Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


LICENCIATURA EM ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Interferência das redes sociais na variação linguística

Elsa José Tomás

Chimoio, Abril de 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Interferência das redes sociais na variação linguística

Elsa José Tomás

708177590

Trabalho submetido a Universidade Católica de


Moçambique no instituto à Ensino a Distância em
Chimoio como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciatura em ensino a língua portuguesa.

Orientado por:

Júlio César Thomo

Chimoio, Abril de 2022

Templante
ÍNDICE

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
1.1 Contextualização................................................................................................................1

1.2 Objectivos de pesquisa............................................................................................................2

1.2.1. Geral................................................................................................................................2

1.2.2. Específicos......................................................................................................................2

1.3 Metodologia.......................................................................................................................2

2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................3

2.1 Redes sociais......................................................................................................................3

a. Facebook............................................................................................................................4

b. YouTube............................................................................................................................5

c. Instagram............................................................................................................................5

d. Twitter................................................................................................................................5

e. WhatsApp..........................................................................................................................5

f. LinkedIn.............................................................................................................................6

2.2 A interferência das redes sociais na linguagem padrão..........................................................6

3. CONCLUSÃO..........................................................................................................................8

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................9
1

1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização

As tecnologias estão cada vez mais presentes no quotidiano social dos alunos, seja em função da
democratização do acesso aos artefactos digitais, seja pela participação das redes sociais e, assim,
redimensionam as práticas de linguagem, o que acaba por afectar os usos da escrita na sociedade
e, por consequência, nos espaços escolares.

A assertiva acima é confirmada por Assis (2007, p. 109), que considera que “o uso da Internet
traz consequências para a vida em diferentes ordens que vão, desde a transformação das relações
de tempo e de espaço à criação de novas práticas discursivas, nas quais emergem novos géneros
textuais”.

Pautando-se no aporte teórico do Interaccionismo, reportamo-nos ao posicionamento de Geraldi


(1984), que defende que a linguagem só pode ser ensinada e apreendida, por meio de sua
utilização em contextos de interacção verbal, o que significa promover ao aluno situações reais de
uso da língua, ou seja, momentos em que, enquanto aprende, ele interaja. Nessa perspectiva,
analisar as influências dos usos da linguagem relativos aos contextos de interacções em redes
sociais poderá favorecer uma aproximação entre a vida escolar e a vida quotidiana, uma vez que
os usos das tecnologias digitais imprimem novos modos de ser e de estar no mundo

Partindo do pressuposto de que adolescentes e jovens passam mais tempo interagindo nesta rede
social, e utilizando a sua linguagem no dia-a-dia com mais frequência, observou-se a relevância
de pesquisar acerca do referido tema, para então destacar que, através do uso repetitivo de
variações linguísticas utilizados nas redes sociais, pode-se ter uma influência positiva ou negativa
acerca do estudo da norma padrão da língua portuguesa.

O trabalho está estruturado da seguinte forma: Introdução (Apresentação e enquadramento do


tema), objectivos (gerais e específicos); metodologia de pesquisa (técnicas e métodos de obtenção
de dados); revisão de literatura (conceitos e abordagens teóricas), conclusões (considerações
finais) e referências bibliográficas (apresentação das fontes de informação).
2

1.2 Objectivos de pesquisa

Subjacente aos temas em discussão, o trabalho visa alcançar 1 (um) objectivo geral, e 2 (dois)
objectivos específicos.

1.2.1. Geral

 Analisar a contribuição das redes sociais na variação linguística.

1.2.2. Específicos

 Indicar as características e contribuição de cada rede social;


 Mostrar os contextos de uso destas variações.

1.3 Metodologia

Para atingir o objectivo proposto, a pesquisa bibliográfica foi conduzida no Scientific Electronic
Library Online (SciELO), e Google Scholar. Também foram consultados livros e documentos
com relevância para o tema. Estes foram incluídos por acreditar-se que livros e outros
documentos representam produção de conhecimento importante e actual sobre o tema em foco.

