Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
O que é Ensino Híbrido?................................................................ 7
CAPÍTULO 2
O Ensino Híbrido como Possibilidade........................................ 51
CAPÍTULO 3
Impactos e Tendências do Ensino Híbrido na Escola............ 103
APRESENTAÇÃO
Desde as últimas décadas do século XX, os estudiosos da educação e os do-
centes dos diferentes níveis de ensino têm discutido como as tecnologias podem
contribuir para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem, discussão
que ficou ainda mais latente com a expansão acelerada do acesso a essas tecno-
logias por parte dos estudantes. Como usar algo que, inicialmente, foi visto como
um entretenimento em favor de uma educação efetiva, inclusiva e democrática?
8
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Antes de iniciar as nossas discussões a respeito do que é o ensino híbrido,
as suas possibilidades a partir de um bom planejamento e a atuação do profes-
sor nessa metodologia, é importante destacar que se trata de uma metodologia,
uma forma de ensino, e não de uma modalidade de ensino. Quando falamos em
modalidade de ensino, fazemos referência à educação a distância, à educação
presencial, à educação especial, à educação de jovens e adultos, entre outras de-
finidas pela legislação brasileira e que se referem a determinadas configurações
que podem estar nos diferentes níveis da educação escolar (educação básica e
educação superior) (MENEZES, 2001).
Outro ponto que merece a nossa atenção está centrado na confusão que
ocorre entre educação a distância e ensino híbrido. Educação a distância é uma
modalidade, mas o ensino híbrido, como veremos, incorpora algumas das ferra-
mentas utilizadas nessa modalidade. A confusão ficou maior após a adoção do
ensino remoto emergencial, em todos os níveis de ensino, em virtude do isola-
mento social imposto pela pandemia de Covid-19 entre 2020 e 2021.
9
EducaÇÃo Híbrida
2 ENTENDENDO O CONCEITO DE
ENSINO HÍBRIDO
Nossa discussão se inicia na origem da comunicação, partindo da mais an-
tiga das expressões, algo que é gerador de todo o processo de evolução do ser
humano: a comunicação, sem a qual não avançaríamos em nossa história.
10
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
suas diferentes linguagens entre verbal e não verbal. A linguagem verbal neces-
sita que a palavra seja escrita ou falada, ao passo que a não verbal conta com o
nosso tom de voz, postura e expressões enquanto nos comunicamos.
Para compreendermos algo que aparenta ser novo ou uma prática que se
apresenta como capaz de sanar inúmeros problemas educacionais, é importante
conhecermos a sua origem e como tem se desenvolvido, afinal, diferentes pe-
ríodos da história da humanidade são reconhecidos pelo seu correspondente
avanço tecnológico (KENSKI, 2007). Dessa forma, nota-se que, a cada época,
o homem cunhava novas técnicas e tecnologias. As tecnologias acompanham a
evolução do homem e são tão antigas quanto a sua própria espécie, pois é por
meio da inteligência humana que se deu origem às mais diferentes e avançadas
tecnologias. Para iniciarmos as nossas reflexões sobre o ensino híbrido, precisa-
mos entender os conceitos da terminologia Novas Tecnologias da Informação e
da Comunicação (NTIC) – ou apenas TIC – e sua relação com o ensino híbrido.
11
EducaÇÃo Híbrida
Todo o conceito traz, em si, diversas camadas temporais, que são as expe-
riências agregadas ao longo do tempo, o espaço de experiência, que pode sofrer
ressignificações e mudanças, lançando-se para o futuro, o horizonte de expecta-
tivas. Entretanto, é importante ressaltar que uma palavra, para ser um conceito e,
assim, passível de análise, deve ser polissêmica, agregar múltiplos significados,
ou seja, o conceito ultrapassa a palavra, pois reúne em si a diversidade da experi-
ência (KOSELLECK, 2006).
12
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
13
EducaÇÃo Híbrida
Assim, foi possível notar que muitos são os desafios e múltiplas são as tec-
nologias de que a escola necessita se apropriar para transformar a realidade. Dia-
riamente, ela deve transformar os meios de comunicação de massa tão ampla-
mente divulgados em instrumentos de análise, reflexão, aplicabilidade e produção
do conhecimento.
14
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
Diante desses subsídios, podemos perceber que a escola que utiliza as NTIC
como instrumento de apropriação do conhecimento cria também possibilidades de
ampliação da linguagem, da comunicação entre sua comunidade e a criação da
informação, seleciona e atribui significados às mensagens recebidas pelas mais
variadas mídias, além de possibilitar ao aluno ser o agente transformador, crítico e
capaz de discernir as informações recebidas.
15
EducaÇÃo Híbrida
16
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
17
EducaÇÃo Híbrida
Para além da mescla entre ensino presencial e/ou síncrono e momentos on-
-line, mediados por recursos tecnológicos, o ensino híbrido traz, ou recoloca, a
questão do papel dos atores no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, as
tecnologias não são suficientes para que se cumpra o objetivo de ampliar a cone-
xão com os alunos e, assim, potencializar o aprendizado.
A adequação histórica aos novos tempos e às novas realidades fez com que,
ao longo do desenvolvimento da escola e das práticas pedagógicas, a chama-
da “escola tradicional” e sua conhecida rigidez, expressa nos alunos enfileirados
diante um professor expondo conteúdos, tivessem sua efetividade questionada,
especialmente em virtude do posicionamento passivo do aluno.
Desde então, o lugar ativo do aluno é debatido, sendo este visto como o
centro e o principal sujeito do processo educativo, cujos métodos ativos seriam os
mais adequados para a sua eficiência. Passa-se, assim, a entender que as prá-
ticas pedagógicas devem envolver os educandos, as suas necessidades e curio-
sidades e o contexto em que eles estão inseridos, para que o conhecimento seja
relevante.
