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conhecimento penal
Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
Indaial - 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
SI586p
ISBN 978-85-515-0330-0
CDD 345.8105
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico!
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL................................................................ 1
VII
3.3.5 Meramente informativo.......................................................................................................... 31
3.3.6 Forma escrita............................................................................................................................ 31
3.4 TITULARIDADE . ............................................................................................................................ 32
3.5 VALOR PROBATÓRIO ................................................................................................................... 33
3.6 PRAZO .............................................................................................................................................. 33
3.7 PROCEDIMENTO............................................................................................................................ 34
3.8 INDICIAMENTO . ........................................................................................................................... 36
3.9 TERMO CIRCUNSTANCIADO...................................................................................................... 37
3.10 PROVIDÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO.......................................................................... 37
3.11 OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR........................................................ 38
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 40
VIII
TÓPICO 2 – DAS MEDIDAS CAUTELARES..................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 93
2 DAS MEDIDAS CAUTELARES ........................................................................................................ 93
3 AS PRISÕES CAUTELARES EM ESPÉCIE...................................................................................... 94
3.1 A PRISÃO EM FLAGRANTE.......................................................................................................... 95
3.2 FORMALIDADES DA PRISÃO EM FLAGRANTE..................................................................... 98
3.3 PRISÃO PREVENTIVA.................................................................................................................. 100
3.4 PRISÃO TEMPORÁRIA................................................................................................................ 110
3.5 MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO................................................................. 112
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 119
IX
3 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – RESE................................................................................ 161
3.1 PROCESSAMENTO DO RESE..................................................................................................... 163
3.2 EFEITOS DO RESE........................................................................................................................ 164
4 APELAÇÃO ......................................................................................................................................... 165
4.1 CLASSIFICAÇÃO.......................................................................................................................... 168
4.2 PROCESSAMENTO ..................................................................................................................... 168
4.3 REFORMATIO IN PEJUS.............................................................................................................. 170
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 173
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O direito de punir, exercido pelo Estado, não pode ser absoluto, sob
pena de o Estado se tornar autoritário e retornarmos ao período dos ditadores
que exercem todo o poder sem encontrar ação resistida alguma por parte dos
cidadãos. Por isso, é importante termos um processo penal forte, com normas
bem definidas na orientação e limitação deste poder de punir.
Mas, às vezes, as leis não são suficientes porque não conseguem prever
todas as possibilidades de aplicação do direito, por isso é importante o estudo dos
princípios, que são aqueles que irão balizar o Estado na confecção da legislação
ou até mesmo na falta desta.
3
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
DICAS
O processo penal serve como uma limitação ao direito de punir exercido pelo
Estado, protegendo os cidadãos dos desmandos Estatais com a fixação antecipada das regras
pelas quais o cidadão irá responder.
4
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
O professor Aury Lopes Júnior (2018, p. 96) defende uma dupla dimensão
de aplicação deste princípio, sendo que:
5
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
6
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
7
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
8
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
Este princípio determina que a sentença penal deve ser proferida pelo juiz
que presidiu a audiência de instrução, isso porque o juiz que instruiu a audiência
e que presenciou a oitiva de todas as testemunhas, o interrogatório do réu, e
a confecção de todas as demais provas no processo, teve maior contato com o
instrumento probatório, sendo o mais qualificado para proferir essa sentença.
Esse princípio já foi aplicado até mesmo pelo STJ no julgamento a seguir
colacionado:
Como o próprio acórdão demonstra, esse não é o princípio que pode ser
interpretado de maneira absoluta sob pena de impossibilitar o julgamento em
algumas situações como o juiz sair de licença saúde, férias, promoção etc. Porém,
sempre que possível, ele deve ser respeitado porque oportuniza um julgamento
mais próximo da busca da verdade real.
9
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
10
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
3.8 PUBLICIDADE
A regra geral dos atos processuais – e não apenas no processo penal – é
a publicidade em sua forma mais ampla, e assim encontra-se prevista no artigo
5º, LX, da Constituição Federal “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”
(BRASIL, 1988).
11
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Desta maneira, uma pessoa que foi julgada e absolvida por lesão corporal
na Rua São João, em São Paulo, no dia 3 de maio de 2016, às 16 horas, contra
Fulano, não pode ser novamente processada por lesão corporal na Rua São João,
em São Paulo, no dia 3 de maio de 2016, às 16 horas, contra Fulano.
Importante destacar apenas, que uma mesma ação pode ser processada
em diversas esferas jurídicas distintas sem ofender o princípio estudado.
Desta forma, uma mesma pessoa pode, pela prática de um determinado ato,
sofre uma sanção civil, outra penal, outra administrativa etc. Isto porque as
esferas são independentes entre si, distinguindo a natureza jurídica de cada
uma das ações.
12
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
E
IMPORTANT
Esse princípio determina que a ação penal não pode ultrapassar a pessoa
que está sendo investigada e que é o autor do fato delituoso. Assim, não se pode
processar a mãe porque ela criou o filho que se transformou em um assassino: a
ação penal deve ser somente contra o filho.
13
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
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TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
E
IMPORTANT
Esses são os princípios mais importantes do processo penal, porém, tem-se que
ter em mente que não são os únicos. Você consegue pensar em mais três princípios além
dos elencados aqui?
15
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
UNI
LEMBRE-SE: Julgador e acusador são funções exercidas pela mesma pessoa que
tem total poder de instruir o processo inclusive com torturas; a confissão é considerada a prova
mais importante, mesmo que obtida mediante tortura, sendo suficiente para condenação. O
procedimento é escrito e nele não é oportunizado o contraditório ou a defesa.
Desta forma, busca-se também uma maior paridade entre as partes, sendo
que a acusação é livre para acusar, sendo ela exercida pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, mas o réu pode se defender, utilizando-se de todas as provas
admitidas, privilegiando-se a aplicação do contraditório e da ampla defesa. Essa
liberdade de convencer o juiz acarreta uma responsabilidade para as partes, que
é a de produzir todas as provas que eles entenderem necessárias, não cabendo ao
juiz essa produção de provas, apenas de maneira subsidiária.
16
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
17
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Assim, esse sistema que conjuga a adoção dos dois outros sistemas é
composto de uma fase preliminar, em que vigora a sigilo, escrita e secreta, sem o
contraditório. E uma segunda fase, na qual o órgão acusador delimita a denúncia,
e o réu terá direito à defesa, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
• Renato Brasileiro Lima – O Brasil adota o sistema acusatório, uma vez que a
Constituição de 1988 assegurou a divisão das funções de julgar, defender e
acusar, sendo que cada uma delas deve ser exercida por uma pessoa distinta;
além dos princípios do contraditório e da ampla defesa hoje figurarem no
rol dos direitos e garantias individuais fundamentais. Para ele o Código
de Processo Penal deve ser lido de uma maneira a se adaptar com os
preceitos constitucionais. Porém, o autor faz uma ressalva que mesmo sob
o entendimento de que o Brasil adota o sistema acusatório, esse sistema não
seria totalmente puro.
UNI
18
TÓPICO 1 | PROCESSO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes:
19
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
[...]
II- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo
a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia (BRASIL, 1941) (grifo nosso).
Neste caso, o legislador não pode prever todos os tipos de ação que o juiz
irá julgar, por isso prescreve que, em respondendo a alguém muito próximo dele,
por um fato semelhante àquele que será julgado, o juiz deve se declarar suspeito.
DICAS
Assim, uma regra que muda a forma de intimação dos jurados será
aplicada para todos os casos que estão em processamento perante a vara crime, e
para aqueles que intimaram os jurados pela norma antiga, esta intimação é válida
e não precisa ser refeita.
E
IMPORTANT
21
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
DICAS
22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
23
k) princípio da duração razoável do processo, previsto no artigo 5º, inciso
LXXVIII, “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”;
l) princípio da intranscendência, previsto no artigo 5º, XLV, da Constituição
Federal determina que o processo nem a pena podem ultrapassar a pessoa do
réu;
m) princípio da inadmissibilidade de provas obtidas por meio ilícito. Esse
princípio constitucional tem sua previsão no artigo 5º, LVI, determinando
que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”;
também previsto no Código de Processo Penal no artigo 157, incluído pela
Lei nº 11.690/2008, que disciplina que “São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas
em violação a normas constitucionais ou legais”.
