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Recursos no
disposições gerais. Com uma linguagem objetiva
e direta, apresenta os conceitos e requisitos
Processo Penal
lógico para sua aplicação. Além de uma doutrina
moderna, o livro permitirá o contato com a
jurisprudência atual do Tribunal de
Justiça e, em especial, do Superior
Tribunal de Justiça.
ISBN 978-85-7817-917-5
w w w. u n i s u l . b r
9 788578 179175
Universidade do Sul de Santa Catarina
Recursos
no Processo
Penal
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos
Recursos
no Processo
Penal
Livro didático
Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
D14
Dalabrida, Sidney Eloy
Recursos no processo penal: livro didático / Sidney Eloy Dalabrida;
design instrucional Elizete Aparecida De Marco Coimbra. – Palhoça:
UnisulVirtual, 2016.
112 p.: il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-917-5
e-ISBN 978-85-7817-918-2
Introdução | 7
Capítulo 1
Nulidades no Processo Penal1 | 9
Capítulo 2
Recursos no Processo Penal1 | 25
Capítulo 3
Dos Recursos em Espécie I1 | 35
Capítulo 4
Recursos em Espécie II1 | 57
Capítulo 5
Ações Autônomas de Impugnação1 | 75
Capítulo 6
Relações Jurisdicionais e Disposições Gerais do
Processo Penal 1 | 97
Considerações Finais | 105
Referências | 107
Estimados alunos,
Seção 1
Nulidades processuais
Diversos atos jurídicos são realizados ao longo da ação penal. Cada um deles
deve ser praticado de acordo com o que estabelece a lei, ou seja, precisam
obedecer a uma forma legal específica, de modo que o processo tenha um
desenvolvimento normal e regular, para que possa ser capaz de apurar a verdade
e realizar a justiça.
Portanto, para que o ato processual possa ser juridicamente perfeito, produzindo
seus efeitos jurídicos, é preciso que se amolde ao modelo descrito na lei. Em
outros termos, é preciso que seja típico.
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
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Capítulo 1
a) Irregularidade
b) Nulidade relativa
Verifica-se quando houver uma violação a uma exigência legal que foi
estabelecida no interesse das partes. Como o objetivo da proteção está ligado
diretamente a interesse privado, a invalidação está condicionada à demonstração
de efetivo prejuízo, bem como à arguição do vício no momento adequado,
necessitando de pronunciamento judicial para seu reconhecimento.
c) Nulidade absoluta
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Recursos no Processo Penal
d) Ato inexistente
Desse modo, não exige pronunciamento judicial para ser desfeito, bastando,
tão somente, ser desconsiderado, até porque nenhum efeito produz. Possui
existência material, mas não possui qualquer significado jurídico.
Não se declara a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração
da verdade real ou na decisão da causa (art. 566 do CPP). Isso significa que
a forma não é um fim em si mesma, sendo injustificável o excessivo apego ao
formalismo para a declaração de determinada nulidade.
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Capítulo 1
Não há nulidade sem prejuízo. Se, apesar de irregular, o ato atingiu o seu fim, não
havendo prejuízo, não há falar-se em nulidade. De acordo com o artigo 563 do
CPP, “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para
a acusação ou para a defesa”.
c) Princípio do interesse
Dispõe o artigo 565 do CPP: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que
haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja
observância só à parte contrária interesse”.
A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam consequência. É o que prescreve o artigo 573,
§ 1º, do CPP. Em outras palavras, somente os atos dependentes ou que sejam
consequência daquele viciado poderão ser afetados.
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Recursos no Processo Penal
e) Princípio da convalidação
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Capítulo 1
b) Ilegitimidade de parte
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Recursos no Processo Penal
É causa de nulidade absoluta a ausência de exame de corpo de delito nos crimes não
transeuntes, não podendo ser suprido sequer pela confissão do acusado. No caso de
terem desaparecidos os vestígios do crime, imprescindível será o exame indireto.
De acordo com a Súmula 523 do STF, “No processo penal, a falta da defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova
de prejuízo para o réu”.
O Ministério Público não pode desistir da ação penal, bem como deixar de oficiar
em todos os seus termos, o que implicaria em abandono da ação. Importante
registrar que não se admite a figura do promotor ad hoc.
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Capítulo 1
f) Sentença
O juiz não poderá instalar a sessão sem a presença do quórum mínimo. Trata-se
de nulidade insanável.
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Recursos no Processo Penal
De acordo com os incisos do artigo 571, as nulidades dessa natureza deverão ser
alegadas:
a) no processo ordinário, na fase das alegações finais orais ou, sendo o caso,
quando da apresentação de memoriais, de acordo com o artigo 403, caput e § 3º,
do Código de Processo Penal;
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Capítulo 1
1.5 Jurisprudência
APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. APREENSÃO DE 1.009,9G DE
CRACK. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DEFENSIVO. PRELIMINARES.
IRREGULARIDADES NA COLHEITA DE DEPOIMENTOS EXTRAJUDICIAIS.
IMPROPRIEDADE. EVENTUAIS VÍCIOS OCORRIDOS NO INQUÉRITO QUE NÃO
ALCANÇAM A AÇÃO PENAL. “O direito processual brasileiro, no tocante às
nulidades, edificou seu alicerce, dentre outros, no princípio da instrumentalidade
das formas, traduzido pelo brocardo pas de nullité sans grief, em conformidade
com o qual não se decreta nulidade sem prejuízo. Por isso, eventuais vícios
existentes no inquérito não maculam a ação penal que nele se funda, em face
da sua natureza informativa, pois destina-se a fornecer ao representante do
Ministério Público elementos que lhe permitam oferecer a denúncia”. (TJSC,
Desembargador Sérgio Paladino, j. em 04/09/2007)
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 1
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 1
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 2
Seção 1
Recursos em geral
1.1 Conceito
A palavra “recurso”, segundo a etimologia, tem origem no vocábulo recursus,
do latim, que significa “caminho para voltar, recaminhada, repetição, corrida
de volta”. Sob o ponto de vista jurídico, recurso é um meio processual de
impugnação capaz de propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relação
jurídica processual, decorrente de reforma, invalidação, esclarecimento ou
confirmação. Em poucas palavras, são remédios jurídico-processuais através dos
quais se provoca o reexame de uma decisão.
