUZA; MEDEIROS, 2010).
Pode-se dizer que há um déficit no conhecimento por parte destes profissionais quanto
às técnicas consideradas estéril, pois não foi feito o uso de materiais devidamente processados
pelo centro de material e esterilização. Os profissionais de saúde também são fontes de
contaminação, e podem agravar ainda mais o quadro de uma paciente com infecção puerperal.
Por isso todos os cuidados com o material e o procedimento que será realizado são essenciais.
60

No intuito de prevenir eventuais complicações, como a infecção puerperal a mulher no


período do pós-parto deve receber atenção humanizada, integral e holística e que ressalte
ações para o autocuidado, no sentido de prover a mulher condições para o cuidado de si
(PEREIRA; GARDIM, 2014). No entanto, não foi este o resultado que as autoras
identificaram durante sua pesquisa com enfermeiras e puérperas, mas sim a deficiência das
orientações relacionadas ao cuidado integral à mulher que vivencia essa fase. O cuidado de
enfermagem dispensado à puérpera durante o ciclo gravídico-puerperal não garante a
autoconfiança necessária para o desempenho dos cuidados consigo mesma, visto que os
relatos das mesmas focalizam-se em orientações recebidas sobre questões pontuais, como a
incisão cirúrgica e o esforço físico.
Concordando com Duarte et al. (2014), no sistema biomédico da assistência à saúde,
emerge a necessidade de transformar o modelo de assistência à puérpera em todas as etapas
do ciclo grávido puerperal, e a atuação da enfermeira em todo o contexto se respalda
legalmente através de documentos oficiais que regem o exercício da sua profissão. A
assistência da enfermeira no controle das infecções puerperais, além dos cuidados diretos, tem
os indiretos, que, como dito anteriormente estão relacionados ao centro de material e
esterilização, e na legislação vigente consta a atuação do mesmo neste espaço. Atendendo
assim às necessidades de saúde da puérpera, proporcionando um cuidado de forma holística.
Os referidos autores realizaram uma revisão integrativa da literatura com o intuito de
identificar e discutir a importância dos cuidados da enfermeira para o controle das infecções
no período puerperal, evidenciando que não foram encontradas produções com a finalidade de
identificar e analisar, especificadamente, a contribuição da enfermeira no controle de infecção
puerperal no âmbito hospitalar. No que tange aos cuidados da enfermeira no controle das
infecções puerperais, foram identificados poucos estudos evidenciando escassez na literatura
pertinente à temática. Pode-se constatar que o déficit na produção de enfermagem não está
relacionado somente à infecção puerperal e vulnerabilidade em saúde, mas a infecção
puerperal de uma forma ampla.
De acordo com Cruz et al. (2013), mesmo havendo avanços tecnológicos na área de
centro cirúrgico, centro de material e esterilização, higienização e um conhecimento mais
abrangente sobre os fatores de risco de infecção hospitalar, ainda assim a taxa de infecção
continua crescente. As pesquisadoras constataram, em um estudo realizado a partir de análise
das fichas de notificação de infecção hospitalar de uma maternidade pública no Ceará, cujas
pacientes foram diagnosticadas com infecção de sítio cirúrgico em incisão pós-cesárea, a
61

inexistência de registros de cultura relacionados aos casos de infecção da ferida operatória,


especificamente, o qual seria de fundamental importância para: a caracterização, o diagnóstico
e, consequentemente, uma assistência mais qualificada.
Com o objetivo de observar se enfermeiras das Unidades de Atenção Primária à
Saúde, de uma cidade de Minas Gerais, Gomes e Neves (2011) utilizam o que é preconizado
pelo Ministério da Saúde, quanto à assistência prestada no puerpério, e também analisar de
que maneira a assistência prestada pode diminuir e/ou prevenir a incidência de intercorrências
clínicas neste período. Concluíram que as enfermeiras utilizam a consulta de enfermagem no
puerpério como preconizada pelo Ministério da Saúde, porém foram deixados de lado passos
simples, mas que são de grande importância, como uma anamnese completa que inclui a
identificação, queixa principal, história atual, antecedentes pessoais, familiares, menstruais,
sexuais, obstétricos, mamários, corrimento, queixas urinárias, gastrintestinais e orientar sobre
os direitos da mulher. As pesquisadoras enfatizam que as enfermeiras apropriando-se de seu
papel, enquanto educadores em saúde, haja vista a necessidade de aproximação, de diálogo e
de suporte as puérperas, em razão as dificuldades com que elas se deparam perante o
puerpério, podem proporcionar que elas vivenciem o puerpério com ocorrências apenas de
caráter fisiológico. A puérpera bem informada e preparada para cuidar do seu bebê e de sua
recuperação no pós-parto possui menos riscos de complicações, mais autonomia e maior
poder decisório em seu tratamento e recuperação.
Deste modo, o cuidado ofertado por enfermeira ou enfermeira-obstétrica através de um
tratamento com dignidade, respeito e empoderamento dispensados a cada mulher que vai
parir, deixarão maior certeza de que o resultado do seu atendimento será positivo (MARTINS,
2014).
Puerpério, sobreparto ou pós-parto, é um período cronologicamente variável, de
âmbito impreciso, durante o qual ocorrem todas as transformações involutivas e de
recuperação da genitália materna ocorridas após o parto. Existem, conjuntamente, relevantes
alterações gerais, que persistem até o retorno às condições vigentes à prenhez. A importância
e a amplitude desses processos são facultativas ao vulto das mudanças gestacionais
vivenciadas e pontualmente dependentes da duração da gestação (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2013).
Até o terceiro e quarto dia pós-parto, os exames físicos indispensáveis, a serem
realizados pela manhã e à tarde com a mulher no puerpério de evolução normal são:
62

temperatura, pulso e pressão; palpação do útero e da bexiga; exames dos lóquios; inspeção do
períneo; exame dos membros inferiores (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
A avaliação dos sinais vitais deve ocorrer ao menos duas vezes por dia, ou mais de
acordo com a necessidade. A temperatura não deve ser avaliada pelos critérios normativos
estabelecidos para condições extrapuerperais. A não ser para as primeiras 24 horas, quando
pode haver certa pirexia, o normal é a ausência de febre, definida aqui pela temperatura
abaixo de 380 C. Cabe ressaltar que no terceiro dia, há a chamada febre do leite,
simultaneamente a apojadura, que para uns é fisiológica, enquanto para outros seria encarada
como resultante da ascensão de germes vaginais à cavidade uterina, habitual nesta época
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013). No Quadro 7 são apresentados resultados dos
sinais vitais classificados em: achados normais e desvios dos achados normais e causas
prováveis dos sinais vitais no pós-parto.
63

Quadro 12 - Sinais vitais no pós-parto


Achados normais Desvios dos achados normais e causas prováveis

Temperatura
0
A temperatura durante as primeiras 24h pode subir para 38 C em Um diagnóstico de sépsis puerperal é sugerido se um aumento na temperatura
consequência dos efeitos da desidratação do trabalho de parto ou da para 380 C for observado depois de 24h pós parto e recorrer ou persistir por 2
anestesia epidural. Depois de 24h, a mulher deve estar afebril. dias.
Outros possíveis diagnósticos são mastite, endometrite, infecção do trato
urinário ou outras infecções sistêmicas.
Pulso
O pulso retorna aos níveis pré-gravídicos dentro de poucos dias no pós- Uma frequência de pulso rápida ou que esteja aumentando pode indicar
parto, embora a rapidez desse retorno varie de acordo com cada mulher. hipovolemia em consequência de hemorragia.
Respiração
A respiração deverá diminuir ao nível pré-gravídico da mulher entre 6 a 8 A hipoventilação pode seguir-se a um bloqueio subaracnoide (espinhal) alto
semanas após o parto. ou a narcóticos epidurais depois de uma cesariana.
Pressão Arterial
A pressão arterial altera-se um pouco, caso venha ocorrer alteração. A Uma pressão baixa ou em declínio pode refletir hipovolemia secundária a
hipotensão ortostática, indicada pela sensação de desmaio ou de tontura hemorragia. Entretanto, trata-se de um sinal tardio, e outros sintomas de
logo após levantar-se pode se desenvolver nas primeiras 48h em hemorragia normalmente alertam a equipe. Um valor elevado pode resultar
consequência de congestão esplâncnica que ocorre depois do parto. do uso excessivo de medicações vasopressoras ou ocitócicas. À medida que a
pré-eclâmpsia pode persistir no pós parto, ou ocorrer primeiro nesse período,
a avaliação de rotina da pressão arterial é necessária. Se uma mulher queixar-
se de cefaleia, é preciso descarar hipertensão como causa antes de administrar
analgésicos.
Fonte: PERRY, 2012.
64

Na verificação dos sinais vitais o pulso tende a ser bradicárdico, 60 a 70 bpm, em


relação, possivelmente, do repouso experimentado pela puérpera. Lembrando que, em relação
ao sistema cardiovascular, na primeira hora, após o parto, o débito cardíaco estará elevado,
assim ficando durante uma semana. A pressão venosa dos membros inferiores, aumentada no
decorrer da gestação, regulariza-se imediatamente. As varizes, acaso presentes, regridem e os
edemas desaparecem (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
O uso do acrônimo Mubilers, é sugerido por Netina (2014) como um método de
avaliação no pós-parto e, desta forma avaliar as alterações que ocorrem no pós-parto.
Realizando a avaliação regularmente da seguinte maneira: Mama; Útero; Bexiga; Intestino;
Lóquios; Episiotomia; Resposta emocional e Sinal de Homans. A enfermeira pode orientar a
puérpera com este método utilizando a fisiologia do pós-parto, lógico que adaptando as
orientações à via de parto que a puérpera foi submetida.
Ressalva-se que prevalecem os fenômenos catabólicos e involutivos das estruturas
hipertrofiadas ou hiperplasiadas pela prenhez, respectivamente as que alojavam o concepto,
junto às alterações gerais e, sobretudo, endócrinas. A maioria associada à regressão das
alterações gestacionais do organismo (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013), razão
pela qual a enfermeira ao cuidar da mulher no pós-parto deve atentar para hipersensibilidade
dolorosa à palpação uterina e coloração, volume e odor dos lóquios, assim como explicar à
puérpera a fisiologia do pós-parto, quando seus órgãos e sistemas estarão retornando aos seus
devidos lugares, após a expulsão do concepto.
Imediatamente após o término do trabalho de parto, o fundo do útero deve estar no
escavado epigástrico, pouco acima da cicatriz umbilical, firmemente contraído. Uma hora
após o parto, o fundo encontra-se na linha média e, em 12 horas do parto, pode estar próximo
à cicatriz umbilical, com a bexiga vazia. Devido ao extraordinário relaxamento dos elementos
de sustentação e de fixação, o útero pode ser amplamente deslocado para cima e/ou para
baixo. Dentro de 24 horas, deve estar a um cm abaixo da cicatriz umbilical. Contrai-se
firmemente, reduzindo o seu tamanho para menos de metade, permanecendo assim cerca de
dois dias. A partir daí, desce aproximadamente um dedo por dia até que, por volta do 100 ao
140 dia, ele desce e entra na cavidade pélvica e não pode mais ser palpado (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2013; NETINA, 2014).
O colo uterino logo após o parto está mole e nas dezoito horas subsequentes ao parto,
adquire consistência firme e o orifício cervical fecha-se gradativamente, mas não volta ao
orifício pré-gravídico, a não ser que nunca tenha sido dilatado (NETINA, 2014). Além do que
65