• O sistema adotado pelo Brasil temos duas correntes doutrinárias, sendo que a
majoritária informa que é misto.
• A lei processual penal tem aplicação em todo o território nacional com exceção
dos casos previstos nos incisos do artigo 1º do CPP.
24
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Falso.
b) ( ) Verdadeiro.
25
4 Com relação aos princípios processuais penais, assinale a alternativa correta:
26
UNIDADE 1
TÓPICO 2
INQUÉRITO POLICIAL
1 INTRODUÇÃO
O Código de Processo Penal regulamenta a regra geral aplicada para
todos os procedimentos penais do Brasil. Diz a regra geral porque pode haver
exceções previstas em leis esparsas.
Assim, esse dispositivo penal prevê todas as regras que devem ser seguidas
pelo magistrado ou pelo delegado no momento da confecção do inquérito policial.
2 PERSECUÇÃO PENAL
No momento da ocorrência de um delito, seja ele crime ou contravenção
penal, surge para o Estado um poder-dever de punir o infrator, porém, em sua
maioria, não é fácil essa aplicação da lei ao caso concreto, demandando do Estado
um esforço para a elucidação do fato concreto em busca da verdade real.
27
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
3 INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial é o instrumento pelo qual a autoridade policial
irá documentar todas as investigações realizadas no intuito de comprovar a
materialidade a autoria do delito.
UNI
28
TÓPICO 2 | INQUÉRITO POLICIAL
Ele é considerado mera peça informativa, tendo que suas provas, para
terem validade em juízo, serem repetidas possibilitando a aplicação da ampla
defesa e contraditório, e é exatamente por isso que os tribunais são unânimes em
determinar que os vícios do inquérito, em regra, não contaminam a ação penal.
3.3 CARACTERÍSTICAS
Devemos lembrar do estudo no Tópico 1, quando trabalhamos com os
sistemas de processo, que o inquérito policial ainda é entendido como pertencente
ao sistema inquisitório, e assim com essa informação mais nosso conceito,
conseguimos perceber que as características deste inquérito policial serão diversas
das características da ação penal. Então, vamos a elas:
3.3.1 Inquisitivo
O inquérito policial é uma peça meramente informativa, que não irá
produzir efeitos condenatórios e por isso não precisa respeitar os princípios do
contraditório e da ampla defesa.
E
IMPORTANT
3.3.2 Sigiloso
O inquérito policial poderá ser sigiloso, desde que seja necessário essa
decretação do sigilo para a investigação do fato. Essa é a norma disciplinada no
artigo 20 do CPP, que determina que “a autoridade assegurará no inquérito o
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”
(BRASIL, 1941).
29
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
3.3.3 Instrumental
Ele servirá de instrumento para provar o lastro probatório da ação penal.
Reflita que o juiz não pode admitir a abertura de uma ação penal sem um mínimo
de provas de que aquele fato efetivamente aconteceu e que aquele que está
sendo processado é seu provável autor. E é para preparar esse mínimo de prova
necessário que serve o inquérito policial.
30
TÓPICO 2 | INQUÉRITO POLICIAL
E
IMPORTANT
Assim, qualquer vício que possa vir a ser alegado da fase de inquérito
policial não terá o condão de anular a ação penal, porque por ser peça meramente
informativa e que não deve ser considerada para a prolação da sentença, não irá
eivar de vício a respectiva ação penal.
31
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
UNI
3.4 TITULARIDADE
A atribuição para o inquérito policial é dos policiais civis dos Estados e da
polícia federal. Isso porque o dispositivo 144 da CF determina que:
3.6 PRAZO
O prazo do inquérito policial, em regra, é de 10 dias se o indiciado estiver
preso e de 30 dias se o indiciado estiver solto. Isso é o que se extrai do artigo 10,
do CPP:
33
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
Esse prazo do inquérito policial é a regra geral, porém existem prazos específicos
em leis esparsas, como é o caso da lei de drogas – Lei nº 11.343 – que no seu art. 51 determina
o prazo para a finalização do inquérito policial em 30 dias para os casos de réu preso e 90 dias
para os casos de réu solto.
3.7 PROCEDIMENTO
O procedimento do inquérito policial vem previsto no Código de Processo
Penal no artigo 5º e seguintes. Sua instauração poderá se dar:
34
TÓPICO 2 | INQUÉRITO POLICIAL
35
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
3.8 INDICIAMENTO
O indiciamento é o momento no qual o investigado passa a figurar como
principal suspeito do crime, deixando de ser mero investigado para ser indiciado.
Bonfim (2016, p. 162) enfatiza que:
36
TÓPICO 2 | INQUÉRITO POLICIAL
Civil de 2002, este dispositivo vem sendo entendido pela doutrina como tendo
perdido a razão de ser uma vez que a maioridade civil passou a ser completa aos
18 anos, diversamente do Código Civil de 1916 que previa que essa maioridade
absoluta somente seria alcançada aos 21 anos.
DICAS
37
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
39
AUTOATIVIDADE
1 O inquérito policial
40
5 As principais características do inquérito policial são:
41
42
UNIDADE 1
TÓPICO 3
AÇÃO PENAL
1 INTRODUÇÃO
A persecução penal é realizada através da propositura das ações penais
com o fim da melhor aplicação do ius puniendi do Estado.
2 AÇÃO PENAL
A ação penal é o instrumento adequado para o Estado, buscar a
comprovação da materialidade e autoria de um delito praticado, e com isso
possibilitar a aplicação do poder punitivo do Estado àquele contra quem ficou
comprovada a imputação do cometimento do fato típico. Bonfim (2017, p. 175)
sintetiza afirmando que:
43
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
44
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
45
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
O processo judicialiforme era aquele que podia ser iniciado por iniciativa da
autoridade policial. Hoje entende-se que essa possibilidade não foi recepcionada pela
Constituição Federal.
46
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
no caso de delação premiada, a ação deverá ir até o seu deslinde, sendo que o
benefício será aplicado através da sentença penal). (Art. 42, CPP. O Ministério
Público não poderá desistir da ação penal).
b) Princípio da obrigatoriedade: sendo comprovada a materialidade e havendo
indícios de autoria o Ministério Público DEVERÁ oferecer a denúncia. Não
há que se falar aqui em se fazer um juízo de oportunidade e conveniência,
porque ao membro do MP não se fala em discricionariedade. A Lei nº 9.099, ao
tratar da transação, trouxe uma disponibilidade temperada quando se tratar
de crime de menor potencial ofensivo.
c) Princípio da intranscendência: a ação penal não pode ultrapassar a pessoa do
acusado.
d) Princípio da divisibilidade: há discussão doutrinária sobre a aplicação ou não
deste princípio em sede de ação penal pública. Mas o STJ já se manifestou
no sentido de que o Ministério Público, como titular da ação penal, poderá
apresentar denúncia contra um ou mais envolvidos no crime, e não apresentar
em relação a outro em que ainda esteja sendo efetivada a investigação penal.
Neste caso, o Ministério Público poderá aditar posteriormente a denúncia para
incluir este outro acusado. O que é unânime é que o Ministério Público não
pode escolher contra quem oferecer denúncia, havendo provas suficientes,
deve a denúncia ser oferecida contra todos os indiciados.
e) Princípio da oficialidade: determina que a ação penal pública deve ser proposta
por um órgão oficial do Estado, seja ele o Ministério Público da União ou dos
Estados membros.
E
IMPORTANT
47
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Mas a ação penal poderá ser intentada até seu prazo prescricional. A
consequência mais direta da perda do prazo de oferecimento da denúncia se dá
para o réu preso que deverá ser colocado em liberdade por causa do entendimento
que se não existe fundamento ainda para a propositura da ação, também não
existe para a manutenção da prisão.
UNI
LEMBRE-SE
A regra é que os crimes sejam processados através de ação penal pública incondicionada.
Assim, se for condicionada haverá menção expressa no tipo penal ou ao final do capítulo do
Código Penal.
48
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
Por causa disso se diz que em relação a essa espécie de ação vigora o
princípio da oportunidade ou da conveniência.
