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Intolerâncias alimentares &


eixo cérebro-intestino: um
compilado sobre o uso de enzimas
digestivas e probióticos
Intolerâncias alimentares & eixo
cérebro-intestino: um compilado sobre
o uso de enzimas digestivas e probióticos

Bem-vindo(a), caro(a)
nutricionista!
Neste material vamos apresentar a você informações sobre a impor-
tância da microbiota intestinal e da comunicação entre o cérebro e
o intestino no bem-estar dos pacientes, assim como situações em
que esse balanço é afetado e possíveis formas de auxiliar nesses
desequilíbrios.

Vamos discutir também sobre a importância dos carboidratos e de


sua digestão adequada para o conforto gastrointestinal e geral dos
indivíduos. Apresentaremos alguns problemas relativos a esse tema
e soluções possíveis para esses transtornos.

2
Sumário

A microbiota e o eixo cérebro-intestino.................................................04


Problema: O desequilíbrio da microbiota intestinal e suas consequências...... 06
Solução: O uso de probióticos .................................................................................. 07
A importância dos carboidratos e sua digestão...................................09
Reações adversas a alimentos – Intolerâncias e alergias................................... 10
Problema: A intolerância a carboidratos complexos ........................................... 11
Solução: A suplementação enzimática com α-galactosidase............................ 12
Solução: A exclusão de alimentos – Dietas com baixo teor de FODMAPs....... 12
A intolerância à lactose ............................................................................14
Problema: A intolerância à lactose.......................................................................... 14
Solução: A suplementação com lactase................................................................. 16
Solução: A suplementação de probiótico associado a lactase.......................... 16
Solução: A exclusão de alimentos – Dietas com baixo teor de lactose............ 17
Considerações finais..................................................................................18
Referências .................................................................................................19

3
A microbiota e o eixo
cérebro-intestino

Estudos recentes sobre a microbiota – o conjunto forma adequada, levando a exacerbação de


de microrganismos dentro de cada indivíduo – doenças intestinais inflamatórias, respostas
revelaram o impacto variado dos microrga- alteradas ao estresse agudo e crônico e al-
nismos do corpo humano sobre a vida diária. 1 terações comportamentais. 1 Dessa forma, o
Essa microbiota é um determinante crítico da eixo cérebro-intestino é um alvo importante
saúde humana e um regulador importante da para o desenvolvimento de novas opções te-
sua fisiologia. 1 O trato gastrointestinal, onde rapêuticas. 1
está a maior parte da microbiota humana, in-
fluencia a função cerebral, pelo chamado eixo Os probióticos são espécies de bactérias que,
cérebro-intestino. 1 (Figura 1) se ingeridas vivas e em quantidades adequadas,
oferecem benefícios à saúde do hospedeiro.2
FIGURA 1. O eixo cérebro-intestino
(Figura 2) Lactobacillus e Bifidobacterium são
os probióticos mais estudados e empregados
na prática clínica.3 (Figura 3)

FIGURA 2. Os probióticos e o ecossistema intestinal

Por meio de estudos sobre o eixo cérebro-intes-


tino, foram compreendidas as consequências
fisiopatológicas de quando a rede de comuni-
cação entre os dois órgãos não funciona de

4
FIGURA 3. Lactobacillus e Bifidobacterium,
cepas importantes de probióticos
As recomendações para o uso de probióticos devem
estar ligadas a cepas específicas já estudadas e
cujos benefícios foram relatados em artigos cien-
tíficos. Embora algumas cepas tenham proprie-
dades únicas que levam a efeitos neurológicos,
imunológicos e antimicrobianos, na sua maioria, os
probióticos acabam tendo também alguns efeitos
em comum: eles estimulam a resistência à colo-
Bifidobacterium Lactobacillus nização intestinal, regulam o trânsito intestinal e
normalizam a microbiota.3
Ao interagir com a microbiota do hospedeiro e o
epitélio intestinal, os probióticos exercem uma va- Dessa forma, os métodos para equilibrar a micro-
riedade de efeitos sobre a saúde do hospedeiro, biota e a relação cérebro-intestino são importantes
com diferentes cepas gerando melhora do meta- e levam o indivíduo de um estado de desequilíbrio
bolismo, imunidade e função endócrina. Benefícios – a disbiose – para a recuperação do estado de
possíveis de diferentes cepas probióticas à saúde equilíbrio – a eubiose. Esse processo pode ocorrer
humana que foram relatados em artigos científicos com o uso de probióticos, mas também com dieta,
estão ilustrados na figura 4. exercícios físicos, medicamentos, transplante de
fezes ou, ainda, com a associação de todos esses
FIGURA 4. Possíveis efeitos benéficos
métodos.8
dos probióticos

