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RESUMO: Apresenta-se, neste artigo, uma sequência didática que propõe estratégias de ensino
dissemelhantes da concepção tradicional, em que o estudante é o construtor do conhecimento
enquanto o professor é o responsável pela mediação entre o aluno, a tecnologia e o saber, haja
vista que o aluno é entendido como um ser produtivo e interativo em seu meio social. Para além
disso, destaca-se as novas percepções que surgem de novas práticas sociais a partir da leitura e
da escrita em ambientes propícios para os gêneros digitais, devido ao avanço da tecnologia da
informação possibilitar a constituição de ferramentas que podem ser utilizadas pelos
professores em sala de aula. Assim, a intenção é que o Twitter seja um canal de ensino dos
fatores de textualidade, especificamente da coesão e da coerência, a fim de propor uma
estratégia baseada em uma sequência mais dinâmica de ensino.
1 INTRODUÇÃO
Nesse sentido, o problema não está em ensinar a norma-padrão, mas sim em ensinar as
variedades sem ter consciência dos seus objetivos, ou seja, sem haver uma reflexão de aspectos
metodológicos e da prática da língua no dia a dia.
Além disso, a sociedade contemporânea está marcada pelos avanços das tecnologias, o
que se reflete nos tipos de atividades propostas em sala de aula e, por conseguinte, um duplo
desafio para a educação: adaptar-se a esses avanços tecnológicos e orientar o caminho de todos
para o domínio e a apropriação crítica desses novos meios.
O avanço das tecnologias de pesquisa possibilitou a constituição de ferramentas que
podem ser utilizadas pelos professores em sala de aula, o que permite maior disponibilidade de
informação e recursos para o educando, tornando o processo educativo mais dinâmico, eficiente
e inovador.
Por essa razão, é de suma importância que os professores estejam atentos aos meios de
comunicação, a fim de proporcionar aos seus alunos vivências com as tecnologias educacionais
e, consequentemente, desenvolver habilidades linguísticas com o apoio do espaço virtual.
Tendo isso em vista, este trabalho parte do seguinte questionamento: levando em
consideração a rede social Twitter, de que forma o gênero discursivo tweet pode auxiliar no
ensino dos fatores da textualidade, em especial, a coesão e a coerência?
De acordo com essa perspectiva e o fato de que as linguagens se integram para a
construção dos sentidos, este trabalho busca propor estratégias de ensino que fogem da
concepção tradicional, visando à importância de entender o aluno como um ser mais produtivo,
bem como a língua sob a perspectiva interacional, além de incentivar os alunos a associar o seu
meio social com o conteúdo de sala de aula.
Nesse sentido, será desenvolvida uma sequência didática com foco nas estratégias de
ensino dos fatores de textualidade, especificamente a coesão e a coerência a partir da rede social
3
Twitter, mais especificamente do gênero discursivo tweet4, para alunos do 2º ano do ensino
médio.
Levando em conta o estudo das propostas tradicionais de ensino de língua portuguesa,
que procura, muitas vezes, definir os conceitos lógico-semânticos a partir de textos literários
com sintaxe altamente complexa, sem nenhuma finalidade prática, desconsiderando as
possíveis dificuldades da matéria, a ideia é que a rede social Twitter seja um canal de ensino
dos fatores de textualidade, especificamente da coesão e coerência, com o intuito de propor uma
estratégia baseada em uma sequência de atividades mais dinâmica de ensino.
Texto pode ser compreendido como uma manifestação da linguagem, uma produção
verbal ou não verbal que, por meio de ações linguísticas e sociocognitivas, constrói objetos de
discurso e propostas de sentido ao operar escolhas significativas entre as múltiplas formas de
organização textual. Dentre as diversas possibilidades de seleção lexical de que a língua dispõe,
faz-se necessária a presença da coesão e da coerência para que se tenha uma relação lógica das
ideias e, por conseguinte, a compreensão do enunciado (KOCH; ELIAS, 2017).