E
IMPORTANT
Mas preste atenção, na regra geral, esse direito só pode ser exercido até o
OFERECIMENTO da denúncia. (Regra geral, porque existem exceções como é o
caso da lei Maria da Penha que prevê que essa retratação pode ser exercida até o
recebimento da denúncia (artigo 24, CP).
DICAS
50
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
E
IMPORTANT
Este tipo de ação vem previsto, no artigo 2º, § 2º, do Decreto-lei nº 201/67,
que trata dos crimes de responsabilidade de prefeitos. A lei prevê a possibilidade
de o Procurador Geral da República apresentar a denúncia no caso de inércia do
Procurador Geral de Justiça.
51
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Neste caso, a ação será proposta por um advogado constituído, que deverá
juntar aos autos a procuração com poderes especiais para a propositura da ação.
E
IMPORTANT
52
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
53
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
DICAS
Exemplo de ação penal privada que já nasce privada são os crimes contra
a honra. Quando alguém é caluniado, cabe a este o processamento do feito através da
queixa crime.
Hoje, o único caso previsto no Código Penal que prevê a ação penal
privada personalíssima é o artigo 236 que tipifica o crime de induzimento a erro
essencial e ocultação de impedimento.
UNI
54
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
DICAS
O direito de propor a ação penal privada subsidiária da pública irá subsistir como
direito de propor a ação penal pública no mesmo lapso temporal.
55
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
E
IMPORTANT
ATENCAO
Art. 29, CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
ação como parte principal (BRASIL, 1940).
56
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
E
IMPORTANT
4.5.1 Decadência
É a perda do direito de ação, aplicável tanto a ação penal privada – inclusive
para a ação penal privada subsidiária da pública – quanto para a representação.
57
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
4.5.2 Renúncia
É o meio pelo qual alguém, ao exercer a análise da conveniência e
oportunidade de propor a ação penal privada, abdica do seu direito. Este ato é
voluntário e unilateral, ou seja, não depende de aceitação por parte do réu.
Ela pode ser de duas espécies, expressa ou tácita. Será expressa quando
alguém expressamente, pode ser por declaração assinada ou nos próprios autos
do inquérito policial declina do seu direito de ação. Será tácita quando o ofendido
tomar uma atitude incompatível com a propositura da ação, por exemplo,
convidar o indiciado para um cruzeiro. Esta renúncia tácita pode ser provada por
qualquer meio de prova admitido em direito.
58
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
ATENCAO
4.5.4 Perempção
É a perda do direito de ação (de prosseguir na ação) pela negligência do
autor da ação. Novamente somente pode ser reconhecido em relação das ações
exclusivamente privada e para as ações privadas personalíssimas. Se a ação penal
for privada subsidiária da pública nestes casos, a titularidade retorna para o
Ministério Público que deverá continuar na condução da ação até seu trânsito em
julgado, esse é o entendimento esposado pelo STJ:
59
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Nos casos de ação penal privada em que a peça inaugural for oferecida
pelo ofendido ou seu representante legal, ela se chamará de queixa crime.
60
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
Da decisão que recebe a queixa, em regra não cabe recurso; porém como
falamos na possibilidade da restrição da liberdade de locomoção do réu, é possível
a impetração de um Habeas Corpus, porém, nele não se pode requerer a análise
do mérito.
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
61
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
Assim, deverá a peça exordial ser aditada para a inclusão do novo fato
delituoso, mas tem que se preservar o direito de defesa do réu acerca desta nova
narrativa, dando-lhe o direito de defesa para ser exercido no prazo de cinco dias.
Também é facultado as partes o arrolamento de três testemunhas para serem
ouvidas pelo juízo.
62
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Introdução
63
UNIDADE 1 | TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
64
TÓPICO 3 | AÇÃO PENAL
favor do acusado. Nesse caso o defensor deveria ter raízes cristãs, sendo papel
do advogado fazer o acusado de heresia confessar a acusação e pedir pena para
o delito cometido. Nesse contexto, o procedimento inquisitorial acaba por afastar
a presunção de não culpabilidade, eis que a acusação, a prova e o julgamento
acabam centralizados nas mãos de um só intérprete, o inquisidor.
65
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
66
AUTOATIVIDADE
I- Todos os tipos penais previstos no Código Penal são de ação penal pública,
e por isso ela é a regra.
II- A ação penal privada é uma exceção, somente podendo ser utilizada se o
Ministério Público queda-se inerte.
III- O Ministério Público atua como autor em qualquer ação penal.
68
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
69
70
UNIDADE 2
TÓPICO 1
SUJEITOS PROCESSUAIS
1 INTRODUÇÃO
O processo penal envolve o trabalho de várias pessoas, sendo algumas
consideradas essenciais e outras secundárias. Porém, todas elas são importantes
e possuem funções bastante distintas para o regular desenvolvimento do devido
processo legal.
2 JUIZ
O juiz é um dos atores processuais que atuará no processo como
destinatário principal das provas – porém não único destinatário, já que elas se
dirigem a todos os que participam do processo –, e que com base nela deverá, de
forma imparcial, decidir a demanda proposta.
Perceba que o juiz pode ser um magistrado de primeiro grau, e nesse caso,
em regra, atuará sozinho na lide, ou pode ser membro de um órgão colegiado,
por exemplo, no segundo grau de jurisdição, nos Tribunais de Justiças, Tribunais
Regionais Federais etc.
71
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
• Os poderes de impulso do processo são aqueles que o juiz possui para garantir que
o processo chegue ao seu fim de maneira regular. Por exemplo, determinando
a citação do réu, oportunizando a defesa.
Para que o juiz possa exercer sua função com tranquilidade e garantir a
imparcialidade no julgamento das lides, são lhe garantidas algumas prerrogativas
pela Constituição Federal em seu artigo 95, são elas:
72
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
ATENCAO
73
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes:
I- se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II- se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III- se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser
julgado por qualquer das partes;
IV- se tiver aconselhado qualquer das partes;
V- se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl- se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo (BRASIL, 1941).
ATENCAO
O artigo 256 do Código de Processo Penal alerta que não pode ser alegada
suspeição se a parte, propositadamente, ter causa a ela.
74
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
3 MINISTÉRIO PÚBLICO
A Constituição Federal de 1988 prevê o Ministério Público como sendo
“instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis” (BRASIL, 1988).
NOTA
75
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
76
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
SABER DO STF
HABEAS CORPUS. DENÚNCIA OFERECIDA POR MEMBRO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO ATUANTE EM VARA CRIMINAL COMUM
E RECEBIDA PELO JUÍZO DO TRIBUNAL DO JÚRI. VIOLAÇÃO
AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. INOCORRÊNCIA.
PRINCÍPIOS UNIDADE E INDIVISIBILIDADE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. PRECEDENTES. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 67.759/RJ, de relatoria do Ministro CELSO DE MELLO,
reconheceu, por maioria de votos, a existência do princípio do promotor
natural, no sentido de proibirem-se designações casuísticas efetuadas
pela chefia da Instituição, que criariam a figura do promotor de exceção,
incompatível com a determinação constitucional de que somente o promotor
natural deve atuar no processo. Hipótese não configurada no caso. 2. Habeas
corpus denegado. (STF, Primeira Turma, Relator Min. MARCO AURÉLIO,
Relator p/ Acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, HABEAS CORPUS,
HC 114093 / PR – PARANÁ, Julgamento: 03/10/2017, DIVULG 20-02-2018,
PUBLIC 21-02-2018.) Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/
detalhe.asp?incidente=4262598. Acesso em: 2 abr. 2019. (grifo nosso)
77
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
4 ACUSADO
O acusado é aquele contra quem é deflagrada a ação penal, imputando-
lhe a prática de algum fato delituoso. No processo penal há uma diferença de
terminologia utilizada em cada fase procedimental:
78
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
ATENCAO
Na ação penal privada a peça inaugural se chama queixa crime, por isso não se
utiliza o termo denunciado, e sim querelado.
Contudo, nem todo mundo pode ser acusado no processo penal, sendo
necessário que já tenha atingido a maioridade penal, ou seja, que já tenha
completado 18 anos. Em caso de o acusado ser menor de 18 anos, ele não
responderá por um processo crime, e sim por um ato infracional que deverá ser
processado na vara da infância e juventude.
E
IMPORTANT
79
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STF
Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Penal.