Foram critérios de inclusão: publicações disponíveis online, na íntegra, nos idiomas português e
inglês, que abordassem sobre os valores da ética social em revisões sistemáticas e sem limite de
data de publicação. Foram critérios de exclusão: publicações duplicadas e/ou com enfoque
estritamente em ensaios clínicos randomizados. A colecta dos dados foi realizada no dia 14 de
Abril de 2022. Todas as obras analisadas foram citadas juntamente com seus respectivos autores,
respeitando-se, assim, os princípios éticos em pesquisa.
3

2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Redes sociais

Entende-se rede social como uma estrutura social virtual composta por participantes autónomos
conectados por um ou vários tipos de relações que compartilham de ideias, valores e objectivos
comuns. Castells (1999, p.498) define as Redes Sociais como “um conjunto de nós
interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é
depende do tipo de redes concretas de que falamos”.

Todas as actividades produzidas pelo ser humano dão origem a redes de relações espontâneas,
que são derivadas da capacidade humana para conviver em sociedade. As redes espontâneas
diferem-se das redes sociais, pois estas apresentam intencionalidade nas relações, os objectivos
são comuns e conscientes, explícitos e compartilhados (Amaral)

Através de redes sociais é possível realizar diversas acções. Uma delas é o envio de mensagens
instantâneas, ou seja, a comunicação em tempo real, e também a divulgação de informações com
aqueles que são “amigos” ou “seguidores”. Isto dependerá da rede social específica e das suas
características. A popularidade das redes sociais tem vindo a aumentar desde o seu início. No
entanto, também deu origem a várias controvérsias sobre a apropriação de dados pessoais, a
violação da privacidade das pessoas e a facilidade de desinformação (Benedito, 2003).

Ainda o mesma autor diz que elas podem ser divididas em três grupos:

 Rede social primária ou informal – São rede de relações entre indivíduos que decorre de
relacionamentos já existentes. É formada por todos os relacionamentos que são feitos
durante a vida do individuo, ou seja, amigos, familiares, vizinhos, colegas de trabalho,
entre outros, permitindo a cada indivíduo formar sua identidade. É estabelecida no
quotidiano, antes mesmo de o indivíduo conectar-se na rede.
 Rede social secundária ou global – É formada dentro de instituições públicas ou privadas
que podem ser não-governamentais ou sociais e tem por objectivo orientar, informar e dar
atenção aos seus usuários.
 Rede social intermediária ou rede associativa – Seus membros são pessoas que
apresentam conhecimento especializado sobre determinado assunto. Tem por objectivos
prevenir e apoiar seus usuários. De forma geral, é formada por usuários provenientes das
4

áreas da saúde, igreja e entidades sociais. Os membros recebem capacitação para atender
aos usuários da rede.
 As redes sociais secundárias e intermediárias formam-se em função de pessoas que
possuem objectivos comuns. Essas redes são dotadas de grande capacidade de
mobilização, fazendo com que as pessoas se unam em busca de seus objectivos. Por
exemplo, campanhas de prevenção contra a violência no trânsito, o uso de drogas, a AIDS
(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), a violência contra a mulher, dentre outros.

Com a utilização da Internet, pode-se realizar interacções sociais estabelecendo conexões e


conversações. Essa rede social virtual é constituída, então, por dois elementos: atores e suas
conexões. Dessa maneira, vários atores podem interagir a partir dos padrões de um determinado
grupo social, onde cada actor é representado por meio de um perfil criado por ele mesmo ou por
um nickname que tenta representar a personalidade ou individualidade de cada um (Saussure,
2002).

Em outras palavras, rede social é um meio de conectar-se a outras pessoas baseando-se em um


conjunto de dados pessoais como seu nível de escolaridade, suas preferências, seus costumes, sua
profissão, suas expectativas, dentre outros assuntos que o usuário deseje sociabilizar. Assim
sendo, as redes sociais têm como objectivo unir pessoas que apresentam um ou mais objectivos
ou características comuns (Terra e Nicola, 2004).