o útero puerperal é indolor e altamente móvel por conta da flacidez, dos seus elementos de
fixação. Durante sua avaliação é de praxe apalpar a bexiga, pois cheia pode deslocar o útero,
falseando o resultado das medidas, em virtude de suas conexões anatômicas com a matriz
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
A firmeza do fundo do útero, subsequente ao pós-parto imediato, deve ser avaliada em
intervalos regulares. Caso o útero esteja flácido é indicativo de atonia uterina 4 (NETINA,
2014).
A fase da involução e a regeneração da ferida placentária estão vinculadas à formação
e expulsão de razoável quantidade de exsudatos e transudados, os quais, de mistura com
elementos celulares descamados e sangue, são conhecidos pela denominação de lóquios
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013). São vermelhos ou marrom-escuros,
apresentando coágulos (lochia rubro) de 1 a 3 dias. Progride para uma coloração mais
acastanhada, consistência serossanguinolenta (lochia seroso/fusca), por 3 a 10 dias, seguida
por uma coloração esbranquiçada ou amarelada (lochia flava) do 10º ao 14º dia. O volume
pode ser escasso, moderado ou maciço (um absorvente higiênico saturado dentro de uma
hora). Caso o absorvente sature sua capacidade dentro de 15 minutos, o fluxo é considerado
excessivo e, pode estar acompanhado de eliminação de grandes coágulos, indicando
hemorragia (NETINA, 2014). Ao examinar a puérpera nesta fase, a enfermeira deve realizar a
palpação uterina, para constatar a presença do globo de segurança de Pinard, que assegura a
hemóstase da ferida placentária.
Os lóquios necessitam de avaliação diária e, em conjunto à involução uterina. Nos três
a quatro primeiros dias a o corrimento é abundante e sanguíneo. É importante contar a
quantidade de absorventes higiênicos usados no dia e a quantidade de secreção em cada. O
cheiro é característico e, quando ocorre alteração do odor, a fetidez sugere decomposição do
conteúdo vaginal por microrganismos anaeróbios, sugerindo um processo infeccioso, assim
como a sua cessação, loquiometria, na primeira semana do pós-parto (NETINA, 2014). Desta
forma deve haver a inspeção regular do períneo quanto à presença de sangramento.
A enfermeira pode realizar a avaliação da perda de secreção no momento da inspeção
regular do períneo quanto à presença de sangramento, e orientar a troca dos absorventes
higiênicos e, quanto ao uso de medicações na região vulvoperineal, quando houver. Neste

4
Atonia uterina, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (2012) é a falta de contração eficaz do útero
depois do parto, o que complica um em cada 20 nascimentos e está presente em pelo menos 70% dos casos de
Hemorragia Pós-Parto.
66

momento, ela pode orientar a puérpera a mudar os absorventes higiênicos após cada
eliminação vesical e intestinal, e/ou conforme necessário, assim como sobre o que seria uma
eliminação excessiva de lóquios e sinais de infecção.
A enfermeira deve ter em mente que o débito urinário, inicialmente, será escasso.
Porque o sistema urinário, devido ao grande relaxamento do diafragma urogenital, após o
parto, a parede anterior da vagina, tende a prolabar entre os grandes lábios, principalmente nas
multíparas, demonstrando cistocele. A bexiga amplia sua capacidade, pois está livre das peias
do útero gravidado, mas mantém ainda as faculdades de expansão estruturais que a uterina
proporcionara (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
A eliminação da puérpera merece atenção, e deve ser avaliada atentamente nas
primeiras 48 a 72 horas, necessitando cuidar do esvaziamento da bexiga em intervalos de seis
a oito horas. Durante o trabalho de parto ocorre a desidratação e a diurese inicial é escassa,
ocorrendo em torno de 12 horas após o parto. Isto estabelece um aumento na excreção
urinária no 2º ao 6º dia, excretando a água extracelular retida na gestação (NETINA, 2014).
Deve-se observar a capacidade de eliminação, avaliando a presença de distensão
vesical se a paciente não puder urinar ou queixar-se de plenitude vesical após urinar. Isto,
porque algumas mulheres têm dificuldades de micção. Não ocorrendo à eliminação
espontânea, antes de valer-se do cateterismo vesical, com as mais rigorosas técnicas
assépticas, deve-se permitir a ida ao banheiro, se possível for, ou empregar meio simples
como a irrigação externa com água morna ou posição semissentada sobre a comadre, o que,
muitas vezes, favorece a micção espontânea (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
Também é necessário avaliar as características da urina da puérpera, pois hematúria
imediatamente após o parto vaginal espontâneo normal, geralmente, é indicativa de
traumatismo vesical. No entanto, se a hematúria ocorrer após as primeiras 24 horas, no parto
vaginal ou cesariana, é sugestiva de infecção do trato urinário (NETINA, 2014).
As mulheres apresentam risco para o déficit de volume líquido associado à perda de
sangue e aos efeitos da anestesia, quando esta é submetida à sedação anestésica. Assim, a
ingesta hídrica deve ser estimulada e aumentada, conforme o quadro clínico da puérpera
(NETINA, 2014).
A higiene da puérpera deve ser realizada diversas vezes ao dia, principalmente após as
eliminações vesicais e intestinais. Estes cuidados ajudarão a promover o conforto, a limpeza e
a cicatrização, além de ajudar na prevenção de infecção puerperal. A higiene do períneo pode
67

ser realizada com água morna e sabão (NETINA, 2014). Esta orientação deve ser dispensada
para a puérpera seguir em sua residência, bem como quando o parto ocorre na residência.
A constipação puerperal, atualmente, é menos frequente com o levantar precoce, e é
identificada, habitualmente, nas mulheres que possuem obstipação crônica.
As mamas merecem atenção, pois podem ocorrer complicações acarretando em uma
infecção, e, como vimos, Aboud et al. (2009), Paiva et al. (2012) e Zimmermmann et al.
(2009) constataram a presença de infecção nas mamas das puérperas que avaliaram. Isto pode
ser prevenido, fisiologicamente com a expulsão da placenta, os níveis circulantes de
estrogênio e progesterona diminuem e os níveis de prolactina elevam, com isso começa a
lactação na puérpera. Nos dois primeiros dias do pós-parto, é secretado o colostro e,
geralmente, a secreção do leite maduro está presente por volta do terceiro dia pós-parto, a
apojadura. O ingurgitamento das mamas com leite, estase venosa linfática e tecido mamário
edemaciado, tenso e dolorido pode ocorrer entre o 3º e 5º dia do pós-parto.
Além do que a amamentação auxilia nas contrações uterinas, diminuindo o risco de
hemorragia. Desta forma a enfermeira deve verificar e explicar as técnicas para amamentar,
bem como avaliar a presença de ingurgitamento mamário, as condições dos mamilos quanto à
presença de hiperemia, erosões e fissuras, ensinar a puérpera a lavar as mamas com água SEM
SABÃO, evitando a remoção de óleos cutâneos. Em caso de regiões hiperemiadas, pode-se
instruir a puérpera a espremer um pequeno volume de leite materno, distribuindo sobre os
mamilos para lubrificação (NETINA, 2014). São intervenções que a enfermeira deverá
realizar prevenindo desta forma a infecção da mama.
A mulher no pós-parto pode apresentar uma nutrição desequilibrada, ingerindo menos
que as necessidades corporais, associado majoritariamente à questão cultural, seguida pelos
fatores psicológicos e econômicos. Foi o que constataram Vieira et al. (2010) em 72,5% das
puérperas entrevistas ao analisar a ocorrência de diagnósticos de enfermagem no puerpério.
Na amostra 45%, apresentaram diagnóstico de constipação associado principalmente à
ingestão insuficiente de fibras e líquidos.
A puérpera deverá ter uma dieta rica em frutas, fibras vegetais, proteínas e vitamina C,
se possível (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2013; NETINA, 2014). Estimular uma
alimentação apropriada deve ocorrer desde o pré-natal e pode ser fortalecida no pós-parto,
uma vez que a nutrição desequilibrada pode ter consequências no organismo da puérpera
(VIEIRA et al., 2010).
68

A observação do períneo deve ser feita para avaliação das condições de cicatrização de
eventuais suturas de epsiotomoia e perineorrafia (MONENEGRO; REZENDE FILHO, 2013).
Para avaliar a episiotomia, a enfermeira deve observar o acrômio HEESA: H – hiperemia, E –
edema, E – equimose, S – secreção, A – aproximação ou fechamento das bordas cutâneas o
que pode ser estendido para as incisões. Este método é baseado em uma escala de três pontos,
ou seja, cada um dos componentes do acrômio HEESA equivale a um ponto. No primeiro dia
do puerpério, a pontuação pode variar de 0 a 3, devido à fisiologia da cicatrização; na segunda
semana do pós-parto, a pontuação deve ser de 0 a 1. Uma pontuação 3ou superior indica
anormalidade na cicatrização da ferida. Isto deve ser considerado após o primeiro dia do pós-
parto. Durante a realização do curativo da ferida cirúrgica deve-se usar técnica asséptica e
adequar às medidas de cuidados pós-operatórios de rotina para prevenir infecção (NETINA,
2014).
Puérperas que tiveram lacerações em decorrência do parto vaginal ou foram
submetidas à episiotomia, devem ter alguns cuidados com a higienização do períneo, e cabe à
enfermeira lhe explicar, independente se ela é multípara ou nulípara. Esta mulher pode
realizar este cuidado desde o primeiro dia, com o auxilio da enfermeira, e, desta forma
promover sua mobilidade diminuindo o risco para Trombose Venosa Profunda, e acelerando
sua recuperação – isso só deve acontecer se a puérpera apresentar condições.
A realização da limpeza é de extrema importância, a enfermeira deve enfatizar que
para começar deve-se lavar as mãos antes de limpar e trocar os absorventes, assim como após
esta higienização. O períneo deve ser lavado com sabão neutro e água morna pelo menos uma
vez ao dia. A limpeza deve ser feita da sínfise púbica para a região anal, da mesma maneira o
absorvente deve ser colocado, ou seja, de frente para trás, protegendo a superfície interna de
contaminação. Como dito anteriormente, o absorvente deverá ser trocado a cada eliminação
ou pelo menos 4 x ao dia, sendo embrulhado e eliminado em um recipiente de lixo fechado. E
neste momento deve ser avaliada a quantidade e as características dos lóquios.
Caso não haja uma ducha com água morna, ensinar à mulher a utilizar uma garrafa
com tampa de bico para realizar a higiene. A água deve estar morna, aproximadamente 38°C.
Se não tiver como verificar a temperatura, testá-la no punho, pois deve estar confortável a ele.
A utilização da água morna é para promover a vasodilatação, o que melhora a nutrição e
elasticidade dos tecidos, acelera o processo de cicatrização e ajuda a reduzir a dor. Deve-se
instruir a mulher que, enquanto sentada no vaso sanitário, o bico da garrafa deve ser
posicionado entre as pernas de maneira a esguichar a água no períneo. Orientando-a que uma
69

