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Gerenciamento de

Serviços Jurídicos
Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça

Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

M539g

Mendonça, Patrícia Esteves de

Gerenciamento de serviços jurídicos. / Patrícia Esteves de


Mendonça. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

183 p.; il.

ISBN 978-65-5663-068-7

1. Serviços jurídicos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da


Vinci.

CDD 340

Impresso por:
Apresentação
Todos nós, ao longo da vida, precisaremos dos mais diversos
serviços jurídicos, como, por exemplo, emissão de certidões de nascimento,
casamento, contratos de trabalho, registro de imóveis etc. Assim, todos
esses documentos e peculiaridades ligadas ao mundo jurídico, necessitam
de profissionais que tenham conhecimentos técnicos sobre o conteúdo e
procedimentos relativo às questões legais.

Para tanto, não é necessário que seja um advogado o prestador


desses serviços. Dessa forma, surge o Tecnólogo de Serviços Jurídicos, o qual
poderá auxiliar na prestação de serviços relacionados a questões legais, sem
envolver processos contencioso.

Este Livro Didático, tem como objetivo introduzir os conhecimentos


fundamentais para desenvolver essa atividade profissionalmente. Garantindo
formação necessária para auxiliar profissionais do direito e leigos no acesso
à justiça.

Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça


NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS................................................. 1

TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS................................................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO.......................................................................................................... 3
3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL................................................... 6
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 12

TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS.................. 13


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 13
2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS JURÍDICOS:
ATRIBUIÇÕES.................................................................................................................................... 13
2.1 ANALISTA...................................................................................................................................... 13
2.2 TÉCNICO........................................................................................................................................ 16
2.3 ASSESSOR JURÍDICO................................................................................................................... 16
2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA.................................................................................................................. 18
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 23

TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.................................... 25


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 25
2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................... 25
3 ÉTICA PROFISSIONAL.................................................................................................................... 33
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 44
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 47

UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS.................... 49

TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS............................. 51


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 51
2 O PODER JUDICIÁRIO.................................................................................................................... 52
2.1 JURISDIÇÃO ................................................................................................................................. 52
2.2 A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO................................................................................ 55
2.3 OS CARTÓRIOS JUDICIAIS COMO BASE DO FUNCIONAMENTO DO
JUDICIÁRIO................................................................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 79

TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS


ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS........................................................................ 81
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 81
2 TABELIONATO DE NOTAS............................................................................................................ 82
3 TABELIONATO DE PROTESTO..................................................................................................... 87
4 REGISTROS PÚBLICOS................................................................................................................... 89
4.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS......................................................................... 89
4.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS............................................................................ 91
4.3 REGISTRO DE IMÓVEIS.............................................................................................................. 92
4.4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS............................................................................ 98
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 103

TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS


ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA....................................................................... 105
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 105
2 ARBITRAGEM.................................................................................................................................. 106
3 CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO.................................................................................................... 109
3.1 DA CONCILIAÇÃO.................................................................................................................... 110
3.2 DA MEDIAÇÃO.......................................................................................................................... 111
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 117

UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS .... 119

TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE................................................. 121


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 121
2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO............................... 122
3 O ATENDIMENTO AO CLIENTE................................................................................................ 122
4 O CADASTRO DO CLIENTE........................................................................................................ 125
5 AUTOMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE...................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 135

TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.......................................... 137


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 137
2 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ........................................................................ 139
2.1 CONCEITO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO............................................ 139
2.2 OBJETO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.................................................. 142
2.3 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.................... 142
2.4 DURAÇÃO E POSSIBILIDADE DE RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS............................................................................................... 143
2.5 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.......................................... 144
2.6 NOTAS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 608 E 609 DO CÓDIGO CIVIL......... 145
2.7 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JURÍDICOS............................................. 146
3 O CONTRATO DE MANDATO.................................................................................................... 147
3.1 MANDATO E PROCURAÇÃO................................................................................................. 147
3.2 PARTES DO CONTRATO DE MANDATO............................................................................. 148
3.3 SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES ENTRE O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS E O CONTRATO DE MANDATO......................................................................... 148
3.4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO....................................................... 149
3.5 FORMA DO MANDATO........................................................................................................... 149
3.6 O SUBSTABELECIMENTO........................................................................................................ 150
3.7 ESPÉCIES DE MANDATO......................................................................................................... 150
3.8 ACEITAÇÃO DO MANDATO E A RATIFICAÇÃO DO MANDATO................................ 152
3.9 OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO......................................................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 156

TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS......... 159


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 159
2 OS PROCESSOS ELETRÔNICOS ............................................................................................... 159
3 A ASSINATURA DIGITAL............................................................................................................. 161
4 A CRIPTOGRAFIA........................................................................................................................... 163
5 CERTIFICAÇÃO DIGITAL............................................................................................................ 164
6 A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LGPD)........................................... 165
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 169
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 173

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 175
UNIDADE 1 —

O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS
JURÍDICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender os conceitos iniciais e definições referentes à profissão de tecnó-


logo em gestão de serviços jurídicos, notariais e de registro;

• identificar as atribuições do gestor de serviços jurídicos;

• compreender a importância da qualidade e da ética na prestação de ser-


viços jurídicos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – SERVIÇOS JURÍDICOS

TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

TÓPICO 3 – QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

SERVIÇOS JURÍDICOS

1 INTRODUÇÃO

O gestor jurídico é um profissional que tem como atribuição principal


ter o domínio técnico jurídico pleno, além de conhecer os temas fáticos que lhe
são afetos, como as atividades desenvolvidas e por desenvolver da corporação,
formas e prazos, questões de ordem financeira e contábil, dentre outras.

Quem é o profissional de serviços jurídicos? São as pessoas às quais os


advogados sempre pedem para fazer pesquisas, tirar cópias ou fazer anotações nas
reuniões, são também chamados de paralegais. Tais profissionais são preparados
mediante cursos, treinamentos e experiência trabalhista. Auxiliando advogados,
promotores e juízes ao desenvolvimento de suas atividades.

Vale lembrar que o foco da graduação em Tecnólogo de Serviços Jurídicos


não é na atuação jurídica propriamente dita. Pois o graduado não poderá atuar
como advogado. O foco desse curso é preparar profissionais capacitados,
reflexivos e éticos para auxiliar nas atividades de apoio jurídico administrativo.

2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO
A profissão de Tecnólogo em Serviços Jurídicos é recente no nosso país e
poucas são as instituições que oferecem esse curso de graduação. Foi originalmente
criado pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS):

[...] uma autarquia do Governo do Estado De São Paulo, vinculada à


Secretaria de Desenvolvimento Económico, Ciência, Tecnologia e Inovação
do Estado de São Paulo, que administra as 220 Escolas Técnicas (ETECs)
e as 66 Faculdades de Tecnologia (FATECs) do Estado. Foi criado pelo
governador Abreu Sodré em 1969. O CEETEPS possui mais de 290 mil
estudantes matriculados em cursos técnicos e superiores (CPS, 2014, s.p.).

O CEETESP criou o curso para atender uma demanda do Tribunal de


Justiça de São Paulo, percebeu a necessidade de qualificação dos serventuários
que atuam no Poder Judiciário em sua atividade. Tornando-os especialistas no
trabalho, atuando junto àquele órgão da Administração Pública Estadual.

A capacitação e formação de outros profissionais que atuam em diversos


órgãos públicos e privados, aprimorando a prestação de serviço, atinge, de forma
direta, a qualidade das prestações jurisdicionais.

3
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Então, em setembro de 2005, foi criado o Curso Técnico de Serviços


Jurídicos, promovendo a capacitação de servidores e serventuários da justiça,
para que pudessem implementar ações, e elaborar conteúdos, com o objetivo de
simplificar e efetivar os serviços jurídicos. A colaboração na criação de manuais
de procedimentos adotados nas áreas de competência da Justiça e as atualizações,
também, são considerados objetivos a serem desenvolvidos pelo Tecnólogo de
Serviços Jurídicos.

No segundo momento, a habilitação passou a ser oferecida para outras


pessoas que não apenas os serventuários da justiça, destinando-se ao público em
geral. Assim, qualquer pessoa que trabalhe em escritórios de advocacia, empresas
que atuem com serviços jurídicos, ou que tivesse interesse em ingressar nesse
mercado, teve acesso a essa formação.

Atualmente, o curso é oferecido em diversas instituições de ensino, nas


modalidades presencias e ensino a distância. Garantindo que diversas pessoas
tenham acesso a formação.

Nos Estados Unidos, essa profissão foi regulamentada desde 2015, e os


tecnólogos jurídicos atuam, inicialmente, na esfera cível, mais especificamente na
área de direito de família e violência doméstica.

Existe a previsão de aumento na atuação para área trabalhista e imobiliária,


mas é vedada atuação na esfera criminal. Entretanto, poderão auxiliar aqueles que
não tem condições de pagar um advogado criminalista e fazem a autodefesa. Essa
contribuição consiste em fazer pesquisas jurídicas, preparar petições, contratos e
todos os demais documentos e aconselhar os clientes como um advogado.

A demanda por esse profissional nos EUA surgiu em decorrência aos


custos extremamente elevados de honorários de advogados naquele país. Até
mesmo os recém formados cobram muito caro, pois seus custos são bastante altos
para o exercício da profissão. Os honorários são cobrados por horas trabalhadas.

Com a criação da profissão do Tecnólogo em Serviços Jurídicos, a


população de baixa renda americana deixou de ir aos tribunais totalmente
desamparada. Atualmente, conseguem informações e auxílio sobre os seus casos,
antes de chegarem aos tribunais.

A American Bar Association (ABA) foi contra a criação da profissão de


tecnólogo de serviços jurídicos, pois entendem que o treinamento rigoroso, ao
qual são submetidos os advogados, seja fundamental para que possam defender
os interesses dos clientes.
Em vez de acesso à Justiça, tudo o que os técnicos jurídicos vão oferecer
é acesso à injustiça”, disse aos jornais a ex-presidente da Seção de
Direito de Família da seccional da ABA no estado, Ruth Edlund. “Só
porque você é pobre, isso não significa que seus problemas jurídicos
são simples”, afirmou (MELO, 2015, s.p).

4
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS

Porém, existem opiniões divergentes dentro da própria associação,


Paula Littlewood, diretora executiva da ABA e Risa Kaufman, professora da
Universidade de Columbia, a profissão irá aliviar a crise judiciária em que vive
aquele país e trará alívio às demandas da população hipossuficiente, quando
necessitar recorrer ao judiciário (MELO, 2015, s.p.).
Na teoria, os programas de assistência judiciária gratuita deveriam estar
disponíveis a todas as pessoas que não podem contratar um advogado.
No entanto, a “Legal Services Corporation”, a organização que financia
as provedoras de serviços de assistência judiciária gratuita, não tem
verbas para sustentar o programa. De 2010 a 2013, por exemplo, o
Congresso dos EUA cortou US$ 80 milhões de seu orçamento. Mais de
1.200 advogados perderam seus empregos. (MELO, 2015, s.p).

Dessa forma, surgiu a oportunidade de o profissional de serviços jurídicos


ser absorvido pelo mercado, que incluía uma enorme demanda de assistidos que
não tinham condições de custear os honorários advocatícios, e não eram bem
atendidos pelo sistema de auxílio jurídico gratuito.

Em Portugal, a profissão foi regulamentada em 2006 através da Portaria


1310, publicada em 26 de novembro daquele ano. Nesse país, o Técnico de Serviços
Jurídicos é o profissional qualificado apto a desempenhar tarefas administrativas e
processuais, de apoio à atividade desenvolvida nos Tribunais/Julgados de Paz, nos
Cartórios Notariais, nas Conservatórias de Registos, nos Escritórios de Advogados
e Solicitadores e nos Gabinetes Jurídicos das Empresas/Instituições. A profissão em
Portugal, gerou menos polemica em relação aos Estados Unidos, o profissional tem
funções bem delimitadas e são considerados auxiliares da justiça.
As inúmeras reformas operadas na justiça criaram novas funções
no domínio das profissões forenses. O agente de execução passou
a desempenhar muitas das tarefas que se encontravam na esfera do
tribunal, designadamente os atos de citação, notificação e penhora.
O Balcão único, entendido como local único de atendimento e
prestação de serviços transversais, com vista a celebração de certos
negócios jurídicos, existente na administração pública, e ulteriormente
adotado por solicitadores e advogados, reclamou, entretanto, destas
profissionais estruturas informáticas, físicas e humanas, capazes de
responder às novas atribuições.
Ainda no domínio da atividade notarial foram atribuídas novas
competências aos advogados e solicitadores. O fenómeno crescente da
litigância de massa acarretou também uma necessidade suplementar
de apoio no âmbito do contencioso empresarial e da advocacia e
solicitaria. O acréscimo de tarefas dos referidos profissionais implicou,
ainda, uma reorganização no desempenho da sua atividade e um
maior e mais qualificado apoio. (SOUSA, 2018, s.p.)

No Canadá, existe um profissional conhecido como “paralegal”, sua


qualificação é através de sua educação, formação ou experiência adquirida
pelo trabalho, por um advogado, escritório de advogados, corporação, agência
governamental ou outra entidade, e que atue dando apoio técnico aos advogados
e assessores jurídicos de empresas e outros órgãos públicos e provados.

5
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Os paralegais são profissionais tecnólogos de serviços jurídicos


independentes. Devem ser licenciados pela Law Society of Upper Canada, para
poder atuar nos serviços jurídicos dentro do seu âmbito de prática para o público
em geral. Paralegais licenciados em Ontário podem adquirir a sua própria
empresa jurídica, também, atuar como um juiz de paz e ainda empregar-se como
procurador municipal ou provincial.
As diferenças entre advogados e paralegais são que os advogados
podem dar aconselhamento jurídico, definir taxas, e representarem
clientes, impetrarem ações nos tribunais, acompanharem processos (e
outros documentos do tribunal) como procuradores. Já os Paralegais
são responsáveis por tarefas de movimentação tais como a escrita
jurídica, investigação e outras formas de documentação para os
advogados para quem eles trabalham (LEITE, 2016, s.p.)

Existe o paralegal na África do Sul, eles têm autorização para manter


contatos com clientes dos advogados para quem trabalham, auxiliando na
resolução de conflitos; fazem pesquisas jurídicas, preparam casos em tribunais.
Normalmente são empregados por grandes corporações, grupos de advogados
renomados, empresas jurídicas, agentes imobiliários e departamentos
governamentais para prestar apoio jurídico às corporações.

O Shihō Shoshi, no Japão, é um escrivão judicial, que tem atuação


semelhante ao paralegal. O trabalho do escrivão jurídico fica entre o do secretário
e do advogado. Não precisa estar vinculado a nenhum escritório para atuar,
podem representar clientes em algumas matérias de menor nível, mas não em
estágios mais avançados de litígios.

Tal como acontece com os advogados no Japão, escrivães são regulados


e devem passar por um exame para poderem exercer a profissão. Equivalente a
esse profissional, existe o Beopmusa, na Coreia do Sul.

O Reino Unido e o País de Gales reconhecem o paralegal que atua


preparando os documentos referentes ao transporte de carga ou de terra,
empreender direito de sucessões, contencioso empresarial. Entretanto, atua de
forma restrita na realização de litígios nas audiências em tribunais.

Na prática, muitos aparecem em tribunais em todos os níveis como


assistentes. Atuam, ainda, como representantes da Polícia Estadual, na qual são
credenciados dando conselhos gerais para os clientes mantidos em custódia policial.

3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ofereceu muita resistência à
regulamentação e ao reconhecimento do profissional de serviços jurídicos, por
entender que poderia ser uma concorrência ao advogado.

6
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS

Entretanto, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), reconheceu a


profissão e inseriu no cadastro nacional de cursos pela Portaria 1.039 do MEC
(3/10/2017). Ao contrário do que muitos afirmam, a função não é idêntica à de um
estagiário ou de um advogado recém formado. O tecnólogo de serviços jurídicos terá
atividade administrativa, sendo um gestor de escritório e não é de sua competência
exercer atividades administrativas no âmbito de serviços jurídicos.
A mais simples observação mostra que [...] aquele que está melhor
situado sente a urgente necessidade de considerar como ‘legítima’
sua posição privilegiada, de considerar sua própria situação como
resultado de um ‘mérito’ e a alheia como produto de uma culpa
(WEBER, 2004, p. 54)

O Estatuto da OAB é claro no seu art. 1º, senão vejamos. “São atividades
privativas de advocacia: a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais; as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas” (BRASIL, 1994,
art. 1º). Nenhuma dessas atividades é contemplada no curso de gestão de serviços
jurídicos. Na graduação de serviços jurídicos existem disciplinas relacionadas ao
direito, assim como nos cursos de administração e contabilidade, mas não habilita
tais profissionais a exercerem a advocacia.

O debate ganhou repercussão desde 2017, como revelou o Consultor


Jurídico (ConJur) em abril daquele ano, quando o MEC autorizou aulas em uma
faculdade do Paraná. O tecnólogo pode se formar em dois anos e sai com diploma
considerado de ensino superior.

A OAB ajuizou a ação civil pública, sob o fundamento de que à Lei de


Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) estaria sendo violada no trecho que
segmenta a educação em níveis tecnológico e superior, sob o argumento de que a
Ciência do Direito é material e formalmente incompatível com sua redução a um
programa de curso tecnólogo.

Entretanto, o judiciário entendeu que o MEC, ao autorizar que o


conhecimento jurídico seja ensinado de forma técnica, ou seja, sem o grau de
reflexão próprio do bacharelado, consubstancia ato de governo, com todos os prós
e contras que daí decorrem ao mercado de trabalho e à sociedade. Tal decisão é do
Estado-Governo, não do Estado-Administração.

O argumento em que autorizar o curso violaria atividades privativas


fixadas pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), também, foi rejeitado. Afinal, se
isso ocorrer, será caso de exercício ilegal da profissão, o que caracterizaria crime e
deveria ser punido conforme estabelecido em leis penais.

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES),


o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (SEMESP) e a Associação
Brasileira das Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas (ABRAFI), entre
outras entidades, argumentam que serão formados profissionais capacitados em
gestão, em incorporações que exijam conhecimentos básicos legislativos, sem que
se confundam com a advocacia.

7
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Vejo a discussão sobre o caráter científico do direito alinhada em


primeiro plano com um debate maior, o do caráter científico das ciências
sociais. O direito como ciência tem evidentemente suas peculiaridades.
Mas o debate sobre os mé- todos aplicáveis às ciências sociais é análogo
em grande parte ao que se discute em direito. Nesta primeira parte do
estudo, vamos nos deter inicialmente nesse confronto entre ciências
sociais e ciências da natureza (AGUILLAR, 2014, p. 7).

Na petição encaminhada à 7ª Vara Federal do DF, as entidades alegam que


o MEC pode elaborar cursos experimentais, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, e que uma comissão de professores “experientes” aprovou o que é oferecido.
As teorias da ação, ou teorias metodologicamente individualistas,
portanto, estão sobrevalorizadas neste momento histórico em que
visões estruturais se encontram profundamente enfraquecidas.
Calcados na premissa da necessidade de um conhecimento objetivo
da realidade social, alienado dos compromissos políticos, os
modelos individualistas se aproximam das ciências da natureza.
Seus defensores irão pugnar por uma convergência entre ambos os
modelos de ciência para, fundamentalmente, negar o caráter científico
do conhecimento social tradicional. A verdadeira ciência, para eles,
é aquela que se vale de métodos tipicamente utilizados nas ciências
naturais (AGUILLAR,2014, p. 8).

Assim, percebe-se que o mundo mudou e o profissional de serviços


jurídicos tem expansão no mercado e pode-se dizer que é fundamental para o
melhor desempenho das atividades relacionadas ao direito.

O profissional atuará em nível de assistência e assessoria em escritórios de


advocacia de auditoria jurídica, recursos humanos, departamentos administrativos,
magistratura, serviços de registro e notariais, promotoria, consultoria jurídica,
departamentos jurídicos empresariais. Atuando como um administrador
especializado em questões jurídicas, afinal, seus conhecimentos específicos
garantem uma prestação mais adequada das demandas de um ambiente relacionado
a advocacia. Pois, será um conhecedor do “Livro de Regras”.
A concepção “livro de regras” concentra-se nos procedimentos e na
autoridade. Ela salvaguarda a segurança jurídica e a separação de
poderes (Dicey, 1915, p. 120-121; Fuller, 1969, p. 33-34; Raz, 2002,
p. 214-219). Sua ideia central é a de que o poder do Estado deve ser
exercido de acordo com regras explicitamente estabelecidas em um
“livro de regras” público disponível a todos. Todo o ordenamento
jurídico deve seguir essas regras até que elas sejam alteradas. A
concepção livro de regras não estipula nada acerca do conteúdo das
regras. Contudo, isso não significa que questões da justiça material
das regras não possam ser discutidas. Significa, simplesmente, que tais
questões não pertencem ao ideal de devido processo legal. A concepção
direito, ao contrário, incorpora as exigências de justiça material ao
devido processo legal. O devido processo legal necessariamente
salvaguarda, por exemplo, direitos fundamentais, que podem ser
definidos como direitos humanos que são transformados em direito
constitucional positivado (Alexy, 1998a, p. 259-260; Dworkin, 2001, p.
11-13). A concepção direito do devido processo legal necessariamente
implica a máxima da proporcionalidade (Allan, 2011, p. 159; Klatt;
Meister, 2012b). Nessa concepção, questões de justiça material das

8
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS

regras são internas ao devido processo legal. Essa distinção entre a


concepção formal e a material é bastante direta. Muito mais complexo
é o problema normativo sobre qual concepção devemos seguir. Essa
dificuldade é devido a um dilema (cf. Allan, 2001, p. 23): quando
adotamos a concepção formal, corremos o risco de o devido processo
legal ser transformado em uma mera máscara mal utilizada para
legitimar as estruturas de poder existentes, escondendo a injustiça
material (Unger, 1976, p. 176-181, 192-223). Quando, alternativamente,
seguimos a concepção material, estamos vulneráveis à objeção do
desacordo racional e do valor pluralismo (Craig, 1997, p. 487). Na
concepção material, o devido processo legal, como Joseph Raz nos
lembra, pode se referir a praticamente qualquer ideal político (Raz,
2002, p. 211, 221). O devido processo legal parece cair dentro de uma
completa filosofia social e pode perder qualquer função independente.
Portanto, não é uma ideia convincente interpretar o devido processo
legal como a regra do bom direito. Gostaria de sugerir que podemos
resolver esse dilema esclarecendo a relação entre o devido processo
legal e o conceito de direito (ALEXY, 2017, p. 51).

Dessa forma, o profissional, tecnólogo de serviços jurídicos, pode ter seu


curso devidamente reconhecido e iniciar o exercício da profissão de forma regular,
sem conflitos com a advocacia.

E
IMPORTANT

A gestão moderna de serviços jurídicos


Lara Selem

O fenômeno da Globalização, de forma avassaladora, tem modificado a realidade


de consumidores, governos e sobretudo das empresas, sejam elas pequenas ou grandes, de
serviços ou de produtos. Enquanto fenômeno, trouxe consigo o crescimento dos fluxos de
comércio de bens e serviços e do investimento internacional. Trouxe também a aceleração
dos fluxos de capitais e tecnologias, cujos efeitos atingem a todos, ocasionando aumento
de concorrência e instabilidade econômica.

Por vezes, os efeitos desse fenômeno abrem horizontes para algumas empresas,
porém também fazem com que outras evaporem em meio à acirrada competição que se
instaurou no mercado.

E é neste cenário que se percebe o quanto é difícil e pesada a responsabilidade dos


administradores e executivos na tarefa de gerenciar suas empresas, superar as adversidades
e equilibrar a competitividade.

No caso específico do mercado jurídico brasileiro, um crescimento significativo no


setor foi sentido nos últimos dez anos, ocasionado pela expansão geográfica das grandes
corporações, pelos processos de privatização, fusão e aquisição de empresas, dentre outros
fatores. Os escritórios de advocacia, por sua vez, perceberam os efeitos do fenômeno citado
através do aumento da demanda por serviços jurídicos mais especializados, das facilidades
e rapidez na comunicação, e das alterações no perfil da atividade econômica dos clientes,
o que, numa análise superficial, pode significar grandes oportunidades.

9
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Ocorre que, de oportunidades, tais efeitos podem se transformar em ameaças,


caso os recursos humanos e financeiros não sejam otimizados, caso não se atente ao
controle rigoroso na qualidade dos serviços, caso não se atinja uma alta performance
técnica, enfim, caso as ações administrativas não sejam planejadas.

Nesse ambiente crítico e inseguro, observa-se que muitos escritórios de advocacia,


especialmente os de pequeno e médio porte (que são a grande maioria da indústria jurídica)
e os de origem familiar, ainda não praticam o planejamento de suas atividades com vistas
a aproveitar as demandas e neutralizar as ameaças, nem criam no ambiente interno uma
mentalidade mais aberta a responder às mudanças, sejam elas de que natureza forem.
Será, portanto, altamente recomendável que os escritórios profissionalizem suas estruturas
e sua gestão, como verdadeiras empresas. Será preciso também que se adaptem às novas
necessidades do mercado, com prudência na seleção de estratégias e implantação de
novas formas de administração.

Esse parece ser, a nosso ver, o grande convite feito aos advogados para que
iniciem um processo de reflexão sobre seu negócio, atualizem seu talento administrativo,
e percebam como podem vir a se tornar mais eficientes no combate ao ambiente instável
e turbulento predominante na economia atual, caso façam uso dos conceitos empresariais
em suas atividades administrativas.

A gestão racional é, por certo, o meio mais eficaz para combater a crise instaurada,
a alta competição, e os reflexos da globalização, bem como para fazer com que o
escritório jurídico ajuste-se aos novos contornos da atividade econômica e à diversidade
de problemas que invocam soluções com maior nível de especialização técnica. Através
da gestão planejada estrategicamente tornar-se-á possível a busca pelo desenvolvimento
futuro do negócio como um todo, a melhora da performance administrativa, a otimização
dos recursos e do relacionamento com os clientes.

Uma adequada implantação do Planejamento Estratégico em escritórios de


advocacia deverá, dentre outros: identificar, por meio de pesquisa, a situação presente e
as oportunidades abertas para que desenvolva suas habilidades e sua base de clientes,
para poder responder com mais precisão às necessidades deles; determinar as áreas de
mercado que oferecem maior oportunidade para desenvolvimento futuro; identificar áreas
de especialização que deveria desenvolver em nível de excelência; e, identificar as forças
atuais e fraquezas à luz das oportunidades de mercado detectadas e para desenvolver uma
solução factível entre sócios e equipe, no intuito de transformar aspiração em ação efetiva.

Com isso, os objetivos e metas que envolvem a prestação de serviços dentro de


um escritório de advocacia poderão ser alcançados, permitindo que um forte senso de
direção e propósito comum atinja a todos os elementos humanos que compõem a equipe
(sócios, associados, parceiros, estagiários, apoio administrativo, etc.), agregando valor
aos serviços prestados, permitindo que o escritório se diferencie de seus concorrentes e,
consequentemente, supere a crise.

FONTE: <https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-moderna-de-servicos-juridicos>.
Acesso em: 3 jul. 2020.

10
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O profissional de serviços jurídicos surgiu de uma demanda do próprio poder


judiciário, e foi introduzido no Brasil através de cursos técnicos promovidos
em São Paulo com o objetivo de capacitar servidores público, para melhor
desempenho de suas atividades.
• Posteriormente, foi ganhando visibilidade e o público externo aderiu ao
curso com o objetivo de se especializar, de forma mais adequada na pratica
de serviços dentro de órgão públicos e privados, que tenham afinidade com
questões jurídicas.
• Outros países já reconhecem tal atividade. Alguns, como os Estados Unidos,
ofereceram maior resistência na aceitação desse novo profissional. Mas, em
outros, como no Japão, a atividade é reconhecida e respeitada como um
auxiliar na promoção da justiça.
• Apesar de muita resistência oferecida pela OAB, o curso de tecnólogo
de serviços jurídicos foi incluído no cadastro nacional de cursos e está,
atualmente, sendo oferecido por diversas instituições tanto na modalidade
presencial quanto EAD.

11
AUTOATIVIDADE

1 Analise as asserções a seguir e sinalize se elas estão certas ou erradas.

a) Com relação ao curso Técnico de Serviços Jurídicos, o qual veio para atender
uma alta demanda do Tribunal de Justiça de São Paulo, percebeu-se uma
necessidade de qualificação dos serventuários que atuam no Poder Judiciário.
( ) Certo.
( ) Errado.

b) No Japão, a atividade de escrivão é reconhecida, e para o exercício da


profissão não é necessário se submeter a nenhuma avaliação pelo órgão
responsável pela atividade.
( ) Certo.
( ) Errado.

c) O curso de Tecnólogo de Serviços Jurídicos foi introduzido no Cadastro


Nacional de Cursos pelo MEC. Embora tenha tido bastante resistência por
parte da OAB.
( ) Certo.
( ) Errado.

12
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

1 INTRODUÇÃO

O Tecnólogo em Serviços Jurídicos é formado para trabalhar na área


parajurídica, atuando como uma figura fundamental. Auxiliando nas atividades
associadas à gestão, cartórios, comunicação, planejamento estratégico e
administrativas nos escritórios de advocacia e fóruns. Além de Tribunais de
Justiça e Tribunais Superiores de Justiça.

Através da graduação o profissional dessa área aprende as técnicas e


as ferramentas necessárias para atuação de forma correta na área parajurídica.
Surgindo diversas oportunidades de concursos públicos tanto na Administração
Pública em geral, como na área administrativa judiciária. Além disso, o curso
tecnólogo possibilita uma rápida inserção no mercado de trabalho.

2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS


JURÍDICOS: ATRIBUIÇÕES
O tecnólogo de serviços jurídicos possui um leque de atividades a serem
desempenhadas. Cada uma com suas especificações e peculiaridades que serão
desenvolvidas ao longo do curso, com o objetivo de entender com qual delas
existe uma identificação maior de cada profissional.

2.1 ANALISTA
O Analista Judiciário é um cargo afeto ao Poder Judiciário, que poderá ser
ocupado pelo tecnólogo de serviços jurídicos. Este cargo é fundamental e existe
em todos os tribunais, em todas as esferas. O acesso a esse cargo é através de
concurso público, conforme determinação do artigo 37, inciso II, da Constituição.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo

13
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista


em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração II (BRASIL, 2016, p. 36-37).

Assim, periodicamente são abertos concursos para o provimento desses


cargos, essenciais ao funcionamento do Poder Judiciário.

As atribuições do cargo de Analista Judiciário podem ser também de


natureza administrativa, recursos humanos, atendimento ao público, arquivos
e afins. Pode também, ser uma atividade jurídica, como trabalhar auxiliando o
juiz. O cargo de Analista Judiciário de área jurídica, somente poderá ser ocupado,
por um bacharel em direito. Será responsável por atividades de planejamento,
organização, coordenação, supervisão técnica, assessoramento, estudo, pesquisa,
elaboração de certidões, pareceres, execução, conferência e redação de documentos;
conferência de expediente diversos; laudos ou informações e execução de tarefas
de natureza e grau de complexidade correlatos.

NOTA

O Analista Judiciário da área administrativa, cargo que pode ser ocupado pelo
tecnólogo de serviços jurídicos, exerce atividades de execução qualificada sob orientação
e supervisão, envolvimento funções de contabilidade, finanças e auditoria públicas; contar,
em todos os feitos, antes da sentença ou de qualquer despacho definitivo, mediante
ordem do Juiz, os emolumentos e as custas; proceder à contagem do principal e dos
juros nas ações referentes a dívidas em quantias certas e nos cálculos aritméticos que se
fizerem necessários relativamente a direitos e obrigações; fazer o cálculo para pagamento
de impostos; elaborar cálculos em geral, bem como proceder à contagem de custas e
preparo de recursos; elaborar e efetuar laudos de avaliação; expedir certidões de atos e
documentos de sua exclusiva competência; executar outras tarefas de natureza e grau de
complexidade correlatos.

FONTE: <https://www.migalhas.com.br/mercado-de-trabalho/noticia/268486/entenda-o-
-que-um-analista-judiciario-faz>. Acesso em: 6 jul. 2020.

Assim, o analista deve cumprir os despachos dos juízes. Para tanto é


fundamental que entenda as regras de processo, para entender o que deverá ser
feito na finalidade de dar andamento ao processo, em conformidade com aquilo
que foi determinado pelo juiz.

Os processos judiciais percorrem um longo caminho, desde sua


propositura até o trânsito em julgado de uma sentença, isto é aquela decisão
que não cabe mais recursos. O analista, portanto, será responsável pelo bom
andamento dos processos, responsáveis pela produção das minutas de decisão e
deverão também cumprir as tarefas que envolvem o cartório. Por terem acesso à
área legal, esses habilitados precisam dominar direito material e especialmente,
direito processual.

14
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Os tribunais, em regra, são acionados, quando existem conflitos a serem


solucionados pelo judiciário. Tomando por exemplo a justiça do trabalho, os TRTs
são acionados quando existem conflitos trabalhistas. Os órgãos devem, então,
analisar a queixa e optar por proceder ou não com ela. Caso seja uma denúncia
verídica, os concursados do TRT darão início ao processo, garantindo que ele
prossiga de forma justa.

Então começa a atuação do analista, o qual será responsável por cuidar


das minutas e dos deveres referentes ao cartório. No entanto, sua rotina não se
resume a isso. Ele também será encarregado de analisar petições e processos;
confeccionar minutas de votos; emitir informações e pareceres; proceder a
estudos e pesquisas na legislação, na jurisprudência e na doutrina pertinente para
fundamentar a análise de processo e emissão de parecer.

O analista, ainda, deverá fornecer suporte técnico e administrativo aos


magistrados, órgãos julgadores e unidades do Tribunal; inserir, atualizar e
consultar informações em base de dados; verificar prazos processuais; atender
ao público interno e externo; redigir, digitar e conferir expedientes diversos e
executar outras atividades de mesma natureza e mesmo grau de complexidade.

Em geral, a jornada de trabalho dos analistas é composta de 40 horas


semanais, em turnos que duram de 11 às 18 horas ou de 12 às 19. Eventualmente,
cumprem um plantão em horário noturno e/ou finais de semana.

O analista deve ter nacionalidade brasileira. Se for português, deve


estar amparado pelo estatuto de igualdade entre brasileiros e portugueses, com
reconhecimento do gozo dos direitos políticos, nos termos do §1º do art. 12 da
Constituição da República Federativa do Brasil, e na forma do disposto no art. 13
do Decreto Federal nº 70.436, de 18 de abril de 1972.

Precisa ser maior de 18 anos e estar em dia com suas obrigações


eleitorais. Os candidatos do sexo masculino, estar em dia com o serviço militar.
Não ter impedimentos no âmbito político. Ser capaz de comprovar seu grau
de escolaridade, isto é, graduação em qualquer curso de nível superior para o
analista administrativo e ser graduado em direito para o analista judiciário e estar
apto física e mentalmente para cumprir suas obrigações.

O salário desse profissional varia conforme o órgão empregador. Se for um


tribunal de instância federal, fica sujeito às regras de pagamento de funcionários da
União. Se for um órgão estadual como por exemplo, o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, o TJRJ, se submete às regras de pagamento do poder judiciário daquele estado.

15
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

2.2 TÉCNICO
O técnico judiciário é o servidor público, responsável por diversas
atividades de suporte técnico e administrativo realizadas nos órgãos em que
estão lotados. O técnico executa atividades de apoio em nível intermediário
conforme sua área de atuação. Entre elas estão a elaboração relatórios e certidões,
redação e digitação de documentos, atividades relativas aos recursos humanos,
atendimento ao público e materiais financeiros e orçamentários.

Além dessas atribuições, o técnico judiciário é responsável pela abertura


e encerramento de audiências, tramitação de feitos, guarda e conservação de
processos e comunicação entre as partes de um processo.

O técnico judiciário pode atuar em órgãos como Tribunal Regional


Eleitoral, Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Justiça, entre outros, na
área administrativa, sem especialidade, deve ter concluído o ensino médio.

Entretanto, caso sua função exija atividades específicas, como Tecnologia


da Informação, Transportes, Segurança do Trabalho e Enfermagem, deve ter
ensino técnico na área e, conforme for o caso, registro de classe. Pois o trabalho
desses técnicos será relativo à profissão de cada um.

2.3 ASSESSOR JURÍDICO


A função do assessor jurídico está relacionada ao que chamamos de
advocacia preventiva, ou seja, a que evita o surgimento de uma líder e de um
processo judicial. A advocacia preventiva é composta da consultoria, assessoria
e direção.

Na assessoria, assim como na consultoria, será dada uma orientação ao


cliente sobre as decisões relativas a atos e negócios jurídicos que serão praticados.
Porém, existe uma pequena diferença entre as duas prestações de serviço.

Na consultoria, o cliente faz um questionamento sobre o assunto de seu


interesse, a partir dos dados fornecidos será emitido um parecer, com os devidos
fundamentos jurídicos. Tal parecer poderá ser verbal ou escrito, mas em ambos
os casos deve ser conclusivo e fundamentado à luz do direito.

Já na assessoria, o cliente recebe auxílio na condução da prática de atos da


vida civil. Fornecendo conhecimentos jurídicos essenciais na tomada de decisões
que geram efeitos. O assessor jurídico reúne dados e informações que possam
evitar que o cliente tenha prejuízos futuros, com eventuais processos judiciais e
ou anulação do ato praticado por algum defeito.

16
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Assessoria permite várias ações em benefício do cliente. Pode ser uma


mediação de conflitos, em que o mediador conduz até que se chegue a um acordo
justo entre as partes envolvidas. O assessor jurídico poderá, ainda, acompanhar o
cliente em uma reunião em que as partes tratarão de assuntos que envolvam, em
alguma medida, conhecimentos legais sobre as matérias constantes das pautas,
como, por exemplo, em uma Assembleia Geral em um condomínio.

A atividade de direção, na advocacia preventiva é a coordenação ou chefia de


um setor nas organizações, cuja função seja a atividade de consultoria ou assessoria. É
importante ressaltar que o exercício da atividade de direção em setores ou departamentos
jurídicos não seria restrita a questões de organização, planejamento financeiro e de
logística, o que poderia ser exercido perfeitamente por um Administrador.

À frente de um departamento jurídico, o tecnólogo de serviços jurídicos


não exercerá diretamente as atividades de postulação, ou eventualmente a de
assessoramento, mas será o responsável pela estratégia que será adotada na
demanda judicial ou administrativa; conduzirá seus auxiliares nas pesquisas;
revisará petições e outras peças técnicas; será o principal norte para a corrente
doutrinária a ser adotada a cada caso.
A atividade de assessoria jurídica passou a existir representada por
uma pessoa ou empresa que tinha por responsabilidade não apenas
a identificação e investigação de problemas relacionados à política,
organização, procedimentos e métodos, mas, também, à orientação
adequada à resolução dos problemas. Existia um problema, mas o
pessoal efetivo, ou seja, interno, não tinha especialização necessária
para resolvê-lo (KUBR, 1986, p. 145).

Desta forma é fundamental que tenha os conhecimentos que lhe permitirá


exercer seu ofício com o grau de qualidade e apuro técnico que se espera de um
departamento jurídico. O tecnólogo de serviços jurídicos, ao assumir a função
de assessor jurídico, deve se empenhar nos conhecimentos referentes à área do
direito que pretende atuar.

O assessor jurídico tem três princípios básicos. O primeiro é o conhecimento


técnico de direito no seu ramo específico. O segundo princípio é a formação,
especialização e qualificação que servem para a personalidade e inteligência
emocional, fundamentais ao exercício da função.
Se ele não faz esta formação psicológica e filosófica contínua – para si
mesmo, não para os outros – corre o risco de acreditar-se um grande
advogado, porém não possui mais os fundamentos, não possui mais
a fonte da inteligência. Isto é, a competência psicológico-filosófica
serve para manter o exercício da sua inteligência, do seu intelecto.
Se ele não faz isso, corre o risco de sentir-se potente, porque, é claro,
as pessoas recorrem ao advogado somente quando têm problemas
(MENEGHETTI, 2007, p. 39).

O último princípio está relacionado ao conhecimento real e integral do caso


antes mesmo de aceitar a causa. Pois, apenas dessa forma poderá prestar a melhor
assessoria ao cliente, solucionando seus questionamentos de forma adequada.

17
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA


As atividades do Oficial de Justiça são determinadas pela Constituição e,
em especial, pelo Código de Processo Civil, Código de Processo Penal e demais leis
relativas à procedimento. São consideradas, também, as normas administrativas
editadas pelas Corregedorias de Justiça de cada Estado, que regulamentam
situações especificas, com relação à forma pela qual as normas legais devem ser
observadas. Desde a antiguidade, o Oficial de Justiça tem importante papel para
a prestação jurisdicional.

A origem da função do Oficial de Justiça é muito antiga


Segundo alguns historiadores, a carreira do oficial de justiça tem sua
origem, no Direito Hebraico, quando os Juízes de Paz tinham alguns oficiais
encarregados de executar as ordens que lhes eram confiadas; embora as
suas funções não estivessem claramente especificadas no processo civil,
sabe-se que eles eram os executores da sentença proferida no processo
penal. Munidos de um longo bastão, competia-lhes prender o acusado, tão
logo era prolatada a sentença condenatória (PIRES 1994, p. 19).

No período Justinianeu, “foram atribuídas sucessivamente aos Apparitores


e executores as funções que, na atualidade, são desempenhadas pelos Oficiais de
Justiça. O legislador romano criou órgãos para ajudá-los no cumprimento das
sentenças” (NARY, 1974, p. 22).

O Código Filipino utiliza, pela primeira vez a expressão “meirinho”, que


até os dias de hoje ainda é utilizada como referência ao Oficial de Justiça. Aquele
código inovou ao adotar diversas atribuições diferenciada como o “meirinho-mor”,
o “meirinho da corte”, o “meirinho das cadeias”, e o “meirinho”, propriamente
dito, com a função típica do Oficial de Justiça de hoje.

No Brasil, desde a época imperial, adotou-se os princípios do direito


português. Assim, considera-se o Oficial de Justiça um executor de ordens, aquele
que fica responsável em efetuar os mandados proferidos por juízes. Cabe a esse
profissional notificar, intimar, citar, realizar diligências e vários atos processuais ao
seu encargo. Considerando suas principais atribuições o intercâmbio processual
e as práticas de atos de execução.

O Código de Processo Civil, no artigo 154, traz as atribuições do Oficial de


Justiça nos seguintes termos:
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais
diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença
de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com
menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada

18
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação


que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista
no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento
regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa (BRASIL,
2015, art. 154).

Alguns doutrinadores entendem que o Oficial de Justiça é uma pequena


engrenagem, mas fundamental para o funcionamento do sistema.
A grande maioria dos atos processuais necessita da participação de
oficial de justiça para seu cumprimento. Um dos requisitos importantes
para que o Oficial de Justiça cumpra seu trabalho e efetivamente sirva
ao Judiciário de forma serena e correta, é a realização do ato com bom
senso e dedicação e com fiel observância da lei. (PIRES, 1994, p. 15)

O Oficial de Justiça representa a figura do juiz fora do prédio do Fórum,


sendo fundamental a sua existência para a ocorrência de andamento processual de
forma satisfatória. Dessa forma, o Oficial de justiça deve ser profundo conhecedor
das regras processuais para que possa promover as diligências de forma correta.

