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Obrigações
Prof.a Barbara Dias Largura de Oliveira
Prof.a Glauka Cristina Archangelo da Silva
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Barbara Dias Largura de Oliveira
a
O48d
ISBN 978-65-5663-504-0
ISBN Digital 978-65-5663-503-3
CDD 342.14
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Direito Civil III –
Obrigações. O presente livro didático tem por objetivo apresentar o Direito
das Obrigações de maneira abrangente, descomplicada e objetiva, a fim de
auxiliar o estudante de Direito a compreender os conceitos pertencentes a
esse importante e basilar ramo do Direito Civil.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
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REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 143
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 201
UNIDADE 1 —
CONCEITO, MODALIDADES,
FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO,
ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES:
EXTINÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para iniciar o estudo acerca do direito das obrigações é necessário
estabelecer o seu conceito, que pode ser entendido como um conjunto de regras
que normatizam a relação jurídica pessoal transitória existente entre um credor
(sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo), relação em que o sujeito passivo
contrai o encargo de praticar uma obrigação em proveito de outrem.
NOTA
3
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
NOTA
4
TÓPICO 1 — CONCEITO E AMPLITUDE DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O termo ágrafo (2019) possui origem grega e significa o que não está escrito,
que não tem ou não utiliza escrita. Ou seja, povos ágrafos são aqueles que não dispõem
de registros escritos.
5
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
6
TÓPICO 1 — CONCEITO E AMPLITUDE DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
O referido diploma legal foi regido pela igualdade formal, criando lei
entre as partes (pacta sunt servanda). De acordo com a regulamentação em questão,
o contrato firmado por liberalidade entre as partes não comportava alteração,
devendo ser cumprido integralmente em seus exatos termos.
7
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
O Código Civil de 2002 inaugura sua parte especial com o Livro do Direito
das Obrigações. Assim, o Título I desse Livro regulamenta as modalidades de
obrigações, ou seja, delimita de que formas as obrigações podem ser realizadas.
8
TÓPICO 1 — CONCEITO E AMPLITUDE DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Relação Obrigacional
Elemento objetivo:
Elementos subjetivos: Vínculo jurídico:
Prestação (lícita,
Sujeitos (credor e O que une os sujeitos
possível, determinada ou
devedor) à prestação
determinável)
FONTE: A autora
9
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
10
TÓPICO 1 — CONCEITO E AMPLITUDE DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
11
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
Tal prestação, elemento objetivo que ora se estuda, deverá ser lícita,
possível e determinada ou determinável.
12
TÓPICO 1 — CONCEITO E AMPLITUDE DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
I- agente capaz;
II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- forma prescrita ou não defesa em lei.
FONTE: A autora
Objeto
Bem da vida
indireto/mediato
FONTE: A autora
13
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
Neste sentido, Gomes (2019, p. 27) afirma que “na definição do objeto da
obrigação é necessário, em suma, ressaltar que deve ser suscetível de avaliação
econômica, e corresponder a um interesse do credor, que, todavia, pode não ser
patrimonial”.
Cumpre salientar que, sob uma ótica constitucional, o Direito Civil não
é mais simbolizado com essência voltada para o patrimônio, mas sim para o
indivíduo. Assim, excepcionalmente, admite-se que as obrigações podem não
ter cunho econômico. Conclui-se, desta forma, que basta o resultado benéfico
da prestação, ainda que não patrimonial, o que ocorre, por exemplo, em uma
retratação pública.
DICAS
14
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito das Obrigações é um campo do Direito Civil que possui como objetivo
regulamentar e equilibrar as relações existentes entre credor e devedor.
• A prestação pode ser positiva, nas hipóteses em que o devedor se obriga a dar
ou fazer alguma coisa a outrem, ou negativa, quando o sujeito passivo assume
o dever de não fazer, ou seja, necessita abster-se de algo.
15
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Promotor de Justiça – Órgão:
Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPE-PE) – Ano: 2002.
16
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico serão objeto de estudo as fontes e os princípios do Direito
das Obrigações, temas que, em conjunto com as premissas conceituais abordadas
no item anterior, formam o ponto de partida para se compreender o ramo do
Direito em questão.
17
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
• Classificação clássica:
Esta classificação não é predominante e foi desenvolvida pelo jurista romano
Gaio, que fragmentava as fontes das obrigações em:
a) Contrato: ajuste bilateral de vontades.
b) Quase contrato: atos negociais que não possuem natureza contratual, ou
seja, não se originam de um acordo bilateral de vontades. Como exemplo
tem-se a promessa de recompensa, que não é um contrato, mas cria
obrigação entre as partes.
c) Delito: ilícito doloso. É a hipótese, por exemplo, de um indivíduo que
bate seu carro contra outro veículo propositadamente, nascendo, assim, a
obrigação de indenizar.
d) Quase delito: ilícito culposo.
• Classificação moderna:
A doutrina moderna, influenciada por Orlando Gomes, costuma indicar as
seguintes fontes obrigacionais:
a) Atos negociais: é mais abrangente, pois enquadra os negócios jurídicos
bilaterais (ex.: contrato) e as declarações unilaterais de vontade (ex.:
promessa de recompensa).
b) Atos não negociais: determinados comportamentos humanos não negociais
criam obrigações. Exemplo disso é o fato de vizinhança (respeito ao sossego,
saúde, segurança etc.).
c) Atos ilícitos: abuso de direito, enriquecimento ilícito.
• Classificação de Tartuce:
O doutrinador Flávio Tartuce elenca um rol próprio para as fontes das
obrigações:
a) Lei: é fonte primária ou imediata de todas as obrigações e, segundo Tartuce,
certas obrigações decorrem somente da lei, como por exemplo a obrigação
de prestar alimentos.
b) Atos unilaterais: declarações unilaterais de vontade, tais como as previstas
no Código Civil: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento
indevido e enriquecimento sem causa.
18
TÓPICO 2 — FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
19
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
E
IMPORTANT
20
TÓPICO 2 — FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 421 in verbis: “a liberdade contratual será
exercida nos limites da função social do contrato”.
21
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
Tal como está fundada a boa-fé objetiva, esta pode ser definida como um
dever legal de ação conforme padrões recomendados socialmente, de modo que
a confiança da outra parte não seja prejudicada.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 422 in verbis: “os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e boa-fé”.
DICAS
23
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Deve-se compreender por fonte das obrigações o fato jurídico que materialize
a lei e origine a relação obrigacional.