3. Prescrição. Alegação de aplicação às pessoas jurídicas do lapso previsto
no inciso I do art. 114 do CP (prescrição da pena de multa). 4. Incidência das
súmulas 282 e 356. 5. Ofensa indireta ao texto constitucional. 5. Súmula 279. 6.
Não configurada a ocorrência de prescrição em relação ao crime imputado. 7.
Nos crimes ambientais, às pessoas jurídicas aplicam-se as sanções penais
isolada, cumulativa ou alternativamente, somente as penas de multa,
restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade (art. 21 da Lei
nº 9.605/98). No caso, os parâmetros de aferição de prazos prescricionais são
disciplinados pelo Código Penal. Nos termos do art. 109, caput e parágrafo
único, do Código Penal, antes de transitar em julgado a sentença final, aplica-
se, às penas restritivas de direito, o mesmo prazo previsto para as privativas
de liberdade, regulada pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime. O crime do art. 54, § 1º, da Lei nº 9.605/98 – o qual estabelece
pena de detenção de seis meses a um ano, e multa – prescreve em 4 anos
(CP, art. 109, V). Não ocorrência do prazo de 4 anos entre a data dos fatos
e o recebimento da denúncia. Prescrição não caracterizada. Não se afasta
o lapso prescricional de 2 anos, se a pena cominada à pessoa jurídica for,
isoladamente, de multa (inciso I, art. 114, do CP). 8. Ausência de argumentos
capazes de infirmar a decisão agravada. 9. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STF, Segunda Turma, Relator
Min. GILMAR MENDES, AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO 944034, Julgamento: 30/09/2016, DJe-223 DIVULG 19-10-2016
PUBLIC 20-10-2016). Disponível em:http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
listarJurisprudencia.asp?s1=%28CRIME+AMBIENTAL+JUR%CDDICA%
29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/y2an8bl6. Acesso em: 2 abr.
2019. (grifo nosso).
80
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
DICAS
81
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
82
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
83
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
5 DEFENSOR
O defensor é o advogado incumbido de defender o acusado em juízo.
84
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
ATENCAO
6 CURADOR
Embora o artigo 262 do CPP ainda mencione que ao acusado menor será
nomeado curador, essa figura não mais persiste. Ele era nomeado nos casos de
acusados maiores de 18 anos e menores de 21 anos, quando o antigo Código Civil
(de 1916) previa que a maioridade absoluta só era alcançada aos 21 anos de idade.
Porém com a vigência do novo Código Civil (de 2002), prevendo a maioridade
absoluta aos 18 anos, esse artigo ficou sem aplicação.
85
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
7 ASSISTÊNCIA
A assistência poderá ser prestada pelo ofendido ou por seu representante
legal em todos os casos de ação penal pública (não se podendo admitir a assistência
em ação penal privada porque ela já é intentada pelo ofendido). Interessante
analogia é feita por Brasileiro de Lima (2017, p. 1240):
8 PERITOS E INTÉRPRETES
Os peritos são pessoas técnicas especializadas que auxiliam o juízo
quando existe a necessidade de um conhecimento específico que fuja do direito.
Por exemplo, em um incêndio pode-se contratar um engenheiro eletricista para
auxiliar o juízo para saber se foi criminoso ou não. No caso de drogas, pode-se
contratar um químico etc.
O artigo 275 do CPP determina que o perito não oficial deve sujeitar-se à
disciplina judiciária (BRASIL, 1941).
86
TÓPICO 1 | SUJEITOS PROCESSUAIS
E
IMPORTANT
O perito pode ser oficial ou particular. Será oficial quando fizer parte dos quadros
do Estado (concursado), e será particular quando não fazem parte dos quadros do Estado,
mas são chamados para trabalharem naquele caso.
O perito que for intimado deverá aceitar o encargo, sob pena de multa,
salvo justificativa plausível. Em não comparecendo a juízo, o perito poderá ser
conduzido coercitivamente (ou seja, pela polícia).
O artigo 280 do CPP determina que “é extensivo aos peritos, no que Ihes
for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes” (BRASIL, 1941). Assim,
remetemos o acadêmico à leitura da suspeição do juiz anteriormente trabalhado.
87
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O juiz é o ator processual que deverá decidir a lide, o destinatário principal das
provas (porém não é o único).
• Sobre o Ministério Público, vimos que ele é o titular da ação penal pública.
Porém que ele não é mero órgão de acusação, sendo que deve funcionar em
todos os processos penais, podendo exercer a função de custus legis.
88
• O acusado só recebe esse nome após a deflagração da ação penal. Ele será
nomeado de suspeito durante o inquérito, porém, antes do indiciamento. Será
indiciado no inquérito policial, mas após o indiciamento, será acusado ou
imputado no decorrer da ação penal, e por fim, será condenado após a sentença
condenatória.
• Será constituído se for nomeado pelo próprio acusado. Será nomeado se for
dado ao acusado pelo juízo. Podendo ser, o defensor nomeado dativo ou da
defensoria pública.
• Peritos são pessoas técnicas especializadas que auxiliam o juízo quando existe
a necessidade de um conhecimento específico que fuja do direito.
• Intérpretes são auxiliares do juízo para a comunicação com aqueles que não
conseguem se expressar na língua portuguesa, seja porque são estrangeiros
e não falam português, ou porque possuem alguma deficiência de fala ou
compreensão.
89
AUTOATIVIDADE
2 Os peritos devem:
3 Sobre os defensores:
90
4 Na ação penal privada o Ministério Público:
91
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O processo penal é composto pelo processo de conhecimento, aquele em
que se busca saber quem foi o autor do ato criminoso; o processo cautelar, que
visa resguardar o processo e sua efetividade; e o processo de execução, em que se
pretende executar a pena imposta no processo de conhecimento.
93
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Neste tópico iremos nos deter ao estudo das medidas cautelares pessoais
e patrimoniais.
Então, podemos entender que a prisão com pena, aquela que deriva de
uma sentença penal condenatória é admitida pela Constituição Federal, porém,
além dela, é admitida a prisão em flagrante e aquela que derive de ordem escrita
e fundamentada de autoridade judiciária competente (prisões provisórias).
94
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
E
IMPORTANT
UNI
O flagrante pode ser efetivado por qualquer pessoa do povo, até mesmo
ofendido, não precisando ser feito pela autoridade policial. Isto está disciplinado
no artigo 301 do CPP:
95
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Isto porque não haveria como a lei obrigar o cidadão comum a se incumbir
de prender qualquer tipo de criminoso, porém, não poderia também lhe tolher
esse direito.
E
IMPORTANT
Existem pessoas que em razão do cargo que ocupam não podem ser presas em
flagrante:
a) diplomatas;
b) parlamentares federais e estaduais, (artigo 53, § 2º, CF – “Desde a expedição do diploma,
os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”);
c) Presidente da República, (artigo 86, § 3º, CF “enquanto não sobrevier sentença condenatória,
nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão”);
d) magistrados e membros do Ministério Público.
96
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
essa perseguição ininterrupta, mesmo que leve dias até que se concretize a
prisão.
• Flagrante presumido – existem autores que afirmam ser um tipo de flagrante
impróprio, porém, entendemos que com ele não se confunde. No inciso IV a
lei prevê a hipótese da prisão daquele que mesmo que consiga sair do local do
crime sem ser perseguido, mas é encontrado logo depois (note que houve uma
mudança do termo de logo após para logo depois, desejando demonstrar uma
maior passagem de tempo), com quaisquer objetos do crime (arma, papéis,
objetos) que se possa presumir que aquele é o autor do crime.
UNI
97
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
DICAS
98
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
UNI
ATENCAO
Se o preso não informar quem deseja que seja seu procurador, deverá
ser remetida cópia integral dos autos para a defensoria pública, para que possa
efetivar a defesa. No prazo de 24 horas da prisão, ainda será entregue ao preso a
nota de culpa (documento que contém o motivo da prisão, o nome do condutor e
das testemunhas), sob pena de tornar a prisão ilegal.
99
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
UNI
VAMOS REFLETIR?
E no caso de ação penal privada, é possível a prisão em flagrante?
Sim, mas deverá haver a manifestação do ofendido no sentido de desejar a efetivação daquela
prisão, porque é dele a legitimidade para a ação penal.