Quando existe risco de aumento de desequilíbrio


da microbiota, os probióticos podem ser utilizados
Sistema imune3 Saúde mental4 Doenças
em uma estratégia que tem se mostrado eficaz em
gastrointestinais3 algumas situações.
Benefícios à saúde
com os probióticos
Vamos ver algumas dessas situações.
Alergias7 Coração5

Perda de peso6 Equilíbrio da microbiota2

5
Problema: O desequilíbrio da microbiota intestinal
FIGURA 5. Relação entre microbiota
e suas consequências intestinal e probióticos

As doenças funcionais do trato digestivo represen-


Produção de
tam exemplos clássicos de disbiose,9 sendo bastante substâncias Probióticos e
antimicrobianas, microbiota normal
conhecidas as suas alterações fisiopatológicas: au- ácido lático,
bacteriocinas, H˜O˜
mento da permeabilidade intestinal, inflamação da
submucosa, resposta imune alterada e efeitos no eixo LPS,
cérebro-intestino. Sintomas como náuseas, dores e peptidoglicano

desconforto abdominais, flatulência e distensão são


queixas frequentes relacionadas a essas alterações.10 Promoção da
defesa do
Função do hospedeiro
intestino:
Probióticos, em conjunto com abordagens farmaco- digestão

lógicas, dietéticas e comportamentais, podem ser


usados na condução desse grupo de pacientes. A Competição por
nutrientes e
suplementação probiótica deve ser feita de acordo Patógenos
receptores

com a recomendação específica para a qual as


Adaptada de: Guarner F, et al. 2017.3
cepas foram estudadas.3

Como os probióticos afetam o ecossistema intes-


tinal? Eles têm impacto nos mecanismos imunoló- Entretanto, deve-se ficar atento ao fato de que a
gicos da mucosa, interagem com microrganismos relação entre probióticos e o hospedeiro é bidi-
comensais ou patogênicos, geram produtos meta- recional, já que eles afetam e são afetados pela
bólicos e comunicam-se com as células do hospe- dieta humana e pela complexidade da microbiota
deiro, antagonizando com patógenos, melhorando intestinal, o que pode levar a variações nos efei-
a barreira intestinal, diminuindo a inflamação e tos observados.11 Essas variações são tema de
melhorando a função imune.3 (Figura 5) discussão constante na literatura especializada.11