garrafa inteira é o suficiente para a realização desta higiene, bem como a secagem tem de ser
feita de frente para trás (períneo sentido anal), suavemente com papel higiênico ou lenços
umedecidos, sem esfregar a região.
A utilização de gelo 5 para reduzir a dor também pode ser usada. A aplicação de uma
bola de gelo protegida por gaze ou plástico pode ser necessária nos casos de edema e dor
perineal nas primeiras 24 horas. Tal medida diminui o edema e promove conforto. Após 24
horas do parto, sua utilização poderá também ser necessária, para promover efeito anestésico
e servirá de alerta à enfermagem a fim de detectar precocemente complicações neste período.
Se houver bidê (assento) para realizar esta limpeza, alguns cuidados têm de ser
tomados com este item como uma limpeza com agentes de limpeza e um bom enxágue. Após
forrar com uma toalha, antes de deixar a água correr, não encher totalmente, pode ser até a
metade ou um terço com água na temperatura entre 38° a 40,6°C. Se a mulher preferir banho
de assento frio, acrescentar gelo à água para reduzi-la a uma temperatura confortável. Este
banho pode ser realizado, pelo menos duas vezes ao dia por 20 minutos. Se ela estiver no
hospital, deixar a campainha ao seu alcance e verificá-la em no máximo 15 minutos. Caso seja
realizada em sua residência, orientar um familiar a ficar atento a ela da mesma forma.
Durante a realização destas higienes, a puérpera pode contrair os músculos glúteos,
mantendo-os contraídos e, então, relaxando-os. Portanto, os músculos do períneo serão
reforçados.
Se houver prescrição de cremes ou sprays anestésicos, depois de realizar a limpeza da
região perineal, usar conforme a prescrição, seguindo as orientações para não contaminar.
No puerpério imediato a outro ponto peculiar que a enfermeira deve abordar com esta
mulher, é o retorno à vida sexual. A atividade sexual deverá ser discutida e, os casais
heterossexuais o planejamento familiar é importante, antes mesmo de eles deixarem o hospital
porque muitos casais voltam a ter relações sexuais antes do regresso habitual do pós-parto,
que é de aproximadamente 6 semanas. Estes indivíduos podem estar com receio de falar sobre
o assunto, e, contudo aguardar o retorno na 6ª semana pode ser tarde, pois a ovulação pode
acontecer tão cedo quanto um mês depois do parto, principalmente em mulheres que não
amamentam. A amamentação não é um meio contraceptivo confiável, e as nutrizes devem
estar cientes, bem como os métodos não hormonais são os preferíveis. As puérperas que não

5
O gelo provoca uma vasoconstrição, diminuindo inchaço (edema), o metabolismo local e o impulso nervoso
(que realiza a coordena a contração muscular e a sensibilidade), levando à diminuição da dor (ZAIDAN, 2011).
70

decidiram o método de contracepção necessitam de informações sobre o uso de


contraceptivos (camisinha) (PERRY, 2012).
A enfermeira ao abordar o assunto deve orientar que a atividade sexual pode ser
retomada com segurança entre a segunda e a quarta semana pós-parto, ou seja, quando os
lóquios pararam e a episiotomia ou a laceração cicatrizou, assim como explicar sobre a
anticoncepção. A mulher nas primeiras 6 semanas até o 6º mês tem a lubrificação vaginal
diminuída, recomenda-se o uso de lubrificante, que pode ser um gel hidrossolúvel, manteiga
de cacau ou geleia espermicida. Pode haver sensibilidade vaginal, e neste caso o parceiro
pode ser orientado a colocar um ou mais dedos limpos e lubrificados na vagina, e girá-los
dentro dela para ajudá-la a relaxar e, consequentemente identificar possíveis áreas de
desconforto. Sugere-se, para um maior conforto durante o ato sexual que a mulher esteja na
posição de lado ou por cima (PERRY, 2012).
A mulher pode realizar exercícios de Kegel6, desde que corretamente, fortalecendo a
musculatura pubo coccígea. Este musculo está associado à função da bexiga e dos intestinos e
com a sensação vaginal durante o ato sexual (PERRY, 2012).
Em relação à contracepção, as enfermeiras têm que interagir com a mulher para
confrontar e comprovar as opções disponíveis, a segurança, o custo relativo, a proteção contra
infecções sexualmente transmissíveis (IST), o nível individual de conforto e a boa vontade do
parceiro em usar um método de controle de natalidade em particular. Assim, faz-se necessário
uma abordagem multidisciplinar na escolha correta de um método contraceptivo, auxiliando a
decisão da puérpera na tomada da decisão que irá atender suas necessidades pessoais, sociais,
culturais e interpessoais (LOCK, 2012).
No Quadro 8 estão apresentados resultados normais e sinais potenciais de
complicações que podem ser encontrados na avaliação pós-parto.

6
Eles reforçam os músculos vaginais, e para realiza-los a puérpera contrairá os músculos vaginais como se
estivesse interrompendo o fluxo de urina, em torno de 15 vezes/dia, aumentando 5 exercícios a cada semana,
ao máximo 40 por dia. Após condicionar, poderá fazer 4 ou 5 exercícios de Kegel por dia, para manutenção
(NETINA, 2014).
71

Quadro 13 - Avaliação pós-parto e sinais de complicações potenciais (continua)


Avaliação Achados normais Sinais de complicações potenciais
Pressão arterial (PA) Compatível com a PA basal durante a gravidez; pode haver Hipertensão: ansiedade, pré-eclâmpsia, hipertensão
hipotensão ortostática por 48h essencial.
Hipotensão: Hemorragia
Temperatura 36,20 C - 380 C > 380 C após 24h: infecção
Pulso 50-90 batimentos / min Taquicardia: dor, febre, desidratação, hemorragia;
Respiração 16-24 movimentos / min Bradipneia: ansiedade, pode sinalizar doença
respiratória;
Taquipneia: ansiedade, pode sinalizar doença
respiratória
Sons Respiratórios Limpos à ausculta Crepitações: possível sobrecarga hídrica
Mamas Dias 1 - 2: Flácidas
Dias 2 - 3: Aumento da Turgidez Firmeza, calor, dor: ingurgitamento, eritema de tecido
Dias 3 - 5: Cheias, Flácidas com a amamentação ("descida" do mamário, calor, dor, febre, mialgias, mastite.
leite - apojadura).
Mamilos Pele intacta; sem relato de irritação. Eritema, ferida, rachaduras, fissuras, abrasões, bolhas,
geralmente associadas a falhas na técnica de
amamentação.
Útero (fundo) Firme, na linha média; primeiras 24h da linha umbilical; involui Amolecido, inconsistente, acima do nível esperado:
~1cm /dia atonia uterina. Desvio lateral: bexiga distendida.
Lóquios Dias 1 - 3: lochia rubra (vermelho-escuro); Grande quantidade de lóquios: atonia, laceração
Dias 4 - 10: lochia serosa (castanho ou rosa); vaginal ou cervical;
Depois de 10 dias: lochia alba (branco amarelado); Poucos Odor fétido: infecção
coágulos;
Odor normal
72

Quadro 14 - Avaliação pós-parto e sinais de complicações potenciais (conclusão)


Avaliação Achados normais Sinais de complicações potenciais
Períneo Edema mínimo Edema pronunciado, ferida, hematoma
Laceração ou episiotomia: bordas aproximadas Eritema, calor, secreção: infecção
Dor mínima a moderada: controlada por analgésicos, técnicas não Desconforto excessivo nos primeiros 1 - 2 dias:
farmacológicas, ou ambas hematoma; após 3 dias: infecção
Área Retal Sem hemorroidas; se presentes, amolecidas e rosadas Tecido hemorroidário descolorido, dor intensa:
hemorragia com trombos.
Bexiga Capacidade de urinar espontaneamente; sem distensão capaz de esvaziar- Altamente distendida possivelmente causando atonia
se completamente; sem disúria. uterina, lóquios em quantidade excessiva.
Diurese começa ~ 12h após o parto; pode eliminar 3000ml / dia. Disúria, frequência, urgência: infecção.
Abdome e Intestinos Abdome flácido, sons intestinais audíveis em todos os quadrantes; Nenhum movimento intestinal até o dia 3 ou 4:
Movimento intestinal até o dia 2 e 3 pós-parto. constipação; diarreia.
Incisão de cesariana: curativo limpo e seco; linha de sutura intacta. Incisão abdominal - eritema, edema, calor, secreção:
infecção.
Membros Inferiores Reflexo de tendão profundo (reflexo patelar7) (DRTs) 1 + a2 + DRTs> 3+: pré-eclâmpsia.
Edema periférico possivelmente presente.
Sinal de Homans 8 negativo.
Nível de energia Capaz de cuidar de si e do recém-nascido; consegue dormir. Letargia, fadiga extrema, dificuldade para dormir:
depressão pós-parto.
Estado Emocional Entusiasmo, felicidade, interessada ou envolvida no cuidado do neonato. Triste, chorosa, desinteressada no cuidado do recém-
nascido: melancolia ou depressão pós-parto.
Fonte: PERRY, 2012.