Pela teoria geral dos recursos, há um órgão jurisdicional contra o qual se recorre,
chamado de juízo a quo, e outro para o qual se recorre, denominado juízo ad quem,
havendo ainda um prejuízo de admissibilidade, que se projeta sobre os pressupostos
recursais, bem como um juízo de mérito, relacionado ao conteúdo do decisum.
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
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Capítulo 2
1.2 Fundamentos
Os recursos têm por base jurídica o princípio constitucional do duplo grau de
jurisdição, decorrente do esquema formulado no corpo da Constituição Federal,
que disciplina a competência dos tribunais e que, segundo a doutrina, assim se
desenvolve, em razão do inconformismo natural gerado nas partes pela decisão
proferida, da falibilidade humana, da necessidade de controle de soluções
arbitrárias e de uma maior segurança jurídica advinda do reexame da matéria
por um órgão colegiado e com maior experiência de atuação. Também está
positivado no Pacto de São José da Costa Rica (art. 8º, n. 2, h).
1.3 Fontes
As fontes normativas dos recursos são:
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Recursos no Processo Penal
1.6 Princípios
•• Duplo grau de jurisdição – permite ao recorrente a revisão do julgado
penal por outro órgão julgador, hierarquicamente superior. Nele
também está compreendida a proibição de que o tribunal de segundo
grau conheça além daquilo que foi discutido pelo tribunal a quo.
Sustenta-se que o princípio do duplo grau de jurisdição encontra
sua principal barreira no “foro privilegiado”, isto se dá em face da
prerrogativa concedida a certas autoridades de serem julgadas em
órgãos colegiados, o que acaba por eliminar a revisão da matéria
por órgão superior, posto que não há instância superior a recorrer.
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Capítulo 2
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 2
c) Quanto à iniciativa:
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Recursos no Processo Penal
a) Pressupostos objetivos
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Capítulo 2
1.10 Efeitos
a) Devolutivo: presente em todos os recursos, o efeito devolutivo diz respeito a
uma nova possibilidade de apreciação da lide, por intermédio da devolução da
matéria ao órgão jurisdicional.
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Recursos no Processo Penal
d) Extensivo: regulado pelo artigo 580 do CPP, permite que, no caso de haver
mais de um réu, o recurso por um interposto e provido seja aproveitado
aos demais que não apresentaram impugnação, salvo quando se tratar de
circunstância de caráter pessoal.
Observação: Ainda que só a defesa tenha apresentado recurso, quando for acolhida
pelo tribunal nulidade de incompetência absoluta do juízo, o juiz a quem for atribuída
competência não estará vinculado à decisão anulada, já que esta é considerada
inexistente, restando aberta, então, a possibilidade de um julgamento mais gravoso
para o réu.
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Capítulo 3
Seção 1
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
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Capítulo 3
A peça acusatória pode ser recusada nos termos do artigo 395 do CPP quando:
a) for manifestamente inepta; b) faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal; c) faltar justa causa para o exercício da ação penal. Contra
a decisão é cabível recurso em sentido estrito. Em se tratando, porém, de decisão
proferida no âmbito do juizado especial criminal, o recurso cabível será a apelação
(art. 82 da Lei n. 9.099/95).
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Recursos no Processo Penal
Quando forem rejeitas, no entanto, a decisão será irrecorrível. Contra a decisão que
acolhe a exceção de suspeição também não cabe recurso algum, até porque não
se pode forçar o juiz que se declara suspeito a julgar o feito.
O inciso cuida das hipóteses de fiança e prisão provisória. Importante perceber que
não cabe recurso da decisão que decretar a prisão preventiva ou indeferir o pedido
de liberdade provisória ou relaxamento da prisão.
As hipóteses estão previstas nos artigos 328, 341 e 344 do Código de Processo
Penal.
Cuida-se, neste dispositivo, das hipóteses em que foi impetrado habeas corpus na
primeira instância. Havendo a denegação da ordem, pode o interressado interpor
o recurso em sentido estrito ou, alternativamente, impetrar novo habeas corpus,
porém, agora para a superior instância. No caso de concessão da ordem, o
Ministério Público também poderá interpor recurso em sentido estrito.
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Capítulo 3
O processo deve tramitar sem qualquer tipo de nulidade. Uma vez verificada,
deverá o juiz anular o processo, no todo ou em parte, conforme o causa da eiva.
Fazendo-o, a parte lesada pode recorrer via sentido.
O alistamento dos jurados está previsto nos artigos 425 e 426 do Código de
Processo Penal. A inclusão ou exclusão do jurado da lista geral desafia recurso em
sentido estrito, hipótese em que o prazo para a interposição é de 20 (vinte) dias e
não 5 (cinco) dias, devendo ser contado da data da publicação definitiva da lista de
jurados (art. 586, parágrafo único, CPP).
Caso, além de não ter recebido a apelação, o juiz ainda não admita o recurso em
sentido estrito, será cabível carta testemunhável (art. 639, I, CPP).
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Recursos no Processo Penal
Este inciso encontra-se também revogado pela Lei de Execução Penal. Será o juiz
da execução o responsável por proferir qualquer decisão a respeito da internação
em hospital de custódia e do tratamento ambulatorial depois de transitada em
julgado a sentença que a impuser, de sorte que o recurso cabível será o agravo (art.
197, LEP).