É importante ressaltar que mesmo esse profissional sendo fundamental


para promoção de justiça de forma adequada, ele sofre limitações nos exercícios
de suas atividades. Principalmente nas suas funções de executores de ordens
judiciais, nas quais esses servidores muitas vezes correm perigo de vida. Fazendo
jus ao adicional de periculosidade pelo exercício da função.

Princípios são regras norteadoras utilizadas pelo legislador para


determinar o direcionamento adequado da regra a ser criada. Os princípios
constitucionais são regras mestras, são eles que definem a estrutura de uma
constituição. Podem ser considerados os alicerces do sistema jurídico de cada
Estado, pois direcionam todo ordenamento jurídico.

Conforme o artigo 37 da Constituição Federal, são princípios


Constitucionais a legalidade que determina que somente é permitido fazer o
que a lei autoriza; a impessoalidade determinando a isonomia como regra; a
moralidade, o dever de zelar pela probidade, respeitando os princípios éticos
de razoabilidade e justiça; a publicidade estabelecendo que os atos devam ser
transparentes, salvo os que a lei exigir segredo de Justiça; a eficiência, buscando
alcançar o resultado desejado, por meio do exercício de sua competência, de forma
imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre
em busca da qualidade e a celeridade, o juiz deve ser ágil no cumprimento dos
mandados judiciais.

Desta forma, é importante ressaltar que a função do Oficial de Justiça deve


ser exercida em consonância com tais princípios. E deverá ser diligente no exercício
da função para não violar nenhum desses princípios. Além de tais princípios,
existem os processuais – relativos às leis processuais e que atingem diretamente a
função do Oficial de Justiça. De acordo com Andrade (2012), são eles:

19
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

• Imparcialidade: tal princípio permite que o Poder Judiciário decida livremente


sobre os conflitos que lhe são apresentados, sem se abalar com pressões externa.
• Lealdade: o dever de as partes agir de forma leal no processo. Àquele que
usar do processo para obter vantagem indevida por meios ardis há de ser
aplicada as penalidades cabíveis.
• Boa-fé: tal princípio determina que deve ser aproveitar os efeitos possíveis do
ato praticado, de boa-fé, com base em erro justificado pelas circunstâncias.
• Celeridade: estabelece que deve ser ágil no cumprimento dos mandados judiciais.
• Transparência: traz ao conhecimento público e geral dos administrados a forma
como o serviço foi prestado, os gastos e a disponibilidade de atendimento.
• Probidade: é o princípio que exige que o agente público deva agir com retidão
no trato da coisa pública, sob pena de incorrer na perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos, indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
• Eficiência: este princípio impõe aos agentes públicos, as pessoas físicas que exercem
funções públicas em nome da Administração, uma atuação célere e tecnicamente
adequada, sempre objetivando um melhor desempenho de suas atividades.

Os Oficiais de Justiça, apesar de cumprir diversas diligências fora dos prédios


dos tribunais, não têm à disposição veículos do Estado. São obrigados a utilizar seus
veículos próprios para o cumprimento de funções. Eventualmente são obrigados
a conduzir testemunhas que não comparecem às audiências e transportar algum
bem apreendido. Para tanto, recebem um auxilio referente, apenas, ao combustível
utilizado em tais situações. O Oficial de Justiça responde pelos atos não praticados e
têm responsabilidade civil pelo não cumprimento dos atos processuais.
Art. 155 do CPC - O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça
são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos
pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa (BRASIL, 2015, art. 155)

Assim, a parte “deve ser por eles indenizado, desde, porém, que não
tenha havido um motivo justo para a recusa. Se a recusa se deu por motivo
justificado, ainda que tenha causado prejuízo, não haverá responsabilidade pelo
ressarcimento” (LEVENHAGEN, 1995, p. 162).

Entretanto, se o não cumprimento ocorreu por motivo justificado não


existe a obrigação de indenizar.
O oficial de justiça, por exemplo, que se recuse de cumprir um
mandado de intimação de testemunhas, porque estas residem em
lugar interditado pela Saúde Pública, por estar ali se alastrando uma
doença contagiosa, essa recusa – desde que comprovada à causa –
não acarretará qualquer responsabilidade ao oficial, por possíveis
prejuízos que as partes vierem a sofrer (LEVENHAGEN, 1995, p. 163).

É importante ressaltar que no Brasil atual o cenário é de violência,


principalmente nas cidades grandes, o que dificulta e muito o trabalho do
Oficial de Justiça. O processo é uma sequência de atos gerados pelas partes,

20
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

com a finalidade única de solução da lide. É necessário que o ato processual


esteja previsto na lei ou, pelo menos, que não a contrarie, realizado de sorte que
preencha o fim pretendido. Deve haver um nexo necessário entre a realização do
ato e sua finalidade (PIRES,1994).

O Oficial de Justiça também é responsável por movimentar e dar vida à


ação ao realizar os atos de Citação, Intimação, Notificação, Penhora e Arresto,
Sequestro, Avaliação, Busca e Apreensão, Desocupação, Imissão e Manutenção
de Posse. Tem o dever de trazer ao processo a realidade dos fatos, a qual, muitas
vezes, é omitida ou destorcida pelas partes. O Oficial de Justiça tem o contato com
o mundo real e informa a realidade ao juízo.

Conforme o inciso VI do artigo 154 do CPC, o Oficial de Justiça tem


atribuição de propor a autocomposição. Essa função foi introduzida pelo Código
de Processo Civil de 2015, no antigo não se fazia menção a isso. O que é considerado
bastante razoável, pois o oficial de justiça é o primeiro a ter contato com a parte.

Certamente o Oficial de Justiça, ao promover o devido ato processual, obterá


êxito em conseguir do jurisdicionado alguma proposta de autocomposição, o que
agiliza, ainda mais, o trâmite processual, quando poderá ocorrer a homologação
da autocomposição antes mesmo do comparecimento pessoal das partes junto ao
órgão jurisdicional competente.

Assim, resta provado a valorização conferida ao Oficial de Justiça, pelo


legislador. Tal nova atribuição funcional deste serventuário da justiça só tende
a prestigiar a solução consensual dos conflitos, o que é amplamente incentivado
pelo novo CPC.
O Oficial de Justiça exerce função de incontestável relevância no
universo judiciário. É através dele que se concretiza grande parte dos
comandos judiciais atuando a meirinho como verdadeira longa manus
do magistrado. [...] É um auxiliar da Justiça e, no complexo de sutilezas
dos atos processuais, é elemento importante para a plena realização da
justiça (PIRES 1994, p. 7 e 17).

Conclui-se, então, que a atividade do Oficial de Justiça é fundamental para


que ocorra a efetividade dos atos jurisdicionais, que precisão ocorrer além do
espaço físico dos tribunais e será considerado a longa manus do juiz, cumprindo
suas determinações e mandados.

21
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A formação em tecnólogo de serviços jurídicos capacita o profissional para


os exercícios de diversas atividades relativas ao mundo jurídico, nas quais
terá a oportunidade de utilizar seus conhecimentos referentes as disciplinas
de direitos em suas diversas áreas. Tem o dever de cumprir os despachos
dos juízes.
• Outra possibilidade de atuação do formado em serviços jurídicos é a de
técnico judiciário, ou seja, o funcionário responsável em dar suporte ao
judiciário em diversos aspectos. É um servidor público do poder judiciário
que participa de comissões, quando lhe for solicitado, e de treinamentos
diversos de interesse da administração. Executa os serviços de expediente,
servir nas audiências, elaborar e digitar pautas de publicação, desenvolver
atividades em geral dos órgãos em que trabalham, elaborar certidões e
relatórios, indexar documentos, atender ao público, entre outras atividades
a ele incumbidas por seu superior.
• O trabalho do assessor jurídico é mais complexo, ele atua na chamada
advocacia preventiva e de suporte ao cliente na prática de atos que envolvam
alguma situação que possa ter consequências jurídicas.
• O objetivo da assessoria jurídica é evitar que o cliente venha a ser obrigado a
se submeter a um processo judicial ou gere nulidade do ato praticado.
• O assessor também pode ter a função de administrar ambientes relacionados
à atividade jurídica, como escritórios de advocacia ou incorporações que
possuam algum setor jurídico ou que necessitem de direcionamento jurídico
para o exercício de suas atividades.
• O oficial de justiça é o servidor público responsável pela prática dos atos
processuais que devem ocorrer fora do tribunal. É através desse profissional
que o juiz toma conhecimento da realidade, que por vezes poderá ser
distorcida pelas partes em suas petições.

22
AUTOATIVIDADE

1 Analise as asserções a seguir e sinalize se elas estão certas ou erradas.

a) A atividade do analista poderá, também, envolver questões administrativas


como rotina de RH, por exemplo.
( ) Certo.
( ) Errado.

b) O técnico judiciário não é, necessariamente, um servidor público. Tal


atividade poderá ser desempenhada por qualquer particular, sem prestar
concurso.
( ) Certo.
( ) Errado.

c) O assessor jurídico tem atribuição relacionada ao contencioso, não faz parte


das suas atribuições agir preventivamente evitando, assim, os conflitos
judiciais.
( ) Certo.
( ) Errado.

23
24
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

1 INTRODUÇÃO

Existe um conjunto de normas morais que devem ser exercidas por todos
os profissionais, em qualquer atividade que desempenhe, é o que se dá o nome
de ética profissional. Ética é um conceito filosófico que classifica o que é certo
ou errado dentro da sociedade, garantindo uma convivência harmônica entre as
pessoas.

A importância da ética profissional no ambiente corporativo é fundamental,


pelo fato de permitir que o ambiente de trabalho possa ser harmonioso, o que
reflete diretamente no nível de comprometimento do grupo. Dessa forma, os
funcionários se tornam mais comprometidos e satisfeitos com o trabalho. Logo,
todo o clima amigável irá fazer com que o rendimento aumente.

Já sob o ponto de vista das incorporações: “a ética profissional faz com


que a empresa consiga passar uma imagem muito positiva. Isso dá credibilidade
ao órgão, que, naturalmente, consegue atingir aqueles objetivos pré-estipulados”
(EDITAL CONCURSOS BRASIL, 2020, s.p.).

2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS


A cada dia que passa, cresce o número de advogados no mercado, o que faz
com que a concorrência aumente e torne-se extremamente necessário que sejam
estabelecidos critérios para tomada de decisões em ações planejadas, necessidade
de manutenção do espírito empreendedor, preparação para as modificações
naturais do mercado.

Dessa forma, conclui-se que as organizações que ponderam os interesses


tanto empregados, gestores, como os seus clientes, considerando as capacidades
e necessidades de cada um para tomar as decisões mais adequadas, com melhoria
com base na alocação de seus recursos disponíveis de forma a buscar uma
qualidade satisfatória que atenda ou supere as expectativas dos seus clientes.

O mundo atual necessita de tomada de decisões mais céleres, com isso,


os serviços jurídicos tornaram-se mais dinâmicos. Uma empresa que procura
assessoria jurídica externa, não busca apenas um parecer jurídico com reprodução
da letra fria da lei, mas sim a interpretação para que a melhor decisão seja adotada.

25
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Assim, o assessor jurídico torna-se peça fundamental para o sucesso do


negócio. O cliente procura confiança, o preço pode ser a parte menos importante,
pois a credibilidade no profissional é fundamental.

As informações são facilmente obtidas atualmente, pelos clientes e via


internet. Todos os Tribunais possuem redes sociais, nas quais divulgam suas
principais decisões. Além das informações veiculadas pela imprensa, os próprios
tribunais superiores transmitem, ao vivo, sessões de julgamento em rede nacional.

Portanto, os clientes têm noções sobre assuntos diversos mesmo sendo leigos, o
que torna necessário não só mais a atualização diária do profissional para os conhecimentos
científicos, como também, a obrigatoriedade de se ter postura e conhecimento da área da
administração para atender este tipo de demanda, pois, torna cada vez mais exigente a
prestação de serviço e, por consequência, a cobrança por resultados.

Os prestadores de serviços jurídicos precisam perceber a quantidade de


serviços que poderão ser ofertados aos clientes. Avaliar os serviços que estão sendo
oferecidos. A percepção das novas demandas, será um diferencial para que o cliente
escolha o prestador de serviços jurídicos mais adequado ao seu perfil e necessidades.

São fundamentais o aperfeiçoamento contínuo e a preocupação para


prestar um serviço com qualidade, impõe que se tenha conhecimento não só da
área do direito, como também da área da administração. Surge, então, a figura do
tecnólogo de serviços jurídicos como administrador, pois as faculdades de direito
não qualificam os bacharéis a exercerem essa função.

Os escritórios de advocacia precisam considerar o quanto é importante a


qualidade na prestação dos serviços. Modificando os aspectos apontados como
vulneráveis e mantendo os apontados como de boa performance. Nesse contexto,
o profissional de serviços jurídicos poderá fazer todo um diferencial, auxiliando
na gestão do negócio.

Via de regra, é feito um planejamento estratégico nas organizações


incluindo todas as partes interessadas. Assim, a responsabilidade sobre os
resultados é parcelada entre todos. Fazendo-se uma prevenção contra possíveis
ameaças às estratégias adotadas.

A administração bem feita é fundamental em qualquer atividade, não


apenas na advocacia. Uma boa administração requer planejamento sendo
“uma forma de atuar que se materializa em um conjunto de providências
a serem tomadas” (SANTOS, 2010, p. 33). Cabendo, assim, ao tecnólogo de
serviços jurídicos planejar, mediante aos estudos, todos os pontos de referência
estabelecidos para a ação empresarial com habilidade, enfrentando os seus
desafios quanto à qualidade e resultados imediatos.

Antes de mais nada, precisa-se identificar o que é serviço, ou seja, um


conjunto das prestações que o usuário espera além do produto ou do serviço de base,
em função do preço, da imagem e da reputação presentes (HOROVITZ, 1993, p. 47).

26
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Um serviço poderá “alcançar um termo mais amplo, tendo nas décadas


de 1960, 1970 e 1980 sido sugerida uma série de definições, acrescendo que na
maioria das vezes, um serviço envolve interações de algum tipo com o provedor
de serviço” (GRÖNROOS, 2009, p. 46).

O conceito de serviço é:
qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a
outra, desde que seja essencialmente intangível e que não resulte
em propriedade de alguma coisa. Nos escritórios de advocacia, os
principais serviços são: serviços de preposição, serviços de cobrança,
consultoria jurídica e serviços gerais (ações de todas as áreas do
Direito) (KOTLER, 1998, p.78).

Após entender o conceito de serviço, é fundamental que o prestador


de serviços jurídicos tenha consciência que é preciso gerir o seu negócio da
melhor forma. Para tanto, é fundamental conhecer os mecanismos de gestão de
serviços. “Um grande número de organizações adota, como modelo de gestão,
direcionamento por processos buscando atingir maior agilidade e flexibilidade,
diminuição de gastos, melhoria no atendimento e qualidade entre outros
benefícios aos clientes” (VIEIRA, 2010, p. 24).

A gestão de serviço é, portanto, uma maneira de se procurar entender


como deverá ser administrada uma empresa na prestação de serviços. Uma boa
prestação de serviços proporciona benefícios aos clientes, de forma concreta, que
possa ser percebida por todos.

Portanto, a gestão de serviços é essencial para as organizações, sendo


o planejamento estratégico indispensável, devendo existir uma preocupação
permanente com tal gestão, de forma a refletir direta e constantemente na
qualidade dos serviços, conquanto primordial para o êxito e competitividade das
empresas (VIEIRA, 2010).

A concorrência é muito grande, portanto a qualidade na prestação é


fundamental para que o prestador de serviço se destaque no mercado, “as
organizações, a cada dia buscam melhorar suas ações de gestão, através de
adequações às necessidades dos clientes e às constantes inovações tecnológicas e
manutenção da competitividade” (VIEIRA, 2010, p. 26).

A doutrina dos Grönroos (2009) apresenta o que se chama de “pacote


de serviços”, o qual representa diversos serviços, tangíveis e intangíveis que,
conjuntamente, representam o serviço. Diante disso, o serviço será dividido entre
o serviço central e os serviços secundários ou periféricos.

Dividindo-se, então, os serviços em três grupos como forma de gerir o


serviço a ser prestado. Os três grupos são: 1) serviço central; 2) serviços (e bens)
capacitadores; e 3) serviços (e bens) de melhoria. Os serviços são classificados,
conforme dispõe Nóbrega (2013), no Quadro a seguir, em central e acessórios
(suplementar e complementar).

27
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

QUADRO 1 – OS TIPOS DE SERVIÇOS

Tipo de Serviço Conceituação


Serviço Central Serviço essencial, motivo da procura

Serviços que viabilizam o uso do serviço


Serviços
central. Sem eles, geralmente não se
complementares
Serviços consegue fazer uso do serviço central.
Acessórios
Serviços Serviços usados para agregar valor, ou
suplementares para fins de diferenciação.
FONTE: Adaptado de Nóbrega (2013)

A prestação de serviço deve, ao mesmo tempo, oferecer alto nível de


perícia e qualidade do serviço, o que não é mensurável de forma fácil por qualquer
pessoa, o serviço é considerado de importância crítica, a recomendação de outros
é fundamental na seleção do prestador do serviço.

A interação do prestador de serviços com seu cliente será percebida de


diversas formas, que variam conforme a situação, mas sempre considerando
três elementos básicos que são a acessibilidade, a interação com a organização
prestadora de serviços e a participação do cliente.

Veja no quadro a seguir uma pesquisa realizada pela Revista Análise


Advocacia 500 (2013), sobre os serviços jurídicos oferecidos pelos escritórios de
advocacia, pesquisa esta na qual houve análise dos sites de grandes escritórios,
além de entrevistas a alguns profissionais da área.

QUADRO 2 – OFERTA DE SERVIÇOS DE UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

Tipo de Serviço Conceituação


Prestação de serviços jurídicos na
Serviço Central
esfera administrativa e/ou judicial
Ajuizamento de ações em geral.
Apresentação de defesas em geral.
Apresentação de recursos Assessoria
na compra e venda de imóveis,
incorporação, loteamento e assistência
em transações imobiliárias
Serviços Serviços
Atuação como mediador de conflitos
Acessórios complementares
Atuação como correspondente de
escritórios nacionais e internacionais
Auditoria completa em operações
societárias
Avaliação de passivo trabalhista
Comparecimento à audiência

28
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Confecção de memoriais
Consultoria preventiva
Constituição de empresas
Elaboração de Plano de Cargos e
Salários
Elaboração de Plano de Participação
nos Lucros Elaboração, revisão e
análise de contratos
Estruturação de negócios de atividade
empresarial
Negociação coletiva com sindicato
em dissídio coletivo e na esfera
administrativa
Obtenção de regime especial de
tributação e parcelamento
Participações de reuniões
Planejamento tributário
Planejamento familiar e sucessório
Respostas às consultas
Realização de sustentação oral
Representação do cliente perante
magistrados Realização de palestras
Realização de congressos
Realização de treinamento para os
advogados contratados e clientes
Revisão da política interna da empresa
Reorganização societária: Fusões,
incorporações, cisão e dissolução de
sociedade

Aviamento de documentos
Adiantamento de pagamento de
custas processuais
Acesso ao andamento do processo
pelo site do escritório
Serviços Assessoria para obtenção de visto
suplementares permanente
Confecção de cálculos em geral
Disponibilização de internet wifi
Fornecimento de informações jurídicas
através de twitter, site e e-mail
Realização de protocolos
FONTE: Adaptado de Revista Análise Advocacia 500 (2013)

É importante ressaltar que a pesquisa retrata os serviços descritos a partir


da classificação do serviço central, complementar e suplementar, trazendo uma
contribuição significativa do que poderia ser ofertado.
29
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Considerando também, que a prestação de serviços ofertadas deve ser


prestada com qualidade. A qualidade é um conceito amplamente utilizado
(MARTINS, 2012), mas existem diversas definições de difícil consenso sobre seu
conceito, é uma ferramenta estratégica que aumenta a eficiência operacional e
melhora o desempenho global das organizações.
Qualidade percebida de serviço e o modelo de qualidade total percebida
de serviço, acrescendo uma abordagem baseada em pesquisas sobre o
comportamento do consumidor e os efeitos das expectativas relativas ao
desempenho dos bens em avaliações pós-consumo (GRÖNROOS, 2009, p. 64).

A qualidade já era festejada desde a Grécia antiga, onde os filósofos,


em seus pensamentos, vislumbravam a excelência. Assim, qualidade pode
ser considerada uma característica que pretende superioridade dentro de um
contexto objetivo, fundada em pessoas ou assuntos semelhantes. Entretanto, na
esfera da administração, originou-se no sentido de padronização (MAXIMIANO,
2006). Não se pode gerir o que não se pode medir (CARVALHO, 2008).

Portanto, umas das principais estratégias de competição no mundo


corporativo é a qualidade na prestação dos serviços. A qualidade é um aspecto
extremamente relevante no sistema produtivo, seria uma maneira de demonstrar
que a organização preza pelo serviço que presta, pelo que vende, pelo meio
ambiente, saúde e segurança de seus funcionários, mediante a observância das
normas aplicadas à espécie (MEDEIROS, 2011).

Qualidade “é um processo presente nas empresas, tornando-se um


conceito de competitividade, que de forma interligada, envolve todo o processo
desde a compra até a distribuição ao consumidor” (MEDEIROS, 2011, p. 15).

O modelo de qualidade foi originalmente criado para auxiliar gerentes


e pesquisadores a compreenderem o que os clientes esperam daquele serviço.
Perceber o que seria fundamental para o cliente, desde a fase da oferta ao resultado
do serviço contratado, “é aquela que cobre a necessidade de desenvolvimento de
competências adaptativas de seus destinatários, com o fim de que melhorem a
eficiência profissional e empresarial em meios mutantes e altamente competitivos”
(JÚNIOR, 2012, p. 33).
A boa qualidade percebida é obtida quando a qualidade experimentada
atende às expectativas do cliente, isto é, à qualidade esperada. Se as
expectativas não forem realistas, a qualidade total percebida será baixa,
mesmo que a qualidade experimentada medida de modo subjetivo seja
boa (...) A qualidade esperada é uma função de diversos valores, a saber,
comunicação de marketing, boca a boca, imagem da empresa/local,
preço, necessidades, valores do cliente (GRÖNROOS, 2009, p. 68-69).

A Revista Análise da Advocacia 500, em 2013, fez uma pesquisa sobre


os escritórios de advocacia mais admirados, e para identificação dos atributos
foram selecionados 12 (doze) serviços pelo critério de importância. O resultado
encontra-se no quadro a seguir:

30
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

QUADRO 3 – SERVIÇOS ESSENCIAIS DOS ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA PESQUISADOS


Desdobramento
Aspectos
Confiabilidade Presteza Segurança Empatia
Físicos
Prestação infraestrutura interposição do
cumprimento simpatia;
de serviços moderna; remédio jurídico
CENTRAL

do prazo; atenção; educação;


jurídicos excelente adequado;
celeridade; feedback; respeito;
na esfera localização; responsabilidade
qualificação prontidão. aparência.
administrativa ambiente profissional;
profissional
e/ou judicial aconchegante. credibilidade.
infraestrutura interposição do
cumprimento
moderna; remédio jurídico simpatia
Ajuizamento do prazo; atenção,
excelente adequado; educação
de ação celeridade; feedback
localização; responsabilidade respeito
qualificação prontidão
ambiente profissional; aparência
profissional
aconchegante credibilidade

infraestrutura interposição do
cumprimento
moderna; remédio jurídico simpatia
do prazo; atenção,
Apresentação excelente adequado; educação
celeridade; feedback
de defesa localização; responsabilidade respeito
qualificação prontidão
ambiente profissional; aparência
profissional
aconchegante credibilidade

infraestrutura interposição do
cumprimento
moderna; remédio jurídico simpatia
do prazo; atenção,
Apresentar excelente adequado; educação
celeridade; feedback
recurso localização; responsabilidade respeito
ACESSÓRIO

qualificação prontidão
ambiente profissional; aparência
profissional
aconchegante credibilidade

infraestrutura interposição do
cumprimento
moderna; remédio jurídico simpatia
do prazo; atenção,
Resposta às excelente adequado; educação
celeridade; feedback
consultas localização; responsabilidade respeito
qualificação prontidão
ambiente profissional; aparência
profissional
aconchegante credibilidade

cumprimento responsabilidade
do prazo; atenção, profissional; simpatia
Comparecer
celeridade; feedback credibilidade, cordialidade
à audiência
qualificação prontidão equilíbrio respeito
profissional emocional

cumprimento responsabilidade
do prazo; atenção, profissional; simpatia
Sustentação
celeridade; feedback credibilidade, cordialidade
oral
qualificação prontidão equilíbrio respeito
profissional emocional

31
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

infraestrutura
cumprimento
moderna; poder de síntese, simpatia
do prazo; atenção,
Confecção de excelente responsabilidade educação
celeridade; feedback
memoriais localização; profissional, respeito
qualificação prontidão
ambiente credibilidade aparência
profissional
aconchegante

infraestrutura
moderna; pontualidade, poder de síntese, simpatia
atenção,
Participação excelente celeridade, responsabilidade educação
feedback
de reuniões localização; qualificação profissional, respeito
prontidão
ambiente profissional credibilidade aparência
aconchegante

infraestrutura
Elaboração, moderna; pontualidade, poder de síntese, simpatia
atenção,
revisão e excelente celeridade, responsabilidade educação
feedback
análise de localização; qualificação profissional, respeito
prontidão
contratos ambiente profissional credibilidade aparência
aconchegante

infraestrutura
moderna; pontualidade, poder de síntese, simpatia
atenção,
Negociação excelente celeridade, responsabilidade educação
feedback
coletiva localização; qualificação profissional, respeito
prontidão
ambiente profissional credibilidade aparência
aconchegante

infraestrutura
moderna; pontualidade, poder de síntese, simpatia
Aviamento atenção,
excelente celeridade, responsabilidade educação
de feedback
localização; qualificação profissional, respeito
documentos prontidão
ambiente profissional credibilidade aparência
aconchegante
FONTE: Adaptado de Revista Análise Advocacia 500 (2013)

Os serviços prestados por um escritório de advocacia são intangíveis,


inseparáveis, simultâneos e heterogêneos. Um elevado nível de intangibilidade cria
também em um alto grau de expectativa do cliente com relação ao serviço prestado,
em decorrência de um considerável nível de incerteza e risco (BEBKO, 2000).

O serviço jurídico requer inseparabilidade, dificultando a avaliação antes


do início da prestação. O serviço jurídico demanda bastante do componente
humano. Portanto, existe uma variedade na qualidade de sua execução,
considerando os diferentes momentos da prestação de serviço a um cliente e a
prestação entre diferentes clientes.

32
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

A globalização trouxe uma nova realidade aos escritórios de advocacia,


não apenas pelo aumento das demandas, mas, também, tem que se adaptar e
pensar em novas estratégias que os tornem competitivos no mercado.

O ISO 9001 certifica o prestador de serviços jurídicos, não apenas


considerando o aperfeiçoamento das práticas administrativas e operacionais
da organização, mas, também, a gestão de pessoas objetivando proporcionar
melhores serviços e atendimento de qualidade aos clientes.

“O mundo jurídico está à procura de um novo caminho, uma maneira


eficaz, porém ética de se adequar à terrível competição e escassez futura de
demandas judiciais suficientes para atender a todos os advogados”, segundo
Bertozzi (2005, p. 13).

É neste diapasão em que o tecnólogo de serviços jurídicos se torna figura


fundamental, para garantir que rotinas sejam estabelecidas de forma adequada
proporcionando a satisfação plena do cliente com o serviço prestado.

A prestação de serviço de qualidade poderá ser considerada para o que


chamamos de marketing jurídico.
A função que o marketing deve assumir na área jurídica é a ordenação
mais eficaz dos recursos do escritório e de seus profissionais, ampliar
o prestígio profissional, planejar o futuro, racionalizando os custos,
focando o cliente, criando estratégias para clientes potenciais,
investindo em relacionamentos e imagem pessoal. Não se trata de
vender serviços, e, sim de se posicionar em um mercado cada vez mais
escasso e complexo. Um escritório jurídico que incorpora o marketing
torna-se mais competitivo, sem necessariamente quebrar a ética da
profissão (BERTOZZI, 2005, p. 55).

Assim, percebe-se que a gestão do escritório precisa ter além de recursos


jurídicos e administrativos de qualidade, que consolidem sua imagem no
mercado, ao par que tenha um diferencial que destaque perante os clientes. Seja
pelo conhecimento, capacitação ou pela transparência, porém tudo calçado nas
normas e disciplinas de ética profissional, a qual será o próximo ponto abordado.

3 ÉTICA PROFISSIONAL
A atividade jurídica no Brasil tem influência direta do Direito Português.
Mas, a prestação jurisdicional é bem mais antiga, como defesa de interesses
individuais e coletivos remonta à época anterior ao calendário cristão, perpassando
pelo Código de Manu e pelo Antigo Testamento, há quem sustenta ser a Grécia
Antiga a sua origem.

33
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

DICAS

Para aprofundar o estudo acerca de ética, recomendamos a leitura da obra A


Ética em Aristóteles, de Alexsandro M. Medeiros, disponível no endereço a seguir: https://
www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-etica-em-aristoteles/.

No século XIX, dois marcos históricos contribuíram de forma concreta


para a construção da profissão de advogado, a primeira foi a criação e abertura
das Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda, em 1827, e a fundação do
Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) em 1843.

A criação dos cursos jurídicos foi uma consequência da cultura brasileira, decorrente
da independência do Brasil, que influenciou a vida política e social. Primeiro, através da
Assembleia Constituinte de 1823, e retomada em 1826, que culminou com a lei editada em
11 agosto, a qual criou os cursos jurídicos no nosso país.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que por intermédio
do Decreto 19.408, de 18/11/1938, expressamente em seu artigo
17, dispunha “criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão
de disciplina e seleção da classe dos advogados”, se regeria pelos
estatutos que fossem votados pelo Instituto da Ordem dos Advogados
Brasileiros, com a colaboração dos Institutos dos Estados, e aprovados
pelo Governo (MACEDO, 2009, p. 1).

Desde então, a OAB tem representado papel importante na garantia e


busca pela liberdade democrática, como a luta contra o autoritarismo do Estado
Novo, atuou contra o Regime Militar de 1964 e movimento popular em defesa
do Estado de Direito no início dos anos 80 teve, na OAB, um de seus maiores
alicerces na busca das eleições diretas.

A Constituição Federal de 1988 reconhece a OAB como de vital importância


no cenário político-social do país. Reconhecidamente autorizada como voz dos
cidadãos brasileiros, o Conselho Federal da OAB possui legitimidade universal
para o ajuizamento de Ações Diretas que visam o controle de constitucionalidade
de nossa carta magna. Associado à Magistratura e ao Ministério Público, o
advogado é a única profissão com expressa referência constitucional

Cumpre ressaltar que lei é voltada à Instituição OAB como um todo, não
apenas ao advogado no exercício da profissão, mas também aos bacharéis, que são
formados, mas não inscritos nos quadros da OAB e ao tecnólogo de serviços jurídicos
que deve agir com ética exigida aos profissionais prestadores de serviços jurídicos.

Existem diversas normas que abordam a disciplina. Uma é revestida de caráter


formal e de âmbito federal. Outras, embora de cumprimento obrigatório, não são
revestidas desse caráter formal, mas têm o sentido material do termo e são as seguintes:

34
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

• Lei 8906/94: denominada “Estatuto da Advocacia e da OAB”, de caráter


formal e âmbito federal.
• Código de Ética e Disciplina de 2015: editado pelo Conselho Federal, “consiste
numa norma apenas no sentido material, que preserva, do mesmo jeito, a sua
força cogente” (MACEDO, 2009, p. 5), devendo ser respeitada e cumprida por
todos que exercem a atividade de advocacia.
• Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB: também “apenas de
sentido material e de competência do Conselho Federal da OAB”, Paulo Lobo
(2009, p. 356) foi preciso em seus comentários.
• Provimentos: são prescrições emanadas do Conselho Federal com força
normativa que regula assuntos ou matérias específicas previstas no Estatuto
da OAB não contemplados no Regulamento Geral.

As Conferências Nacionais dos Advogados são órgãos consultivos cujas


conclusões, consideradas recomendações aos Conselhos, decidirão por adotá-las
ou rejeitá-las, mas, obrigatoriamente, deverão se posicionar a respeito.

A indispensabilidade é uma característica de origem constitucional,


diretamente ligada ao direito de postular, chamado de jus postulandi – essência da
atividade advocatícia – deve ser analisado em dois aspectos. Primeiro a atividade
jurisdicional, o procuratório judicial e a atividade extrajudicial, o procuratório
administrativo, no qual se enquadra o tecnólogo de serviços jurídicos.

A atividade jurisdicional deve ser observada sob três parâmetros. Um


conceitual e dois dispositivos legais:

1. Jus Postulandi (conceito): postulação é ato de pedir ou exigir a prestação


jurisdicional. Exige-se qualificação técnica.
2. C.F. art. 133: “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites
da lei” (BRASIL, 2016, art. 133).
3. Estatuto da OAB, art. 1º: São atividades privativas de advocacia: I: a postulação
a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais (BRASIL, 1994,
art. 1º).

Entretanto, existem seis exceções a serem consideradas:

1. Juizados Especiais Cíveis: que dispensa a presença de advogado em causas


de até 20 salários mínimos, Lei 9.099/95 e de até 60 salários mínimos se for na
esfera federal, Lei 10259/01.
2. Justiça do Trabalho: CLT, art. 791 (sem alteração pela reforma trabalhista de
2017): o dispositivo faz menção à expressão “até o final”, o que significa dizer,
em matéria da justiça do trabalho, até o TST. No entanto, o próprio TST tem um
entendimento (súmula 425) de que se interpreta o art. 791 da CLT limitando
a postulação sem advogado até os tribunais regionais do trabalho, ficando,
assim, indispensável a intervenção de um advogado para jurisdição do TST.

35
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

3. Habeas Corpus: não se discute tratar-se de provimento jurisdicional em


que a garantia da liberdade pessoal já seria suficiente para sinalizar sobre
a dispensabilidade do advogado, no entanto, o Estatuto da OAB não deixa
motivos para discussão sobre a referida dispensabilidade porque confirma
em seu art. 1º, §1º, que não é atividade privativa da advocacia (BRASIL, 1994).
4. Revisão Criminal (CPP, art. 623): pacífico na jurisprudência do STF que a
Constituição Federal recepcionou o referido diploma legal, não existindo,
assim, qualquer obstáculo de ordem jurídico-formal que impeça o próprio
condenado de promover, ele próprio, independente de assistência técnica
prestada por advogado, a pertinente revisão criminal (HC 72.981-SP, Rel.Min.
MOREIRA ALVES - RHC 80.763-SP, Rel. Min. SYDNEY SANCHES).
5. Constituição Federal, art. 103: norma constitucional que traz os legitimados
ativos a promover o controle concentrado das leis e atos normativos federais,
estaduais. O STF entendeu que somente os partidos políticos e as confederações
sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional deverão ajuizar a ação por
advogado (art. 103, VIII e IX). Quanto aos demais legitimados (art. 103, I-VII),
a capacidade postulatória decorre da Constituição. (ADI n. 127-MC-QO, Rel.
Min. Celso de Mello, j. 20.11.1989, DJ 04.12.1992).
6. Lei de alimentos (5478/68): também está prevista a dispensabilidade do
advogado, no entanto suprida pela competência da Defensoria Pública,
conforme decisão do STF.

Portanto, essas seis atividades poderão ser auxiliadas pelo tecnólogo de


serviços jurídico, sem que isso esteja infringindo qualquer lei, ou seja, considerada
uma atividade antiética. Poderá auxiliar na pesquisa de leis, doutrinas e
jurisprudência relativas ao caso, bem como auxiliar na minuta de petições.

A prestação de serviços jurídicos exerce uma função social, a qual


demonstra que a administração da justiça é uma espécie do gênero atividade
pública regida pelo direito público, ainda que o advogado não seja titular de
uma função pública sua atividade consiste num exercício de múnus público. Bem
como o tecnólogo de serviços jurídicos.

Assim, as prerrogativas dos advogados, as quais se estendem ao tecnólogo


de serviços jurídicos, estão previstas no artigo 7 e 7-A, do Estatuto da OAB, Lei 8.906:

Art. 7º São direitos do advogado:


I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus
instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica
e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação dada pela
Lei nº 11.767, de 2008)
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem
procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

36
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por


motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob
pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala
de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas
pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8)
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a
parte reservada aos magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de
justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo
fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou
outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou
informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente
ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou
empregado;
d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu
cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes
especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no
inciso anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição,
observando-se a ordem de chegada;
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante
intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a
fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para
replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou
autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva
da Administração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento,
mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo
de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar
apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019)
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação,
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada
pela Lei nº 13.245, de 2016)

37
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza,


em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez
dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da
profissão ou em razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou
ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi
advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem
como sobre fato que constitua sigilo profissional;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial,
após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a
autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no
curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no
cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da
parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de
devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria,
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no
exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções
disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8)
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício
da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV
deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os
juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais
permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à OAB. (Vide
ADIN 1.127-8)

38
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de


cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o
desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em
que incorrer o infrator.
§ 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte
de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da
inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada,
expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser
cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese,
vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a
clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho
que contenham informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 7º A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do
advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus
partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra
da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 8º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 9º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar
o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em
andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
(Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento
incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada
de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização
criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o
acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem
prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz
competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se
integralmente a processos e a procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto
nos §§ 10 e 11 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019)
Art. 7º-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos
de raios X; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; (Incluído pela Lei nº
13.363, de 2016)
II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a
local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; (Incluído pela Lei
nº 13.363, de 2016)

39
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das
sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante
comprovação de sua condição; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for
a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente.
(Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
§ 1º Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto
perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação.
(Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
§ 2º Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante
ou que der à luz serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-
Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho).
(Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
§ 3º O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que
der à luz.

FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%20
8.906%2C%20DE%204%20DE%20JULHO%20DE%201994.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20
o%20Estatuto%20da,Advogados%20do%20Brasil%20(OAB).&text=II%20%2D%20as%20ativida-
des%20de%20consultoria%2C%20assessoria%20e%20dire%C3%A7%C3%A3o%20jur%C3%ADdi-
cas.&text=%C2%A7%203%C2%BA%20No%20exerc%C3%ADcio%20da,Art.>. Acesso em: 3 jul. 2020.

Os direitos do prestador de serviço jurídicos não estão limitados aos


dispositivos supracitados. Existem alguns outros que precisam ser mencionados:

• comunicação com cliente: mesmo sem procuração o advogado tem o direito de


comunicar-se com seu cliente em qualquer circunstância, de forma reservada. Não
pode ser restringida tal comunicação sob pretexto de incomunicabilidade do preso;
• prisão flagrante no exercício profissão: só poderá o advogado ser preso em
flagrante no exercício profissional quando se tratar de crime inafiançável
e observada a exigência de prisão especial, isto é, acompanhada por
representante da OAB. O Plenário do STF julgou constitucional o inciso IV
do artigo 7º - EOAB, mantendo a necessidade de representante da OAB para
a prisão em flagrante de advogado por motivo relacionado ao exercício da
advocacia, cuja prisão, antes do trânsito em julgado, há de ser cumprida em
sala de Estado-Maior (sala especial), e na sua falta, em prisão domiciliar;
• exame de autos: o advogado pode examinar, mesmo sem procuração, autos
de processos findos ou em andamento, quer em órgãos do Poder Judiciário,
Legislativo, Executivo e em repartições policiais (súmula vinculante nº 14)
com relação a autos de inquérito com exceção àqueles que estiverem em
segredo de justiça, de difícil reparação e os que o advogado não devolveu
injustificadamente no prazo legal;
• desagravo público: deverá ser desagravado, em ato personalíssimo que
ocorrerá em sessão pública e solene perante o Conselho Seccional, quando for
ofendido no exercício da profissão ou em atuação em cargo ou função da OAB.

40
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Outro ponto imprescindível de ser abordado, em especial no mundo


globalizado em que vive a sociedade atual, é a publicidade na prestação de
serviços jurídicos. Existem duas regulamentações próprias, a publicidade na
advocacia, algo plenamente previsível, obedece imperiosamente a uma finalidade
informativa totalmente divorciada de conotação mercantil, portanto, perceba que
há limites para esse tipo de veiculação.

Assim, deve-se interpretar conjuntamente o Provimento 94/200 e o art. 39 do


novo código de ética veja que se confirma o que sustentado no parágrafo anterior, o que
se veda é a propaganda e não a publicidade, que são institutos completamente diferentes.
Dessa forma, fica completamente proibida a publicidade por meio
de veiculações por rádio, televisão, cinema, anúncios de rua tais como cartas
circulares, panfletos e oferta de serviços mediante intermediários.

A participação do advogado em consultas jurídicas de rádios, televisão ou


qualquer outro tipo de veiculação em massa é uma verdadeira “tentação” (LOBO,
2009, p. 194). Entretanto, não é proibido, desde que o prestador de serviço jurídico
seja bastante diligente observado o sigilo profissional, em segundo, ainda que
seja participação totalmente zelosa com os preceitos éticos, não pode ser rotineira,
por ser passível de ser considerada promocional.

A legislação é contraditória no diz respeito aos correios eletrônicos e


à internet. O art. 5º do provimento 94/2000 permite esses veículos de maneira
expressa e cristalina. Entretanto, o código de ética atual proíbe:
o fornecimento de dados de contatos, como endereço e telefone em
colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos,
publicados na imprensa, bem assim quando de eventual participação
em programas de rádio ou televisão, ou em veiculação de matérias pela
internet, sendo permitida a referência a e-mail (BRASIL, 2015, art. 39, V).

Não pode se ofertar endereço e nem telefone, mas é permitido endereço


eletrônico e a norma é silente sobre sites.

A ética do advogado está prevista nos artigos 31 a 33 do Estatuto da OAB:

Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor


de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência
em qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o
advogado no exercício da profissão.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício
profissional, praticar com dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será
solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com
este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.
Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres
consignados no Código de Ética e Disciplina.

41
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do


advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e,
ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência
jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos
disciplinares (BRASIL, 1994, art. 31-33).

A ética, além de normatizar as condutas profissionais, também está


presente na vida em sociedade. Conforme as especificidades de cada profissão
é necessária uma determinada postura de quem a exerce. Assim, as profissões
jurídicas têm suas normas éticas e morais que lhes são próprias.

A etimologia da palavra ética tem origem grega de ethos ou ethikos que


significa costume. Refere-se à ciência da moral, do comportamento dos homens em
sociedade. Estuda a valoração da conduta e da ação, como também se trata da prática
de conjunto de normas de comportamento e formas de vida que objetivem o bem.
Assim como foi colocado, a ética muda conforme a sociedade a que está inserida,
como também pela profissão, e até de pessoa para a pessoa (SPERANDIO, 2002).

A ética pode ser vista como um sistema de princípios morais que


normatizam o comportamento humano, passando a conduta a ser regida pelos
valores que a ética sistematiza (MEDINA 2016). “A conduta é o comportamento em
harmonia ou desarmonia com a lei, a moral e os bons costumes. O comportamento
é o modo pelo qual uma pessoa age no meio social e exerce suas atividades”
(SPERANDIO, 2002, p. 8-9).