6
Solução: O uso de probióticos Em estudo com voluntários humanos, a combinação
probiótica contendo Lactobacillus helveticus R0052
O uso de probióticos já foi estudado em diferentes e Bifidobacterium longum R0175 apresentou efeitos
situações. Abaixo estão listadas algumas delas, benéficos relacionados a ansiedade e estresse.4
assim como os achados relatados em artigos cien- Outro estudo demonstrou redução de sintomas
tíficos para diferentes combinações probióticas e gastrointestinais relacionados ao estresse.15
grupos variados de pacientes.
Ação na obesidade. A obesidade é uma doença
Desconforto gastrointestinal. Estudos demonstraram multifatorial e um dos maiores problemas de saúde
que os probióticos podem funcionar como auxilia- pública no mundo. A alimentação rica em gorduras
res no tratamento de vários tipos de desconforto e pobre em fibras, indutora da obesidade, está as-
gastrointestinal, agudo ou crônico, como diarreia sociada a relevantes alterações na microbiota do
de origens diferentes, erradicação de H. pylori e intestino distal, sugerindo que a atividade metabólica
doença inflamatória crônica.3 dos microrganismos intestinais atuaria como um
gatilho no desencadeamento da resposta inflama-
Desordens uroginecológicas. As infecções cau- tória.16 Revisões sobre o assunto mostraram que a
sadas por alterações da microbiota vaginal estão suplementação com probióticos, potencialmente,
entre as principais causas de atendimento gine- pode reduzir o ganho de peso e melhorar alguns
cológico.12 Nesse contexto, os probióticos podem dos parâmetros metabólicos associados com a
ser um caminho potencial na busca de alterna- obesidade,16 podendo ser uma estratégia na pre-
tivas aos antimicrobianos,13 ou ser usados como venção da obesidade e na manutenção do peso
terapêutica adjuvante, o que se justifica por seu de adultos.6,16
potencial benefício na acidificação da mucosa,
prevenção da adesão e translocação bacteriana, Ação na resistência à insulina. Estudos mostra-
produção de vitaminas e outros imunomodulado- ram efeitos benéficos do uso de probióticos em
res e sinergismo com o sistema imunológico do pacientes com diabetes mellitus, possivelmente
hospedeiro.14 pela modulação da microbiota intestinal e da res-
posta imune, pela manutenção da sensibilidade à
Alívio do estresse e ansiedade. Pesquisas recentes insulina e por outros mecanismos.17 Uma revisão
têm se concentrado cada vez mais nos efeitos da sistemática mostrou que as cepas de Lactobacillus
comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro e Bifidobacterium podem ter efeitos benéficos no
e muitos estudos da última década documentaram diabetes mellitus. A suplementação de probióti-
como os probióticos podem influenciar vários pro- cos na população diabética auxilia na redução
cessos neuronais centrais, como a neurotransmis- estatisticamente significativa da glicemia de jejum,
são, neurogênese, expressão de neuropeptídeos, da hemoglobina glicada, da frutosamina e da resis-
neuroinflamação e até o comportamento.1 tência à insulina e na melhora do perfil lipídico.17

7
Obstipação intestinal. Vários mecanismos podem Os probióticos recebem cada vez mais atenção
explicar, potencialmente, a ação dos probióticos dos pesquisadores, dos profissionais de saúde
na melhora da obstipação intestinal funcional e e do público em geral. A percepção do público
na modificação da microbiota, como aumento da sobre os microrganismos é de que eles podem
produção de lactato e ácidos graxos de cadeia ter papéis benéficos na saúde humana. Cada
curta e redução do pH luminal, que poderiam vez mais surgem estudos sobre o tema, com
melhorar o peristaltismo do cólon e diminuir o tempo exploração de novas cepas, novas aplicações
de trânsito intestinal.18 e novos formatos.20 No futuro, esses produtos
serão capazes de trazer outros e variados be-
Em duas revisões sistemáticas e metanálises, nefícios para os pacientes.
alguns probióticos demonstraram efeitos bené-
ficos sobre a obstipação, levando a aumento da Vamos agora discutir outro assunto importante
frequência evacuatória18,19 e melhora do tempo de na saúde gastrointestinal e geral dos pacientes:
trânsito intestinal e da consistência das fezes.18 a digestão de carboidratos.

8
A importância dos
carboidratos e sua digestão
A digestão de macronutrientes e micronutrien- Os monossacarídeos e os dissacarídeos são pro-
tes é necessária para a sobrevivência dos or- dutos da digestão dos polissacarídeos, em proces-
ganismos vivos. 21 Dentre os macronutrientes, sos que acontecem ao longo de todo o sistema
destacam-se os carboidratos, por sua impor- gastrointestinal.21-23 (Figura 7)
tância. (Figura 6) Os carboidratos são fontes
de energia, ajudam a controlar a glicose san- FIGURA 7. Digestão de carboidratos ao longo do
sistema gastrointestinal
guínea e o metabolismo da insulina, participam
do metabolismo do colesterol e triglicérides e
ajudam no processo natural de fermentação
que ocorre no intestino grosso.22 Boca
Mastigação
Glândulas salivares
Amilase salivar
FIGURA 6. Os macronutrientes na alimentação Esôfago
Esfíncter
esofágico
Estômago
inferior HCl (ácido clorídrico)
Duodeno Fígado
Carboidratos Proteínas Gorduras Quimo