As hipóteses deste inciso serão impugnáveis por meio do agravo (art. 197, LEP).
A única forma de atacar a decisão com tal conteúdo é através do recurso de agravo
em execução (art. 197, LEP).
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Capítulo 3
Em razão da redação dada pela Lei n. 9.268/96 ao artigo 51 do Código Penal, não
é mais possível a conversão da multa em pena privativa de liberdade, de modo que
este dispositivo está revogado. Se, de alguma forma, houver decisão de conversão
de pena de multa em detenção, dever-se-á impetrar habeas corpus, por flagrante
ilegalidade à liberdade de locomoção.
1.3 Procedimento
O recurso, em sentido estrito, poderá ser interposto por petição ou termo nos
autos (art. 578 do CPP) e o seu processamento poderá ocorrer nos próprios autos
ou mediante a formação de instrumento, nos termos do artigo 583 do CPP.
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Recursos no Processo Penal
Caso o juiz de primeiro grau entenda pela reforma total da decisão impugnada,
a parte contrária poderá recorrer por simples petição nos autos, quando cabível
recurso, não se admitindo, na hipótese, que haja novo juízo de retratação.
1.4 Efeitos
O recurso, em sentido estrito, sempre produzirá o efeito regressivo e, caso seja
mantida a decisão ou, em sendo reformada, houver impugnação pela parte
contrária, também sobrevirá o efeito devolutivo.
1.5 Jurisprudência
PENAL. PROCESSO PENAL. INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO ART. 191, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – CPC. DECISÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE
NEGA SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
NÃO CABIMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTEMPESTIVO. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. No processo penal não se aplica a norma do artigo
191 do Código de Processo Civil que prevê prazo em dobro para recorrentes com
procuradores diversos. Precedentes.
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Capítulo 3
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Recursos no Processo Penal
Seção 2
Apelação
Trata-se de recurso contra decisões definitivas ou com força de definitiva, que
julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, mas que devolvem ao
tribunal o conhecimento da matéria.
A apelação tem caráter residual, já que só pode ser interposta se não houver
previsão expressa de cabimento de recurso em sentido estrito para a situação.
Goza de primazia em relação ao recurso em sentido estrito, uma vez que,
prevendo a lei expressamente o cabimento do recurso em sentido estrito em
relação a uma parte da decisão e a apelação da parte restante, prevalecerá a
apelação. Em outros termos, em função do princípio da unirrecorribilidade, a
apelação, mesmo que residual, tem preferência sobre o recurso em sentido
estrito, ainda que se recorra só de parte da decisão e esta admita esse segundo
recurso.
São as decisões que põem cobro à relação processual, julgando o mérito, seja
absolvendo, seja condenando o acusado. As condenatórias julgam procedente,
no todo ou em parte, a acusação, ao passo que as absolutórias são as que
inacolhem a pretensão punitiva.
Também é cabível apelação das decisões que, julgando o mérito, dão fim à
relação processual sem, no entanto, condenar ou absolver, como, por exemplo, a
decisão que resolve incidente de restituição de coisas apreendidas.
As decisões com força de definitivas são as que põem fim a uma etapa
procedimental, sem julgar o mérito (exemplo: pronúncia). A decisão de
impronúncia comporta recurso de apelação, assim como a decisão que rejeita a
denúncia no caso da Lei n. 9.099/95.
De todas as decisões definitivas ou com força de definitivas, desde que a lei não
preveja recurso em sentido estrito, será cabível a apelação.
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Capítulo 3
Para a defesa, o lapso temporal estabelecido somente passa a ser contado a partir
da última intimação realizada, independentemente de o intimado ser o defensor ou
o próprio réu. No âmbito da defesa, devem ser intimados o réu e seu defensor.
A defensoria pública faz jus ao prazo em dobro, regra que não se aplica ao
Ministério Público.
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Recursos no Processo Penal
2.3 Procedimento
Interposta a apelação perante o juízo recorrido, este examinará o preenchimento
dos requisitos objetivos e subjetivos do recurso (juízo de admissibilidade),
dispondo, em seguida, acerca do seu recebimento. Negado seguimento à
apelação, o apelante poderá interpor recurso em sentido estrito. Recebido o
reclamo, o recorrente será intimado para apresentar suas razões, no prazo de 8
(oito) dias, seguindo-se com a intimação do apelado para oferecer contrarrazões
no mesmo prazo legal. O assistente de acusação, passado o prazo para
manifestação do Parquet, terá 3 (três) dias para apresentar sua peça.
Segundo se observa do artigo 600, § 4º, do CPP, o apelante pode optar por
arrazoar apenas em segunda instância, prerrogativa que não se aplica ao
assistente da acusação.
2.4 Efeitos
São efeitos da apelação:
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Capítulo 3
2.6 Jurisprudência
CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. CONDENAÇÃO PERANTE A JUSTIÇA
COMUM ESTADUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
ANULAÇÃO DO PROCESSO DETERMINADA POR ESTA CORTE. INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA. NOVA CONDENAÇÃO PERANTE A JUSTIÇA FEDERAL. VIOLAÇÃO
AO PRINCÍPIO NE REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA. NÃO OCORRÊNCIA.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA NÃO VERIFICADA.
ORDEM DENEGADA.
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 3
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Recursos no Processo Penal
Seção 3
Dos embargos
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Capítulo 3
3.1.3 Procedimento
Podendo ser opostos pelo acusado, Ministério Público, querelante e assistente,
os embargos de declaração serão endereçados ao juiz ou relator, dependendo da
decisão impugnada, e, na petição que opor o recurso, terão de ser apresentados,
fundamentadamente, os pontos em que a sentença ou acórdão foi ambíguo,
obscuro, contraditório ou omisso.