Para Koch (2002), a coesão é entendida como elemento fundamental para a construção
e efetivação da produção textual-interativa, uma vez que através dela as palavras e as expressões
descritas no texto se conectam dentro de uma sequência, isto é, a relação semântica entre os
elementos do texto é essencial para a interpretação.
Segundo Antunes (2005), a coesão ocorre na propriedade pela qual se cria e apresenta
toda espécie de ligação, que dá ao texto unidade de sentido, se reconhece um tipo de
continuidade e que se constitui a normalidade de textos com os quais interagimos. A autora
ainda define a função de coesão como:
Criar, estabelecer e sinalizar os laços que deixam os vários segmentos do texto ligados,
articulados, encadeados. Reconhecer, então, que um texto está coeso é reconhecer que
suas partes — como disse, das palavras aos parágrafos — não estão soltas,
fragmentadas, mas estão ligadas, unidas entre si. (ANTUNES, 2005, p. 47)
Percebe-se, então, que a coesão é formada por relações que se criam no texto, sendo
essas de natureza semântica — sentido do texto — e dissemelhantes no tipo de nexo que
promovem.
Segundo Koch & Travaglia (2000) “a coerência é algo que se estabelece na interação,
na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários”. A coerência, para os
autores, está no processo que coloca texto e usuários em relação numa situação pautada na
multiplicidade de elementos linguísticos, discursivos, cognitivos, culturais e interacionais, que
contribuem não só para o entendimento do texto, mas também promovem a formação de uma
cadeia de ideias que necessitam do conhecimento de mundo, inferências, fatores de
contextualização, informatividade, focalização, intertextualidade, intencionalidade e
aceitabilidade e, por fim, a consistência e a relevância – ordem dos integrantes essenciais da
coerência.
Além disso, o autor também apresenta a ideia de gênero alicerçada em três pilares:
Conteúdo (temático), no qual Bakhtin (2003), ao refletir sobre a vontade preeminente do
falante que consiste na escolha de um certo gênero de discurso, afirma que esta escolha é
“determinada pela especificidade de um dado campo da comunicação discursiva, por
considerações semântico-objetais (temáticas), pela situação concreta da comunicação
discursiva, pela composição pessoal dos seus participantes, etc.” (BAKHTIN, 2003, p. 282);
Estilo verbal, abordado por dois prismas: um voltado para a individualidade do sujeito (estilo
individual), o outro para as práticas de linguagem, das quais a coletividade participa,
garantindo-lhe certa estabilidade (estilos de gênero); Construção composicional definida
como “determinados tipos de construção do conjunto, de tipos do seu acabamento, de tipos
da relação do falante com outros participantes da comunicação discursiva – com os ouvintes,
os leitores, os parceiros, o discurso do outro, etc.” (BAKHTIN, 2003, p. 266).
Logo, percebem-se dois traços presentes na composição dos gêneros: por um lado,
tendem a uma relativa estabilidade nas práticas sociais, através de sua “unidade genérica”;
por outro, apresentam uma tendência natural a inovar, a fim de se adaptar à demanda
comunicativa, em que os gêneros se evidenciariam como um sistema que permitiria
interpretar o agir humano em situações de comunicação.
6
Segundo Ribeiro (2018), a cultura digital é algo que está em nosso meio desde o
surgimento dos computadores e da internet, sendo posteriormente um grande auxílio para os
docentes no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que as tecnologias digitais, ainda que
com alguns desafios, permitem ao educador oportunizar o ensino de forma mais dinâmica e
eficiente, através de novas ferramentas sonoras e visuais, assim como outras técnicas no
processo de escrita e leitura, haja vista que com o desenvolvimento tecnológico novos gêneros
são adaptados ou criados no intuito de dar suporte a essas tecnologias.
Sendo assim, a internet é vista como um espaço emergente de novas tecnologias digitais
que proporciona um novo processo de produção e compreensão textual, haja vista o surgimento
de novas redes e informações produzidas, permitindo manifestar-se uma nova inteligência
coletiva, uma nova forma de interação e de leitura através de hipertextos e de seus links.