Cólon
transverso
Vesícula biliar
Esfíncter
pilórico
Jejuno
Absorção de nutrientes,
inclusive oligossacarídeos Cólon
ascendente
Cólon
descendente Pâncreas
Amilase
Apêndice (quebra de carboidratos)

Cólon Íleo
sigmoide

Ânus

Geralmente, os carboidratos compõem 40% a


50% da ingesta calórica total. Desses, 50% a
60% são carboidratos de origem vegetal. Os Apenas monossacarídeos (glicose, galactose, fru-
carboidratos mais comumente ingeridos são tose) são absorvidos através do epitélio intestinal.
os monossacarídeos (glicose e frutose), dissa- Os dissacarídeos precisam ser quebrados enzima-
carídeos (lactose e sacarose) e polissacarídeos ticamente em monossacarídeos para poder ser
(amido e glicogênio).21 absorvidos e utilizados pelo organismo.21,23 (Figura 8)

9
FIGURA 8. Monossacarídeos e dissacarídeos, FIGURA 10. O intestino grosso
moléculas de carboidratos simples como local de fermentação

Carboidratos simples
Digestão
Monossacarídeos Dissacarídeos
(dissolução, absorção, fermentação)
Glicose Lactose

Frutose Maltose Esôfago Bolo alimentar

Estômago
Dissolução
Galactose Sacarose (química e mecânica)

Duodeno

Quimo

Entretanto, carboidratos complexos, como a ra- Intestino Absorção


delgado (nutrientes e água)
finose – um oligossacarídeo composto por três
monossacarídeos, galactose, glicose e frutose –,
Fermentação
acabam não sendo digeridos.24,25 (Figura 9) Intestino (por bactérias intestinais)
grosso
Absorção
(água)
FIGURA 9. Fontes de carboidratos complexos,
pouco digeríveis, que acabam sendo fermentados Reto Fezes
no intestino e produzindo excesso de gás

Excreção

Carboidratos Muitos pacientes buscam atendimento médico por


complexos causa de incômodos relacionados ao excesso de
gases intestinais, distensão e desconforto abdominal,
flatulência e, eventualmente, alteração do hábito
intestinal (diarreia ou constipação intestinal).26

Esses carboidratos complexos chegam intactos ao Reações adversas a alimentos – Intolerâncias e


intestino, porque a enzima capaz de quebrá-los, alergias
a α-galactosidase, não é produzida por seres hu-
manos.24 A rafinose, presente em alimentos como Qualquer reação anormal após a ingestão de um
soja, beterraba, repolho e outros vegetais, é, então, alimento é considerada uma reação adversa, mas
utilizada pelas bactérias intestinais como fonte elas são divididas em intolerância e alergia a ali-
de energia, o que gera a produção de gases pelo mentos. Há diferenças importantes entre a alergia
processo normal de fermentação.24 (Figura 10) e a intolerância,27 apresentadas na tabela 1.

10
TABELA 1. Alergia ou intolerância?

Alergia Intolerância

Sem ovos Sem glúten Sem nozes Sem lactose Sem soja

• Resposta imune anormal a uma proteína alimentar, mediada por • Resposta não imunológica gerada por alimento ou componente
mecanismos ligados à imunoglobulina E, células T ou ambas;28 alimentar em dose normalmente tolerada;27
• Prevalência de 1%-2% em adultos27 e 4%-7% em crianças em idade • Atinge cerca de 15%-20% da população;29
pré-escolar;28 • Causada pelos efeitos farmacológicos de componentes alimentares,
• Ocorre de forma reprodutível depois da exposição;28 sensibilidade não celíaca ao glúten,* ou defeitos enzimáticos ou de
• Sintomas ausentes quando não há exposição;28 transporte;29
• Diagnóstico requer evidência de sensibilização e sintomas • O teste diagnóstico é a exclusão do alimento em busca de melhora dos
específicos após exposição;28 sintomas, seguida de reintrodução gradual;29
• Reações variam de urticária a anafilaxia e morte.28 • Vários mecanismos de ação: farmacológico (por exemplo, cafeína);
deficiência enzimática (por exemplo, intolerância à lactose); ou
problema inespecífico de funcionamento gastrointestinal.27,28