24
AUTOATIVIDADE
25
26
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Como foi possível observar na unidade anterior, não há uma rotulação
única acerca das fontes do Direito Obrigacional. O mesmo ocorre com a
classificação das obrigações, tendo em vista que tal categorização ganha nuances
diferentes de doutrinador para doutrinador, pois cada um adota divisões lógicas
de acordo com suas metodologias particulares.
Coisa certa
Dar
Positivas Coisa incerta
Fazer
Obrigações
FONTE: A autora
27
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
FONTE: A autora
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 233 in verbis: “a obrigação de dar coisa
certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso”.
28
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Destaca-se que nas obrigações de dar, em especial nas de dar coisa certa,
dois princípios do Direito das Obrigações possuem maior relevância. O primeiro
é o princípio da especialidade, previsto no artigo 313 do Código Civil, o qual
determina que “o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa”.
NOTA
29
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 234 in verbis: “se, no caso do artigo
antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a
condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos”.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 235 in verbis: “deteriorada a coisa, não
sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido
de seu preço o valor que perdeu”.
30
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 236 in verbis: “sendo culpado o devedor,
poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos”.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 238 in verbis: “se a obrigação for de
restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o
credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda”.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 239 in verbis: “se a coisa se perder por
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.
31
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 240 in verbis: “Se a coisa restituível
se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a
indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239”.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 237 in verbis: “Até a tradição pertence
ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir
aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação”.
32
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
Obrigação indicada
de dar coisa Gênero Quantidade
incerta
FONTE: A autora
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 243 in verbis: “a coisa incerta será
indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
33
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 244 in verbis: “nas coisas determinadas
pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do
título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”.
Outra premissa que merece destaque é o fato de que gênero não perece,
nos termos da legislação civil. Assim, enquanto a escolha não for feita, o devedor
não poderá aduzir a perda da coisa para se desobrigar, mesmo que a perda tenha
acontecido por força maior ou caso fortuito. Exemplo: em uma obrigação de entregar
dez cabeças de gado ocorre uma enchente matando todo o rebanho do devedor antes
da escolha, como o gênero não perece, o devedor continua obrigado.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 246 in verbis: “antes da escolha, não poderá
o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”.
34
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 318 in verbis: “são nulas as convenções de
pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre
o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial”.
35
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 249 in verbis: “se o fato puder ser
executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo
recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
36
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
FONTE: A autora
37
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 251 in verbis: “praticado pelo devedor o
ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se
desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido”.
38
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 252 in verbis: “nas obrigações alternativas,
a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1° Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2° Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida
em cada período”.
NOTA
39
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
40
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 264 in verbis: “há solidariedade, quando
na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com
direito, ou obrigado, à dívida toda”.
NOTA
• Solidariedade passiva
A solidariedade passiva (pluralidade de devedores) é regulamentada pelo
artigo 275 e seguintes do Código Civil.
41
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 275 in verbis: “o credor tem direito a
exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum;
se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto.
NOTA
• Solidariedade ativa
A solidariedade ativa (pluralidade de credores) é regulamentada pelo artigo
267 e seguintes do Código Civil.
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 267 in verbis: “cada um dos credores
solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”.
A solidariedade ativa também pode ser fixada por lei ou por acordo de
vontade entre as partes.
43
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
FONTE: A autora
44
TÓPICO 3 — CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
FONTE: A autora
NOTA
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
ou dada a razão determinante do negócio jurídico”.
45
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
FONTE: A autora
DICAS
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A obrigação de dar dinheiro é uma das espécies das obrigações de dar, e será
verificada quando o objeto da obrigação se tratar de pecúnia.
• Obrigação de fazer infungível é aquela que pode ser cumprida apenas pelo
devedor, ou seja, tem caráter personalíssimo, pela natureza da prestação ou
por convenção das partes.
• A obrigação de não fazer tem como objeto uma prestação de fato negativo,
em que o devedor se compromete a praticar um comportamento omissivo que
interessa ao credor.
47
• A solidariedade passiva decorre da pluralidade de devedores, permitindo ao
credor cobrar a totalidade da dívida de cada um deles.
48
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Analista Judiciário – Órgão: Tribunal
de Justiça do Estado do Amapá (TJ-AP) – Ano: 2014.
49
IV- Paula contratou o empreiteiro Romeu para executar serviços de hidráulica,
elétrica e colocação de forro de gesso em seu novo apartamento,
pagando a quantia de R$10.000,00. Após quinze dias do início da obra,
Romeu a abandona imotivadamente, causando um grande atraso em
sua finalização. Paula poderá, então, mandar executar o serviço por
outro empreiteiro, às custas de Romeu, e exigir o pagamento deste de
indenização das perdas e danos que provocou.
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Promotor de Justiça – Órgão:
Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL) – Ano: 2012.
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Analista Judiciário – Órgão: Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) da 11ª Região – Ano: 2017.
50
d) ( ) É, em regra, apurada com base na responsabilidade subjetiva e
examinada como obrigação de meio, excepcionalmente examinando-se
como obrigação de resultado.
e) ( ) É, em regra, apurada com base na responsabilidade objetiva e examinada
como obrigação de meio e, circunstancialmente, como obrigação de
resultado.
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Juiz – Órgão: Tribunal de Justiça de
Pernambuco (TJ-PE) – Ano: 2013.
51
52
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Inicialmente cumpre esclarecer que transmitir significa passar adiante.
Assim, na ocorrência de uma transmissão há uma cessão, que nada mais é do que
a transferência de uma colocação na relação jurídica, a título gratuito ou oneroso.
2 CESSÃO DE CRÉDITO
A cessão de crédito representa a transmissão, total ou parcial, de um
crédito a um terceiro, de maneira gratuita ou onerosa, mantendo a relação
obrigacional com o mesmo devedor. Portanto, a cessão de crédito é considerada
como um negócio jurídico bilateral, por meio do qual o credor transfere a outrem,
a sua posição de credor na relação obrigacional.
NOTA
53
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 286 in verbis: “o credor pode ceder o
seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o
devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se
não constar do instrumento da obrigação”.
54
TÓPICO 4 — TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 1.749 in verbis: “ainda com a autorização
judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 290 in verbis: “a cessão do crédito não
tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado
se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita”.