7
O reflexo patelar é um reflexo profundo, mediado por nervos oriundos da raiz de L2, L3 e L4. Sua classificação é: Ausente = 0; Diminuído = 1+; Normal = 2+; Vivo = 3+;
Exaltado/acentuadamente hiperativo = 4+ (CORREIA et al., 2011).
8
Consiste na dorsiflexão do pé em direção ao tornozelo, com resposta de dor, pode ser um indicativo de tromboembolismo (RAVELLI, 2012).
73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve o objetivo de apresentar, a partir de revisão integrativa da literatura,


quais as infecções mais frequentes a mulher está exposta, durante o período puerperal, em
publicações científicas da área da saúde, bem como identificar os níveis de evidência e o grau
de recomendação de cada artigo.
Embora a gravidez, o parto e o puerpério sejam um fenômeno fisiológico e natural da
mulher, uma parcela delas desenvolve complicações que podem levá-las à morbimortalidade.
Neste estudo, foram enfatizadas as complicações infecciosas no puerpério, pois são, ainda
hoje, uma das principais causas de morbimortalidade.
Não foi avaliada a atuação da equipe que prestou serviços a estas mulheres. Faz-se
necessária a realização de estudos que possam acompanhar a mulher no ciclo gravídico
puerperal, que determinará as vulnerabilidades que ela possa estar exposta, lembrando que o
organismo de cada indivíduo reage de forma diferente.
Ao analisar a proposta inicial desta pesquisa, observamos lacunas na investigação
associada à infecção puerperal, principalmente no que tange às vulnerabilidades que a mulher
está exposta e às possíveis complicações infecciosas. Os artigos analisados nesta pesquisa
trataram de assuntos diversos à infecção puerperal, como a gravidez, o parto e o puerpério,
inclusive à mortalidade materna.
Dentre os resultados encontrados, identificou-se que a infecção no período pós-parto
pode acontecer independente se o parto ocorreu por via vaginal ou cesariana, com a profilaxia
antibiótica ou sem. No entanto, somente um dos artigos utilizou intervenções não
farmacológicas para a redução da infecção neste período. Isto mostra a escassez de estudos
com este intuito, no que tange a esta pesquisa, sem a possibilidade de traçados para a
prevenção de tal infecção.
Outra lacuna observada foi à produção na área da enfermagem, a qual é considerada a
detentora do saber cuidar, porém, no que implica a infecção puerperal, a sua produção é
escassa. A enfermeira deve realizar uma avaliação criteriosa de cada puérpera a fim de
implementar cuidados e/ou intervenções eficazes para suprir suas necessidades e, seus
familiares, consequentemente, prevenindo assim a morbidade infecciosa. Portanto, necessita
estar embasada cientificamente para esta análise.
74

A enfermeira tem papel fundamental nessa prevenção, seja no controle da infecção nas
maternidades, nos hospitais, na Rede Cegonha, como nas intervenções educacionais que pode
ofertar para os indivíduos, não só às mulheres, mas também a seus parceiros e familiares
durante o pré-natal e nas consultas de planejamento familiar.
As limitações deste estudo restringem-se aos artigos que não puderam ser lidos, por
não estarem disponíveis; alguns estudos não puderam ser avaliados, por não se encontrarem
com resumo disponível e, ao acessá-lo, a página não abria. Outra limitação foi o critério de
seleção que não incluiu revisão e nem opinião de especialistas. Com relação aos 19 estudos
selecionados para a pesquisa, os diferentes métodos utilizados impediram a comparação entre
os mesmos.
A avaliação rigorosa da puérpera no pós-parto, a adequada conduta para prevenção da
infecção puerperal e/ou manejo das intervenções no cuidado da paciente com morbidade
infecciosa, alicerçam ações indispensáveis da enfermeira na obtenção de um atendimento de
enfermagem mais seguro e de qualidade.
Um ponto relevante que não foi abordado em nenhum dos estudos analisados foi o
manejo da dor da puérpera e nem seus direitos sexuais reprodutivos. A dor após o parto
ocorre, principalmente se houver uma complicação infecciosa bem como discutir os direitos
sexuais e reprodutivos que garantem a autonomia e empoderamento desta mulher. E, também,
previnem complicações, evitam uma gravidez precoce e promovem a discussão e o
conhecimento de diversas formas de prevenção, assim como é indicada para cada mulher e
seu parceiro.
A enfermeira em conjunto com as políticas públicas no que se refere à mulher no ciclo
gravídico puerperal, no decorrer dos anos, passou a ter maior espaço nesta área, e a
implementação/implantação das casas de parto e a rede cegonha proporcionaram maior
empoderamento a estas profissionais. Portanto, falta um detalhamento maior da atuação da
enfermeira no período puerperal, pois seu cuidado não deve estar só para a alta ou a consulta
de retorno, mas sim conhecer a fisiologia no pós–parto e socializar este saber para a puérpera,
habilitando-a a percepção de possíveis alterações fisiológicas.
Diante das lacunas evidenciadas e os resultados apontados nos artigos incluídos nesta
pesquisa, consideramos ser necessário acentuar o empenho para ampliar as pesquisas com
delineamentos que produzam evidências fortes relativas ao tema investigado, principalmente
na realidade da prática da enfermagem quanto à saúde da mulher, no trato da preparação para
o período pós-parto.
75

Faz-se necessária a utilização de evidências para subsidiar a prática clínica do


enfermeiro, e, como se apurou nos estudos, a maioria possui Nível de Evidência IV,
sugerindo-se que sejam realizadas pesquisas com delineamento experimental no puerpério ou
que acarretem cuidados visando à prevenção da infecção puerperal, a fim de ampliar os
conhecimentos da enfermagem juntamente com a equipe multidisciplinar. Subsidiando, assim,
principalmente, a prática clínica da enfermeira. Ressalta-se que não há pesquisas realizadas
por enfermeiro com este delineamento. Desta maneira, passa a ser um notável campo de
investigação, propondo aumentar o conhecimento fisiológico do período pós-parto de forma
minuciosa pela área da enfermagem, propiciando atitudes mais precisas no cuidado ao que
cerca a maternidade e à prevenção às possíveis infecções puerperais.
Ao discutir uma temática pouco abordada por autores de outras áreas e, em especial,
da enfermagem esperamos ter contribuído com o enriquecimento cientifico da profissão.
76

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84

APÊNDICE A - Instrumento para coleta de dados

A – IDENTIFICAÇÃO
1 - Titulo do Artigo:
2 - Periódico:
3 - Base de dados indexado:
4 - Autores 5 - Local de Trabalho/profissão 6 - Titulação

6 - País: 7 - Idioma: 8 - Ano:


B- Instituição Sede do Estudo:
C - Tipo de publicação:
( ) Enfermagem ( ) Médica Outra área da saúde:
D - Características metodológicas do Estudo
1. Tipo de publicação: 1.1 - ( ) Pesquisa 1.2 - ( ) Não pesquisa
( )Abordagem Quantitativa. ( ) Relato de experiência
Qual? ( ) Outro.
( ) Abordagem Qualitativa Qual?
2 - Objetivo:
3 - Amostra 3.1 Seleção 3.3 - Características
( ) Randômica Idade:
( ) Conveniência Raça:
( ) Outra Período pós-parto:
3.2 - Tamanho (n) Diagnóstico:
( ) Inicial Tipo de parto:
( ) Final Episotomia:
3.4 - Critérios de: 3.4.1 Inclusão: 3.4.2 Exclusão:
4 - Tratamento dos dados
4.1 - Intervenções realizadas: 4.3 - Grupo Controle: 4.6 - Métodos empregados para
( ) Sim ( ) Não mensuração da intervenção:
4.2.1 - Variável Indpendente: 4.4 - Duração do estudo:
4.2.2 - Variável dependente: 4.5 - Instrumento de medida: ( ) Sim
( ) Não
5 - Análise: 5.1 - Tratamento estatístico: 5.2 - Nível de significância:
E - Resultados
F - Recomendações e/ou Considerações finais
G - Avaliação do rigor metodológico
1 - Clareza na identificação da trajetória metodológica no texto (Método 2- Identificação de limitações e
empregado, sujeitos, participantes, critérios de inclusão, intervenção, vieses:
resultados):
H - Nível de Evidência:
I- Infecções mais frequentes:
J - Vulnerabilidade que o individuo está exposto
1 - Individual ( ) 2 - Programática ( ) 3 - Social ( )
Fonte: Adaptado de SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010.
85

APÊNDICE B – Síntese do artigo A01

Identificação A01
Titulo Obesidade materna em gestações de alto risco e complicações infecciosas no
puerpério.
Periódico Revista da Associação Médica Brasileira
Base de dados SciendDirect
Autores Letícia Vieira de Paiva; Roseli Mieko Yamamoto Nomura; Maria Carolina
Gonçalves Dias; Marcelo Zugaib
Formação Nutrição
Ano 2012
País Brasil
Idioma Português
Local Hospital universitário de atendimento terciário
Objetivo Verificar a influência do estado nutricional materno no final da gravidez e a
ocorrência de complicações no puerpério.
Método Estudo observacional prospectivo, desenvolvido no período de agosto de
2009 a agosto de 2010. População constituída por 374 puérperas até o 5º dia;
idade ≥18 anos; gestação de alto risco; feto único e vivo no início do trabalho
de parto; parto na instituição; peso materno aferido no dia do parto. Os dados
foram coletados por meio de entrevista aplicada pela pesquisadora
executante, utilizando-se protocolo previamente elaborado.
Resultados Proporção maior de gestantes nulíparas no grupo com estado nutricional
encontrados classificado como baixo peso e adequado. A frequência de cesárea anterior
foi maior no grupo de gestantes com obesidade. A obesidade no final da
gravidez associou-se significativamente aos seguintes resultados: infecção de
ferida cirúrgica; infecção urinária, necessidade de antibioticoterapia, febre e
morbidade composta além de mastite, infecção puerperal, hospitalização e
secreção na cicatriz.
Conclusões Permitiu constatar que, em gestações de alto risco, a obesidade materna final
está associada de forma independente à ocorrência de complicações
infecciosas no puerpério. Demonstra a necessidade de acompanhamento mais
eficiente de ganho de peso materno nessas gestações, com o objetivo de
minimizar as complicações no puerpério.
Nível de evidência IV

FONTE: A autora, 2014.