* A sensibilidade não celíaca ao glúten é uma definição recente para a ocorrência de sintomas gastrointestinais em resposta ao glúten da dieta,
mas na ausência de características diagnósticas da doença celíaca ou alergia ao trigo.29
Adaptada de: Tuck CJ, et al. Nutrients. 2019 Jul 22;11(7):1684.27 Turnbull JL, et al. Aliment Pharmacol Ther. 2015 Jan;41(1):3-25.28 Lomer MC, et al. Aliment Pharmacol Ther. 2015 Feb;41(3):262-75.29

Problema: A intolerância a carboidratos complexos digestivo, aliviando o incômodo associado ao consumo


de leguminosas, grãos e frutas.31
A intolerância a carboidratos é um fenômeno que afeta
milhões de pessoas no mundo. Essa intolerância está FIGURA 11. Microvilos nos enterócitos,
baseada na incapacidade de digestão de certos com- ou borda em escova

postos pela falta de uma ou mais enzimas existentes na Enterócito Microvilos


(borda em escova)
borda em escova dos enterócitos.23 (Figura 11 e Tabela 2)
A má absorção de carboidratos pode levar a obstipação,
diarreia, flatulência e dor abdominal. A intolerância pode
ser o resultado de defeitos congênitos ou adquiridos
de metabolismo enzimático da mucosa intestinal.22 A
intolerância a carboidratos mais comum é a intolerância
à lactose e se deve à insuficiência primária da lactase,
a enzima capaz de quebrar a lactose.23

TABELA 2. Enzimas na borda em escova dos


O melhor caminho para lidar com o desconforto abdominal enterócitos responsáveis pela quebra de dissacarídeos
gerado pela ingestão de carboidratos complexos consiste em monossacarídeos
na exclusão dos alimentos que causam os sintomas Enzima
Lactase
Substrato
Lactose
Produto
Glicose e galactose
e/ou na administração da enzima α-galactosidase.30 Sacarase
Maltase
Sacarose
Maltose
Glicose e frutose
Duas moléculas de glicose
Isomaltase Maltose Duas moléculas de glicose
Pode-se adicionar a isso a suplementação enzimáti- Trealase Trealose Duas moléculas de glicose

ca que, em geral, aprimora a qualidade do processo Adaptada de: Burke M. Clin Biochem Rev. 2019 Nov;40(4):167-74.23

11
Solução: A suplementação enzimática com de alteração da microbiota intestinal.33 Um estudo
α-galactosidase aleatorizado, cruzado, duplo-cego e controlado
por placebo demonstrou que o uso de α-galacto-
Tendo em vista a possibilidade de deficiências nu- sidase foi capaz de melhorar a tolerância desses
tricionais, a suplementação com α-galactosidase alimentos e se mostrou um importante adjuvante
(Figura 12) se torna uma estratégia importante para à dieta com baixo teor de FODMAPs.30
melhorar o nível de restrições dietéticas necessárias
em pacientes que não toleram galacto-oligossa- Outros estudos, feitos fora do Brasil, também de-
carídeos complexos.27 monstraram que, em várias situações clínicas nas
quais se observa deficiência de alfa-galactosidase,
FIGURA 12. Conformação espacial a reposição dessa enzima pode ser de grande valia
da α-galactosidase
para o alívio do desconforto digestivo, sobretudo da
flatulência, distensão e desconforto abdominal.30,34
Deve-se ter em mente, entretanto, que no Brasil, a
enzima não é aprovada para uso medicamentoso,
sendo considerada um suplemento alimentar.35