5 Hipertexto designa um processo de escrita/leitura não sequencial e não linear, que permite ao leitor virtual o
acesso praticamente ilimitado de outros textos de forma instantânea, através de links que levam a outras páginas
na construção do conhecimento.
7
Por isso, são necessárias propostas de ensino que deem aos estudantes o acesso a
saberes sobre o mundo digital e a práticas da cultura digital, uma vez que sua utilização na
escola não só viabiliza maior apropriação técnica e crítica desses recursos, como também é
determinante para uma aprendizagem significativa e autônoma pelos estudantes,
potencializando novas construções de sentidos.
3 O TWITTER
O Twitter é uma rede social criada em 2006 por quatro sócios visionários do Vale do
Silício (Estados Unidos), que simula um microblog pessoal. O termo Twitter significa “uma
pequena explosão de informações”, tendo como principal objetivo aproximar todos os usuários
— independentemente de serem empresas, pessoas famosas ou anônimos.
Segundo matéria publicada pelo site Folha de São Paulo8, um porta-voz da rede social
relatou que o público, em geral, chegou a 238 milhões de usuários ativos diariamente no
segundo trimestre de 2022. Atrelado a isso, o site Canaltech — um site de tecnologia, com
informações sobre jogos eletrônicos, notícias, entrevistas, análises de aparelhos móveis, dicas,
tutoriais e aplicativos —, reproduziu um dado revelado pelo Twitter, no qual menciona que
85% dos usuários usam a plataforma para se informar. Na prática, essas pessoas abrem o site
ou o aplicativo no mínimo uma vez por dia para saber quais as notícias do momento.
Dessa forma, essa rede social se tornou um espaço para compartilhar momentos, fatos
que estão acontecendo em tempo real, eventos que a televisão está transmitindo, memes e até
mesmo conteúdo pessoais, tendo como um canal de comunicação as direct messages ou DMs
6 É a palavra utilizada para descrever uma rede, ou seja, um grupo de pessoas conectadas – nesse caso, ligadas por
interesses profissionais.
7 O termo “caracteres” corresponde ao conjunto total de uma representação escrita, pela soma de cada
elemento individualmente, ou seja, a reunião de cada número, símbolo, letra do alfabeto, sinal de pontuação etc.
8 A matéria foi publicada por Sheila Dang, em 25 de outubro de 2022, e pode ser acessada através do link:
https://www1.folha.uol.com.br/tec/2022/10/twitter-esta-perdendo-seus-usuarios-mais-ativos-mostram-
documentos-internos.shtml
10
(mensagens diretas), uma opção de mensagens privadas que podem ser enviadas aos followers
(seguidores), conforme exemplo mostrado na imagem a seguir:
9 Algoritmo é um rankeamento baseado em uma rede neural de 48 milhões de parâmetros, à qual é otimizada para
atrair engajamento positivo (tipo likes, retweets e respostas), e aplicar uma "nota" para cada tweet a partir da
probabilidade de engajamento entre o usuário e aquele conteúdo. (https://nucleo.jor.br/).
10 A cerquilha é o símbolo que deve ser inserido antes da palavra ou expressão para que o usuário encontre as
Entendendo a rede social como uma grande ferramenta de interação e expostas suas
principais funcionalidades no dia a dia, será proposta uma sequência didática (SD), a fim de
possibilitar o ensino dos fatores de textualidade, em especial, a coesão e a coerência, a partir do
Twitter.
4 SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Desse modo, para que a realização da sequência ocorra, é importante que o docente se apoie
nos princípios teóricos subjacentes ao procedimento, como a estrutura base de uma sequência
didática: apresentação da situação, isto é, a dimensão do gênero a ser trabalhado; a produção
inicial dos alunos acerca do tema; os módulos que tratam os problemas pertencentes à primeira
produção, assim como sua possível resolução e, por fim, a produção final.
12
Nesse processo, os autores também ressaltam os princípios teóricos, que são as escolhas
pedagógicas e linguísticas, bem como a modularização e a diferenciação do trabalho oral e
escrito, visando ao ensino e à elaboração progressiva de unidades linguísticas, uma vez que a
sequência didática aponta para a criação de uma rotina como uma possibilidade para organizar
o trabalho pedagógico da sala de aula e como forma de articular as ações, os procedimentos e
as técnicas necessárias para atingir os objetivos.
