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METODOLOGIA
DA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Sobral/2016
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Leitura Obrigatória...........................................................................................76
Revisando...........................................................................................................78
Autoavaliação....................................................................................................88
Bibliografia........................................................................................................90
Bibliografia Web...............................................................................................95
Prezados Estudantes,
As autoras!
GUIA DE ESTUDO
Após a leitura das obras, escolha a que você achou mais relevante e faça uma
resenha crítica disponibilizando no ambiente virtual.
Você como futuro professor ao analisar as professoras acima acha que a ati-
tude da professora B motiva seus alunos a aprendizagem e a reflexão? E a professora
A, será que ela com sua atitude de gerar discussão sobre o assunto e depois solicitar
para que os alunos elaborem um texto dando uma solução, está fazendo com que
eles aprendam através da reflexão? Qual professora você usaria como exemplo na
sua prática docente?
GUIA DE ESTUDO
CONHECIMENTOS
Compreender a evolução histórica sobre a Educação de Jovens e Adultos e os
movimentos sociais.
HABILIDADES
Identificar os diversos movimentos lançados pelas entidades governamentais e
seus objetivos.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação à evolução histórica da Educação de Jovens
e Adultos.
O PAS com sua proposta de parceria, tem criado junto aos seus parceiros uma
cumplicidade em relação aos resultados, e isto tem feito com que cada parceiro se
torne corresponsável pelo êxito do programa. Outro aspecto que merece destaque é
o incentivo para continuidade de escolarização e as avaliações e o acompanhamento
realizado pelas universidades parceiras. Vários programas foram surgindo ao longo
da trajetória da Educação de Jovens e Adultos, onde podemos citar dentre outros
o Programa Brasil Alfabetizado que traz em seu nome toda a sua abrangência e
responsabilidade.
Escola de Fábrica - Criado em 2005 com o objetivo de abrir salas de aula dentro
das empresas para capacitar profissionais de 16 a 24 anos que não concluíram o ensino
básico, pessoas de baixo poder aquisitivo, ou seja, provenientes de famílias pobres.
Você deve ter percebido que houve muitos programas, mas que sempre havia
uma interrupção por motivos políticos. Muitos tinham a intenção de simplesmente
alfabetizar, outros tinham a intenção de dar continuidade aos estudos, mas todos
tinham o mesmo objetivo de fornecer mais dignidade às pessoas por meio da
educação.
CONHECIMENTOS
Compreender o conceito e o método de Paulo Freire e as características do
estudante jovem e adulto.
HABILIDADES
Identificar o papel do educador e as cinco fases da aplicação prática proposta por
Paulo Freire e seu método.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação ao método de Paulo Freire e as
características dos estudantes jovens e adultos.
Conceito Freiriano de alfabetização de adultos:
limites e possibilidades
Por que será que Paulo Freire trazia com ele uma inquietação em relação
a educação bancária?
Eu preferia dizer que não tenho método. O que eu tinha, quando muito
jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era a curiosidade
de um lado e o compromisso político do outro, em face dos renegados,
dos negados, dos proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O que eu
tentei fazer, e continuo fazendo hoje, foi ter uma compreensão que eu
chamaria de crítica ou de dialética da prática educativa, dentro da qual,
necessariamente, há uma certa metodologia, um certo método, que eu
prefiro dizer que é um método de conhecer e não um método de ensinar.
(FREIRE, 2002, p. 53).
Partindo desse pressuposto, atualmente, talvez mais do que nos anos sessenta,
a Educação Popular se faz urgente e necessária, porque o acesso ao conhecimento
pode significar a tomada de consciência sobre a realidade e a organização de
estratégias de transformação.
O lugar social ocupado pelo analfabeto, juntamente com a ideia dos diferentes
graus de analfabetismo, coloca a questão do analfabetismo no mundo letrado, menos
como um problema referente ao processo de alfabetização em si, e mais como um
problema que diz respeito às relações entre culturas e modos de pensamento. O
indivíduo analfabeto necessariamente não é aquele que tem pouca ou nenhuma
habilidade na leitura e escrita, a questão são as dificuldades enfrentadas por grupos
culturais de pessoas sem qualificação profissional e da zona rural com indivíduos
escolarizados com conhecimento tecnológico (OLIVEIRA, 2004).
Visto que há conflitos tanto familiares como escolares, você acha que a
afetividade contribui para o ensino-aprendizagem?