Solução: A exclusão de alimentos – Dietas com


baixo teor de FODMAPs

Os FODMAPs – sigla em inglês para fermentable


oligosaccharides, disaccharides, monosacchari-
A α-galactosidase é uma glicosidade externa que des and polyols (oligossacarídeos, dissacarídeos,
tem como alvo os galacto-oligossacarídeos como monossacarídeos e polióis fermentáveis) – são
a rafinose, a melibiose e a estaquiose. A enzima carboidratos que estão presentes em alimentos
já foi isolada e caracterizada de fontes microbia- como o leite e derivados, frutas, feijões, mel etc.
nas, vegetais e animais. Flatulência, inchaço e Em muitos dos casos, são mal absorvidos pelos
dor abdominal são comumente relacionados ao seres humanos, visto que apresentam alta ativi-
consumo de alimentos com grande quantidade de dade osmótica e, no intestino, são fermentados,
rafinose, e a suplementação com α-galactosidase podendo causar dor abdominal, diarreia, obsti-
pode auxiliar nestes desconfortos.32 pação e inchaço.36 Um padrão alimentar conten-
do alimentos com baixo teor de FODMAPs pode
No intestino, a α-galactosidase pode quebrar os reduzir os sintomas apresentados por pacientes
galacto-oligossacarídeos, auxiliando na digestão com alterações da permeabilidade intestinal, como,
desses carboidratos, pela diminuição da fermen- por exemplo, pacientes com síndrome do intestino
tação destes no colón e produção de gás, além irritável.36 (Figura 13)

12
FIGURA 13. Dieta com baixo teor de FODMAPs
alimentos associados aos sintomas são reduzidos
ou eliminados; na segunda fase, os grupos de
alimentos eliminados são gradualmente rein-
troduzidos, conforme a sintomatologia relatada
pelo paciente.36

Estudos relataram que uma dieta com baixo teor


de FODMAPs restringe a ingestão de determinados
alimentos e pode levar a uma melhora significativa
nos sintomas dos pacientes com síndrome do intes-
tino irritável. Contudo, sem orientação nutricional
adequada, pode haver deficiências nutricionais, em
A dieta com baixo teor em FODMAPs é esta- alguns casos. Assim, a orientação do nutricionista
belecida em duas fases. Na primeira fase, os é essencial.36

13
A intolerância à lactose

A lactose é um açúcar encontrado em vários produtos Problema: A intolerância à lactose


derivados e não derivados do leite. É dissacarídeo
formado por uma glicose e uma galactose e necessita A presença da lactose não digerida no intestino promove
ser quebrado por uma enzima específica, a lactase, aumento da osmolaridade da luz intestinal, aumentando
(Figura 14) uma b-galactosidase produzida na borda a secreção de água nessa direção e diminuindo a
em escova dos enterócitos,37 cuja deficiên­cia leva consistência fecal. Além disso, a lactose é utilizada
a uma má digestão desse açúcar, o que impede sua como fonte de energia pelas bactérias intestinais,
absorção, fenômeno encontrado em quase 70% da com fermentação e produção de gás, levando a trans-
população do planeta.38-40 (Figura 15) tornos como distensão e dor abdominal, flatulência
excessiva, dores de cabeça, cansaço e dor muscu-
FIGURA 14. Conformação espacial da lactase lar.39,40 A gravidade do desconforto é variável, mas
ocorre entre 30 minutos e 2 horas do consumo do
produto contendo lactose.41 É importante considerar
a dose ingerida – quanto maior a quantidade, maior
a gravidade42 –, levando em consideração, sempre,
a individualidade fisiológica de cada indivíduo.

Leite e derivados são importante parte da dieta


humana, sendo inclusive alvo de recomendações
FIGURA 15. Ação da lactase na digestão da nutricionais oficiais em muitos países. Isso se deve
lactose e efeito da sua ausência
ao fato de representarem um alimento bastante
Intestino
completo. Leite e derivados são, sem dúvida, a fonte
mais importante de cálcio alimentar.43 Além disso,
DEGRADAÇÃO
DA LACTOSE
os lácteos são fontes não somente de cálcio, mas
Absorção também de vários outros nutrientes essenciais.43
Galactose Glucose