3.1.4 Efeitos
Quanto aos efeitos dos embargos de declaração, não há no Código de Processo
Penal nenhuma disposição a respeito. Desse modo, por analogia, utiliza-se a
previsão expressa no artigo 538 do Código de Processo Civil, que determina a
interrupção dos prazos para interposição de qualquer outro recurso.
3.1.5 Jurisprudência
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA. OCORRÊNCIA. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO OU INTERRUPÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL ENCONTRAM-SE TAXATIVAMENTE PREVISTAS EM LEI.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA
DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. MERO INCONFORMISMO.
PRETENSÃO DE REJULGAMENTO DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 3
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Recursos no Processo Penal
3.2.3 Procedimento
Os embargos infringentes e de nulidade devem ser opostos mediante a
apresentação de petição, acompanhada das razões, ao relator da decisão
embargada que, recebendo a peça, analisará se preenchidos todos os
pressupostos recursais. O relator do acórdão poderá indeferir in limine os
embargos.
Ainda que não haja unanimidade na nova decisão, dela não poderão ser opostos
novos embargos infringentes ou de nulidade.
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Capítulo 3
3.2.4 Jurisprudência
EMBARGOS INFRINGENTES, DE NULIDADE “E DE DIVERGÊNCIA ENTRE
DECISÕES DE CÂMARAS ISOLADAS”. CRIMES DE HOMICÍDIO TRIPLAMENTE
QUALIFICADOS, PERPETRADOS POR TRÊS VEZES, E DE COAÇÃO NO CURSO
DO PROCESSO. ACÓRDÃO CONFIRMATÓRIO DA CONDENAÇÃO IMPOSTA AOS
EMBARGANTES PROFERIDO EM APELAÇÃO CRIMINAL. DISSENSO APENAS
QUANTO AO RECONHECIMENTO DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES.
INSURGÊNCIA DOS EMBARGANTES RELATIVAMENTE A NULIDADES AFASTADAS
POR UNANIMIDADE NO JULGAMENTO DO APELO. NÃO CONHECIMENTO
DA MATÉRIA, UMA VEZ QUE, SENDO OS EMBARGOS INFRINGENTES, E DE
NULIDADE, UM SÓ RECURSO, SUJEITAM-SE AOS REQUISITOS DELINEADOS
NO ART. 609, PAR. ÚN., DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, MORMENTE
A IMPRESCINDIBILIDADE DE DIVERGÊNCIA. Os embargos de nulidade, por
integrarem os infringentes, apenas com roupagem processual, não devem ser
conhecidos quando não preenchidos os requisitos estampados no artigo 609,
parágrafo único, do Código de Processo Penal, notadamente quando não existe
divergência entre os desembargadores sobre questões processuais.
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Recursos no Processo Penal
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Capítulo 4
Seção 1
Carta testemunhável
É um recurso residual, que visa modificar decisão do juízo a quo que tenha
negado seguimento a outro recurso, a fim de fazê-lo ser conhecido e examinado
pelo tribunal ad quem. Tem por finalidade propiciar à instância superior a
reparação de um gravame provocado pelo juiz que não recebeu o recurso, ou, se
recebeu, obstou seu seguimento.
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
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Capítulo 4
1.3 Procedimento
A carta testemunhável será interposta mediante petição ao escrivão do cartório
judicial, e deverá indicar as peças necessárias à formação da carta. O escrivão
ou funcionário do tribunal a quem for dirigida deverá dar recibo e, no prazo de
5 (cinco) dias, fará a sua extração e autuação. Caso se negue a dar recebido ou
deixe de entregar o instrumento, será suspenso.
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Recursos no Processo Penal
1.4 Efeitos
O Código de Processo Penal é enfático ao prever, no artigo 646, a impossibilidade
de se atribuir efeito suspensivo à decisão, mediante a interposição de carta
testemunhável. Portanto, possui efeito meramente devolutivo.
1.5 Jurisprudência
RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. INSURGÊNCIA DEFENSIVA
CONTRA DECISÃO QUE DEIXOU DE RECEBER AGRAVO DE EXECUÇÃO
ANTERIOR. VIA INADEQUADA. CARTA TESTEMUNHÁVEL COMO RECURSO
CABÍVEL, NOS TERMOS DO ART. 639, INCISO I, DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. INAPLICABILIDADE. ERRO
GROSSEIRO. ADEMAIS, AGRAVO QUE NÃO FOI INTERPOSTO DENTRO DO
PRAZO LEGAL DA CARTA TESTEMUNHÁVEL. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1.
“Decisão que denega o recurso: é a decisão que julga inadmissível a interposição
de determinado recurso, por qualquer motivo. Tal situação pode ocorrer nas
seguintes hipóteses: recurso em sentido estrito, agravo em execução e correição
parcial. Não havendo recurso específico para impugnar esse julgado (como há
para combater a denegação de apelação, que é o recurso em sentido estrito),
resta à parte a interposição de carta testemunhável” (NUCCI, Guilherme de Souza.
Código de Processo Penal Comentado. 11ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2012, p. 1099). 2. “Incabível a interposição de agravo em execução contra decisão
que negou seguimento a agravo anteriormente interposto, na medida em que a
via adequada para insurgir-se contra tal decisão é a carta testemunhável, nos
exatos termos do artigo 639, I, do CPP. De outra parte, impossível receber o agravo
como carta testemunhável, pois interposto fora do prazo desta última. Ainda de
destacar que a decisão agravada está correta, pois não há como aquele que não
está se submetendo à pena, recorrer para pleitear alguma alteração relativa a esta.
AGRAVO EM EXECUÇÃO NÃO CONHECIDO” (TJRS – Agravo n. 70057616369,
Rela. Desa. Isabel de Borba Lucas, j. em 19/02/2014).
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Capítulo 4
Seção 2
Correição parcial
A correição parcial nada mais é do que um meio de impugnação de decisões
que importem em inversão tumultuária do processo, nas situações em que não
haja recurso específico, podendo ser interposta pelo acusado, Ministério Público,
querelante e assistente de acusação.
