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Pós-Graduação em Saúde Materna

CESPU - ANGOLA

Conteúdos: Evolução histórica

Antiguidade;
Idade Média;
Renascimento;
Em Portugal: assistência pré-natal; evolução da formação

Prof. Vitor Varela


EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A assistência materna perde-se no tempo...

Nos tempos primitivos, muitas mulheres tínhamos


filhos sozinhas ou ajuda das por outras mulheres que já
tivessem tido filhos.

O nascimento era festejado com rituais religiosos e


sacrifícios aos deuses, como intuito de afastar os
maus espíritos, quer da criança quer da própria
tribo...
ANTIGUIDADE

Papiro de Ebers (Egipto,1550AC): pergaminho


dedicado à obstetrícia e à ginecologia, faz
referência ao exercício físico relacionado como
aborto, ao trabalho de parto, menstruação,às
doenças específicas das mulheres e seu
tratamento.
ANTIGUIDADE

Civilizações Grega e Romana: praticava-se a


cesariana, feita imediatamente após a morte da
mãe, e desenvolveram-se os cuidados para com a
parturiente.

Leis Atenienses: exigiam que as grávidas


fossem assistidas por“parteiras” - mulheres gregas
que já tinham dado à luz e que tinham passado a
idade da procriação.
ANTIGUIDADE

Hipócrates: “Pai da medicina”, aboliu as


superstições e os ritos religiosos que envolviam a
prática da medicina, contribuindo para melhorar a
prática da obstetrícia na Grécia e em Roma.

Maschion(séc.IIAC):discípulo de Soranuso
“pai da obstetrícia”, escreveu um livro de
conselhos para as parteiras romanase defendeu
que uma parteira não tinha necessariamente que
ser mãe para compreender o que se deveria fazer
na assistência ao parto.
IDADE MÉDIA
Com a queda do Império Romano, dissipou-se o
interesse pelas ciências médicas até cerca do
séc.XV.

Na Europa, as práticas antigas ressurgiram,


envoltas Em misticismo, onde a astrologia e as
superstições religiosas se sobrepuseram ao
conhecimento científico.
Os partos eram assistidos por mulheres das
classes mais baixas, e quando surgiam complicações
eram chamados os barbeiros ou pastores e
vaqueiros.
RENASCIMENTO

Grande Escola Italiana (séc.XV): rápidos


progressos ao nível da anatomia e da fisiologia.
Professores como Versalius, Eustachios, Fallopius e
Arantius desenvolveram estudos e descreveram
estruturas anatómicas fundamentais para o avanço da
medicina e da obstetrícia. Arantius foi o primeiro a
descrever o útero gravídico e o seu conteúdo nos
diferentes períodos de gestação.
RENASCIMENTO

Séc. XVI: alguns hospitais europeus abrem as


primeiras enfermarias para gestantes, mulheres
pobres e desamparadas que eram assistidas por
parteiras.

William Harvey, escreveu sobre a fisiologia do


parto, as membranas fetais e a placenta,
desenvolveu o campo da embriologia e estabeleceu
as bases para a criação das Escolas de Partos em
Inglaterra.
RENASCIMENTO

Eucharius Roesslin (1513): publica, na


Alemanha, um livro exclusivamente para parteiras,
publicação que teve grande influência em toda a
europa.
Ambroise Paré (1559): cirurgião barbeiro que
estuda em Paris, no Hotel Dieu, onde abre uma
escola para parteiras para aquisição de treino. Paré
descreveu os movimentos fetais pela palpação
abdominal e recorreu à dilatação cervical para
induzir o trabalho de parto em mulheres com
hemorragia.
RENASCIMENTO

Séc. XVII

François Mauriceau: descreveu um mecanismo


para a extracção das nádegas num parto pélvico,
aconselhou a suturar as lacerações do períneo,
instituiu a utilização sistemática de uma cama para
os partos e escreveu um tratado obstétrico para as
parteiras da época.
Hendrik van Deventer: médico holandês,
descreveu com precisão a pelve, identificou vários
tipos de bacias e o eixo do canal de parto.
RENASCIMENTO
Séc. XVIII
William Smellie: observou e registou os
mecanismos do trabalho de parto, utilizou modelos
para o ensino, inventou o forceps curvo com sistema
de travagem.
WilliamHunter: descobriu a natureza separada
das circulações materna e fetal, criou a primeira
sala de trabalho de parto em Londres.
Sir Fielding Ould: introduziu a prática da
episiotomia, apesar da falta de anestésicos,
utilizada só quando indispensável.
Séc. XIX

Karl Crédé: criador da profilaxiaocular do recém


nascido(ProfilaxiadeCrédé),publica um documento–
“Tratamento profilático daoftalmiaNeonatal”– onde
descreve com detalhe a administração de nitrato de
prata a 2% nos olhos do RN, prevenindo a cegueira por
gonorreia a um elevado número de crianças.

Ignaz Semmelweis:no Hospital Maternidade de Viena,


implementou a lavagem das mãos, com um produto
antisséptico (cloreto de cal), antes e depois da
observação das grávidas,reduzindo substancialmente a
morbilidade e mortalidade maternas.
Em Portugal...