86

APÊNDICE C – Síntese do artigo A02

Identificação A02
Titulo Infecção por Chlamydia trachomatis em uma amostra de mulheres grávidas
do norte do Brasil: prevalência e importância pré-natal
Periódico The Brasilian Jouernal of infectious Diseases
Base de dados ScienceDirect
Autores Ana Paula B. de Borborema-Alfaia; Norma Suely de Lima Freitas;
Spartaco Astolfi Filho; Cristina Maria Borborema-Santos.
Formação Não especifica a formação
Ano 2013
País Brasil
Idioma Inglês
Local Ambulatório de pré-natal de baixo risco do Hospital Universitário Dona
Francisca Mendes, em Manaus, Amazonas, Brasil.
Objetivo Avaliar a taxa de C. trachomatis associada a status sócio-econômico dos
participantes incluídos no estudo, os resultados adversos da gravidez
associados ao aborto espontâneo, parto prematuro, ruptura prematura de
membranas e de baixo peso ao nascer.
Método O estudo foi dividido em duas fases, na primeira foram coletadas as
amostras endocervicais de 100 gestantes no último trimestre, e na segunda
fase as mulheres grávidas foram acompanhadas para avaliar o efeito da
infecção no pós-parto.
Resultados Das 100 pacientes, 11 eram positivas para C. trachomatis, com idade média
de 23,5 anos. Secreção endocervical e cervicite foi observada em 63,3% e
36,4% das pacientes e associada significativamente a C. trachomatis. Duas
pacientes foram diagnosticadas com endometrite pós-parto, uma, uma
semana após o nascimento e a outra teve um natimorto, diagnosticada,
posteriormente.
Conclusões É importante enfatizar a necessidade de uma distribuição equitativa dos
recursos nos serviços de saúde. Portanto, é essencial para a implementação
de programas de rastreio pré-natal em laboratórios de serviços de saúde
públicos, utilizando o método de reação em cadeia da polimerase (PCR)
para a detecção de Chlamydia infecção nesta população de alto risco
durante o último mês de gravidez.
Nível de evidência IV

FONTE: A autora, 2014.


87

APÊNDICE D – Síntese do artigo A03

Identificação A03
Titulo Perfil de mulheres admitidas em uma UTI obstétrica por causas não
obstétricas
Periódico Revista da Associação Médica Brasileira
Base de dados ScienceDirect
Autores Marta de Andrade Lima Coêlho; Leila Katz; Isabela Coutinho; Aline
Hofmann; Larissa Miranda; Melania Amorim.
Formação Médica
Ano 2012
País Brasil
Idioma Espanhol, Inglês e Português
Local UTI obstétrica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira
(IMIP), Recife, PE, Brasil
Objetivo Avaliar de forma mais pormenorizada as causas não obstétricas de
internamento em uma UTI obstétrica de hospital terciário no Nordeste do
Brasil.
Método Estudo do tipo coorte ambidirecional, descritivo, entre janeiro e outubro de
2010, com 500 pacientes admitidas em uma UTI Obstétrica no ciclo
gravídico-puerperal por causas não obstétricas. Os dados foram coletados
através de formulário.
Resultados A idade média foi de 25,9 anos, com uma predominância de mulheres pardas
encontrados e o IMC médio foi de 27,5. A escolaridade foi classificada como acima de
oito anos de estudo (49,2%) e igual ou abaixo de oito anos (50,8%). A
maioria das pacientes (86,9%) recebeu algum tipo de assistência pré-natal.
45,7% tinham associado um diagnóstico obstétrico no momento da admissão
na UTI. 49,2% foram admitidas no período pós-parto e 0,8%, no período
pós-aborto. 65,3% tiveram cesariana. Infecção do trato urinário estava entre
os principais diagnósticos clínicos no momento do internamento na UTI.
Conclusões Clientela do setor é representada por mulheres em sua maioria jovens, com
baixo número de gestações e de paridade, 87,6% delas tinham idade inferior
a 35 anos. Intensificar a atenção pré-natal, principalmente no terceiro
trimestre; questionar se o número de consultas pré-natais é qualidade. Este
estudo, tem as desvantagens da fase retrospectiva, como a obtenção
inadequada de dados pesquisados nos prontuários das pacientes selecionadas
para a pesquisa.
Nível de evidência IV

FONTE: A autora, 2014.


88

APÊNDICE E – Síntese do artigo A04

Identificação A04
Titulo Impacto no uso do kit parto no cordão umbilical do recém-nascido e
infecções puerperais maternas no Egito.
Periódico Journal of Health, Population, and Nutrition
Base de dados Pubmed
Autores Gary L. Darmstadt; Mohamed Hassan; Zohra P. Balsara; Peter J.
Winch; Reginald Gipson; Mathuram Santosham
Formação Não especifica a formação
Ano 2009
País Egito
Idioma Inglês
Local do estudo O estudo foi realizado em três áreas do distrito Ihnasia em Beni Suef
Governorate (Médio Egito) - cidade Ihnasia e duas áreas rurais,
Awana e Nena.
Objetivo Avaliar o impacto do uso de kit de parto limpo (CDK), em Beni Suef
Governorate, na morbidade por infecções puerperais e umbilicais.
Método Este estudo de coorte transversal explorou o impacto do uso do kit de
parto limpo (CDK) sobre a morbidade do cordão umbilical do recém-
nascido e infecções puerperais maternos. O estudo foi conduzido em
três áreas do distrito Ihnasia em Beni Suef Governorate (Médio
Egito) no período de junho a julho de 2001.
Resultados encontrados Foram entrevistadas 334 mulheres por ter parto na área do estudo.
84% tiveram seus partos em casa. Foi usado o kit em cerca de 71% de
todos os partos; dos feitos em casa, 75% usaram. Foram confirmados
5 casos (1,5%) de infecção puerperal, destas 4 não utilizaram o kit.
Mulheres que foram atendidas em instituições de saúde (públicas e
privadas), eram mais susceptíveis a terem partos envolvendo fórceps,
vácuo extrator, cesariana, e consequentemente mais propensa a
infecção puerperal.
Conclusões Os kits partos podem servir como um importante componente de um
pacote integrado de serviços na luta contra a mortalidade materna e
neonatal em ambientes de baixa renda em todo o mundo.
Nível de evidência IV

Fonte A autora, 2014.


89

APÊNDICE F – Síntese do artigo A05

Identificação A05
Titulo Oportunidades perdidas para uma gestão eficaz das condições
obstétricas para reduzir a mortalidade materna e morbidade materna
grave na Argentina e no Uruguai.
Periódico International Journal of Gynecology and Obstetrics
Base de dados Pubmed
Autor(es) Ariel Karolinski; Agustina Mazzoni; José M. Belizán; Fernando
Althabe; Eduardo Bergel; Pierre Buekens.
Formação Não especifica a formação
Ano 2010
País Argentina e Uruguai
Idioma Inglês
Local 24 hospitais públicos participaram: 20 hospitais na Argentina e 4 no
Uruguai
Objetivo Rever o uso de práticas baseadas em evidências no cuidado de mães
que morreram ou tiveram morbidade grave, atendidas em hospitais
públicos em dois países latino-americanos.
Método Estudo de coorte, multicêntrico, internacional. Os dados sobre as
mortes maternas e mulheres internados em unidades de terapia
intensiva, cujos partos ocorreram em 24 hospitais.
Resultados encontrados 83% das mulheres tiveram pelo menos uma consulta pré-natal e 84%
tiveram um parto por cesariana. O descolamento prematuro da
placenta (12%) foi uma das principais complicações para indicação
da cesariana. Hemorragia e sepse/infecção foram as principais causas
de Morte Materna e Morbidade Materna Grave. A grande maioria das
infecções ocorreu durante o período pós-parto: 7 casos de infecção
puerperal foram sepse, e 4 delas foram devido a ruptura prematura das
membranas. 15% (9/61) foram diretamente às complicações de parto
cesáreo (incluindo danos a órgãos adjacentes e/ou posterior
histerectomia).
Conclusões Baixa utilização (58%), de práticas baseadas em evidências para as
mulheres grávidas. Os resultados sugerem que a qualidade da
assistência prestada às mulheres em serviços de saúde não é adequada.
Auditorias regulares de cada morte materna e caso de morbidade
materna grave é uma forma alternativa para melhorar a qualidade dos
cuidados de saúde.
Nível de evidência II

Fonte: A autora, 2014.


90

APÊNDICE G – Síntese do artigo A06

Identificação A06
Titulo Cesárea Eletiva: Complicações Maternas e Fetais
Periódico Arquivos Catarinenses de Medicina
Base de dados Lilacs
Autores Elisa Simionato Alban, João Henrique Araújo, Alexandre Vieira
Martins, Matheus Villa Moraes, Vilson Luis Maciel.
Formação Médica
Ano 2009
País Brasil
Idioma Português
Local do estudo Hospital São João Batista
Objetivo Identificar a incidência de complicações imediatas maternas e fetais
nas gestantes submetidas à cesárea eletiva.
Método Estudo do tipo coorte prospectivo, observacional, exploratório e
documental, no período de janeiro a junho de 2008com 107 pacientes
que foram submetidas à cesárea eletiva. A coleta de dados foi através
de protocolo, preenchido após a cesárea e no décimo dia pós-parto.
Resultados encontrados Das 107 pacientes estudadas, duas não preencheram os critérios de
inclusão, resultando em 105 pacientes na amostra. Quanto à paridade,
61 pacientes eram primíparas, 35 secundíparas e destas 31
apresentavam uma cesárea prévia, 9 tercíparas. Das 35 pacientes
secundíparas, 32 haviam sido submetidas à cesárea anteriormente e a 3
partos transpélvicos. Oitenta e oito pacientes negaram abortos prévios,
enquanto 11 referiram um aborto, 4 dois abortos e 2 relataram três
abortos prévios. Das 105 pacientes 28 tiveram infecção do trato
urinário durante a gestação e uma das gestantes apresentou infecção
puerperal (endometrite).
Considerações e/ou Neste estudo o número de cesáreas prévias, nas secundiparas,
conclusões demonstrou que cesárea anteriormente indica um novo parto cesáreo.
São necessários maiores estudos comparando a cesárea eletiva com o
parto vaginal, bem como com a cesárea de urgência; para que esta seja
bem indicada.
Nível de evidência IV

Fonte: A autora, 2014.