18
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
19
EducaÇÃo Híbrida
FONTE: A autora
20
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
Outro ponto é o fato de que o modelo de ensino híbrido não ocorre durante a
aula, mas, sim, no planejamento. Como veremos ao longo de nossas discussões,
a adoção do ensino híbrido na instituição de ensino deve ser bem planejada. Al-
guns pontos de atenção incluem a identificação correta do público-alvo, a verifica-
ção constante da qualidade e da quantidade de conteúdo on-line e das atividades
que farão a integração entre o virtual e o presencial, de maneira a se complemen-
tarem e não se sobreporem.
O ensino híbrido trabalha a longo prazo, justamente por se tratar de uma me-
ta-estratégia que abre caminho para a criação e a implementação de outras. Não
é como o modelo SAMR (do inglês The Substitution Augmentation Modification
Redefinition Model, que significa “Substituição, Aumento, Modificação e Redefi-
nição”), que afere o impacto das atividades no desenvolvimento dos alunos, ou
o modelo TPACK (do inglês Technological Pedagogical Content Knowledge, que
pode ser traduzido como “Conhecimento Tecnológico Pedagógico do Conteúdo”),
que valoriza o conteúdo e a pedagogia, sendo modelos utilizados para problema-
tizar a ação docente diante do uso de tecnologias, ou seja, que são centrados na
decisão do professor.
Em um primeiro momento, vimos que o ensino híbrido, cujo conceito tem sido
muito debatido nos últimos anos, é uma metodologia ou um programa de edu-
cação, no qual os estudantes têm contato com o conhecimento, pelo menos em
parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante
sobre tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e, pelo menos em parte, em uma
localidade física supervisionada, fora de sua residência. Há sempre um compo-
nente “tradicional” agregado a um componente on-line.
21
EducaÇÃo Híbrida
Palhares, Silva e Rosa (2005) apontam que o vertiginoso aumento das tec-
nologias da comunicação e informação impulsiona o processo de mudança com-
portamental no Brasil e no mundo, e isso acontece porque os indivíduos envol-
vidos têm que se adaptar para se estabelecerem no mercado e/ou na vida, de
modo geral. Com isso, a valorização do conhecimento é ainda mais necessária,
pois as novas tecnologias produzem ferramentas que auxiliam na organização e
na disseminação de inúmeras informações.
22
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
tem que se adaptar a elas (PALHARES; SILVA; ROSA, 2005). No Brasil, a facili-
dade de comunicação já é visível, pois, entre as novas tecnologias da informação,
por exemplo, a internet já é uma forma habitual de comunicação, pois se estabele-
ce como uma importante fonte de informação e pesquisa.
23
EducaÇÃo Híbrida
A atribuição das novas tecnologias na educação não deve ser vista como o
grande advento educacional; não se deve atribuir um peso maior às tecnologias
ou considerá-las um simples passe de mágica ou, até mesmo, a solução para to-
dos os problemas da educação. A introdução de novas tecnologias na educação
deve estar acompanhada de uma consciência de mudança na concepção de en-
sino-aprendizagem atual.
Com isso, a escola deve estar capacitada para promover essa mudança e,
consequentemente, o professor deve estar preparado para atuar como mediador
do conhecimento, da criatividade e do progresso dos alunos. O professor é uma
peça-chave nesse processo, pois é a partir dessa consciência que a escola pode-
rá modificar seus modos de ensinar e ultrapassar a barreira do ensino massifica-
do para um efetivo ensino contemporâneo. As novas tecnologias podem auxiliar o
docente nesse novo papel assumido.
24
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
Para dar conta dessa modificação, é necessário que sejam feitas capacitações
sólidas para os docentes e que estes experimentem novas técnicas em suas práticas
pedagógicas e, assim, possam desenvolver práticas criativas e de incentivo. A escola
não deve oferecer modelos, mas, sim, caminhos para a mediação do conhecimento.
Negroponte (1995) ressalta que nossa sociedade tem muito menos crianças
incapazes de aprender e muito mais ambientes incapazes de ensinar do que per-
cebemos. Para o autor, o computador pode ajudar a mudar essa realidade, tor-
nando os professores mais capazes de chegar até as crianças com diferentes
estilos cognitivos e de aprendizado:
O mesmo ocorre quando o professor utiliza uma mídia e não tira o melhor
proveito de sua aplicabilidade, pelo não uso adequado de seus recursos para de-
terminada atividade. É necessário analisar se a tecnologia que propomos obterá
resultados favoráveis para o aprendizado do aluno, pois cada tecnologia tem uma
especificidade e necessita que seja atribuído o seu uso apropriado, uma vez que
podem ocorrer desvantagens no rendimento e no aproveitamento da ação.
Solicitar ao aluno que realize pesquisas na internet, sem agregar um senti-
25
EducaÇÃo Híbrida
Outro aspecto que podemos elencar é a forma como as mídias estão dis-
postas no contexto escolar. Manter computadores em laboratórios fechados ou
impossibilitar a utilização de internet, além de outras formas de negação, cria in-
satisfação por parte dos alunos e não contribui para a sua formação plena, assim
como os professores não devem fazer uso de vídeo e/ou programas educativos
para “enrolar” a aula. A utilização dessas ou de qualquer outra ferramenta de for-
ma indiscriminada gera insatisfação e faz com que se perca a verdadeira finalida-
de de sua utilização.
26
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
27
EducaÇÃo Híbrida
vídeo aos alunos e estes usem dispositivos móveis para anotar e realizar algumas
atividades ou avaliações. Para que uma prática pedagógica seja tida como prática
de ensino híbrido, é preciso, como já discutimos, que o on-line e o presencial se
complementem de forma clara para todos os atores. É, na realidade, preciso que
ocorra a “a integração das tecnologias digitais aos conteúdos trabalhados em sala
de aula, de forma que, mais do que enriquecer as aulas, seja possível oferecer di-
ferentes experiências de aprendizagem aos estudantes” (BACICH; TANZI NETO;
TREVISANI, 2015, p. 1).