Tendo isso em vista, Dolz e Schneuwly (2004) destacam também a organização do tempo
pedagógico que visa distribuir as atividades aplicadas, assegurando que sejam aproveitadas e
corretamente avaliadas, sendo importante refletir acerca de cada etapa e de sua duração.
Na primeira aula, será iniciado o estudo ou revisão sobre o conceito de coerência para
os alunos, evidenciando os fatores nos quais ela se estabelece: a intenção comunicativa, o
conhecimento de mundo e o contexto de interação. Nesse sentido, destaca-se que a coerência
deve ser entendida como uma unidade do texto, isto é, um conjunto harmônico, no qual todas
as partes de encaixam e se complementam, de modo que não haja nada contraditório ou
desconexo, segundo Platão e Fiorin (1996) apud Silva (2018). Para que o aluno consiga
compreender com mais clareza o que está sendo explanado, a ideia é que o professor leve um
13
Professor,
Texto 1- Análise da coerência os textos escolhidos são
apenas sugestões. Pode ser
que em sua localidade haja
Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados um texto que faça mais
com as legítimas causas populares, os jornais, na semana passada, sentido e, sem dúvida, a sua
noticiaram casos de corrupção comprovada, praticados por um político utilização será muito
proveitosa. O que é de suma
eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo não sabe escolher seus importância, nesse primeiro
governantes. momento, é que você leve
Platão e Fiorin, 1996, pág. 268 apud Silva, 2018, p. 26 para sala um texto base com
uma linguagem de fácil
entendimento, a fim de que
Nesse trecho, o professor pode perguntar aos alunos em que o aluno compreenda o
ponto(s) perceberam a incoerência e pedir que reescrevam o trecho conceito e perceba a
funcionalidade da coerência
fazendo as alterações necessárias, a fim de torná-lo coerente.
textual.
Fonte: http://professormarcoscortinovis.blogspot.com/2012/08/exercicios-coesao-e-coerencia.html.
Acesso em: 12 de nov. de 2022.
É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a produção
agrícola. É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre prisioneiros
de guerra. Em vista disso, a pacificação das fronteiras fez diminuir consideravelmente a
população escrava. Como o sistema não podia prescindir da mão de obra escrava, foi necessário
encontrar outra forma de manter inalterada essa população.
Fonte: Platão e Fiorin, 1996, p. 271 apud Silva, 2018, p. 30
Professor, peça que os alunos façam novamente uma leitura individual para, então, realize a
leitura em voz alta das perguntas orientadoras:
Professor, deixe claro que os enunciados desse texto não estão amontoados
aleatoriamente, mas sim interligados entre si.
Depois, apresente aos alunos os traços coesivos presentes nesse texto, por exemplo:
▪ A palavra ainda no primeiro parágrafo serve para dar continuidade ao que foi dito
anteriormente;
▪ O segundo parágrafo inicia-se com a expressão em vista disso, que estabelece uma
relação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir.
Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de
São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos
de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade,
perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes.
Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a
calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida.
Fonte: Platão e Fiorin, 1996, p. 261 apud Silva, 2018, p. 24.
Professor, destaque que o texto é incoerente porque é contraditório: se o menino era tão
fraquinho, como conseguiu ajudar um homem corpulento? Assim, o final do texto
discorda do seu início, evidenciando a contradição no fator consistência. Entretanto,
apesar de o texto estar incoerente, ele está coeso, uma vez que para se referir ao menino
e, posteriormente, ao motorista, o autor utiliza outros pronomes ao longo do texto, como
“ele”, “carregou-o” e “lhe”.
Após explicar e dialogar com os alunos sobre coesão e coerência textuais, serão
apresentados os gêneros digitais, a fim de contextualizar a utilização da rede social Twitter.