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Recursos no Processo Penal
2.3 Procedimento
Como já mencionado, à correção parcial aplica-se o rito do agravo de
instrumento, conforme as regras estabelecidas no Código de Processo Civil.
2.4 Efeitos
Regra geral, a correição parcial não possui efeito suspensivo. Todavia, analisando
os autos, faculta-se ao relator aplicar o mencionado efeito.
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Capítulo 4
2.5 Jurisprudência
RECLAMAÇÃO (CORREIÇÃO PARCIAL) – PROCEDIMENTO AFETO À APURAÇÃO
DE CRIME MILITAR – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (CPM, ARTS. 233 C/C 236,
III) – VÍTIMA NÃO ENCONTRADA PARA PRESTAR DEPOIMENTO – DESISTÊNCIA
DA OITIVA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO – ADITAMENTO DA DENÚNCIA PARA
EXCLUIR IMPUTAÇÃO INICIAL E LIMITAR-SE À DESCRIÇÃO DO CRIME DE
PREVARICAÇÃO (CPM, ART. 319) – DECISÃO QUE SUSPENDE APRECIAÇÃO
DO ADITAMENTO E INSISTE NO DEPOIMENTO PESSOAL DA VÍTIMA –
DETERMINAÇÃO DE CONDUÇÃO COERCITIVA – ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO
SISTEMA ACUSATÓRIO E AOS PRINCÍPIOS DA IMPARCIALIDADE E INÉRCIA DO
JUIZ – INOCORRÊNCIA – INTELIGÊNCIA DO ART. 356 DO CPPM – INTIMAÇÃO,
CONTUDO, LIMITADA A APENAS UMA NOVA OPORTUNIDADE – CELERIDADE
PROCESSUAL E PRESERVAÇÃO DA INTIMIDADE DA VÍTIMA – RECLAMAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA
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Recursos no Processo Penal
Seção 3
Reclamação
Prevista no artigo 102, I, L, e artigo 105, I, f, ambos da Constituição Federal
Brasileira de 1988, a reclamação é instrumento destinado a preservar a
competência ou garantir a autoridade das decisões do Supremo Tribunal Federal
e Superior Tribunal de Justiça.
Todavia, o STF, ao editar a Súmula 734, definiu que caberá reclamação até o
trânsito em julgado do ato judicial combatido.
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Capítulo 4
3.3 Procedimento
De acordo com a Lei n. 8.038/90, a reclamação, que deverá estar instruída
com prova documental, será dirigida ao presidente do tribunal respectivo, que
distribuirá o feito a um relator, o qual requisitará informações à autoridade
responsável pelo ato impugnado, apreciará a possibilidade de aplicação de
efeito suspensivo, dará vista ao procurador-geral, se não for este o reclamante,
passando, em seguida, ao julgamento.
3.4 Efeitos
A fim de evitar dano irreparável, o relator poderá conceder efeito suspensivo ao
processo ou ato impugnado.
3.5 Jurisprudência
RECLAMAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AFRONTA À AUTORIDADE DE DECISÃO DESTA
CORTE. OCORRÊNCIA. AFASTAMENTO DA VEDAÇÃO INSCRITA NO § 1º DO
ART. 2º DA LEI N. 8.072/1990, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.464/2007.
POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME DIVERSO DO
FECHADO, À LUZ DAS BALIZAS DELINEADAS PELO ART. 33, § 2º E 3º, DO
CP. INOBSERVÂNCIA DA DIRETRIZ PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO. PARECER
ACOLHIDO. 1. Nos termos do artigo 105, I, f, da Constituição Federal, cabe
reclamação para preservar a competência do Superior Tribunal de Justiça e garantir
a autoridade de suas decisões.
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Recursos no Processo Penal
Seção 4
Recurso especial
Visando a assegurar o cumprimento de leis federais e uniformizar a sua aplicação
no país, o recurso especial é instrumento de impugnação de decisões que
envolvam questão federal de natureza infraconstitucional, proferidas em única
ou última instância pelos tribunais regionais federais ou tribunais de justiça dos
estados e Distrito Federal. É pela via do recurso especial que o Superior Tribunal
de Justiça faz o controle difuso da legislação infraconstitucional.
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Capítulo 4
b. Pré-questionamento
A questão de direito controvertida deve ter sido debatida anteriormente. Para isso,
admite-se até o manejo dos embargos declaratórios. A matéria objeto do recurso
deve ter sido apreciada na decisão recorrida.
4.4 Procedimento
Interposto mediante petição dirigida ao presidente do tribunal a quo, o recurso
especial será recebido pela secretaria do tribunal, que intimará o recorrido para
apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias.
Por outro lado, recebido o recurso, os autos subirão ao STJ, onde deverão
66
Recursos no Processo Penal
4.5 Efeitos
Conforme se denota do artigo 27, § 2º, da Lei n. 8.038/90, o recurso especial
será recebido apenas no efeito devolutivo. Entretanto, há na doutrina grande
discussão acerca da incompatibilidade entre o princípio da presunção de
inocência e a impossibilidade de concessão de efeito suspensivo à decisão
condenatória recorrida.
4.6 Jurisprudência
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR PRATICADO CONTRA MENOR
DE 14 ANOS. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO NOS
MOLDES REGIMENTAIS. DELITO ANTERIOR. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA. EFEITOS. MAUS ANTECEDENTES. ART. 226, II, DO CÓDIGO
PENAL. COMPROVADA AUTORIDADE DO RÉU SOBRE A VÍTIMA. INFORMAÇÃO
CONTEXTUALIZADA NA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 157 DO CPP. AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. O dissídio jurisprudencial
não foi comprovado nos termos exigidos pelo artigo 255, § 1º e 2º, do regimento
interno do Superior Tribunal de Justiça, notadamente pela ausência de transcrição
dos trechos dos acórdãos em confronto e do necessário cotejo analítico das teses
divergentes
67
Capítulo 4
68
Recursos no Processo Penal
Seção 5
Recurso extraordinário
Tendo por premissa a proteção e correta aplicação das normas de natureza
constitucional, o recurso extraordinário destina-se a combater as decisões
judiciais que tenham violado dispositivo da Constituição Federal e não sejam
recorríveis por intermédio de outro recurso.