55
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 292 in verbis: “fica desobrigado o devedor
que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de
mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de
cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá
a prioridade da notificação”.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
solvência do devedor.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as
que o cessionário houver feito com a cobrança.
56
TÓPICO 4 — TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
57
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 299, parágrafo único, in verbis: “qualquer
das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como recusa”.
NOTA
58
TÓPICO 4 — TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
NOTA
NOTA
O Código Civil estabelece em seu art. 302 in verbis: “o novo devedor não pode
opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo”.
NOTA
59
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
Para que isso ocorra é necessário que alguns requisitos estejam presentes,
quais sejam: celebração de negócio jurídico entre cedente e cessionário, totalidade/
integralidade da cessão e, por último, o consentimento da outra parte. Caso a
anuência esteja ausente, opera-se a invalidade da cessão.
Cessão de crédito
Por expromissão
Obrigação
Cessão de débito
Solidária
Por delegação
Cessão de contrato
FONTE: A autora
DICAS
60
TÓPICO 4 — TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
LEITURA COMPLEMENTAR
Carvalho Santos, do mesmo modo, notou bem que “A cessão dos créditos
é, pela sua índole, um instituto que serve para fins diversos”.
61
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
A cessão de crédito pode ter por base um contrato oneroso, sendo que, neste
caso, efetivamente existe uma proximidade com o contrato de compra e venda.
62
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Toda cessão é permitida, podendo o credor ceder seu crédito, salvo nas
hipóteses de proibição em razão da natureza da obrigação, proibição por lei e
proibição por convenção com o devedor.
CHAMADA
63
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Juiz Substituto – Órgão: Tribunal de
Justiça de Alagoas (TJ-AL) – Ano: 2019.
64
III- Salvo estipulação em contrário, o cedente responde pela solvência do devedor.
IV- O cessionário de crédito hipotecário só poderá averbar a cessão no registro
de imóveis com o consentimento do cedente e do proprietário do imóvel.
V- Na assunção de dívida, se a substituição do devedor vier a ser anulada,
restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias
prestadas por terceiro, exceto se este conhecia o vício que inquinava a
obrigação.
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Prova: Juiz Substituto – Órgão: Tribunal de
Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) – Ano: 2017.
65
UNIDADE 1 — CONCEITO, MODALIDADES, FIGURAS HÍBRIDAS, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: EXTINÇÃO
FONTE: Banca: Fundação Getúlio Vargas (FGV) – Prova: Analista Judiciário – Órgão: Tribunal
de Justiça do Estado do Amazonas (TJ-AM) – Ano: 2013.
66
UNIDADE 2 —
MODALIDADE DE PAGAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
67
68
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Primeiramente, para iniciarmos o estudo acerca do adimplemento e
inexecução das obrigações, se faz necessário entender as figuras que fazem parte
dessa relação, nesse caso, possuímos a figura do DEVEDOR e a figura do CREDOR.
Dito isso, o Credor será sempre será aquele sujeito que se encontra na posição
de recebedor de alguma coisa, que possui um crédito a ser recebido, seja ele de
dinheiro, cheque, nota promissória, ou até mesmo objeto como forma de pagamento.
E
IMPORTANT
SUJEITOS
DEVEDOR CREDOR
É aquele do qual É aquele do qual recebe por
cumpre a obrigação. determinada obrigação.
FONTE: A autora
69
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Uma vez que tal obrigação seja satisfeita de forma integral, esta obrigação
se torna inexigível, haja vista que se satisfez em sua integralidade. Quanto à
inexecução, sempre se espera que tal obrigação seja cumprida, que todo contrato
seja cumprido, mas podem acontecer atrasos por parte de algumas das partes, seja
por culpa do credor, seja por culpa do devedor ou por algum caso não previsto.
70
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
NOTA
71
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Thamis Dalsenter
72
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
que remete ao atraso, mas que juridicamente se conecta não apenas com a
imperfeição do cumprimento quanto ao tempo, mas também ao modo ou ao
lugar de execução) ou como um inadimplemento absoluto.
73
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
74
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
75
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
76
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
77
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
por ela regidas se caracterizam como hipóteses de caso fortuito ou força maior
e não ensejam danos morais, aplicação de multa ou outras penalidades, nos
termos do disposto no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor.
78
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
79
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Assim, devemos ter em mente que, via de regra, quem irá estar na
posição de pagador obrigatório de tal obrigação é sempre o devedor ou quem
efetivamente paga, mas também é preciso estar muito claro que, no entanto, pode
ser que terceiros o façam.
80
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
NOTA
NOTA
Terceiro não interessado é aquele que está desobrigado a pagar, mas faz para
satisfazer a dívida.
81
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Lei obriga
Interessado Ex: Fiador
pagar
TERCEIRO
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece em seu art. 305, ipsis litteris: O terceiro não
interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que
pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento (BRASIL, 2002).
Já nos casos em que o pagamento for feito por um terceiro, sem que haja
conhecimento ou ainda se houver oposição do devedor, o detentor da dívida não
está obrigado a reembolsar quem pagou em seu lugar se o devedor possui formas
de contestar a ação.
82
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
Ao passo que, o parágrafo único do artigo 307 prevê que aquele que
fornece em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor
que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o devedor não tivesse o direito
de aliená-la.
ATENCAO
Coisa fungível: é aquela que pode ser substituída por outra sem alteração de
seu valor, desde que se possa contar, medir ou pesar.
83
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
NOTA
Devedor A
R$ 500,00
Credor
R$ 1000,00
Devedor B
R$ 500,00
E
IMPORTANT
84
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
NOTA
Se observado ainda o artigo 308 do Código Civil, in fine, ele prevê que, se o
credor posteriormente ratificar o pagamento feito por outrem a quem não estava
autorizado a receber, ele convalesce, ou seja, se torna válido. O mesmo acontece
se restar comprovado que o montante pago foi entregue ao credor, mesmo que o
pagamento tenha sido realizado à pessoa não autorizada (BRASIL, 2002).
85
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
ATENCAO
86
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
DICAS
NOTA
Veja o que diz o Código Civil: Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a
dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I- no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II- se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III- se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais,
e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se
reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
88
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
ATENCAO
b) Lugar do pagamento
89
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Claro que tal flexibilização deve ser analisada caso a caso e entendida
para que seja descumprido o local do pagamento, para que se possa entender
melhor. Vejamos o exemplo a seguir: imagine um local que está inacessível
temporariamente ou ainda que o credor ou devedor se encontra impossibilitado
de se locomover para que se realize o cumprimento da obrigação.