28
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
29
EducaÇÃo Híbrida
30
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
Nesse sentido, a seleção das tecnologias conduz a escolha das mídias, dos ob-
jetos de aprendizagem e das linguagens a serem utilizadas pelos docentes no proces-
so de ensino-aprendizagem a distância, que são importantes para que os objetivos
estabelecidos sejam alcançados. Essa etapa é uma das especificidades do planeja-
mento de cursos híbridos ou a distância e, assim como a anterior, é diagnóstica, uma
vez que, ao elaborar o plano de mídias, são verificados os aspectos relacionados à
qualidade do processo pedagógico a ser implementado, o custo e as condições do
acesso tecnológico de todos os participantes do processo (CLEMENTINO, 2015).
31
EducaÇÃo Híbrida
Essas etapas ou passos são sugestões para viabilizar o ensino híbrido e po-
dem ser adaptadas de acordo com a realidade e o nível educacional. Entretanto,
são relevantes, porque, quando saímos do tradicional, é preciso que todas as situ-
ações tenham sido pensadas, estudadas e analisadas para:
32
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
33
EducaÇÃo Híbrida
através dos bons exemplos dados por outros indivíduos ou por comuni-
dades, constitui o caminho para a superação dos grandes problemas da
humanidade. Essa é uma ilusão que contém outra: esses grandes pro-
blemas existem como consequência de determinadas mentalidades.
3 O PROFESSOR NO ENSINO
HÍBRIDO
Muitos educadores, perplexos diante das rápidas mudanças na sociedade,
na tecnologia e na economia, questionam-se sobre o futuro de sua profissão e so-
bre as possibilidades de utilização dessas novas linguagens, oriundas do avanço
tecnológico dos meios de comunicação.
34
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
35
EducaÇÃo Híbrida
36
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
Devemos sempre considerar que o ato de ensinar não propicia apenas a apren-
dizagem dos conteúdos propostos, pois o professor parte de uma proposta de traba-
lho que visa não simplesmente à reprodução do conteúdo, mas a um processo de
ensino-aprendizagem que irá se traduzir para o estudante em discussões e experi-
mentações da própria realidade, estimulando a aprendizagem democraticamente, ou
seja, favorecendo diferentes tipos de aprendizagem (CALDEIRA; AZZI, 2003).
37
EducaÇÃo Híbrida
Krasilchik (2008) afirma que, para melhor exercer seu papel, é importante
que o professor busque entender como e por que os alunos aprendem, identi-
ficando a motivação destes, a fim de manter o interesse e a disposição para o
estudo e a elaboração do conhecimento. Desse modo, o professor passa a ser
um sujeito que reflete sobre o seu papel e inicia a comunicação, provocando e in-
centivando os educandos a buscarem os caminhos que levem ao conhecimento.
Fica claro que o professor precisa organizar situações de ensino-aprendizagem,
38
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
39
EducaÇÃo Híbrida
40
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
ficação clara dessas ações pode provocar mudanças, conduzindo a novas buscas
para soluções de problemas de ensino e de aprendizagem. Portanto, exercitando
o pensamento crítico sobre a sua ação, o professor pode elaborar novas estraté-
gias, adaptando-se às novas realidades.
Assim, para o ensino híbrido, é importante que o professor não tenha receio
de experimentar, experienciar e refletir, se possível, também de forma colaborati-
va, com seus pares e alunos, para a elaboração de novas e aprimoradas formas
de promover a aprendizagem. Finalmente, mas sem encerrar o assunto, podemos
indicar o planejamento como uma das habilidades docentes que devem ser ainda
mais aprimoradas no ensino híbrido.
41
EducaÇÃo Híbrida
42
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
43
EducaÇÃo Híbrida
44
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Hoje, sabemos bem mais sobre as diferentes formas de aprender; compre-
endemos que há inúmeras possibilidades de aprender, ao contrário do que os
educadores sabiam há um século. Está claro, para estudiosos e educadores, que
é necessário, para o desenvolvimento significativo da aprendizagem, que os re-
cursos pedagógicos sejam articulados de modo a gerarem processos ativos para
todos os atores colaborativos, interativos e contextualizados.
Assim, verificamos que o ensino híbrido vai muito além da mescla das práti-
cas do ensino presencial com as ferramentas e os recursos tecnológicos, inicial-
mente utilizados no ensino a distância, pois, para que ocorra a aprendizagem, é
importante a mobilização dos estudantes por meio de atividades que os contem-
plem de forma colaborativa, interativa e contextualizada.
45
EducaÇÃo Híbrida
qual deve existir uma troca de conhecimentos por meio da interação entre ambos
(professor-aluno).
46
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
REFERÊNCIAS
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (org.). Ensino híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
47
EducaÇÃo Híbrida
48
Capítulo 1 O QUE É ENSINO HÍBRIDO?
49
EducaÇÃo Híbrida
50
C APÍTULO 2
O ENSINO HÍBRIDO COMO
POSSIBILIDADE
52
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Como foi possível observarmos, o uso de diferentes tecnologias para a efe-
tivação da metodologia híbrida possibilita a incorporação de instrumentos e práti-
cas que favorecem tanto o desenvolvimento de diferentes atividades simultâneas,
cada uma com um objetivo específico, quanto de atividades presenciais combina-
das com outras on-line, realizadas em tempos e espaços distintos.
Hoje, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) orienta que, muito além
do acesso e da permanência na escola, é imprescindível que sistemas, redes e
escolas garantam a aprendizagem de todos os estudantes, estando, assim, nítida
a necessidade de afiançar os meios para a aquisição de um conjunto de aprendi-
zagens essenciais para a formação e o desenvolvimento integral do sujeito.