A influência que o professor tem na sala de aula é enorme, ele tem a competência
de envolver ou não o estudante, pois é a partir daí que será constituído um clima
que pode favorecer ou desfavorecer a aprendizagem, já que esta se dá também, a
partir da construção de um bom relacionamento em sala de aula. Nesse sentido, fica
claro que além dos procedimentos desenvolvidos nas aulas e dos recursos utilizados,
uma boa afinidade entre professor e estudante é fundamental, pois muitas vezes
este tem a escola como um “abrigo” para os problemas que enfrenta no dia a dia
(SOUZA, 2004).
Segundo Rêgo (1995), Vygotsky idealiza o homem como um ser que pensa,
raciocina, deduz e abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona,
deseja, imagina e se sensibiliza. Então, é percebível que não há como desprender
o afetivo do intelectual, uma vez que o ser humano precisa ser percebido como
um todo, e não de forma dualista, isto é, separando a razão da emoção. Caso essa
separação aconteça, é possível apreendermos a presença de vazios no processo
de aprendizagem. Intérpretes de histórias de vidas diferenciadas, os estudantes da
modalidade de ensino abordados têm caminhos escolares marcados pela exclusão,
e em muitos casos, sentem-se envergonhados por esta condição vivenciada, de
ter parado de estudar ou de estar na escola num momento considerado por eles
“tarde”. Além disso, preocupam-se muito com o novo, com as descobertas; sentem
temor de falar em público, de errar, e até mesmo de não ter a atenção aguardada
(SOUZA, 2004).
Essas qualidades ficam claras numa simples conversa que envolve assuntos do
cotidiano, uma vez que, quando estão à vontade, eles dão asas aos pensamentos,
soltam as ideias, falam sem medo, alegram-se, emocionam-se e expressam
muito verdadeiramente o que sabem e o que desejam saber. Então é importante
que o professor não se permita perante a turma de forma audaciosa, fazendo
determinações, recriminando o estudante que fala errado e rotulando-o como
aquele que não sabe das coisas. Enfim, evidenciar que é o único responsável pela
aprendizagem, pois dessa forma o estudante pode se sentir muito inferiorizado e
até mesmo discriminado (SOUZA; SILVA; 2004).
CONHECIMENTOS
Entender a heterogeneidade dentro da clientela de jovens e adultos e as
dificuldades encontradas pelo docente.
HABILIDADES
Identificar as dificuldades dos estudantes e dos professores de Educação de Jovens
e Adultos.
ATITUDES
Desenvolver estratégias para que a prática pedagógica atue com eficiência e
eficácia no ensino-aprendizagem dos estudantes de EJA.
Primeiro vamos discutir sobre grupos com diversidade cultural, mas antes
você sabe o que significa cultura?
A partir da vida social, nas relações entre familiares, nos grupos políticos e
religiosos e no mundo do trabalho, os estudantes dos cursos de EJA trouxeram seus
conhecimentos para os muros da escola, dividindo seus saberes e propagando a
todos os envolvidos.
A cada ano a entrada desses jovens vem crescendo na EJA, trazendo para
os muros das escolas falta de interesse, agressividade, rebeldia e falta de respeito
tanto para os professores como para com os outros estudantes. Eles já chegam
desinteressados, desmotivados, muitos já passaram por vários anos de repetência,
sentem desorientados em relação a emprego e não conseguem entender a
importância do estudo para sua vida. (BRUNEL, 2004).
Na sala de aula pode ocorrer conflitos, pois os mais idosos sentem dificuldades
em responder os questionamentos do professor com maior rapidez, mas os jovens
apresentam mais destreza em responder os questionamentos, no entanto, essa ação
pode deixar o idoso mais tímido em participar das atividades propostas.
O idoso por apresentar experiências no decorrer de sua vida, tem muita coisa
para contar e pode associar os conteúdos abordados pelo professor a alguma
experiência vivenciada por ele, portanto, o professor precisa estar preparado para
orquestrar a aula de forma satisfatória (SANTOS; SÁ, 1999). Os idosos também
se incomodam com barulho que os mais jovens possam vir a fazer, pois eles não
têm o mesmo ritmo de concentração dos mais jovens que conseguem fazer várias
atividades ao mesmo tempo, e isso pode ocasionar conflitos na sala de aula.
Dentro das turmas encontram-se também estudantes que estão sob a liberdade
assistida, ou seja, estão na escola por obrigação, não querem estudar e muito menos
com pessoas mais idosas e o mesmo acontece com a educação prisional.