91

APÊNDICE H – Síntese do artigo A07

Identificação A07
Titulo Sepse materna: um estudo caso-controle de base populacional escocesa.
Periódico BJOG An International Journal of Obstetrics and Gynaecology
Base de dados Pubmed
Autores CD Acosta; S Bhattacharya; D Tuffnell; JJ Kurinczuk; M Knight
Formação Não especifica a formação
Ano 2012
País Reino Unido – Escócia
Idioma Inglês
Local Banco de dados Materno e Neonatal de Aberdeen
Objetivo Descrever o risco de sepse ou sepse grave associada a (índice de massa corporal
≥30) obesidade entre gravidez, parto e mulheres no puerpério imediato. Um
segundo objetivo foi descrever os fatores de risco pouco estudados, como o parto
vaginal operatório, bem como fatores de risco conhecidos não previamente relatados
no Reino Unido.
Método Estudo caso controle, de todos os casos de grávidas, intraparto e pós-parto, que
apresentaram sepse ou sepse grave de acordo com a Classificação Internacional de
Doença - 9 (CID-9). Os dados foram coletados do banco de dados do Hospital
Maternidade de Aberdeen.
Resultados encontrados O universo do estudo foi constituído por 89 casos de sepse materna sem
complicações, 14 casos de sepse materna grave e 412 mulheres do grupo controle. A
maioria dos casos ocorreu no pós-parto e antes da alta hospitalar. Predominância no
grupo étnico negro. A idade média das mulheres com sepse sem complicações e
sepse grave era mais jovem do que o de controles. As mulheres com sepse
apresentaram maior índice de: gestações anteriores e aborto anterior; anemia; taxa
de obesidade; ruptura de membranas e trabalho de parto prematuro e parto induzido;
cesariana e remoção manual da placenta; parto. O uso de antibiótico aumentou de
1986 a 1996 e estabilizou de 1997 a 2009. Entre as mulheres com sepse que tiveram
uma cesariana, 38,5% receberam antibióticos durante a gravidez ou o parto. Nos
casos de sepse, divididos em sepse sem complicações e sepse grave, após o ajuste
para as mudanças ao longo do tempo e outros fatores em cada modelo, os fatores
associados foram: idade, multiparidade, anemia, parto mais jovem e operatório
vaginal e cesariana. A obesidade foi significativamente associada com sepse sem
complicações. Além disso, o parto vaginal operatório e prematuridade foram
associados com sepse sem complicações, enquanto parto induzido foi associada com
sepse grave.
Considerações e/ou Os dados microbiológicos não estavam disponíveis para este estudo. Dos casos que
conclusões tiveram uma cesariana, menos da metade receberam antibióticos antes da alta da
sala de parto. Não foi possível determinar de forma definitiva a temporalidade do
uso de antibióticos em relação ao tipo de parto ou a remoção da placenta. O maior
uso de antibióticos no grupo controle com cesárea demonstra a eficácia da profilaxia
antibiótica. A associação entre parto vaginal operatório e sepse materna enfatiza a
utilização de técnicas assépticas e medidas de controle de infecção hospitalar.
Sugerimos, portanto, mais pesquisas, incluindo um estudo prospectivo de coorte
nacional, para avaliar de forma abrangente a magnitude da morbidade grave sepse
materna, e para validar os fatores de risco identificados neste estudo.
Nível de evidência II
Fonte: A autora, 2014.
92

APÊNDICE I – Síntese do artigo A08

Identificação A08
Titulo Perioperative antibiotic prophylaxis for nonlaboring cesarean delivery.
Periódico BJOG An International Journal of Obstetrics and Gynaecology
Base de dados Pubmed
Autores Mara J. Dinsmoor; Sharon Gilbert; Mark B. Landon; Dwight J. Rouse;
Catherine Y. Spong; Michael W. Varner; Steve N. Caritis; Ronald J.
Wapner; Yoram Sorokin; Menachem Miodovnik; Mary J. O'Sullivan;
Baha M. Sibai; Oded Langer
Formação Não especifica a formação
Ano 2009
País Nevada – EUA
Idioma Inglês
Local In 13 academic centers of the Eunice Kennedy Shriver National Institute
of Child Health and Human Development Maternal-Fetal Medicine Units
Network.
Objetivo Estimar a eficácia da profilaxia antibiótica no momento pós-parto
cesariana e reduzir complicações infecciosas no pós-parto.
Método Análise secundária de um banco de dados prospectivamente coletado de
todos os partos cesáreos realizados entre 01 de janeiro de 1999 e 31 de
dezembro de 2000, em 13 centros de saúde.
Resultados O uso de antibióticos profiláticos, antes do parto, para mulheres
submetidas a uma cesariana variou muito entre os centros. Oitenta e cinco
mulheres (1,4%) receberam mais de um antibiótico para a profilaxia
cirúrgica. As mulheres que receberam profilaxia antibiótica erammais
jovens, pesadas no momento do parto, propensas a ser Africanas ou
americanas, e tinham a assistência pública. Complicações pré-parto,
incluindo diabetes, anemia e infecção pré-parto também foram mais
comuns no grupo de profilaxia. O uso de antibióticos profiláticos resultou
em uma redução significativa nas taxas de endometrite pós-parto e
infecção de ferida operatória.
Considerações e/ou A utilização de antibióticos perioperatórios no momento da cesariana
conclusões antes do parto, independentemente da presença de ruptura de membrana,
diminui significativamente os riscos de endometrite e infecção da ferida.
No entanto, o tamanho do efeito é pequeno, e um grande número de
mulheres que têm de ser tratados com antibióticos para prevenir uma
única infecção.
Nível de evidência IV
Fonte: A autora, 2014.
93

APÊNDICE J – Síntese do artigo A09

Identificação A09
Titulo Piomiosite após o parto vaginal.
Periódico BMJ case rep.
Base de dados Pubmed
Autores Gaughan E; Eogan M; Holohan M.
Formação Não especifica a formação
Ano 2011
País Irlanda
Idioma Inglês
Local Department of Obstetrics and Gynaecology, Rotunda Hospital,
Dublin, Ireland
Objetivo Relatar caso de Piomisite após parto vaginal.
Método Estudo de caso, com paciente que desenvolveu pyomiosite.
Resultados encontrados Mulher de 34 anos de idade tinha dor progressiva na nádega esquerda
e na coxa e fraqueza no membro inferior esquerdo dia 1 pós-parto
vaginal espontâneo. Radiografia mostrou edema grave da esquerda
glúteos, ilíaco, piriforme e dos músculos adutores da coxa esquerda e
uma pequena coleção de líquido na articulação do quadril esquerdo.
Ela foi diagnosticada com Piomiosite. Ela teve febre de 37,9 ° C
imediatamente após o parto e seus fatores de risco para bacteremia
foram associadas a uma leve infecção no local da punção intravenosa
e o próprio trabalho. Ela necessitou de tratamento prolongado com
antibióticos antes de melhora clínica, recebendo alta 22 dias após
parto.
Considerações e/ou Este tipo de infecção nunca foi relatado antes na literatura após o
conclusões parto vaginal. O trabalho de parto pode ser considerado um fator de
risco para uma bacteremia transitória, mesmo que apenas associado à
febre baixa. Em pacientes que apresentaram sintomas semelhantes, o
diagnóstico de Piomiosite pode ser considerado e o início do
tratamento antibiótico adequado e drenagem, se for o caso. Todos os
pacientes devem ser avaliados para outras sequelas de bacteremia
incluindo endocardite.
Nível de evidência VI

Fonte: A autora, 2014.


94

APÊNDICE K – Síntese do artigo A10

Identificação A10
Titulo Efeitos da cesariana na saúde materna em mulheres nulíparas de baixo
risco: um estudo de coorte prospectivo acompanhado em Xangai, na
China.
Periódico Bio Med Central
Base de dados Pubmed
Autores Bing-shun Wang; Li-feng Zhou, David Coulter; Hong Liang; Ye
Zhong; Yu-na Guo; Li-ping Zhu; Xiao-ling Gao; Wei Yuan; Er-sheng
Gao.
Formação Não especifica a formação
Ano 2010
País China
Idioma Inglês
Local do estudo Três distritos maternos e hospitais infantis em Xangai.
Objetivo Comparar as mulheres que tiveram parto cesáreo com mulheres que
tiveram parto vaginal
Método Este estudo foi um estudo de coorte pareado por indicação,
comparando as mulheres que tiveram cesariana com um grupo de
baixo risco que tiveram um parto vaginal, com mulheres de baixo
risco. Os dados foram coletados através de um questionário, com 540
pacientes divididas igualmente em cada grupo.
Resultados encontrados Um total de 1.460 gestantes foram triadas para a elegibilidade nas
clínicas de pré-natal, entre 2001 e 2003, houve 933 mulheres que
preencheram os critérios de inclusão e não tinham critérios de
exclusão. Destes, 301 tiveram cesariana e foram pareados com
sucesso com 301 mulheres que deram à luz por via vaginal. A
incidência de complicações totais foi 2,2 vezes maior no grupo de
cesárea no período de internação pós-parto, em comparação com o
grupo de parto vaginal. O risco de hemorragia a partir do início do
trabalho, até duas horas pós-parto foi significativamente maior no
grupo de cesariana. O risco de dor abdominal crônica foi
significativamente maior para o grupo de cesariana do que para o
grupo de parto vaginal em até 12 meses pós-parto. Os dois grupos
tiveram incidências semelhantes de infecções anemia e complicadores
tais como complicações da ferida ou infecção do trato urinário. As
principais complicações foram Hemorragia, infecção e febre.
Considerações e/ou As complicações comuns após cesariana no curto prazo incluíram
conclusões infecção após operação cirúrgica (incluindo endometrite, infecção da
ferida e infecção urinária.) e febre. Não houve diferenças
estatisticamente significativas para estas foram encontrados nos dois
grupos. Em mulheres nulíparas que eram de baixo risco, a cesariana
foi associada a uma maior taxa de morbidade pós-parto. Aqueles que
solicitam o procedimento cirúrgico sem indicação devem ser
advertidos sobre os riscos.
Nível de evidência IV
Fonte: A autora, 2014.
95

APÊNDICE L – Síntese do artigo A11

Identificação A11
Titulo Ampicilina / sulbactam contra cefuroxima como profilaxia antimicrobiana
para cesariana: um estudo randomizado.
Periódico Bio Med Central
Base de dados Pubmed
Autores Eleftherios Ziogos; Sotirios Tsiodras; Ioannis Matalliotakis; Helen
Giamarellou; Kyriaki Kanellakopoulou
Formação Médica
Ano 2010
País Grécia
Idioma Inglês
Local Hospital Regional de Nikaia general "Agios Panteleimon", em Atenas,
Grécia.
Objetivo Avaliar a eficácia e segurança de uma dose única de ampicilina /
sulbactam em comparação com uma única dose de cefuroxima no
momento de pinçar o cordão umbilical para a prevenção da morbidade
infecciosa pós-cesariana.
Método Prospectivo, randomizado e controlado, realizado entre julho de 2004 a
dezembro de 2008, no Hospital Regional de Nikaia Geral "Agios
Panteleimon", em Atenas, Grécia.
Resultados 176 pacientes foram elegidas para o estudo entre julho de 2004 a julho de
encontrados 2005. 85 (48,3 %) receberam cefuroxima e 91 (51,7%) ampicilina /
sulbactam. Infecções pós-operatórias desenvolvidas em 13 (7,4%)
pacientes; cinco dos 85 (5,9%) pacientes que receberam cefuroxima e 8 de
91 (8,8%) pacientes que receberam ampicilina-sulbactam (p = 0,6). Mais
especificamente 10 casos (5,7%) de pós-operatório desenvolveu Infecção
do sitio cirúrgico (ISC), 6 no grupo ampicilina / sulbactam e 4 no grupo
cefuroxima (p = 0,7). Cinco qualificados como infecção superficial da
incisão e 5 de órgão / espaço e quatro casos de endometrite, dois em cada
grup). Todos os casos de endometrite foram associados com o isolamento
de bactérias Gram-negativas aeróbias. Outra infecção do trato urinário
desenvolvido. Importantes fatores de risco associados a infecção foram:
ruptura de membranas, 6 ou mais exames vaginais antes da cesariana,
cesariana de emergência, e perda de sangue superior a 500 ml.
Considerações e/ou Relatamos a eficácia de uma dose única peri-operatória de ampicilina-
conclusões sulbactam ou cefuroxima como quimioprofilaxia em pacientes submetidas
à cesariana. Ambos cefuroxima e ampicilina-sulbactam impediu a
ocorrência de infecções pós-operatórias gerais e ISC em específico. As
limitações deste estudo incluem a falta de dados microbiológicos
quantitativos de mulheres antes da cesariana, bem como após a operação.
Em conclusão, nós relatamos pela primeira vez na literatura uma
comparação randomizada de ampicilina-sulbactam versus cefuroxima
como profilaxia de dose única em cesariana.
Nível de evidência II
Fonte: A autora, 2014.
96

