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CÓDIGO DE LINGUAGEM
1ª EDIÇÃO
EGUS 2015
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor Presidente das Faculdades INTA Equipe de Produção Audiovisual
Dr. Oscar Rodrigues Júnior
Roteirista da Vídeoaula
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica Prof. Arnaldo Vicente Ferreira Sá
Prof. PHD. João José Saraiva da Fonseca
Gerente de Produção de Vídeos
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação Francisco Sidney Souza Almeida
Profª. Sônia Henrique Pereira da Fonseca
Edição de Áudio e Vídeo
Assessor de Gestão de Projetos de Avaliação e Pesquisa Francisco Sidney Souza Almeida
Éder Jacques Porfírio Farias José Alves Castro Braga
Gerente de Filmagem/Fotografia
Equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos José Alves Castro Braga
Tecnológico e Inovadores para Educação
Operador de Câmera/Iluminação e Áudio
José Alves Castro Braga
Coordenador da Equipe
Anderson Barbosa Rodrigues Designer Editorial
Marcio Alessandro Furlani
Analista de Sistemas Mobile
Francisco Danilo da Silva Lima Diagramador Web
Luiz Henrique Barbosa Lima
Analista de Sistemas Front End
André Alves Bezerra Assessoria Pedagógica/Equipe de Revisores
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Analista de Sistemas Back End Evaneide Dourado Martins
Luis Neylor da Silva Oliveira
Revisor Gramatical
Técnico de Informática / Ambiente Virtual Prof. Arnaldo Vicente Ferreira Sá
Rhomelio Anderson Sousa Albuquerque
Sumário
Palavras do Professor-Autor.............................................11
Ambientação.........................................................................14
Trocando ideias com os autores......................................16
Problematizando.................................................................18
2 Linguagem e cognição
Introdução............................................................................................................................37
Linguagem, fala e pensamento...............................................................................38
Pensamento sem fala....................................................................................................40
Leitura Obrigatória...........................................................................................68
Saiba mais................................................................................................................70
Revisando.................................................................................................................72
Autoavaliação.......................................................................................................76
Bibliografia.............................................................................................................78
Bibliografia da Web........................................................................................83
O autor.
“Uma mãe, residente em Florianópolis, diz ter uma filha de oito anos que Estudo Guiado:
está na segunda série, mas que até o momento não consegue ler. Segundo Diante da situação
acima relatada reflita
a mãe, a criança só começou a falar, de uma forma que outras pessoas e pesquise sobre o
pudessem entender, depois dos quatro anos. Até o momento, conforme assunto e responda:
Que tipo de problema
a mãe, a criança não consegue pronunciar o /r/ e tem dificuldades para de aquisição da
pronunciar palavras com mais de três sílabas. Segundo a mãe, sua filha linguagem você pode
encontrar neste caso?
frequenta a educação infantil desde os dois anos e meio. Tem um irmão de Quais as melhores
12 anos que não apresentou essas dificuldades, sempre teve acesso a um formas para tratar
uma situação como
ambiente que privilegiou a leitura. Também desde os três anos a criança, no esta?
relato materno, tem atendimento de uma fonoaudióloga e psicopedagógico.
Não tem problemas auditivos, neurológicos ou visuais.”
Fonte: http://casosdedislexia.blogspot.com.br
Conhecimentos
Compreender as principais hipóteses e teorias que tentam explicar como se
adquire a linguagem.
Habilidades
Identificar as correntes psicolinguísticas da aquisição da linguagem apoiando-se
em critérios rigorosamente científicos.
Atitude
Posicionar-se criticamente em relação à consistência cientifica de cada uma das
teorias analisadas.
Nativismo versus empirismo
Tal problema está longe de ter solução, embora eu suponha que tanto os
princípios cognitivos gerais, como os princípios específicos da língua, estão em jogo
na construção da língua natural da criança. No final desta unidade de estudo, eu
esboço algo referente a uma abordagem geral a esse problema.
Reforçamento
É compreensível que poderia, mas isso nada diz do processo pelo qual a
criança chegou às noções fundamentais da gramática, que tornariam possível um
desempenho correto. Descobrir que havia erro num dado enunciado não diz à criança
exatamente o que ela fez de errado ao produzi-lo, e certamente não lhe diz como
corrigi-lo da próxima vez (se ela acaso quiser enunciar de novo essa frase). Nem o
reforço positivo dá qualquer informação discriminativa acerca do que era correto
sobre a construção gramatical que ela acabou de enunciar. Nós ainda ficamos com
o problema de saber como a criança vem a perceber a relação própria que existe
entre sons e significados; e como ela chega aos princípios de ordenação de palavras
e partes de palavras que produzam sentido.