100
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STF:
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. SÚMULA 691/
STF. AFASTAMENTO. ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. MOTIVAÇÃO GENÉRICA E
ABSTRATA. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
CONCESSÃO DA ORDEM. EXTENSÃO DO BENEFÍCIO AO CORRÉU. 1.
Em casos excepcionais, viável a superação do óbice da Súmula 691 desta
Suprema Corte. Precedentes. 2. O decreto de prisão cautelar há de se apoiar
nas circunstâncias fáticas do caso concreto, evidenciando que a soltura ou
a manutenção em liberdade do agente implicará risco à ordem pública, à
ordem econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal (CPP, art.
312). 3. A motivação genérica e abstrata, sem elementos concretos ou base
empírica idônea a amparar o decreto prisional, esbarra na jurisprudência
consolidada deste Supremo Tribunal Federal, que não lhe reconhece
validade. Precedentes. 4. Substituição da prisão preventiva por medidas
cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, a serem fixadas
pelo juízo de primeiro grau. 5. Identidade de situações entre o paciente e o
corréu enseja, na hipótese, a aplicação do art. 580 do Código de Processo
Penal - “No concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveitará outros”. 6. Ordem de habeas corpus
concedida para revogar a prisão preventiva do paciente, sem prejuízo da
imposição, pelo magistrado de primeiro grau, se assim o entender, das
medidas cautelares ao feitio legal, estendendo os efeitos desta decisão ao
corréu.
(STF, HC 136296 / SP - SÃO PAULO, Primeira Turma, Relator Min. ROSA
WEBER, Julgamento 13/09/2016, Publicação DJe-226, Divulg 21-10-2016,
Public 24-10-2016). Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/
paginador.jsp?docTP=TP&docID=11899790>. Acesso em: 23 abr. 2019)
(grifo nosso).
Neste julgado acima, o STF reconhece que a motivação tem que ser
concreta, analisando-se o caso que está sendo julgado, não podendo ser genérica
com a mera repetição do dispositivo legal.
101
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
E
IMPORTANT
SABER DO STF:
102
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
O STF elenca neste julgado acima uma das hipóteses que se enquadram
dentro do conceito de ordem pública, como regular a ordem por causa da
periculosidade social dos réus.
SABER DO STJ:
103
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STJ:
104
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
105
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STJ:
106
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STJ:
107
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
I- nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II- se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
108
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
UNI
109
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
E
IMPORTANT
Foi para ser sua substitutiva (da prisão para averiguação) que a Lei nº
7.960 (que prevê a prisão temporária) entra em vigor, objetivando ser uma prisão
que garanta a efetividade das investigações durante o inquérito policial que
investiguem um delito considerado grave.
110
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
111
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Além destes casos, a temporária também pode ser decretada nos casos
dos crimes hediondos por autorização legal da Lei nº 8.072/90.
A prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz da comarca,
necessitando de representação da autoridade policial ou de requerimento do
Ministério Público.
DICAS
O prazo da prisão temporária, regra geral, é de cinco dias prorrogáveis por mais
cinco.
O prazo da prisão temporária nos crimes hediondos, é de 30 dias prorrogáveis por mais 30.
A prisão preventiva NÃO tem prazo, devendo ser preservada enquanto se mantiverem os
motivos ensejadores da prisão.
112
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens-2016/23medidascaut
elaresdiversasdaprisao.jpg/@@images/0c9d2453-1dca-445b-bb9c-d093a89b2ab4.jpeg>. Acesso
em: 3 maio 2019.
113
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
SABER DO STJ:
114
TÓPICO 2 | DAS MEDIDAS CAUTELARES
115
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
E
IMPORTANT
FONTE: <https://www.opovo.com.br/jornalimages/app/noticia_
147507931171/2017/06/06/23825/Medidas-cautelares-aplicadas.jpg >. Acesso em: 3 maio 2019.
116
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O flagrante é a prisão que ocorre quando o crime está sendo cometido, acaba
de ser cometido ou logo após é cometido.
117
• Flagrante forjado é também uma hipótese de flagrante não aceito. Ocorre
quando o agente cria provas de um crime que não aconteceu, para possibilitar
a prisão de outro que é inocente.
• Não existe prazo para a duração da prisão preventiva, devendo ser mantida
enquanto durarem os motivos ensejadores da prisão, e ser revogada assim que
se tornar desnecessária.
118
AUTOATIVIDADE
3 A prisão em flagrante não pode ser efetivada por qualquer pessoa, sendo
necessário que ela ocorra através do agente policial, único habilitado para
essa função.
a) ( ) Verdadeiro.
b) ( ) Falso.
a) ( ) Prisão em flagrante.
b) ( ) Prisão temporária.
c) ( ) Prisão preventiva.
d) ( ) Prisão especial.
e) ( ) Prisão civil.
119
120
UNIDADE 2 TÓPICO 3
LIBERDADE PROVISÓRIA
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a liberdade de ir e vir é a regra dentro do ordenamento jurídico,
assim considerada em virtude de nossa Constituição Federal. Por isso, mesmo
nos casos de prisão em flagrante, a lei prevê uma possibilidade do acusado poder
responder ao processo em liberdade.
Bons estudos!
2 RELAXAMENTO DA PRISÃO
O relaxamento da prisão é a medida cabível para os casos de alguém
sofrer alguma prisão ilegal. Sua previsão está disposta no artigo 5º, LXV, CF e
artigo 310 do CPP.
Artigo 5º, LXV, CF – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária (BRASIL, 1988).
3 REVOGAÇÃO DA PRISÃO
A revogação da prisão, por sua vez, se dará quando a prisão preventiva
for legalmente decretada, mas que tenha perdido seu objeto, ou seja, quando se
verificar que não subsiste razão para sua manutenção.
121
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/
edicao-semanal/liberdade-provisoria-relaxamento-da-prisao-e-revogacao-da-prisao/image_
mini>. Acesso em: 14 maio 2019.
4 LIBERDADE PROVISÓRIA
A liberdade provisória poderá ser concedida àquele que preso em
flagrante preencher determinados requisitos legais, podendo ser concedida com
fiança ou sem fiança, de acordo com o determinado na Constituição Federal no
artigo 5º, LXVI (“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”) (BRASIL, 1988).
122
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
Liberdade Liberdade
Aguarda
provisória sem provisória com
julgamento
pagamento de pagamento de
preso
fiança fiança
Exceções
FONTE: <http://lh3.googleusercontent.com/-NZe3xlN3wiE/VVAHHcPihzI/AAAAAAAAPog/_
W6yqxVmhhs/s640/2015-05-10%25252020.21.40.png>. Acesso em: 14 maio 2019.
123
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
E
IMPORTANT
Embora a lei fale em poder o juiz conceder a liberdade provisória sem flagrante
nesta hipótese do artigo 310, parágrafo único, trata-se, em verdade, de um poder dever. Sendo
assim, é obrigação do juiz conceder o benefício ao réu.
Brasileiro Lima (2017) defende que embora a lei somente tenha elencado
as causas de excludente de ilicitude, nelas também estariam abarcadas as causas
excludentes de culpabilidade (obediência hierárquica, coação moral irresistível,
inexigibilidade de conduta diversa) por analogia in bonan partem.
124
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
Neste caso, o réu fica sujeito a todas as condições da fiança, como veremos
a seguir.
DICAS
Leia a lei:
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em
hipoteca inscrita em primeiro lugar (BRASIL, 1941).
ATENCAO
Para os delitos mais leves a própria autoridade policial poderá fixar a fiança, e para os mais
graves, apenas a autoridade judiciária (juiz).
Art. 322, CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas (BRASIL, 1941).
125
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
Além desse rol taxativo, ainda não será concedida a fiança para os casos em
que o acusado já quebrou a fiança no mesmo processo (O quebramento da fiança
se dá quando o réu não comparecer depois de intimado a qualquer ato perante
a autoridade) ou deixado de cumprir qualquer das obrigações impostas a ele, no
caso de prisão civil (hoje no Brasil se efetiva apenas ao devedor de alimentos),
prisão militar (porque tem um regramento próprio com o Código de Processo
Penal Militar), e nos casos que são autorizados a decretação da prisão preventiva.