APÊNDICE M – Síntese do artigo A12

Identificação A12
Titulo Efeito de antibióticos pré-natais e perinatais sobre a saúde materna em
Malawi, Tanzânia e Zâmbia.
Periódico Int J Gynaecol Obstet
Base de dados Pubmed
Autor(es) Said Aboud; Gernard Msamanga; Jennifer S. Read; Lei Wang; Chelu
Mfalila; Usha Sharma; Francis Martinson; Taha E. Taha; Robert L.
Goldenberg; Wafaie W. Fawzi.
Formação Não especifica a formação
Ano 2009
País África Subsariana: Malawi; Tanzânia; Zâmbia.
Idioma Inglês
Local 4 cidades da África Subsariana: Blantyre e Lilongwe, Malawi; Dar es
Salaam, na Tanzânia; e Lusaka, Zâmbia.
Objetivo Avaliar o efeito do uso de antibiótico no pré-natal e periparto para
prevenção da morbidade e mortalidade materna entre as mulheres
infectadas pelo HIV e não infectadas.
Método Estudo multicêntrico, realizado em quatro cidades da Africa
Subsariana: Blantyre e Lilongwe, Malawi; Dar es Salaam, na Tanzânia;
e Lusaka, Zâmbia. Foram selecionadas 1558 mulheres com HIV e 271
não infectada.
Resultados Não houve diferenças significativas entre os grupos de antibióticos e
encontrados placebo para condições médicas, complicações obstétricas, achados do
exame físico, sepse puerperal e morte tanto no grupo infectado pelo
HIV ou não infectado. Não houve diferenças estatisticamente
significativas observadas na ocorrência de condições clínicas como a
mastite, diarreia, febre ou tosse por mais de 2 semanas nos últimos 3
meses, corrimento vaginal ou herpes zoster nos últimos 3 meses,
candidíase oral no último mês, ou hospitalização entre o grupo de
placebo e o de antibióticos. Oito mortes ocorreram no grupo infectado
pelo HIV, 10 no grupo que receberam antibióticos e 8 no grupo do
placebo.
Considerações e/ou Os resultados da análise em curso indicam que não há diferenças
conclusões significativas na morbidade e mortalidade em ambos os grupos
infectados pelo HIV ou não de acordo com a randomização antibiótico
versus placebo. Este estudo mostrou que não houve efeito de
antibióticos em mastite e pirexia no grupo com HIV.
Nível de evidência II
Fonte: A autora, 2014.
97

APÊNDICE N – Síntese do artigo A13

Identificação A13
Titulo Mortalidade materna no Brasil: uma realidade que precisa melhorar
Periódico Rev. Assoc. Med. Bras
Base de dados Lilacs
Autores Lucimare Ferraz; Maiara Bordignon
Formação Enfermagem
Ano 2013
País Brasil
Idioma Português
Local Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.
Objetivo Apresentar o perfil da mortalidade materna no Brasil nos anos de 2000 a
2009.
Método Trata-se de uma pesquisa descritiva com dados secundários do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística no período de 2000 a 2009. A coleta
de dados ocorreu no ano de 2010, tendo como amostra todos os registros
de nascidos vivos cadastrados no Sinasc e todos os registros de mortes
maternas no SIM.
Resultados No Brasil, ocorreram 16.520 óbitos maternos no intervalo de 10 anos
encontrados (2000-2009). As principais causas dos óbitos maternos foram: outras
doenças da mãe que complicam a gravidez, o parto e o puerpério
(17,10%); eclampsia (11,88%); hipertensão gestacional com proteinúria
significativa (6,22%); hemorragia pós-parto (5,86%); infecção puerperal
(5,18%); descolamento prematuro de placenta (4,28%). Com relação a
idade materna, verificou-se maior número de óbitos em mulheres de 20 a
29 anos de idade, com 4 a 7 anos de escolaridade, e 33,9% dos óbitos
maternos registrados tinham a variável escolaridade da mãe ignorada, a
maior frequência de registros com escolaridade ignorada foi Nordeste
Considerações e/ou Os coeficientes de mortalidade materna no Brasil apontam para
conclusões desigualdades regionais, apresentando uma realidade que necessita de
intervenções na área da saúde para que se tenham indicadores satisfatórios
no setor materno-infantil. Além do que as informações secundárias, são
provenientes dos sistemas de banco de dados já existentes, nas quais não
se pode garantir a ausência de erros e equívocos, tanto no preenchimento
das fichas de notificação, como na digitação dos dados das fichas de
notificação para as bases do SIM e do Sinasc.
Nível de evidência IV
Fonte: A autora, 2014.
98

APÊNDICE O – Síntese do artigo A14

Identificação A14
Titulo Choque séptico puerperal por Streptococcus β-hemolítico e síndrome de
Waterhouse-Friderichsen
Periódico Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
Base de dados Pubmed
Autores Stanley de Almeida Araújo; Ana Maria Arruda Lana; Paula Piedade
Garcia1; Pérsio Godoy.
Formação Médica
Ano 2009
País Brasil
Idioma Português
Local do estudo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Objetivo Relatar caso de puérpera com choque séptico pelo Streptococcus beta-
hemolítico do grupo A.
Método Relato de caso.
Resultados Paciente de 15 anos de idade, primípara, parto vaginal na trigésima nona
encontrados semana de gestação, sem intercorrências obstétricas. No segundo dia de
puerpério, apresentou dor abdominal e sangramento vaginal, associados à
febre, polaciúria, diarreia, prostração, dispneia, palpitações e mialgia
generalizada. Foi admitida no Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), onde recebeu o diagnóstico de
septicemia secundária com provável foco infeccioso geniturinário.
Evoluindo, apesar das intervenções, rapidamente para falência orgânica
múltipla. A paciente foi reanimada depois de parada cardiorespiratória,
porém faleceu após segundo episódio, seis horas após admissão. A
necropsia revelou: Endometrite, cervicite e colpites agudas bacterianas
necro-hemorrágicas; decídua e endométrio basais substituídos por
necrose e hemorragia, constituindo coágulos.
Considerações e/ou Sexto caso relatado e o primeiro envolvendo puerpéras.
conclusões Microscopicamente, observou-se área extensa de necrose, hemorragia,
constituindo coágulos, e camada subjacente de acentuada infiltração
leucocitária; incontáveis colônias bacterianas em toda espessura da
parede uterina e em numerosos vasos com trombos, caracterizando
parametrite. A síndrome Waterhouse-Friderichsen é uma condição
infrequente diagnosticar em vida, originalmente só ocorre na análise
anatomopatológica.
Nível de evidência VI

Fonte: A autora, 2014.


99

APÊNDICE P – Síntese do artigo A15

Identificação A15
Titulo Perfil epidemiológico e clínico de pacientes admitidas com diagnóstico
de sepse puerperal de origem pélvica em uma UTI obstétrica no Nordeste
do Brasil
Periódico Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil
Base de dados Lilacs
Autores Euclides Dias Martins Filho; Alan Chaves Dos Santos; Renato Stênio
Torres Rodrigues Junior; Luis Adeodato; Leila Katz.
Formação Não especifica a formação
Ano 2010
País Brasil
Idioma Português, Inglês
Local UTI obstétrica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira
(IMIP) – Recife – Brasil.
Objetivo Descrever o perfil epidemiológico e clínico das pacientes admitidas com
o diagnóstico de sepse puerperal de origem pélvica em uma Unidade de
terapia intensiva (UTI) obstétrica do Instituto de Medicina Integral Prof.
Fernando Figueira (IMIP) – Recife – Brasil
Método Estudo de corte transversal, no período de fevereiro a agosto de 2010.
Foram investigados os casos de sepse puerperal de origem pélvica
admitidas na UTI obstétrica, entre setembro de 2002 e dezembro de 2009.
Resultados Durante o período do estudo foram admitidas na UTI 6307 mulheres.
encontrados Dentre estas, 77 apresentavam sepse puerperal na admissão sendo 35 com
foco genital. As mulheres com sepse puerperal de origem pélvica tinham
idade média de 22,6 anos e pouco mais de metade, tinha menos de 20
anos. Apenas nove haviam parido na instituição. A mediana de gestações
foi de um, variando de uma a oito. Primiparidade foi observada em 22. A
grande maioria era procedente de cidades do interior do estado e em
relação à via de parto, detectamos que a cesariana representou 68,6% do
total. A ocorrência de qualquer complicação esteve presente em 16
pacientes, sendo as mais frequentes o choque séptico e insuficiência renal
encontrados em 10 e 6 pacientes, respectivamente. Histerectomia foi
realizada em 44,1% das pacientes, sendo necessário relaparotomia em
mais da metade.
Considerações e/ou No presente estudo a sepse puerperal de origem pélvica representou 45%
conclusões dos casos de sepse admitidas na UTI obstétrica. Sepse puerperal de
origem genital é doença grave, que acomete mulheres jovens de baixa
paridade. A frequência de complicações e de procedimentos invasivos
nesse grupo de mulheres é alto o que implica em alta morbidade e
mortalidade. Conhecer de forma mais detalhada esse grupo de pacientes
contribui com o conhecimento atual sobre a doença, melhorando a
preparação dos centros para lidar a sepse puerperal de origem genital.
Nível de evidência IV
Fonte: A autora, 2014.
100

APÊNDICE Q – Síntese do artigo A16

Identificação A16
Titulo Taxas de infecção relacionadas a partos cesáreos e normais no Hospital
de Clínicas de Porto Alegre
Periódico Revista do Hospital de Clinicas de Porto Alegre
Base de dados Lilacs
Autores Bianca Chassot Benincasa; Caroline Walker; Christine Cioba; Cibele
Corbellini da Silva Rosa; Daiana Eltz Martins; Enderson Dias1; Mariza
Kluck.
Formação Médica
Ano 2012
País Brasil
Idioma Português
Local Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Objetivo Comparar a taxa de infecção puerperal relacionada ao parto cesáreo com
a taxa relacionada ao parto normal
Método Estudo de coorte retrospectivo, de caráter observacional, cujos dados
foram coletados no Sistema de Indicadores de Gestão do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, abrangendo o período de janeiro de 2004 a
dezembro de 2010.
Resultados A taxa de cesariana foi de 32,55% durante o período investigado. Entre
encontrados os nascimentos, durante o mesmo período, a taxa de infecção após partos
por cesariana foi de 2,8%, e de 0,8% após partos vaginais. A taxa de
infecção relacionada à cesárea vem diminuindo desde 2004, mas em 2007
houve um aumento.
Considerações e/ou A taxa de infecção associada à cesariana é maior do que a relacionada
conclusões aos partos normais. A diminuição da infecção pós-cesárea começou a
partir da adoção pelo hospital da rotina de administrar
antibioticoprofilaxia durante a indução anestésica. Apesar dessas
variações, esses achados permitem afirmar que a opção pelo parto normal
é mais segura do que aquela pela cesárea em relação ao risco de infecção
puerperal.
Nível de evidência IV

Fonte: A autora, 2014.