Gêneros digitais é o nome dado a uma nova modalidade de gêneros textuais/discursivos,
que foi criada a partir do hipertexto e a viabilização da criação de novos espaços para a escrita,
Em seguida, converse com os alunos sobre as redes sociais e como elas influenciam a
vida das pessoas diariamente, pergunte também se eles utilizam e, se sim, em qual rede estão
mais conectados para, após essa explanação, falar sobre o Twitter.
Professor, pode ser que nem todos os alunos tenham contato ou saibam o que é o Twitter.
Dessa forma, a sugestão é que eles tenham o primeiro contato na sala de informática da
escola. Ou, caso não haja esse espaço ou a escola não tenha acesso à internet, o professor
pode levar alguns slides mostrando detalhes da rede social, se necessário.
Assim, o docente deve destacar que através do Twitter podemos nos conectar com o
mundo inteiro, obter informações de outros países, além de saber os assuntos mais comentados
pela hashtag (#). Os alunos também podem encontrar materiais de referência provenientes de
jornais, revistas e sites sobre os assuntos do cotidiano.
Por fim, explique aos alunos que essa rede social será utilizada para análise dos fatores
de textualidade, mais precisamente a coesão e a coerência na escrita dos usuários, visto que o
Twitter é uma rede social diferente de outras, uma vez que determina o número de caracteres
permitidos no momento de escrever uma mensagem, o que obriga o usuário a ser mais preciso
e coeso, sem perder de vista aspectos relativos à coerência.
Inicialmente, é necessário que se faça uma análise conjunta com os alunos para a
compreensão visual e textual, pois será proposta uma divisão de grupo a fim de que eles possam
realizar suas próprias análises e apresentar posteriormente.
Para iniciarmos a análise conjunta, serão disponibilizados dois tweets12 que têm como
tema a virada de ano e a responsabilidade financeira. Ressalta-se que não há um critério
temático preestabelecido para a seleção dos tweets. O objetivo principal é que as publicações
tenham elementos que possibilitem analisar os fatores de textualidade, sobretudo, o estudo da
coesão e da coerência.
Professor, os tweets selecionados e apresentados abaixo são apenas sugestões que podem
ser alteradas de acordo com a sua necessidade e realidade da sua turma.
Figura 7- Tweet 1.
Espera-se que os alunos respondam que é uma mulher que escreveu e falou de si mesma,
expondo uma situação que está vivendo em um mês com muitas datas comemorativas que
exigem cabelo e unhas feitas, roupa e sapatos novos, joias e presentes.
Destaque o fator inferência presente nesse post, as respostas das perguntas feitas aos
alunos são interpretações necessárias para a compreensão desse fator, visto que a partir da fala
“ser mulher em dezembro é horrível, muita coisa para pouco dinheiro” pode-se inferir que:
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1. Ela é mulher;
2. Ela não tem recurso financeiro suficiente para pagar todas as vaidades relevantes
para passar as festas de fim de ano.
Além disso, também há o fator intencionalidade presente no post, uma vez que a
intenção da autora é expor a sua insatisfação ao precisar de muitos cuidados vaidosos e não ter
recursos financeiros suficientes para isso.
A seguir, uma terceira sugestão de tweet a ser analisado com os alunos:
Figura 8- Tweet 2.
Professor, vale destacar que dos 2 posts analisados, somente 1 começa com letra
maiúscula, evidenciando a informalidade da rede social.
Professor, ressalta-se que tanto os tweets quanto o tema poderão ser alterados conforme
a sua necessidade e, do mesmo modo, a divisão dos grupos.
O grupo 1 pode visualizar no post acima o fator focalização da coerência textual, uma
vez que o autor está fornecendo as pistas do assunto em questão: o comportamento dos
universitários, pois se faz necessário que o leitor — sendo ou não universitário —, busque o
conhecimento partilhado para compreender a ideia. Além disso, também há a intenção de quem
escreve ao deixar claro que, ao contrário do que a maioria pensa, muitos acadêmicos, segundo
o autor, apresentam comportamentos imaturos. Além disso, há o fator informatividade no
momento em que a autora traz seu conhecimento e, eventualmente, sua experiência pessoal para
informar como é o ambiente dentro da universidade.