As normas de postura ética do profissional do direito possibilitam a


existência de confiança e respeito entre o advogado e seus clientes, assim como
seus colegas de profissão. Não apenas do advogado, mas de qualquer prestador
de serviços jurídicos, inclusive o tecnólogo.

A deontologia jurídica é a ciência do dever ser. Ela sistematiza, a partir


da ética profissional, a conduta e deveres dos operadores do direito na prática da
atividade profissional. Com essa ciência vêm também os princípios que norteiam
toda a atuação ética do advogado, se acordo com Sperandio (2002), são eles:

1. O primeiro é o princípio da Conduta Ilibada, seria aquele do comportamento


correto, sem nada que se possa moralmente levantar contra, seja na vida
pública ou na vida privada.
2. O segundo é o princípio da dignidade e do decoro trata-se de um valor
inerente à pessoa humana.
3. O princípio da Correção profissional é aquele que trata de o advogado agir
com transparência, não se beneficiar do cargo e exigirá justiça.
4. O princípio do desinteresse é caracterizado pelo desprezo a ambição pessoal
quando se busca a justiça, buscando sempre a melhor solução dos conflitos, como
a conciliação, sem se preocupar com a diminuição dos honorários por conta disso.

42
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

5. O princípio da confiança, trata-se desse relação cliente-profissional, que lhe


quer poder ter no advogado uma pessoa a quem possa confiar informações
íntimas. Derivado desse princípio, há o da Fidelidade, queque trata sobre
o vínculo e compromisso que o profissional deve ter com a verdade, a
transparência, a causa, a legislação, aos operadores do direito.
6. O princípio da reserva, sobre o profissional ser discreto, fazendo jus a
confiança do cliente, como também tratar de assuntos profissionais no lugar
que lhes cabe, não externar opinião sobre processos que foram confiados a
ele, entre outros.
7. O princípio da discricionariedade aquele em que o advogado está responsável
para selecionar estratégias e formas de atuação, na tentativa de melhor solução
para o conflito.
8. O princípio da lealdade é regra de costume, que não tem sanção jurídica, mas
que é eticamente sancionada pela reprovação comunitária. Deflui do sistema
jurídico o dever de atuar com lealdade, premiando a boa-fé e a correão.

Os códigos de ética são de extrema importância, são a garantia de


publicidade, oficialidade e igualdade para que segue determinada carreira, como
a dos operadores de direito. Desta forma, todas as capacidades necessárias para
que se desempenhe a profissão de maneira eficaz, depende dos deveres ético-
profissionais. Os operadores do direito encontram no Código de Ética, comandos
de conduta que têm o intuito de fazê-lo agir com probidade, moralidade,
dignidade e independência.

43
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA E A NECESSIDADE DA GESTÃO DE SERVIÇOS


JURÍDICOS

Kinsel, Advogados Associados

O mundo jurídico sempre foi algo interessante para quem estuda direito,
apaixonante e sobretudo, dono de um apelo importante: quem estuda direito se
tornará doutor e certamente será bem sucedido.

A verdade é outra: o bacharel em direito é historicamente formado para


ser intelectual e detentor de uma cultura ampla, em assuntos especializados em
direito, mas, como muitas outras profissões, não é educado em gerir seus negócios
e por que não dizer, ganhar dinheiro.

Atualmente, segundo a OAB Federal, o Brasil tem cerca de 950.000


advogados, sendo que somente em São Paulo e Rio de Janeiro, são cerca de
406.00, ou seja, praticamente 43% de todos aqueles que passaram na OAB e foram
aprovados pelo Exame da Ordem.

Se considerarmos uma população brasileira em 200 milhões, teremos


cerca de 1 advogado para cada 475 habitantes.

Por que esse assunto é tão importante ao técnico do direito: advogado ou


gestor de um departamento jurídico?

Certamente porque um escritório deve ter sua gestão profissionalizada,


com foco em resultados que sejam alinhados com a ética, mas também que
obtenham controles capazes de fazer a banca crescer com perenidade e sucessão.
Os principais motivos de mortalidade dos escritórios parecem ser os mesmos de
pequenas e médias empresas: problemas entre os sócios, falta de gestão financeira,
falta de planejamento estratégico e sobretudo, falta de formação e informação em
como formar preço e captar, respeitando o estatuto da OAB.

Mas por que então tantos advogados tem dificuldade de profissionalizar seus
escritórios ou gerir melhor os negócios dentro de departamentos jurídicos, uma vez
que a quantidade de habitantes, sobretudo em uma fase de acesso a bens de consumo
e mudanças de comportamento empresarial oferecem ótimas oportunidades de
consultoria jurídica, quer seja para empresas como para consumidores?

Anualmente, também segundo a OAB, cerca de 60.000 bacharéis de direito


são formados. Nem todos, obviamente, passam no exame de Ordem. Muitos, novos
em idade e com o sonho de ganhos financeiros altos, buscam abrir seu próprio
negócio ou ainda, conquistar um emprego público, por vezes sem vocação alguma
para a advocacia do dia a dia ou para tolerar a assessoria para a Rés Publica.

44
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

A OAB apesar de seu esforço silencioso não é capaz sozinha de auxiliar


na profissionalização de tantos advogados, na mesma razão que a modernidade
se mostrou, em verdade trata-se da falta de consciência e capacidade de realizar a
gestão dos serviços jurídicos tanto dos escritórios como dos departamentos.

Algumas constatações são importantes e talvez possam oferecer ao leitor


reflexões que auxiliem na mudança cultural necessária:

1. a Sociedade da Informação: tida como uma forma de entender a modificação


do comportamento na sociedade atual, com o mundo digital e os avanços
tecnológicos, uma quebra importante de paradigmas ocorreu, sem precedentes
na história: as novas gerações nascem digitais mas carecem da tradição e
experiência dos advogados e técnicos que a mais tempo operam o direito;
2. a falta de Gestão dos Serviços Jurídicos: compreender um escritório ou um
departamento como um negócio é vital para que os ativos da “empresa”
dos advogados possam existir ou sobreviver. Apesar de ser uma sociedade
simples, não se pode esquecer que existe um Código de Ética necessário e
importante para garantir que a representação do advogado e do seu cliente
sejam perenes e salutares;
3. a falta de Cultura de Controle e Gestão Financeira: assim como as empresas
de pequeno e médio porte (as ME ou EPP) ligadas ao Simples Nacional,
entendemos que os escritórios precisam fazer gestão financeira e discutir
rotinas administrativas para fins de melhoria de seus serviços. Não é raro
escritórios encerrarem suas atividades por não conhecer suas despesas, não
terem claro suas rotinas administrativas ou ainda, pior, não formularem preço
levando em conta sua estrutura de custos.

Não se torna um advogado apenas litigando, mas sim com vocação,


conhecimento mínimo da área de sua atuação e, sobretudo, gerindo seu negócio
com a responsabilidade de dono, garantindo identidade a banca (Intuitu Personae)
e legitimando com a boa ciência e ética, a máxima de que um grande advogado é
bem sucedido por sua reputação e gestão de seus ativos.

FONTE: <https://www.kinsel.com.br/2016/02/a-importancia-e-a-necessidade-da-gestao-de-ser-
vicos-juridicos/>. Acesso em: 3 jul. 2020.

45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Alguns profissionais conseguem se destacar na profissão de advogado,


conseguindo galgar espaços, mesmo sem realizar um planejamento
profissional adequado, no entanto, é preciso ter em mente que estes
profissionais são exceções.
• Conclusivamente, é preciso que o advogado, agora, mais do que nunca, em
face do mercado cada vez mais competitivo, procure se diferenciar de seus
concorrentes, seja profissionalizando o seu escritório, seja se atualizando de
forma contínua, seja construindo uma base e uma história que consiga se
perpetuar por muitos e muitos anos, para que outras gerações consigam dar
continuidade ao legado deixado pelos atores principais.
• Não há dúvidas de que todo e qualquer profissional do direito, necessita
planejar a sua carreira para que consiga chegar ao sucesso. E, o que seria o
sucesso? Vai depender de o que cada um elege como objetivo de vida para
que a sua ascensão profissional seja atingida.
• O profissional prestador de serviços jurídicos deve agir de forma a transmitir
e garantir total confiabilidade ao seu cliente. Considerando como base as
regras estabelecidas no Estatuto da OAB.
• É o Estatuto quem dita a norma a todos os prestadores de serviços jurídicos,
não apenas aos advogados e, com isso, o tecnólogo de serviços jurídicos deve
ficar atento às normas de condutas ditadas por aquele diploma legal.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

46
AUTOATIVIDADE

1 Analise as asserções a seguir e sinalize se elas estão certas ou erradas.

a) Infraestrutura moderna; excelente localização; ambiente aconchegante, são


critérios a serem considerados em uma prestação de serviços jurídicos de
qualidade.
( ) Certo.
( ) Errado.

b) A qualidade não é um fator determinante na forma de gestão dos serviços


jurídicos.
( ) Certo.
( ) Errado.

c) O Estatuto da OAB é uma norma que atinge apenas os advogados


devidamente inscritos naquele órgão:
( ) Certo.
( ) Errado.

47
48
UNIDADE 2 —

A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE
SERVIÇOS JURÍDICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender os procedimentos de atendimento nos cartórios judiciais;

• identificar as técnicas de atendimento nos cartórios extrajudiciais;

• compreender a importância dos meios alternativos de solução de confli-


tos na prestação de serviços jurídicos;

• entender o papel do profissional de serviços jurídicos junto aos órgãos


jurisdicionais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

TÓPICO 2 – ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS


ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.

TÓPICO 3 – DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS


ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA.

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

49
50
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

1 INTRODUÇÃO

A competência de cada uma das diversas serventias notariais é


determinada pela lei, conferindo, com exclusividade a cada um dos cartórios a
legitimidade para lavratura e registro de atos jurídicos. O que pode ocasionar
alguma dificuldade para o leigo identificar qual o cartório competente para cada
ato a ser praticado.

“Cartórios” é como chamamos popularmente os órgãos prestadores de


serviços públicos. Os agentes públicos, delegados, realizam os serviços e, dessa
forma, trazem mais segurança às relações jurídicas pessoais ou patrimoniais.

Os custos dos serviços são frequentemente objeto de críticas pelos usuários.


Entretanto, são fundamentais para desafogar o poder judiciário e proporcionar
agilidade aos procedimentos que independem de intervenção judicial.

O legislativo tem unido esforços no sentido de possibilitar a prática de


atos de auto tutela. Diversos procedimentos que, até pouco tempo, somente
poderiam ser feitos mediante o Estado-juiz. Dessa forma, pode-se dar segurança
jurídica a negócios jurídicos celebrados fora da esfera judicial. São exemplos: a
possibilidade de realização de inventário e partilha extrajudiciais, separações e
divórcios, usucapião, retificação administrativas de imóveis, arbitragem, entre
tantos outros.

Por outro lado, é imperioso conhecer a organização e o funcionamento de


cartórios judiciais e seus impactos na velocidade dos procedimentos judiciais. O
tempo de tramitação de processos judiciais é comumente apontado como um dos
maiores obstáculos dos sistemas judiciais em geral.

Entendendo o funcionamento dos cartórios judiciais talvez seja possível


identificar suas fragilidades, as quais determinam a eficiência, ou não, de
determinada serventia. Pois, os cartórios estão submetidos a burocracia judicial.

Estudaremos questões de como estão organizados e como funcionam os


cartórios judiciais, quais as práticas do cartório que geram efeitos de aumento e
diminuição do tempo de tramitação dos processos; quais são os integrantes e quem
gere o cartório judicial; se uma gestão da burocracia cartorial tem possibilidades
de melhorar o tempo de tramitação dos processos.

51
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

2 O PODER JUDICIÁRIO
Antes de se falar especificamente nos cartórios judiciais, precisamos
examinar conceitos de Teoria Geral do Processo, para que fique claro a estrutura
do Poder Judiciário Brasileiro. Começamos com o conceito de Jurisdição, que é
uma das atividades do Estado no exercício das suas funções.

2.1 JURISDIÇÃO
Entendendo-se, portanto, que a Jurisdição é uma função típica do Estado,
através da qual é aplicada a vontade concreta da Lei, de maneira imparcial,
em substituição à vontade das partes, com a finalidade de obter uma justa
composição da lide e buscando alcançar a paz social. “É uma das funções do
Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito
para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com
justiça” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 145)

Os princípios constitucionais da dignidade humana e do acesso à justiça,


norteiam a atividade jurisdicional nos dias de hoje. Assim, independente do
resultado final do processo, será considerado justo se todas as garantias tiverem
sido respeitadas.

DICAS

Para entender melhor o “Princípio da Dignidade Humana”, sugiro que assistam


ao vídeo da TV Justiça. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qauJE6M6w0U.

É importante lembrar que a jurisdição é monopólio estatal. Assim, a


atividade jurisdicional é exercida exclusivamente pelo Estado, através do Poder
Judiciário, em regra. Entretanto, a justiça não é exercida apenas pelo Estado,
tanto é assim que existem métodos alternativos para a solução dos conflitos, que,
também, proporcionam que sejam a alcanças justiça e a paz social. A arbitragem
pode ser considerada um exemplo clássico de um método privado de promoção
de justiça.

A Jurisdição possui características próprias que a diferem das outras


atividades estatais, como a legislativa e administrativa próprias, respectivamente,
dos poderes legislativo e executivo.

As características da jurisdição presentes, praticamente em todas as suas


manifestações, são:

52
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

1. Inércia: é vinculada ao princípio da demanda, que determina que


é proibido ao Estado-Juiz exercer atividade jurisdicional de ofício
(ne procedat iudex ex officio), ou seja, sem a provocação da parte
interessada. O exercício da jurisdição necessita da provocação do
Estado-juiz através do exercício do direito de ação e consequente
ajuizamento de uma demanda. Arts. 2º e 141, do CPC/2015.
[...]
2. Substitutividade: o Estado proíbe a autotutela, isto é, a justiça com
as próprias mãos, e assume o dever de exercer a jurisdição, aplicar
a lei à demanda que lhe é submetida (grifo da autora). Assim, o
Estado substitui a atividade inicialmente das partes, pois o conflito
do caso concreto será solucionado através do exercício da Jurisdição.
3. Definitividade; Indiscutibilidade ou Imutabilidade: conforme essa
característica, a decisão jurisdicional coloca fim à controvérsia
e, impedindo que o mesmo assunto seja alegado, discutido ou
examinado novamente no futuro (SILVA, 2019, p. 23, grifo da autora).

Os princípios que norteiam a jurisdição são:

1. Investidura: referente ao meio de ingresso daqueles que estão autorizados


a exercer o poder jurisdicional. O juiz tem que estar investido na função
jurisdicional para exercer a jurisdição, isto é, ele precisa ter sido aprovado
em um concurso de provas e títulos, de acordo com o art. 37, inciso II, da CF.
2. Territorialidade: também é conhecido como princípio da aderência ao
território e significa que o juiz só pode exercer jurisdição dentro de um
limite territorial determinado por lei.
3. Indeclinabilidade: em razão de tal princípio o juiz não se pode se eximir de
julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. A previsão legal desse
princípio se encontra no art. 140 do CPC/2015.
4. Indelegabilidade: esse princípio estabelece que o exercício da atividade
jurisdicional não pode ser delegado aos particulares, tampouco a outro
órgão jurisdicional. Essa proibição é aplicável de forma integral ao poder
decisório, posto que violaria a garantia do juiz natural.
5. Inafastabilidade da jurisdição: princípio previsto no art. 5ª, XXXV da CF e
significa que todos possuem acesso ao Judiciário em hipótese de lesão ou
ameaça de lesão a um direito. Assim, nenhuma matéria pode ser excluída
da apreciação pelo Poder Judiciário, exceto as exceções estabelecidas na
própria Constituição: arts. 52, I e II. f; 142, §2 e 217.
6. Juiz natural: previsto no art.5º, XXXVII e LIII da CF. Significa que as partes
não podem escolher livremente o juízo e/ou juiz que irá julgar a sua causa.
De acordo com esse princípio, o juízo (órgão) para uma causa é estabelecido
a partir de critérios estabelecidos em lei e o juiz (pessoa) deve ser imparcial

Inevitável, para entender a jurisdição é que se analise a sua classificação


em diversos aspectos. Não se fala em espécies de jurisdição, pois a jurisdição
é um poder exercido em razão da manifestação da soberania estatal, portanto
a jurisdição é una e indivisível (grifo da autora). Entretanto, para melhor
entendimento, utiliza-se uma classificação. Dessa forma, temos:

53
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

• Quanto ao tipo de pretensão - que leva em consideração a natureza do


direito material objeto do processo:
1. Jurisdição penal.
2. Jurisdição civil: incluídas todas as matérias fora do Direito Penal, ou
seja, é a jurisdição exercida me matéria cível, trabalhista, tributária,
empresarial etc.

• Quanto ao grau em que é exercida:


1. Superior: exercida pelo órgão que tem competência recursal e exerce
o segundo grau de jurisdição.
2. Inferior: exercida pelo órgão que conhece da causa em primeiro
lugar.

• Quanto à submissão ao direito positivo:


1. Jurisdição de direito: significa que o Estado-juiz no exercício da
função jurisdicional está vinculado a leis, conforme o art. 140,
parágrafo único, do CPC/2015.
2. Jurisdição de equidade: é uma exceção, pois na jurisdição de
equidade o Estado-juiz não é obrigado a aplicar a lei. Assim, só pode
ocorrer quando houver expressa autorização legal. Tais exceções
estão previstas, por exemplo, no art. 723, § único do CPC/2015, que
trata dos procedimentos de jurisdição voluntária e no Estatuto da
Criança e do Adolescente, art. 6º da Lei n. 8.069/90.

• Quanto ao órgão que exerce:


1. Jurisdição comum: exercida por órgãos que possuem competência
para julgar causas de qualquer natureza. É a jurisdição exercida
pela Justiça Federal comum e pela Justiça estadual.
2. Jurisdição Especial: é a exercida por órgão que possuem competência
apenas para matérias específicas, como a Justiça do Trabalho, Justiça
Eleitora e Justiça Militar.

• Quanto à existência ou não de lide: tal forma de classificar a jurisdição,


apesar de ainda ser utilizada pela doutrina tradicional, perdeu um pouco
do sentido após a vigência do CPC/15, pois adotamos procedimentos
praticamente idênticos nas duas modalidades de jurisdição:
1. Jurisdição contenciosa: é a jurisdição exercida em procedimentos
que há lide a ser resolvida;
2. Jurisdição voluntária: não há a solução de um litígio, mas apenas a
chancela estatal para a realização de um negócio jurídico de direito
privado, previstos a partir do art.719 do CPC/2015.

FONTE: SILVA, T. C. Teoria geral do processso. Indaial: UNIASSELVI, 2019. p. 24-26. Disponível
em: https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codi-
go=37638. Acesso em: 20 jul. 2020.

54
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

2.2 A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO


A estrutura do judiciário brasileiro é determinada pela Constituição em
seus artigos 92 a 126, que estabelecem os órgãos que compõe o sistema judiciário
do nosso país. De acordo com o art. 125, caput, da CF, cabe aos Estados membros,
por meio das respectivas Constituições e leis de organização judiciária, dispor
sobre a organização judiciária estadual, mas obedecendo os princípios e regras
da Carta Magna.

Tais normas ditadas pelos Estados deverão, também, estar em


conformidade com as regras estabelecidas pelo Estatuto da Magistratura, o
qual, ainda não foi aprovado. Dessa forma, as diretrizes serão fornecidas pela lei
orgânica da magistratura (LC 35/79) que permanece em vigor.

O Conselho Nacional de Justiça, instituído pela Emenda Constitucional n.


45/2004, com o objetivo de proteger a missão constitucional do Poder Judiciário e
ainda com a finalidade de prevenir desvios de conduta e reprimir atos ilícitos, foi
idealizado um órgão para realizar o controle externo do Poder Judiciário.

O órgão existe com objetivo de controlar e aperfeiçoar o Poder Judiciário,


ao qual compete, dentre outras funções não jurisdicionais, realizar o controle
administrativo e financeiro do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais de todos os juízes.

Trata-se de um órgão colegiado, presidido pelo Presidente do STF,


composto por quinze membros, incluindo representantes do Ministério Público,
advogados e cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os membros
são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal.

De acordo a Constituição Federal, os órgãos que compõem o Poder


Judiciário atuam principalmente no exercício da função jurisdicional, exceto o
CNJ, que tem função administrativa e regulamentar. O art. 92 da CF dispõe que
são órgãos do judiciário brasileiro:
I- o Supremo Tribunal Federal;
Ia- o Conselho Nacional de Justiça;
II- o Superior Tribunal de Justiça;
III- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV- os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V- os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI- os Tribunais e Juízes Militares;
VII- os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios
(BRASIL, 2016, p. 63).

O Supremo Tribunal Federal, ou suprema corte do judiciário brasileiro,


não integra nenhuma das espécies de justiça, sendo o tribunal que está acima de
todas. Já o Superior Tribunal de Justiça, é o tribunal superior da justiça comum. As
justiças especiais possuem cada uma, o seu próprio tribunal superior, o da justiça
do trabalho é o Tribunal Superior do Trabalho; da justiça eleitoral o Tribunal
Superior Eleitoral e o da justiça militar o Superior Tribunal Militar.

55
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

FIGURA 1- IMAGEM DO STF

FONTE: <https://cutt.ly/ydnL2kK>.Acesso em: 20 jul. 2020.

FIGURA 2- ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

FONTE: A autora

O Supremo Tribunal Federal (STF), é considerado “O Guardião da Justiça”,


tem previsão expressa nos arts. 101 a 103 da CF. Esse órgão é considerado a cúpula
do Poder Judiciário, responsável pelo controle de constitucionalidade das leis.
Cabe ao supremo, a decisão final nas causas que são levadas a sua apreciação.
Sua competência abrange todo o território nacional, bem como competência
originária e recursal, a ordinária prevista no art. 102, II e extraordinária, art. 102,
III, ambos da CF (SILVA, 2019).

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem previsão nos arts. 104
e 105 da Constituição Federal (CF), é responsável pela defesa das leis federais
infraconstitucionais e por unificar a interpretação legislativa, na hipótese de
divergência de entendimentos pelos Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais
Federais. É considerado o “guardião da lei federal”.

56
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Assim como o STF é sediado na Capital Federal e sua competência também


se estende sobre todo o território nacional. Possui competência originária e
recursal conforme o art. 105. Ao lado STF, funciona como órgão de superposição,
já que julga recursos interpostos em processos advindos das esferas estadual e
federal (SILVA, 2019).

FIGURA 3- IMAGEM DO STJ

FONTE: <https://cutt.ly/jdmpZH8>. Acesso em: 20 jul. 2020.

Os Juízes de Direito, sejam eles Federais, Estaduais, do Trabalho,


eleitorais ou da auditoria militar, são órgãos de primeira instância, responsáveis
monocraticamente (a decisão é individual) por apreciar pela primeira vez as causas.

Os Tribunais de Justiça (TJs), os Tribunais Regionais Federais (TRFs),


Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e Tribunais Regionais Eleitorais (TREs),
são órgãos de segunda instância, também denominados tribunais locais, uma
vez que estão situados em determinada localidade. São compostos por órgãos
colegiados, que proferem decisão conjunta.

Cada um dos Estados da Federação tem o seu próprio TJ, que terá sua
composição e organização estabelecida através de seus Códigos de Organização
Judiciária. Portanto, conclui-se que cada TJ terá seu próprio meio de composição
e organização cartorária.

Os outros Tribunais são divididos por regiões. A Justiça Federal, por


exemplo, possui cinco regiões do Brasil e, portanto, temos, cinco tribunais
regionais federais: TRF 1ª Região com sede em Brasília; TRF 2ª Região com sede
no Rio de Janeiro; TRF 3ª Região com sede em São Paulo; TRF 4ª Região com sede
em Porto Alegre e TRF 5ª Região com sede em Recife (SILVA, 2019).

Os Tribunais Superiores, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal


Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal Militar,
bem como o Supremo Tribunal Federal, não se enquadram no conceito de
instância e estão localizados em Brasília (SILVA, 2019).

57
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

FIGURA 4 - TSE

FONTE: <https://cutt.ly/edmaEcP>. Acesso em: 20 jul. 2020.

Os processos, em regra, se iniciam perante a um órgão de primeira


instância conforme sua competência. Em sequência, se houver recurso, será
encaminhado para as instâncias superiores. Pode-se usar como exemplo, uma
ação de alimentos que começa perante um Juiz de Direito, responsável por uma
Vara de Família. Em havendo recurso contra a sentença, esse recurso será julgado
pelo TJ do respectivo Estado. E excepcionalmente, ainda, pode haver recurso,
conforme o caso, para o STJ e/ou para o STF (SILVA, 2019).

O processo, em regra, deve seguir a linha de vinculação. Assim, um


processo que começou perante um juízo federal não terá um recurso julgado por
um Tribunal de Justiça. Dessa forma, também, um processo que tramitou perante
alguma justiça especial não terá recurso julgado pelo STJ.

Entretanto, a Constituição prevê exceção a essa regra. De acordo com o


artigo 109, § 1º uma ação previdenciária, que, via de regra é da competência de
juízo federal, pode ser proposta perante a justiça estadual, se na comarca não
houver vara federal. Porém, se houver recurso contra eventual decisão do juiz de
direito será da competência do Tribunal Regional Federal e não do tribunal de
Justiça, nos termos do art. 109, § 2º (SILVA, 2019).

“A Justiça Estadual comum é estruturada pelas regras estabelecidas na


Constituição Federal, em seus arts. 93 a 100 e 125, pelas Constituições Estaduais,
que definirão a competência dos Tribunais, bem como pelas respectivas Leis de
Organização Judiciária, de acordo com o art. 125, § 1º, da CF” (SILVA, 2019, p. 32).

A Justiça Federal de primeira instância é regulada pela Lei de Organização


Judiciária Federal, a Lei nº 5.010, de 1966. Cada Estado membro da Federação
possui sua própria Lei de Organização Judiciária. A competência dos juízos
federais de 1ª instância está prevista no art. 109 da Constituição e a competência
dos Tribunais Regionais Federais no artigo 108.

A competência da Justiça do Trabalho está definida no art. 114 da CF,


enquanto a da Justiça Eleitoral se encontra no 121 e da Justiça Militar no 124
também da Constituição. A justiça militar especial possui competência apenas
58
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

para processar e julgar os “crimes militares” praticados por membros das


forças armadas. Já os membros das polícias militares dos Estados e do corpo de
bombeiros, ao praticarem crimes militares, serão julgados por órgão da justiça
estadual comum, nos termos do art. 125, § 4º da Constituição (SILVA, 2019).

2.3 OS CARTÓRIOS JUDICIAIS COMO BASE DO


FUNCIONAMENTO DO JUDICIÁRIO
Os cartórios judiciais formam um universo desconhecido da maioria das
pessoas, sendo fundamental analisá-los de maneira mais profunda para entendê-
los melhor. Porque, por exemplo, uma análise quantitativa, com o objetivo
de definir quantos são e onde estão situados, traria pouca informação sobre
a realidade que existe por detrás dos balcões dos fóruns. É primordial que, a
princípio, se conheça as articulações internas, a organização interna e como o
andamento dos processos podem ser afetados.

As atribuições das secretarias dos Tribunais, estão diretamente ligadas à


Administração Judiciária, que representa o ramo da Administração Pública cujo
objeto é a atividade administrativa do Poder Judiciário, abrangendo, também, a
ligação com os demais entes estatais e com as entidades sociais.

A Emenda Constitucional nº 45 inseriu na esfera constitucional o tema da


Administração Judiciária, dispondo no novo art. 103-B, ao atribuir ao Conselho
Nacional de Justiça o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário.

A organização judiciária é um dos instrumentos de realização da Justiça.


Segundo os ensinamentos de Laerte Romualdo de Souza (1990, p. 11):
É a ciência que estuda as regras que preveem a existência física dos
tribunais e o seu funcionamento, este imposto pelo movimento
provocado pelo processo e que não visam à composição da lide. É,
dessa forma, a área do Direito que trabalha com o maior número de
regras. A doutrina da constituição dos órgãos jurisdicionais e suas
serventias, do ponto de vista normativo, é representada pelo conjunto
de leis que lhes garantem a continuidade, as condições de trabalho e
a fixação de atribuições. A organização judiciária estuda o aparelho
judiciário do ponto de vista estático e dinâmico, sem preocupar-se
com a intimidade da lide, matéria que interessa à processualística.

Visto que cada um dos tribunais tem sua administração e organização


próprias, passamos a analisar os seus funcionamentos de modo geral, em
conformidade com o estabelecido na Constituição e Leis Federais que tem
competência geral sobre todos os órgãos de administração judiciária.

Os juízes serão atribuídos as funções primárias de processar e julgar


os feitos de sua competência e cumprir cartas precatórias. Entretanto, também
devem, promover a gestão da serventia judicial e a fiscalização permanente de

59
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

seus serviços, observando as rotinas administrativas estabelecidas pelo Tribunal


de Justiça, zelando por sua eficiência e pelo cumprimento das determinações das
autoridades judiciárias superiores; apurar as faltas e aplicar as penas disciplinares
da sua competência aos servidores que lhes sejam subordinados, solicitando,
quando for o caso, a intervenção da Corregedoria Geral da Justiça; solicitar a
transferência ou a remoção de servidor lotado no Juízo de sua titularidade.

Além de realizar as correições de sua competência, nos termos das instruções


e determinações expedidas pela Corregedoria Geral da Justiça, decidir as reclamações
contra atos praticados por serventuários, servidores e auxiliares subordinados; indicar
o chefe e seu substituto de serventia do Juízo de que for titular ou daquele vago no
qual esteja em exercício e exercer, por designação do Presidente do Tribunal de Justiça,
funções de auxílio à Administração Superior do Tribunal de Justiça.

Assim, podemos verificar, que toda a parte de administração de cada uma


das varas é de competência de seu juiz. Que não apenas exerce a função jurisdicional,
mas também a de administrador, atuando como uma espécie de “gerente” de suas
serventias ou cartórios judiciais. E para o exercício dessas funções, conta com os
auxiliares da justiça, conforme estabelece o Código de Processo Civil
Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições
sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão,
o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o
administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador
judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de
avarias (BRASIL, 2015, art. 149).

O escrivão ou chefe de secretaria, tem como funções de redigir, na


forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que
pertençam ao seu ofício; efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações,
bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas
de organização judiciária, comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
designar servidor para substituí-lo, conforme o Código de Processo Civil.

Deverá, ainda, manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não


permitindo que saiam do cartório; fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes
ao segredo de justiça e praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

Os cartórios, também, contam os Oficiais de Justiça que tem suas


atribuições, também estabelecidas no CPC:
Art. 154 - Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais
diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença
de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com
menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;

60
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

V - efetuar avaliações, quando for o caso;


VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada
por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação
que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista
no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento
regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa (BRASIL,
2015, art. 154).

Assim, fica o oficial de justiça responsável pela maioria das ações do


juízo que precisem ser exercidas fora do ambiente cartorário. É a chamada “longa
manus” do juiz, é um executor das ordens judiciais.

Os cartórios, ainda, contam com os técnicos judiciários, que é exercida por


servidor público do quadro pessoal do Tribunal. Os técnicos são responsáveis por
praticar os atos necessários ao impulsionamento oficial dos processos judiciais e
administrativos. Para isso, devem observar os comandos e rotinas automatizadas,
disponibilizados pelos sistemas e a normatização interno do Poder Judiciário.

Exercem atividades de apoio como elaborar relatórios e certidões; redigir


e digitar documentos; atendimento ao público; abertura e encerramento de
audiências; tramitação de feitos e comunicação entre as partes de um processo.
Podendo, também, verificar editais abertos em órgãos como Tribunal Regional
Eleitoral, Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Justiça, entre outros.

Dessa forma, percebe-se que a Secretaria da Vara é responsável pela


guarda dos processos em trâmite, desde o cadastramento até a extinção dele,
assim, também é responsável pelo cumprimento e efetivação dos atos judiciais,
viabilizando as respectivas diligências.

O profissional de gerenciamento de serviços jurídicos, poderá atuar em


duas formas perante os cartórios judiciais, como servidor público ou como usuário
do serviço. A atuação como serventuário da justiça requer, via de regra, aprovação
em concurso público e investidura no cargo através da posse. Então, irá atuar como
um dos personagens determinados na legislação como auxiliares da justiça.

Por outro lado, se o profissional de serviços jurídicos estiver representando


um cliente que seja parte em algum processo judicial sua atuação será condicionada
a movimentação processual. O profissional poderá comparecer aos cartórios para
requerer alguma cópia de documento ou até mesmo dos próprios processos, em
serventias em que o processo eletrônico ainda não tenha sido implementado.

A sua atuação poderá representar o acompanhamento do cliente em


algum ato processual, que seja dispensada a participação do advogado, como por
exemplo, acompanhá-lo em alguma perícia a ser realizada no tribunal.

61
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Portanto, é fundamental, antes de comparecer ao cartório judicial estar


muito bem informado do andamento processual, com possibilidade de questionar
ao serventuário sobre eventual dissonância entre o interesse de seu cliente e o
ocorrido. É preciso conhecer a causa, estar a par dos andamentos e principalmente
da diligência que deverá ser cumprida naquele momento.

Como visto anteriormente, o processo judicial tem um caminho a seguir


e em cada uma dessas etapas, terá como referência um cartório que ficará
responsável pelo seu processamento e guarda. Garantindo, dessa forma, a uma
decisão justa e em conformidade com os princípios constitucionais, em especial
o de acesso à justiça.

Cartórios: competência dos serviços notariais e registrais

Eliane Blaskesi

INTRODUÇÃO
Identificar a competência de cada serventia notarial e registral nem
sempre é simples, para a maioria das pessoas. A lei determina que cada um
desses ofícios tem competência exclusiva para lavratura e registro de atos
jurídicos, com exclusão de uns pelos outros.

Os popularmente chamados “cartórios” prestam serviço público,


através de seu agente delegado, trazendo segurança às relações jurídicas,
sejam pessoais, sejam patrimoniais. Nem sempre bem vistos pela população,
em razão do custo dos serviços, entretanto, colaboram para desafogar, e muito,
o poder judiciário e dar agilidade a procedimentos que não dependem do aval
público, visto que o legislador tem dado especial atenção a possibilitar que
sejam feitos nesta esfera de voluntariedade, muitos procedimentos que até há
pouco somente eram possíveis através do Estado-Juiz, além de trazer segurança
jurídica aos negócios entabulados.

Exemplificando, nos últimos dez anos, foi cometida, à esfera


administrativa, a possibilidade de realização de inventário e partilha
extrajudiciais, separações e divórcios, usucapião, retificação administrativas
de imóveis, arbitragem, entre tantos outros.

O presente artigo trata das competências de cada ofício notarial e


registral, trazendo a explicação do que é realizado em cada um deles, dada a
pouca divulgação e às dúvidas que surgem quando o usuário pretende utilizar
algum dos serviços. Não são poucas as pessoas que confundem uns e outros e,
por isto, a informação adequada se faz necessária.

Inicia-se com a conceituação genérica de cada um dos serviços, para,


após, cada um deles ser discriminado, referindo-se às leis que os embasam,
bem como escora-se em doutrina existente sobre o assunto.

62
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

1 SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS


O ordenamento jurídico brasileiro tem como baliza a Constituição
Federal de 1988, que, no tocante aos chamados “cartórios” dispõe no artigo 236
que “Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público”.

Note-se que ditos serviços são prestados por profissionais do Direito,


sendo competência do bacharel, que presta concurso de provas e títulos para
ser investido na delegação de uma serventia e exercem um mister público,
porém em caráter privado.

A Carta Magna remeteu à lei infraconstitucional a regulamentação da


atividade, conforme se infere do § 2º do citado artigo, que diz: “ Lei federal
estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos
praticados pelos serviços notariais e de registro”.[1] .O legislador pátrio, em 18
de novembro de 1994 aprovou a lei 8.935[2], que veio a reger as atividades, de
forma específica e especial.

Até então, o ordenamento jurídico tinha somente como regramento a área


registral, na Lei Federal 6.015 de 1973, que, contudo, não disciplinava a atividade
com relação aos seus agentes, mas tão somente quanto às variadas formas de
registros públicos. A atividade era regulada pelas normas das Corregedorias
estaduais, as quais tinham e tem diversas formas de interpretação da atividade.

De qualquer modo, a edição da chamada Lei dos Notários e


Registradores, ou Lei dos Cartórios (Lei 8.935/94), veio trazer segurança, tanto
ao agente delegado, quanto ao mundo jurídico como um todo, pois disciplina,
de forma exaustiva, os direitos, deveres e competências de cada serventia.

Analisar-se-á um a um, iniciando com o Tabelionato de Notas e, após,


Tabelionato de Protestos, Registro Civil das Pessoas Naturais, Registro Civil
das Pessoas Jurídicas e Especiais, Registro de Títulos e Documentos e Registro
de Imóveis, para dirimirem dúvidas do que se realiza em cada um deles.

1.1 FINALIDADE DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E REGISTRAIS


A Lei dos Notários e Registradores traz, já em seu primeiro artigo, o
conceito do que são estes ofícios públicos, ao dizer que “serviços notariais e de
registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”.

Por certo que estes profissionais técnicos trazem, ao mundo real, a


garantia de que os negócios jurídicos encetados e realizados em sua presença e
sob sua supervisão, tem a presunção de veracidade e autenticidade, em virtude
da fé pública que reveste sua função.

63
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

A finalidade precípua destas atividades é dar efetividade à vontade


das partes e trazer publicidade aos atos praticados, tornando mais célere os
negócios jurídicos, seja na esfera pessoal ou patrimonial.

O sistema jurídico brasileiro prevê a existência de ofícios notariais


e registrais, com leis específicas, cuja regulamentação é feita pelo Conselho
Nacional de Justiça e pelas Corregedorias de Justiça, a nível estadual.

As pesquisas apontam que países que adotam este sistema tem


considerável diminuição dos custos com o Poder Judiciário e o legislador
brasileiro, ao longo dos anos, vem privilegiando esta possibilidade de escolha
das partes, quando preenchem os requisitos previstos em lei, optando por
efetivar seus direitos através da via administrativa.

2 TABELIONATO

2.1 TABELIONATO DE NOTAS


Por ser o ofício mais antigo, inicia-se o estudo pelo Tabelionato de
Notas. Na espécie tabelionato encontra-se ainda, o Tabelionato de Protestos.
O primeiro, embora seja a função mais antiga, não tem legislação própria
específica, sendo regulado pela atual Lei dos Notários e Registradores (Lei
8.935/94), pelo Código Civil e pelas normas das Corregedorias Estaduais de
Justiça, cujas trazem regras específicas dos procedimentos de cada serventia.

Já o Tabelionato de Protestos foi contemplado com a Lei 9.492 de 10 de


setembro de 1997, que, por ser lei especial, regula a matéria.

Além destas normas, os serviços extrajudiciais são regulados pelos


provimentos emitidos pelas Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados, aos
quais devem ser observados, sob pena de, nas correições regularmente feitas,
os oficiais sofrerem penalizações.

A Constituição Federal de 1988 prevê ainda, que o Conselho Nacional


de Justiça tem a função de fiscalização, conforme o artigo 103-b, § 4º, III, in
verbis: receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do
Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do
poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correcional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa

64
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Diante de tantas normas, muitas delas contraditórias, não se caracteriza


como uma função simples de ser exercida, especialmente pela responsabilidade
patrimonial que implica, visto que, qualquer ato praticado de forma equivocada
pode vir a repercutir negativamente sobre os bens dos usuários destes serviços,
razão pela qual a responsabilidade civil com relação a estes é objetiva.

A Constituição Federal, no artigo 236 traz que “Os serviços notariais e


de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”
e que seriam definidos por lei infraconstitucional os demais critérios relativos à
responsabilidade civil e criminal, forma de fiscalização, ingresso etc.

A Lei Federal 8.935/94, chamada Lei dos Notários e Registradores, veio


regulamentar este artigo da Constituição, e traz, em seu bojo, os parâmetros
do exercício das atividades notariais e registrais e no artigo 1º diz o conceito:
“Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa
destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos
jurídicos”.

Como lei especial que é, trata, no artigo 3º, de definir a atuação destes
oficiais, ao dizer que “notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador,
são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o
exercício da atividade notarial e de registro” e, no artigo 5º, deixa claro que os
titulares dos serviços notariais são os tabeliães de notas.

O artigo 6º da Lei dos Notários e Registradores traz a competência geral


dos tabeliães de notas. Art. 6º Aos notários compete:

I - formalizar juridicamente a vontade das partes;


II - ntervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram
dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os
instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias
fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos.

O artigo 7º, por sua vez, traz a competência exclusiva, isto é, atos que só
podem ser praticados por estes profissionais:

Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:

I - lavrar escrituras e procurações, públicas;


II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias.

65
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Complementando a regulamentação da lei sobre a atividade notarial,


o artigo 8º estabelece que é livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que
seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou
negócio e, no artigo 9º, veda a prática de atos de seu ofício fora do Município
para o qual recebeu delegação.

As corregedorias estaduais têm, em suas normas, a regulação destas


atividades.

2.1.1 Competência do tabelião de notas


O termo competência aqui está grafado no sentido de função, de atribuição,
visando chegar ao resultado pretendido por este estudo, de servir como um guia
prático a quem usa ou a quem pesquisa o que é possível fazer nesta espécie de
serventia.

Cada serventia notarial ou registral, tem atribuições específicas, que só


podem ser realizadas nestas, isto é, um tabelião de notas não pode registrar
um imóvel ou um documento e o oficial registrador não tem competência para
reconhecer firmas, por exemplo, exceto quando os ofícios são aglutinados,
ou seja, quando o oficial responde por um tabelionato e um registro,
simultaneamente.

Dentre as várias atribuições do tabelião de notas, estão as de reconhecer


firmas, autenticar documentos, lavrar escrituras públicas de procuração, compra
e venda, permuta, doação, escrituras declaratórias, testamentos e atas notariais.

Ressalte-se que existem documentos que são analisados pelo tabelião,


tendo sua assinatura reconhecida ou autenticada a fotocópia, por exemplo, e
que não ficam arquivados ou com cópias no tabelionato, sendo imediatamente
entregues às partes. Por outro lado, existem documentos, chamados instrumentos
ou escrituras públicas, que são lavrados nos livros do tabelionato e cujo original
fica na serventia, sendo entregue às partes o traslado ou uma certidão.

2.1.2 Atos praticados pelo tabelião de notas


O ato mais comum e corriqueiro é reconhecimento de firma, onde o
tabelião de notas atesta que determinada assinatura é da pessoa signatária.
Existem dois tipos de reconhecimento de firma ou assinatura: por autenticidade
(ou verdadeira) ou por semelhança.

O tabelião pode atestar ou certificar a autoria de dizeres manuscritos


em documento particular, lançados em sua presença, ou que o autor, sendo
conhecido do tabelião ou por ele identificado, lhe declare tê-lo escrito. Esse é o
reconhecimento de letra. (Rodrigues, 2008).

66
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Rodrigues (2008), traz o conceito de reconhecimento de firma por


chancela mecânica: “Ato pelo qual, o tabelião atesta ou certifica a firma
chancelada em documento particular confere com o padrão depositado no
tabelionato”.

Na prática cartorária, a autenticação de documentos figura-se como um


dos atos mais praticados diariamente. Autenticar um documento é comparar o
original com a fotocópia apresentada e dizer (o tabelião) que a cópia confere com
o original.