101

APÊNDICE R – Síntese do artigo A17

Identificação A17
Titulo Causas de mortalidade materna segundo níveis de complexidade hospitalar
Periódico Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
Base de dados Pubmed
Autores Vânia Muniz Néquer Soares; Kleyde Ventura de Souza; Elbens Marcos Minoreli
de Azevedo; Carla Rejane Possebon; Fernanda Ferreira Marques.

Formação Enfermagem e Medicina


Ano 2012
País Brasil
Idioma Português
Local Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna do Estado do Paraná.
Objetivo Identificar e analisar as causas da mortalidade materna, segundo os níveis de
complexidade hospitalar
Método Estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal, que visou conhecer as taxas
e causas da mortalidade materna no estado do Paraná, segundo o nível de
complexidade hospitalar, nos triênios 2005-2007 e 2008-2009. Para obtenção dos
dados sobre os óbitos maternos, utilizaram-se os Estudos de Caso de Óbitos
Maternos elaborados pelo Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna
(CEPMM-PR).
Resultados encontrados A razão de mortalidade materna, incluindo os óbitos maternos tardios, foi
65,9/100.000 nascidos vivos (de 2008 a 2010). O local do óbito foi o hospital em
cerca de 90% dos casos, em ambos os períodos. No primeiro triênio, nos hospitais
de referência para gestação de alto risco, a taxa de letalidade hospitalar foi de
158,4/100.000 partos e, no segundo, 132,5/100.000 e as principais causas foram:
pré-eclâmpsia/eclampsia, infecção urinária, infecção puerperal e causas indiretas.
Nos hospitais de referência para gestação de baixo risco, as taxas de letalidade
hospitalar foram: 76,2/100.000 e 80,0/100.000, e como principais causas:
hemorragias, embolias e complicações anestésicas. Em 64 (2005–2007) e 71%
(2008–2010) dos casos, o óbito ocorreu no hospital do internamento inicial.
Foram considerados evitáveis 90% dos óbitos no segundo triênio. O aborto
figurou em quarto lugar nas causas de morte materna.
Considerações e/ou A assistência hospitalar adequada poderia ter contribuído para a evitabilidade de
conclusões uma proporção significativa de óbitos maternos no Paraná, nos períodos
estudados. Conclui-se que, apesar dos avanços tecnológicos em relação à
assistência à gestação, ao parto e ao puerpério (ultrassonografia, cardiotocografia,
exames laboratoriais, UTIs, dentre outros recursos), as mulheres, no Brasil, estão
sujeitas ao óbito por causas já controladas em muitos países, especialmente os
mais desenvolvidos. A capacitação dos profissionais para o atendimento às
emergências obstétricas e o monitoramento do uso dos protocolos em todos os
níveis hospitalares deve ser priorizada para a redução das mortes maternas
evitáveis.
Nível de evidência VI

Fonte: A autora, 2014.


102

APÊNDICE S – Síntese do artigo A18

Identificação A18
Titulo Complicações puerperais associadas à via de parto.
Periódico Revista Medicina Minas Gerais
Base de dados Lilacs
Autores Juliana Barroso Zimmermmann; Cristiane Miranda Gomes; Fernanda Soares
Pinho Tavares; Iara Guimarães Peixoto; Paula Campos Vieira de Melo;
Dilermando Fazzito de Rezende
Formação Médica
Ano 2009
País Brasil
Idioma Português
Local Clinica particular
Objetivo Avaliar a frequência de complicações precoces associadas exclusivamente à via
de parto (cesariana ou parto normal)
Método Este é um trabalho de corte transversal realizado com uma série de casos
obstétricos. A investigação consistiu na seleção de quantidades iguais de
prontuários de pacientes submetidas aos dois tipos de parto (normal e cesariana)
entre janeiro de 1999 e julho de 2007, em uma clínica particular. Incluíram-se
314 prontuários, 157 em cada grupo. Todos os pré-natais e partos foram
realizados pela mesma equipe médica, que se revezava nos procedimentos. Os
prontuários permitiram a coleta de informações no período de puerpério recente,
não sendo feita abordagem direta às pacientes.
Resultados encontrados As principais indicações absolutas (n=109; 69,4%) de cesarianas foram:
desproporção céfalo-pélvica (DCP) (n=35; 22,3%); síndromes hipertensivas
graves com risco de morte para a mãe ou feto (n=20; 12,7%); cirurgias uterinas
prévias (n=15; 9,6%); duas ou mais cesarianas anteriores (iteratividade) (n=14;
8,9%); Distócia de apresentação (n=8; 5,1%); sofrimento fetal crônico (n=7;
4,5%); outras doenças maternas graves (n=6; 3,8%); e sofrimento fetal agudo em
fase inicial de trabalho de parto (n=4; 2,5%). A idade média das pacientes dos
dois grupos foi de 30 anos e gestacional média foi de 38 semanas. Verificou-se,
quando se comparou a idade gestacional com a via de parto, associação entre
prematuridade e cesariana, de forma que pacientes com idade gestacional
inferior a 37 semanas foram submetidas com mais frequência à cesariana. A
multiparidade associou-se a partos vaginais. O puerpério foi considerado
patogênico em 5,1% dos casos (n=16), seja pela presença de mastite (2,9%),
infecção da ferida operatória (2,5%), endometrite (0,6%) ou infecção do trato
urinário (0,3%).
Considerações e/ou As cesarianas não foram associadas a: palidez cutaneomucosa, trombose venosa
conclusões profunda, hipotonia uterina, hemorragias precoces ou hematomas, índices de
mastites mais altos e infecções urinárias ou endometrites, quando comparadas ao
parto vaginal. Determinam, entretanto, mais frequência de infecção na ferida
operatória abdominal, quando comparada à ferida operatória perineal do parto
vaginal. Acredita-se que o parto vaginal deva ser estimulado, mas cabe ao
obstetra, junto com sua paciente, decidir a melhor conduta a ser seguida.
Nível de evidência IV

Fonte: A autora, 2014.


103

APÊNDICE T – Síntese do artigo A19

Identificação A19
Titulo Epidemiologia das internações em UTI obstétrica relacionadas de Maryland: 1999-
2008.
Periódico Critical Care Medicina
Base de dados ScienceDirect
Autores Jonathan P. Wanderer; Lisa R. Leffert
Formação Não especifica a formação
Ano 2009
País Brasil
Idioma Inglês
Local Banco de dados de Internação do Estado de Maryland.
Objetivo Definir a prevalência, a indicações e as tendências temporais relacionadas às
internações em UTI obstétrica.
Método Estudo descritivo, a partir dos dados coletados no Banco de dados de Internação
do Estado de Maryland. O banco de dados contém informações sobre todas as
internações em Maryland, incluindo a idade do paciente, sexo, raça, tempo de
permanência, número de dias na UTI, o tipo principal pagador e até 15
diagnósticos e procedimentos codificados utilizando a Classificação Internacional
de Doenças, 9ª Revisão (CID-9). Foram identificadas 2.927 internações em UTI de
765.598 admissões para pré-parto, parto ou pós-parto.
Resultados encontrados A taxa global de utilização de UTI foi de 419,1 por 100.000 partos, com taxas de
162,5, 202,6 e 54,0 por 100.000 partos para os períodos de pré-parto, parto e pós-
parto, respectivamente. Os principais diagnósticos associados à internação na UTI
foram gravidez resultante de doença hipertensiva (presente em 29,9% das
internações), hemorragia (18,8%), miocardiopatia ou outras doenças cardíacas
(18,3%), infecções genito-urinária (11,5%), complicações de gravidez ectópica e
aborto (10,3%), infecção não geniturinário (10,1%), sepse (7,1%), doença
cerebrovascular (5,8%) e embolia pulmonar (3,7%). Foram avaliadas as alterações
nos diagnósticos mais comuns na população ao longo do tempo na UTI e
constatou o aumento das taxas de sepse (10,1 por 100.000 partos para 16,6 por 100
mil partos, p = 0,003) e trauma (9,2 por 100.000 partos para 13,6 a cada 100.000
partos, p = 0,026. Dentro do período de estudo (1999-2008), foram identificados
765.598 internações obstétricas e 698.379 partos. A mediana de internação na UTI
foi de 2 dias (intervalo de 1-94 dias).
Considerações e/ou Usando o banco de dados do estado de Maryland Internação para estudar
conclusões internações em UTI obstétrica-relacionados, determinou-se que aproximadamente
0,4% das gravidezes é complicada por uma internação na UTI materna. Observou-
se um aumento dos casos de sepse. Utilização de UTI ocorreu mais
frequentemente durante a admissão no parto (48,3%), seguido de pré-parto
(38,8%) e pós-parto (12,9%). O aumento da utilização da UTI, observado nos
hospitais de baixo volume de parto em comparação com os centros de maior
número, sugere que os limiares de internação em UTI podem variar de tamanho
com facilidade, ou com uma diminuição da intensidade de cuidados disponíveis
em unidades com número de trabalho de parto reduzido, ou uma abordagem mais
cautelosa aos cuidados obstétricos de mulheres com comorbidades graves.
Nível de evidência IV
Fonte: A autora, 2014.

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