90
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
E
IMPORTANT
De acordo com o Dicio (2021), pro rata significa: de acordo com uma proporção
estabelecida, fixa, determinada: dividir a herança pro rata.
91
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
DICAS
Podemos aprofundar nossos estudos, acesse a lei citada no link que segue:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6899.htm.
O artigo 318 do diploma legal civil, estipula que será nulo qualquer tipo de
combinado para pagamento de obrigação em ouro ou moeda estrangeira, devendo
o pagamento ser em dinheiro, realizado na moeda do local do cumprimento da
obrigação (no caso do Brasil em Real).
NOTA
Vejamos o artigo 947 do extinto Código Civil de 1916, ipsis litteris: Art. 947. O
pagamento em dinheiro, sem determinação da espécie, far-se-á em moeda corrente no
lugar do cumprimento da obrigação. §1° É, porém, lícito as partes estipular que se efetue em
certa e determinada espécie de moeda, nacional ou estrangeira (BRASIL, 1916).
92
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
A lei não clara forma ou maneira como a quitação deve ser dada, apenas
estabelece que a quitação sempre poderá ocorrer por instrumento particular, mas
também pode ocorrer por instrumento público, devendo conter os requisitos do
artigo 320 do CC/2002, quais sejam (BRASIL, 2002):
93
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Daí o cuidado que os credores têm em se utilizar dos avisos tais como ‘’este
pagamento não quita débitos anteriores’’, podendo inclusive se recusar a receber
a dívida ainda não vencida em detrimento da que já venceu no mês anterior.
94
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
Rafael M. Minto
Os fatos jurídicos podem ser divididos em fatos naturais e fatos
humanos. Os fatos naturais são aqueles que advêm de acontecimentos naturais,
sem que haja intervenção humana. Podem ser:
95
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Ato jurídico stricto sensu: são os atos humanos que geram os efeitos
previstos em lei, ou seja, que são impostos pelo ordenamento. Por exemplo,
quando um pai reconhece voluntariamente outro ser humano como seu filho,
ele não poderá negociar quais são as consequências desse reconhecimento;
conforme a lei, surgem para essa pessoa diversos efeitos, como a obrigação de
prestar alimentos.
Obrigação de dar coisa certa: tem como objeto uma coisa certa,
determinada, como a obrigação de dar um cavalo que foi campeão absoluto
de um evento esportivo.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
[...]
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
96
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-
lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo
da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente
de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer a sua custa, ressarcindo
o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.
97
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
98
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode
o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim
não se ajustou.
Quitação
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor,
ou do seu representante.
99
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
100
TÓPICO 1 — ADIMPLEMENTO E INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO - CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS
101
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Dentre os sujeitos que podem pagar temos a figura do próprio devedor e ainda
a figura do terceiro, sendo ele interessado ou não no cumprimento daquela
obrigação.
• Quanto ao tempo do pagamento, para que não sofra as penalidades por atraso,
o devedor deve cumprir com a obrigação no tempo estipulado e ainda ser
cumprida no lugar correto.
102
AUTOATIVIDADE
Fonte: Banca: FCC - Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto - 2020
103
3 Quanto ao pagamento, assinale a alternativa CORRETA:
104
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A partir de agora iremos estudar, no Tópico 3, as matérias relacionadas
ao enriquecimento sem causa e do pagamento indevido. Para embasar os
estudos, analisaremos os artigos 876 a 883 e 884 a 886 do Código Civil, e seus
desdobramentos.
2 PAGAMENTO INDEVIDO
O pagamento indevido é todo aquele pagamento do qual o agente não
possuía a legitimidade para tal, mas mesmo assim recebe em seu nome. O
pagamento indevido é a principal espécie de enriquecimento sem causa (do
qual trataremos mais à frente neste livro). Pagamento indevido é aquele do qual
é realizado por erro daquele que pressupõe a existência de uma obrigação em
seu desfavor.
105
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
106
TÓPICO 2 — ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO
título de cobrança, deixa prescrever ou até mesmo abre mão de garantias que
lhe asseguravam o direito contra Roberval, nesse caso, se o pagamento que
Florisval fez a Joana for indevido está Joana dispensada de realizar restituição
do que Florisval a pagou indevidamente. Assim, ocorreu ali uma sub-rogação de
Florisval nos direitos de Joana contra Roberval, e ainda poderá Florisval cobrar
agora de Roberval o que pagou indevidamente a Joana, salvo se nesse período
tiver ocorrido a prescrição, não tendo mais o que reclamar.
FIGURA 5 – FLUXOGRAMA
FONTE: O autor
107
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Colaciona o Código Civil: ‘’Art. 884: Aquele que, sem justa causa,
se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualização dos valores monetários. A restituição é devida, não só
quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se
esta deixou de existir’’ (BRASIL, 2002).
E
IMPORTANT
108
TÓPICO 2 — ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO
Assim, aquele negócio que antes havia causa agora não mais tem, e
consequentemente dando um ‘’start’’ à repetição do pagamento. O artigo 886,
do qual põe fim as previsões do enriquecimento sem causa no Código Civil,
estabeleceu um mecanismo do qual foi criado com a finalidade de estabelecer
certo limite no uso da ação de enriquecimento sem causa, sendo essa de natureza
subsidiária, ou seja, somente deve ser usada quando não mais tiver nenhuma
alternativa para que se possa recuperar o prejuízo sofrido (BRASIL, 2002).
Portanto, sempre que alguém julgue que sofreu um prejuízo este sujeito
deve esgotar todas as possibilidades possíveis em lei, e em caso negativo, não
encontrando nenhuma solução ou norma que entre em conflito com o instituto,
para só então possa se valer de uma ação de enriquecimento sem causa, por isso
do seu caráter subsidiário.
CHAMADA
DIREITO CIVIL
1 INTRODUÇÃO
109
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Então assim é possível se verificar que o novo código civil de 2002 não
manteve se inerte, trazendo taxativamente normatividade para a questão.
110
TÓPICO 2 — ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO
3 CONCLUSÃO
111
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
112
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: SELECON - Prova: Empresa Cuiabana de Saúde Pública - MT – Advogado, 2019.
FONTE: Banca: VUNESP - Prova: Câmara de São Roque - SP - Procurador Jurídico, 2019.