Para tanto, é imprescindível que, junto com a fotocópia, também seja


apresentado o original do documento, pois somente assim é possível fazer a
comparação entre os dois.

Dentre as figuras jurídicas em desuso, a pública forma é a cópia de um


documento, total ou parcial, apresentada para conferência, onde é reproduzido
um documento, transformando o tabelião, aquela em instrumento público.

Dos instrumentos públicos (escrituras), lavrados pelo tabelião de notas,


a procuração (instrumento do mandato) afigura-se como um dos mais usuais.
Quando a lei estabelecer a obrigatoriedade do atendimento da forma prescrita,
somente terá validade o documento que atendê-la. Em razão disso, em muitos
negócios jurídicos, deve ser apresentada a procuração lavrada em tabelionato
de notas. É o caso, por exemplo, da procuração com poderes para compra e
venda de imóveis, procuração para assinar escritura pública de divórcio,
procuração do analfabeto etc.

Brandelli (2009, p. 392), explica que “a procuração pública, que é a


procuração feita por notário, é espécie de escritura pública, à qual se aplicam
os requisitos gerais das escrituras públicas, no que couberem”.

A revogação de procuração e renúncia de mandato são instrumentos


que visam a extinção do contrato de mandato, e, conforme prevê no artigo 472
do Código Civil, o distrato se faz pela mesma forma do contrato.

Seguindo a diretriz do Código Civil, por força do artigo 425, de que


é lícito às partes convencionarem contratos atípicos, também o é realizar
declaratórias sobre quaisquer circunstâncias em que não haja vedação legal.

O fato da declaratória ser feita por escritura pública trazer mais segurança
às partes, visto que, em razão da fé pública do tabelião, embora não tenha ele
o dever de averiguar a veracidade da declaração, a identidade do declarante
e a data da declaração são certificadas pelo profissional, além do original do
documento ficar arquivado no tabelionato, o que possibilita que sejam extraídas
cópias fiéis do mesmo, em forma de certidão, em caso de extravio.

67
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Como exemplos mais comuns, apresenta-se a escritura declaratória


de convivência ou de união estável, escritura declaratória de vida, escritura
declaratória de residência, escritura pública declaratória de dependência
econômica, escritura pública de compromisso de manutenção (de estrangeiros
que vêm a passeio, estudo ou tratamento médico no Brasil), escritura pública
declaratória de estado civil.

Existem, ainda, as escrituras públicas de reconhecimento de paternidade,


de pacto antenupcial, de divisão e extinção de condomínio e de divisão.

Dentre as escrituras públicas que visam a modificar, constituir ou


transferir direitos, cita-se a de compra e venda, permuta, doação, confissão de
dívida, com ou sem garantia, promessa de compra e venda, entre outras. Mais
recentemente, foi acometida aos tabeliães de notas a competência de lavrar
inventários e divórcios por escritura pública.

Testamento público ou cerrado e ata notarial são outros instrumentos


que também são lavrados pelos notários. Pelo exposto, é possível verificar que
há inúmeras espécies de instrumentos públicos que são lavrados pelo tabelião
de notas, não se esgotando, entretanto, nos exemplos dados a sua competência.

2.2 TABELIONATO DE PROTESTO


O Tabelionato de Protesto, dentro de sua especialidade, visa,
principalmente, dar publicidade do inadimplemento de uma obrigação, no
dizer de Camargo (2011).

A Lei Federal 9.492 de 1997[6] define competência, regulamenta os


serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e
dá outras providências, trazendo para o cenário jurídico a forma de publicar a
falta de cumprimento da obrigação pelo devedor.

Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e


o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de
dívida. (Artigo 1º).

Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto: as certidões de dívida ativa


da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas
autarquias e fundações públicas. (Parágrafo Único).

É competência exclusiva do Tabelião de Protestos, que deve fazer


a protocolização, a intimação, o acolhimento da devolução ou do aceite, o
recebimento do pagamento, do título e de outros documentos de dívida, bem
como lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em relação
ao mesmo, proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões
relativas a todos os atos praticados.

68
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

A Lei 8.935 de 1994 já disciplinava esta competência, que foi reafirmada


na lei especial, que trata exaustivamente da matéria.

Uma vez apresentado o título ou documento de dívida, o tabelião de


protesto faz o protocolo (apontamento), enviando a intimação ao devedor,
através de seu preposto, pelo Correio, com aviso de recebimento ou por edital.
Este terá o prazo de três dias úteis para efetuar o pagamento, findos os quais, caso
não ocorra o pagamento pelo devedor ou desistência ou sustação, será lavrado
o protesto e “os cartórios fornecerão às entidades representativas da indústria
e do comércio ou àquelas vinculadas à proteção do crédito, quando solicitada,
certidão diária, em forma de relação, dos protestos tirados e dos cancelamentos
efetuados, com a nota de se cuidar de informação reservada, da qual não se
poderá dar publicidade pela imprensa, nem mesmo parcialmente (artigo 29)”.

Como se trata de ofício público, poderão ser fornecidas certidões de


protestos, não cancelados, a quaisquer interessados, desde que requeridas por
escrito (artigo 31).

Ocorrendo o pagamento antes de escoar o prazo, não será lavrado o


protesto e o devedor receberá a quitação.

Se o devedor não efetuar o pagamento dentro do prazo legal, ocorrendo


o protesto e, pagando posteriormente a dívida, “o cancelamento do registro do
protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por
qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja
cópia ficará arquivada (artigo 26)”.

Na impossibilidade de apresentação do original do título ou documento


de dívida protestado, será exigida a declaração de anuência, com identificação
e firma reconhecida, daquele que figurou no registro de protesto como credor,
originário ou por endosso translativo (§ 1º).

O protesto extrajudicial, realizado no tabelionato especializado


representa segurança às relações jurídicas, trazendo ao credor a possibilidade
de publicar a inadimplência de obrigações, de forma a garantir o cumprimento
destas, pelo devedor que não deseja ter seu crédito abalado.

3 REGISTROS PÚBLICOS
Os registros contemplados na Lei Federal 6.015 de 1973[7] trata do
Registro Civil das Pessoas Naturais, Registro Civil das Pessoas Jurídicas e
Especiais, Registro de Títulos e Documentos e Registro de Imóveis, definindo a
competência exclusiva e a especialidade de cada serventia registral.

Cada um dos ofícios registrais traz atribuições próprias e elas serão


devidamente sintetizadas, para o entendimento do que e onde se buscar
realizar o registro específico.

69
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

3.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS


O Registro Civil das Pessoas Naturais, espécie do gênero registros
públicos, é o ofício onde se registra o que diz respeito à pessoa, desde seu
nascimento, casamento até o óbito. Nascer, crescer, reproduzir e morrer. A
pessoa tem seu histórico de vida registrado neste “cartório”.

Conforme anota Camargo:


Cartório é o espaço físico (prédio) onde se presta um serviço
(público de forma privada) técnico e racionalmente organizado,
no qual, sob a responsabilidade de uma pessoa determinada,
encontram-se arquivados todos os registros, assentos e livros
públicos extrajudiciais, e onde são reproduzidas as alterações a
eles atinentes, objetivando garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos, o Cartório de Registro Civil
trata das mutações do estado pessoal das pessoas (CAMARGO,
2017, n.p).

Santos (2004) esclarece que “o Registro Civil das Pessoas Naturais é


atividade exercida por profissionais do Direito, denominados Oficiais de
Registro, que prestam serviço público por delegação do Poder Público, após
aprovação em concurso público de provas e títulos, nos termos do artigo 236
da Constituição Federal, regulamentado pela Lei 8.935/1994”.

Esta especialidade registral está contemplada na Lei dos Registros


Públicos (Lei 6.015/73), a partir do artigo 29, onde diz que são registrados
os nascimentos e as sentenças de adoção; os casamentos, civis e religiosos
com efeitos civis; os óbitos; as emancipações; as interdições; as sentenças
declaratórias de ausência e as opções de nacionalidade.

Continuando a explanação, Santos (2004) diz que:


No livro de registro de nascimento pode ser averbado: o reconhecimento
de paternidade ou de maternidade voluntário, a sentença em ação
versando sobre a paternidade ou a maternidade, a alteração do
nome do registrado, a retificação do registro, a adoção (excetuada a
hipótese de adoção de criança ou adolescente, caso em que se averba
o cancelamento do registro e se lavra um novo assento), a perda da
nacionalidade brasileira e a revogação da perda da nacionalidade
brasileira comunicada pelo Ministério da Justiça, a suspensão e a perda
do poder familiar, a alteração do patronímico materno em virtude do
casamento.

A averbação no livro de registro de casamento pode ser, além da


retificação, da separação, da reconciliação, do divórcio, da anulação ou
nulidade do casamento e da alteração do regime de bens e, como o rol
das averbações possíveis não é taxativo, são possíveis outras alterações
posteriores do assento.

70
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

A Lei dos Registros Públicos, aprovada em 1973 vem sendo


constantemente alterada, dada a evolução do direito, dos conceitos de família e
da mudança de gênero. Entretanto, não é atualizada, pelo legislador, na mesma
velocidade dos avanços sociais e, por isto, deve ser interpretada, estudada
e analisada em consonância com as regras dispostas pelo Poder Judiciário,
notadamente Supremo Tribunal Federal e Conselho Nacional de Justiça.

Exemplo disso é a conversão da união estável em casamento. Lins (2011, p.


33) explica que esta conversão está prevista no artigo 1726 do Código Civil, porém,
“não há regulamentação federal que trate como se opera essa conversão”. Neste
caso, os conviventes que pretendem se utilizar deste instrumento para o casamento
devem requerê-lo perante o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais de seu
domicílio, dando início ao processo de habilitação que, não havendo impugnação,
será realizada a conversão nos mesmos moldes do matrimônio.

A edição da Resolução 175 do CNJ, em 14 de maio de 2013, reconheceu


o casamento de pessoas do mesmo gênero e determinou sua realização pelos
registradores civis, de forma compulsória. A Lei dos Registros Públicos e o
Código Civil não foram atualizados pelo legislador, para contemplar esta e outras
situações, que vêm transformando de forma significativa o ordenamento jurídico.

A modificação do gênero, perante o registro civil das pessoas naturais,


mediante autodeclaração foi aprovada pelo STF, em 1º de março de 2018. Significa
que a pessoa, tendo ou não modificado fisicamente o sexo, poderá, através de
pedido junto ao registro civil onde foi feito seu assento, que averbe a mudança de
gênero, expedindo a certidão de nascimento com a retificação. O tribunal ainda
não fixou data para iniciar a mudança, porém, em tempo não muito longo, após
a definição do procedimento jurídico, será possível a alteração, independente de
laudos ou outros requisitos que não os definidos em resolução ou provimento,
mesmo sem estar expressamente contemplado na Lei dos Registros Públicos.

Estas e outras situações recebem interpretação conforme, pelos


tribunais, não havendo alteração no texto da lei, razão pela qual, deve ser
analisada juntamente com as permissões do direito atual.

3.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS

Pessoa jurídica é um sujeito de direito inanimado personalizado, define


Lins (2011, p. 29).

A existência da pessoa jurídica de direito privado começa com o registro


dos atos constitutivos. Em se tratando se sociedade empresária, o registro se
dá perante as juntas comerciais dos estados e são reguladas pela Lei Federal
8.934 de 1994.

71
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Estão sujeitos ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas os contratos, os atos


constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias,
morais, científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de
utilidade pública; as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas
leis comerciais, salvo as anônimas, os atos constitutivos e os estatutos dos partidos
políticos. No mesmo cartório será feito o registro dos jornais, periódicos, oficinas
impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícias (artigo 114 LRP).

O registro público dos meios de comunicação visa evitar a obscuridade


e realizar uma forma de cadastramento e controle, pois será considerado
clandestino o jornal ou outra publicação periódica, não matriculada ou de cuja
matrícula não constem os nomes e as qualificações do diretor ou redator e do
proprietário. (Lins, 2011, p. 43)

3.3 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS


O Registro de Títulos e Documentos tem o objetivo de perpetuar e
proporcionar publicidade, segurança e eficácia aos negócios realizados entre
particulares ou entre particulares e o Estado. (Lins, 2011, p. 7)

É o registro residual, isto é, quando não houver previsão taxativa de


onde deve ser feito, pode-se registrar em títulos e documentos, visando a
conservação do documento ou a oponibilidade contra terceiros.

Com efeito, o artigo 127 da Lei 6.015/73, determina que, neste ofício
registral será feita a transcrição: dos instrumentos particulares, para a prova
das obrigações convencionais de qualquer valor; do penhor comum sobre
coisas móveis; da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública
federal, estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador; do contrato de penhor
de animais, não compreendido nas disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-
8-1934; do contrato de parceria agrícola ou pecuária; do mandado judicial de
renovação do contrato de arrendamento para sua vigência, quer entre as partes
contratantes, quer em face de terceiros (art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-
4-1934); facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.

Para oponibilidade contra terceiros, a artigo 129 dispõe que estão sujeitos
a registro: os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo
167, I, nº 3; os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado dos
respectivos instrumentos; as cartas de fiança em geral, feitas por instrumento
particular, seja qual for a natureza do compromisso por elas abonado; os
contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições; os contratos
de compra e venda em prestações, com reserva de domínio ou não, qualquer
que seja a forma de que se revistam, os de alienação ou de promessas de venda
referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária; todos os documentos
de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções, para

72
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal,


dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; as
quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o
penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam; os atos administrativos
expedidos para cumprimento de decisões judiciais, sem trânsito em julgado,
pelas quais for determinada a entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de
bens e mercadorias procedentes do exterior e os instrumentos de cessão de
direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento.

Ao Registro de Títulos e Documentos também foi atribuída a função de


realizar as notificações extrajudiciais. Estas, têm o objetivo de que o notificado
tome ciência inequívoca e formal dos direitos sobre os quais o notificante
alega ser titular, servindo para responsabilizar, provocar provas, prevenir
simulações, constituir responsabilidades, chamar à autoria, alegar para depois
provar, constituir mora e solicitar cumprimento das obrigações. Uma vez
notificado pelo oficial de títulos e documentos ou seu preposto, o notificado
não pode alegar ignorância do fato. Este é o meio juridicamente perfeito de dar
conhecimento ao notificado. (LINS, 2011, p. 22-23)

3.4 REGISTRO DE IMÓVEIS


A Lei 8.935/94, também chamada de Lei dos Cartórios, no artigo 12,
estabelece que “aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e
civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas
compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros
públicos, de que são incumbidos, independentemente de prévia distribuição,
mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas naturais às
normas que definirem as circunscrições geográficas”.

O oficial registrador de imóveis é o agente delegado que tem a


incumbência de realizar os atos pertinentes a esta serventia extrajudicial,
definidos na Lei dos Registros Públicos.

O artigo 167 desta lei diz que, além da matrícula serão feitos os seguintes
registros: da instituição de bem de família; das hipotecas legais, judiciais e
convencionais; dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido
consignada cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada; do penhor de
máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e em funcionamento,
com os respectivos pertences ou sem eles; das penhoras, arrestos e sequestros
de imóveis; das servidões em geral; do usufruto e do uso sobre imóveis e da
habitação, quando não resultarem do direito de família; das rendas constituídas
sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição de última vontade; dos
contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de promessa de
cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham por objeto imóveis
não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua celebração, ou deva
sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações; da enfiteuse; da anticrese; das

73
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

convenções antenupciais; das cédulas de crédito rural; das cédulas de crédito,


industrial; dos contratos de penhor rural; dos empréstimos por obrigações ao
portador ou debêntures, inclusive as conversíveis em ações; das incorporações,
instituições e convenções de condomínio; dos contratos de promessa de venda,
cessão ou promessa de cessão de unidades autônomas condominiais a que alude
a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição
de condomínio se formalizar na vigência desta Lei; dos loteamentos urbanos e
rurais; dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em
conformidade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e respectiva
cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência
desta Lei; das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a
imóveis; dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição
de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores; das
sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem bens de
raiz em pagamento das dívidas da herança; dos atos de entrega de legados de
imóveis, dos formais de partilha e das sentenças de adjudicação em inventário
ou arrolamento quando não houver partilha; da arrematação e da adjudicação
em hasta pública; do dote; das sentenças declaratórias de usucapião; da
compra e venda pura e da condicional; da permuta; da dação em pagamento;
da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social; da doação
entre vivos; da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de
desapropriação, fixarem o valor da indenização; da alienação fiduciária em
garantia de coisa imóvel; da imissão provisória na posse, quando concedida à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades
delegadas, e respectiva cessão e promessa de cessão; dos termos administrativos
ou das sentenças declaratórias da concessão de uso especial para fins de
moradia; da constituição do direito de superfície de imóvel urbano; do contrato
de concessão de direito real de uso de imóvel público; da legitimação de posse;
da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no art. 60 da Lei
no 11.977, de 7 de julho de 2009; da Certidão de Regularização Fundiária (CRF)
e da legitimação fundiária.

O Inciso II diz que será feita a averbação das convenções antenupciais


e do regime de bens diversos do legal, nos registros referentes a imóveis ou
a direitos reais pertencentes a qualquer dos cônjuges, inclusive os adquiridos
posteriormente ao casamento; por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos
reais; dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas
de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando o
loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei; da mudança
de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução,
da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; da alteração
do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras circunstâncias
que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas pessoas nele
interessadas; dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que
alude a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver
sido formalizada anteriormente à vigência desta Lei; das cédulas hipotecárias;
74
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis; das sentenças de


separação de dote; do restabelecimento da sociedade conjugal; das cláusulas de
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis,
bem como da constituição de fideicomisso; das decisões, recursos e seus efeitos,
que tenham por objeto atos ou títulos registrados ou averbados; "ex offício",
dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público; das sentenças
de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento,
quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a
registro; da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca
em favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que
importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que
inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiro; do contrato de locação,
para os fins de exercício de direito de preferência; do Termo de Securitização
de créditos imobiliários, quando submetidos a regime fiduciário; da notificação
para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóvel urbano; da
extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; da extinção do direito
de superfície do imóvel urbano; da cessão de crédito imobiliário; da reserva legal;
da servidão ambiental; do destaque de imóvel de gleba pública originária; do
auto de demarcação urbanística; da extinção da legitimação de posse; da extinção
da concessão de uso especial para fins de moradia; da extinção da concessão de
direito real de uso, da sub-rogação de dívida, da respectiva garantia fiduciária
ou hipotecária e da alteração das condições contratuais, em nome do credor que
venha a assumir tal condição na forma do disposto pelo art. 31 da Lei no 9.514, de
20 de novembro de 1997, ou do art. 347 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
- Código Civil, realizada em ato único, a requerimento do interessado instruído
com documento comprobatório firmado pelo credor original e pelo mutuário. da
certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio resolúvel
emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal; do termo de
quitação de contrato de compromisso de compra e venda registrado e do termo
de quitação dos instrumentos públicos ou privados oriundos da implantação
de empreendimentos ou de processo de regularização fundiária, firmado pelo
empreendedor proprietário de imóvel ou pelo promotor do empreendimento ou
da regularização fundiária objeto de loteamento, desmembramento, condomínio
de qualquer modalidade ou de regularização fundiária, exclusivamente para
fins de exoneração da sua responsabilidade sobre tributos municipais incidentes
sobre o imóvel perante o Município, não implicando transferência de domínio ao
compromissário comprador ou ao beneficiário da regularização.

A Lei dos Registros Públicos determina os livros que integrarão o ofício,


bem como detalha todas as situações a eles pertinentes.

O Registro de Imóveis destina-se ao registro e averbação dos títulos


ou atos ou fatos inter vivos ou mortis causa, constitutivos, translativos ou
extintivos de direitos reais, a fim de assegurar-lhes validade, eficácia erga omnes
e disponibilidade. (Lei dos Registros Públicos, Art. 172 e CNNR/RS, Art. 314, §
único). (PAIVA, p.6)

75
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Informa o registrador imobiliário que são basicamente quatro espécies


de atos registrais demandados ao Registro de Imóveis: abertura de matrículas;
registros; averbações; notícias.

Dentro da gama de atribuições afetadas ao ofício registral imobiliário,


destaca-se o registro da transmissão e aquisição propriedade de bens imóveis,
bem como de direitos reais a ela relativos, de bem de família, incorporação
imobiliária, registro de penhora, e cédulas de crédito, direitos reais de garantia,
como hipoteca, penhor, anticrese e averbações, tais como mudança de estado
civil do proprietário, averbações de nomes de rua, quarteirão etc., constando o rol
dos registros e averbações permitidos na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73).

A eficácia e segurança obtidos com o registro de imóveis tem por


base a observância dos princípios registrais, dentre eles, o da continuidade,
da prioridade, da instância, da inscrição, da publicidade, da unitariedade, da
especialidade, da legalidade, da presunção e da fé pública e do consentimento
formal. (LINS, 2011, p. 12-13)

CONCLUSÃO
Diante do que foi visto, os serviços notariais e registrais mostram-se
instrumento importante e imprescindível para a segurança jurídica, trazendo aos
seus usuários a certeza de que os atos ali praticados alcançarão o objetivo intentado.

Ao realizar atos em serviços notarias, além da publicidade alcançada,


a atenção à forma prescrita em lei estará atendida, os documentos públicos
gozarão de fé pública e estarão disponíveis para requerimento de certidões
pelo interessado e os documentos particulares terão a veracidade da assinatura
declarada, no caso de reconhecimento de firma e a certeza da autenticidade da
fotocópia, conferida com o original.

No Tabelionato de Protesto, o credor alcançará a publicidade do


inadimplemento do dever, conseguindo, desta forma, pressioná-lo ao
pagamento, para que não conste no rol dos maus pagadores.

A comprovação do estado da pessoa, realizada através do registro


perante o Ofício Registral Civil, importa em conferir personalidade jurídica,
mediante atestado pelo registrador competente, do nascimento, casamento,
óbito, emancipação, interdição, separação, divórcio e todas as mudanças
ocorridas ao longo da vida da pessoa natural.

Com as constantes alterações, o registro civil tem sua importância


cada vez mais acentuada, porque, tratando-se de um registro público, é
possibilitado a qualquer pessoa requerer certidões para obter informações de
seu interesse, especialmente em época de mudanças cada vez mais aceleradas,
em cumprimento ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
direito ao nome e a proteção à personalidade, de forma que uma pessoa que
usava um nome possa vir a mudá-lo e quem nasceu e foi registrado como
integrante de um sexo, pode vir a se registrar com outro.
76
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

A lei distingue pessoas naturais de pessoas jurídicas, esta última, ficção


jurídica criada pelo ordenamento jurídico e que poderá ser empresária ou não.
Tratando-se de pessoa jurídica empresária, é tratada por legislação própria,
dentro do Direito Empresarial e pela Lei Federal 8.934 de 1994. Quando é
pessoa jurídica não empresária, é remetida à Lei dos Registros Públicos sua
regulamentação e seu registro é feito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
onde também são objetos de publicidade jornais, periódicos, oficinas
impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícias.

A determinação da atribuição de cada ofício notarial e registral está


prevista em lei e, quando esta não especifica onde deverá ser efetuado o registro,
de forma residual, o Registro de Títulos e Documentos afigura-se como solução,
pois neste poderá ser feito o registro, além dos atos previstos expressamente na
Lei dos Registros Públicos, também de qualquer outro que não seja contemplado
como especialidade própria cometida a um ofício registral na legislação.

O registrador de Títulos e Documentos possui, ainda, a competência de


notificar, de forma extrajudicial, para ciência de alguém que deverá cumprir
obrigação não atendida, bem como de qualquer ato de que, de maneira
inequívoca, sua fé pública irá tornar incontestável o conhecimento.

Os bens imóveis, chamados bens de raiz, são amplamente protegidos


pelo ordenamento jurídico pátrio, tanto no direito material quanto no
processual, pois a transmissão da propriedade imóvel se dá com o registro
do título translativo. A Lei dos Registros Públicos regra de forma ampla esta
proteção, trazendo os atos que serão registrados e averbados no referido ofício.

A falta do registro implica em não transmissão da propriedade, além


das consequências que o adquirente negligente possa vir a sofrer, em caso de
não o realizar.

Além dos imóveis, outros direitos e atos poderão ser objeto de registro
imobiliário, conforme determinação do legislador e estão previstos na lei especial.

A segurança jurídica que os ofícios notariais e registrais trazem ao


ordenamento jurídico, às partes, à proteção dos direitos e a certeza de sua
veracidade, em razão da fé pública de seus agentes são incontestáveis, fazendo
que estes serviços estejam dentre os mais confiáveis perante os usuários.

Embora muitos atos não tenham sua realização obrigatória, torna-se


importante que sejam efetuados perante profissionais especializados, evitando-
se litígios futuros, agindo de forma preventiva, trazendo segurança jurídica e
contribuindo para a paz social.
FONTE: BLASKESI, Eliane. Cartórios: competência dos serviços notariais e registrais. Revista
Jus Navigandi, Teresina, ano 24, n. 5694, 2 fev. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/arti-
gos/68267/cartorios-competencia-dos-servicos-notariais-e-registrais.. Acesso em: 18 jun. 2020.

77
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Todos temos o direito de exigir a prestação jurisdicional, garantido na


Constituição.
• A jurisdição é monopólio do Estado, e que esta função significa, basicamente,
que o Estado juiz ao ser provocado aplicará o direito ao caso concreto,
solucionando o conflito de forma justa e alcançar a paz social.
• A jurisdição tem características que a diferenciam das demais funções estatais.
Como, por exemplo, ser classificada quanto à natureza da pretensão (Civil
e Penal); quanto ao grau em que é exercida (Inferior e superior); quanto à
submissão ao direito (de direito e de equidade); quanto ao órgão que exerce
(comum e especial); e quanto à presença de lide (contenciosa e voluntária).
• Existem princípios que regem a atividade jurisdicional e a estrutura judiciária
brasileira.
• A Jurisdição é una e indivisível e que todos os órgãos jurisdicionais exercem
jurisdição. Mas, cada órgão exerce dentro dos limites de sua competência,
sendo que as regras de competência estabelecem critérios de divisão de
trabalho que devem ser obedecidos para que um órgão possa exercer a
atividade jurisdicional de forma válida.
• Devemos analisar se o Brasil possui competência.
• Após a descoberta da competência do Brasil, teremos que verificar a
competência interna, ou seja, qual órgão do judiciário brasileiro possui
competência e que para tal verificação são utilizados diversos critérios.
• Temos os critérios absolutos, que obrigatoriamente precisam ser respeitados
(matéria, pessoa e função), sob pena de incompetência absoluta; e os critérios
relativos, que podem ser deixados de lado por vontade das partes (território e
valor da causa), porém o desrespeito pode acarretar na incompetência relativa.

78
AUTOATIVIDADE

1 (CESPE/CEBRASPE, 2018, STJ). A respeito da jurisdição, julgue o item que


a seguir:
O princípio do juiz natural, ao impedir que alguém seja processado ou
sentenciado por outra que não a autoridade competente, visa coibir a criação
de tribunais de exceção.
FONTE: <lhttps://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/9887e703-42>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Errado
b) ( ) Certo

2 (FGV, 2015, TJ-BA) A jurisdição representa uma atividade estatal voltada à


composição dos conflitos de interesses. No Brasil, uma das características
fundamentais da jurisdição é a:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/4ded5868-aa>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Inércia
b) ( ) Diametricidade
c) ( ) Eleição direta
d) ( ) Dualidade

3 (CEPUERJ, 2010, DPE-RJ) SÁVIO é titular de uma linha telefônica junto a


concessionária de serviço público de telefonia. Em agosto de 2010, percebeu
que desde janeiro do referido ano vinha recebendo suas faturas mensais em
duplicidade, tendo efetuado o pagamento de todos os boletos que recebera.
Indignado, procurou a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que
prontamente ajuizou ação judicial com vistas à compensação dos danos
sofridos por SÁVIO.
Sabendo-se que a demanda foi proposta apenas contra a concessionária de serviço
público, é CORRETO afirmar que a competência para julgar o feito é do(a):
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/d7c9b143-2a>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Justiça Federal
b) ( ) Justiça Estadual
c) ( ) Juizado Especial Federal
d) ( ) Juizado Especial Criminal

79
4 (CESPE, 2018, STJ) De acordo com norma presente no art. 286, inciso II do
Código de Processo Civil (CPC), que trata da prevenção do juízo, devem
ser distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza “quando,
tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado
o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam
parcialmente alterados os réus da demanda". Essa regra objetiva dar
efetividade ao princípio:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/78990168-3f>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Do contraditório
b) ( ) Da inércia
c) ( ) Da unidade
d) ( ) Do Juiz natural
e) ( ) Da duração razoável do processo

80
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS


ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

Os cartórios extrajudiciais, ou serventias extrajudiciais, existem com a


finalidade de que sejam praticados inúmeros atos extrajudiciais, como escrituras,
registro de imóveis, registro de nascimento, casamento, dentre outros.

São regidos por leis, sempre obedecendo a hierarquia das normas. Assim,
em primeiro plano está a Constituição Federal e a emenda constitucional, seguida
da Lei complementar, ordinária, delegada, medida provisória, decreto legislativo
e resolução. Em sequência surgem os atos infralegais, como decretos; portarias;
códigos de normas, os quais têm a função de regulamentar a lei que lhes é superior.

A Lei nº 6015 de 1973, conhecida como Lei de Registros Públicos,


regulamenta as atividades notariais. Essa lei separa a atribuição dos cartórios
extrajudiciais, conferindo-lhes a importância de tal atividade.

O art. 236 da Constituição dispões que “Os serviços notariais e de registro


são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público” (BRASIL, 2016, p.
136). Assim os serviços são prestados por profissionais do Direito, sendo competência
do bacharel, que presta concurso de provas e títulos para ser investido na delegação
de uma serventia e exercem um mister público, porém em caráter privado.

O parágrafo segundo daquele mesmo artigo da constituição estabelece que


“Lei Federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos
aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro” (BRASIL, 2016, p. 136).
Assim, foi editada em 18 de novembro de 1994 a Lei nº 8.935, que veio a reger as
atividades, de forma específica e especial.

Até então, somente a Lei de Registros Públicos regulamentava a atividade


notarial, mas não disciplinava a atividade com relação aos seus agentes. Apenas
regulamentava às variadas formas de registros públicos. Sendo que atividade
ficava regida por normas das Corregedorias estaduais, as quais tinham e tem
diversas formas de interpretação da atividade.

A edição da Lei dos Notários e Registradores, ou Lei dos Cartórios (Lei


8.935/94), trouxe maior segurança, para os agentes delegados, quanto ao mundo
jurídico como um todo, pois disciplina, exaustivamente, os direitos, deveres e
competências de cada serventia.

81
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O artigo primeiro da Lei nº 8.935/94, a Lei dos Notários dispõe que “serviços
notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados
a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”
(BRASIL, 1994b, art. 1°). Conceituando, assim o que são tais ofícios públicos.

Assim, os profissionais técnicos de cartório, tem a função de operabilizar


a garantia de que os negócios jurídicos encetados e realizados em sua presença e
sob sua supervisão, tem a presunção de veracidade e autenticidade, em virtude
da fé pública que reveste sua função.

O Conselho Nacional de Justiça e as Corregedorias de Justiças Estaduais


são responsáveis pela regulamentação das atividades dos oficiais notariais, bem
como dos registrais. O legislador brasileiro optou por esse tipo de sistema por
representar custo menor ao Poder Judiciário.

2 TABELIONATO DE NOTAS
O Tabelionato de Notas é o ofício mais antigo, porém, não possui legislação
específica. regulado pela atual Lei dos Notários e Registradores (Lei 8.935/94),
pelo Código Civil e pelas normas das Corregedorias Estaduais de Justiça, cujas
trazem regras específicas dos procedimentos de cada serventia.

As Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados mediante seus provimentos,


estabelecem normas a serem seguidas pelos serviços extrajudiciais, podendo os
oficiais serem penalizados, caso as correições feitas com regularidade, percebam
alguma irregularidade na prestação do serviço.

Assim, o profissional de serviço jurídico que preste serviço aos cartórios


extrajudiciais deverá estar afinado coma legislação e com a regulamentação de
suas atividades, para evitar ser submetido à alguma penalidade imposta pela
Corregedoria.

Como visto anteriormente, a Constituição atribui ao Conselho Nacional


de justiça, função de fiscalização:
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo:
[...]
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
[...]
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos
do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares,
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais,

82
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.

podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a


remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa (BRASIL, 2016, p. 71-72).

Não estamos diante de uma função muito fácil de ser exercida. Afinal é
regida por diversas normas, sendo que algumas são contraditórias. Esse serviço,
ainda, envolve a responsabilidade patrimonial relacionada, visto que, qualquer
ato praticado de forma equivocada pode vir a repercutir negativamente sobre os
bens dos usuários destes serviços.

O legislador, então, determinou que a responsabilidade do oficial de


registro, na prática de seus atos, seja a responsabilidade civil objetiva. Para melhor
entendimento analisa-se as palavras do Professor Sérgio Cavalieri:
Responsabilidade subjetiva e objetiva
A ideia de culpa está visceralmente ligada à responsabilidade, por isso que, de
regra, ninguém pode merecer censura ou juízo de reprovação sem que tenha
faltado com o dever de cautela em seu agir. Daí ser a culpa, de acordo com
a teoria clássica, o principal pressuposto da responsabilidade civil subjetiva.
O Código Civil de 2002, em seu art. 186 (art. 159 do Código Civil de 1916),
manteve a culpa como fundamento da responsabilidade subjetiva. A
palavra culpa está sendo aqui empregada em sentido amplo, lato sensu,
para indicar não só a culpa stricto sensu, como também o dolo.
Por essa concepção clássica, a vítima só obterá a reparação do dano se
provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na sociedade
moderna. O desenvolvimento industrial, proporcionado pelo advento
do maquinismo e outros inventos tecnológicos, bem como o crescimento
populacional geraram novas situações que não podiam ser amparadas
pelo conceito tradicional de culpa.
Importantes trabalhos vieram, então, à luz na Itália, na Bélgica e,
principalmente, na França sustentando uma responsabilidade objetiva,
sem culpa, baseada na chamada teoria do risco, que acabou sendo
também adotada pela lei brasileira em certos casos, e agora amplamente
pelo Código Civil no parágrafo único do seu art. 927, art. 931 e outros,
como haveremos de ver (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 25).

Isso significa, dizer que se o ato praticado pelo oficial de registro causar dano
a um usuário do serviço, o prestador de serviço responderá pelo dano, mesmo que
não tenha agido com culpa. Basta que fique comprovado que o dano sofrido tenha
nexo de causalidade com o condutado agente, surgindo o dever de indenizar.

“Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado,


por delegação do Poder Público”, dispõe o art. 236 da Constituição. Os critérios
seriam definidos por lei infraconstitucional os demais critérios relativos à
responsabilidade civil e criminal, forma de fiscalização, ingresso etc.

Assim, a Lei nº 8.935/94, conhecida como Lei dos Notários e Registradores,


regulamentou esse artigo da Constituição, trazendo, logo, no art. 1º os critérios de
exercício das atividades registrais e notariais. “Serviços notariais e de registro são
os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (BRASIL, 1994b, art. 1°).

83
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O artigo 3º da mesma Lei, trata da atuação desses oficiais, “notário, ou


tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados
de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro”
BRASIL, 1994b) e, no artigo 5º, deixa claro que os titulares dos serviços notariais
são os tabeliães de notas.

Já a competência geral dos tabeliões de notas está disciplinada no art. 6º


da Lei nº 8.935/94.
Art. 6º Aos notários compete:
I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou
queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou
redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e
expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos (BRASIL, 1994b, art. 6°).

Os atos que podem ser praticados apenas por esses profissionais, dizem-
se de competência exclusiva e estão disciplinados no art. 7º da mesma lei:
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias (BRASIL, 1994b, art. 7°).

O artigo 8º da Lei nº 8.935/94, estabelece que é “livre a escolha do tabelião


de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens
objeto do ato ou negócio”. O artigo 9º, do mesmo diploma legal, veda a prática de
atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu delegação.

A Competência do Tabelião de Notas, sendo que o termo competência


está sendo utilizado para determinar as atribuições do oficial. Assim, a serventia
notarial ou registral tem atribuições específicas, que só podem ser realizadas
nestas, ou seja, o tabelião de notas não pode registrar um imóvel, por exemplo.
Exceto quando os ofícios são aglutinados, o oficial responde por um tabelionato e
um registro simultaneamente.

O tabelião de notas tem como principais atribuições reconhecer firmas,


autenticar documentos, lavrar escrituras públicas de procuração, compra e venda,
permuta, doação, escrituras declaratórias, testamentos e atas notariais.

Vale lembrar que, muitos documentos que são analisados pelo tabelião,
tendo sua assinatura reconhecida ou autenticada a fotocópia, por exemplo, e
que não ficam arquivados ou com cópias no tabelionato, sendo imediatamente
entregues às partes. Entretanto, existem documentos, chamados instrumentos ou
escrituras públicas, que são lavrados nos livros do tabelionato e cujo original fica
na serventia, sendo entregue às partes o traslado ou uma certidão.

84
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.

Como dito anteriormente, um dos atos mais comuns praticados pelo tabelião
de notas é o reconhecimento de firma, que é o reconhecimento de uma assinatura.
O reconhecimento de firma pode-se dar por autenticidade ou semelhança.

O reconhecimento de letra se dá quando o tabelião atesta ou certifica a


autoria de assinaturas, em documentos particulares, feitos na sua presença. Ou,
ainda, que o autor seja conhecido do tabelião, ou identificado por ele e declare ter
lançado tal escrito.

O reconhecimento de firma, por chancela eletrônica é conceituado por


Rodrigues como “Ato pelo qual o tabelião atesta ou certifica a firma chancelada
em documento particular confere com o padrão depositado no tabelionato”
(RODRIGUES, 2008, s.p.).

Outro ato muito comum a ser praticado nos cartórios de Ofício de Notas
é a autenticação de documentos, que consiste em comparar o documento original
com a fotocópia apresentada e dizer, o tabelião, que a cópia confere com o original.
Sendo fundamental a apresentação do documento original, juntamente com a
cópia, para que a comparação possa ser feita de maneira correta.

A chamada pública formal é a cópia, absoluta ou parcial, de um


documento, apresentada para conferência. Tal documento será reproduzido pelo
tabelião transformando-o em um instrumento público. Essa figura, atualmente,
não é muito praticada, caindo em desuso.

A procuração é o instrumento pelo qual, se efetiva o contrato de mandato,


sendo um dos documentos mais comuns a serem lavrados pelo tabelião de notas.
É muito comum que comum que para celebração de negócios jurídicos, seja
exigido procuração feita mediante escritura pública, como, por exemplo, para
compra e venda de imóveis.

FIGURA 5 – PROCURAÇÃO PÚBLICA

FONTE: <https://cutt.ly/Vdmc44k> Acesso em: 20 jul. 2020.

85
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

“A procuração pública, que é a procuração feita por notário, é espécie de


escritura pública, à qual se aplicam os requisitos gerais das escrituras públicas, no
que couberem” (BRANDELLI, 2009, p. 392). Assim, o tabelião, antes de legitimar
a procuração, deverá diligenciar, no sentido de avaliar, se todos os requisitos
formam preenchidos.

Vale lembrar que a revogação da procuração, bem como a renuncia ao


mandato, são atos praticados para extinção do contrato de mandado e desta
forma devem ser celebrados mediante escritura pública, conforme determinação
do artigo 472 do Código Civil, que dispõe que “O distrato faz-se pela mesma
forma exigida para o contrato” (BRASIL, 2002).

Cumpre esclarecer que o artigo 425 do Código Civil estabelece que “É lícito às
partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”.
Desta forma, podem ser celebrados contratos e podem ser feitas declaratório que não
estejam previstas em lei, desde que não contrariem a legislação vigente.

Assim, muitos optam por celebrar contratos atípicos, bem como atos
declaratórios, mediante escritura pública, como forma de trazer maior segurança
aos contratantes. Pois, em razão da fé pública do tabelião, embora não tenha ele o
dever de averiguar a veracidade da declaração, a identidade do declarante e a data
da declaração são certificadas pelo profissional. Vale lembrar que o original do
documento ficar arquivado no tabelionato, o que possibilita que sejam extraídas
cópias fiéis dele, em forma de certidão, em caso de extravio.

Comumente são celebradas mediante o tabelião de notas a escritura


declaratória de convivência ou de união estável, escritura declaratória de vida, escritura
declaratória de residência, escritura pública declaratória de dependência econômica,
escritura pública de compromisso de manutenção, de estrangeiros que vêm a passeio,
estudo ou tratamento médico no Brasil e escritura pública declaratória de estado civil.

São comuns, também, as escrituras públicas de reconhecimento de


paternidade, de pacto antenupcial, os contratos de namoro, as declaratórias de
divisão e extinção de condomínio e de divisão.

Existem as escrituras públicas que visam a modificar, constituir ou transferir


direitos. Cita-se a de compra e venda, permuta, doação, confissão de dívida, com ou
sem garantia, promessa de compra e venda, entre outras. Passaram a ser atribuições
do tabelião de notas lavrar inventários e divórcios por escritura pública.

Os testamentos público ou cerrado e ata notarial, são outros instrumentos


que também são lavrados pelos notários. Podemos, portanto, perceber que
existem diversas espécies de instrumentos públicos que são lavrados pelo tabelião
de notas, não se esgotando, entretanto, nos exemplos dados a sua competência.

86
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.

3 TABELIONATO DE PROTESTO
O Tabelionato de Protestos tem como atribuição principal dar publicidade
a estância do inadimplemento de uma obrigação.
Inadimplemento da obrigação é a falta da prestação devida. Conforme
a sua natureza (de dar, de fazer, de não fazer), o devedor está adstrito
à entrega de uma coisa, certo ou incerta, à prestação de um fato, a
uma abstenção. Qualquer que seja esta prestação, o credor tem direito
ao seu cumprimento, tal como constitui seu objeto, o que envolve o
poder do credor, a que o devedor se submete, pela própria força do
iuris vinculum. Quando se impossibilita a prestação, duas hipóteses
podem ocorrer: ou a impossibilidade é inimputável ao sujeito passivo,
e resulta pura e simplesmente a extinção da obrigação sem outras
consequências; ou o devedor é responsável pelo não cumprimento, e
então cabe ao credor exercer sobre o patrimônio do devedor o poder
de suprir a ausência da prestação, direta ou indiretamente. Dentro
de um plano de exposição sistemática, diz-se que a impossibilidade
pode ser subjetiva, se se refere às circunstâncias pessoais ligadas
ao devedor ou ao credor; ou objetiva, se atinge a prestação em si
mesma, e se subdivide, à sua vez, em impossibilidade objetiva
natural, quando afeta a prestação um acontecimento de ordem física,
e impossibilidade objetiva jurídica, quando se antepõe à prestação
um obstáculo originário do próprio ordenamento.1 É claro que, neste
passo, excogitamos da impossibilidade superveniente ou subsequente
É esta, e somente ela, que se conta no ângulo de visada, quando se
doutrina do não cumprimento do obrigado. A outra, a impossibilidade
originária, diz respeito à própria formação do vínculo, conduz à
ineficácia do negócio jurídico por falta de objeto, e já mereceu a nossa
atenção no nº 109, supra, vol. I Embora as duas ideias se aproximem,
devem distinguir-se, dentro de puro rigor técnico, o inadimplemento e
a impossibilidade da prestação, ligando-se o primeiro à noção de uma
falta cometida pelo devedor, e a segunda à ausência de participação
sua na inexecução do obrigado (PEREIRA, 2018, p. 298).