2.1 MICROAPRENDIZAGENS
Atualmente, denominamos de microaprendizagem (microlearning) a divi-
são do tema central da aula em subtemas a serem abordados nas estações de
aprendizagens, assim como a indicação de informações curtas e assimiláveis, as
53
EducaÇÃo Híbrida
2.2 MICROAMBIENTES
O ensino híbrido permite a concepção de múltiplos ambientes menores de
aprendizagem, como experimentos, jogos on-line, grupos orientados pelo profes-
sor/tutor, trabalhos individuais, estações de leitura e produção de conteúdos, blo-
gs para elaboração conjunta e colaborativa de textos e outras atividades, cada um
com objetivos, dinâmica, estratégias e avaliações bem definidos e independentes
(SUNAGA; CARVALHO, 2015).
2.3 TEMPO
Além do tempo síncrono e assíncrono para a realização das atividades, ou
seja, nem todos os alunos nem o professor precisam mais estar ao mesmo tempo
e no mesmo espaço para a concretização do processo de ensino-aprendizagem,
fica evidente que cada aluno possui seu próprio ritmo, alguns rápidos demais e
outros mais lentos. Aqueles que terminam primeiro devem ser encorajados a se-
rem tutores dos outros alunos, auxiliando-os em suas dificuldades. Além disso,
entender que o tempo é algo que deve ser dimensionado no planejamento das
atividades para o ensino híbrido é crucial para o docente (MORAN, 2015).
54
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
2.4 ESPAÇO
O conceito de espaço também foi transmutado com o advento das tecnolo-
gias para a comunicação. Hoje, as pessoas não precisam mais estar no mesmo
espaço físico para se comunicar ou para a realização de atividades didáticas com
um fim específico. No ensino híbrido, a partir da utilização da tecnologia, há uma
separação do professor e aluno no espaço e/ou tempo, o que não significa a au-
sência do professor.
Presencial Híbrido
Tempo: é realizado com Tempo: é realizado com muita
antecedência, mas as mudanças antecedência, para desenvolver
Planejamento/organização
55
EducaÇÃo Híbrida
FONTE: A autora
2.5 PRESENÇA
Atualmente, a presença não exclui distâncias e a distância não significa au-
sência, pois os meios de comunicação de massa e, mais recentemente, as mí-
dias digitais viabilizaram o conceito de presença mediada pela tecnologia. Desse
modo, utilizando, de forma correta, as tecnologias de informação e comunicação
hoje disponíveis, os professores podem estar presentes, mesmo que fisicamente
distantes, pois estar junto com o aluno durante o processo de aprendizagem é
muito mais importante do que estar apenas no mesmo espaço físico de uma sala
de aula, um auditório, uma escola ou uma faculdade.
2.6 DISTÂNCIA
A noção de distância, que não é necessariamente oposta à presença, é um
dos aspectos mais relevantes para a conceituação clássica de educação a distân-
cia (EAD). Entretanto, torna-se fundamental verificarmos esse conceito de forma
56
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
2.7 INTERAÇÃO
A interação refere-se à relação entre os interlocutores, os polos de comu-
nicação verbal ou não verbal, mediada ou não por tecnologias. De acordo com
Thompson (1998), existem tipos básicos de interação, conforme podemos obser-
var no Quadro 2.
57
EducaÇÃo Híbrida
2.8 INTERATIVIDADE
Interatividade é a possibilidade de interação flexível, de relação recíproca
dos interlocutores em uma situação de diálogo. De acordo com Silva (2006 apud
SILVA, 2010), os fundamentos nos quais a interatividade se baseia relacionam-se
em três fundamentos:
58
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
2.9 COLABORAÇÃO
A colaboração, no campo da educação, deve ser compreendida como o tra-
balho em conjunto para alcançar objetivos compartilhados de aprendizagem. A
partir de atividades/tarefas específicas, busca-se o desenvolvimento cognitivo e
social. Em cooperação, os indivíduos revelam seus conhecimentos potenciais e
desenvolvem novas potencialidades, articulando um processo constante de am-
pliação dos conhecimentos. Tecem novos olhares para a elaboração do conhe-
cimento e indicam outros caminhos para o processo de ensino-aprendizagem,
sinalizando uma perspectiva interessante de se repensar estratégias didáticas e
avaliativas. A colaboração propicia, ainda, uma orientação dialógica, que pressu-
põe inclusão e multiplicidade (MORAN, 2015).
59
EducaÇÃo Híbrida
60
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/young-woman-having-video-
conference-using-phone-an-7MLWKYE>. Acesso em: 20 jul. 2022.
61
EducaÇÃo Híbrida
62
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
FONTE: <https://www.impacta.com.br/blog/comunicacao-sincrona-e-
assincrona-comunicar-melhor-com-clientes/>. Acesso em: 20 jul. 2022.
63
EducaÇÃo Híbrida
64
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
65
EducaÇÃo Híbrida
2.12 GRUPOS
Independentemente do nível educacional, no ensino híbrido, é muito profícua
a organização de grupos para interação virtual e presencial. O desenvolvimento
tecnológico das últimas décadas facilitou a constituição de grupos de sujeitos li-
gados por vínculos não formalizados, com características comuns, formando as
comunidades virtuais. Esses grupos de pessoas interconectadas, utilizando um
computador e a internet como ferramentas de comunicação e interação, acaba-
ram por constituir as primeiras comunidades virtuais.
66
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
2.13 AVALIAÇÃO
O processo de avaliação representa um grande desafio para professores e
gestores, sobretudo quando assumimos uma concepção de avaliação que ultrapas-
sa a quantificação e a mensuração; assim, na educação mediada por tecnologias,
a avaliação ganha mais ferramentas de apoio à equipe pedagógica. O professor
deve saber se os objetivos daquela aula foram alcançados antes de seguir para os
próximos. Essas avaliações também devem ser utilizadas pelo professor para reor-
ganizar os grupos, de acordo com as necessidades individuais identificadas.