113
d) ( ) Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.
e) ( ) A restituição será integral quando não tenha havido causa que
justifique o enriquecimento, e reduzida pela metade, quando a causa
do enriquecimento houver deixado de existir.
5 Está correto afirmar que aquele que pagar a quem não seja o verdadeiro
credor terá direito à restituição do indébito, independentemente da
comprovação do erro? Indique o dispositivo legal que fundamente a questão.
114
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior pudemos observar que o pagamento é a forma natural
de como se dá a extinção da obrigação. Entretanto, existem outras formas de
extinção da obrigação que estão contempladas em outros modos de sua realização,
são os chamados de pagamentos indiretos ou meios indiretos do cumprimento
das obrigações, são eles:
2 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
O pagamento em consignação de acordo com o artigo 335 do Código
Civil, consiste no depósito judicial da coisa devida, realizada pelo devedor, nas
condições propostas nos incisos de I a IV, aos quais serão estudados na sequência
neste item.
115
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
116
TÓPICO 3 — FORMAS INDIRETAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
E SUAS PENALIDADES
ATENCAO
NOTA
117
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
FIGURA 6 – ORGANOGRAMA
FONTE: <https://www.cadorim.com.br/2012/06/direito-das-obrigacoes-pagamento-em.html>.
Acesso em: 3 fev. 2021.
118
TÓPICO 3 — FORMAS INDIRETAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
E SUAS PENALIDADES
1) Legal: decorrente da lei, ocorre nas hipóteses do art. 346, a lei determina
independente da vontade das partes.
119
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Efeitos da sub-rogação:
a) Satisfativo b) Translativo
FONTE: O autor
NOTA
120
TÓPICO 3 — FORMAS INDIRETAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
E SUAS PENALIDADES
4 IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO
A imputação de pagamento está prevista entre os artigos 352 a 355 do
Código Civil, imputar o pagamento é ato em que o devedor de mais de uma
dívida vencida da mesma natureza, determina em qual dívida o pagamento será
realizado, disposição estampada no artigo 352 do Código Civil.
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SFH.
CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS. POSSIBILIDADE. ENCARGOS
MENSAIS.
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO. ART. 354 CC 2002. ART. 993 CC 1916.
1. Interpretação do decidido pela 2ª Seção, no Recurso Especial
Repetitivo 1.070.297, a propósito de capitalização de juros, no Sistema
Financeiro da Habitação.
2. Segundo o acórdão (...)
3. No Sistema Financeiro da Habitação, os pagamentos mensais
devem ser imputados primeiramente aos juros e depois ao principal,
nos termos do disposto no art. 354 Código Civil em vigor (art. 993
Código de 1916). Entendimento consagrado no julgamento, pela Corte
Especial, do Recurso Especial n° 1.194.402-RS (Relator Min. Teori
Albino Zavascki), submetido ao rito do art. 543-C (grifo pela autora).
121
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
5 DAÇÃO EM PAGAMENTO
Na Dação em Pagamento, nós temos a extinção da obrigação na qual o
credor recebe em pagamento algo diverso do que o combinado, uma casa, um
carro etc. Os romanos a nomeavam de datio in solutum. Tartuce (2020, p. 321)
conceitua a dação em pagamento como:
FONTE: O autor
122
TÓPICO 3 — FORMAS INDIRETAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
E SUAS PENALIDADES
NOTA
6 NOVAÇÃO
Prevista entre os artigos 360 a 367 do Código Civil, a novação ocorre
quando as partes criam uma obrigação, substituindo e extinguindo a anterior. A
novação é criada pelas partes e não imposta pela lei (BRASIL, 2002). Para Tartuce
(2020, p. 323), a novação pode ser conceituada como “forma de pagamento indireto
em que ocorre a substituição de uma obrigação anterior, por uma obrigação nova,
diversa da primeira criada pelas partes”.
Para finalizar temos que entender que a novação não pode ser confundida
com as demais formas de extinção da obrigação como:
7 COMPENSAÇÃO
A compensação extingue as obrigações do mesmo gênero das pessoas
que são, reciprocamente, credoras e devedoras entre si, até onde as dívidas se
compensem. Para Pereira (2011) compensação consiste em meio de extinção das
obrigações, que se opera quando duas pessoas são, simultaneamente, titulares
de créditos e débitos recíprocos. Exemplo: A deve R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
a B, decorrente de um empréstimo e B deve R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a A
porque bateu no carro de A, então um não vai cobrar do outro, a compensação
vai extinguir as duas obrigações mediante um pagamento fictício, nos termos do
artigo 368 do Código Civil.
124
TÓPICO 3 — FORMAS INDIRETAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E A INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
E SUAS PENALIDADES
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível,
não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por
partes, se assim não se ajustou (BRASIL, 2002).
a) Compensação legal: esta ocorre por força da lei, mesmo que uma das partes
se oponha, sempre que as dívidas forem líquidas, vencidas, homogêneas, da
mesma espécie e qualidade, nos termos do artigo 369.
b) Compensação judicial: neste caso, a compensação é determinada pelo juiz
no caso concreto, ao decidir que deve haver compensação por uma questão
de economia processual, por uma questão de praticidade, justificando o
magistrado na sentença;
c) Compensação convencional: decorre do acordo de vontades, da transação entre
as partes, e no direito civil, a liberdade das partes é grande, as partes podem
dispor de seus bens com ampla liberdade, é o conhecemos como autonomia
privada. Dívidas de qualquer tipo podem ser compensadas, sejam ilíquidas,
heterogenias ou não vencidas.
125
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
8 CONFUSÃO
O instituto da confusão advém da necessidade de que nas obrigações são
necessários sempre dois polos: o lado ativo representado pelo credor e o lado
passivo representado pelo devedor, quando estes dois polos se encontram em
uma só pessoa, ocorre o fenômeno da confusão. Diniz (2007, p. 357) conceitua a
confusão como:
9 REMISSÃO
Remissão é a liberação do devedor pela autoridade do credor que,
voluntariamente, dispensa o crédito, perdoa o débito e extingue a obrigação,
prevista no artigo 385 do Código Civil que dispõem que: “a remissão da dívida,
aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro”.
c) pode ser gratuita (mais comum) ou onerosa, nesta remissão o credor perdoa a
dívida, mas pede algo em troca, o que se assemelha a uma transação.