A Lei nº 9.492/97 define a competência, regulamenta os serviços


concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras
providências, permitindo a publicidade da ocorrência do descumprimento de
uma obrigação. Definindo o Protesto como “Protesto é o ato formal e solene pelo
qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em
títulos e outros documentos de dívida” (BRASIL, 1997, art. 1°).

O Tabelião de Protestos tem competência exclusiva de promover


a protocolização, a intimação, o acolhimento da devolução ou do aceite, o
recebimento do pagamento, do título e de outros documentos de dívida. Além
de lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em relação ao
mesmo. O oficial procederá às averbações, prestará informações e fornecerá
certidões relativas a todos os atos praticados.

A competência do Tabelião de Protestos é estabelecida, de maneira


taxativa pela Lei nº 8.935/94 e essa competência foi reafirmada na lei espacial Lei
nº 9.492/97, que trata exaustivamente do tema.

87
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O título ou documento da dívida deve ser apresentado ao tabelião de


protestos, que faz um protocolo e envia ao devedor uma intimação via postal com
aviso de recebimento, ou, por edital, caso não seja conhecido o domicilio do devedor.

Após o recebimento da intimação o devedor inadimplente terá o prazo


de três dias úteis para efetuar o pagamento. Passado o prazo, caso não ocorra o
pagamento pelo devedor ou desistência ou sustação, será lavrado o protesto.
Art. 29. Os cartórios fornecerão às entidades representativas da
indústria e do comércio ou àquelas vinculadas à proteção do crédito,
quando solicitada, certidão diária, em forma de relação, dos protestos
tirados e dos cancelamentos efetuados, com a nota de se cuidar de
informação reservada, da qual não se poderá dar publicidade pela
imprensa, nem mesmo parcialmente.
§ 1o O fornecimento da certidão será suspenso caso se desatenda ao
disposto no caput ou se forneçam informações de protestos cancelados.
§ 2º Dos cadastros ou bancos de dados das entidades referidas no caput
somente serão prestadas informações restritivas de crédito oriundas
de títulos ou documentos de dívidas regularmente protestados cujos
registros não foram cancelados (BRASIL, 1997, art. 29).

Sendo o Tabelionato de Protestos um ofício público poderá fornecer


certidões, a quem interessar, conforme artigo 31 da Lei nº 9.492/97 “Poderão ser
fornecidas certidões de protestos, não cancelados, a quaisquer interessados, desde
que requeridas por escrito” (BRASIL, 1997). Tais certidões poderão fundamentar
ações de execução judiciais, ou mesmo justificar negativas de créditos.

Cumpre esclarecer que, se ocorrer o pagamento dentro do prazo de três


dias, o protesto não será lavrado e o devedor receberá a quitação da dívida.
Entretanto, se o pagamento ocorrer após o prazo legal, ou seja, após a ocorrência
do protesto, seguirá a regra do artigo 26 da Lei nº 9.492/97.
Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado
diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por qualquer
interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja
cópia ficará arquivada.
§ 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título ou
documento de dívida protestado, será exigida a declaração de anuência,
com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no registro
de protesto como credor, originário ou por endosso translativo.
§ 2º Na hipótese de protesto em que tenha figurado apresentante por
endosso-mandato, será suficiente a declaração de anuência passada
pelo credor endossante.
§ 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em outro
motivo que não no pagamento do título ou documento de dívida, será
efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos devidos
ao Tabelião.
§ 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial,
o cancelamento do registro do protesto poderá ser solicitado com a
apresentação da certidão expedida pelo Juízo processante, com menção
do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de
dívida protestado.
§ 5º O cancelamento do registro do protesto será feito pelo Tabelião
titular, por seus Substitutos ou por Escrevente autorizado.

88
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

§ 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma de microfilme


ou gravação eletrônica, o termo do cancelamento será lançado
em documento apartado, que será arquivado juntamente com os
documentos que instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo
(BRASIL, 1997, art. 26).

Assim, o protesto extrajudicial significa, principalmente, segurança para


as relações jurídicas. Pois, permite ao credor de uma obrigação dar publicidade de
seu crédito inadimplido pelo devedor. Garantindo, o cumprimento da obrigação
por parte do devedor, que não pretende que ser crédito seja maculado.

4 REGISTROS PÚBLICOS
Os Cartório de Registros Públicos dividem-se em: Registro Civil das
Pessoas Naturais, Registro Civil das Pessoas Jurídicas e Especiais, Registro de
Títulos e Documentos e Registro de Imóveis, cuja competência exclusiva está
definida na Lei nº 6.015, de 1973. Cada uma das serventias registrais tem atribuição
própria que será estudado em seguida.

4.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS


O Registro Civil da Pessoas Naturais, também chamado de RCPN, é uma
das espécies de registros públicos existentes no Brasil. Nesse cartório devem
ser registrados todos os atos referentes ao estado da pessoa, como nascimento,
casamento e morte. Ficando, assim, o histórico de ida da pessoa natural registrada
nesse cartório, dando publicidade de sua existência.
Cartório é o espaço físico (prédio) onde se presta um serviço (público
de forma privada) técnico e racionalmente organizado, no qual,
sob a responsabilidade de uma pessoa determinada, encontram-se
arquivados todos os registros, assentos e livros públicos extrajudiciais,
e onde são reproduzidas as alterações a eles atinentes, objetivando
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos
jurídicos, o Cartório de Registro Civil trata das mutações do estado
pessoal das pessoas (CAMARGO, 2017, s.p.).

O Registro Civil das Pessoas Naturais é atividade exercida, exclusivamente


por Oficiais de Registro, prestadores de serviço público por delegação do Poder
Público. Devem ser submetidos a concurso público de provas e títulos, nos
termos do artigo 236 da Constituição Federal, regulamentado pela Lei 8.935/1994.
Tornando-se, assim, um servido público.

As atribuições do RCPN estão elencadas no artigo 29 da Lei de Registros


Públicos:

89
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas naturais:


I - os nascimentos;
II - os casamentos;
III - os óbitos;
IV - as emancipações;
V - as interdições;
VI - as sentenças declaratórias de ausência;
VII - as opções de nacionalidade;
VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
§ 1º Serão averbados:
a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o
desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal;
b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na
constância do casamento e as que declararem a filiação legítima;
c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou
concebidos anteriormente;
d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos
ilegítimos;
e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
f) as alterações ou abreviaturas de nomes.
§ 2º É competente para a inscrição da opção de nacionalidade o
cartório da residência do optante, ou de seus pais. Se forem residentes
no estrangeiro, far-se-á o registro no Distrito Federal.
§ 3o Os ofícios do registro civil das pessoas naturais são considerados
ofícios da cidadania e estão autorizados a prestar outros serviços
remunerados, na forma prevista em convênio, em credenciamento ou
em matrícula com órgãos públicos e entidades interessadas.
§ 4o O convênio referido no § 3o deste artigo independe de
homologação e será firmado pela entidade de classe dos registradores
civis de pessoas naturais de mesma abrangência territorial do órgão
ou da entidade interessada. (Lei nº 6.015/73)

Santos (2004 apud BLASKESI, 2019, p. 2) afirma que:


No livro de registro de nascimento pode ser averbado: o reconhecimento
de paternidade ou de maternidade voluntário, a sentença em ação
versando sobre a paternidade ou a maternidade, a alteração do nome do
registrado, a retificação do registro, a adoção (excetuada a hipótese de
adoção de criança ou adolescente, caso em que se averba o cancelamento
do registro e se lavra um novo assento), a perda da nacionalidade brasileira
e a revogação da perda da nacionalidade brasileira comunicada pelo
Ministério da Justiça, a suspensão e a perda do poder familiar, a alteração
do patronímico materno em virtude do casamento.

O livro de registro de casamento pode ser retificação, ou pode ser averbado


com a separação, a reconciliação, o divórcio, a anulação ou nulidade do casamento
e da alteração do regime de bens. O rol das averbações possíveis é meramente
exemplificativo, assim são possíveis outras alterações posteriores do assento.

O direito é dinâmico e evolui, conforme as mudanças sociais, portanto a


de Registros Públicos, que data de 1973, necessita de constantes alterações para
adaptá-la a nova realidade social, como por exemplo os conceitos de família e a
possibilidade mudança de gênero.

90
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Porém, o legislativo não é tão célere quantos os avanços da sociedade.


Assim, a Lei nº 6.015/73, deve ser interpretada em conformidade com as regras
estabelecidas no Poder Judiciário, STF e O Conselho Nacional de Justiça.

Um exemplo clássico é a conversão da União Estável em casamento,


prevista no artigo 1.726 do Código Civil “A união estável poderá converter-se
em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro
Civil” (BRASIL, 2002), mas que não tem regulamentação que determine o
procedimento para essa conversão.
Assim, os companheiros hetero e homoafetivos que pretendam a
conversão da União em Casamento, precisam dirigir requerimento ao Oficial de
Registro Civil das Pessoas Naturais de seu domicílio, iniciando um processo de
habilitação e em não ocorrendo nenhuma impugnação, será realizada a conversão,
nos mesmos moldes do casamento.

O Conselho Nacional de Justiça em 14 de maio de 2013, através da


Resolução 175, reconheceu a possibilidade de casamento de pessoas do mesmo
gênero. Através dessa resolução o CNJ determinou, compulsoriamente, que esses
casamentos fossem realizados pelos Registros Civis de Pessoas Naturais, mesmo
sem atualização legislativa.

Da mesma maneira, a modificação do gênero, mediante autodeclaração,


foi aprovada pelo STF, em março de 2018. Assim, mesmo sem ser submetido à
cirurgia de redesignação sexual, é possível se fazer, através de pedido junto ao
registro civil onde foi feito seu assento, que a averbação da mudança de gênero
seja feita, expedindo a certidão de nascimento com a retificação.

Ainda podemos mencionar o reconhecimento da paternidade socioafetiva


extrajudicial, regulamentada pelo CNJ, a ser feita em cartórios de RPN, mesmo
sem lei específica sobre o assunto. Estas e outras situações representam que o
legislador não consegue acompanhar as necessidades sociais e é muito importante
permitir que os tribunais, eventualmente, tenham liberdade para supri-las.

4.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS


As pessoas jurídicas nas palavras de Tartuce (2018, p. 245):
As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas coletivas, morais,
fictícias ou abstratas, podem ser conceituadas como sendo conjuntos
de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade
jurídica própria por uma ficção legal. Apesar de o Código Civil não
repetir a regra do art. 20 do CC/1916, a pessoa jurídica não se confunde
com seus membros, sendo essa regra inerente à própria concepção da
pessoa jurídica.
Interessante citar, nesse sentido, o conceito de pessoa jurídica apontado
por Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, como “o grupo
humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica
própria, para a realização de fins comuns” (Novo..., 2003, v. I, p. 191).

91
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Os doutrinadores, da nova geração de civilistas, buscam a teoria


que procura justificar a existência das pessoas jurídicas, lecionando
que tanto a codificação anterior quanto a atual adotaram a teoria da
realidade técnica.
Essa teoria constitui uma somatória entre as outras duas teorias
justificatórias da existência da pessoa jurídica: a teoria da ficção – de
Savigny – e a teoria da realidade orgânica ou objetiva – de Gierke e
Zitelman.

A pessoa jurídica de direito, tem seu nascimento a partir do seu registro,


conforme artigo 45 do Código Civil:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito


privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição
das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (BRASIL,
2002, art. 45).

Assim, se o registro a ser feito for de uma sociedade empresária, o registro deverá
ser feito perante as juntas comerciais dos estados e são reguladas pela Lei Federal 8.934
de 1994.Já no Registro Civil das Pessoas Jurídicas serão registrados os contratos, os atos
constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais,
científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade
pública; as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis comerciais,
salvo as anônimas, os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos.

Nos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Jurídica também serão


registrados jornais, periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e
agências de notícias, conforme a disciplina do parágrafo único do artigo 114 da
Lei de Registros Públicos, Lei nº 6.015/73.

4.3 REGISTRO DE IMÓVEIS


O Cartório de Registrador Imobiliário é independente no exercício de suas
funções, conforme o disposto no artigo 236, da Constituição, regulamentado pela
Lei nº 8.935/94, que modificou e fortaleceu o regime jurídico dessas relevantes
atividades. Dessa forma, consolidou sua independência funcional.

Assim, os Registradores e Notários passaram a atuar com maior liberdade,


sem precisar submeter corriqueiramente seus atos ao controle do Poder Judiciário,
como, por exemplo, nas hipóteses de homologação da contratação de funcionários
e abertura de livros, que foram abolidas. Em contra partida, surgiram novas
responsabilidades, exigindo maior preparo científico e técnico.

O artigo 12 da Lei nº 8.935/94, a Lei dos Cartórios estabelece que:

92
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Art. 12. Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e


civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e
tutelas compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente
aos registros públicos, de que são incumbidos, independentemente de
prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e
civis das pessoas naturais às normas que definirem as circunscrições
geográficas (BRASIL, 1994b, art. 12).

Assim, conclui-se que o oficial de registro de imóveis é o agente público


competente para realizar os atos pertinentes a esta serventia extrajudicial,
definidos na Lei dos Registros Públicos. Conforme dispõe o artigo 167 da Lei de
Registros Públicos, Lei nº 6.015/73:

Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.


I - o registro:
1) da instituição de bem de família;
2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada cláusula
de vigência no caso de alienação da coisa locada;
4) do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e
em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;
5) das penhoras, arrestos e sequestros de imóveis;
6) das servidões em geral;
7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem
do direito de família;
8) das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição
de última vontade;
9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de
promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua
celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações;
10) da enfiteuse;
11) da anticrese;
12) das convenções antenupciais;
13) (Revogado pela Lei n.13.986, de 2020)
14) das cédulas de crédito, industrial;
15) dos contratos de penhor rural;
16) dos empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as
conversíveis em ações;
17) das incorporações, instituições e convenções de condomínio;
18) dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão
de unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº 4.591, de 16 de
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condomínio se
formalizar na vigência desta Lei;

93
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

19) dos loteamentos urbanos e rurais;


20) dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em confor-
midade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e respectiva cessão e
promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência desta Lei;
21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórios, relativas a imóveis;
22) (Revogado pela Lei nº 6.850, de 1980)
23) dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição
de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores;
24) das sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
25) dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das sentenças
de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não houver partilha;
26) da arrematação e da adjudicação em hasta pública;
27) do dote;
28) das sentenças declaratórias de usucapião;
29) da compra e venda pura e da condicional;
30) da permuta;
31) da dação em pagamento;
32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social;
33) da doação entre vivos;
34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de
desapropriação, fixarem o valor da indenização;
35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel.
36). da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas, e respectiva
cessão e promessa de cessão;
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão de
uso especial para fins de moradia;
38) (VETADO)
39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano;
40) do contrato de concessão de direito real de uso de imóvel público.
41. da legitimação de posse;
42. da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no art. 60
da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009;
43. da Certidão de Regularização Fundiária (CRF);
44. da legitimação fundiária.
II - a averbação:
1) das convenções antenupciais e do regime de bens diversos do legal, nos
registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer dos
cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento;

94
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais;


3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas
de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando
o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei;
4) da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da
reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis;
5) da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras
circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas
pessoas nele interessadas;
6) dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude
a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver sido
formalizada anteriormente à vigência desta Lei;
7) das cédulas hipotecárias;
8) da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis;
9) das sentenças de separação de dote;
10) do restabelecimento da sociedade conjugal;
11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade
impostas a imóveis, bem como da constituição de fideicomisso;
12) das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou títulos
registrados ou averbados;
13) " ex offício ", dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público.
14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação
de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos
reais sujeitos a registro.
15) da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em
favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que
importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que
inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiros.
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência.
17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a
regime fiduciário.
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de
imóvel urbano;
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia;
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano.
21) da cessão de crédito imobiliário.
22) da reserva legal;
23) da servidão ambiental.
24) do destaque de imóvel de gleba pública originária.
25) (Vide Medida Provisória nº 458, de 2009)
26) do auto de demarcação urbanística.

95
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

27) da extinção da legitimação de posse;


28) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia;
29) da extinção da concessão de direito real de uso.
30) da sub-rogação de dívida, da respectiva garantia fiduciária ou hipotecária
e da alteração das condições contratuais, em nome do credor que venha a
assumir tal condição na forma do disposto pelo art. 31 da Lei no 9.514, de 20
de novembro de 1997, ou do art. 347 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, realizada em ato único, a requerimento do interessado instruído
com documento comprobatório firmado pelo credor original e pelo mutuário.
31) da certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio
resolúvel emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal.
32) do termo de quitação de contrato de compromisso de compra e venda
registrado e do termo de quitação dos instrumentos públicos ou privados
oriundos da implantação de empreendimentos ou de processo de regularização
fundiária, firmado pelo empreendedor proprietário de imóvel ou pelo promotor
do empreendimento ou da regularização fundiária objeto de loteamento,
desmembramento, condomínio de qualquer modalidade ou de regularização
fundiária, exclusivamente para fins de exoneração da sua responsabilidade
sobre tributos municipais incidentes sobre o imóvel perante o Município, não
implicando transferência de domínio ao compromissário comprador ou ao
beneficiário da regularização (Lei nº 6.015/73).

BRASIL. Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá ou-
tras providências. Brasília: Diário Oficial [da] União, 1973. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.

O Registro de Imóveis destina-se ao registro e averbação dos títulos ou


atos ou fatos inter vivos ou mortis causa, constitutivos, translativos ou
extintivos de direitos reais, a fim de assegurar-lhes validade, eficácia
erga omnes e disponibilidade (Lei dos Registros Públicos, Art. 172 e
CNNR/RS, Art. 314, § único) (PAIVA, 2013, p. 6).

A Lei nº 6.015/73, a Lei de Registros Públicos, disciplina os livros que


integram o Ofício de Registro de Imóveis, bem como as situações relativas a cada
um deles de forma detalhada. Desta forma, conforme disciplina o artigo 173
daquela lei, o Registro de Imóveis possuirá cinco livros distintos e cada um deles
com sua função específica, Protocolo; Registro Geral; Registro Auxiliar; Indicador
Real e Indicador Pessoal.

Concluímos, que são basicamente três espécies de atos registrais


demandados ao Registro de Imóveis: abertura de matrículas; registros e
averbações. O profissional de serviços jurídico ao se dirigir ao Cartório de Registro
de Imóveis, na maioria das vezes, estará requerendo a prática de um desses atos,
ou a emissão de certidões relacionadas a eles.

96
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

São os atos mais praticados no Registro de Imóveis:

a) Matrícula: disciplinada pela LRP em seus arts. 227 a 235, a matrícula é o registro
inaugural do imóvel, consistindo na especificação do estado de um imóvel,
tanto em seus aspectos físicos (localização, dimensões etc.) quando jurídicos
(proprietário, forma de aquisição etc.).

Art. 228 da Lei nº 6.015/73. A matrícula será efetuada por ocasião do


primeiro registro a ser lançado na vigência desta lei, mediante os elementos
constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado.

A matrícula só pode ser cancelada por determinação judicial, pelo


desdobro ou pela fusão.
• Desdobro: subdivisão de lotes.
• Fusão: unificação de imóveis contíguos. No caso de fusão, o
cancelamento da matrícula anterior e abertura de nova matrícula é
uma faculdade do proprietário dos imóveis contíguos.

b) Registro: em conformidade com o art. 167, I da LRP, devem ser registrados


todos os atos que influenciem no uso, gozo e disposição de um imóvel. Em
outros termos, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade
de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade pela formação de
direitos reais limitados.

Desse modo, devem ser registrados atos como: instituição de bem de


família, hipotecas, servidões, usufruto, uso, habitação, contratos de compromisso
de compra e venda, anticrese, superfície, incorporações, instituições e convenções
de condomínio, compra e venda de imóvel, permuta, dação em pagamento,
doação etc.

c) Averbação: através da averbação é feita alteração em registro já existente.


Assim, o art. 167, II da LRP determina que serão averbados atos como:
mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação,
da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de
imóveis; restabelecimento da sociedade conjugal; sentenças de separação
judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas
respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro;
contrato de locação, para fins de exercício do direito de preferência; extinção
do direito de superfície; cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade impostas a imóveis.

O registro de transmissão e aquisição de propriedade de bens imóveis são


os atos mais comum praticado pelo registrador, dentro das serventias de Registro
de Imóveis. Assim como os direitos reais a relativos à propriedade, de bem de
família, incorporação imobiliária, registro de penhora, e cédulas de crédito,
direitos reais de garantia, como hipoteca, penhor, anticrese e averbações.

97
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

As averbações podem conter desde mudança de estado civil do


proprietário, averbações de nomes de rua, quarteirão, lotes. Todas constando o
rol dos registros e averbações permitidos na Lei de Registros Públicos, conforme
artigo 246 da Lei nº 6.015/73.

A atividade registral é regida por atributos que conferem maior segurança


jurídica aos usuários de seus serviços. São eles:

• Publicidade - os atos constantes nos Registros de Imóveis são públicos, sendo


facultado a qualquer interessado requerer a expedição de certidão;
• Veracidade - presumidamente o que consta no Registro de Imóveis é verdade.
Essa presunção é relativa, pois admite prova em contrário.
• Legalidade - determina o exame prévio da legalidade dos títulos na medida
em que se visa a estabelecer a total confiança em seus serviços.
• Obrigatoriedade - o registro dos títulos no Registro de Imóveis é obrigatório,
como meio de garantir a transferência correta da propriedade imobiliária.
• Continuidade - os registros devem obedecer a uma sequência de vínculos, um
novo registro só será feito se o titular anterior tiver cedido a propriedade ao
atual adquirente.
• Força Probante - os registros são considerados provas a serem levadas ao
juízo.
• Prioridade - será considerado proprietário aquele que levar o título aquisitivo
a registro em primeiro lugar.
• Especialidade - serão submetidos a registro no Registro de Imóveis os atos
previstos no artigo 167 da Lei nº 6.015/73.

Cumpre ainda ressaltar que no sistema imobiliário brasileiro, o registro


tem natureza aquisitiva do domínio, forma derivada de aquisição da propriedade
imóvel. Sem registro, o direito do adquirente não é direito real, e sim direito
pessoal de eficácia relativa entre os negociantes (adquirente e alienante), não
produzindo efeitos, pois, contra terceiros. Conforme estabelece o Código Civil
de 2002, “Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante registro do
título translativo no Registro de Imóveis” (BRASIL, 2002).

4.4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS


O Registro de Títulos e Documentos tem como função perpetuar e dar
publicidade, de forma segura e eficaz aos negócios jurídicos celebrados entre
particulares ou entre os particulares e o Estado.

É considerado o registro residual. Assim, quando não houver previsão


expressa de onde deve ser registrado o título ou o documento e a parte pretende
a conservação e oponibilidade perante terceiros.
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:
I - dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações
convencionais de qualquer valor;
II - do penhor comum sobre coisas móveis;

98
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

III - da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal,


estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
IV - do contrato de penhor de animais, não compreendido nas
disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934;
V - do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI - do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento
para sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de
terceiros (art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934);
VII - facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a
realização de quaisquer registros não atribuídos expressamente a
outro ofício (BRASIL, 1973, art. 127).

A oponibilidade perante terceiros é disciplinada no artigo 129 da Lei de


Registros Públicos:
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos,
para surtir efeitos em relação a terceiros:
1º) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do
artigo 167, I, nº 3;
2º) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em
separado dos respectivos instrumentos;
3º) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja
qual for a natureza do compromisso por elas abonado;
4º) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras
repartições;
5º) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de
domínio ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de
alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de
alienação fiduciária;
6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados
das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal;
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis,
bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam;
8º) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões
judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a
entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias
procedentes do exterior.
9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação
e de dação em pagamento (BRASIL, 1973, art. 129).

As notificações extrajudiciais são, também, funções atribuídas ao Registro


de Títulos e Documentos. Tais notificações exercem a função de cientificar
o notificado, de maneira inequívoca e formal dos direitos sobre os quais o
notificante alega ser titular. Como meio de responsabilizar, produzir provas,
prevenir simulações, constituir responsabilidades, chamar à autoria, alegar para
depois provar, constituir mora e solicitar cumprimento das obrigações.

Ao ser notificado pelo oficial de títulos e documentos ou seu preposto,


o notificado não pode alegar ignorância do fato. Esse é o meio juridicamente
perfeito de dar conhecimento ao notificado.

99
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Atribuições em Cartórios: conheça as atividades das Serventias


Extrajudiciais
Manoela Moreira

Você conhece as atribuições em cartórios? Então que tal atualizar os seus


conhecimentos? Isso é importante uma vez que as entidades representativas de
cartórios estimam que uma pessoa física utiliza os serviços de um cartório,
pelo menos, dez vezes ao longo da vida. Por isso, os tabeliões e registradores
têm como tarefa dar publicidade, por exemplo, atestar autenticidade e dar
segurança aos atos jurídicos.

Mas você sabe quais os tipos de cartório e quais documentos que cada
um processa? Confira abaixo:

Registro Civil de Pessoas Naturais

É regulamentado pelos artigos 29 a 113 da Lei 6.015/1973 (Lei de


Registros Públicos) e art. 5º, VI, da Lei 8.935/1994 (Estatuto dos Notários
e Registradores). No Ofício Civil das Pessoas Naturais são registrados
os nascimentos; casamentos; conversões de união estável em casamento;
casamento religioso de efeito civil; óbitos; natimortos; emancipações; sentenças
declaratórias de interdição, ausência e de morte presumida; transcrições de
assentos de nascimento, casamento e óbito lavrados no exterior; opções
de nacionalidade; além disso, também sentenças de adoção (arts. 29 da Lei
6.015/1973 e 9º do Código Civil).

Registro Civil de Pessoas Jurídicas

Regido pelos artigos 114 a 126 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, V, da Lei
8.935/1994. Nessa Serventia, serão inscritos os atos constitutivos das sociedades
simples, associações, fundações e dos partidos políticos. Anote-se que este
Ofício recepciona desde o ato constitutivo até o da extinção das entidades
supracitadas. Também serão feitas as matrículas de jornais, periódicos, oficinas
impressoras, agências de notícias e empresas de radiodifusão. No entanto,
apenas as entidades que possuem objeto lícito, que poderão ser registradas
nesse Ofício, e consequentemente, adquirir personalidade jurídica.

Registro de Títulos e Documentos

Regulado pelos artigos 127 a 166 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, V, da Lei
8.935/1994. O Registro de Títulos e Documentos, no âmbito de suas atribuições
é o serviço de organização técnica e administrativa que tem por finalidade
assegurar a autenticidade, segurança, publicidade e eficácia dos atos e negócios
jurídicos, constituindo ou declarando direitos e obrigações, para prova de
sua existência e data, além disso, da conservação perpétua de seu conteúdo e
efeitos erga omnes.

100
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS

Registro de Imóveis

Previsto nos artigos 167 a 288 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, IV, da Lei
8.935/1994. Ademais, ao Ofício de Imóveis cumpre, na forma da lei, garantir
autenticidade, publicidade, segurança, disponibilidade e eficácia dos atos
jurídicos constitutivos, declaratórios, translativos ou extintivos de direitos
reais sobre imóveis.

Tabelionato de notas

Regido pela Lei 8.935/1994 e legislação esparsa. Aos notários compete


formalizar juridicamente a vontade das partes; intervir nos atos e negócios
jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade,
autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando
os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; autenticar
fatos. Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: lavrar escrituras e
procurações, públicas; lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
lavrar atas notariais; reconhecer firmas; autenticar cópias.

Tabelionato e Ofício de registro de contratos marítimos

Regulado pelo art. 10 da Lei 8.935/1994. Aos tabeliães e oficiais de


registro de contratos marítimos compete: I – lavrar os atos, contratos e
instrumentos relativos a transações de embarcações a que as partes devam ou
queiram dar forma legal de escritura pública; II – registrar os documentos da
mesma natureza; III – reconhecer firmas em documentos destinados a fins de
direito marítimo e IV – expedir traslados e certidões.

Tabelionato de Protestos

É regulado primordialmente pela Lei 9.492/1997 e art. 11 da Lei


8.935/1994. Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na
tutela dos interesses públicos e privados, a protocolização, a intimação, o
acolhimento da devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento, do título
e de outros documentos de dívida, bem como lavrar e registrar o protesto ou
acatar a desistência do credor em relação ao mesmo, proceder às averbações,
prestar informações e fornecer certidões relativas a todos os atos praticados, na
forma da Lei 9.492/1994.

FONTE: <https://noticias.cers.com.br/noticia/cartorios-especialidades-e-atribuicoes-das-ser-
ventias-extrajudiciais/>. Acesso em: 20 jul. 2020.

101
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os serviços notariais e registrais mostram-se instrumentos importantes e


imprescindíveis para a segurança jurídica, trazendo aos seus usuários a
certeza de que os atos ali praticados alcançarão o objetivo intentado.
• Ao se realizar atos em serviços notarias, além da publicidade alcançada, a atenção
à forma prescrita em lei estará atendida, os documentos públicos gozarão de fé
pública e estarão disponíveis para requerimento de certidões pelo interessado e os
documentos particulares terão a veracidade da assinatura declarada.
• O tabelionato de protesto, permite que o credor alcance a publicidade do
inadimplemento do dever, conseguindo, assim, forçá-lo ao pagamento, para
que não conste no rol dos maus pagadores.
• A comprovação do estado da pessoa, realizada através do registro perante
o ofício registral civil, atribuindo-lhe personalidade jurídica, atestado pelo
registrador competente o nascimento, casamento, óbito, emancipação,
interdição, separação, divórcio e demais mudanças ocorridas ao longo da
vida da pessoa natural.
• A lei diferencia pessoas naturais de pessoas jurídicas, esta última, ficção jurídica
criada pelo ordenamento jurídico e que poderá ser empresária ou não.
• A pessoa jurídica empresária é tratada por legislação própria, dentro do
direito empresarial e pela lei federal 8.934 de 1994.
• Quando é pessoa jurídica não empresária é remetida à lei dos registros públicos
sua regulamentação e seu registro é feito no registro civil das pessoas jurídicas;
• A atribuição de cada ofício notarial e registral está prevista em lei e quando
esta não especifica onde deverá ser efetuado o registro, de forma residual o
registro de títulos e documentos afigura-se como solução, pois neste poderá
ser feito o registro.
• Os bens imóveis são amplamente protegidos pelo ordenamento jurídico
pátrio, tanto no direito material quanto no processual, pois a transmissão da
propriedade imóvel se dá com o registro do título translativo.
• A falta do registro do título aquisitivo do imóvel, implica em não transmissão
da propriedade, além das consequências que o adquirente negligente possa
vir a sofrer, em caso de não o realizar.
• Outros direitos e atos poderão ser objeto de registro imobiliário, conforme
determinação do legislador e estão previstos na lei especial.
• O registro de títulos e documentos possui a competência de notificar, de
forma extrajudicial, para ciência de alguém que deverá cumprir obrigação
não atendida, bem como de qualquer ato de que, de maneira inequívoca, sua
fé pública irá tornar incontestável o conhecimento.

102
AUTOATIVIDADE

1 (CONSULPLAN, 2019, TJ-MG) Um fazendeiro da cidade de Curvelo/MG


recebeu uma nota promissória com vencimento para o dia 25/09/2019 para o
pagamento de uma vaca. No dia do pagamento, ao tentar receber aquele valor,
foi informado pelo devedor que não iria pagar, uma vez que o referido animal
havia falecido e que o fazendeiro vendera o animal já doente. Ao comparecer
ao tabelionato de protestos, o fazendeiro deverá declarar expressamente, sob
sua exclusiva responsabilidade, os seguintes dados, EXCETO:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/9924f5a5-f1>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Se deseja, ou não, realizar a intimação por hora certa do devedor.


b) ( ) O nome do devedor, endereço e número do CNPJ ou CPF, ou, na sua
falta, o número do documento de identidade.
c) ( ) Seu nome e endereço, podendo indicar conta corrente, agência e banco
em que deva ser creditado o valor do título liquidado, caso em que
suportará as despesas bancárias.
d) ( ) O valor a ser protestado, que, caso não corresponda ao valor nominal
do título ou documento de dívida, deverá ser acompanhado de um
demonstrativo do montante indicado a protesto.

2 (CONSULPLAN, 2019, TJ-MG) Acerca do Reconhecimento de firma, é


correto afirmar que:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/direito-direito-
-notarial-e-registral/reconhecimento-de-firmas-e-autenticacao-de-documentos/questoes>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Pode ser realizado na modalidade semelhança em títulos de crédito.


b) ( ) Não pode ser realizado em documentos redigidos em língua estrangeira.
c) ( ) Antes de reconhecer a firma, deverá o tabelião ou seu preposto averiguar
a legalidade do documento no qual consta a assinatura.
d) ( ) Mesmo após a expiração do prazo de validade, a Carteira Nacional de
Habilitação constitui documento apto à comprovação da identidade
civil exigida para a abertura do cartão de autógrafos, caso seja possível
o efetivo reconhecimento do seu portador.

3 (VUNESP, 2019) Acerca do protocolo de títulos no Registro de Imóveis,


pode-se corretamente afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/478f4afa-ec>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

103
a) ( ) Escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que
determinem, taxativamente, a hora da sua lavratura, deve prevalecer,
para efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar.
b) ( ) Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do prazo
máximo de 5 (cinco) dias, salvo nos casos previstos nos artigos seguintes.
c) ( ) Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à
existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará
durante 30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a
inscrição e, após esse prazo, se não for apresentado o título anterior,
a segunda hipoteca será inscrita, mas não terá preferência sobre a
primeira, ainda que se registre posteriormente.
d) ( )Podem ser registrados, no mesmo dia, títulos pelos quais se constituam
direitos reais contraditórios sobre o mesmo imóvel, prevalecendo a
ordem de prioridade na apresentação.
e) ( ) Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando apresentados
no mesmo dia, os títulos prenotados no protocolo sob número de
ordem mais baixo, devendo-se realizar o registro imediato do primeiro
apresentado.

4 (IESES, 2019, TJ-SC) Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros
documentos de dívida. Sobre o assunto, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/57e3bba9-8c>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Não se incluem entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida


ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
respectivas autarquias e fundações públicas.
b) ( ) Os serviços concernentes ao protesto, garantidores da autenticidade,
publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao
regime estabelecido na Lei nº 6.015/73.
c) ( ) Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na tutela
dos interesses públicos e privados, a protocolização, a intimação, o
acolhimento da devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento,
do título e de outros documentos de dívida, bem como lavrar e registrar
o protesto ou acatar a desistência do credor em relação ao mesmo,
proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões
relativas a todos os atos praticados, na forma da Lei 6015/73.
d) ( ) Os serviços concernentes ao protesto, garantidores da autenticidade,
publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao
regime estabelecido na Lei nº 9.492/97.

104
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS


ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

1 INTRODUÇÃO

O artigo 5º, inciso XXXV da Constituição de 1988, traz como princípio, a


garantia do acesso à justiça. Assim, nasceu a resolução de conflitos mediante os
mecanismos extrajudiciais de composição. Uma solução mais célere, mas sem
deixar de observar os princípios constitucionais que garantem uma solução justa
para os conflitos de interesses.

Assim, podemos entender que a Arbitragem, a Conciliação e a Mediação devem


ser sempre buscadas pelos operadores do direito. Como meio de obter a satisfação da
parte, completo acesso à justiça de maneira eficaz, com a celeridade necessária.

É importante ressaltar que o Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015,


nos seus artigos 165 a 175 estabelece normas para as conciliações judiciais.
Demonstrando, desta forma, que o legislador pátrio pretende que as medidas de
autocomposição sejam mais utilizadas no nosso país.
É inegável a ampliação da visão, nos últimos anos, no sentido de que
o processo judicial não constitui a via adequada para a composição de
todos os conflitos, devendo o Estado oferecer outros mecanismos para
garantir o acesso à justiça (TARTUCE, 2018, p. 4)

Dessa forma, as partes são efetivamente juízes das suas próprias relações.
Os interessados passam a examinar seus direitos e deveres contando com o
auxílio de um profissional capacitado chegam a um consenso, efetivando de fato
o pleiteado com celeridade e chegando a um acordo satisfatório.

Existem, em nosso país, três espécies de autocomposição:

• negociação: quando o acordo é firmado entre as partes, sem que haja a


intervenção de terceiros;
• mediação: quando o acordo é firmado na presença de um terceiro imparcial,
que ajudará na manutenção da ordem e do diálogo;
• conciliação: quando existe a presença de um terceiro imparcial, interferindo
com fatos e informações relevantes sobre o litigio, buscando a melhor forma
de solucionar o impasse.

As formas de heterocomposição ocorrem quando a solução de um conflito


é decidida por um terceiro, arbitro ou juiz, determinando uma resposta imperativa
em relação às partes. Existem duas formas de heterocomposição:
105
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

• arbitral: quando as partes escolhem um terceiro de confiança para decidir a


demanda;
• jurisdicional: que ocorre quando uma das partes acessa o Poder Judiciário para
resolver a questão litigiosa, através de decisão proferida pelo Estado Juiz.

No Brasil, a heterocomposição e a autocomposição são meios validos no


atual sistema brasileiro vigente, e devem ser empregadas de maneira a abrandar
os conflitos de interesses. Sendo que, existem as judiciais, que seguem as regras
de formação do Poder Judiciário, que estudamos anteriormente e as formas
extrajudiciais, que passaremos a analisar em seguida.

2 ARBITRAGEM
A arbitragem que já estava presente no nosso ordenamento jurídico no
Código Civil de 1916, sem muita utilização. Foi regulamentada pela Lei nº 9.307, de
23 de setembro de 1996, tornando mais efetiva, ao indicar que seria desnecessário
a homologação judicial para as sentenças arbitrais, dispõe o artigo 18 da Lei
9.307/1996 “O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica
sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário” (BRASIL, 1996, art. 18).
A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado,
jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de
direitos patrimoniais e disponíveis por sentença arbitral, definida
como título executivo judicial e prolatada pelo árbitro, juiz de fato
e de direito, normalmente especialista na matéria controvertida.
(SCAVONE JÚNIOR, 2020, p. 2)

O conceito de arbitragem, como podemos observar se modificou ao


longo do século XX, e atualmente tem força equivalente a uma sentença judicial
transitada em julgado. Sendo considerado um título executivo judicial, conforme
artigo 515, inciso VII do Código de Processo Civil de 2015.

Assim, a arbitragem tem sido uma opção de garantia mais rápida de


efetivação de direitos, mediante uma sentença que tem força de título executivo.
Aqueles que preferem a arbitragem, quando aplicável, costumam
apontar diversas vantagens. Nessa medida:
a) Especialização: na arbitragem, é possível nomear um árbitro
especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre
as partes. A solução judicial de questões técnicas impõe a necessária
perícia que, além do tempo que demanda, muitas vezes não conta com
especialista de confiança das partes do ponto de vista técnico.
b) Rapidez: na arbitragem, o procedimento adotado pelas partes é
abissalmente mais célere que o procedimento judicial.
c) Irrecorribilidade: a sentença arbitral vale o mesmo que uma sentença
judicial transitada em julgado e não é passível de recurso.
d) Informalidade: o procedimento arbitral não é formal como o
procedimento judicial e pode ser, nos limites da Lei 9.307/1996,
estabelecido pelas partes no que se refere à escolha dos árbitros e

106
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

do direito material e processual que serão utilizados na solução do


conflito. e) Confidencialidade: a arbitragem pode ser sigilosa e nesse
particular diverge da publicidade que emana, em regra, dos processos
judiciais a teor do art. 189 do CPC (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 8).

Vale apenas ressaltar que a execução da decisão arbitral, mesmo tendo
força de título executivo judicial, deverá ser submetida ao judiciário. Assim, se
a decisão arbitral não for cumprida pela parte, o interessado deve procurar o
judiciário para o ajuizamento de uma Ação de Execução.

A Lei de Arbitragem, Lei nº 9.307/96, estabelece que se os direitos em


conflito são patrimoniais e disponíveis, as partes podem optar por uma solução
arbitral e quais normas de direito material serão aplicadas pelo árbitro, nacionais
ou estrangeiras, conforme o melhor interesse das partes.
Logo, podem escolher:
a) leis internacionais de comércio;
b) lex mercatoria, ou seja, de acordo com Irineu Strenger, “o
conjunto de regras emanadas de entidades particulares, organismos
internacionais, ou de origem convencional, de natureza ‘quase legal’,
que atua desvinculada das jurisdições específicas ou de sistemas legais
de qualquer país”;17
c) leis internacionais;
d) leis corporativas;
e) equidade, ou seja, o que parecer coerente e justo ao árbitro; e,
f) princípios gerais de direito. Se não escolherem uma dessas
possibilidades, por evidente – e até se recomenda para evitar
discussões acerca da afronta à ordem pública – será utilizado o direito
nacional, tal qual determina o art. 9º da Lei de Introdução às normas
do Direito Brasileiro (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 11).

A arbitragem, portanto, poderá ser de direito, sem desrespeitar a ordem


pública, poderão as partes escolher as normas a serem aplicadas. Entretanto, se
as partes não escolherem o árbitro chegará à solução baseada nas leis nacionais,
de acordo com os artigos 2º e 11 da Lei 9.307/96.

Vale lembrar que as partes também podem optar por equidade, mesmo
que exista lei disciplinando a matéria. A única ressalva é que a decisão arbitral não
contrarie as normas vigentes. A solução arbitral pode, ainda, ser fundamentada
nos princípios gerais do direito e nos usos e costumes, à critério dos interessados.

O artigo 1º da Lei nº 9.307/96, limita a utilização do juízo arbitral, dispondo


“As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis” (BRASIL, 1996). Dessa forma,
podemos perceber que apenas questões relativas ao patrimônio disponível é que
poderão ser submetidas ao juízo arbitral.

A arbitragem pode ser institucional ou avulsa, isto é, pode ser prestada


por uma instituição ou por um profissional avulso.