Agora que já entendemos alguns dos conceitos que permeiam o ensino híbri-
do, veremos como ele funciona, pois é preciso ir além da disponibilização de tec-
nologias e/ou recursos tecnológicos. Para que a metodologia híbrida se torne uma
abordagem efetiva, é necessário mudar, estabelecendo um novo olhar para as
tecnologias como recursos capazes de favorecer e potencializar a aprendizagem.
A partir desses fatores, podemos verificar alguns pontos de partida, mas não
todos, para a efetivação do ensino híbrido. Christensen, Horn e Staker (2013)
identificaram quatro modelos para serem trabalhados no ensino híbrido, que,
cabe destacar, não são rígidos e não apresentam um passo a passo a ser rigo-
rosamente seguido, ou seja, são adaptáveis de acordo com os objetivos de cada
disciplina ou curso, os problemas enfrentados, o público-alvo, o tipo de equipe, o
papel docente, o espaço físico, os dispositivos adotados, entre outros. Em quatro
formas do modelo de rotação, há a ressignificação do espaço da sala de aula sem
o rompimento da estrutura escolar já conhecida (VALENTE, 2014).
67
EducaÇÃo Híbrida
FONTE: A autora
A sala de aula invertida surgiu por volta de 2007, quando Jon Bergmann e
Aaron Sams (2016) começaram a inverter suas aulas. Nessa proposta, tempos e
espaços escolares se invertem e ganham novos significados com a rotação entre
a prática presencial, acompanhada pelo professor na escola, e a residência ou
outro local externo à escola, para a aplicação do conteúdo e de lições on-line. As-
sim, a apresentação dos conteúdos, antes realizada na sala, passa a ocorrer em
espaços fora da escola, mediados pela tecnologia digital.
68
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
O professor pode formular quantas estações desejar, uma vez que o pla-
nejamento desse tipo de atividade não é sequencial e as tarefas realizadas nos
grupos são, de certa forma, independentes, mas funcionam de maneira integrada
para que, ao final da aula, todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos
mesmos conteúdos, com o mesmo tempo para análise e realização das ativida-
des. É importante, convém destacar, a valorização de momentos em que os alu-
nos possam trabalhar de modo colaborativo e aqueles em que possam fazê-lo
individualmente (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015, p. 84).
69
EducaÇÃo Híbrida
70
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
de rotação individual que ocorra durante toda a aula ou como estratégia exclusiva.
Na realidade, essa proposta é uma das estratégias de personalização do ensino,
mas que não impede a realização das demais.
71
EducaÇÃo Híbrida
72
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
O docente, com base nas diretrizes adotadas pela instituição, prepara as ati-
vidades a partir de dois ou mais quadrantes, para concretizar o modelo híbrido,
ajustando alternativas pedagógicas, conforme a estratégia de aprendizagem sele-
cionada. Em seu percurso de aprendizagem, um aluno, por exemplo, pode passar
por todos os quadrantes híbridos. Nos quadrantes virtuais, acontece a assimila-
ção e a discussão teórica do conteúdo e, nos momentos presenciais, as ativida-
des práticas.
A partir dos modelos apresentados, que devem ser tidos como sugestões e
pontos de partida para novas experiências de ensino híbrido, podemos observar
que a personalização e a autonomia do aluno são características comuns. Assim,
na metodologia híbrida, fica claro que o aluno desenvolve um percurso mais in-
dividual e participa em alguns momentos de atividades colaborativas em grupo.
Com a pandemia, ficou clara a necessidade de adaptação do ensino presencial
para um sistema que agregue as tecnologias, a partir de orientações via platafor-
mas adaptativas com roteiros semiestruturados (MORAN, 2015).
Agora que já sabemos o que é ensino híbrido e alguns dos modelos possí-
veis, que tal testarmos nossos conhecimentos em uma trilha de ensino híbrido?
73
EducaÇÃo Híbrida
O uso cada vez mais disseminado das novas tecnologias desenhou, nas úl-
timas décadas, um cenário de desafios e pressões para a escola. As tecnologias
digitais de comunicação e informação (TDCI), sobretudo o computador e o acesso
à rede, estão presentes nas atividades de ensino realizadas nas escolas de todos
os níveis, que, em alguns casos, vêm pela conscientização da importância educa-
tiva que esse novo meio possibilita, mas, em outros, são adotadas pela pressão
externa da sociedade, dos pais e da comunidade. No entanto, na maioria das
instituições, elas são impostas como estratégia comercial e política, sem as ade-
quadas reestruturações, sem reflexão e sem a devida preparação do quadro de
profissionais que ali atuam (KENSKI, 2004).
74
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
75
EducaÇÃo Híbrida
76
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
77
EducaÇÃo Híbrida
78
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
4 ESTRATÉGIAS, RECURSOS E
DISPOSITIVOS PARA O ENSINO
HÍBRIDO
Como abordado anteriormente sobre o conceito de ensino híbrido, este sem-
pre esteve presente na educação, mesmo quando ainda não falávamos em tecno-
logias na educação.
79
EducaÇÃo Híbrida
FONTE: A autora
80
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
O sistema Plato foi muito difundido e durou quase 40 anos, contribuindo para
a elaboração de conceitos e práticas, hoje, muito comuns, como fóruns, painéis
de mensagens, testes on-line, e-mail, salas de chat, compartilhamento de tela re-
mota e jogos multiusuários. Mesmo tendo iniciado antes da difusão da internet,
esse sistema já permitia a comunicação em redes privadas.