127
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
LEITURA COMPLEMENTAR
129
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Desse modo, quando a confusão for temporária, assim que cessada tal,
reestabelecer-se-á a dívida. Caso seja permanente: dar-se-á a extinção da dívida.
130
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Por sua vez, a dação em pagamento é aquele pagamento que se realiza por meio
de pagamento diverso do anteriormente combinado, quando se deveria pagar
com uma coisa e no momento do pagamento o credor aceita outra diversa.
131
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Novação subjetiva.
b) ( ) Confusão.
c) ( ) Consignação em pagamento.
d) ( ) Imputação do pagamento.
1 INTRODUÇÃO
Conforme estudamos nas unidades anteriores, a obrigação se extingue
pelos seus meios diretos e indiretos de pagamento, ou ainda, por decadência
da obrigação ou por fatos supervenientes. O não cumprimento da obrigação
de forma injustificada importa em lesão ao direito, afinal, tem-se que quando
convencionada uma obrigação, espera-se que seja cumprida dentro dos
ditames estabelecidos.
2 MORA
A mora é conceituada como a impontualidade culposa do devedor
no pagamento ou do credor no recebimento da obrigação. A mora do credor
independe de culpa, pois o devedor pode consignar o pagamento. O conceito se
encontra estampado no artigo 394 do Código Civil, in verbis, “considera-se em
mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo
no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer” (BRASIL, 2002).
133
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Para se eximir de seus efeitos a mora pode ser purgada. Purgar a mora é
o ato pelo qual a parte, com o fim de evitar cominação de pena, alega e prova, em
alguns casos, justa causa ou força maior, requerendo que seja admitida a praticar
certo ato ou cumprir determinadas obrigações fora do prazo em que o deveria fazer;
ato do devedor em atraso que satisfaz a prestação já vencida e mais o valor dos
acessórios e prejuízos resultantes do retardamento, ou seja, a obrigação integral.
Vejamos a jurisprudência atual sobre o assunto:
134
TÓPICO 4 — INEXECUÇÃO NO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
3 JUROS
Quando se firma uma obrigação entre as partes, tem-se ali uma lei
formada entre eles, e quando há o descumprimento dessas regras estabelecidas
entre eles, existem algumas penalidades impostas à parte inadimplente, os
juros são um desses institutos, vejamos o conceito estabelecido por alguns
doutrinadores brasileiros:
Por outro lado, não significa dizer que os juros nunca serão uma obrigação
principal e tenha uma vida própria, mas sua origem necessita de uma obrigação
principal. Fato é que se presume pagos quando se quita o capital se eles não
tiverem ressalva claro a respeito.
DICAS
135
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
Há ainda que se pontuar que tais juros podem ser de caráter moratórios ou
compensatórios, os moratórios serão devidos como uma pena imposta ao devedor
por atrasar o cumprimento da obrigação, enquanto com os compensatórios, como
o nome já diz, tem o condão de compensar alguém por algo, nesse caso seria o
‘’dono’’ (credor) que está privado de se utilizar o seu capital.
136
TÓPICO 4 — INEXECUÇÃO NO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
DICAS
Nesse nicho, significa que toda a espécie que se denomina juros instituídos
ou estabelecidos em um determinado contrato, não somente no período que se
encontra vigente a obrigação, como também quando do não cumprimento dela, ou
seja, quando a obrigação não é cumprida no prazo. Isso significa dizer que os juros
moratórios podem ser convencionados entre as partes.
137
UNIDADE 2 — MODALIDADE DE PAGAMENTO
4 SINAL OU ARRAS
A arras é uma quantia paga ou dada como forma de um sinal e princípio
de pagamento na celebração do contrato ou obrigação a ser contraída, a fim de
garantir e dar maior segurança a execução do contrato ou regular o direito de
arrependimento das partes contratantes.
4.1 CONFIRMATÓRIAS
Estipuladas para garantir a execução do contrato, ou seja, ela confirma de
forma inequívoca, a existência do contrato e deixa ainda mais firmado entre as
partes a cumprir o acordado entre eles. Este sinal pode ser convencionado entre
as partes como se dará, podendo ser em dinheiro ou então em algum bem que
possua valor econômico.
4.2 PENITENCIAIS
Podem as partes estabelecerem entre si o direito de arrependimento,
o sinal terá função indenizatória. Nas arras penitenciais, exercido o direito de
arrependimento, não haverá direito a indenização suplementar.
138
TÓPICO 4 — INEXECUÇÃO NO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
5 CLÁUSULA PENAL
A cláusula penal (ou também pena convencional) é um instituto invocado
pelas partes que estão em contratação em que estabelecem os ditames das perdas e
danos a serem aplicadas contra aquela parte que deixar de cumprir a obrigação ou
ainda der causa a um retardamento no cumprimento.
DICAS
139
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os juros são coisas denominadas fungíveis que aquele intitulado devedor paga
a parte contrária (chamada de credora), pela utilização de coisas da mesma
espécie. O juro é gênero que se divide em duas espécies, os juros convencionais
e os juros legais, dependendo de como se originou, conforme a obrigação que
originou a pagar, decorrendo da convenção das partes ou da lei.
CHAMADA
140
AUTOATIVIDADE
141
d) ( ) O valor determinado pela cláusula penal poderá superar o da obrigação
principal.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
142
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.
htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos
do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm.
Acesso em: 3 fev. 2021.
DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 22.
ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
143
MARCATO, A. C. Ação de Consignação em Pagamento, 5. ed., São Paulo:
Malheiros, 1996, p.16 In: GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de
direito civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
VENOSA, S. de S. Direito civil, teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
144
UNIDADE 3 —
A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS
EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
145
146
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil é originada do descumprimento de uma norma
jurídica preexistente, surgindo, assim, o dever de indenizar por parte do causador
do dano. Stoco (2007, p. 114) destaca que:
NOTA
O termo status quo ante (STATUS QUO ANTE, 2020) significa “no estado em
que as coisas estavam antes/antes de; no estado anterior”.
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece em seu art. 389 in verbis: “não cumprida a obrigação,
responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”.
148
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo”.
149
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
150
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
2.2 CULPA
O conceito de culpa é bastante impreciso, e trata-se de um dos aspectos
mais sensíveis no que diz respeito à responsabilidade civil, visto que o termo não
encontra definição em lei e apresenta divergências no campo doutrinário, dada a
sua complexidade.