107
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Surge, assim, a arbitragem institucional ou administrada, na qual existe


uma instituição especializada que administrará a arbitragem, com regras
procedimentais de acordo com a Lei de Arbitragem (Lei 9.307/1996)
acerca dos prazos, forma da prática dos atos, maneira de escolha dos
árbitros, custos para a realização da arbitragem, forma de produção de
provas, entre outras regras indispensáveis ao procedimento.
Nesse sentido, o art. 5º da Lei 9.307/1996: “Reportando-se as partes,
na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral
institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e
processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes
estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma
convencionada para a instituição da arbitragem”.
A título de exemplo, seguem, ao final, em material suplementar, as
normas institucionais da Câmara de Comércio Brasil-Canadá.
Por outro lado, existe a arbitragem avulsa, também conhecida como
arbitragem ad hoc, que se realiza sem a participação de uma entidade
especializada.
De fato, ninguém pode ser compelido a vincular a decisão arbitral a
uma instituição que se destine à arbitragem.
Poderão, assim, as partes, contratar um árbitro e, com isso,
normalmente reduzir os custos da arbitragem.
Todavia, nesse caso, embora os custos da arbitragem sejam em regra
menores, como não há a administração do procedimento pela entidade
especializada, as partes deverão dispor sobre o procedimento e, no
caso de lacuna, os árbitros deverão decidir.
Demais disso, o risco de nulidade, por evidente, é substancialmente
maior, além de ensejar discussões acerca do procedimento detalhado na
cláusula ou no compromisso arbitral. (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 20)

Da mesma maneira que ocorre com o processo jurisdicional, o


procedimento arbitral tem regras a serem seguidas, que estão determinadas nos
artigos 19 a 22 da Lei nº 9.307/96. Iniciada com a nomeação do árbitro e findo com
a decisão proferida pelo mesmo. Os atos praticados ao longo do procedimento
têm nomenclatura própria a defini-los.
Assim, classificam-se os atos (gênero) dos árbitros tomando-
se por critério o seu conteúdo (decisório ou não), a saber: a)
pronunciamentos arbitrais: a1) de conteúdo decisório (sentença e
decisão [“interlocutória”]); a2) sem conteúdo decisório (despachos –
de impulso processual ou de mero expediente, correicional processual
ou correicional administrativo); b) atos arbitrais diversos (tais como
atividades instrutórias e de condução do processo; atividades
fiscalizadoras em geral). (FIGUEIRA JR., 2019. p. 318)

O único requisito objetivo para uma pessoa exercer a atividade de árbitro é


estar em pleno gozo da capacidade civil, conforme artigo 13 da Lei nº 9.307/96 “Pode
ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes” (BRASIL,
1996). Sendo perfeitamente possível, que um profissional de serviços jurídicos
venha a exercer essa atividade, se os interessados o escolherem para a função.

Poderá, ainda, representar o interesse dos clientes junto a esse juízo.


Portanto, é fundamental que esteja bem inteirado do funcionamento das câmaras
arbitrais e principalmente, estar familiarizado com as regras da Lei de Arbitragem.

108
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

3 CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Os métodos alternativos de solução de conflitos são utilizados desde
os primórdios do direito. Foram utilizados na Grécia antiga e em Roma. Assim
como o direito, tais meios evoluíram e com a solidificação da função pacificadora
do Estado a cada dia mais, se consolidam para a promoção de paz social.
A mediação é um instituto bastante antigo: sua existência remonta
aos idos de 3000 a.C. na Grécia, bem como no Egito, Kheta, Assíria e
Babilônia, nos casos entre as Cidades-Estados. Os romanos formaram
uma cultura jurídica que influi, ainda hoje, em nossa legislação. Na
antiga Roma, o arcaico Diritto Fecciali, isto é, direito proveniente da fé,
em seu aspecto religioso, era a manifestação de uma justiça incipiente,
onde a mediação aparece na resolução dos conflitos existentes. O
direito romano já previa o procedimento in iure e o inijudicio, que
significavam, na presença do juiz, o primeiro, e do mediador ou
árbitro, o segundo. No antigo ordenamento ático e, posteriormente,
no ordenamento romano republicano, a mediação não era reconhecida
como instituto de direito, mas sim, como regra de mera cortesia
(CACHAPUZ, 2003, p. 24).

Atualmente, esses meios de autocomposição são bastante difundidos, com


o objetivo, principal de garantir o acesso à justiça de forma mais célere e eficaz.
Tanto a conciliação e a mediação judiciais e extrajudiciais têm sido utilizadas com
mais frequência.
São princípios comuns à mediação e à conciliação (CPC, art. 166, e Lei
13.140/2015, art. 2º):
a) Independência, ou seja, o mediador e o conciliador devem se manter
distantes das partes, sem se envolver com qualquer dos contendores;
b) Imparcialidade, que impede qualquer interesse ou vínculo dos
mediadores ou conciliadores com as partes. Nos termos do parágrafo
único do art. 5º da Lei 13.140/2015, que trata da mediação e, por
extensão, da conciliação, no início dos trabalhos o mediador – e também
o conciliador – “tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação
da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida
justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito,
oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas”;
c) Oralidade, não havendo, inclusive, registro ou gravação dos atos
praticados durante o procedimento de mediação, notadamente em
razão da confidencialidade, que, em regra, o cerca, nos termos dos
arts. 30 e 31 da Lei 13.140/2015 e do art. 166 do CPC;
d) Autonomia da vontade das partes. No procedimento de mediação,
as partes chegarão, se quiserem, a um acordo quanto à situação
conflituosa e, demais disso, o princípio da autonomia da vontade
implica afirmar que “ninguém será obrigado a permanecer em
procedimento de mediação” (§ 2º do art. 2º da Lei 13.140/2015);
e) Decisão informada. “... o princípio da decisão informada estabelece
como condição de legitimidade para a autocomposição a plena
consciência das partes quanto aos seus direitos e a realidade fática na
qual se encontram. Nesse sentido, somente será legítima a resolução
de uma disputa por meio de autocomposição se as partes, ao
eventualmente renunciarem a um direito, tiverem plena consciência
quanto à existência desse seu direito subjetivo”;

109
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

f) Confidencialidade. Os procedimentos de mediação e conciliação


são confidenciais e toda informação coletada durante os trabalhos não
poderá ser revelada pelo profissional, pelos seus prepostos, advogados,
assessores técnicos ou outras pessoas que tenham participado do
procedimento, direta ou indiretamente, e, evidentemente, nessa
medida, não podem testemunhar (§ 2º do art. 166 do CPC e arts. 30 e
31 da Lei 13.140/2015). A confidencialidade atinge, inclusive, as partes
(SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 290).

3.1 DA CONCILIAÇÃO
A Conciliação é o método de autocomposição da lide, no qual o conciliador
sugere meios pelos quais as partes cheguem à solução do conflito. Mas, o conciliador
não poderá impor a adoção de determinada postura, pela parte, para solução da
demanda, como faz o juiz de direito, nos meios de heterocomposição. Será utilizada
quando não houver vínculo social prolongado anterior entre as partes.
A conciliação pode ser extraprocessual ou endoprocessual. Em ambos
os casos, visa a induzir as próprias pessoas em conflito a ditar a solução
para a sua pendência. O conciliador procura obter uma transação entre
as partes, ou a submissão de um à pretensão do outro, ou a desistência
da pretensão (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 34).

As partes fazem concessões mútuas, utilizando caminhos sugeridos pelo


conciliador para chegarem conjuntamente à solução do problema. O conciliador
tem atuação direta propondo ajustes nas propostas até que se chegue a um acordo.

O conciliador que abordaremos nesse tópico não é o conciliador judicial,


que atua como auxiliar da justiça nas audiências de conciliação (CPC, art. 334), nos
termos dos arts. 165 a 175 do CPC, pois este é estudado como um dos auxiliares
da justiça e suas atribuições estão diretamente vinculadas ao Poder Judiciário no
exercício de função jurisdicional.

O conciliador extrajudicial atuará como auxiliar na solução das demandas


que pretendem ser solucionadas através de meios de autocomposição, sem ser
levada a apreciação do judiciário. Esse conciliador não está definido em lei
especifica, portanto, aplica-se a sua atuação por analogia, as regras estabelecidas
no Código de Processo Civil. Assim, o conciliador deve se submeter a um curso
que o capacite para o exercício da função.
Além do curso de capacitação, o CPC, diferentemente do mediador
judicial, nos termos da Lei 13.140/2015, não exigiu formação superior
ou formação superior jurídica específica, ao menos expressamente.
Nada obstante, requer, especialmente dos conciliadores judiciais,
o respeito ao “princípio da decisão informada” (CPC, art. 166) em
atividade que implica “sugerir” a solução da controvérsia, de tal
sorte que entendemos que a formação jurídica superior será requisito
inafastável, seja a teor do que dispõe o art. 166 do CPC (decisão
informada), seja em razão de interpretação sistemática com o art. 11
da Lei 13.140/2015 (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 293).

110
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

Vale lembrar que a conciliação segue o “princípio da decisão informada”,


o qual determina como condição a autocomposição através de conciliação, que
as partes tenham total conhecimentos de seus direitos, relacionados no conflito
a ser solucionado. Assim, para que isso seja alcançado de forma adequada, é
fundamental que o conciliador tenha conhecimentos jurídicos, como um bacharel
em direito ou um tecnólogo de serviços jurídicos.

Nas conciliações judiciais as partes devem estar acompanhadas de


advogado, exceto nos casos que a lei permite a representação pessoal, como nos
Juizados Especiais Cíveis, por exemplo. Porém, nas conciliações extrajudiciais,
as partes não necessitam de representação, sendo, ainda, mais flagrante a
necessidade da formação jurídica do conciliador.

Pois, nessa hipótese, deverá fornecer todas as informações relacionadas ao


direito questionado, permitindo que a parte esteja bem informada para que tome
a decisão mais adequada aos seus interesses e promova de forma correta a justiça.

3.2 DA MEDIAÇÃO
A mediação é o método de autocomposição da lide utilizado quando
houver vínculo social anterior prolongado entre as partes. O mediador atua com
a função precípua de reestabelecer o diálogo entre as partes.
A mediação assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam a
intermediação de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação
de seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca
sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação objetiva
trabalhar o conflito, surgindo o acordo como mera consequência
(CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 34).

Assim como na conciliação, a mediação pretende a resolução do conflito


através de acordo entre as partes. Entretanto a mediação não oferece uma solução,
mas, sim dá a oportunidade para que as partes mediante diálogo, alcancem
conjuntamente a solução para a questão enfrentada, de forma consensual.

O mediador tem atuação diversa do conciliador, pois deve ser neutro e


imparcial. Deve agir apenas como um moderador, sem sugerir nenhuma solução
para o problema enfrentado. As partes são as únicas responsáveis pela solução
do conflito de interesses. O mediador deverá, somente, assegurar as mínimas
condições de cordialidade e diálogo entre as partes.

A solução, portanto, não é trazida pelo mediador. Desta forma, não será
exigido tanto conhecimento técnico jurídico, como é exigido do conciliador.
Entretanto, os assuntos abordados em uma mediação são muito mais delicados
e, principalmente, em mediações que envolvam direito de família, exigem uma
sensibilidade muito maior para que o diálogo entre os envolvidos ocorra de
maneira proveitosa.

111
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O mediador, assim como o árbitro, é qualquer pessoa capaz que goze


da confiança das partes (art. 9º da Lei 13.140/2015).
O mediador pode ser judicial, designado no curso de processo judicial
ou extrajudicial, na exata medida em que atuar antes da existência de
qualquer conflito.
Sendo extrajudicial, a Lei 13.140/2015 não exigiu qualquer formação
específica ou superior, limitando-se a ser capaz e gozar da confiança
das partes.
Todavia, se o mediador for judicial, nos termos do art. 11 da Lei
13.140/2015, escolhido pelas partes ou por livre distribuição, além
do curso de capacitação (art. 167 do CPC), deverá ser graduado há
pelo menos 2 (dois) anos em curso de ensino superior e que tenha
obtido capacitação em escola ou entidade de formação de mediadores,
reconhecida pelo Conselho Nacional de Justiça ou pela Escola Nacional
de Mediação e Conciliação do Ministério da Justiça.
Pelas peculiaridades da mediação e em razão da Lei 13.140/2015,
especial, não haverá necessidade de formação superior específica em
Direito, como se exige do conciliador em interpretação plausível, que
tem a função de sugerir a solução do conflito e respeitar o princípio da
decisão informada.
Os mediadores são designados pelo tribunal ou escolhidos pelas
partes (art. 4º da Lei 13.140/2015).
Lembre-se que a mediação, diferentemente da conciliação judicial (CPC,
art. 334), é sempre voluntária (art. 2º, V e § 2º, da Lei 13.140/2015), não
havendo como impor o procedimento se ambos com ele não concordarem
e, bem assim, devem aceitar o mediador que, assim como o árbitro, deve
ser da confiança das partes (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 294).

Verifica-se que o profissional de serviços jurídico terá ampla adequação


para atuar como mediador. Pois, está familiarizado com as regras utilizadas para
mediação, terá conhecimento técnico que possa auxiliar na função. Basta, apenas,
que curse a especialização exigida pelo Conselho Nacional de Justiça, em um de
seus cursos de formação de mediador.
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz
que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação,
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de
classe ou associação, ou nele inscrever-se (BRASIL, 2015, art. 9°).

Vale ressaltar que o artigo 167 do Código de Processo Civil dispõe sobre
o cadastro dos mediadores, conciliadores e câmaras privadas de mediação e
conciliação.
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de
conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que
manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua
área profissional.
§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso
realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular
definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o
Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo
certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
§ 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso
público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou

112
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados


necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser
observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio
da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
§ 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e
mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação,
tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou
insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia,
bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.
§ 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados
sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos
anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos
e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de
conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.
§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do
caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos
juízos em que desempenhem suas funções.
§ 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de
provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo (BRASIL,
2015, art. 167).

Portanto, as câmaras de conciliação e de mediação podem ser privadas e


atuarão em paralelo ao Poder Judiciário, como meio de descongestionar aquele
poder e conseguir para as partes uma solução para seus problemas de forma mais
célere e permitindo o acesso à justiça através de técnicas de autocomposição.

A remuneração dos mediadores seguirá de acordo com uma tabela


fornecida pelo Tribunal. Essa remuneração valerá tanto para as conciliações e
mediações judiciais, quanto as extrajudiciais. Sendo fixado, um percentual de
atendimento gratuito, até mesmo nas câmaras privadas cadastradas.

Por outro lado, se a câmara privada não estiver cadastrada no tribunal, não
terá esse percentual de atendimento gratuito fixado. O que, a princípio, parece que
afasta o interesse no cadastramento, mas há de se lembrar que o registro da câmara
privada no Tribunal, pode representar maior confiabilidade na prestação do serviço.

A mediação tem seu procedimento disciplinado na Lei nº 13.140 de 2015.


Tal lei, também, será aplicada aos procedimentos de conciliação, no que couber.
Estabelece, em seu artigo 17, que a mediação será considerada instaurada na data
em que for realizada a primeira reunião de mediação e que a prescrição ficará
suspensa durante o procedimento de mediação.
Posta assim a questão pela Lei de Mediação, embora não haja
previsão expressa desse documento, recomenda-se, para fixar a
suspensão da prescrição, a assinatura do termo inicial de mediação
que conterá: a) a qualificação das partes e dos seus procuradores,
quando houver; b) o nome, a profissão e o domicílio do mediador ou
dos mediadores e, ainda, se for o caso, a identificação da entidade à
qual as partes delegaram a indicação de mediadores; c) a descrição
do conflito submetido à mediação/conciliação; d) a discriminação
da responsabilidade pelo pagamento das despesas com a mediação
e dos honorários do mediador, independentemente de se chegar a

113
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

um consenso, o que não se aplica à conciliação ou mediação judicial,


cujas custas já contemplam essa fase do procedimento; e) o local, a
data e as assinaturas do mediador/conciliador, das partes e dos seus
procuradores, quando houver (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 301).

A assinatura de termos de confidencialidade ao longo do procedimento


de mediação garante mais estabilidade às partes para declararem suas vontades,
no objetivo de alcançar uma solução conjunta para a questão controversa que está
sendo discutida.

As reuniões serão agendadas sempre com a anuência de ambas as partes.


Embora, possam ser realizadas entre o mediador e apenas uma delas. Assim,
concluímos que o mediador pode reunir-se conjunta ou separadamente com os
interessados, mas sempre a outra parte deverá ter conhecimento da reunião e
concordar com a sua realização.

As mediações extrajudiciais estão previstas nos artigos 21 a 23 da Lei nº


13.140/15. Considerando que o convite para que o processo de mediação seja
iniciado poderá ser feito através de qualquer meio de comunicação. Permitindo,
dessa forma, a utilização de meios eletrônicos para que sejam efetuados.

A mediação extrajudicial pode ser baseada em previsão contratual e, se


assim o forem, as partes ficarão vinculadas a sua realização. Sendo suspensos
procedimentos de heterocomposição da lide, como arbitragem ou processos
judiciais, até o término da mediação.

Destaca-se, portanto, a atuação do profissional de serviços jurídicos que


poderá desempenhar papel de mediador nas câmaras privadas de conciliação e
de mediação. Tornando o acesso à justiça mais garantido a todos os interessados.
Afinal, os meios alternativos de composição das lides a cada dia que passa são
mais incentivados pelo legislador e procurados pelas partes.

114
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA

LEITURA COMPLEMENTAR

ESPECIALISTA EXPLICA DIFERENÇAS ENTRE MEDIAÇÃO JUDICIAL E


EXTRAJUDICIAL
Migalhas.com.br

O procedimento extrajudicial pode ser utilizado antes, durante e até


mesmo depois da prolação de uma sentença.

A legislação tem provocado mudanças a fim de promover os métodos


alternativos de solução de conflitos, como a conciliação e a mediação. A mediação
é uma forma rápida e menos onerosa para resolver conflitos, e pode ser judicial
ou extrajudicial.

Apesar de serem semelhantes, os métodos possuem algumas diferenças:


na mediação extrajudicial, realizada por um mediador ou câmara privada, as
partes podem escolher o mediador e como desejam realizar o procedimento.
Além disso, a mediação extrajudicial é ainda mais célere.

Na mediação judicial, as audiências são realizadas por um mediador


indicado, com escolha limitada ao rol dos mediadores cadastrados no respectivo
tribunal. A lei de mediação (13.140/15) reforçou a necessidade de Tribunais
criarem centros judiciários de solução consensual de conflitos – os Cejuscs. Esses
centros já estão em funcionamento e podem ser procurados pela sociedade.

Para o coordenador da câmara privada Vamos Conciliar, Pedro Samairone,


recorrer aos CEJUSCS é valido, mas a mediação extrajudicial pode ser mais viável. Ele
destaca que as câmaras privadas contam com profissionais qualificados e já realizam
mediações até de forma online, sem a necessidade de deslocamento ou mesmo um
procedimento pré-processual nos Cejuscs. Para o especialista, é uma solução para as
partes e para o Judiciário, pois contribui para dirimir a sobrecarga de processos.

Sobre a validade do procedimento, Samairone explica que não há prejuízo para


as partes que optarem pela mediação extrajudicial. Se obtido o consenso, é emitido um
termo de acordo extrajudicial, que é assinado pelas partes e pelo mediador. As partes
podem optar em requerer homologação do termo no Judiciário, contudo, este termo
possui validade e força de título executivo extrajudicial.

Os procedimentos podem ser utilizados em casos trabalhistas, conflitos entre


familiares, cobrança de dívidas, relações de consumo e até mesmo pensão alimentícia.
É importante destacar que os métodos autocompositivos não podem ser empregados
em casos onde houve violência doméstica ou de crimes contra a vida.

A mediação pode ser utilizada a qualquer momento: antes de ser


judicializado, durante o curso do processo judicial e até mesmo depois de ser
proferida uma sentença. Além disso, as partes têm total liberdade para conduzir
o procedimento e encontrar soluções com ganhos mútuos.
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/quentes/271511/especialista-explica-diferencas-entre-
-mediacao-judicial-e-extrajudicial>. Acesso em: 20 jul. 2020.

115
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os métodos adequados de solução de conflitos proporcionam as partes


litigantes uma melhor visão de seus problemas, para assim chegar a um
consenso.
• Os métodos alternativos estão presentes no contexto social desde a antiguidade
até os dias atuais, e ao longo dos anos vem sendo moldado pela sociedade
com o intuito de solucionar os conflitos sociais.
• A sociedade vem percebendo que a arbitragem, a mediação e a conciliação
não só contribuíram para desafogar o judiciário, mas também como um meio
de pacificação social.
• A arbitragem é método de heterecomposição da lide, através do qual se obtém
um título executivo judicial por uma decisão proferida por um arbitro.
• A conciliação é meio de autocomposição de litígios, no qual o conciliador
aponta os caminhos que devem ser seguidos pelas partes com o objetivo de
alcançarem um acordo satisfatório.
• A mediação também soluciona os conflitos de interesse através da
autocomposição. Entretanto, diferente do que ocorre na conciliação, o
mediador tem a função de reestabelecer o diálogo entre as partes, as quais,
juntas, chegarão a um acordo espontâneo.

CHAMADA

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116
AUTOATIVIDADE

1 (VUNESP, 2018, TJ-RS) Quanto à arbitragem em geral, assinale a alternativa


correta.
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/da315de9-4f>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Terá efeito suspensivo a apelação contra sentença que julga procedente


o pedido de instituição de arbitragem.
b) ( ) O juiz poderá conhecer de ofício sua existência para extinguir a ação.
c) ( ) Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que rejeita a
alegação de convenção de arbitragem.
d) ( ) Tramitam em segredo de justiça todos os processos que versem sobre
arbitragem.
e) ( ) Haverá julgamento de mérito quando o juiz colher a alegação de
existência de convenção de arbitragem.

2 (IESES, 2016, TJ-MA) A Cláusula de Mediação em um contrato:


FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/f729e671-23>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Obriga as partes a comparecer em uma primeira reunião de mediação e


não a permanecer no processo de mediação.
b) ( ) Determina a obrigatoriedade da mediação judicial.
c) ( ) Determina a obrigatoriedade da mediação extrajudicial.
d) ( ) Não vincula as partes.

3 (FCC, 2019, DPE-SP) Considerados os dispositivos da Lei nº 13.140/15, a


respeito da mediação é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/56d91d27-6b>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) Se as partes se comprometeram por cláusula de mediação a não iniciar


processo judicial durante certo prazo, o juiz suspenderá o curso da ação
pelo prazo previamente acordado, ressalvadas as medidas de urgência
para evitar o perecimento de direito.
b) ( ) Na mediação judicial, os mediadores se sujeitam à prévia aceitação
das partes, além de serem aplicadas as mesmas hipóteses legais de
impedimento e suspeição do juiz.
c) ( ) A realização de procedimento de mediação interrompe o prazo
prescricional.
d) ( ) O mediador deverá reunir-se sempre em conjunto com as partes, vedada
a sua reunião separada com uma das partes sem a participação da outra,
a fim de resguardar a sua imparcialidade.
e) ( ) Caso não haja previsão completa a respeito da mediação extrajudicial, o
não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação
acarretará a assunção integral das custas e honorários sucumbenciais
em procedimento arbitral ou judicial posterior.
117
4 (VUNESP, 2018, PGE-SP) Em relação aos diversos meios de solução de
conflitos com a Administração Pública, é CORRETO afirmar que:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/4a7d90de-70>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios suas


autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e
sociedade de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos
ou entidades da Administração Pública federal à Advocacia-Geral da
União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
b) ( ) Mesmo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos
ou concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo
estão incluídas na competência das câmaras de prevenção e resolução
administrativa de conflitos.
c) ( ) Os conflitos que envolvem equilíbrio econômico-financeiro de contratos
celebrados pela Administração Pública com particulares não podem
ser submetidos às câmaras de prevenção e resolução administrativa de
litígios, exceto quando versarem sobre valores inferiores a quinhentos
salários-mínimos.
d) ( ) A instauração de procedimento administrativo para resolução
consensual de conflito no âmbito da Administração Pública interrompe
a prescrição, exceto se se tratar de matéria tributária.
e) ( ) O procedimento de mediação coletiva, para solução negociada de
conflitos, no âmbito da Administração Pública estadual, não pode versar
sobre conflitos que envolvem prestação de serviços públicos, salvo se
esses serviços públicos forem relacionados a transporte urbano.

5 (FCC, 2016, Prefeitura de Campinas - SP) Em relação à audiência de


conciliação ou de mediação, é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/565f61ae-24>.
Acesso em: 20 jul. 2020.

a) ( ) A audiência não será realizada se qualquer das partes, ainda que


isoladamente, de maneira expressa ou tácita, manifestar seu desinteresse
na composição consensual.
b) ( ) As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores
públicos, podendo constituir representantes, por meio de procuração
específica, com poderes para negociar e transigir.
c) ( ) A intimação do autor para essa audiência será realizada pessoalmente,
por via postal, ou, se incabível, por mandado a ser cumprido pelo Oficial
de Justiça.
d) ( ) Se houver desinteresse na autocomposição, o autor deverá apontá-la na
petição inicial, cabendo ao réu fazê-lo por ocasião de sua contestação,
necessariamente.
e) ( ) O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de
conciliação é considerado ato de litigância de má-fé, sendo apenado
com multa de até cinco por cento da vantagem econômica pretendida
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.

118
UNIDADE 3 —

ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL


DE SERVIÇOS JURÍDICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender como o profissional de serviços jurídicos deve promover o me-


lhor atendimento ao cliente;

• identificar as formas mais seguras de serviços jurídicos em processos;

• compreender a informatização judicial dos processos;

• aprender a importância da Lei de Proteção de Dados na prestação de


Serviços Jurídicos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE.

TÓPICO 2 – DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

TÓPICO 3 – A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS


JURÍDICOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

119
120
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

1 INTRODUÇÃO

O cliente de serviços jurídico, em regra, procura um profissional do direito


com o objetivo de solucionar algum problema ligado a violação de um direito.
Dessa forma, entendemos que para o cliente ficar satisfeito com a prestação de
serviço, ele deve perceber o quanto de atenção foi dispensada para a solução do
seu problema.

O atendimento ao cliente, neste caso, requer uma preparação especial e


cuidadosa desde o primeiro momento em que será recebido pelo prestador de
serviços jurídicos. Pois não estamos diante de uma prestação de serviços comum.
O serviço é uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais
ou menos intangível – que normalmente, mas não necessariamente,
acontece durante as interações entre cliente e empregados de serviço
e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de serviços
– que é fornecida como solução ao(s) problema(s) does) cliente(s)
(GRONROOS, 1993, p. 36).

A decoração do escritório, a educação da secretária e todo o conhecimento


que expressado pelo profissional são também considerados pelo cliente. Mas
na maioria das vezes, não são questões relevantes que determinem ou não a
contratação de determinado profissional.

Certamente, aquele que procura uma solução jurídica para uma lide,
deseja a contratação de um profissional que inspire confiança de que o resultado
pretendido seja alcançado. Desta forma, o profissional de serviços jurídicos
deverá demonstrar organização, objetividade e profissionalismo.

Assim, passaremos a estudar neste tópico, tudo o que é essencial para um


atendimento de qualidade e garantia da melhor prestação de serviços jurídicos.

121
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DE


TRABALHO
Todas as empresas precisam estabelecer uma rotina de trabalho para
oferecer aos clientes uma prestação de serviço eficaz. Assim, devemos considerar
as peculiaridades do atendimento à um cliente que se socorre de um escritório de
advocacia com o objetivo de ter seus direitos salvaguardados, em conformidade
com as garantias constitucionais de dignidade humana.

Os autores Thakor e Kumar (2000, p. 81) entendem que os serviços


profissionais têm as seguintes características:
a) o serviço requer alto nível de perícia;
b) a qualidade do serviço não é facilmente mensurável pelo cidadão
comum;
c) o serviço é considerado de importância crítica;
d) a recomendação de outros é fundamental na seleção do prestador
do serviço;
e) a falta de nitidez acerca da natureza do serviço.

Portanto, os serviços são intangíveis, inseparáveis, simultâneos e


heterogêneos. Ressaltamos que nos serviços jurídicos a intangibilidade atinge
um nível bastante alto e tem como consequência a criação de grande expectativa
do cliente com relação ao serviço esperado, por decorrência de um considerável
nível de incerteza e risco.

Além disso, é impossível a avaliação da prestação do serviço jurídico


antes do seu início. Portanto, fica bem nítida a inseparabilidade, bem como a
simultaneidade nos serviços advocatícios, caracterizando a situação de produção
e consumos simultâneos.

A prestação de serviço jurídico pode ser considerada heterogênea, pois é


baseada em grande parte no componente humano. Desta forma, permite que a
qualidade da sua prestação seja qualitativa em conformidade com cada prestador,
ao longo do tempo. A heterogeneidade, também, é vista mediante a percepção de
um cliente em distintos momentos ou através das diferentes de percepções entre
diversos clientes.

Diante disso, fica claro ser de suma importância o atendimento no serviço


jurídico, que, por sua vez, reforça a visão a respeito da influência de fatores não
técnicos no julgamento da sua qualidade.

3 O ATENDIMENTO AO CLIENTE
O primeiro passo ao atender um cliente, envolve a apresentação. Muitos
escritórios de advocacia, suprimem essa parte, pois acreditam que o cliente que
os procura já tem ideia dos profissionais que ali atuam e conhecem previamente
seu trabalho, mediante alguma indicação.

122
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

Mas, ao contrário do que a maioria pensa, a apresentação é fundamental


para transmitir confiança ao cliente, mostrando a ele as habilidades e competências
que são desenvolvidas por aquela instituição e comprovando que merece o crédito
seja depositado naquela equipe de profissionais.

Vale lembrar que a apresentação não é uma apresentação individualizada


do currículo profissional e sim uma apresentação do escritório. Dessa forma a
imagem da organização pode parecer mais sólida no mercado. O cliente deve ser
apresentado a toda a equipe, advogados, secretária, estagiários e aos prestadores de
serviços jurídicos. Até mesmo a forma de vestir poderá ser considerada relevante.
A apresentação visual é uma característica importante na construção
de uma imagem pública. O exercício da nossa profissão exige algum
formalismo no modo de trajar que não pode ser desconsiderado pelo
advogado iniciante ou confundido com “tendências da moda”. A
seriedade do tema (o que justifica sua inclusão neste Manual) pode
ser atestada a partir da previsão do art. 58, XI, do EOAB e também
da posição consolidada no Conselho Nacional de Justiça atribuindo a
cada Tribunal a competência para ditar as regras de vestimenta. Não
raro nos deparamos com notícias de advogados que foram impedidos
de ingressar em fóruns por trajarem roupas consideradas inadequadas
ao munus. A medida, se aplicada com ponderação, quer assegurar
que a imagem externada pelo profissional não falte com os deveres de
decoro e discrição impostos pelo Código de Ética da OAB. Ademais,
é necessário observar que há atos processuais que exigem o uso das
‘vestes talares’ (alusão ao talus, calcanhar em latim): Beca. A Beca é
um símbolo do Direito do qual devemos nos orgulhar, tal como fez o
renomado jurista Piero Calamandrei ao declarar que, quando viesse
a falecer, queria ser enterrado com a sua Beca porque “se ela me
ensinou a abrir os portões de masmorras, me ensinará a abrir a porta
dos céus”! Na hora de exercer qualquer cargo jurídico, o estilo adotado
pelo profissional da Advocacia deve sempre considerar o bom-senso e
função por ele exercida (BREDA, 2015, p. 35).

A ideia de que o mais importante é a promoção de serviços jurídicos é


considerado um mito para a maioria dos especialistas contemporâneos. O que
deve ser considerada é a confiança que o cliente passa a ter no escritório que
pretende contratar.

O bom atendimento deve ser visto como parte da rotina normal de uma
organização prestadora de serviços jurídicos. Seria um meio de manutenção e
captação de clientes que se sentem mais seguros quando percebem o tratamento
individualizado que estão recebendo através de um bom atendimento.

123
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

FIGURA 1 – MODELO DE QUALIDADE DE SERVIÇOS DE GRÕNROOS

FONTE: <https://cutt.ly/IdmVLhq>. Acesso em: 8 jul. 2020.

Alguns profissionais entendem que demonstrar conhecimento jurídicos


seria o suficiente para captação do cliente. Entretanto é preciso mais. O escritório de
advocacia precisa demonstrar ao cliente mais do que o conhecimento técnico em sua
área de atuação, é fundamental que seja dado um suporte no atendimento ao cliente.

Os advogados têm uma rotina extremamente atribulada e precisam estar


presentes em audiências, elaborar contratos, redigir petições, fazem sustentação
oral perante os tribunais, entre diversas outras atividades. Assim, muitas vezes, o
atendimento fica negligenciado e não ocorre de maneira adequada, enfraquecendo
a imagem da organização.

O escritório de advocacia que conta com um profissional de serviços


jurídicos pode ser um diferencial no atendimento ao cliente, pois poderá se dedicar
mais ao atendimento personalizado proporcionando um acolhimento maior e
transmitindo a ideia de um serviço mais individualizado, como necessitam as
pessoas que pretendem acesso à justiça.

O último passo no atendimento ao cliente está ligado ao delicado tema de


cobrança de honorários. Toda prestação de serviço deve ser remunerada, e com a
prestação de serviços jurídicos não deve ser feita de forma diferente. Entretanto,
o atendimento ao cliente deve ser pautado em demonstrar a preocupação na
solução do caso concreto apresentado por ele.

O profissional de serviços jurídicos deve ter consciência que com o acesso


à internet o cliente, atualmente, já chega para a consulta com muitas informações
sobre o seu conflito obtidas através de ferramentas de pesquisa na web. Portanto,
é muito importante que fique claro para o cliente que os profissionais técnicos
que ele está consultando tem um conhecimento mais preciso e confiável.

Caso contrário, a consulta se tornaria, apenas uma tomada de orçamento,


sem considerar a qualidade do serviço a ser prestado. É preciso, antes de tudo,
ganhar a confiança do cliente e fazer com que entenda quais os benefícios de
contratar os seus serviços jurídicos, para posteriormente abordar o assunto
relativo ao custo da prestação dos serviços.

124
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

A proposta de honorários deve ser enviada por e-mail, com uma certa
formalidade. No dia seguinte ao da consulta. Demonstrando ao cliente uma
maior formalidade na proposta contratual além de demonstrar cuidado, também
transmitir com mais realidade a complexidade em se resolver um problema jurídico.

Ressalta-se que, como toda proposta contratual a de prestações de


serviços jurídicos deverá seguir as regras estabelecidas em lei. Vinculando o
proponente ao que foi estipulado, conforme dispõe o artigo 427 do Código Civil,
que estabelece “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso” (BRASIL, 2002).

O policitante, portanto, deve ser diligente ao enviar a proposta ao cliente


estabelecendo um prazo de validade. Tornando, assim, uma proposta entre
ausentes com prazo e permitindo que fique desobrigado se a resposta não for
enviada dentro do tempo estabelecido, em conformidade com o Código Civil:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
[...]
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro
do prazo dado (BRASIL, 2002).

4 O CADASTRO DO CLIENTE
O segundo passo que deve ser considerado é o cadastro do cliente, na
maioria das vezes por meio de software específico, ou, ainda hoje, manualmente,
por organizações que não aderiram as novas tecnologias. Arquivando as
informações dos clientes, fazendo com que o cliente se sinta ligado aquela
determinada organização.

O cadastro do cliente é interessante, não apenas para localização de dados,


mas também, que passe a receber informativos e algum momento posterior venha
a procurar novamente os serviços jurídicos oferecidos pelo escritório.

O profissional de serviços jurídicos que fica responsável pelo cadastro do


cliente, precisa deixar claro quais são os benefícios que o mesmo obterá com isso.
Um a boa prática seria um relatório, impresso do primeiro atendimento prestado.
Não se confundindo com um parecer técnico por escrito, mas uma descrição dos
pontos abordados no atendimento.

DICAS

Para mais informações sobre cadastro de clientes, assista ao vídeo Dica de


atendimento de clientes na Advocacia, disponível no endereço: https://www.youtube.
com/watch?v=-ycvxNOe4mY.

125
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

A partir dessas informações introduzidas no cadastro, se torna mais fácil e


pratico o atendimento personalizado que o cliente de serviços jurídicos necessita
para se sentir satisfeito e seguro na escolha de seu representante.

Assim, evita-se que o cliente procure o escritório para ter informações


sobre seu processo e tenha informações incompletas e contraditórias. Pois,
qualquer um dos profissionais que represente a organização poderá ter acesso
imediato ao cadastro que sempre deverá ser atualizado.

A prática da advocacia deve se basear na educação do cliente, como


explica João Ozório de Melo:
O consultor de marketing Trey Ryder tornou-se um profissional muito
requisitado depois que encontrou seu próprio nicho: a advocacia. Ele
desenvolveu a teoria de que o marketing para advogados deve se
basear na "educação" do cliente — e não em esforços de vendas, como
é comum em outras atividades.
Por "educação", ele entende: o advogado deve oferecer a seus clientes
e possíveis clientes uma visão jurídica de seus empreendimentos e de
sua vida; ensinar como se manter longe dos problemas; quando há
problemas, explicar sua extensão, suas consequências e as soluções
possíveis; instruí-los sobre os conhecimentos, as qualificações, a
experiência e a competência dele e de sua firma.
Em outras palavras, o advogado deve, de certa forma, exercer o
papel de um consultor, com capacidade para identificar problemas e
apresentar soluções. Isso feito, qualquer esforço de venda de serviços
jurídicos se torna desnecessário. O cliente "se vende" aos serviços
(MELO, 2013, s.p).

Dessa forma, fica claro que é fundamental para o profissional de serviços


jurídicos conhecer em detalhes quem é o seu cliente e os direitos que precisam
ser tutelados. Assim, o máximo de informações que uma organização colher no
cadastro do seu cliente facilitará identificação do assunto de interesse do mesmo.
Criam uma mensagem educativa única. Sabem que a educação é
a maior e mais pura forma de marketing. Sua mensagem educativa
contém uma explicação do problema do possível cliente, sua extensão
e suas consequências, bem como uma descrição da capacidade ou
qualificação do advogado (ou da firma), um relato de casos de sucesso
com outros clientes e recomendações de medidas que podem ajudar
o possível cliente a resolver seu problema e atingir seu objetivo.
Quanto mais bem explicadas forem as qualificações e a experiência
na mensagem, mais probabilidade haverá de resultar em contrato de
serviços jurídicos (MELO, 2013, s.p.).

126
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

5 AUTOMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE


Os clientes consideram a proatividade como característica essencial
para a contratação de um escritório de advocacia para representá-lo. Pois, a
atuação trará consequências diretas aos seus direitos que pretende que sejam
resguardados. Então, os colaboradores que buscam crescimento profissional têm
maior probabilidade de serem bem sucedidos. Mas os que buscam crescimento
pessoal e, porque não, acadêmico também, tem mais sucesso ainda.

Dessa forma, seriam considerados pelos clientes, melhores prestadores de


serviços aqueles que:
Criam seu próprio método operacional e promovem sua singularidade
no meio jurídico. Não há duas pessoas no mundo com a mesma
coleção de conhecimentos, qualificações e experiência. Assim, duas
pessoas não resolvem um problema jurídico da mesma maneira. Isso
posto, desenvolve um método único de ajudar as pessoas a resolver
seus problemas ou cumprir objetivos. Um método único de solucionar
problemas jurídicos pode ter repercussão na comunidade jurídica e na
imprensa (MELO, 2013, s.p.).

Podemos considerar que o sistema automatizado, seria uma forma


de garantir maior proatividade das organizações e garantir, com isso a maior
retenção de clientes. O suporte poderá se garantir pelo profissional de serviços
jurídicos ao uso de ferramentas tecnológicas adequadas. Otimizando as reuniões,
com uma constância nas notificações contendo informações básicas.

Os softwares jurídicos são as ferramentas mais completas, utilizadas


nas organizações para possibilitar a automatização do atendimento nos
serviços legais. Organizar as informações dos clientes e permitindo que todos
os profissionais da equipe estejam a par de todos os detalhes do caso e possam
atender adequadamente.

Alguns escritórios adotam, ainda, o sistema se informações de andamento


processuais, feitos de forma automatizada aos clientes. A cada mudança do status
do processo é emitido um relatório ao cliente. Essa prática faz com que o cliente
se sinta mais seguro e amparado.

Além disso, a utilização de inteligência artificial, através dos chatbots, que nada
mais são do que robôs programados para conversar com os clientes, podem solucionar
as dúvidas mais básicas dos clientes. Levando a transparência das organizações como
forma de conquistar a confiança e credibilidade dos usuários de serviços jurídicos.

DICAS

Para saber mais sobre chatbots, leia a matéria Chatbot: o que é, como
funcionam e 5 dicas práticas, disponível em: https://www.globalbot.com.br/chatbot.

127
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Mitos do marketing jurídico


Gustavo Rocha

Marketing jurídico é um tabu não apenas no Brasil, mas em vários


locais do mundo.

Nos EUA, mesmo com as permissões que lá existem – bem maiores que o
Brasil – temos muitos estudos e material interessante que pode ser aplicado aqui.

Divido um artigo que comenta 18 mitos americanos de marketing


jurídico escrito pelo consultor Trey Ryder e são aplicáveis em sua maioria no
Brasil, com comentários meus em azul.

Mito 1: “O propósito mais importante de meu marketing é promover meus


serviços”.
Errado. O propósito mais importante de seu marketing é estabelecer
credibilidade – e a percepção de que você é confiável. As pessoas evitam fazer
negócios com quem não confiam. Sempre que um cliente considera se deve
contratá-lo, ele também avalia se deve confiar em você.

Aqui não é diferente, temos que estabelecer confiança, credibilidade


para que a nossa marca prospere no mercado.

Mito 2: “Se eu investir bastante dinheiro em marketing, vou obter os resultados


que espero”.

Não necessariamente. Os resultados dependem mais dos métodos de


marketing que você usa. Se seu marketing não está produzindo resultados com
um orçamento razoável, também não vai funcionar com um grande orçamento.
O elemento fundamental é a estratégia que você usa, não o volume de dinheiro
que investe.

Investir sem medir/monitorar resultados não serve para nada. Invista,


mas controle.

Mito 3: “Minhas fontes de recomendação irão me enviar todos os novos clientes


que preciso”.

Isso funciona, em parte, se você trabalhar bem sua rede de recomendações.


Mas não será suficiente para você conquistar todos os clientes que precisa. Você
deve desenvolver um programa de marketing que atraia clientes diretamente
para você, para não ficar na dependência de uma única fonte.

Somente a indicação pode ser uma boa forma de captação, mas se for a
única a marca não prospera e cresce adequadamente. Tem que investir em redes
sociais, em relacionamento em grupos e pessoas que não conhece também.

128
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

Mito 4: “Quando os clientes ou possíveis clientes tiverem perguntas, eles irão


telefonar para mim”.

Muitas vezes isso não acontece. Muitas pessoas hesitam em telefonar,


se não souberem que seus telefonemas são bem-vindos. Ligar para um
advogado é ainda mais difícil para pessoas que ainda não estabeleceram um
relacionamento com ele. Em todas as suas comunicações, estimule as pessoas a
telefonar para você, se tiverem alguma pergunta ou algum problema. Boa parte
das chamadas resultarão em contratos.

Talvez um dos maiores problemas que temos aqui no brasil, a falta de


informação a clientes. Não espere o cliente, crie oportunidades para que o cliente
tenha contato com o escritório e mantenha a marca do mesmo viva na sua vida.

Mito 5: “Não é necessário colocar minha foto em meu material de marketing”.

Não é verdade. Fotografias são essenciais no quebra-cabeça do marketing.


Uma foto que expressa uma dose de simpatia, cordialidade e disposição ajuda, junto
com seus textos, a estabelecer, na mente do cliente, o senso de que já o conhece. Os
clientes não se importam com a aparência física do advogado. Importam-se com a
própria sensação de que o conhecem e de que ele merece confiança.

Até pode colocar como eles sugerem, mas tome cuidado para não
parecer um pavão no material. O importante é o conteúdo.

Mito 6: “Interagir com pessoas que não são clientes é uma perda de tempo”.

Errado. Sempre procure novas formas de interagir com possíveis clientes


ou fontes de recomendação. Quanto mais você fala com as pessoas, mais você
cria possibilidades de conquistar clientes, porque, a qualquer momento, elas
ou familiares e amigos irão precisar de um advogado. As pessoas gostam de
recomendar profissionais que lhes deram atenção. Não despreze ninguém
nesse esforço.

Pelo contrário, é justamente a oportunidade de garimpar novos


clientes!