81
EducaÇÃo Híbrida
82
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
83
EducaÇÃo Híbrida
Entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, ocorreram os primeiros
credenciamentos oficiais de instituições de ensino superior para a oferta de cur-
sos na modalidade a distância (TORRES; VIANNEY, 2004). Em 2002, foi compos-
ta pelo MEC, por meio da Portaria nº 335, de 6 de fevereiro de 2002, a Comis-
são Assessora para Educação Superior a Distância, designada para a análise e a
elaboração das “normas que regulamentam a oferta de educação a distância no
nível superior e dos procedimentos de supervisão e avaliação do ensino superior
a distância” (BRASIL, 2002, p. 4).
84
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
Em 2008, foi criado primeiro curso nesse formato, por George Siemens, Ste-
phen Downes e Dave Cormier, que conectaram apresentações por webinar (um
tipo de videoconferência pela web), posts em blogs, tweets e uma comunidade
de prática com cerca de 2.000 participantes. O sucesso desse curso levou a uma
explosão de MOOCs criados por instituições de ensino do mundo inteiro, por meio
de portais como Coursera, edX, entre outros, configurando, assim, uma verdadei-
ra mudança de poder e uma reorganização das relações de aprendizagem (HEN-
RIQUES, 2014).
85
EducaÇÃo Híbrida
86
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
Característica Descrição
Aprendizagem Significativa, cooperativa, participativa e dinâmica
Processos de Motivação de alunos e professores.
aprendizagem Compartilhamento do conhecimento adquirido.
Consciência e controle dos próprios mecanismos de
aprendizagem.
Professores múltiplos Professor provedor: transmite informações e
conteúdos.
Professor modelo: ilustra comportamentos,
atitudes e habilidades.
Professor treinador: verifica o que os alunos
devem fazer, quando e como.
Professor tutor: fixa as metas, direciona os
procedimentos e permite que os alunos organizem
sua própria prática.
Professor assessor: permite que os alunos
estabeleçamos objetivos e planejem suas
aprendizagens.
87
EducaÇÃo Híbrida
88
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
É importante notar que grande parte dos AVAs disponíveis no mercado hoje
combinam a tecnologia interativa, voltada para a relação existente entre o emissor
(quem emite a mensagem) e o receptor (quem recebe a mensagem), compilando
e decodificando os conteúdos, de acordo com a sua cultura e a forma como in-
teragem, e a tecnologia colaborativa, que tem como objetivo facilitar a interação
entre os atores do processo de ensino-aprendizagem.
89
EducaÇÃo Híbrida
90
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
91
EducaÇÃo Híbrida
Microsoft
Teams; Meet;
Zoom
92
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
Paper.li
Socrative Considerando que notebooks, tablets e smartphones estão
presentes na sala de aula, essa ferramenta permite tirar
um melhor proveito das aulas por meio de jogos, tarefas e
exposições interativas entre dispositivos.
Poll Everywhere Permite criar rápidas enquetes com votações instantâneas
via Twitter, SMS e outras ferramentas.
Quizlet Ferramenta de criação de questionários e resumos, que
permite interatividade e engajamento por meio de jogos
e modelos gamificados. O docente pode elaborar suas
avaliações e compartilhar com seus alunos, utilizando
conteúdos prontos ou totalmente personalizados. Com
recursos ao vivo e off-line em celular, computador e tablet, é
uma ótima alternativa para fazer revisão de conteúdo.
Adobe Ferramenta para a criação de conteúdo responsivo e
Captivate interativo. Permite que os professores atualizem os
storyboards de conhecimento dos elementos do ensino e os
publiquem para visualização na nuvem, sem que nenhum
aplicativo ou software adicional seja necessário.
93
EducaÇÃo Híbrida
94
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
FONTE: A autora
95
EducaÇÃo Híbrida
96
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Não vivemos em um tempo em que tecnologia e sala de aula são conceitos
rivais – ao contrário, devem ser percebidos como partes de um mesmo conjunto,
que visa a atender aos estudantes na elaboração do conhecimento. Atualmente,
empregar ferramentas educativas em sala de aula melhora o engajamento e faci-
lita a execução de tarefas, como a resolução de provas e contato com os alunos.
97
EducaÇÃo Híbrida
REFERÊNCIAS
ABED – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
Competências para educação a distância: matrizes e referenciais teóricos. São
Paulo: ABED, 2012.
98
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
99
EducaÇÃo Híbrida
TecnologiaIntera%C3%A7%C3%A3oColabora%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso
em: 14 fev. 2022.
LÉVY, P. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34,
1999.
100
Capítulo 2 O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE
101
EducaÇÃo Híbrida
102
C APÍTULO 3
IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO
HÍBRIDO NA ESCOLA
104
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Convém atentar para o desafio de se encarar a questão da inovação no cam-
po educacional e, particularmente, a inovação tecnológica na gestão escolar e na
sala de aula, desde uma perspectiva que venha abarcar os atores ou os sujeitos
envolvidos no processo. Também os interesses e objetivos, às vezes, conflitantes,
devem ser levados em conta.
105
EducaÇÃo Híbrida
neo (2003) afirma que a essência do que acontece nas escolas está relacionada
com a qualidade e a eficácia da aprendizagem de seus alunos. Com esse objetivo
em mente, são elaborados os projetos pedagógicos, os planos de ensino, os cur-
rículos e os processos de avaliação.
Outra ideia que Libâneo (2003) apresenta a esse respeito refere-se ao apren-
der a pensar e ao aprender a aprender. O papel do ensino, em qualquer nível, é
ajudar o aluno a aprender, desenvolvendo habilidades de pensamento e levando-
-o a identificar os procedimentos necessários para aprender. Para ressaltar isso,
o autor lembra que a metodologia de ensino não diz respeito exclusivamente às
técnicas de ensino, mas a como o professor ajuda o aluno a pensar com os instru-
mentos conceituais e os processos de investigação da ciência que são ensinados
pelo professor.