Suponhamos, por exemplo, que uma criança diga I called up here depois receba
reforço negativo para um enunciado agramatical. Como sabe ela o que fazer em
seguida? Ela formou esse enunciado, provavelmente, por analogia com frases como
I called up Kathy, "Chamei Kathy". Agora ela tem de aprender que, quando o objeto
de uma construção de verbo + partícula é um pronome (como her), este deve vir
sempre entre o verbo e a partícula (I called her up); mas quando o objeto é um
substantivo, ele pode ir ou entre o verbo e a partícula ou depois da partícula. O
simples fato de que I called up here errado não dá à criança nenhuma chave para o
que é certo. Talvez ela tivesse dito I called up she, "Eu chamei ela" [erro também em
português], ou Icall-uppedher, ou quaisquer outras variantes.
Imitação
Além disso, naturalmente, como acabei de mostrar acima, mesmo que uma
criança pudesse imitar com êxito todos os enunciados que ouve, não poderíamos
compreender como ela prossegue produzindo novos enunciados que nunca ouviu
antes.
Mesmo argumentos mais fortes contra a necessidade de imitação para a aquisição
da linguagem vêm de exemplos de conhecimento linguístico de crianças que não
se têm dedicado à imitação da fala. Estudamos um antigo exemplo num trabalho
de Huttenlocher, no qual crianças no início do estágio de uma palavra, muito antes
da imitação de quaisquer enunciados de muitas palavras, já compreendiam esses
enunciados.
No entanto evidência ainda mais notável tem nos casos de crianças que não
podem de modo algum falar, em razão de algum distúrbio da capacidade de
articulação, mas que podem ouvir normalmente. Eric Lenneberg (1962) relatou o
caso de um menino que era incapaz de articular a fala, mas que aprendeu a entender
as complexidades de enunciados ingleses. Evidentemente, em um nível profundo,
a mesma competência linguística deve fundamentar tanto a produção quanto a
interpretação da fala. É claro que uma criança sem fala nunca poderia ter imitado
uma fala, nem ter sido reforçada para falar — e, contudo, esses empecilhos não
interferem na sua aquisição da competência linguística.
Por que, então, as crianças imitam a fala? A imitação parece ser um meio de
praticar aquilo que a gente é no processo da aprendizagem. Vários estudos relativos
à imitação (Bloom, Hood,Lightbown, 1974;Ervin-Tripp, 1964; Slobin, 1968) mostram
que a criança não imita espontaneamente formas que ela já tenha dominado desde
muito; nem imita formas que estejam muito além do seu alcance. Antes, ela imita
aquelas formas cujo processo de aquisição está em curso. Para usarmos os termos
de Piaget, a imitação é a indicação externa da tentativa da criança de acomodar
seu esquema linguístico a um novo material. Assim, a imitação desempenha, sem
dúvida, um papel na aquisição da linguagem, mas seu papel não é inserir novas
estruturas no sistema de regras da criança.
Cmon and let me set your hair, "Venha, que vou arrumar seu cabelo".
Don't you want to have curls for this afternoon? "Não deseja cabelos cacheados
nesta tarde?"
Why don't you lem me put your hair up?,"Por que você não me deixa pentear
para cima seu cabelo?"
You won't have any curls when you go down to see Betty and Alice, "Você não
ficará com cachos quando descer para encontrar Bètty e Alice".
Alice has lot so flittte curls in her hair, "Alice tem uma porção de cachinhos em
seu cabelo".
Why don't you lemme fix your hair?"Por que não me deixa arrumar seu cabelo?"
You won't have any curls, "Você não terá cacho nenhum".
Why don't you fix his hair [a doll's] and I’ll fix your hair? "Por que você não arruma
o cabelo dele [à moda de boneca] e eu arrumarei seu cabelo [de você]?"
You fix his hair and I'll fix your hair, "Você arruma o cabelo dele e eu arrumarei
o seu".
Sit up here on the chair so I can fix your hair, "Sente-se aqui na cadeira e assim
posso arrumar seu cabelo".
You'll look like MagSnatch with a pretty dress on and no curls, "Você ficará
parecendo com MagSnatch, com um belo vestido e sem cachos".
You'll look awful, "Você parecerá horrível".
You don't want to go out and look awful, "Você não quer sair e parecer medonha".
How would you like to have your face combed?"Como gostaria de se pentear?"
Lemme get the snarls out of your hair, "Deixe-me desfazer suas tranças".
Can I comb your hair?, "Posso pentear seu cabelo?"
Let me combyour banes, "Deixe-me pentear suas franjas".
Lemme fix your hair, "Deixe-me arrumar seu cabelo".
Why don't you lemme fix your hair?"Por que não me deixa arrumar seu cabelo?"