Mito 7: “Tenho de ter cuidado para não me repetir quando falo com possíveis
clientes”.

Não é bem assim. Quando as pessoas recebem novas informações, que


não soem espetaculares, elas tendem a esquecer a maior parte. Se o possível
cliente não ouvir o que precisa ouvir, não vai contratá-lo. Na verdade, é bom se
repetir, quando se quer firmar uma ideia. De qualquer forma, você pode tentar
apresentar seus argumentos de uma forma diferente, de uma vez para outra.

129
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Repetir é necessário ao aprendizado. Repita e solidifique o


conhecimento ao cliente.

Mito 8: “As pessoas entendem o que eu falo, porque elas já estão familiarizadas
com a terminologia jurídica”.

Evidentemente, a maioria não está. Nem mesmo com os termos mais


simples. E seus argumentos não terão qualquer valor, se seu interlocutor não
entender o que está falando. Aliás, você nunca pode assumir que uma pessoa
conheça até mesmo assuntos que estão nos jornais e na televisão todos os dias.

Esqueça o jurisdiquês e fale claramente o que interessa e os direitos


do cliente!

Mito 9: “Os métodos de marketing não funcionam tão bem como antigamente”.

Não é verdade, obviamente. Se seu marketing não está funcionando, alguma


coisa está errada com ele. É preciso rever suas estratégias. E estratégias de marketing
devem ser tão bem planejadas e executadas quanto a atuação em um julgamento.

Ledo engano. Agora, mais do que antes, é essencial que se invista no


marketing para se obter melhores resultados! Estamos com mais de um milhão
de advogados. Como se destacar um dos outros? O marketing é a resposta!

Mito 10: “Quanto mais complexa for minha mensagem, mais interessados os
clientes ficarão em meus serviços”.

Não funciona assim. Ao contrário, as pessoas recebem uma carga


enorme de informações todos os dias e eliminam, automaticamente, as mais
complicadas. A mensagem expressa com simplicidade é a única com chance de
ganhar a atenção de possíveis clientes.

Justamente pelo contrário, quão mais simples ela for, mais o cliente
se interessa e acredita. Vivemos uma era em que ler é para poucos, a maioria
quer contratar pelo pouco que vê e sabe. Se o pouco for complexo, não irá
contratar mesmo!

Mito 11: “As imagens em uma comunicação de marketing não são tão
importantes quanto o texto”.

Errado. Combinar o texto com ilustrações é essencial para captar


a atenção das pessoas. É verdade que um bom conteúdo escrito é uma parte
essencial de seu marketing, incluindo para os mecanismos de busca da Internet.
Mas fotos, gráficos ou qualquer outro tipo de ilustração podem captar a atenção.
Não adianta um texto sensacional, se as pessoas não se sentirem atraídas a lê-lo.
Se não houver ilustração, o título deve cumprir essa missão de atrair as atenções.

130
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

Combinar ambos os elementos são essenciais. Contudo, apenas


imagens não são uma boa forma de resultado prático.

Mito 12: “As pessoas não se importam se eu demoro para retornar suas ligações,
porque sabem que estou ocupado”.

Não pode ser uma conclusão mais errada. O atraso em retornar chamadas
é a queixa número um dos clientes em relação a advogados. Isso pode fazer com
que todo o esforço de marketing escorra pelo ralo. Cria a impressão de que o
advogado não está interessado em novos clientes. Por isso, o mais provável é que
o cliente pegue o telefone e chame o próximo nome em sua lista. Ao contrário, o
pronto retorno cria uma impressão positiva, altamente favorável do advogado.
Novos clientes não têm a menor noção de sua capacidade profissional. Só lhes
resta medir suas atitudes.

Justamente, precisamos cada vez mais nos escritórios compreender


que a comunicação é essencial para o desenvolvimento do mesmo. Ter canais
de atendimento e retorno ao cliente fazem toda diferença!

Mito 13: “Os artigos que publicamos deveriam ser suficientes para
conquistarmos novos clientes”.

Em parte. A publicação de artigos, notícias etc. ajuda, mas o esforço de


marketing não deve depender apenas desse recurso. Um programa de marketing
deve ser entendido como um conjunto de estratégias que, combinadas, produzem
o efeito desejado. Isto é, resultam em conquistas de mais clientes, em menor tempo.

Artigos, vídeos, criam o elo da informação e credibilidade do cliente.


Contudo, ações concretas, estar presente aonde está o cliente – virtual ou
presencialmente – faz toda diferença.

Mito 14: “O melhor momento para expressar minha mensagem de marketing


é quando um possível cliente está em meu escritório”.

Na verdade, esse é o pior momento. Quando o cliente está em seu


escritório, ele quer discutir seus próprios problemas jurídicos e suas angústias
e obter respostas animadoras, mas sinceras, sobre possíveis soluções. Depois
da reunião com o cliente, você pode enviar a ele informações úteis, boletins e
outros materiais de marketing, principalmente os que tratam de seu problema.
Se o cliente apenas telefonar, tome nota de seu endereço e endereço de e-mail,
para encaminhar a ele materiais relevantes.

Quando o cliente está no escritório é a hora da verdade. Ali, o


marketing tem pouco efeito prático, ele deve ser antes, depois e durante, mas
no durante, precisa ter mais do marketing, precisa ter conteúdo, visibilidade
e postura.

131
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Mito 15: “Meu newsletter trimestral é uma ferramenta eficaz de marketing e é


tudo que preciso fazer”.

De fato, a newsletter é uma ótima ferramenta de marketing, porque


você pode abordar os problemas dos clientes conforme eles se evidenciam. No
entanto, a periodicidade tem de ser pelo menos mensal, porque o marketing
tem de ser persistente e você deve fazer uma impressão na mente do cliente. Se
a newsletter trouxer textos que tratam dos problemas dos clientes e apresentam
soluções, elas serão sempre bem-vindas. Há newsletter semanais que funcionam
muito bem.

A informação deve ser colocada de uma forma a ser periódica e


frequente sem espaços tão longos de tempo. News deve ser quinzenal ou
mensal. Nas redes sociais pode ser diário. Quer ter seguidores nas redes
sociais? Use e abuse do conteúdo. Divulgar o direito não é infração é ética é
dever do advogado!

Mito 16: “Basta baixar meus honorários se eu quiser conquistar muitos clientes”.

Não é uma boa ideia. Honorários mais altos podem ser, na mente do
cliente, uma indicação do “valor” do advogado, de sua competência, de seu
sucesso etc. Baixar seus honorários podem minar sua credibilidade e a imagem
que os clientes fazem de seu trabalho. Você vai atrair clientes que valorizam
o dinheiro, mas não valorizam seu trabalho. Você terá dificuldades para
sobreviver, porque o número de clientes que conseguir com essa estratégia
pode não compensar seus custos. Em termos de marketing e de finanças,
melhor que baixar os honorários é aumentá-los.

Isto é um erro estratégico. O preço deve ser considerado diante do que


se oferta. Se tens experiencia, conhecimento, visão, sabe como fazer como
cobrar barato todo estudo e conhecimento?

Quer que os clientes te procurem por preço ou pelo que você vale?

Mito 17: “Os clientes sabem que serviços eu ofereço”.

Não é verdade. Se você pensa que possíveis clientes sabem que serviços
oferece, será difícil concorrer com os colegas que deixam isso bem claro. Isso
acontece. Por isso, alguns advogados entregam aos clientes e possíveis clientes
uma lista detalhada dos serviços que presta.

Um outro erro comum. Diga sempre e divulgue o que você faz. Se o


cliente te procurou por uma determinada ação ou tese, ele não é adivinho
pra saber de outros produtos que tu tens a ofertar. Deixe-o saber, afinal, para
clientes, toda informação é válida e lícita no código de ética.

132
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE

Mito 18: “Para atrair novos clientes, eu devo promover meus serviços”.

Informar os clientes sobre os serviços que você presta é uma coisa


(necessária), promovê-los é outra: é praticamente uma venda – e você assume a
atitude de um vendedor, o que mina sua credibilidade. Deixe as ideias de venda
de lado em seu marketing e prefira uma estratégia baseada em informações
relevantes para o cliente. Identifique os problemas de seus clientes, mostre como
podem se tornar graves se não tratados e apresente possíveis soluções. Ele se
sentirá mais seguro em escolher você, quando tiver de escolher um advogado.

Até nos EUA praticar venda é condenado. Aqui é vedado. Mas, há


várias formas de se publicitar a sua marca de forma ética, principalmente
usando o conhecimento como fonte de divulgação.

E você, como prática estes mitos no seu dia a dia? Você faz marketing,
tem estratégias desenhadas, escritas e monitoradas?

Procure um especialista (me incluo neles) para desenvolver o mercado


da sua banca. Qualquer tamanho e realidade de escritório necessita se
desenvolver de forma adequada e ética.

Inicie o hoje a mudança da sua carreira jurídica! Foco no marketing


jurídico é um dos caminhos do sucesso!

FONTE: ROCHA, G. Mitos do marketing jurídico, 13 fev. 2017. Disponível em: https://gustavo-
rochacom.com.br/2017/02/13/mitos-do-marketing-juridico/ .Acesso em: 8 jul. 2020.

133
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As rotinas de prestação de serviços jurídicos são extremamente complexas.


• É fundamental preparar o ambiente para receber o cliente, sendo atento aos
detalhes, desde o ambiente limpo até o conhecimento sobre o tema objeto da
consulta, sem esquecer de cordialidade e vestimenta compatível.
• Precisamos cadastrar o cliente em algum software jurídico permitindo que
todos os seus dados sejam de acesso a qualquer um dos profissionais que
compõe a organização.
• O cadastro do cliente pode gerar uma futura contratação, pois, a partir dele,
podemos enviar informativos que possam interessá-lo, conforme o seu perfil.
• Se deve demonstrar que o objetivo principal da organização é promover um
acesso à justiça ao cliente, com garantias constitucionais preservadas.
• A proposta de contratação não deve ser feita de imediato, evitando-se a
informalidade e a inadequação de cobrança de honorários.
• A proposta deverá seguir as regras estabelecidas no Código Civil de vinculação
do proponente por determinado prazo, que deve ser estabelecido e enviado
por e-mail, junto com a proposta em data posterior a consultoria.

134
AUTOATIVIDADE

1 (UFMA, 2019) Qual das alternativas abaixo é o nível mais especializado


de investimento em atendimento, ao se promover um marketing de
relacionamento com o cliente externo?
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/bd98504a-8d>.
Acesso em: 8 jul. 2020.

a) ( ) Intuitivo.
b) ( ) Reativo.
c) ( ) Responsável.
d) ( ) Básico.
e) ( ) Proativo.

2 (FGV, 2014) O mínimo que o cliente espera que a empresa ofereça é o bom
atendimento. A relação entre o que o cliente recebeu de fato (percepção) e
que ele esperava receber (expectativa) é denominada:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/350034>.
Acesso em: 8 jul. 2020.

a) ( ) Técnica de atendimento.
b) ( ) Percepção do cliente.
c) ( ) Expectativa do cliente.
d) ( ) Satisfação do cliente.
e) ( ) Importância do cliente.

135
136
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

1 INTRODUÇÃO

A prestação de serviços jurídicos, como já vimos anteriormente, é baseada


não apenas em conhecimentos técnicos, mas muito na confiança depositada no
representante pelo cliente. A maioria das pessoas ao procurar a prestação de um
serviço jurídico está fragilizada e pretende que seu direito seja resguardado por
alguém que desperte sua confiança.

Antes de entendermos especificamente o contrato de prestação de serviços


jurídicos, precisamos compreender e conceituar contratos de uma maneira geral e
em seguida os contratos de prestação de serviço, para finalmente, individualizar
o contrato específico de interesse de nosso estudo.

Assim, considerando os contratos como negócios jurídicos bilaterais,


entendemos que dependem da manifestação de vontade de duas ou mais pessoas
para serem celebrados. Como todo negócio jurídico, dependem da vontade
humana para ter reflexos no mundo jurídico.
De forma bastante objetiva, Luis Diez-Picazo e Antonio Gullon47 dizem
que o contrato é o acordo de vontades pelo qual os interessados se obrigam,
sublinhando que o Direito é o reino do contrato e onde acaba o contrato
também acaba o Direito e começa então o reino da força. Na mesma linha
de clareza, baseado no artigo 1.137 do Código Civil argentino, podemos
dizer que há contrato quando várias pessoas se colocam de acordo sobre
uma declaração de vontade comum, destinada a regular seus direitos.
Além de o contrato ser em essência o estatuto jurídico de uma operação
econômica desenhada pelos interessados, a roupagem técnico-jurídica
do acerto de troca econômica encetado pelas partes, é ele igualmente um
negócio jurídico presidido por essa economicidade e pelo qual as partes
estabelecem os direitos e deveres que devem reger a conduta dos parceiros
contratuais, ainda que muitas vezes a manifestação da vontade esteja
muito limitada, como acontece nos contratos de adesão. No estágio atual
de reconhecimento da importância dos valores éticos, morais e sociais para
o direito, o contrato deve conter em seu bojo a socialidade e eticidade de
que nos fala o arquiteto do novo Código Civil Miguel Reale.
Assim, como a função social integra a propriedade por força de
comando constitucional (art. 5o, XXIII, e 170, III), o mesmo ocorre com
o conceito de contrato, na medida em que a titularidade é adquirida
por meio do trânsito dos interesses, reforçando a ideia “da ampla
funcionalização social dos institutos que compõem o Direito Privado”,
como faz ver Paulo Nalin.48 Em outro giro, decorrem dos artigos 112,
113, 187 e 422 do Código Civil e dos artigos 4o e 51, IV, da Lei no
8.078/90 que a boa-fé objetiva também merece compor o conceito do
contrato na atualidade (Capítulo II, item 6).

137
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Conceito contemporâneo denominado pelo autor de pós-moderno


é o adotado pelo eminente professor Paulo Nalin49 quando diz que
contrato é a “relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade
constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais
e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como
também perante terceiros”.
A nosso sentir, contrato é o negócio jurídico bilateral ou plurilateral de
conteúdo patrimonial pelo qual as pessoas se obrigam com o objetivo
de obterem segurança jurídica na aquisição de algum bem da vida ou a
defenderem determinado interesse, observando a função social e econômica
e preservando em todas as fases do pacto a probidade e a boa-fé.
Sob a ótica de negócio jurídico de conteúdo patrimonial, segundo
Messineo50 o contrato pode constituir, modificar ou extinguir uma relação
jurídica. No primeiro caso, temos a maioria dos pactos, como a compra e
venda, locação, doação, empréstimo, dentre outros. No segundo, temos
a novação, cessão do crédito e do débito e, no último, a compensação
convencional e a remissão ou perdão da dívida. (MELO, 2019, p. 15).

Portanto, os princípios gerais que norteiam os contratos, devem ser


ressaltados nos contratos de prestação de serviços jurídicos. Pois, todos os
contratantes baseiam a celebração do acordo entre as partes nos gênese de todas
as relações contratuais.

São princípios contratuais:

• Princípio da autonomia de vontade - que representa a liberdade das partes


que abrange desde a escolha com quem contratar até as cláusulas que serão
apostas no contrato.
• Princípio da força obrigatória do contrato - o contrato faz lei entre as partes, é a
chamada pacta sunt servanda (pactuou tem que cumprir). São os mecanismos
jurídicos de regulação do equilíbrio contratual, tornando exigível entre os
contratantes.
• Princípio da relatividade - estabelece a subjetividade dos efeitos dos contratos,
determinando que os contratos produzem efeitos, apenas, entre as partes.
• Princípio da função social do contrato - subordinação do contrato ao interesse
social da coletividade. Expressamente previsto no artigo 421 do Código Civil:

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função


social do contrato.
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão
o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão
contratual (BRASIL, 2002).

• Princípio da boa-fé objetiva - estabelece uma regra de comportamento de


fundo ético e exigibilidade jurídica, funcionando como uma cláusula geral.
Espera-se que a outra parte aja conforme o contrato, com lealdade contratual.
Disciplinado no artigo 422 do Código Civil: “Art. 422. Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé” (BRASIL, 2002).

138
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

DICAS

Para entender melhor os princípios contratuais, acesse o link a seguir: https://


cutt.ly/YaXtJih.

Portanto, o contrato de um profissional para prestação de serviços


jurídicos não é um simples contrato celebrado entre duas pessoas, mas, sim,
envolve e muito as características de pessoalidade que devem ser consideradas,
como veremos a seguir.

2 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


O contrato de Prestação de Serviços está disciplinado no Código Civil nos
artigos 593 a 609. Esse contrato era denominado no Código Civil de 1916, como
Locação de Serviços. É “o negócio jurídico por meio do qual uma das partes,
chamada prestador, se obriga a realizar uma atividade em benefício de outra,
denominada tomador, mediante remuneração” (GAGLIANO; PAMPLONA
FILHO, 2010, p. 273).

2.1 CONCEITO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO


A definição desse contrato encontra-se no artigo 594 do Código Civil,
como sendo “Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial,
pode ser contratada mediante retribuição” (BRASIL, 2002).

Conforme o art. 593 do Código Civil, as regras possuem caráter residual,


aplicando-se somente às relações não regidas pela Consolidação das Leis
Trabalhistas e pelo Código de Defesa do Consumidor. Assim, segundo as regras
do Código Civil possuem maior interesse para prestadores de serviço de menor
porte, vale dizer, pessoas físicas ou jurídicas, tais como profissionais liberais e
trabalhadores autônomos.
Na forma residual como trazida pelo Código Civil, a prestação de serviço
é um contrato típico em virtude do qual uma das partes, denominada
prestador de serviço, assume a obrigação de realizar alguma atividade
de sua especialidade não revestida de perenidade e subordinação
hierárquica, em favor do tomador do serviço que, em razão disso, se
obriga a remunerá-lo mediante o pagamento de honorários.
Para o professor Jorge Lages Salomo1 modernamente, “a prestação de
serviços compreende toda atividade lícita de serviço especializado, realizado
com liberdade técnica, sem subordinação e mediante certa retribuição”.
A atual codificação civil apresenta uma expressão mais condizente
com o cânone constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1°,
III, CF) ao substituir a expressão locação de serviços (locatio coductio
operarum) por prestação de serviço.

139
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

A nomenclatura do direito anterior sempre foi alvo de críticas, pois em


primeiro lugar passava a odiosa impressão de que o homem podia ser
objeto do direito e, em segundo lugar, causava perplexidade saber que
por uma reminiscência não muito clara do direito antigo, o locador
correspondia ao prestador e o locatário ao dono do serviço. Sobre essa
questão, em tintas fortes, Teresa Ancona Lopez considera que “locação
no mundo contemporâneo é somente de coisas e, dentro do respeito à
dignidade do ser humano, não cabe mais, como na época do período
antigo da humanidade, na qual a escravidão era um fato e as pessoas
eram coisas, a denominação locação de serviços”.
Arremata a ilustre professora paulista com a defesa do exercício da
liberdade por qualquer pessoa que somente prestará os seus serviços se,
quando e como quiser. A primeira providência que o Código Civil (art.
593) toma ao apresentar a prestação de serviços por ele regulada é a de
delimitar a matéria que é de sua competência, apontando, por exclusão
que a prestação de serviço que não configure contrato de trabalho ou seja
disciplinado por lei especial, encontrará a sua disciplina no direito civil,
denotando a subsidiariedade de que se reveste esse regramento.
O contrato de trabalho representa uma evolução da antiga locação
de serviços, hoje humanizada com a nomenclatura mais apropriada
de prestação de serviço. Desta forma, esse notável e relevantíssimo
contrato configura igualmente uma prestação de serviço, fazendo-
se presente, contudo, alguns atributos que podem ser resumidos
nos elementos da não eventualidade, subordinação e remuneração
mediante salário como encontramos no artigo 3º da Consolidação
das Leis do Trabalho quando reza que “considera-se empregado
toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
Dessa forma, se a prestação de serviços vier acompanhada desses requisitos
previstos no estatuto laboral, independentemente da nomenclatura usada
pelos contratantes, estaremos diante de um contrato de trabalho submetido
às leis protetivas especiais e ligados a um ramo específico do direito social
com normas e princípios próprios e sedimentados como verdadeiras
cláusulas pétreas na Constituição Federal (art. 7º). Para facilitar a análise,
imaginemos o trabalho de uma faxineira que realize serviços esporádicos
de faxina na casa de alguém a cada 15 dias.
Nesse caso, a sua atividade se submeterá ao Código Civil, mas se esta
mesma prestadora passar a desempenhar o seu trabalho de forma não
eventual e sob a permanente subordinação do patrão a sua atividade
profissional submeter-se-á às regras e princípios do direito do trabalho
(MELO, 2019, p. 569).

Para Flávio Tartuce (2018b, p. 514), entende o contrato de prestação de


serviços, como:
O contrato de prestação de serviços (locatio operarum) pode ser
conceituado como sendo o negócio jurídico pelo qual alguém – o
prestador – compromete-se a realizar uma determinada atividade com
conteúdo lícito, no interesse de outrem – o tomador –, mediante certa e
determinada remuneração.
Trata-se de um contrato bilateral, pela presença do sinalagma
obrigacional, eis que as partes são credoras e devedoras entre si.
O tomador é ao mesmo tempo credor do serviço e devedor da
remuneração.
O prestador é credor da remuneração e devedor do serviço. O contrato
é oneroso, pois envolve sacrifício patrimonial de ambas as partes,
estando presente uma remuneração denominada preço ou salário civil.

140
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Trata-se de contrato consensual, que tem aperfeiçoamento com a


mera manifestação de vontade das partes. Constitui um contrato
comutativo, pois o tomador e o prestador já sabem de antemão quais
são as suas prestações, qual o objeto do negócio.
Por fim, o contrato é informal ou não solene, não sendo exigida sequer
forma escrita para sua formalização, muito menos escritura pública. O
art. 593 do Código Civil de 2002 consagra a incidência da codificação
somente em relação à prestação de serviço que não esteja sujeita às leis
trabalhistas ou à lei especial.
Desse modo, pelos exatos termos do que prevê a codificação privada,
havendo elementos da relação de emprego regida pela lei especial,
tais como a continuidade, a dependência e a subordinação, merecerão
aplicação as normas trabalhistas, particularmente aquelas previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT – Decreto-lei 5.452/1943).
Ademais, em havendo uma prestação de serviço caracterizada
como relação de consumo, deverá ser aplicado o Código de Defesa
do Consumidor, caso estejam presentes os requisitos constantes dos
arts. 2.º e 3.º da Lei 8.078/1990. Aplica-se o CDC nos casos em que um
prestador, profissional na atividade que desempenha, oferece um
serviço a um destinatário final, denominado consumidor, mediante
uma remuneração direta ou vantagens indiretas.
Como é notório, o CDC abrange os serviços de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, desde que não tenham natureza
trabalhista (art. 3.º, § 2.º, da Lei 8.078/1990). Na opinião deste autor,
o art. 593 do CC não é totalmente excludente, no sentido de não se
aplicar as normas previstas nesses estatutos jurídicos, de forma
complementar.
Em outras palavras, as regras do Código Civil podem ser perfeitamente
aplicáveis à relação de emprego ou de consumo, desde que não entrem
em conflito com as normas especiais e os princípios básicos dessas
áreas específicas e, ainda, desde que não coloque o empregado ou o
consumidor em situação desprivilegiada. A conclusão é a retirada da
aplicação da festejada tese do diálogo das fontes aqui exaustivamente
citada (Claudia Lima Marques e Erik Jayme).
Nesse contexto, é possível aplicar, com sentido de complementaridade,
o Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho, ou o Código
Civil e o Código de Defesa do Consumidor a uma determinada
prestação de serviço.
Ainda quanto à prestação de serviço, é forçoso reforçar que ela não é
mais tratada pelo Código Civil como espécie de locação, pois a atual
codificação distancia a prestação de serviços da locação de coisas,
tratando-a após o contrato de empréstimo (comodato e mútuo).
Essa alteração estrutural demonstra uma mudança de paradigma em
relação ao anterior enquadramento da matéria, uma vez que a locação
de serviços era apontada como espécie do gênero locatício.
Então, deve ficar claro que apenas para fins didáticos é que se está
tratando a prestação de serviço antes do contrato de empréstimo.
Superada essa análise preliminar, parte-se ao estudo das regras
específicas constantes no atual Código Civil.

Não podemos confundir o contrato de prestação de serviços, com outros


que se assemelham. Portanto, o contrato de prestação de serviços não se confunde
com o contrato empregatício. A diferença existente entre os dois é a subordinação
jurídica existente no contrato de emprego, que não há no contrato de prestação
de serviços.

141
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 90) destaca que “o aludido diploma cogita
do contrato de prestação de serviço apenas enquanto civil no seu objeto e na disciplina,
executado sem habitualidade, com autonomia técnica e sem subordinação”.

Cumpre, ainda, destacar que o contrato de prestação de serviços não se


confunde contrato de empreitada. O que distingue a empreitada da prestação de
serviços é o fato de que na empreitada, a finalidade é específica, vale dizer, a realização
de uma obra ou a criação de um objeto novo como uma construção civil, uma
criação artística, técnica ou artesanal. Em outras palavras, a empreitada vincula-se ao
resultado, enquanto a prestação de serviços tem como finalidade a atividade em si.

2.2 OBJETO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO


Para saber o objeto desse contrato, recomenda-se a leitura do artigo 594 do
Código Civil, que dispõe: “toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material
ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição” (BRASIL, 2002).
Qualquer atividade corpórea (material) ou incorpórea (imaterial) que
seja lícita pode ser contratada de forma eventual, remunerada e sem
subordinação, o que não afasta o reconhecimento de que o tomador
do serviço não raro indique ao prestador a forma como quer que seja
realizada a atividade.
A confecção da pintura de um prédio, o reparo do sistema elétrico de
uma casa, a limpeza de um terreno, a lavagem de um carro, dentre
outras atividades manuais podem ser consideradas como exemplos
de serviços materiais.
Como exemplo de atividades imateriais podem ser citados a consultoria
jurídica, contábil, financeira e, até mesmo, o serviço de informações
pessoais de alguém para o caso da concessão de um empréstimo ou da
celebração de um contrato de locação residencial.
Se a atividade contratada for ilícita, impossível, indeterminável ou até
mesmo se o motivo que anima os contratantes for ilícito estaremos
diante de um contrato nulo, ex vi do art. 166, II e III do Código Civil
(MELO, 2019, p. 571).

É, em regra, uma atividade certa e determinada, mas é possível estabelecer


um contrato de prestação de serviços sem uma determinação específica. Neste
sentido, o artigo 601 estabelece “Não sendo o prestador de serviço contratado
para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com suas forças e condições” (BRASIL, 2002).

2.3 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO


DE SERVIÇOS
A natureza jurídica verifica a origem de determinado instituo para o
mundo jurídico. Assim, quando estudamos a natureza jurídica do contrato de
prestação de serviços, estamos examinando como ele surgiu e passou a estabelecer
regras entre as partes.
142
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

A prestação de serviços é contrato:

• bilateral ou sinalagmático - é uma espécie de contrato que cria obrigação


para ambas as partes. Tanto o contratante, quanto o contratado assumem
deveres com a sua celebração;
• oneroso - ambos os contratantes têm perdas na celebração do contrato.
O contratante deve pagar pela prestação de serviço e o contratado deverá
prestar o serviço de forma adequada;
• consensual - pois a simples manifestação de vontade entre as partes considera
o contrato celebrado;
• não solene - pois a lei não estabelece forma para sua celebração, ficando a
critério das partes;
• típico ou nominado - porque existe previsão expressa na lei sobre sua
existência, estabelecendo regras para sua interpretação;
• paritário ou de adesão - paritário quando os contratantes, conjuntamente,
elaboram suas cláusulas. Mas, também, pode ser de adesão, quando apenas
um deles estabelece as cláusulas e a outra parte apenas concorda;
• personalíssimo, em regra - tem caráter de pessoalidade, em regra a celebração
do contrato do prestador de serviço considera a pessoa e não apenas o serviço
que será prestado.

2.4 DURAÇÃO E POSSIBILIDADE DE RESILIÇÃO UNILATERAL


DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
De acordo com o artigo 598 do Código Civil, a duração do contrato de
prestação de serviços é limitada a, no máximo, quatro anos. A doutrina explica
que esse limite existe para se evitarem prestações de serviço por tempo muito
longo, vinculando-se o prestador de forma vitalícia. Assim, aplica-se o brocardo
latino: nemo potest locare opus in perpetuum.

A doutrina diverge quanto à possibilidade de renovação do contrato de


prestação de serviços, findo o prazo de 4 anos previsto no artigo 598 do Código
Civil. Carlos Roberto Gonçalves (2014. p. 90) sustenta que: “Nada obsta a que,
findo o quatriênio, novo contrato seja ajustado entre as partes pelo mesmo prazo.
Não será nula a avença celebrada por prazo superior a quatro anos, podendo o
juiz, neste caso, reduzir o excesso ao tempo máximo permitido na lei”.

Cristiano Chaves de Farias e outros autores (2014, p. 439), defendem


que “não há possibilidade de renovação e, se existirem outras renovações, todas
somadas não podem ultrapassar o limite de quatro anos”.

Em relação à possibilidade de o contrato de prestação de serviço fixar


um prazo superior a quatro anos, a doutrina e a jurisprudência entendem que
se aplica o princípio da conservação dos contratos, devendo-se desconsiderar o

143
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

excesso. Flávio Tartuce (2018b, p. 701) não concorda com esse entendimento e
defende que “o artigo 598 é norma de ordem pública e não pode ser contrariado
por convenção entre as partes”.

O artigo 599 do Código Civil cuida da possibilidade de resilição


unilateral do contrato, embora disponha sobre “resolução”. Trata-se de um lapso
técnico, porque a resolução é forma de extinção do contrato em razão do seu
descumprimento, enquanto o dispositivo legal cuida de um direito potestativo
que a parte possui em relação à extinção, conforme o artigo 473 do Código Civil.
Assim, o parágrafo único do artigo 599 do Código Civil dispõe sobre prazos a
resilição unilateral ou denúncia vazia, o que ele denomina aviso prévio.
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da
natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a
seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por
tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por
semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias
(BRASIL, 2002).

A razão de ter esses prazos de prévio aviso é o dever de informar a outra


parte, consectário do princípio da boa-fé objetiva nas relações contratuais. Esses
prazos são aplicados tanto para o prestador de serviços, quanto para o tomador
tendo em vista o equilíbrio do contrato. Caso uma das partes desrespeite esse
aviso prévio, a outra poderá pleitear perdas e danos.

O artigo 602 do Código Civil, veda a denúncia imotivada no contrato


por tempo certo ou por obra determinada. Caso o prestador realize a denúncia
imotivada, terá direito a retribuição vencida, porém responderá por perdas e
danos. Nesse sentido, leia-se:
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por
obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa,
antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à
retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo
dar-se-á, se despedido por justa causa (BRASIL, 2002).

2.5 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS
O art. 607 do Código Civil dispõe ocorrer o término do contrato de
prestação de serviço nos seguintes casos:

144
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

a) com a morte de qualquer das partes;


b) pelo escoamento do prazo;
c) pela conclusão da obra;
d) pela rescisão do contrato mediante aviso prévio;
e) por inadimplemento de qualquer das partes;
f) pela impossibilidade de sua continuação, motivada por força maior.

Em relação à primeira causa de extinção, observa-se o caráter personalíssimo


ou “intuitu personae” do contrato, não sendo suscetível de transmissão com a morte.

2.6 NOTAS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 608


E 609 DO CÓDIGO CIVIL
Dois artigos pouco explorados pela doutrina de redação não muito clara,
merecem nossa atenção.

Comecemos pelo artigo 608 do Código Civil que dispõe: “Aquele que
aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a
este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de
caber durante dois anos” (BRASIL, 2002).

Esse artigo cuida da hipótese em que determinada pessoa atrai ou recruta


outras pessoas, já comprometidas por um contrato escrito, para a realização de serviços
a ela, afastando os prestadores de serviço da função contratada originalmente.

Percebe-se que esse artigo tem como finalidade evitar e punir, prefixando
o valor das perdas e danos, a concorrência desleal. Essa prática também é punida
no artigo 207 do Código Penal e caracteriza no artigo 195, IV da Lei 9.279/98 (Lei
da Propriedade Industrial) crime de concorrência desleal.

O artigo 608 atinge terceiro que não é parte no contrato, mostrando


claramente a atenuação da relatividade dos contratos e a aplicação do princípio
da função social dos contratos.

Dificuldade há na doutrina de exemplificar essa relação, haja vista que a maior


parte das hipóteses legais não configurará contrato de prestação de serviços, mas sim
contrato de emprego. Um exemplo que demonstra essa dificuldade é encontrado na
obra de Tepedino, Barbosa e Moraes (2006, p. 340), que oferecem como exemplo o “do
chef de cozinha que é levado pelo concorrente para trabalhar em seu estabelecimento”.
Ora, o contrato do chefe de cozinha, pela subordinação jurídica que exige, não pode
ser tido como contrato de prestação de serviços, mas sim, como de emprego.

É interessante observar que essa norma tinha correspondente no Código


Civil de 1916, no artigo 1.235, com mais utilidade prática à época em que as
relações de trabalho ainda eram regidas pela antiga locação de serviços, que hoje
se denomina prestação de serviços.
145
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 339) sustenta que esse dispositivo se


restringe aos casos em que a prestação de serviços anterior é contratada com caráter de
exclusividade, como ocorre com técnicos de alta especialização, não se aplicando àqueles
em que a atividade do trabalhador consiste precipuamente em atender vários clientes.

Sílvio Venosa (2003, p. 192) defende a mesma ideia e oferece um exemplo


interessante: “imagine-se a situação do técnico de alta especialização, que se
vincula com exclusividade para a manutenção de um equipamento perante o
dono do serviço. O aliciamento por terceiro, concorrente no mesmo mercado,
nesse caso, gerará o dever de indenizar”.

Analisemos, agora, o artigo 609 do Código Civil que dispõe: “A alienação


do prédio agrícola, em que se opera a prestação dos serviços, não importa a
rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirente
da propriedade ou com o primitivo contratante” (BRASIL, 2002).

Conforme Tepedino e outros, “o prestador de serviço agrícola tem a


possibilidade de permanência no prédio a fim de terminar o contrato, não obstante
haver o mesmo passado a outro dono. É a este que o CC impõe a obrigação de aceitar
o prestador de serviços se não preferir ele continuar o contrato com o locatário
antigo, do serviço anterior” (TEPEDINO; BARBOSA; MORAES 2006, p. 340).

Assim, verifica-se o caráter protetivo dessa norma, criando um direito


potestativo para o prestador de serviços, que pode prestando serviços para o
adquirente da propriedade até o fim do seu contrato. Caso o adquirente não queira
cumprir o contrato, deverá indenizar o prestador de serviços por inadimplemento
do contrato.

2.7 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JURÍDICOS


Percebemos, que o cliente e o profissional de serviços jurídicos celebram
um contrato de prestação de serviços. Dessa forma devem seguir as regras
estabelecidas na lei civil, como vimos anteriormente. Mas, o principal aspecto a
ser analisado é a peculiaridade do serviço a ser prestado.

Em primeira análise devemos perceber que esse contrato envolve sempre


um caráter personalíssimo, como vimos anteriormente, é celebrado quando
o profissional de serviços jurídicos consegue transmitir ao cliente a segurança
necessária, para que confie em sua representação na defesa de seus interesses.

Outro ponto interessante a ser observado diz respeito à resilição contratual.


Pois como é um contrato cuja base principal é a confiança, se algum momento for
quebrado é facultado a qualquer das partes requerer a sua extinção. Permitindo que
o cliente e o profissional de serviços jurídicos renunciem a continuidade daquele
contrato quando não se sentirem seguros quanto a prestação adequada do serviço.

146
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Cumpre ainda ressaltar que o contrato de prestação de serviços jurídicos


fixa os honorários que serão devidos ao profissional e este serve como título
executivo extrajudicial, nos termos do artigo 784 do Código de Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
[...]
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva (BRASIL, 2015).

Combinado esse dispositivo com artigo 24 da Lei nº 8.906/94, o Estatuto


da Advocacia e da Ordem dos advogados do Brasil que tem a seguinte redação:
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato
escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito
privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência
civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos
da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os
honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são
recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
§ 3º (vetado)
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo
aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os
convencionados, quer os concedidos por sentença (BRASIL, 1994a).

Assim, se no contrato de prestação de serviço estiver delimitada a prestação


de serviço a ser feita, o valor a ser pago por tal prestação e o prazo de pagamento,
este torna-se um título executivo extrajudicial e permite que os honorários sejam
cobrados diretamente nos autos do processo em que atuou.

3 O CONTRATO DE MANDATO
Conforme o artigo 653 do Código Civil, “opera-se o mandato quando
alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar
interesses” (BRASIL, 2002).

3.1 MANDATO E PROCURAÇÃO


Conforme o artigo 653, última parte: “a procuração é o instrumento do
mandato” (BRASIL, 2002).

A procuração, no sentido do artigo 653 do Código Civil, é o documento ou


título, público ou particular, por meio do qual o mandante estabelece os poderes
outorgados ao mandatário, de forma que este possa praticar atos e administrar
negócios em seu interesse.

147
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

3.2 PARTES DO CONTRATO DE MANDATO


O contrato de mandato se constitui entre o mandante (que confere os
poderes e é representado) e o mandatário (que representa o outro).

Os atos do mandatário vinculam o mandante, se forem praticados dentro


dos poderes conferidos. Os atos praticados além do mandato só produzem efeito
contra o mandante, se ele os ratificar (art. 665).

Em relação à capacidade das partes, existem regras especiais que devem


ser observadas. Com efeito, estabelece o artigo 654 do Código Civil que todas “as
pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular,
que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante” (BRASIL, 2002).

Como se pode notar, é imprescindível que o mandante seja plenamente


capaz para outorgar mandato. Isso não se exige do mandatário, pois conforme
se extrai do artigo 666 do Código Civil, o relativamente incapaz também pode
assumir a posição de mandatário, mas, neste caso, o mandante assume o risco da
contratação do mandatário. Um exemplo corriqueiro: pai confere ao filho de 16
anos poderes para representá-lo na reunião de condomínio.

Caso o mandatário menor não realizar a representação a contento, o risco


será unicamente do mandante.

3.3 SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES ENTRE O CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E O CONTRATO DE MANDATO
Os profissionais liberais são, em geral, prestadores de serviços, mas o
advogado é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador de serviços.

Todavia, esses contratos se distinguem porque a ideia de representação só


existe no contrato de prestação de serviços. O objeto desses dois contratos também
não se confunde. Enquanto a prestação de serviços tem como objeto realizar fato
ou determinado trabalho, material ou imaterial; o mandato tem como objeto a
autorização para realizar qualquer ato ou negócio jurídico.

Espécies de representantes:

• Legais: a lei confere ao mandatário poder para administrar bens. É o que


acontece com o mandato conferido aos pais, tutores e curadores.
• Judiciais: o juiz nomeia o mandatário como é o caso do inventariante e do
síndico na falência.
• Convencionais: recebem procuração para agir em nome do mandante.

148
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Alguns atos jurídicos personalíssimos não podem ser praticados por meio
de representante. É o caso do testamento, a realização de concurso público, o
serviço militar, o mandato eletivo, o exercício do poder familiar etc.

3.4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO


O contrato de mandato é:

• É contrato personalíssimo ou “intuito personae” - o mandato tem como base a


confiança das partes. É pode este motivo que o contrato pode ser renunciado ou
revogado caso a confiança seja abalada (resilição unilateral), e se extingue com a
morte de qualquer das partes. É um contrato que, em regra, pode ser revogado.
As exceções estão no artigo 683 a 686, parágrafo único do Código Civil.
• É contrato consensual - necessita apenas no consenso das partes para se
aperfeiçoar.
• É um contrato não solene - admite a forma tácita ou verbal, conforme o artigo
656 do Código Civil. Excepcionalmente, pode ser solene, como é o caso do
casamento por procuração, que exige instrumento público, com poderes
especiais (art. 1.542, CC).
• É contrato gratuito, em regra - conforme o artigo 658 do Código Civil, “o
mandato presume-se gratuito, quando não houver sido estipulada retribuição,
exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por
ofício ou profissão lucrativa” (BRASIL, 2002). O mandato confiado a advogado,
corretor e despachante presume-se oneroso. Caso não haja previsão sobre a
remuneração a ser paga nos casos em que o contrato é oneroso, esta será paga
conforme os usos do lugar; ou por arbitramento judicial (artigo 658, parágrafo
único, Código Civil).
• É unilateral - em regra, pois somente gera obrigações para o mandatário.
Porém, se houver previsão de remuneração será bilateral e oneroso.

3.5 FORMA DO MANDATO


Conforme o artigo 656 do Código Civil, o mandato pode ser expresso ou
tácito, verbal ou por escrito.

Em relação ao mandato expresso verbal pode existir a dificuldade de


prová-lo. É possível demonstrá-lo por todos os meios admitidos em direito, tal
como a prova testemunhal.

A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.


A jurisprudência trabalhista aceita o mandato tácito, considerando mandatário o
advogado que comparece a juízo, acompanhando a parte em audiência, mesmo
sem procuração, nos moldes da Súmula 164 do TST.

149
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Outra observação que deve ser feita em relação à forma é a de que a


liberdade de forma no contrato de mandato é regra, mas a excepcionalmente a
forma será a exigida pela lei, quando o ato que tiver que ser praticado tiver de ser
celebrado por escrito, conforme o art. 657 do Código Civil. Um exemplo é o caso
de mandato para venda de um apartamento, que exige escritura pública.

3.6 O SUBSTABELECIMENTO
O substabelecimento é a cessão da posição contratual de mandatário. Por
meio do substabelecimento, o mandatário (substabelecente) transfere a outra
pessoa (substabelecido ou submandatário) os seus poderes de representante
convencional do mandante. O substabelecimento substitui o mandatário,
temporária ou definitivamente.

Em outras palavras, o substabelecimento é uma transferência de poderes. É


uma verdadeira relação negocial derivada. O substabelecimento pode ser com ou sem
reservas de poderes para o mandatário original, vale dizer, o mandatário original poderá
ou não resguardar-se os poderes inicialmente estabelecidos. No substabelecimento
sem reserva, a cessão dos poderes é integral e o mandatário desvincula-se do contrato,
que passa à responsabilidade exclusiva do substabelecido.

Segundo sustenta Pablo Stoze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2010),


o substabelecimento é direito subjetivo do mandatário, que apenas pode ser
subtraído por previsão legal específica ou cláusula contratual impeditiva expressa.

A responsabilidade pelos danos eventualmente causados pelo


substabelecido é tratada no artigo 667 do Código Civil.

Em relação à forma do mandato, aplica-se o artigo 655 do Código Civil,


que dispõe: “Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode
substabelecer-se por instrumento particular” (BRASIL, 2002). Necessário observar o
Enunciado 182 da III Jornada de Direito Civil do CJF sobre a interpretação deste artigo:
“Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto no artigo 655 do
Código Civil somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a
forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato” (CJF, 2020, s.p.).

Se A constitui B por instrumento público, como seu procurador para


vender determinado bem móvel, é possível que A substabeleça o mandato a C,
por instrumento particular. Este substabelecimento é válido.

3.7 ESPÉCIES DE MANDATO


Conforme o artigo 656 do Código Civil, o mandato pode ser “expresso ou
tácito, verbal ou escrito” (BRASIL, 2002).