151
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
152
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
E
IMPORTANT
153
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
2.3 DANO
Enquanto requisito da responsabilidade civil, o dano ou prejuízo simboliza
a ofensa a um bem jurídico protegido, seja de ordem material ou moral.
154
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Nesse sentido,
155
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
156
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade,
como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome etc.,
como se infere dos arts. 1°, III, e 5°, V e X, da Constituição Federal, e
que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.
[...] Desse modo, os contornos e a extensão do dano moral devem ser
buscados na própria Constituição, ou seja, no art. 5°, n. V (que assegura
o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem) e n. X (que declara invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas) e,
especialmente, no art. 1°, n. III, que erigiu à categoria de fundamento
do Estado Democrático “a dignidade da pessoa humana”.
157
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
Assim, o dano moral direto pode ser exemplificado com o indivíduo que
sofre injúria em público ou possui o nome inscrito indevidamente no cadastro
de inadimplentes. Verifica-se, nesses casos, lesão à imagem e à honra da pessoa,
configurando-se, desta maneira, um dano moral direto.
Desse modo, percebe-se que no dano indireto o próprio lesado sofre dois
ou mais danos, enquanto no dano reflexo, existem duas ou mais vítimas.
Como se pode perceber, não existe responsabilidade civil caso não haja
relação causal entre o comportamento e o prejuízo, visto que este surge como
consequência.
158
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Caio é ferido por Tício (lesão corporal), em uma discussão após a final
do campeonato de futebol. Caio, então, é socorrido por seu amigo
Pedro, que dirige, velozmente, para o hospital da cidade. No trajeto,
o veículo capota e Caio falece. Ora, pela morte da vítima, apenas
poderá responder Pedro, se não for reconhecida alguma excludente
em seu favor. Tício, por sua vez, não responderia pelo evento fatídico,
uma vez que o seu comportamento determinou, como efeito direto e
imediato, apenas a lesão corporal. Note-se, portanto, que a interrupção
do nexo causal por uma causa superveniente, ainda que relativamente
independente da cadeia dos acontecimentos (capotagem do veículo)
impede que se estabeleça o elo entre o resultado morte e o primeiro
agente, Tício, que não poderá ser responsabilizado (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2019, p. 150).
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de
dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
159
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
DICAS
E
IMPORTANT
Por conseguinte, a responsabilidade civil tem sua natureza jurídica definida por
Sérgio Cavalieri Filho como “um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano
decorrente da violação de um dever jurídico originário”. Logo, podemos conceituar a
responsabilidade civil como uma obrigação sucessiva imposta a uma pessoa a ressarcir
danos causados a outrem, seja por fato próprio, de terceiros, e coisas que dela dependam.
A reparação dos danos deve ocorrer de forma integral (art. 944 do Código Civil,
e art. 6°, VI da Lei n° 8.078/90) e ser calculada de acordo com a extensão do dano, para
recompor o equilíbrio quebrado com a prática do ilícito, colocando-se a vítima no status
quo ante a lesão. Portanto, o valor da indenização deve abranger todos os danos suportados
pela vítima.
160
TÓPICO 1 — CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Dentre esses novos danos surge o dano biológico desenvolvido pela jurisprudência
italiana na década de setenta, que evoluiu na década de noventa de outra espécie de dano
extrapatrimonial denominado de dano existencial.
Isso se deu porque a reparação dos danos na Itália tinha como fundamento legal
o art. 2043 do Código Civil italiano (danos patrimoniais), e o art. 2059 do Código Civil
italiano (danos não patrimoniais). O art. 2059 do Código Civil italiano de 1942 adotou um
regime de tipicidade para o rol dos danos extrapatrimoniais, isto limitava e dificultava a
apuração da responsabilidade civil por danos decorrentes de ato ilícito civil, em razão da
dificuldade de se atribuir a reparação por danos morais aos agentes que não cometeram
ilícitos penais (artigo 185 do Código Penal italiano), ou seja, a reparação dos danos não
patrimoniais era possível apenas nos casos previstos na lei como ilícitos penais.
Dentro desse contexto, na década de setenta, visando corrigir essa falha do sistema
jurídico italiano, por iniciativa de dois magistrados genoveses (Monetti e Pellegrino), o
dano biológico é reconhecido pela primeira vez com a sentença do Tribunal de Génova,
de 25 de maio de 1974, totalmente desvinculado da patrimonialidade. Os magistrados
fizeram uma inovadora construção jurídica, utilizando a cláusula geral do artigo 2043 do
Código Civil italiano (regra base da responsabilidade civil delitual), associada até então ao
ressarcimento de danos patrimoniais, que prevê como única condição de ressarcibilidade
a “injustiça”, para concluir o que nessa norma se prevê é que todos os danos injustos
são ressarcíveis, sejam eles de carácter patrimonial ou não patrimonial. Para tanto era
necessário que se encontrasse uma norma no ordenamento jurídico que protegesse
o direito à saúde, a lesão dessa norma teria sempre a característica indispensável à
ressarcibilidade prevista na cláusula geral do artigo 2043, isto é, a “injustiça” do dano.
O dano existencial é o prejuízo que o ato ilícito causa sobre atividades não
patrimoniais do indivíduo, alterando seus hábitos de vida e sua maneira de viver
socialmente. Ele atinge o projeto de vida, portanto há uma certa similaridade com a teoria
da perda de uma chance no aspecto da lesão atingir uma expectativa que o lesado tinha
acerca do futuro. No entanto, se diferencia da perda de uma chance por não atingir uma
oportunidade real e séria, mas apenas um projeto futuro da vítima, que não exige o mesmo
grau de probabilidade da perda de uma chance.
A perda de uma chance seria a perda de uma oportunidade real e séria. No direito
italiano a teoria da perda de uma chance é aplicada quando a probabilidade de obtenção da
vantagem esperada for superior a 50% (cinquenta por cento). No Brasil, para a configuração
da perda de uma chance a jurisprudência entende necessária a análise do caso concreto.
161
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
O dano pelo desvio produtivo do consumidor é uma teoria criada pelo advogado
Marcos Dessaune, que identifica o dano decorrente do desperdiçado pelo consumidor para
a solução de problemas gerados pela má prestação de serviços privados. No meu entender
a teoria também deve ser aplicada aos serviços públicos.
162
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ação e a omissão são provenientes de conduta humana, que, por sua vez,
pode ser enquadrada como lícita ou ilícita.