69
Capítulo 4
5.3 Procedimento
O procedimento do recurso extraordinário está previsto na Lei n. 8.038/90 e é
idêntico ao do recurso especial.
70
Recursos no Processo Penal
5.5 Efeitos
Também se aplicam ao recurso extraordinário os mesmos efeitos gerados pelo
recurso especial.
5.6 Jurisprudência
RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM MATÉRIA CRIMINAL E A EXIGÊNCIA
CONSTITUCIONAL DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. O requisito constitucional da
repercussão geral (CF, art. 102, § 3º, red. EC 45/2004), com a regulamentação
da Lei 11.418/06 e as normas regimentais necessárias à sua execução, aplica-se
aos recursos extraordinários em geral, e, em consequência, às causas criminais.
2. Os recursos ordinários criminais de um modo geral, e, em particular, o recurso
extraordinário criminal e o agravo de instrumento da decisão que obsta o seu
processamento, possuem um regime jurídico dotado de certas peculiaridades –
referentes a requisitos formais ligados a prazos, formas de intimação e outros –
que, no entanto, não afetam substancialmente a disciplina constitucional reservada
a todos os recursos extraordinários (CF, art. 102, III). 3. A partir da EC 45, de 30 de
dezembro de 2004 – que incluiu o § 3º no artigo 102 da Constituição –, passou a
integrar o núcleo comum da disciplina constitucional do recurso extraordinário a
exigência da repercussão geral da questão constitucional. 4. Não tem maior relevo
a circunstância da Lei 11.418/06, que regulamentou esse dispositivo, ter alterado
apenas texto do Código de Processo Civil, tendo em vista o caráter geral das
71
Capítulo 4
72
Recursos no Processo Penal
73
Capítulo 5
Ações Autônomas de
Impugnação1
Seção 1
Revisão criminal
1.1 Conceito
Foi erroneamente elencada entre os recursos pelo Código de Processo Penal,
mas, na verdade, trata-se de uma ação autônoma de impugnação da sentença
penal condenatória passada em julgado.
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
75
Capítulo 5
Com ela se permite que a decisão condenatória passada em julgado possa ser
novamente questionada em decorrência de novas provas, da atualização da
interpretação do direito ou da possibilidade de não ter sido prestada a jurisdição
adequada no julgamento anterior.
1.2 Legitimidade
A revisão criminal poderá ser proposta pelo réu ou procurador legalmente
habilitado. Não há necessidade de poderes especiais. Em caso de morte do
réu, a revisão poderá ser promovida pelo cônjuge, descendente, ascendente
ou irmão (art. 623 do CPP). Claro que, no conceito de cônjuge, incluem-se os
companheiros (art. 226, § 3º, CF). O Ministério Público não é parte legítima, mas
poderá impetrar habeas corpus.
1.3 Prazo
A revisão criminal poderá ser proposta após o trânsito em julgado da decisão, e
pouco importa se o réu está cumprindo a pena ou se já a cumpriu, visto que a
finalidade da ação não é só evitar o cumprimento da pena imposta, mas corrigir
uma injustiça. Por isso, mesmo que haja falecido antes, durante ou após o
cumprimento da pena, poderá ser promovida a ação de revisão criminal.
1.4 Cabimento
De acordo com o artigo 621 do CPP, caberá revisão criminal dos processos
condenatórios:
76
Recursos no Processo Penal
1.5 Competência
Compete ao próprio tribunal julgar as revisões criminais de seus julgados, assim
como aquelas proferidas pelos juízes a ele vinculados. É claro que aquele que
participou do primeiro julgamento não poderá julgar a ação de revisão.
77
Capítulo 5
Nesse caso, uma vez julgada procedente a revisão criminal, o próprio tribunal
competente julga o mérito, podendo absolver o réu, se for o caso. Não se trata,
portanto, de apenas anular a decisão para submeter o réu a novo julgamento.
1.7 Processamento
A ação deverá ser dirigida ao presidente do tribunal competente, que poderá
rejeitá-la liminarmente, caso o requerimento não esteja instruído adequadamente,
tratar-se de mera repetição ou o pedido não se ajustar às hipóteses do artigo 621
do CPP.
Os autos são então encaminhados ao revisor que, após exame, designará data
para o julgamento.
78
Recursos no Processo Penal
1.8 Jurisprudência
REVISÃO CRIMINAL. 1. CABIMENTO. PROGRESSÃO DE REGIME. JUÍZO DA
EXECUÇÃO (LEI 7.210/84 (LEP), ART. 66, INC. III, “B”). 2. CONTRARIEDADE À
PROVA DOS AUTOS. RÉU NÃO IDENTIFICADO PELAS VÍTIMAS. RETRATAÇÃO
DE IDENTIFICAÇÃO POR CORRÉU. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS EM JUÍZO. 1.
Não se admite o manejo de revisão criminal que objetiva a progressão do regime
de cumprimento de pena imposto a apenado, pois tal matéria é de competência
do juízo da execução. 2. É contrária à prova dos autos a sentença que condena
o acusado da prática de roubo se ele não é preso em flagrante, se nenhuma
vítima o identifica na etapa judicializada, se dois corréus dizem não o conhecer,
se o codenunciado que, na fase administrativa, o apontara como participante do
delito, retrata-se em juízo, e se nenhum outro elemento probatório produzido sob
contraditório judicial imputa a autoria ao apenado. REVISÃO PARCIALMENTE
CONHECIDA E DEFERIDA
79
Capítulo 5
80
Recursos no Processo Penal
81
Capítulo 5
Seção 2
2.1 Conceito
Ação de natureza constitucional e de rito sumaríssimo, destinada a tutelar direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público.