Outro fator de dificuldade é fazer com que aqueles que já frequentaram a escola
algum dia venham novamente a acreditar que podem escrever e ler novamente e
que com o exercício da prática e tempo será possível. Já os que nunca frequentaram
uma escola, tem sede de aprender, às vezes chegam a ser ansiosos, então, cabe ao
professor mostrar a eles que esse processo deve ser feito de forma vagarosa e que
devem respeitar seu próprio ritmo.
DIFICULDADES LIMITAÇÕES
Insegurança nos educadores Atuação com crianças por isso
pela falta de orientação quando infantiliza a sua prática com os jovens e
recém-chegados na instituição. adultos.
CONHECIMENTOS
Compreender o processo de ensino-aprendizagem dos jovens e adultos e
entender a importância da preparação do professor e o modelo Andragógico.
HABILIDADES
Comparar o ensino do começo do século VII com a atualidade, identificando os
tipos de estudantes de EJA e suas especificidades.
ATITUDES
Posicionar-se criticamente em relação à aprendizagem dos jovens e adultos.
A facilitação da aprendizagem do trabalhador
Mas, sempre que pensamos em jovens e adultos temos que considerar que
nossa atividade conta com mulheres e homens trabalhadores. Vale ressaltar, que em
todas as regiões do país, os estudantes jovens e adultos apontam o trabalho como
um dos motivos por terem deixado de frequentar a escola.
Pode ser interessante pensar sobre as habilidades que a escola pode ajudar
a desenvolver e que contribuam para uma atuação mais eficiente nesse universo
diversificado e competitivo que é o do trabalho. Não queremos dizer com isto que
a escola deve tomar para si a responsabilidade da preparação do trabalhador, nem
deixar a responsabilidade da conquista de um “emprego melhor” nas mãos do
estudante. Como já sabemos, essa é uma responsabilidade social mais ampla e mais
próxima das políticas governamentais e empresariais (SOARES, 2014).
Foi iniciada na Europa no começo do século VII, escolas para o ensino de crianças,
cujo objetivo era - preparar jovens rapazes para uma ocupação religiosa - eram as
conhecidas Catedrais ou Escolas Monásticas. Nessas escolas os professores tinham
como missão a doutrinação dos jovens na crença, fé e cerimoniais da igreja. Sobre a
aprendizagem eles juntaram uma cadeia de pressupostos, ao que denominaram de
“pedagogia”- a palavra, literalmente, significa “a arte e ciência de ensinar crianças” (A
etimologia da palavra é grega: “paido”, que significa criança, e “agogus” que significa
educar). Foi mantido esse modelo de educação monástica, através dos tempos, até o
século XX, porque não havia estudos aprofundados de sua inadequação para outras
faixas etárias que não a infantil. Infelizmente este modelo de educação veio a ser a
base organizacional de todo o nosso sistema educacional, incluindo o empresarial.
Entretanto, logo após a Primeira Guerra Mundial concepções diferenciadas sobre
as características do aprendiz adulto começaram a crescer nos Estados Unidos e
na Europa. Mais tarde, após duas décadas, essas concepções de ensinar adultos se
desenvolveram e assumiram o formato de teoria de aprendizagem, com o suporte
das ideias dos pensadores a seguir.
• A experiência é a mais rica fonte para o adulto estudar; por isto, o centro
do procedimento da educação do adulto é a análise das experiências.
Até 1940, apesar de existir subsídios suficientes para a preparação de uma teoria
acessível sobre a aprendizagem de adulto, esses subsídios estavam espalhados e
necessitavam de uma união teórica. Esses princípios foram explicados, reelaborados
e agrupados a uma explosão de conhecimentos originários de várias disciplinas das
ciências humanas, entre 1940 e 1950. Por exemplo, a Psicoterapia foi uma das ciências
que mais cooperou para a Andragogia. Isto porque os psicoterapeutas estão voltados
fundamentalmente para a reeducação e em específico da população adulta.
Vamos conhecer alguns dos nomes de destaque que fazem alusão nessa
ciência e seus enfoques.
Assim como a Psicoterapia foi uma das ciências que mais cooperou para
andragogia, Sigmund Freud (1992) apesar de não ter formulado uma teoria específica
Já com sua visão holística, Carl Jung (2005) forneceu um grande suporte para a
Andragogia, ao inserir a noção da consciência humana possuir quatro desempenhos,
ou quatro formas de retirar informações das experiências para a internalização da
compreensão: sensação, pensamento, emoção e intuição.