106
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
107
EducaÇÃo Híbrida
108
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
109
EducaÇÃo Híbrida
Entre o final da década de 1990 e o princípio dos anos 2000, em virtude do rápi-
do desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC),
era latente a ideia de que viveríamos na “sociedade da informação”. Nesse contexto,
existia a crença na utopia de que as tecnologias poderiam amparar a educação, no
que se referia à qualidade (TEDESCO, 1998). Era clara, para boa parte dos educa-
dores, a importância das tecnologias da informação no processo de aprendizagem,
porém, eles não consideravam que as mensagens transmitidas por essas novas fer-
ramentas deveriam encontrar respaldo nas referências que os alunos possuíam.
Inovação não pode ser considerada um simples ato de trazer ou fazer algo
novo: “a inovação não vale por si só, depende do conteúdo da inovação”. A ino-
110
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
Como indica o professor Marcos Masetto (2012, p. 26), para que as práticas
pedagógicas sejam realmente inovadoras, é necessária “a flexibilização curricu-
lar que permita repensar disciplinas, conteúdos, metodologia, avaliação, tempo e
espaço de aprendizagem”. A inovação compreende um novo currículo, o plane-
jamento, as estratégias de ensino, os recursos didáticos, o desenvolvimento do
conteúdo, a relação teoria e prática, os propósitos do processo de ensino-aprendi-
zagem e a forma de avaliar (WIEBUSCH; LIMA, 2018).
111
EducaÇÃo Híbrida
Da educação à aprendizagem
Antigo paradigma Novo paradigma
Apenas instalações físicas (prédios Sala de aula física e ciberespaço
escolares)
Frequência obrigatória e horário rígido Conveniência de local e hora
Ensinar Aprender a aprender
Currículo mínimo, disciplinas Conteúdos significativos e flexíveis
obrigatórias e pré-requisitos
Unidisciplinaridade Inter, multi e transdisciplinares
Transmissão do conhecimento Aprendizagem coletiva
Educação formal Educação não formal
Formação com duração prefixada Formação ao longo da vida
Aprendizagem de conteúdos Aprendizagem aberta e flexível
Economia de bens e serviços Economia do conhecimento
Professor Orientador de aprendizagem
Avaliação quantitativa Avaliação qualitativa
Diploma/certificado Satisfação de aprender
FONTE: Adaptado de Formiga (2008)
112
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
A aplicação das NTIC em sala de aula implica vários aspectos que podem
tornar a sua inserção uma atividade pouco produtiva e ineficaz. Para que a escola
possa integralizar as mídias com critério e aproveitamento, tornam-se necessárias
a contemplação e a análise de alguns aspectos, para que ocorra de forma abran-
gente e contribua efetivamente para a construção do conhecimento.
O mesmo ocorre quando o professor utiliza uma mídia e não tira o melhor pro-
veito de sua aplicabilidade, pela não utilização adequada de seus recursos para de-
terminada atividade. É necessário analisar se a tecnologia que propomos obterá os
resultados favoráveis para o aprendizado do aluno, pois cada tecnologia tem uma
especificidade e necessita que seja atribuído o seu uso apropriado, uma vez que
podem ocorrer desvantagens no rendimento e no aproveitamento da ação.
113
EducaÇÃo Híbrida
Um outro aspecto que podemos elencar são as formas como as mídias estão
dispostas no contexto escolar. Manter computadores em laboratórios fechados ou im-
possibilitar a utilização de internet, além de outras formas de negação, cria insatisfa-
ção por parte dos alunos e não contribui para a sua formação plena, assim como os
professores não devem fazer uso de vídeo e ou programas educativos para “enrolar”
a aula. A utilização dessas ou de qualquer outra ferramenta de forma indiscriminada
gera insatisfação e faz com que se perca a verdadeira finalidade de sua utilização.
Para muitos, essa interação não deixa de ser precária, pois nela o encontro
de intersubjetividades fica comprometido pela intermediação dos aparatos tecno-
lógicos, pelo seu caráter de reciprocidade indireta. Diante dessa crítica, alguns
estudiosos reforçam exatamente a necessidade da interatividade, pois a interação
humana, que, na educação híbrida, passa por uma mediação tecnológica mais
explícita, seria complementada em suas limitações pela exigência de uma intera-
tividade maior do estudante.
114
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
Essa relação dialógica entre sujeitos, que se fazem presentes por meio de
recursos de digitais, deve também ser estendida aos textos ou materiais disponi-
bilizados, pois não se trata, no processo educacional, de se garantir, na interativi-
dade, o mero acesso a conteúdos ou o consumo de informações.
115
EducaÇÃo Híbrida
116
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
117
EducaÇÃo Híbrida
Nesse sentido, para além de refletir e trazer a inovação para a escola, é im-
prescindível fazer a gestão dessa inovação.
118
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
Visão
Propósito
Permissão
Liderança Rotina
Urgência
Escolhas
Humildade
Clareza
Demonstração
Campeões
Comunicação
Engajamento
Transparência
Frequência
Equipe
Alocação de recursos Tempo
Recursos financeiros
Estruturas leves
Estruturas e processos Reforço de processos
Hábitos
119
EducaÇÃo Híbrida
Conhecimentos e competências
Capacidade Habilidade para executar
Suporte
Orientação
Diretrizes institucionais Valorizar as entregas e remover barreiras
Incentivos alinhados
Hipóteses mensuráveis
Agenda de Prototipagem rápida
aprendizagem Medição dos progressos
Gestão da mudança
FONTE: Adaptado de Sathler (2016)
120
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
3 PERSONALIZAÇÃO DO ENSINO
Antes de discutirmos a fundo a questão da personalização do ensino, que,
como visto, é uma das principais vantagens do ensino híbrido, é importante com-
preendermos a diferença entre personalização, individualização e diferenciação.