2.2 Admissibilidade
Somente se pode cogitar do manejo do mandado de segurança quando for
possível comprovar de plano a ilegalidade ou abuso de poder, porquanto direito
82
Recursos no Processo Penal
líquido e certo apto a ser tutelado pelo mandamus é aquele manifesto em sua
existência e que pode ser comprovado com a impetração.
2.3 Legitimidade
Para que se reconheça a legitimidade ativa, o impetrante deve ser o titular do
direito líquido e certo atingido.
2.4 Competência
A competência para o julgamento é definida pela categoria da autoridade coatora
e sua sede funcional. No caso de decisão judicial, a competência será do tribunal
incumbido de julgar a questão em grau de recurso.
2.5 Procedimento
O prazo para que o mandado de segurança seja impretrado é de 120 (cento e
vinte) dias, a partir da ciência oficial do ato impugnado. Superado o prazo, opera-
se a decadência do direito de impetrar o mandamus.
A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso
de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando
decorrido o prazo legal para a impetração.
83
Capítulo 5
84
Recursos no Processo Penal
2.7 Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA CRIMINAL – BUSCA E APREENSÃO – DESPACHO
FUNDAMENTADO QUE COMPROVA SUA NECESSIDADE – REDUÇÃO DE SUA
ABRANGÊNCIA AOS EQUIPAMENTOS E DOCUMENTAÇÃO INTERESSANTES À
INVESTIGAÇÃO – ALCANCE IRRESTRITO – VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E
CERTO. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
85
Capítulo 5
86
Recursos no Processo Penal
Seção 3
Habeas corpus
3.1 Conceito
É remédio constitucional destinado à proteção do direito de liberdade de
locomoção contra toda a espécie de ilegalidade. Trata-se, em poucas palavras,
de uma ação que tem por objetivo restabelecer a liberdade de ir, vir e ficar, ou,
ainda, em arrostar ameaça que possa recair sobre esse direito fundamental do
cidadão.
3.2 Espécies
Tendo em vista a amplitude da proteção judicial concedida ao cidadão através
desta ação, fala-se em habeas corpus liberatório e preventivo.
No habeas corpus preventivo, o que se pede é uma tutela antecipada, que tem
por objetivo evitar que a ameaça de uma prisão se concretize.
3.3 Legitimidade
Qualquer pessoa pode impetrá-lo, independentemente de representação de
advogado. O artigo 654 do CPP afirma textualmente que o habeas corpus poderá
ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem. O analfabeto
pode impetrar, desde que alguém assine a seu rogo.
87
Capítulo 5
88
Recursos no Processo Penal
3.5 Competência
São dois os critérios básicos para a definição da competência no processo de
habeas corpus: territorialidade e hierarquia.
89
Capítulo 5
Aos tribunais regionais federais, por sua vez, compete processar e julgar os
habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal (art. 108, I, d, CF).
3.6 Processamento
Tendo em vista a sua natureza, o processamento do habeas corpus deve ser
célere, razão pela qual a simplicidade e sumariedade são suas características
principais.
O pedido de habeas corpus deve ser formulado por escrito, devendo a petição
inicial indicar o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência
ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; a declaração
da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as
razões em que funda o seu temor; a assinatura do impetrante, ou de alguém
a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das
respectivas residências (art. 654, § 1º, CPP).
90
Recursos no Processo Penal
Resumidamente:
91
Capítulo 5
3.8 Jurisprudência
HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO PELA SUPOSTA PRÁTICA DO DELITO
DE VIAS DE FATO CONTRA SUA EX-COMPANHEIRA (ART. 21 DO DECRETO-
LEI N. 3.688/41, C/C ART. 61, II, “F”, DO CÓDIGO PENAL). TRANCAMENTO DA
AÇÃO PENAL. ALEGADA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA DEFLAGRAÇÃO DA
AÇÃO PENAL, ANTE A FALTA DE EMBASAMENTO PROBATÓRIO. INVIABILIDADE.
PALAVRAS DA VÍTIMA CORROBORADAS PELO DEPOIMENTO DE INFORMANTE
DANDO CONTA DA PRÁTICA DO ILÍCITO. INDÍCIOS SUFICIENTES DA
MATERIALIDADE E DA AUTORIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 41 DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE PROFUNDA ANÁLISE DE
PROVAS PELA VIA ELEITA. ORDEM CONHECIDA E DENEGADA. O trancamento
da ação é medida excepcional, só admitida quando a mera exposição dos fatos
evidencia a ilegalidade, ou quando se imputa ao paciente fato atípico, ou, ainda,
quando ausente qualquer fundamento no inquérito para embasar a acusação. Não
havendo qualquer irregularidade na peça acusatória, bem assim elementos que
revelem, de plano, a insubsistência dos fatos narrados na denúncia enquanto
ilícitos penais, não há como se obstar o curso da ação penal proposta contra o
paciente.
92
Recursos no Processo Penal
93
Capítulo 5
na fase de investigação. Esses dados, colhidos na fase policial, podem ser usados
– como de fato o foram – na fase judicial. 9. É desnecessária a digitalização de
foto já constante nos autos da ação penal para, novamente, colocá-la na peça
acusatória. Isso porque se efetivou, num momento anterior, a devida identificação
– civil e criminal – do investigado. 10. Ordem parcialmente concedida, com o intuito
de determinar ao juiz do processo que tome providências no sentido de riscar da
denúncia a parte em que consta a fotografia do ora paciente.