You gotta go lemme fix your hair first, "Você tem que deixar arrumar seu cabelo
primeiro".
Estratégias de aquisição
Conhecimentos
Habilidades
Atitude
Discernir corretamente as etapas da aquisição da fala nas diversas fases do
desenvolvimento infantil.
Introdução
A Linguística Cognitiva postula que a linguagem é parte complementar da
cognição humana, que reflete a interação de fatores culturais, psicológicos,
comunicativos e funcionais, e só pode ser entendida e estudada sob o contexto de
uma visão real de conceptualização e processamento mental.
Dominar uma linguagem não é uma tarefa tão simples, embora possa parecer
um processo intuitivo. Falar uma língua, organizar códigos, desenvolver estruturas
de comunicação são atividades do intelecto que exigem características específicas
até agora somente verificadas no cérebro humano. Por isso pode-se dizer que é a
linguagem que nos faz aquilo que somos.
Então, para o mal e para o bem, as palavras fazem de nós os seres humanos
que realmente somos. Desprovidos da linguagem, seríamos como cães
ou macacos. Possuindo a linguagem, somos homens e mulheres capazes
de continuar no crime, não menos que na virtude heroica, capazes de
realizações intelectuais além da esfera de qualquer animal, mas ao mesmo
tempo capazes de sistemática tolice e estupidez tal que nenhum animal
mudo imaginaria. Aldous Huxley (apud Black, 1962, p. 4-5).
Tais "esquemas de pensamento ainda não articulados" não são apenas frases
inconscientes à procura de expressão. Como vimos na primitiva comparação de
interferências culturais linguísticas dos vários modos de dizer "daddy gave me a
ball", "papai me deu uma bola", uma frase não é um mapeamento direto de um
pensamento. E, se voltarmos a pensar sobre as muitas maneiras pelas quais podemos
solicitar a uma pessoa que "heat the coffee", "esquente o café", a escolha de palavras
refletirá sutilezas de intenção comunicativa. Se o pensamento não fosse mais que
a fala interior, por que deveríamos tatear a busca de palavras ou cuidadosamente
escolher os meios de expressão?
O problema foi tratado com clareza segundo Vygotsky (1962, p. 149-150):
Conhecimentos
Habilidades
Atitude
Já não mais vão além do senso comum as conclusões elaboradas por estudos
sociológicos que fazem uma relação direta (e supostamente autoexplicativa) entre
deterioração socioeconômica e mau funcionamento cognitivo, entre categorias
linguísticas empregadas por uma comunidade e sua "visão de mundo", entre
deficiências de nutrição e desempenho escolar, entre determinados procedimentos
léxico-semânticos e o chauvinismo ou o racismo, entre localização de áreas que
urna vez lesadas prejudicam a linguagem ou a memória e localização da linguagem
ou da memória (ou seja, uma coisa é localizar no cérebro certas regiões que atuam
de maneira responsável no funcionamento de certos processos cognitivos, outra
bem diferente é localizar tais processos no cérebro, já havia dito Freud em 1891, em
sua tese de doutoramento!).
A ideia de causalidade, como se observa, é ambígua. Não pretendo me deter
nessa questão a não ser para assinalar que, se é bem verdade que a causalidade faz
parte já de nossa história vital biológica, as possibilidades de ação sobre o mundo
cognitivo e as condições materiais de vida em sociedade dão sentido e "produzem"
consciência para além da secreção da bílis e da digestão, como lembra Searle em
seu livro Mente, cérebro e ciência(1984/1987).
A principal pergunta de Searle quanto à questão da causalidade nas relações
entre cérebro e mente é: Como pode acontecer que cérebros causem mentes e,
no entanto, as mentes sejam justamente características do cérebro? (SEARLE, 1987,
p. 25). Isto é, se têm entre si relações de causa e efeito, como é que um pode ser
característica do outro? Se, de um lado, Searle parece repudiar a ideia de que a
mente se causa a si mesma, parece escapar-lhe, de outro, que a relação entre os
dois, ou seja, entre cérebro e mente, para não ser apenas formal (no sentido de
causal), deve ser compreendida em termos dialéticos. Sendo assim, poderíamos
postular que, se Searle está correto ao imaginar poderes causais equivalentes aos do
cérebro para tudo o que venha a causar mentes, outras coisas além de cérebro (isto
Chomsky
Vygotsky
Podem ser divididos em dois grandes grupos: o grupo das dificuldades mais
globais de desenvolvimento, das quais a linguagem é somente um dos aspectos
alterados, mas não o único. Também podemos encontrar dificuldades mais
específicas da área da linguagem propriamente dita, enquanto outros aspectos do
desenvolvimento estão mais preservados.
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Bibliografia Web