De acordo com o Ministério da Educação (2009), os sistemas de socialização mais destacados a


nível nacional são:

a. Facebook

O Facebook é a maior rede social do mundo. Por isso, possibilita que a sua empresa alcance
muitas pessoas, além de permitir que você segmente o seu público, de acordo com seus principais
interesses, como idade, sexo, profissão etc. No Facebook é possível ainda explorar o seu
conteúdo, já que a plataforma trabalha com imagens, textos, vídeos e GIFs. Isso permite a criação
de conteúdos dinâmicos que podem aumentar o engajamento e a taxa de conversão. A empresa
também deve patrocinar publicações e levar o seu conteúdo para mais usuários.
5

b. YouTube

Já o YouTube é a segunda maior rede social e também se trata de um recurso poderoso para as
empresas. Certamente a produção de vídeos é mais trabalhosa, porém seu potencial de alcance é
muito alto, pois é possível compartilhar seus vídeos em outras plataformas. É importante adequar
seus conteúdos aos seus consumidores. Entrevistas com profissionais da área, depoimentos de
clientes, cobertura de eventos, divulgação de produtos, tutoriais de como usá-los, entre outros,
são dicas de bons conteúdos a serem convertidos em engajamento (Ministério da Educação,
2009).

c. Instagram

O foco do Instagram são as fotos e, actualmente, detalhes do seu dia-a-dia através dos stories. E
engana-se quem pensa que isso não pode ser positivo para as empresas. Afinal, os consumidores
gostam de conhecer os bastidores e tudo o que existe por trás de uma marca. Popularizando
também o IGTV, as mesmas dicas do YouTube valem para essa ferramenta. Isso, é claro, além
dos pequenos textos informativos que podem acompanhar as fotos e os vídeos. O uso de hashtags
aumentam significativamente o alcance das suas publicações no Instagram. A única desvantagem
é que a rede social não permite a publicação de links. Os stories devem ser usados para apresentar
anúncios, novidades da marca e aproximar os consumidores com a criação de enquetes e testes,
pelos quais eles podem interagir (Gomes, 2009).

d. Twitter

Diz Castells (1999) que o Twitter é uma rede social factual, ou seja, do momento. Ela
disponibiliza apenas 280 caracteres para cada publicação, por isso o conteúdo deve ser bem
estratégico e aproveitado. Além disso, é necessário postagens frequentes e estar atento aos
acontecimentos mais comentados. Essa rede social é fundamental para que a sua empresa mostre
que está ligada nos assuntos do momento e interaja em tempo real com os seus seguidores. Ou
seja, permite que a sua utilização seja como um SAC 2.0. Para chamar a atenção na plataforma, o
conteúdo precisa ser factual, mas também criativo.

e. WhatsApp

Devido ao seu grande potencial de comunicação, o WhatsApp é considerado uma das principais
redes sociais da actualidade. Para as empresas, foi lançada a versão business. Dessa forma, o
6

aplicativo facilita a interacção com os consumidores, além de possibilitar o uso de ferramentas


para automatizar, organizar e responder automaticamente as mensagens recebidas. É possível
editar o perfil da empresa, mostrar informações importantes como endereço, outros contactos e
site. Além disso, existem as estatísticas, utilizadas para análise de quantas mensagens foram
enviadas, entregues e lidas. Através do status, também é possível publicar seus produtos para
propaganda (Ministério da Educação, 2009).

f. LinkedIn

O LinkedIn é uma rede social corporativa. Voltada totalmente para o mundo profissional, a rede
tem alto potencial de geração de negócios e fortalecimento de marca. Por isso, é fundamental que
a sua empresa esteja presente. Através de seus conteúdos, os usuários podem conhecer a
autoridade da sua empresa, que deve interagir com possíveis clientes e aproveitar as ferramentas
disponíveis para analisar sua concorrência e montar suas estratégias na rede social. Por fim, é um
óptimo espaço para buscar novos profissionais para a sua empresa e montar um time qualificado,
já que o LinkedIn também permite o anúncio de vagas de trabalho" (Gomes, 2009).

2.2 A interferência das redes sociais na linguagem padrão

Na Internet, as pessoas encontram a possibilidade de criar comunidades, fazer blogs e estabelecer


novas amizades através de salas de bate-papo. Actualmente é comum fornecer o endereço
electrónico – e-mail – para contacto juntamente com o número do telefone, em qualquer sector da
sociedade. A Internet tem revolucionado não só a maneira de relacionamento entre as pessoas
como também a linguagem (Delmanto e Castro, 2009).