A diferenciação, por sua vez, tem como ponto de partida um grupo de alu-
nos com objetivos comuns. Assim, as atividades e as discussões, que podem ser
síncronas ou assíncronas, são focadas nas necessidades do grupo, o que permite
que, em uma mesma sala, o professor tenha conjuntos de estudantes envolvidos
em tarefas distintas, por ele idealizadas e orientadas. “Nessa abordagem, o pro-
fessor planeja suas aulas em função dos grupos, dos quais a formação pressu-
põe habilidades homogêneas inevitavelmente” (LIMA JÚNIOR; SILVA, 2021, p. 8). A
avaliação é usada para facilitar a aprendizagem, uma vez que os feedbacks, dados
pelos professores, ajudam os alunos a avançarem na elaboração conhecimento.
121
EducaÇÃo Híbrida
A personalização, ponto que iremos tratar mais adiante, tem como início a
valorização das competências e habilidades dos alunos, a partir das observações
dos professores e dos relatórios que podem ser extraídos do AVA, de acordo com
as atividades propostas e realizadas.
Assim, na personalização, com o aluno como centro, este segue seu próprio
percurso educacional, após terem sido selecionadas as metodologias de apren-
dizagem; decide o que, quando e como aprender; analisa suas preferências em
termos de aprendizagem; pratica a meta-aprendizagem; e identifica seus objeti-
vos de aprendizagem; precisa da tecnologia e também do professor como mentor.
Atores Avaliação
Individualização Professor/aluno Verificação da aprendizagem
Diferenciação Professor/grupo de alunos Avaliação busca facilitar a
com interesses comuns aprendizagem
Personalização Professor/aluno ou grupo Verifica as competências
de alunos e as habilidades
desenvolvidas ou
aprimoradas
FONTE: A autora
122
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
123
EducaÇÃo Híbrida
FONTE: A autora
124
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
125
EducaÇÃo Híbrida
Assim, o ensino personalizado pode ser tido como uma concepção de educa-
ção, que agrupa maneiras diferentes de conceber o processo de ensino-aprendi-
126
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
zagem, uma vez que busca potencializar as formas de ensinar e de aprender, por
meio de quaisquer recursos que possam contribuir para esse fim.
127
EducaÇÃo Híbrida
128
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
129
EducaÇÃo Híbrida
A partir de uma atuação sistemática do corpo docente, grande parte dos am-
bientes disponíveis no mercado, hoje, podem oferecer aos estudantes:
130
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
• simulados;
• correção de atividades on-line;
• avaliações diversificadas e personalizadas.
131
EducaÇÃo Híbrida
132
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
133
EducaÇÃo Híbrida
134
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
135
EducaÇÃo Híbrida
fim político da ação educativa crítica é trabalhar no sentido de que todos os cida-
dãos tenham acesso e permanência no processo escolar, sendo-lhes garantida
uma aprendizagem satisfatória e significativa dos conteúdos científicos e culturais,
sistematizados por meio de currículos. Todo o cidadão tem direito de acesso às
habilidades e aos conhecimentos necessários para se viver bem em sociedade.
É com base nessa defesa que os planos escolares são escritos, ou seja, os
termos descritos anteriormente devem aparecer em quaisquer projetos político-
-pedagógicos ou planos de ensino, porém, resta-nos saber se os educadores têm
consciência do que essas palavras significam na prática. Ter consciência desses
pressupostos envolve investimentos em educação, e não somente de ordem fi-
nanceira, mas também intelectual, cultural, social e individual.
É preciso que, tanto a sociedade como os educadores, por meio de sua atu-
ação profissional, estejam atentos ao fato de que cada cidadão, como educando,
necessita desenvolver-se e tornar-se independente, para que, individual e coleti-
vamente, da maneira mais satisfatória possível, possa viver democraticamente.
Nesses princípios, estão os fins da prática educativa.
136
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
137
EducaÇÃo Híbrida
138
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
O ensino híbrido, mais do que uma receita pronta de sucesso, se refere às con-
dições e às necessidades de cada instituição, de cada nível de ensino, e pode abran-
ger conjuntos diferentes de ideias, soluções e recursos.
139
EducaÇÃo Híbrida
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________.
140
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
As tecnologias disponíveis para uso do professor em sala de aula ou aplicação
de alguma outra atividade proporcionam múltiplas possibilidades de criação, inventi-
vidade e são fonte de produção de novas formas de abordagem de determinado as-
sunto ou disciplina. Para tanto, os professores devem estar capacitados para utilizar
as ferramentas de modo consciente, podendo propiciar, com o grupo, várias possibili-
dades de uso e exploração para um determinado fim.
141
EducaÇÃo Híbrida
REFERÊNCIAS
AGBONLAHOR, R. O. Motivation for Use of Information Technology by University
Faculty: a developing country perspective. Sage Publication, v. 22, p. 263-277,
2006.
142
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
DEMO, P. Rupturas urgentes em educação. Ensaio: aval. pol. publ. Educ., Rio
de Janeiro, v. 18, n. 69, p. 861-872, out./dez. 2010. Disponível em: https://www.
scielo.br/j/ensaio/a/k7sSZqCJP4Jdkf7hFbyqBHB/?lang=pt&format=pdfAcesso em
12 mar. 2022.
ENTREVISTA com Paulo Freire. São Paulo: TV PUC, abr. 1997 (5 min).
Publicado na TV PUC de São Paulo, pelo canal lariarten. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=b13IVF0JhXs. Acesso em: 11 mar. 2022.
143
EducaÇÃo Híbrida
TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman,
2008.
144
Capítulo 3 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DO ENSINO HÍBRIDO NA ESCOLA
145