94
Recursos no Processo Penal
95
Capítulo 5
96
Capítulo 6
Relações Jurisdicionais
e Disposições Gerais do
Processo Penal 1
Seção 1
1 DALABRIDA, Sidney Eloy. Recursos no processo penal. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.
97
Capítulo 6
1.3 Jurisprudência
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO
DE DROGAS. RECORRENTE ESTRANGEIRA EM CUMPRIMENTO DE MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. REQUERIMENTO PARA CUMPRIR AS
MEDIDAS NO PAÍS DE ORIGEM. TRATADOS INTERNACIONAIS. IMPOSSIBILIDADE.
IMINÊNCIA DA PROLAÇÃO DE SENTENÇA. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO.
I – A recorrente está sendo processada pela suposta prática de conduta prevista no
98
Recursos no Processo Penal
artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/06 e requer seja concedida autorização para que
responda à ação penal em seu país de origem, haja vista a existência de um tratado
e uma convenção internalizados no ordenamento jurídico pátrio pelos Decretos
n. 6.974/2009 e 154/1991, respectivamente, que autorizariam essa possibilidade.
II – Contudo, tenho que, não obstante sejam normas a serem observadas, não
se impõe a sua aplicação para o caso, haja vista que é iminente a prolação de
sentença na ação penal a que responde a recorrente. III – Por outro lado, o Tratado
de Cooperação Internacional firmado entre a República Federativa do Brasil e
a Confederação Suíça, embora autorize a execução de medidas cautelares nos
territórios respectivos, submete à avaliação do Estado requerido a imposição ou
não das medidas. IV – Quanto à convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes,
embora preveja a possibilidade de extradição, é cediço que esse procedimento
está sujeito aos regramentos internos da parte requerida, que pode recusá-la, por
exemplo, por se tratar, o extraditando, de nacional do Estado requerido, não se
podendo afirmar, indene de dúvidas, que a recorrente submeter-se-á à lei penal
brasileira estando na Suíça. Recurso ordinário desprovido.
99
Capítulo 6
Seção 2
Importante notar que a publicidade poderá ser limitada, desde que haja
interesse público, como para preservação da intimidade, inconveniente ou
perigo de perturbação da ordem, conforme prevê o artigo 792, § 2º, do
Código de Processo Penal.
100
Recursos no Processo Penal
Para manutenção da ordem, o juiz poderá requisitar força policial e o que for
conveniente para garantir a regularidade dos atos processuais, como a retirada
de pessoa inconveniente, já que dispõe de poder de polícia. Também é permitida
a retirada do próprio réu da audiência ou sessão, quando se comportar de modo
a prejudicar o andamento normal da atividade.
101
Capítulo 6
O CPP, em seu artigo 800, prevê uma série de prazos impróprios dirigidos ao juiz
de direito, a saber: 10 (dez) dias para proferir sentenças e decisões interlocutórias
mistas; 5 (cinco) dias para as decisões interlocutórias simples; 1 (um) dia para
despachos ordinatórios. Dada sua natureza imprópria, uma vez ultrapassados,
não impedem a prática do ato, não obstante possa o magistrado responder
administrativamente pela falta quando se verificar atraso injustificável.
Inexiste possibilidade de retirada do autos por mera confiança, cautela que tem
mira a necessidade de preservação dos autos a fim de evitar-se a sua supressão
ou mesmo de documentos nele contidos. Aplicável por analogia, vale lembrar,
o disposto no artigo 40, § 2º, do CPP, de acordo com o qual, sendo comum
às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos
autos, poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de
cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora,
independentemente de ajuste.
102
Recursos no Processo Penal
2.4 Jurisprudência
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E INCÊNDIO. OMISSÃO NO
ACÓRDÃO IMPUGNADO. VÍCIO NÃO CONFIGURADO. REQUISIÇÃO DO PRESO
PARA INTERROGATÓRIO. NULIDADE DA CITAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE
PREJUÍZO. ABERTURA DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DAS RAZÕES DE
RECURSO NÃO INADMITIDO POR INTEMPESTIVIDADE. DESNECESSIDADE.
CONTAGEM DE PRAZO. SÚMULA 710/STF. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CONFIGURADO. PRISÃO CAUTELAR. FUGA. APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO CAUTELAR. SUPERVENIÊNCIA DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA. PEDIDO PREJUDICADO. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA
E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA. “No processo penal, contam-se os prazos da
data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória
ou de ordem” (Súmula 710/STF).
103
Capítulo 6
“Em crimes dolosos contra a vida, não é admissível, na fixação da pena-base (art. 59,
CP), a consideração de circunstância que constituiria qualificadora ou agravante
do crime, sob pena de usurpação da competência do tribunal do júri” (STJ, Min.
Arnaldo Esteves Lima).
104
Considerações Finais
105
Referências
BONFIN, Edílson Mougenot. Curso de processo penal. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2015.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo Ppenal. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
107
Universidade do Sul de Santa Catarina
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2012
GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Recursos no processo penal. 7. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011.
JESUS, Damásio Evangelista de. Código de processo penal anotado. 27. ed.
São Paulo: Saraiva, 2015.
MESSA, Ana Flávia. Curso de direito processual penal. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 19. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
108
Recursos no Processo Penal
PORTO, Hermínio Alberto Marques. Júri. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
TOURILHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 35. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013. v. 4.
109
Sobre o Professor Conteudista
111
capa_vermelha.pdf 1 14/03/16 14:58
Recursos no
disposições gerais. Com uma linguagem objetiva
e direta, apresenta os conceitos e requisitos
Processo Penal
lógico para sua aplicação. Além de uma doutrina
moderna, o livro permitirá o contato com a
jurisprudência atual do Tribunal de
Justiça e, em especial, do Superior
Tribunal de Justiça.
ISBN 978-85-7817-917-5
w w w. u n i s u l . b r
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