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder
nos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I- de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração
cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a
4 (quatro) anos;
II- de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da
pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança
poderá ser:
I- dispensada, na forma do art. 350 deste Código,
II- reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III- aumentada em até 1.000 (mil) vezes (BRASIL, 1941).
126
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
o valor da sentença. Além desse, existem outros elencados no artigo 326, como
“a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do
acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a
importância provável das custas do processo, até final julgamento”.
• Fiança sem efeito – prevista no artigo 337, CPP – ocorre quando o réu não
reforça a fiança após a intimação para fazê-lo, ou seja, quando intimado
para complementar o valor, se omite e não o faz. Nesta hipótese o valor será
restituído e o acusado será recolhido ao cárcere.
127
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
• Restauração da fiança – quando a fiança for cassada, poderá a decisão ser revista
em sede de retratação do juízo, ou em grau de recurso como deferimento de
um recurso em sentido estrito.
• Perda da fiança – prevista no artigo 344, CPP – ocorre a perda total do valor da
fiança se o condenado não se apresentar para iniciar o cumprimento da pena.
128
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR
1 Justificativa do tema
129
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
130
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
O papel do juiz, num processo publicista, coerente com sua função social,
é necessariamente ativo. Deve ele estimular o contraditório, para que se torne
efetivo e concreto. Deve suprir as deficiências dos litigantes, para superar as
desigualdades e favorecer a par condicio. E não pode satisfazer-se com a plena
disponibilidade das partes em matéria de prova.
O juiz deve tentar descobrir a verdade e, por isso, a atuação dos litigantes
não pode servir de empecilho à iniciativa instrutória oficial. Diante da omissão
da parte, o juiz em regra se vale dos demais elementos dos autos para formar seu
convencimento. Mas se os entender insuficientes, deverá determinar a produção
de outras provas, como, por exemplo, ouvindo testemunhas não arroladas no
momento adequado. Até as regras processuais sobre a preclusão, que se destinam
apenas ao regular desenvolvimento do processo, não podem obstar ao poder
dever do juiz de esclarecer os fatos, aproximando-se do maior grau possível de
certeza, pois sua missão é pacificar com justiça. E isso somente acontecerá se
o provimento jurisdicional for o resultado da incidência da norma sobre fatos
efetivamente ocorridos.
131
UNIDADE 2 | DOS SUJEITOS PROCESSUAIS E DAS MEDIDAS CAUTELARES
132
TÓPICO 3 | LIBERDADE PROVISÓRIA
FONTE: <http://depen.gov.br/DEPEN/depen/espen/RevistadoConselhoNacionaldePoltica
CriminalePenitenciria2005.pdf#page=15>. Acesso em: 27 maio 2019.
133
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A revogação da prisão se dará sempre que a prisão legal perder seu objeto.
• Liberdade provisória sem fiança pode ser concedida quando o indiciado tiver
praticado o delito sob alguma excludente de ilicitude prevista no artigo 23, do
Código Penal, ou quando demonstrar a falta de possibilidade econômica de
arcar com os custos da fiança.
• Para os delitos mais leves a própria autoridade policial poderá fixar a fiança, e
para os mais graves, apenas a autoridade judiciária (juiz).
134
AUTOATIVIDADE
a) Certo.
b) Errado.
a) Certo.
b) Errado.
a) Certo.
b) Errado.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – COMPETÊNCIAS
137
138
UNIDADE 3
TÓPICO 1
COMPETÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Em respeito aos princípios constitucionais estudados no Tópico 1,
da Unidade 1, deste livro didático, os casos processuais penais não podem
ser julgados em qualquer lugar e por qualquer juiz. Para garantir a lisura do
procedimento, é necessário que se sigam as regras constitucionais e processuais
de fixação da competência.
2 COMPETÊNCIA
Competência é o poder que os juízes têm de exercer a jurisdição ao
caso concreto. Contudo, a competência jurisdicional dos juízes não é integral,
encontrando alguns limites legais que devem ser respeitados.
• competência absoluta – é aquela que não pode ser prorrogada, sendo que se o
processo for interposto no juízo incompetente deve ser remetido para o juízo
correto sob pena de nulidade, é o caso da competência por matéria e do foro
por prerrogativa de função;
139
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
E
IMPORTANT
Nós destacamos que a regra geral é que os crimes militares sejam julgados
pela justiça militar, contudo nem todos os crimes praticados por militares serão
julgados pela justiça militar.
DICAS
Vejamos:
1) A justiça militar estadual jamais julga civis. Mesmo que o civil pratique um
ato contra um militar ou contra uma instituição militar, este será julgado pela
justiça comum.
140
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
DICAS
Súmula 53, STJ – Compete à justiça comum estadual processar e julgar civil
acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.
FONTE: STJ. Súmula 53. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/enunciados.
jsp?&b=SUMU&p=true&l=10&i=51. Acesso em: 10 maio 2019.
DICAS
Súmula 06, STJ – Compete à justiça comum estadual processar e julgar delito
decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de polícia militar, salvo se autor e
vítima forem policiais militares em situação de atividade.
FONTE: STJ. Súmula 53. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/enunciados.
jsp?&b=SUMU&p=true&l=10&i=1. Acesso em: 10 maio 2019.
141
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
142
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
SABER DO STF:
FONTE: BRASIL, STJ, Tribunal Pleno, RE 835558 / SP - SÃO PAULO, Relator Min. LUIZ
FUX, Julgamento: 09/02/2017 (grifo nosso). Disponível em: http://redir.stf.jus.br/
paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13307968. Acesso em: 18 maio 2019.
143
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
SABER DO STF
FONTE: BRASIL, STJ, Tribunal Pleno, RE 835558 / SP - SÃO PAULO, Relator Min. LUIZ
FUX, Julgamento: 09/02/2017 (grifo nosso). Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/
paginador.jsp?docTP=TP&docID=13307968. Acesso em: 18 maio 2019.
144
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas
anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do
próprio Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 1988).
FONTE: http://www.bastidoresdopoder.com.br/juridico/relator-remete-ao-plenario-discussao-
sobre-alcance-do-foro-por-prerrogativa-de-funcao/. Acesso em: 14 maio 2019.
145
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
O artigo 108 elenca o foro por prerrogativa de função daqueles que serão
julgados perante o Tribunal Regional Federal:
146
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
ATENCAO
147
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
148
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
SABER DO STF
SABER DO STJ
Súmula 151 – A competência para o processo e julgamento por crime
de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do
lugar da apreensão dos bens.
FONTE: STJ. Súmula 151. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/
enunciados.jsp?&b=SUMU&p=true&l=10&i=151. Acesso em: 18 maio 2019.
Haverá a conexão nos casos elencados no artigo 76 do CPP, que traz casos
em que haja identidade de pessoas (I), de objetivo delitivo (II) ou de provas (III).
Vejamos:
149
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
CONTINÊNCIA CONEXÃO
Fundamental para
a avaliação unificada Material ou Processual ou
dos fatos criminosos Substância Instrumental
gerados por um
ou mais autores
(ART. 76, CPP) Várias infrações Não há nexo entre as
ligadas por laços infrações, mas a prova
circunstancias, de uma infração ou de
havendo conexão qualquer circunstância
entre os próprios elementar influi
delitos na outra
FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/56322846/processo-penal---fixacao-de-
competencia-por-conexao-ou-continencia>. Acesso em: 18 maio 2019.
150
TÓPICO 1 | COMPETÊNCIA
Lembrando que sempre que houver jurisdição especial, esta deverá ser
respeitada, bem como se houver, por qualquer motivo, a competência de qualquer
dos tribunais. Além disto, em caso entre concurso entre jurisdição comum e militar,
ou comum e da vara da infância e juventude, os processos devem ser cindidos,
isto é, divididos, não sendo julgados em conjunto, e sim, separadamente. Também
haverá a cisão dos processos no caso de sobrevier doença mental a algum dos
corréus ou se o corréu que estiver foragido não puder ser julgado à revelia.
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/44/a5/2b/44a52b96a396558bf04aa63864ca06e9.jpg>.
Acesso em: 13 jun. 2019.
151
RESUMO DO TÓPICO 1
152
• A competência será determinada pela continência quando: duas ou mais
pessoas forem acusadas pela mesma infração; no caso de infração cometida nas
condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal
(BRASIL, 1941).