Professor, peça que os alunos observem se o texto está coeso, se é necessária alguma
pontuação dentro da frase.
Professor, peça também aos alunos desse grupo que observem a falta de pontuação e
como sua ausência influencia a coesão do texto. Destaque que faltam os dois-pontos
sinalizando o que será dito posteriormente, a colocação da vírgula e o ponto final.
A partir da análise da figura 12, espera-se que esse grupo observe o fator
situacionalidade — da situação para o texto —, uma vez que a situação comunicativa informal
do texto interage com o contexto no qual ele foi escrito, expressando a insatisfação do estudante
que está passando pela pressão do fim de um período na faculdade — momento em que há
muitas provas e trabalhos a serem apresentados — e, ao mesmo tempo, quer descontrair e
acompanhar o campeonato mundial de futebol, que ocorre de 4 em 4 anos. Além disso, os
alunos também devem perceber a escrita, a informalidade, abreviação da palavra “demais” e a
ausência de pontuação (falta de vírgula antes da conjunção adversativa “mas”, falta do ponto
final), todos elementos que corroboram para uma maior coesão do texto.
O grupo de alunos deve perceber que há, nesse post, os fatores de contextualização
quando a data nos remete à finalização do ano letivo nas escolas e, ao mesmo tempo, o fator
conhecimento de mundo, haja vista que o enunciador utiliza uma expressão de um programa de
televisão (Big Brother Brasil) chamado “castigo do monstro” — em que dois participantes
castigados pelo anjo (seu rival), ao toque de um sinal característico do “monstro”, deverão ir
até a área reservada do gramado da casa, vestidos com uma fantasia nada confortável, para
realizar alguma tarefa proposta pelo programa —, a fim de comparar a realidade vivida por ele
naquele momento.
Professor, deixe que os grupos se sintam à vontade para discutir e consultar o material
entregue na primeira aula que abordou a coerência textual. Peça também que eles escrevam
suas opiniões e os fatores presentes em cada tweet para, em seguida, apresentarem aos outros
grupos. Ao final, peça que eles observem que, por ser uma rede informal, na grande maioria
dos tweets, os enunciadores não se preocuparam com a pontuação, abreviação e as regras
de iniciar uma frase com letra maiúscula ou pronome oblíquo átono. Discuta com eles como
isso pode afetar a coesão e a coerência do texto.
Na aula 6, será proposto aos alunos que criem tweets acerca do tema “Não ao bullying
na escola”. Para isso, verifique se todos possuem uma conta no Twitter. Caso alguns alunos não
sejam cadastrados, o docente deverá auxiliá-los no laboratório de informática da escola, criando
um perfil do professor com acesso para os alunos, pois a intenção maior não é que eles tenham
uma conta no Twitter e sim que percebam como a ferramenta pode ser útil no aprendizado da
coesão e da coerência, principalmente. Após essa etapa, deve-se desenvolver o tema, de modo
que os alunos possam compartilhar e debater acerca do assunto.
Professor, sugere-se que o próprio docente crie uma página para centralizar os tweets
produzidos pelos alunos nas próximas aulas.
Pode-se explorar, nessa charge, a forma como os personagens são apontados por aquele
que pratica o bullying e o que esperam que aconteçam com essa pessoa, uma vez que a menina
expressa o desejo de que o praticante um dia possa mudar essa atitude. Além disso, pode-se
conversar com os alunos sobre os fatores que podem levar uma pessoa a discriminar outras e
os efeitos do bullying na vida das vítimas.
Para que haja uma continuidade do debate, segue, como mais uma sugestão, a charge
abaixo:
Figura 15- Charge com o tema bullying.
Através dessa charge pode-se debater como o bullying é visto por muitas pessoas, uma
vez que algumas praticam a brincadeira sem ter o conhecimento de que é bullying, enquanto
outras têm o pleno conhecimento de que estão praticando essa violência, mas utilizam a frase
“é só uma brincadeira” como uma forma de justificar a sua ação.
Para que os alunos também percebam a abordagem do tema na literatura, sugere-se a
apresentação de um cordel escrito pelo professor e editor do blog “Educar com cordel”, Paulo
Moura13.