Erick Erikson (2009) estudou sobre as “oito idades do homem” para explicar os
estágios do desenvolvimento da personalidade humana. As três últimas ocorrem na
fase adulta:
No que diz respeito aos processos cognitivos básicos, tais como a atenção,
investigações tem mostrado que as pessoas mais velhas se distraem mais, podem
ser afetadas pela presença de informações irrelevantes e apresentam lentidão
para mudar seu foco de atenção, de um estímulo para outro (PALÁCIOS, 1995).
Segundo Duarte (2000), o professor que “se propõe a despertar a vida no aluno
(...) mostrando o caminho das pedras para evitar que ele caia na areia movediça”,
estará realizando um trabalho extremamente significativo para o estudante jovem
e adulto.
O professor não é mais aquele que possui todo o saber organizado, pronto
para ser transmitido, mas aquele que sabe que precisa atualizar seus conhecimentos
e se atualizar como pessoa. Modernamente, não existem distâncias marcantes entre
professores e estudantes; a informação leva tudo a todos; há uma diferença de graus,
mas não de natureza, consequentemente, o que se sabe hoje, talvez não possa
ser ensinado amanhã, sem algum acréscimo ou modificação; daí a importância
da formação continuada como uma forma constante de renovar conhecimentos,
oportunizando um aprender através do “fazer”, da integração entre teoria e prática.
Segundo Freire (1998) “a prática não é a teoria de si mesma, mas, sem ela, a teoria
corre o risco de perder “tempo” de aferir sua própria validade como também a
possibilidade de refazer-se”.
Vamos agora conhecer outro fator importante, que muitas vezes também,
intervém nos resultados com os jovens e adultos, é a formação do professor.
Aprendizagem de Adultos
Quando o termo andragogia foi utilizado pela primeira vez, no ano de 1831,
pelo educador europeu Alexander Kapp, baseando-se na teoria de educação
sugerida por Platão, os aprendizes eram diferenciados como crianças e adultos pelo
turno em que esses estudavam, ou seja, os estudantes que estudavam durante o
dia eram considerados crianças, assim, recomendava-se a abordagem pedagógica,
e os estudantes do turno da noite eram tratados como adultos, desenvolvendo
a necessidade de uma abordagem diferenciada no processo de aprendizagem
(CAVACANTI; GAYO, 2005; LEDO; OLIVA, 2003).
O ADULTO APRENDIZ
Ciclo Andragógico
Cada estudante vai seguir em busca de resposta para seus próprios problemas
conforme seu interesse. Sendo assim, o professor deve planejar, junto com o
estudante, o que será trabalhado. Dando uma chance aos adultos participarem
ativamente de seu aprendizado, estimulando suas capacidades e seus interesses
(TOUGH, 1967).
No que diz respeito às avaliações, nada faz com que um adulto se sinta mais
infantil do que ser avaliado por outro adulto. Então o modelo andragógico propõe
uma autoavaliação por parte do estudante. Avaliação essa, que segue quatro passos:
avaliação das reações emocionais com relação ao programa de aprendizado; avaliação
das técnicas, materiais e temática das aulas; comprometimento do aprendiz para
obter seus resultados; e por último, avaliação dos resultados obtidos (NOGUEIRA,
2004).
GUIA DE ESTUDO
Após a leitura das obras, escolha a que mais lhe chamou à atenção e faça uma
resenha crítica e disponibilize na sala virtual.
A Educação de Adultos era vista como uma mera extensão da escola formal,
mas a Campanha de Educação de Adultos foi lançada em 1947. O adulto analfabeto
era considerado incapaz de aprender e era visto como uma criança tanto psicolo-
gicamente como socialmente. Mas, a partir da Campanha de Educação de Adultos
essa visão mudou, pois foi superado o preconceito, o adulto analfabeto era conside-
rado um ser capaz de raciocinar e resolver problemas. No decorrer dos anos foram
iniciados vários programas de alfabetização e educação popular, foram empreendi-
das por intelectuais e estudantes, católicos. Mas, em 1964, Paulo Freire lançou uma
proposta de disseminação de alfabetização.
A LDB 9.394/96 enfatiza que a EJA será destinada aqueles que não tiveram
acesso aos estudos no ensino fundamental e médio, e que os sistemas darão opor-
tunidade para que esses possam prosseguir com os estudos em caráter regular.
O Brasil promoveu campanhas de alfabetização com a intenção de combater esse
inimigo, considerado como responsável pela miséria do país, impossibilitando o
desenvolvimento econômico. Mas, com a necessidade do voto perceberam que a
alfabetização era algo prioritário, por isso foram lançados vários programas de cam-
panhas educativas para a educação de adultos.