• Nos casos em que houver concurso entre o júri e outro órgão da justiça,
prevalecerá o júri.
• A competência ser fixada no lugar da infração que tiver pena mais grave;
se forem de igual gravidade, o lugar que tiver ocorrido o maior número de
infrações; por fim, deve ser fixado pela prevenção.
153
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
154
5 Existem circunstâncias que permitem a cisão dos processos. É o caso, por
exemplo, do concurso entre jurisdição comum e militar, ou comum e da
vara da infância e juventude, quando os processos devem ser julgados
separadamente.
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
155
156
UNIDADE 3
TÓPICO 2
DOS RECURSOS I
1 INTRODUÇÃO
O processo de conhecimento penal é composto também da parte
dos recursos. Já estudamos que o duplo grau de jurisdição é uma garantia
reconhecida pela Constituição e também pelos tratados internacionais dos
quais o Brasil faz parte.
Bons estudos!
157
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
158
TÓPICO 2 | DOS RECURSOS I
SABER DO STF
Súmula 320 – A apelação despachada pelo juiz no prazo legal não fica
prejudicada pela demora da juntada, por culpa do cartório.
SABER DO STJ
Súmula 216 – A tempestividade de recurso interposto no Superior
Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela
data da entrega na agência do correio.
159
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
160
TÓPICO 2 | DOS RECURSOS I
Note que a lei determina o RESE apenas para aqueles casos em que NÃO
for recebida, ou seja, se for recebida, não cabe recurso em sentido estrido.
UNI
SABER DO STF
Súmula 709
Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a
rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
FONTE: STF. Súmula 709. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
menuSumarioSumulas.asp?sumula=2637. Acesso em: 18 maio 2019.
161
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
Até 2008 era cabível o RESE da impronúncia também, hoje, por causa da
alteração legislativa, não é mais.
162
TÓPICO 2 | DOS RECURSOS I
ATENCAO
Após este prazo de dois dias, serão abertas vistas para o recorrido
apresentar suas contrarrazões em prazo igual de dois dias. Outra peculiaridade
é que o RESE poderá subir nos próprios autos, quando isto não for atrapalhar o
processamento do feito, ou em translado com cópia de todas as peças necessárias
para o exame da causa. É o próprio código que determina como se deve proceder
em cada um dos incisos estudados.
163
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
Assim, subirão nos autos os casos de ofício que não receber a denúncia ou a
queixa; que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; que pronunciar o
réu; que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; que decretar a prescrição
ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; que conceder ou negar a ordem
de habeas corpus. Nos demais casos, deverá ser feito o translado dos autos.
Embora a peça será feita pelo escrivão, caberá à parte recorrente indicar
quais as peças que deseja que sejam transladadas, contudo, no artigo 587, parágrafo
único, a lei determina que “constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de
sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do
recurso, e o termo de interposição” (BRASIL, 1941, s.p.).
Após todas estas formalidades, o recurso será concluso ao juiz para o que
ele, querendo, exercer seu juízo de retratação. Em o fazendo deverá proferir nova
decisão que poderá ser impugnada por RESE.
a) perda da fiança;
b) que denegar a apelação ou a julgar deserta.
Nos demais casos previstos no artigo, não tem mais aplicação, conforme
já mencionado nos comentários anteriores.
164
TÓPICO 2 | DOS RECURSOS I
4 APELAÇÃO
Segundo Nucci (2017, s.p.), apelação é “recurso contra decisões definitivas,
que julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, devolvendo ao
tribunal amplo conhecimento da matéria”.
Assim, a apelação tem fundamentação livre nos casos que for impugnada
decisão do juiz singular, contudo, nos casos que forem impugnadas as decisões
do júri, a fundamentação é vinculada a uma das quatro alíneas do inciso III, do
artigo 593, ou seja, só será cabível se ocorrer: nulidade posterior à pronúncia;
for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos
jurados; houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança; for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
165
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
II- Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz
singular nos casos não previstos no capítulo anterior.
Perceba que este inciso é residual, porque somente será cabível a apelação
por este inciso se não for cabível o RESE.
166
TÓPICO 2 | DOS RECURSOS I
Contudo, deve-se destacar que somente é cabível uma apelação com base
neste inciso III, alínea “d”. Entende-se que o Tribunal é popular e soberano, e
assim, ao errar a segunda vez, consolida-se a sua vontade. Este é o preceituado
pelo artigo 593, “§ 3o. Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo e o tribunal ad
167
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
4.1 CLASSIFICAÇÃO
A apelação pode ser classificada em:
4.2 PROCESSAMENTO
Na apelação o prazo para a interposição do recurso é de cinco dias e o prazo
para a apresentação das razões é de oito dias, com ressalva que nos processos de
contravenção este prazo se reduz para três dias.
169
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
170
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O RESE poderá subir nos próprios autos, quando isto não atrapalhar o
processamento do feito, ou em translado com cópia de todas as peças necessárias
para o exame da causa.
• Apelação é um recurso com “pedido dirigida ao juízo ad quem para que uma
decisão emanada do juízo ad quo seja objeto do reexame pelo respectivo
órgão superior, devolvendo-lhe a apreciação da causa na medida da matéria
impugnada, com o objetivo da reforma total ou parcial da decisão, ou ainda, a
anulação desta” (BONFIM, 2017, p. 712).
171
• As hipóteses de cabimento da apelação estão previstas no artigo 593 do CPP.
• A apelação tem fundamentação livre nos casos que for impugnada decisão
do juiz singular, contudo, nos casos que for impugnado as decisões do júri, a
fundamentação é vinculada a uma das quatro alíneas do inciso III, do artigo
593, ou seja, só será cabível se ocorrer: nulidade posterior à pronúncia; for a
sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança; for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos
autos.
• Apenas o prazo para a interposição da apelação é fatal, ou seja, não pode ser
prorrogado. Isto porque para as razões é possível a escolha para que elas sejam
apresentadas diretamente no segundo grau.
172
AUTOATIVIDADE
1 Acerca dos prazos dos recursos responda com base na regra geral para eles:
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
173
174
UNIDADE 3
TÓPICO 3
DOS RECURSOS II
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior começamos nosso estudo sobre os recursos do
processo penal, analisando as características, princípios, pressupostos, ou seja,
estudamos uma teoria geral dos recursos. Neste tópico iremos finalizar o estudo
dos recursos previstos dentro do Código de Processo Penal propriamente dito.
Assim, iremos nos ater ao estudo dos embargos declaratórios, revisão criminal,
carta testemunhável e habeas corpus.
Bons estudos!
175
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-
facil/edicao-semanal/embargos-de-declaracao/@@images/7a115501-fa65-4584-a846-
d901c4660ca2.jpeg>. Acesso em: 19 maio 2019.
O prazo para o oferecimento dos embargos (que já devem vir com suas
razões) é de dois dias da publicação do acórdão. Os embargos de declaração
devem ser feitos em requerimento, no qual aponte claramente quais são os
pontos ambíguos, obscuros, contraditórios ou omissos. Devendo ser apreciado
pelo relator e levado a julgamento na primeira sessão.
176
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
SABER DO STF
SABER DO STJ
Súmula 211 – Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a
despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal
a quo.
3 DA REVISÃO
A revisão criminal, assim como o Habeas Corpus, não são propriamente
recursos, são ações de impugnações criminais. Esta diferença é importante porque
perceberemos que elas não respeitam algumas das características e pressupostos
177
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
dos recursos. A revisão está prevista no artigo 621 do CPP e se presta a rever as
decisões já transitadas em julgado que cometeram algum erro judiciário.
Segundo o artigo 623, a revisão criminal pode ser “pedida pelo próprio
réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu,
pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão” (BRASIL, 1941, s.p.). Os
doutrinadores acrescentam a este rol o companheiro, uma vez que o ordenamento
jurídico reconhece a igualdade de tratamento entre o cônjuge e o companheiro. A
Súmula 393 do STF garante ao condenado a revisão criminal mesmo sem este ter
se recolhido ao cárcere.
UNI
SABER DO STF:
Súmula 393 – Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à
prisão.