A atividade reduzida da lactase leva à má digestão


Intestino
FERMENTAÇÃO
BACTERIANA
SINTOMAS DE
INTOLERÂNCIA
primária da lactose, uma condição que é ocasional-
Bactérias À LACTOSE

mente assintomática. Quando há sintomas, pode-se


diagnosticar a intolerância à lactase.38 De forma
mais abrangente, o termo hipolactasia se refere à

14
deficiência da enzima lactase. A hipolactasia pode celíaca, doença inflamatória intestinal etc. Neste
levar à má absorção de lactose, que é a digestão caso, quando o problema primário é solucionado,
ineficiente da lactose. Esta, por sua vez, pode levar os produtos com lactose podem ser consumidos
à intolerância à lactose, a condição clínica definida normalmente;
pela presença de sintomas gastrointestinais da
não absorção da lactose.39 (Figura 16) Congênita: rara; há baixa ou nenhuma produção
de lactase no nascimento.
A literatura científica classifica a intolerância em
alguns tipos diferentes: 39 Diferentes estratégias para o tratamento da into-
lerância à lactose:38-40
Intolerância primária: causada pela diminuição
da quantidade de lactase no intestino à medida a) Retirada da lactose da dieta;
que o indivíduo envelhece;
b) Suplementação de lactase;
Intolerância secundária: desencadeada por lesões
no intestino delgado causadas por infecções, doença c) Uso de probióticos.

FIGURA 16. Relação entre hipolactasia, lactase não persistente, digestão e absorção
inadequadas da lactose e intolerância a esse dissacarídeo

Lactase não Lactase não


persistente persistente

• Fenótipo do tipo • Absorção ineficiente


• Qualquer • Digestão ineficiente • Sintomas
selvagem da lactose pela
deficiência pela deficiência de gastrointestinais
• Atividade de lactase digestão inadequada
de lactase lactase (lactase não pela má absorção
reduzida depois do • Lactose não é
persistente ou outras da lactose
desmame absorvida intacta
condições intestinais)
Hipolactasia Má digestão Intolerância
da lactose à lactose

Adaptada de: Fassio F, et al. Nutrients. 2018 Nov 1;10(11):1599.39

15
Solução: A suplementação com lactase e na redução do desconforto relacionado com
essa intolerância.37,38,41,44
A abstenção do consumo de leite e derivados pode
não ser a melhor opção, já que pode levar a várias Solução: A suplementação de probiótico asso-
consequências do ponto de vista nutricional,41 além ciado a lactase
de interferir na qualidade de vida dos pacientes,
que se veem limitados nas suas opções de ali- Recentemente, o uso de cepas probióticas es-
mentação. (Figura 17) pecíficas, em particular aquelas capazes de
expressar a atividade enzimática da β-galac-
FIGURA 17. Limitações na dieta com
tosidase, foi proposto como adjuvantes para o
baixo teor de lactose
desconforto causado pela intolerância à lactose.39
A deficiência de lactase leva, em última instân-
cia, a um estado de disbiose. Dessa forma, os
probióticos têm atraído interesse considerável
como adjuvantes no tratamento sintomático da
insuficiência de lactase,45 e, como suplementos
alimentares, são bastante úteis como adjuvantes
na intolerância à lactose.37

Os sinais clínicos da intolerância à lactose po-


dem ser modificados por vários fatores, incluindo
Além disso, a lactose é amplamente utilizada como a dose de lactose, a expressão residual de lactase,
aditivo alimentar (chamada “lactose oculta”), o que a ingestão concomitante de outros componentes,
torna ainda mais difícil organizar uma dieta com o tempo de trânsito intestinal e a composição da
baixo teor de lactose. Produtos cárneos, vegetais microbiota intestinal. A microbiota intestinal pode
congelados (como batatas fritas), pratos prontos, ser modulada pela suplementação probiótica, o
doces e bolos podem ter lactose oculta.39 que pode ter impacto nos sintomas da intolerância
à lactose.45
Dessa forma, a suplementação com lactase na
hora da ingestão de lactose parece ser uma es- As evidências do papel dos probióticos no alívio
tratégia lógica, diminuindo o prejuízo na oferta dos desconfortos causados pela intolerância à
de nutrientes e garantindo o acesso a qualquer lactose são crescentes, sendo esse um dos cam-
derivado do leite que contenha lactose. A su- pos em que há mais evidências dos benefícios
plementação com essa enzima feita logo antes, dos probióticos.39 Esses benefícios, entretanto,
durante ou logo depois da ingestão de lactose tem vão depender da especificidade da espécie
se mostrado eficaz na digestão desse dissacarídeo e cepa probiótica. Cepas de Lactobacillus e