150
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

• O mandato tácito apenas se admite nos casos em que a lei não exige mandato
expresso. A aceitação do encargo, neste caso, ocorre por atos que a presumem.
É o que acontece quando ocorre começo de execução. São exemplos de
mandato tácito:
a) artigo 1.643, I e II do Código Civil: autorização dos cônjuges,
independentemente da autorização do outro, a “comprar, ainda a crédito,
as coisas necessárias à economia doméstica” e a “obter, por empréstimo, as
quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir” (BRASIL, 2002);
b) artigo 1.324 do Código Civil: presume representante comum o condômino
que administrar sem oposição dos outros;
c) art. 1652, II do Código Civil: responsabiliza o cônjuge que estiver na posse
dos bens particulares do outro “como procurador, se tiver mandato expresso
ou tácito para os administrar” (BRASIL, 2002).

• O mandato verbal só pode ocorrer nos casos em que a lei não exige o mandato
escrito e pode ser comprovado por testemunhas ou outros meios de prova
admitidos em direito.
• O mandato escrito é o mais comum e pode ser outorgado por meio particular
ou instrumento público.

Quanto à finalidade, o mandato pode ser judicial ou extrajudicial. O artigo 692


do Código Civil cuida do mandato judicial. Esse é o mandato que habilita o advogado
a agir em juízo. Já o mandato extrajudicial é aquele que não se destina à atividade
postulatória, mas sim, à prática e administração de negócios em geral. A procuração
do mandato judicial denomina-se “ad judicia”; enquanto a procuração do mandato
extrajudicial denomina-se “ad negotia”.

Os artigos 686 e 689 são exemplos de mandato aparente. “Caracteriza-se o


mandato aparente quando terceiro de boa-fé contrata com alguém que tem toda a
aparência de ser representante de outrem, mas na verdade não é” (GONÇALVES,
2018, p. 471). Nesse caso, protege-se a boa-fé desse terceiro e o suposto mandante fica
vinculado ao contrato. Exemplos de Caio Mário (2016, p. 411 apud GONÇALVES, 2017,
p. 471): “ter assinado em branco o instrumento, ou havê-lo redigido obscuramente, ou
ainda ter revogado o mandato sem comunicá-lo a terceiro etc.”.

Quando outorgados a mais de uma pessoa, os mandatos podem ser conjuntos


(todos os mandatários atuam conjuntamente, e se atuarem em separado, o ato será
inválido, a não ser que seja ratificado pelos que não participaram posteriormente),
fragmentários ou fracionários (os mandatários são designados e atuam em atos
diferentes), sucessivos (os mandatários atuam em atos distintos, que se sucedem
no tempo), ou solidários (qualquer um dos mandatários pode praticar todos os
atos designados, independentemente da participação dos demais comandatários).
Recomenda-se a leitura do artigo 672 do Código Civil.

Presume-se que o mandato outorgado a mais de uma pessoa é solidário,


podendo qualquer delas atuar e substabelecer separadamente. Para que os mandatários
sejam considerados conjuntos, ou especificamente designados para atos diferentes,
deverá necessariamente que constar da procuração.

151
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Quanto à extensão dos poderes conferidos, o mandato pode ser:

• especial a um ou mais negócios determinadamente. Exemplo: compra de um


determinado imóvel;
• geral a todos os negócios do mandante (art. 660, CC).

O mandato em termos gerais não se confunde com os anteriores. O


mandato em termos gerais confere ao mandatário o poder de praticar todos os
atos necessários à defesa dos interesses do mandante. Mas, segundo o art. 661 do
Código Civil, só confere poderes de administração. Assim, para atribuir poderes
que ultrapassam a administração ordinária (alienar, hipotecar, transigir), depende
a procuração de poderes especiais e expressos (art. 661, § 1º CC).

O mandato com poderes especiais só autoriza a prática de um ou mais


negócios especificados na procuração.

A administração ordinária compreende atos de simples gerência, como o


pagamento de impostos, a contratação e a demissão de empregados, a realização
de pequenos consertos etc.

3.8 ACEITAÇÃO DO MANDATO E A RATIFICAÇÃO DO


MANDATO
A aceitação do mandatário não figura da procuração. Em regra, é um
acordo verbal. Verifica-se quando o mandatário dá início à execução. O silêncio
do mandatário e a não devolução imediata da procuração são sinais de aceitação.

Já se o mandatário exceder os limites e o tempo do mandato, será


necessária a ratificação. Se isso ocorrer, os atos que excederem o mandato serão
considerados ineficazes em relação ao mandante, a não ser que ele os ratifique. É
o que dispõe o artigo 662 do Código Civil.

A ratificação pode ser expressa ou tácita. Esta última é a que resulta de ato
inequívoco que demonstre a vontade do mandante cumprir o negócio realizado em
seu nome pelo mandatário. Exemplo: o locador recebe aluguéis de imóvel alugado
por mandatário com excesso de poderes, o que ratifica o contrato de locação.

3.9 OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO


O mandatário possui obrigações de fazer, executando o mandato com
zelo e diligência, prestando contas ao final do mandato.

Em outras palavras, o mandatário possui o dever de:

152
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

• Agir em nome o mandante, dentro dos poderes conferidos na procuração.


Caso exceda esses poderes, ele será tratado como mero gestor de negócios
(art. 665 e 662, CC).
• Aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato e indenizar o
prejuízo decorrente de sua culpa ou do substabelecido (art. 667, CC).

O mandatário que não age com diligência habitual atua com culpa. A
culpa se presume quando não há um bom desempenho do mandato, cabendo
ao mandante comprovar esse fato em juízo. Em relação à responsabilidade do
mandatário no que diz respeito aos atos praticados pelo substabelecido, o Código
Civil elenca quatro situações, a saber:

• art.667, § 2º: “havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao


mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa
na escolha deste ou nas instruções dadas a ele” (BRASIL, 2002). Cuida-se da
chamada culpa “in eligendo”, que se caracteriza pela má escolha do substituto,
como a que recai sobre pessoa notoriamente desonesta ou incapaz.
• art. 667, caput: substabelecimento realizado sem autorização, caso em que o
substabelecente responderá pelos prejuízos que o mandante sofrer, por culpa
sua ou daquele a quem substabelecer. Trata-se de um grau de responsabilidade
maior do mandatário original, porque sua obrigação era intuitu personae.
• art. 667, § 1º: caso exista proibição do substabelecimento pelo mandante, o
mandatário que não a cumprir, responde perante o mandante pelos prejuízos
ocorridos sob a gerência do substituto, derivados de culpa deste, e inclusive
pelos decorrentes do fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo,
ainda que não tivesse havido substabelecimento.
• art. 667, § 4º: no caso de omissão da procuração em relação ao substabelecimento,
o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente.

Caso não haja previsão expressa em relação a possibilidade de


substabelecer, é possível fazer o substabelecimento. Porém, o mandatário assume
a responsabilidade pela sua escolha.

• Prestar contas de sua administração ao mandante, transferindo-lhe as


vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja (art. 668,
CC). A obrigação de prestar contas se transmite aos herdeiros do mandatário,
embora o exercício do mandato não se transmita.
• Apresentar o instrumento do mandato à todas as pessoas, com quem tratar
em nome do mandante (art. 673 e 663, CC). O mandatário tem obrigação de
agir em nome do mandante. Se o mandatário age em seu próprio nome, não
fica o mandante vinculado à obrigação.
• Concluir o negócio já começado, “embora ciente da morte, interdição ou
mudança de estado do mandante, se houver perigo da demora” (art. 674, CC).

153
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

NTE
INTERESSA

Elementos do Contrato
Marcelo Santos Baia

O contrato é um tipo de negócio jurídico que pode ser do tipo bilateral ou plurilateral, em
que as partes envolvidas registram as suas vontades de forma harmônica e estabelecem
os meios para que estas sejam por fim alcançadas, as cláusulas ou artigos que devem ser
redigidos tendo como fundamentação a legislação local.

Por meio do contrato o interesse das partes, que pode ser bilateral ou mesmo plurilateral,
é regulamentada através dos artigos e cláusulas acordadas entre as partes e, após de
devidamente assinado, o contrato deve então ser cumprido em sua totalidade, caso
contrário, a parte que por ventura vier de alguma forma causar dano pode sofrer alguns
tipos de sanções.
Para que um contrato seja realizado é preciso que seja percebido que o documento
foi redigido tendo alguns princípios, como a boa-fé de todos os sujeitos envolvidos no
negócio jurídico, caso contrário pode se identificar no teor do contrato vícios ou mesmo
erros que o invalide.

Além disso, é preciso que o contrato tenha em seu teor, expresso de forma clara, as vontades
de ambas as partes, sendo deste modo a vontade um componente imprescindível para que
um contrato seja considerado como válido. A vontade, mencionada, deve ser expressa de
forma livre, ou seja, sem qualquer tipo de coação.

Este artigo tem por objetivo apresentar o conceito de partes integrantes dos contratos,
como a vontade, a ausência de vontade, os vícios da vontade, assim como a manifestação
de vontade e a divergência entre vontade e a declaração. Por fim abordará como ocorre a
formação do contrato.

Para isso optou-se como metodologia de pesquisa a revisão de literatura obtiva em livros,
dissertações e artigos científicos publicados gratuitamente on-line e disponibilizados em
língua portuguesa.

[...]

Acadêmico, para a leitura completa deste artigo, acesse o link a seguir: https://cutt.ly/
haXcX5S.

FONTE: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/elementos-do-contrato/>.
Acesso em: 8 jul. 2020.

154
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As relações de prestação de serviços jurídicos exigem que os clientes se sintam


seguros para celebração de um contrato.
• O contrato de prestação de serviços vincula o profissional de serviços jurídicos
e o cliente e cria para o primeiro a obrigação de representar o outro na defesa
dos seus e direitos e para o segundo a obrigação de pagar os honorários,
conforme estabelecido no contrato.
• O contrato de prestação de serviços jurídicos tem um caráter de pessoalidade
e é baseado em confiança.
• O contrato de prestação de serviços poderá ser resilido unilateralmente,
sempre, não haja mais confiança entre os contratantes.
• É possível utilizar o contrato de prestação de serviços, no qual exista a
delimitação do serviço, o valor da remuneração e o prazo de pagamento,
como título executivo extrajudicial para cobrança de honorários.
• A representação do cliente se opera através do contrato de mandato.
• A procuração é documento ou título, público ou particular, por meio do qual
o mandante estabelece os poderes outorgados ao mandatário.
• Profissionais liberais são, em geral, prestadores de serviços, mas o advogado
é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador de serviços.
• Certos atos jurídicos personalíssimos não podem ser praticados por meio de
representante.
• O substabelecimento é a cessão da posição contratual de mandatário.
• O mandato judicial é o que habilita o advogado a agir em juízo.
• O mandato extrajudicial é aquele que não se destina à atividade postulatória,
mas sim à prática e administração de negócios em geral.

155
AUTOATIVIDADE

1 (CESPE/CEBRASPE, 2006, TCE-CE) No que concerne ao contrato de


mandato, de acordo com o Código Civil, é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/376ed45c-5a>.
Acesso em: 8 jul. 2020

a) ( ) O mandatário que exceder os poderes do mandato será considerado mero


gestor de negócios, enquanto o mandante não ratificar os atos.
b) ( ) Se o mandato for outorgado por instrumento público não poderá
substabelecer-se por instrumento particular.
c) ( ) Para recebimento do que for devido em decorrência do mandato o
mandatário não poderá reter o objeto da operação que lhe for cometida.
d) ( ) O maior de 16 anos e menor de 18 anos, desde que emancipado, poderá
ser mandatário, mas o mandante, em regra, não terá ação contra ele.
e) ( ) Se o mandatário tiver ciência da morte ou interdição do mandante não
deverá concluir o negócio já iniciado, inclusive em caso de perigo na
demora.

2 (FGV, 2020, TJ-RS) Vitor foi contratado para representar o senhor Gervásio
na realização de determinados atos jurídicos que lhe reverteriam benefício
patrimonial. No curso da atuação, entretanto, Vitor toma ciência de que
Gervásio veio a falecer. Diante disso, o mandato:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/916a397b-56>.
Acesso em: 8 jul. 2020.

a) ( ) se extingue, e Vitor não deve mais atuar;


b) ( ) se extingue, mas Vitor deve concluir os atos já começados, se houver
perigo na demora;
c) ( ) se mantém até a abertura de inventário, e Vitor deve continuar atuando;
d) ( ) se mantém, mas os atos de Vitor deverão ser ratificados pelo inventariante;
e) ( ) se mantém até que Vitor termine todos os atos de que foi incumbido,
não podendo o inventariante revogar seus poderes.

3 (CESPE/CEBRASPE, 2019, TJ-PA) Diogo contratou Pedroza para a prestação


de serviços de advocacia. No decurso da execução do contrato, com diversas
atividades já realizadas por Pedroza, Diogo tomou conhecimento de que ele
não era advogado e não possuía, portanto, licença para exercer a referida
profissão. Diante dessa situação hipotética, assinale a opção CORRETA,
nos termos do Código Civil:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/c171ae64-34>.
Acesso em: 8 jul. 2020.

156
a) ( ) Pedroza terá direito a receber a contraprestação financeira pela prestação
de serviço já realizada, de forma equiparada a um advogado, desde
que seja comprovado que as atividades foram cumpridas de maneira
escorreita e que ele desconhecia a necessidade de especial habilitação
para exercer serviços de advocacia.
b) ( ) Pedroza terá direito a receber a contraprestação financeira pela
prestação de serviço já realizada, de forma equiparada a um advogado,
desde que seja comprovado que as atividades foram cumpridas de
maneira escorreita, sendo irrelevante, no que se refere ao direito à
contraprestação, o fato de ele desconhecer a necessidade de especial
habilitação para exercer serviços de advocacia.
c) ( ) Pedroza terá direito a receber uma compensação financeira pela
prestação de serviço já realizada, mas não de forma equiparada a um
advogado, se comprovar que as atividades foram cumpridas de maneira
escorreita e que desconhecia a necessidade de especial habilitação para
exercer serviços de advocacia.
d) ( ) Pedroza terá direito a receber uma compensação financeira pela
prestação de serviço já realizada, mas não de forma equiparada a um
advogado, se comprovar que as atividades foram cumpridas de maneira
escorreita, sendo irrelevante, para fins de direito à compensação, o fato
de ele desconhecer a necessidade de especial habilitação para exercer
serviços de advocacia.
e) ( ) Pedroza não terá direito a receber contraprestação ou compensação
financeira pela prestação do serviço de advocacia, independentemente
de as atividades terem sido cumpridas de maneira escorreita e de ele ter
conhecimento da necessidade de especial habilitação para o exercício de
serviços de advocacia.

157
158
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS


JURÍDICOS

1 INTRODUÇÃO

A tecnologia é uma realidade mundial em todos os ramos e a prestação


de serviços jurídicos, não poderia ficar a par dessa “revolução”, que, apesar de
proporcionar muitas facilidades para o prestador de serviços, pode trazer muita
insegurança quanto às informações.

Os processos eletrônicos são uma realidade no nosso pais e a cada dia


estão mais presentes no judiciário brasileiro. Esses processos são efetivação do
princípio da celeridade processual. Entretanto, é fundamental, que exista uma
garantia de segurança nos processos, que é baseada em certificações com regras,
extremamente rígidas.

Os dados dos clientes devem ser arquivados de forma segura, em


conformidade com LPD (Lei de Proteção de Dados), garantindo a prestação de
serviço de forma confiável. Assim, precisamos analisar o impacto da informatização
na prestação de serviços jurídicos, para que seja feita de forma segura e satisfatória.
Sempre garantindo ao cliente o valioso e festejado acesso à justiça.

2 OS PROCESSOS ELETRÔNICOS
O processo judicial eletrônico é uma realidade no Brasil desde 2011. A
cada dia que passa é mais ampliada a sua utilização e quase todo o território
nacional e nos diversos tribunais. O Poder Judiciário, foi diretamente atingido, na
esperança de que o meio eletrônico possa fornecer instrumentos que agilizem a
tramitação dos inúmeros processos que existem em todo o País.

Entretanto, é fundamental que a confiabilidade seja garantida, para que


exista segurança no exercício da jurisdição estatal, no exercício da atividade
Estado/Juiz. Esse sistema tecnológico de automação permite que alguns atos
que representam, apenas, burocracia, sejam suprimidas e promovendo a maior
celeridade processual.

Assim, ficaria garantido o direito preceituado através do artigo 5º, inciso


LXXVIII, da Constituição Federal de 1988, que dispõe ser “a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garanta a celeridade de sua tramitação” (BRASIL, 2016, p. 17).

159
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

A partir do advento da Lei nº 11.419 de 19 de dezembro de 2006, foi


autorizada a implantação de processos judiciais telemáticos. Inaugurando uma
nova era nos procedimentos judiciais. Entretanto existe muita fragilidade na rede
mundial de computadores que abala a confiabilidade dos processos eletrônicos
para alguns usuários.
A segurança de dados no ciberespaço fomenta discussões calorosas ao
derredor da liberdade da rede mundial de computadores e a proteção ao
usuário. Não é só a intimidade da vida privada dos cidadãos da aldeia
digital o mote primordial nas referidas discussões, mas, principalmente,
a proteção do internauta ante sua vulnerabilidade e hipossuficiência
técnica na manipulação do meio comunicacional planetário.
Em analogia ao estado de natureza hobbesiano, a liberdade exacerbada
no ciberespaço nos conduz a mesma solução contra os vilipêndios às
liberdades fundamentais, qual seja: a intervenção do Leviatã para
instituição de regramento mínimo de conduta para ilidir os abusos e
amenizar os riscos no ambiente virtual. Tendo em vista que o ciberespaço
é instrumento comunicacional de ordem planetária, deve ser entendido
desta maneira, ou seja, como um meio e não um fim e si mesmo. Logo,
as mesmas regras de condutas utilizados na comunicação por meio de
átomos, devem ser de observância no por meio de bits.
Os dados disponibilizados pelos próprios usuários do hiperespaço,
as informações de consumo e os dados pessoais das transações serão
retidos no ciberespaço, podendo ser manipulada, cedida e até subtraída.
Uma vez que o marco civil regulatório do uso da internet no Brasil ainda
não foi sancionado e que a política de proteção e segurança da informação
não abarca a proteção dos dados pessoais que constarão nos processos
eletrônicos, imperativo que diretrizes sejam editadas para a implantação
segura do processo judicial eletrônico (ALMEIDA, 2013, p. 3-4).

A autora Patrícia Martinez Almeida, conclui dessa forma:


A problemática da desterritorialização do ciberespaço, não justifica
o abandono estatal da proteção aos usuários da rede mundial de
computadores, tampouco, autoriza a invasão aos direitos e garantias à
segurança digital e aos direitos humanos já consagrados.
Neste sentido, da dicotomia entre direito à informação e proteção
de dados pessoais na implantação do processo judicial eletrônico
e a segurança digital concluiu-se que a instrumentalização digital
do processo judicial a priori contribui para o acesso à justiça,
diante da acessibilidade e transparência dos atos processuais pelos
jurisdicionados, entretanto dada a ausência de regramento protetivo
dos dados pessoais dos jurisdicionados, o processo judicial eletrônico,
nos moldes que fora esculpido, acaba por vulnerar a segurança digital
e, logo os Direitos Humanos.
Entendendo a segurança digital como Direito Humano conclui-se pela
necessidade de regulamentação quanto ao uso da internet no Brasil,
pontualmente quanto a proteção das informações e dos dados pessoais
transmitidos no ciberespaço, para ilidir possíveis violações sob alegação
de ausência de regramento específico (ALMEIDA, 2013, p. 4).

A segurança processual é um desafio constante, pois a ação de hackers e


de vírus que podem trazer inúmeros prejuízos. Pois um acesso não autorizado
poderia apagar ou alterar decisões, como despachos e sentenças, o que acarretaria
inúmeros prejuízos para as partes e ao Estado.

160
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O Juiz Federal Edilberto Barbosa Clementino (2009, p. 95) ressalta que,


“da mesma forma como ocorre com o processo tradicional, o processo digital
deve possibilitar a mesma certeza quanto à autenticidade e à integridade dos
documentos eletronicamente produzidos, bem como garantir a sua proteção
contra acesso indiscriminado”.

Os documentos eletrônicos que integram o processo devem ser íntegros


e autênticos. Pois, apenas dessa maneira existira a garantia de uma segurança
processual. Para os autores José Eduardo Carreira Alvim e Silvério Nery Cabral
Júnior (2008, p. 43) “o documento eletrônico é uma sequência de bits que, traduzida
por meio de um programa de computador, representa ou comprova um fato”.

Portanto, os documentos eletrônicos, bem como os físicos, não se resume


em escritos: pode ser um desenho, uma foto digital, sons, vídeos, enfim, tudo
o que puder representar um fato e que esteja armazenado em arquivo digital.
Apenas as peculiaridades técnico-informáticas do documento eletrônico é que o
diferenciam dos documentos tradicionais.

Alguns autores defendem o “princípio da equivalência instrumental ao


papel”. Alegam não existir, em nenhum dos dois, segurança em termos absolutos.
Propondo que o meio eletrônico exerça funções equivalente ao papel, e de modo mais
satisfatório, não havendo como rejeitar, portanto, a eficácia do documento eletrônico.

Afirmamos, então, que a segurança do processo digital depende da


validade jurídica dos documentos eletrônicos. E a genuinidade e a segurança do
processo eletrônico, ainda que impossíveis de se alcançar de modo absoluto são
alcançadas através da assinatura digital, criptografia e certificação digital.

3 A ASSINATURA DIGITAL
A assinatura digital é um mecanismo utilizado como meio de verificar a
autenticidade dos documentos apostos no processo eletrônicos ou utilizado via
internet para prática de algum ato da vida civil.
Uma assinatura digital é um mecanismo de autenticação que permite
ao criador de uma mensagem anexar um código que atue como
assinatura. A assinatura é formada tomando o hash da mensagem e
criptografando-a com a chave privada do criador. A assinatura garante
a origem e a integridade da mensagem (STALLINGS, 2008, p. 272).

A autenticação da assinatura digital tem como características principais,


o autor verificar a data e a hora da assinatura, autenticando o conteúdo do
documento no mesmo momento da assinatura e em caso de divergência, deverá
ser verificada por terceiros.

A Lei nº 11.419/2006, em seu artigo primeiro, determina as espécies de


assinatura digital:

161
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais,


comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido
nos termos desta Lei.
[...]
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se:
[...]
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação
inequívoca do signatário:
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por
Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica;
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme
disciplinado pelos órgãos respectivos (BRASIL, 2006, art. 1°).

Requisitos para uma assinatura digital, segundo Stallings (2008):

• ela precisa ter um padrão de bits que dependa da mensagem que será assinada;
• precisa usar alguma informação exclusiva do emissor, para impedir tanto a
falsificação quanto a retratação;
• deve ser relativamente fácil produzi-la;
• deve ser relativamente fácil reconhecê-la e verificá-la;
• deve ser computacionalmente inviável falsificá-la, seja construindo uma
nova mensagem para uma assinatura digital existente, seja construindo uma
assinatura digital fraudulenta para determinada mensagem;
• deve ser prático armazenar uma cópia da assinatura digital.

Assim, preenchidos os requisitos de segurança é creditada a assinatura


eletrônica a mesma segurança das assinaturas físicas. Sendo seus alicerces a
autenticidade, a integridade e a confiabilidade, minimizando os riscos em torno
da segurança.
A assinatura digital é uma modalidade de assinatura eletrônica,
resultado de uma operação matemática que utiliza algoritmos de
criptografia assimétrica e permite aferir, com segurança, a origem e
a integridade do documento. A assinatura digital fica de tal modo
vinculada ao documento eletrônico “subscrito” que, ante a menor
alteração neste, a assinatura se torna inválida. A técnica permite não
só verificar a autoria do documento, como estabelece também uma
“imutabilidade lógica” de seu conteúdo, pois qualquer alteração do
documento, como por exemplo a inserção de mais um espaço entre
duas palavras, invalida a assinatura (ALMEIDA FILHO, 2008, p. 137).

A assinatura digital será obtida pela digitalização de um documento


assinado a mão, através de um scanner ou aparelho similar, enquanto a assinatura
manuscrita é aquela que se apõe de próprio punho em algum documento,
vinculando ao mesmo tempo a autoria e a autenticação.

Dessa forma, um documento – não apenas os colocados em processos


judiciais – poderá ser validado mediante uma assinatura digital, desde que esteja
obedecendo os requisitos de sua validade e autenticidade.

162
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

FIGURA 2 – ASSINATURA DIGITAL

FONTE: <https://cutt.ly/Odm7ymd>. Acesso em: 8 jul. 2020.

4 A CRIPTOGRAFIA
A criptografia é uma maneira de tornar uma mensagem obscura,
incompreensível, normalmente através de um código. Tornando-se legível,
apenas se o destinatário possuir um código específico para desvendá-la.

A assinatura digital, por exemplo, é obtida através da criptografia,


podendo esta ser denominada como um elemento fundamental daquela, que
permite a segurança e a validade dos documentos eletrônicos.

FIGURA 3 – CRIPTOGRAFIA

FONTE: <http://www.macoratti.net/12/03/net_prot3.gif>. Acesso em: 8 jul. 2020.

A criptografia tem como características autenticidade, integridade e


proteção contra acesso não autorizado. Considerada a ferramenta automatizada
mais importante para a segurança das informações de um computador na
rede (STALLINGS, 2008, p. 15) destaca em sua obra que “o crescente uso do
computador e dos sistemas de comunicação aumentou o risco de roubo de
informações particulares. Assim, a criptografia tornou-se um dos principais
métodos de proteção das informações eletrônicas”.

163
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Divide-se em:
Criptografia Simétrica Ou Convencional - o emissor e o receptor
da mensagem cifrada (codificada, oculta) usam a mesma chave
(mesmo código) para decifrar a informação. A criptografia simétrica
transforma o texto claro em texto cifrado, usando uma chave secreta e
um algoritmo de criptografia. Usando dessa mesma chave, o receptor
da mensagem decifra o texto – recupera o texto claro a partir do texto
codificado (STALLINGS, 2008, p. 17).
Criptografia Assimétrica Ou Pública - é o meio utilizado nas
assinaturas digitais. Nessa modalidade a cifragem (codificação)
e a decifragem (ato de tornar inteligível o texto obscuro) são
realizadas usando diferentes chaves – uma pública e outra privada.
A criptografia assimétrica transforma o texto claro em texto cifrado
usando uma das duas chaves e um algoritmo de criptografia. A partir
do uso da outra chave associada e um algoritmo de decriptografia, o
texto claro é recuperado. Ela é a forma mais usada para assegurar a
confidencialidade e autenticação (STALLINGS, 2008, p. 181).

O Poder Judiciaria brasileiro adotou o método de criptografia assimétrica,


por considerar mais segura que a convencional.
1. Cada usuário gera um par de chaves a ser usado para a criptografia
e decriptografia das mensagens.
2. Cada usuário coloca uma das chaves em um registro público ou
outro arquivo acessível. Essa é a chave pública. A outra chave
permanece privada. [...] Cada usuário mantém um conjunto de
chaves públicas obtidas de outros usuários.
3. Se Bob deseja enviar uma mensagem confidencial para Alice, Bob
criptografa a mensagem usando a chave pública de Alice.
4. Quando Alice recebe a mensagem, ela a decriptografa usando
sua chave privada. Nenhum outro destinatário pode decriptar
a mensagem, pois somente Alice conhece a sua chave privada
(STALLINGS, 2008, p. 183).

Cumpre ressaltar que nenhum sistema de assinatura e certificação é cem


por cento seguro. Pois, até mesmo nos documentos físicos existem possibilidades de
falsificações. Mas, a criptografia assimétrica permite uma maior segurança aos usuários.

5 CERTIFICAÇÃO DIGITAL
A certificação digital, a tecnologia responsável pela segurança das
informações na internet. É através dela que se consegue a assinatura eletrônica
por criptografia assimétrica exigida pelo Poder Judiciário para vaidade dos
documentos eletrônicos.
É a atividade de reconhecimento em meio eletrônico que se caracteriza
pelo estabelecimento de uma relação única, exclusiva e intransferível
entre uma chave de criptografia e uma pessoa física, jurídica, máquina
ou aplicação. Esse reconhecimento é inserido em um Certificado
Digital, por uma Autoridade Certificadora (NOGUEIRA, 2009, p. 39).

164
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

A certificação digital, portanto, é o que garante a segurança dos atos praticados


via internet. Desenvolvida em decorrência dos avanços da criptografia e permite que
se consiga o certificado digital, que comprova a identidade de certa pessoa.

O certificado digital deve conter todos os dados relativos à determinada


pessoa a quem se confere a certificação digital. A sua emissão fica condicionada à
identificação completa do sujeito, vinculando seu nome a um número exclusivo,
que denominamos de chave-pública. Tal chave é utilizada para validação de
assinaturas em documentos eletrônicos.
O certificado digital é um arquivo eletrônico que identifica uma pessoa
física ou jurídica, e funciona como um documento de identidade
digital. Seu uso vem trazer maior segurança às transações eletrônicas,
garantindo a essas transações autenticidade, a integridade e o não
repúdio. Essas três características são conferidas aos documentos
assinados com um certificado digital (NOGUEIRA, 2009, p. 43).

Entretanto é importante destacar que a presunção de veracidade, conferida


mediante a certificação digital é uma presunção relativa, ou seja, admite prova
em contrário. Desta forma, se o autor não identificar como autêntico algum
documento a ele atribuído poderá contestar sua axionomia.

O certificado será emitido por uma autoridade certificadora, tanto pública


quanto privada, que irá estabelecer previamente a identificação do portador do
certificado digital. Para que a emissão dos certificados seja legalmente reconhecida
é fundamental a autorização e registro da Autoridade Certificadora Raiz, o
Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, responsável por credenciar as
demais autoridades certificadoras e garantir o cumprimento de todas as exigências
necessárias quanto à segurança da informação.

6 A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LGPD)


A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, mais conhecida com LGPD, ou
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, ao contrário do que alguns pensam,
não foi a primeira legislação brasileira sobre o tema. A Constituição Federal, o
Marco Civil da Internet, o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Acesso à
Informação, a Lei do Cadastro Positivo e o Código Civil, dentre outras, abordaram
o tema anteriormente.

A Constituição Federal de 1988 tutela em seu artigo primeiro, inciso III,


o Princípio da Dignidade Humana, que é considerado um norteador de toda os
direitos fundamentes nela constantes. Assim, ao estabelecer que “são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”
(BRASIL, 2016, p. 13), no artigo 5º, inciso X, mais uma vez a Constituição garante
que dignidade está vinculada ao direito de intimidade.

165
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

O Código Civil, também, garante proteção aos direitos da personalidade


no seu artigo 21 “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir
ou fazer cessar ato contrário a esta norma” (BRASIL, 2002). Protegendo, assim, a
intimidade e a vida privada.

A Lei nº 12.965/14, o Marco Civil da Internet, não esgotou o tema, apenas


se limitou a abordar a proteção de dados em seu artigo 11 que dispõe:
Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda
e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações
por provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo
menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão ser
obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os direitos à
privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros.
§ 1º O disposto no caput aplica-se aos dados coletados em território
nacional e ao conteúdo das comunicações, desde que pelo menos um
dos terminais esteja localizado no Brasil.
§ 2º O disposto no caput aplica-se mesmo que as atividades sejam
realizadas por pessoa jurídica sediada no exterior, desde que oferte
serviço ao público brasileiro ou pelo menos uma integrante do mesmo
grupo econômico possua estabelecimento no Brasil.
§ 3º Os provedores de conexão e de aplicações de internet deverão
prestar, na forma da regulamentação, informações que permitam a
verificação quanto ao cumprimento da legislação brasileira referente à
coleta, à guarda, ao armazenamento ou ao tratamento de dados, bem
como quanto ao respeito à privacidade e ao sigilo de comunicações.
§ 4º Decreto regulamentará o procedimento para apuração de infrações
ao disposto neste artigo (BRASIL, 2014).

Posteriormente, foi editada a Lei nº 12.527/2011, conhecida como Lei de


Acesso à Informação (LAI), que é uma efetivação das disciplinas dos artigos artigo
5º, XXXIII, artigo 37, parágrafo 3º, II e o artigo 216, parágrafo 2º, da Constituição
Federal d 1988. Protegendo e assegurando os direitos à privacidade e à intimidade
que provêm da própria natureza humana e daí o seu caráter inviolável, intemporal
e universal, impedindo a devassa nas informações de cunho estritamente pessoal.

Percebemos, assim, que mesmo com diversos dispositivos legais sobre o tema,
ainda existiam lacunas que precisavam ser preenchidas. E como consequência dessa
necessidade veio a LGPD. A Lei nº 13.709/18 tem como principais objetivos garantir
a privacidade e a proteção de dados pessoais; estabelecer regras claras sobre coleta,
armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais para empresas.

A LGPD tem ainda o objetivo de promover desenvolvimento econômico


e social; garantir a livre-iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor;
aumentar a confiança da sociedade na coleta e uso dos seus dados pessoais e, por fim,
fortalecer a segurança jurídica como um todo no uso e tratamento de dados pessoais.

166
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

É importante a unificação das regras sobre o uso de dados pessoais,


tornando o nosso país, no que diz respeito a informação, compatível com as
exigências internacionais, o que facilitaria o fomento em setores de tecnologia da
informação. Permitindo, também, portabilidade, pois os sujeitos podem transferir
seus dados de um serviço para outro, aumentando a competitividade no mercado.

Os titulares de dados devem ter seus direitos básicos preservados.


Como acesso aos dados, retificação, cancelamento ou exclusão, oposição ao
tratamento, de informação e explicação sobre o uso dos dados. Bem como direito
à portabilidade dos dados, que, similar ao que pode ser feito entre diferentes
empresas de telefonia e bancos, permite ao titular não só requisitar uma cópia
da integralidade dos seus dados que facilite a transferência para outros serviços,
mesmo para concorrentes.

A LGPD atinge todas as organizações que realizem operações de coleta,


uso, processamento e armazenamento de dados pessoais, no âmbito de atividades
de bancos, corretoras, seguradoras, clínicas médicas, hospitais, e-commerce,
varejo, hotéis, companhias aéreas, agências de viagens, restaurantes, academias e
os escritórios de advocacia, na prestação dos serviços jurídicos.

Os agentes de tratamento de dados têm responsabilidade solidária por


incidentes de segurança da informação, pelo uso indevido e não autorizado dos
dados ou pela não conformidade com a lei. A LGPD, determina a nomeação de
um Data Protection Officer (DPO), cuja tradução é “encarregado”, responsável
pelo tratamento de dados pessoais dentro da organização.
E os efeitos da legislação atingem em cheio as estruturas organizacionais
e as relações comerciais, vez que a responsabilidade pela proteção
dos dados pessoais que fluem dentro das organizações passa a ser da
própria empresa (e parceiros) e não do usuário.
A LGPD acaba por impulsionar a qualidade do ecossistema de
negócios do Brasil, elevando o nível de privacidade e proteção de
dados e garantindo um ambiente operacional seguro, adequado para
transações comerciais mundialmente competitivo.
Trata-se não apenas de adequações de procedimentos e fluxos interno,
mas de uma transformação cultural que, por meio da transparência,
resultará um impacto reputacional muito relevante, principalmente no
que diz respeito à confiança do titular dos dados (VEXIA, 2019, p. 6)

As empresas precisam, então, se adaptarem aos critérios de segurança


determinados na LGPD. Tal adequação é um processo complexo envolvendo os
ambientes de tecnologia, jurídico e de governança das organizações. Os escritórios
prestadores de serviços jurídicos estão nessa lista e precisam cuidar para que os
dados de seus clientes fiquem protegidos.
Todo o trabalho desta área feito para a adequação à LGPD começa pela
revisão dos instrumentos contratuais. Assim como é necessário fazer
uma varredura dos dados que existem pela empresa, é preciso fazer
também uma nos contratos vigentes, adequando-os ao novo momento.
Afinal, a grande maioria deles não compreende a questão da
responsabilidade e os limites de uso dos dados pessoais por terceiros.

167
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Fernanda Mainieri, head do departamento jurídico da Vexia, conta que


a revisão de todos os contratos ou acordos de parcerias acontece de
forma detalhada, buscando fechar as lacunas que reduzem a exposição
ao risco e sugerindo cláusulas de proteção. “Nossa missão nessa etapa
é blindar o cliente orientando todo seu relacionamento jurídico e
propondo melhorias específicas para seu ecossistema”, afirma.
Para o vice-presidente de Governança, Riscos e Compliance da Vexia,
João Carlos Orzzi Lucas, o aumento expressivo na contratação de
projetos para a adequação à LGPD dentro da Vexia vem acontecendo
também em decorrência da capacidade que a empresa tem de unir as
diversas especialidades técnicas evitando brechas.
Neste momento, em que as demandas individuais pela proteção de
dados vão se somar à fiscalização do Governo e que uma transformação
cultural se descortina a olhos vistos, empresas de todos os portes
precisam adotar uma postura proativa em busca de transparência e
confiabilidade (VEXIA, 2019, p. 25).

168
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

CINCO REQUISITOS BÁSICOS PARA QUE UM PROCESSO ELETRÔNICO


SEJA CONFIÁVEL

Tiago Fachini

O uso crescente da tecnologia tem proporcionado um avanço positivo em


uma série aspectos do nosso cotidiano. Na área jurídica, isso não é diferente. Hoje, o
Processo Judicial Eletrônico (PJe), programa desenvolvido pelo Conselho Nacional de
Justiça, já é uma realidade em centenas de varas e tribunais do Brasil e tem provocado
uma série de benefícios, como celeridade do trâmite processual e a extinção de
enormes volumes de material de expediente que um processo tradicional demanda.

Entretanto, o PJe precisa ser seguro. Garantir que as informações sejam


verídicas, que não possam ser adulteradas ou acessadas indevidamente. Essa
segurança pode ser obtida através de cinco requisitos básicos, cinco pilares que
sustentam a proteção de informação e dados de um processo eletrônico. Confira
esses requisitos:

1 Autenticação:
O ato de autenticar significa estabelecer ou confirmar algo. Em um meio
eletrônico, como um sistema de e-mail, por exemplo, a digitação de um nome de
usuário e senha é necessária para acessar as mensagens do proprietário daquela
conta. No âmbito do processo PJe, a autenticação ou identificação do usuário se
dá através do uso do Certificado Digital, um documento virtual de uso pessoal
que comprova a identidade do usuário.

Essa identificação torna o sistema mais seguro, qualquer ente for acessá-
lo precisará do certificado. Para obtê-lo, o primeiro passo é acessar o site do ITI,
o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, que contém as informações
sobre como se obtêm um Certificado Digital.

2 Privacidade
No mundo virtual, com o sucesso das redes sociais, tem sido difícil
controlar a exposição de informações de caráter privado. Mas sempre existem
meios de buscar tal proteção. A meta é assegurar informações sigilosas e sensíveis.
Se, em um processo tradicional, dados pessoais ou que possam transcorrer em
algum tipo de risco para as partes envolvidas devem ser protegidas, no Processo
Judicial Eletrônico, essa preocupação deve ser a mesma.

3 Autorização
Em um processo judicial eletrônico que corre em segredo de justiça, o acesso
aos dados do processo, das partes e de seus representantes é limitado, podendo
serem considerados sigilosos documentos da ação e/ou sua movimentação.

169
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS

Somente envolvidos no processo é que devem autorização a esse acesso.


Por esta razão, a importância do uso do Certificado Digital, que é um documento
intransferível e que busca garantir o acesso somente de entes autorizados a um
processo sigiloso.

4 Integridade dos dados


O PJe lida basicamente com transferência de dados. São documentos
eletrônicos, petições, registros de movimentações, entre outras informações
que precisam estar protegidas e garantidas de que não tenha sofrida nenhuma
alteração não autorizada.

Caso tenha ocorrido essa alteração, que possa ser identificada através dos
meios técnicos disponíveis. Assim, qualquer possibilidade de rasura, falsificação,
montagem de documento eletrônico, pode ser descoberta sem danos ao processo
ou às partes.

5 Não-repúdio
O não-repúdio é um dos princípios básicos da segurança da informação.
Busca garantir que não há como negar que uma pessoa criou determinada
informação ou executou alguma ação. A assinatura de um documento, por
exemplo, dá essa garantia. No âmbito de um processo eletrônico, vale a assinatura
digital, que consiste no uso de uma tecnologia de criptografia assimétrica.

Através do uso de uma chave privada, que embaralha as informações


do documento, não é possível realizar qualquer tipo de adulteração, sendo
consideradas verdadeiras as informações nele contidas. No Brasil, essa tecnologia
é certificada pela ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira), ligado
ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).

FONTE: <https://tiagofachini.jusbrasil.com.br/artigos/150133123/cinco-requisitos-basicos-para-que-
-um-processo-eletronico-seja-confiavel>. Acesso em: 8 jul. 2020.

170
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A tecnologia atingiu diretamente as atividades relacionadas à prestação de


serviços jurídicos.
• Os processos eletrônicos foram inseridos na prática, no Brasil, desde 2011.
• Os processos eletrônicos têm como objetivos principais a razoável duração do
processo e os meios que garanta a celeridade de sua tramitação.
• Segurança processual é um desafio constante, pois a ação de hackers e de
vírus que podem trazer inúmeros prejuízos.
• Assinatura digital é um mecanismo de autenticação que permite ao criador
de uma mensagem anexar um código que atue como assinatura.
• Autenticação da assinatura digital tem como característica principal a
verificação da data e da hora da assinatura, autenticando o conteúdo do
documento no mesmo momento da assinatura e, em caso de divergência,
deverá ser verificada por terceiros.
• Criptografia é uma maneira de tornar uma mensagem obscura,
incompreensível, normalmente através de um código.
• O poder judiciário brasileiro adotou o método de criptografia assimétrica, por
considerar mais segura que a convencional.
• Certificação digital é a tecnologia responsável pela segurança das informações
na internet.
• O certificado será emitido por uma autoridade certificadora, a qual poderá ser
pública ou privada, e irá estabelecer previamente a identificação do portador
do certificado digital.
• A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, não foi a primeira legislação brasileira
sobre o tema.
• A LGPD tem como principais objetivos garantir a privacidade e a proteção
de dados pessoais; e estabelecer regras claras sobre coleta, armazenamento,
tratamento e compartilhamento de dados pessoais para empresas.
• A LGPD atinge todas as organizações que realizem operações de coleta, uso,
processamento e armazenamento de dados pessoais.

171
• As empresas precisam, então, se adaptarem aos critérios de segurança
determinados na LGPD.
• A adequação à LGPD começa pela revisão dos instrumentos contratuais.

CHAMADA

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172
AUTOATIVIDADE

1 “O processo digital deve possibilitar a mesma certeza quanto à autenticidade


e à integridade dos documentos eletronicamente produzidos, bem como
garantir a sua proteção contra acesso indiscriminado”. A afirmação está:
a) ( ) certa.
b) ( ) errada.

2 “A certificação digital, a tecnologia responsável pela segurança das


informações na internet”. A afirmação está:
a) ( ) certa.
b) ( ) errada.

3 “A LGPD atinge todas as organizações que realizem operações de coleta, uso,


processamento e armazenamento de dados pessoais. Assim, não incluem
as organizações prestadoras de serviços jurídicos”. A afirmação está:
a) ( ) certa.
b) ( ) errada.

173
174
REFERÊNCIAS
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