• Escola de Fábrica: o objetivo era abrir salas de aula dentro das empresas
para capacitar profissionais de 16 a 24 anos que não concluíram o ensino básico.
A influência que o professor tem na sala de aula é enorme, pois ele tem a com-
petência de envolver ou não o estudante, pois a partir daí, que será constituído um
clima que pode favorecer ou desfavorecer a aprendizagem. Neste contexto é válido
destacar a importância de uma performance por parte do professor que estimule
não apenas o aspecto cognitivo, mas também o afetivo, para que mostre ao estu-
dante que ele é acolhido independente de suas condições de vida e deve, portanto,
acreditar no seu potencial de aprender e administrar seu aprendizado.
No entanto, as salas de aula foram preenchidas com estudantes dos mais va-
riados lugares representando grupos culturais diversificados. Visto que, essa clien-
tela trouxe uma grande heterogeneidade, ou seja, uma grande mistura de pessoas
diferentes, nos quais professores e estudantes vivenciam experiências no modo de
falar, faixa etária diferente, etnia e experiências profissionais diversificadas.
A entrada de jovens na EJA ocasionou tensões no âmbito escolar, pois são visto
pelos adultos como pessoas sem expectativa de futuro e que interferem no proces-
so de aprendizagem dos conteúdos escolares. Em uma sala de aula com pessoas
heterogêneas em relação à faixa etária é um grande desafio para os professores,
visto que a preparação de aula para esses estudantes mais jovens e para com os de
mais idade deve ser preparada com criatividade.
O idoso por apresentar experiências no decorrer de sua vida, tem muita coisa
para contar e pode associar os conteúdos abordados pelo professor a alguma expe-
riência vivenciada por ele, portanto, o professor precisa estar preparado para minis-
trar a aula de forma satisfatória. Os idosos também se incomodam com barulho que
os mais jovens possam vir a fazer, pois eles não têm o mesmo ritmo de concentração
dos mais jovens que conseguem fazer várias atividades ao mesmo tempo, e isso
pode ocasionar conflitos na sala de aula.
Os professores não tem muita experiência no campo da EJA, por isso sentem
dificuldades de atuarem, pois essa clientela é constituída de grupos heterogêneos.
A dificuldade repercute em encontrar estudantes adultos e idosos em uma mesma
turma. Os estudantes enfadados devido ao dia de trabalho e com responsabilidades
familiares, a falta de materiais didáticos, falta de merenda escolar, falta de trans-
porte, tudo isso, contribui para evasão escolar e acarreta muitas dificuldades para o
docente em sua prática pedagógica.
Outro fator de dificuldade é fazer com que aqueles que já frequentaram a es-
cola algum dia venham novamente a acreditar que podem escrever e ler novamente
e que com o exercício da prática e tempo será possível. Já os que nunca frequenta-
ram uma escola tem sede de aprender, às vezes chegam a ser ansiosos, então cabe
ao professor mostrar a eles que esse processo deve ser feito de forma vagarosa e
que devem respeitar seu próprio ritmo.
Adultos que desejam manter sua mente fresca e potente começam a aprender
através do confronto das situações pertinentes. Buscam seus referenciais nos reser-
vatórios de suas experiências, antes mesmo das fontes de textos e fatos secundários.
Uma das grandes distinções entre a educação de adultos e a educação convencional
é encontrada no processo de aprendizagem em si mesmo.
São apresentados dois aspectos importantes para a educação escolar dos jo-
vens e adultos: a primeira é que a experiência escolar insere-se em um processo
contínuo de desenvolvimento do sujeito, que se iniciou antes de sua entrada na
instituição. A segunda, é que a escola não é um espaço que vem se somar aos ou-
tros nos quais o sujeito transita. Desse modo, a experiência acumulada pelos jovens
e adultos ao longo de sua vida, é trazida para a escola, irá influenciar na inserção
do estudante no contexto escolar e terá um papel importante em seu processo de
escolarização e aprendizagem.
No que diz respeito aos processos cognitivos básicos, tais como a atenção,
investigações tem mostrado que as pessoas mais velhas se distraem mais, podem
ser afetadas pela presença de informações irrelevantes e apresentam lentidão para
mudar seu foco de atenção. É importante também o professor estar atento às ques-
tões ligadas a autoestima, avaliar constantemente os progressos de seus estudantes,
suas carências, ajudando-os a tomar consciência de como a aprendizagem se reali-
za. O professor não é mais aquele que possui todo o saber organizado, pronto para
ser transmitido, mas aquele que sabe que precisa atualizar seus conhecimentos e se
atualizar como pessoa.
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