Assim, segue a sugestão de cordel:
1 4 O bullying se divide
Eu vou falar pra vocês São ações intencionais Em dois modos de ação
E a todos vou explicar Que causam angústia e dor A direta, que é a forma
Sobre um tema muito sério Sem um motivo aparente Mais comum entre
Que a todos pode afetar Seja de que jeito for o “machão”
É um assunto delicado Quem maltrata o semelhante E o bullying indireto,
Chamado Bullying escolar. É chamado de agressor. Que isola o cidadão.
2 5 8
O Bullying é um mal Pois quem pratica o Bullying Quem sofre o Bullying fica
Pra toda a sociedade Logo vai se arrepender Socialmente isolado
Que não existe somente Porque só agride quem Porque tem medo de ser
Na escola ou faculdade Não pode se defender Pelo agressor molestado
Pode afetar qualquer um Pois o agressor bem sabe Em razão das ameaças
Não importando a idade Que tem mais força e poder Que lhe deixa amedrontado.
3 6 9
É um termo da língua Quem o pratica é covarde O Bullying pode ser
inglesa Pois nunca age sozinho Uma péssima experiência
Que quer dizer “valentão” Mexe com gente indefesa Com a concretização
E esse termo comporta Isolando o coitadinho De algum tipo de violência
Toda forma de agressão Na certa não recebeu Seja física ou sexual
Seja física ou verbal, Dos pais, amor e carinho. Ou a perda casual
Um apelido ou empurrão. 7 Dos meios de subsistência....
Fonte: http://educarcomcordel.blogspot.com/2012/02ccordel-sobre-o-bullyng.html.
Acesso em: 31 de mar. de 2023.
13 Paulo Moura é professor de história e poeta cordelista. Em seu blog, desenvolve o projeto “Educar com cordel”,
visando levar a poesia e a literatura de cordel para as salas de aula. Pode-se acessar a página através do link:
<http://educarcomcordel.blogspot.com/2012/02/cordel-sobre-o-bullyng.html>
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Na aula 7, leve os alunos à sala de informática e peça que eles formem grupos de
pesquisa e leitura sobre alguns tipos de bullying, como por exemplo: Cyberbullying, bullying
na escola e as consequências do bullying praticado em sala de aula, para que tenham melhor
entendimento dessa prática e maior propriedade sobre o assunto, de maneira que estejam mais
seguros e conscientes em suas publicações. Após as pesquisas, a intenção é que eles
compartilhem e discutam entre si o que encontraram sobre os tipos de bullying.
Para finalizar esta SD, a aula 8 será dedicada à prática da escrita do tweet, ainda no
laboratório de informática da escola. Caso a escola não tenha um espaço adequado, o professor
pode reproduzir os tweets para a rede social. Desse modo, oriente aos alunos que discorram
sobre o tema sempre utilizando a hashtag “#NãoAoBullying”, respeitando o limite de 280
caracteres, tendo como objetivo principal mostrar aos alunos a importância da adequação da
língua escrita em diferentes meios de comunicação, bem como desenvolver a sua capacidade
de síntese acerca de um tema, além de salientar a relevância dos fatores de textualidade,
principalmente, da coesão e da coerência no processo de escrita. Se possível, após a criação dos
tweets, compartilhamentos das mensagens e revisão textual, a ideia é que eles sejam publicados
na página criada pelo professor. Assim, caso queira e tenha a rede social Twitter, cada aluno
poderá publicar, individualmente, o próprio post criado na atividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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2005.
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<https://www1.folha.uol.com.br/tec/2022/10/twitter-esta-perdendo-seus-usuarios-mais-ativos-
mostram-documentos-internos.shtml>. Acesso em: 23 de nov. de 2022.
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Acesso em: 18 de nov. 2022.
MOURA, Paulo. Cordel sobre o bullying. Educar com cordel, 2012. Disponível em:
http://educarcomcordel.blogspot.com/2012/02ccordel-sobre-o-bullyng.html. Acesso: 31 de
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