Na actualidade, o ser humano é visto como um ser da e em comunicação. Tal comunicação é cada
vez mais marcada pela economia de linguagem, em grande parte devido à velocidade com que as
informações são veiculadas. Para estabelecer maior rapidez na comunicação, os internautas
criaram novas formas de linguagem. O “internetês” é uma forma de simplificação informal da
escrita que consiste na utilização de caracteres alfanuméricos e a redução de letras dentro das
palavras. De modo geral, entende-se que o chamado “internetês” surgiu junto com a Internet.
Essas expressões são parte da vida do internauta, tendo sido abreviadas ao ponto de tornarem-se
uma expressão única, com duas ou no máximo três letras (Castells, 1999).
7

Pode-se citar como exemplos: Não– ñ; Sim – s; Porque – pq; Que – q; Aqui – aki; Também – Tb;
Ninguém – ngm; dentre outros. Além da redução dos fonemas, percebe-se o abandono das
normas de acentuação gráfica e dos sinais de pontuação.

Segundo Gnerre (1985) o internetês é caracterizado pelo uso híbrido da linguagem (transcrição da
fala através da escrita), formando um novo código, uma vez que até mesmo os sinais gráficos não
seguem o padrão culto imposto pela norma escrita: apresentam-se sequências de pontos
indicando pausas ou silêncio; há grande ocorrência de palavras abreviadas de forma incorrecta e
de pontos de interrogação e exclamação, as frases também apresentam cortes que as deixam
incompletas, representando aspectos apenas vistos na fala – como cumprimentos informais.

Além disso, os verbos são conjugados de maneira simplificada; há o alongamento de vocábulos e


intensidade sequencial; apresentam um padrão fonético, representado por aspectos nada
convencionais, com o objectivo de simplificar e facilitar a utilização do teclado; utiliza recursos
extra-verbais como: emoticons (sinais gráficos que representam emoções); letras maiúsculas
indicando aumento do tom de voz; representações gráficas; expressões que demonstram a
intencionalidade do falante como: ‘sei lá’, ‘você sabe’, ‘pô” (Brasil, 1998).

Dessa forma, os usuários dessas ferramentas comunicam-se à distância como se estivessem


reunidos em um mesmo ambiente físico, usando para isso abreviações e neologismos que tornam
sua conversa mais ágil e divertida. Esse é um sinal de que os jovens estão afirmando sua
identidade na rede, fazendo desta um lugar de convivência. A internet possibilita aos adolescentes
uma maior liberdade de expressão, pois à distância é mais fácil de exibir seus pensamentos,
manifestar seus sentimentos e tirar dúvidas (Benedito, 2003).
8

3. CONCLUSÃO

Ao final deste estudo sobre o uso e a influência das Redes Sociais no ensino da Língua
Portuguesa, pôde-se chegar às seguintes considerações: não é possível evitar que os alunos
utilizem Redes Sociais, pois vivemos em um mundo globalizado onde o acesso à Internet é algo
imprescindível a todas as pessoas. Porém, cabe aos educadores e aos pais orientar as crianças e
adolescentes sobre como usar a linguagem de forma adequada nas diferentes situações do
quotidiano. É preciso que tanto os pais quanto os professores expliquem que a norma padrão deve
ser respeitada e valorizada para que possa ocorrer o crescimento pessoal de cada indivíduo, seja a
nível escolar ou profissional.

A escola não pode ignorar a existência das variedades linguísticas, e sim apropriar- se dos
diferentes tipos de linguagem para melhor desenvolver seus educandos, de forma a não excluir e
tampouco estigmatizar determinada variante. Ela deve propiciar diferentes situações de
aprendizagem nos diferentes tipos de linguagem, para que o aluno saiba discernir o momento
correto para a utilização de cada tipo de linguagem.
9

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Benedito, J (2003). Dicionário da Internet e do Telemóvel. Lisboa: Centro Atlântico.

Brasil (1998). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro


e quartos ciclos de ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF.

Castells, M (1999). A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra.

Delmanto, D e Castro, M (2009). Português: Idéias & Linguagens, 8º ano, 13. Ed. Reform. São
Paulo: Saraiva.

Gnerre, M (1985). Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes.

Gomes, M (2009). Metodologia do ensino de língua portuguesa. São Paulo: Saraiva.

Ministério da Educação (2009). Integração das Tecnologias na Educação. Secretaria de


Educação a Distância. Brasília: Seed.

Saussure, F (2002). Curso de Linguística Geral. 30ª Edição. São Paulo: Cultrix,.

Terra, E; Nicola, J (2004). Português de olho no mundo do trabalho. São Paulo: Scipione.

Você também pode gostar