16
Bifidobacterium já demonstraram benefício pela rótulos são extremamente importantes. No Brasil,
atividade da β-galactosidase em cenários clí- a declaração da presença de lactose nos rótulos
nicos e pré-clínicos.39 é obrigatória para alimentos que possam conter
pelo menos 100 mg/100 g ou mL do alimento.47 Os
Solução: A exclusão de alimentos – Dietas com rótulos que apresentam as frases “Zero Lactose”,
baixo teor de lactose “Isento de Lactose”, “0% Lactose”, “Sem Lactose”
ou “Não Contém Lactose” estão relacionados a
O manejo da intolerância à lactose compreende produtos que contêm menos de 100 mg de lactose
uma mudança no padrão alimentar, devendo-se por 100 g.44,46
evitar (e, se necessário, excluir) alimentos com
lactose. Em muitos dos casos é necessário ingerir Além da exclusão de produtos com lactose, o
alimentos que são fontes de cálcio e/ou fazer a consumo de derivados de leite sem lactose ou
suplementação desse mineral para não desenca- acrescidos industrialmente de lactase também é
dear uma deficiência dele.41 uma opção, embora dificulte o acesso a vários
tipos de derivados que podem não existir na forma
Entretanto, a maioria dos indivíduos com intolerância “sem lactose”. (Figura 18) Soma-se a isso o fato
à lactose tende a excluir o leite e os lácteos da de que a adição de lactase pode mudar o sabor,
sua dieta, porque essa abordagem parece levar à que normalmente fica mais doce, observando-se
diminuição dos sintomas.44 Entre as consequências também alterações proteolíticas da caseína, pode
da exclusão de alimentos lácteos da dieta, está o também contribuir para a alteração da cor e do
desbalanço nutricional, principalmente em termos sabor depois de armazenamento prolongado.44
do consumo de cálcio e vitamina D,41 nutrientes
importantes para a saúde dos ossos e dentes.
FIGURA 18. A opção de produtos sem lactose

Na verdade, não é necessário excluir completa-


mente os produtos lácteos, já que a maioria dos
indivíduos afetados pode consumir até 12 g de
lactose (250 mL de leite) em uma única dose, ou
24 g ao longo do dia (500 mL de leite), e tende a
apresentar boa tolerância a produtos fermentados,
como o iogurte.44 Considerando-se os produtos
fermentados, a quantidade de gordura também é
importante: quanto mais gordura, menor o conteúdo
de lactose.46 Por isso, a leitura e a análise dos

17
Considerações finais
Foram abordadas, neste material, várias questões importantes sobre o
funcionamento da digestão, do eixo-cérebro intestino e da complexa
inter-relação entre a nutrição, as intolerâncias e os desconfortos
gastrointestinais. Foram também apresentados caminhos possíveis
para que nutricionistas possam auxiliar seus pacientes a tomarem
decisões informadas quanto ao uso de suplementação enzimática
e probiótica como adjuvantes em desconfortos digestivos, ou na
manutenção da sua saúde digestiva e geral.

Até a próxima!

18
Referências
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Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175 ajudam a reduzir complicações gastrointestinais como dor abdominal e
náusea/vômito devido ao estresse leve a moderado em pessoas saudáveis.
Referências: 1. Diop L, Guilou S, Durand H. Probiotic food supplement reduces stress-induced gastrointestinal symptoms in volunteers: a
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Referências bibliográficas: 1. Di Stefano M, Miceli E, Gotti S, et al. The effect of oral -galactosidase
por qualquer meio sem autorização prévia da Apsen Farmacêutica.
on Intestinal Gas Production and Gas-related symptoms Dig Dis Sci 2007 52: 78-83. Março/2021

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