FONTE: STF. Súmula 393. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
menuSumarioSumulas.asp?sumula=2741. Acesso em: 19 maio 2019.
178
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
UNI
SABER DO STF:
Súmula 343 – Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei quando a decisão
rescindenda tiver se baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.
FONTE: STF. Súmula 343. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
menuSumarioSumulas.asp?sumula=1472. Acesso em: 19 maio 2019.
O artigo 622, parágrafo único do CPP determina que “Não será admissível
a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas” (BRASIL, 1941, s.p.).
Desta forma, somente será cabível reiteração do pedido de revisão criminal se
fundada em novas provas.
179
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
3.2 PROCESSAMENTO
O artigo 624 determina que o processamento do feito da revisão criminal
seja sempre pelos Tribunais, não sendo possível o processamento na primeira
instância. Se a decisão impugnada for de um juiz de primeiro grau, irá para o
Tribunal superior imediato; se a decisão for de um Tribunal, será processada no
mesmo Tribunal, mas não poderá ser julgada pela mesma Câmara, e sim pelo
Grupo Reunido de Câmaras.
FONTE: <https://studymaps.com.br/wp-content/uploads/2018/11/REVIS%C3%83O-CRIMINAL-1.
jpg>. Acesso em: 19 maio 2019.
181
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
4 DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
A carta testemunhável prevista no artigo 639 do Código de Processo Penal
é um recurso que visa dar andamento a um outro recurso que foi obstaculizado
pelo juiz de primeira instância. Ela é possível em duas hipóteses:
182
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
5 HABEAS CORPUS
Como já mencionamos quando tratamos da revisão criminal, o Habeas
Corpus não é um recurso, é uma ação constitucional de impugnação. Isto porque
ele não obedece aos pressupostos, características e princípios que regem os
recursos. Esse instrumento está previsto no artigo art. 5º, LXVIII, da Constituição
Federal visando proteger a liberdade de locomoção. E regulamentado no artigo
647 e seguintes do CPP.
O artigo 648, por sua vez, determina o que pode ser entendido como
coação ilegal, contudo, o rol trazido por ele é meramente exemplificativo, não se
restringindo a hipóteses apenas arroladas. Vejamos o rol trazido:
Pode haver falta de justa causa tanto para a prisão e neste caso ela deverá
ser revogada, quando para a propositura da ação ou do inquérito policial, e neste
caso ambos deverão ser trancados.
183
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
Quando alguém estiver preso por mais tempo que a lei determina, poderá
ser aplicado tanto nos casos em que exista uma previsão expressa para o tempo
da prisão, por exemplo, sentença penal condenatória, ou prisão temporária;
quando nos casos em que não exista esta previsão, mas que extrapole o desejado
pelo ordenamento jurídico, por exemplo, alguém preso em prisão preventiva
pelo prazo de dois anos esperando sua sentença. Mesmo que a prisão preventiva
não possua prazo determinado pela lei, não é cabível uma demora tão excessiva
para a prisão provisória.
Existem algumas hipóteses que não cabem ação de HC mesmo que esteja
em risco a liberdade de locomoção, são elas:
184
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
UNI
SABER DO STF
Súmula 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
FONTE: STF. Súmula 695. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
menuSumarioSumulas.asp?sumula=2717. Acesso em: 19 maio 2019.
185
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
186
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-gKUVhXpb6ok/T5SNiCD5XjI/AAAAAAAAA64/W0p_v7_Htcs/
s640/Habeas+Corpus+-+COMPET%C3%8ANCIA+4.jpg>. Acesso em: 19 maio 2019.
187
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
Nota-se que o artigo determina o conteúdo mínimo para que uma petição
seja recebida, não impedindo que a parte traga mais informações ou provas do
que as elencadas. De todo modo, a petição inicial do habeas corpus deverá vir
instrumentalizada com todas as provas necessárias para o seu processamento.
Embora a lei não mencione a necessidade da prova pré-constituída demonstrando
o direito líquido e certo do paciente, esta é a melhor interpretação.
188
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
SABER DO STJ
Neste caso concreto, o STJ confirma que as provas devem estar pré-
constituídas para possibilitar o HC. Quando o processamento se der em primeiro
grau, o juiz poderá requerer a apresentação do paciente, após isso, deverá decidir
em 24 horas sobre o pedido impetrado.
189
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
A decisão nos tribunais será tomada por maioria dos votos, sendo que em
caso de empate, será decidido com o voto do presidente. Contudo, se o presidente
tiver participado da votação empatada, será decidido a favor do réu. Se a hipótese
em análise for de fiança que, mesmo sendo cabível, não foi arbitrada, o próprio
juiz ou tribunal deverá arbitrar o valor, podendo ser paga no próprio tribunal.
190
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
LEITURA COMPLEMENTAR
Por Ana Pompeu
Democracia
191
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
"É essa a linha que nunca foi questionada", votou Gilmar. "Mas quando se
descobre que pode haver um inconveniente… Vamos traduzir às pessoas: pode-
se dizer que o ideal é outro modelo. Mas não é isso que está em jogo. Temos um
sistema de direito positivo, que nunca foi controvertido."
"Mudança de entendimento"
O ministro Celso de Mello, decano, deixou claro que seu voto seria a
reiteração da posição que sempre defendeu, de manter a competência da Justiça
Eleitoral como está. "Traduz e revela posição que tenho adotado nesta corte
sobre as relações entre os poderes do Estado e os direitos de qualquer pessoa,
como ao juiz natural e ao devido processo legal, qualquer pessoa que venha a ser
submetida aos órgãos de ação punitiva em persecução penal", disse Celso. Tais
julgamentos, afirmou, não podem expor-se a pressões externas, clamor das ruas.
192
TÓPICO 3 | DOS RECURSOS II
Estrutura e preparo
O ministro Luiz Fux, que presidiu a primeira parte da sessão desta quinta,
defendeu que a Justiça Eleitoral normalmente não lida com corrupção, lavagem
de dinheiro, organização criminosa. Os crimes eleitorais não abarcam "os mega
delitos de organizações criminosas que temos apurado em inquéritos", analisou
o ministro.
193
UNIDADE 3 | DA COMPETÊNCIA E DOS RECURSOS
FONTE: POMPEU, Ana. Supremo mantém julgamento de crimes comuns com a justiça eleitoral.
2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-mar-14/supremo-mantem-julgamento-
crimes-comuns-justica-eleitoral. Acesso em: 18 maio 2019.
194
RESUMO DO TÓPICO 3
195
• Habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo.
• Existem algumas hipóteses que não cabem ação de HC, são elas: relação a
punições disciplinares militares, durante o estado de defesa ou estado de sítio,
quando já estiver extinta a pena privativa de liberdade.
196
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
197
5 Denomina-se impetrante aquele que interpõe o HC seja em benefício próprio
ou alheio, paciente aquele que é favorecido com a impetração, ou seja, aquele
está sofrendo ou na iminência de sofrer a coação ao seu direito de locomoção,
e autoridade coatora aquela que proferiu o ato atacado.
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
198
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique. Ônus da prova no processo penal. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva.
2017.
CONJUR. Justiça do Trabalho não pode julgar ações penais, decide STF. 2007.
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2007-fev-02/justica_trabalho_nao_
julgar_acoes_penais. Acesso em: 10 maio 2019.
199
DINIZ. Disponível em: http://dinizdicas.blogspot.com/2015/05/liberdade-
provisoria.html. Acesso em: 14 maio 2019.
EVERSON. 2017. Blog direito para quem precisa entender o direito. Disponível
em: http://eversondireito.blogspot.com/2017/03/processo-penal-iii.html. Acesso
em: 18 maio 2019.
LOPES Jr., Aury. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva. 2018.
200
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4262598.
Acesso em: 2 abr. 2019.
201
STF. Súmula 695. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
menuSumarioSumulas.asp?sumula=2717. Acesso em: 19 maio 2019.
202
Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=94335802&num_registro=201802775809&data=20
190408&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 23 abr. 2019.
STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, AgRg nos
EDcl no REsp 1601394 / RJ, Data do Julgamento 21/02/2019. Data da Publicação/
Fonte DJe 06/03/2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/
documento/ mediado/?componente=ATC&sequencial=91411467&num_registro=
201601369780&data=20190306&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 23 mar. 2019.
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