...não há evidência de nenhuma maternidade


estruturada até final do séc.XIX. As parturientes
eram internadas nos hospitais gerais ou tinhamos
filhos em casa, assistidas por curiosas sem qualquer
preparação e usando as suas habilidades.

1755, Hospital Real de Todos os Santos


(H.S.José): enfermaria com 42 camas para
Obstetrícia – Enfermaria de Stª Bárbara,comum a enfª,
três auxiliares de enfermagem e duas parteiras.
Em Portugal...

1911: Maternidade Dr. Daniel de Matos, em


Coimbra,e uma maternidade particular,
no Porto.

1927: Maternidade Magalhães Coutinho no H. S.


Lázaro com 132 camas.

1932: Maternidade Dr. Alfredo da Costa, com


300 camas.

1938: Maternidade Júlio Diniz no Porto.

1943: Criação do Instituto Maternal.


ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

INÍCIO DO SÉC.XX...

... Chega-se à conclusão de que as mortes de


muitos recém-nascidos eram causadas,
principalmente pela condição materna durante a
gravidez.

Anos 20, inicia-se a instalação nas


maternidades de consultas pré-natais para controlo
da gestante,um pouco por toda a Europa.
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

1929: Enfªs. Visitadoras domiciliárias do


Inst. Ricardo Jorge, faziam vigilância das grávidas
em termos de saúde pública.

1939-1949: Centro de Saúde de Lisboa


centra e desenvolve as actividades ligadas à saúde
pública.

1955: Centros Materno-Infantis de Lisboa,


dependentes da Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa.
EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO

 Séc. XVI(1572): “Regimento das parteiras”


1º Regulamento da actividade das parteiras.
Punia o exercício ilegal dessa actividade e reconhecia
oficialmente a Importância de quem ajudava a“dar à luz”.

 Séc. XVII(1631): “Regimentodo Cirurgião-Mor”


Regulamenta a concessão de Licença ou carta prévia às
parteiras que fossem submetidas a exame, após uma
preparação exclusivamente prática, de dois anos, feita no
hospital. Define os pré-requisitos– saber ler e escrever,
os emolumentos a pagar para exame e as penas a
aplicar às parteiras sem licença.
EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO

 Séc.XVIII(1755): Enfermariade Stª Bárbara – ensino


da obstetrícia para os alunos, e formação prática
(adestramento) das parteiras.

Séc.XIX(1836):“Curso de Arte Obstétrica” – Criado


na Faculdade de Medicina de Coimbra e Escolas Médico-
Cirúrgicas de Lisboa e Porto,com a duração de dois anos.
Constava de lições teóricas e prática na enfermaria do
hospital.Após a aprovaçãono exame, perante um júri de
três elementos,seria atribuída a “Carta de Parteira”.
EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO

Séc. XX(1919): Regulamento do “Curso de


Parteiras”daFaculdade de Medicina daUniversidade de
Lisboa, mantém-se a duração de 2 anos de formação,
mas exige-se para o exame do 1º e 2º ano, a frequência
com aproveitamento dos 1º e 2º anos do Curso de
Enfermagem Profissional dos Hospitais Civis de Lisboa.

1943: Criação do Instituto Maternal, cuja 4ª finalidade


é –“Organizar e dirigir cursos estagiários de enfermeiras
puericultoras”.
Instituição Ano Curso/ Habilitação Título
formadora Duração inicial mínima profissional

Instituto 1946 C. Enfª Puericultora/2 1º Ciclo dos Enfª Puericultora


Maternal anos Liceus
(Lx, Porto e 1950 C. Enfª Parteira/1 ano+6 C. Enfermagem Enfª Parteira-
Coimbra) meses Geral (3 anos) Puericultora

1967 C. Especialização “ Enfª Parteira


Escolas de Obstétrica/ 1 ano
Enfermagem
(Continente e 1975 “ “ Enfª Especialista
Ilhas) em Enf.
Obstétrica
1977 “ “+2 anos de “
exercício
profissional
Escolas Pós- 1983 C. Esp.em Saúde Materna “ Enfª Esp. Enf.de
básicas de Enf. e Obstétrica/ 18 meses Saúde Materna e
Obstétrica
(Lx, Porto e 1988 “ / 21 meses C. Bacharelato “
Coimbra) Enfermagem+2
anos exer. prof.
Escolas 1989 C.Est.Super.Especiali. em “ “
Superiores de Enfermagem/ 21 meses (grau de
Enfermagem licenciado)
(Continente e
Ilhas)
Instituição Ano Curso/ Habilitação Título profissional
formadora Duração inicial mínima

1997 Extinção dos Cursos de Est. Sup. Esp. em Enfermagem

1999 (Dec.Lei 353/99) Pós-Licenc. de Esp. em Enf.

Estabelecimentos 2002 C.Pós-Licenciatura de Licenciatura em Enfº Especialista em


de Ensino Especialização em Enfermagem+2 Enfermagem de
Superior, na área Enfermagem de Saúde anos de exercício Saúde Materna e
da saúde Materna e Obstetrícia profissional Obstetrícia
2 a 4 semestres

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