• O Código Civil estabelece, como regra geral, para configuração de ato ilícito,
a necessidade de conduta culposa. Sendo certo que esta representa a culpa em
sentido amplo, pois engloba a culpa em sentido estrito e também o dolo.
163
• O dano emergente resulta a imediata redução do patrimônio da vítima em
decorrência do ato ilícito, ou seja, é o desfalque suportado pelo patrimônio.
164
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Getúlio Vargas (FGV) – Prova: XVII Exame de Ordem Unificado –
Órgão: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Ano: 2015.
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Órgão: TCE-MA – Prova: Procurador –
Ano: 2005.
165
4 A responsabilidade civil decorre da agressão a um interesse jurídico
quando há o descumprimento de uma norma jurídica pré-existente.
Assim, a lei procura reconstituir o bem jurídico violado. Nesse sentido,
sobre a responsabilidade civil prevista no Código Civil de 2002, assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou, ainda que o causador do dano
seja descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
b) ( ) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la não se transmite
com a herança.
c) ( ) Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao
fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
d) ( ) São responsáveis pela reparação civil os donos de hotéis, hospedarias,
casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, salvo para
fins de educação, pelos seus hóspedes e moradores.
e) ( ) No caso de homicídio, a indenização consiste apenas no pagamento
das despesas com o tratamento da vítima e o luto da família.
FONTE: Banca: FAFIPA – Órgão: Prefeitura de Nova Esperança/PR – Prova: Advogado – Ano: 2019.
5 Seprônio, menor com 13 anos de idade, enquanto dirigia carro de Mévio, seu
pai com quem reside, e fazia vídeo para postar em rede social, atropelou,
por imprudência, Caio que ficou gravemente ferido, mas, após várias
intervenções cirúrgicas, sobreviveu. Caio ajuizou ação de indenização por
danos materiais e morais em face de Mévio. Após ser condenado a ressarcir
Caio, Mévio recorreu da decisão aduzindo que Seprônio havia saído com
o veículo sem o seu consentimento e que não estava em sua companhia no
momento do fato.
Com base na situação hipotética apresentada, e no entendimento do STJ
sobre a responsabilidade civil do incapaz, analise as sentenças a seguir:
166
IV- O Código Civil, ao se referir a autoridade e companhia dos pais em relação
aos filhos, no que diz respeito ao dever de indenizar, quis explicitar o poder
familiar, compreendendo um plexo de deveres, independentemente da
vigilância investigativa e diária, sendo irrelevante a proximidade física no
momento em que os menores venham a causar danos, salvo em caso de
residência permanente em local distinto daquele no qual mora o menor
com o outro genitor.
167
7 Com relação à responsabilidade civil, analise as sentenças a seguir:
FONTE: Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC) – Órgão: TRT 6ª Região (PE) – Prova:
Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal – Ano: 2018.
168
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Da análise acerca da responsabilidade civil realizada até o presente
momento, depreende-se que seu fato gerador fundamental é o objetivo de
restabelecer a estabilidade econômica ou moral abalada em decorrência do dano
suportado pela vítima, isto é, a responsabilidade civil procura posicionar a vítima
na condição em que se encontraria caso o evento danoso não tivesse acontecido.
169
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
O contrato, por sua vez, como todo vínculo jurídico, estabelece a ligação
que emana da manifestação de vontade dos contratantes, gerando uma obrigação
recíproca para os pactuantes.
E
IMPORTANT
170
TÓPICO 2 — ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I- agente capaz;
II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- forma prescrita ou não defesa em lei”.
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à
saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até
ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”.
171
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
172
TÓPICO 2 — ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 927. Parágrafo único. Haverá obrigação
de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem” (BRASIL, 2002).
173
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
DICAS
E
IMPORTANT
174
TÓPICO 2 — ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Outra forma de diminuir as injustiças geradas pelo rigor da prova da culpa encontra-
se em um alargamento da adequação de alguns fatos às hipóteses de responsabilidade
civil contratual. Alguns doutrinadores passaram a defender que em certas situações, como
por exemplo, no transporte de passageiros, a ocorrência de danos em razão de acidentes
gerava o descumprimento do contrato de transporte. Em tal negócio jurídico existia um
núcleo essencial – a obrigação de levar o passageiro incólume ao seu destino –, e seu
descumprimento, por si só, já fazia nascer o incumprimento contratual e o dever de reparar
o dano. O raciocínio ora exposto também era aplicado nos danos ocorridos durante o
trabalho, no qual também vigorava um contrato entre empregado e empregador.
175
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
176
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
177
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Getulio Vargas (FGV) – Prova: XXVI Exame de Ordem Unificado –
Órgão: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Ano: 2018.
178
4 Com relação à responsabilidade civil do médico profissional liberal, é
CORRETO afirmar que:
5 Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos de restrição
ao crédito por determinada instituição financeira em decorrência do
inadimplemento de contrato fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético,
o que acontecerá com a instituição financeira?
FONTE: Banca: CESPE /CEBRASPE – Prova: Juiz Substituto – Órgão: TJ-CE – Ano: 2018.
179
e) ( ) A reparação do dano material dependerá sempre de apuração de culpa,
enquanto a reparação do dano moral dar-se-á pelo só fato da coisa; a
indenização mede-se pela extensão do dano material ou pela gravidade
da conduta do ofensor na apuração do dano moral.
180
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
É frequente, na sociedade contemporânea, a ocorrência de prejuízos e
danos, acarretando, com isso, a responsabilidade civil, com o objetivo de restaurar
o equilíbrio, patrimonial ou moral, que foi prejudicado com a prática de um ato
ilícito por parte de um ou vários sujeitos.
Logo, verifica-se que as "causas de exclusão do nexo causal são, pois, casos
de impossibilidade superveniente do cumprimento da obrigação não imputáveis
ao devedor ou agente" (CAVALIERI FILHO, 2007, p. 89).
Além disso, também terá lugar, neste momento, a análise dos efeitos cíveis
da sentença penal. Cabe ressaltar que, não obstante as responsabilidades civil e
criminal sejam independentes e aplicadas observando parâmetros específicos,
existem situações em que a sentença penal, seja ela absolutória ou condenatória,
gera impactos afora do crime, impossibilitando, parcialmente, o reexame da
matéria discutida na decisão. Por conseguinte, afirma-se que a sentença penal
produz coisa julgada no âmbito civil, fazendo com que a temática já decidida na
esfera criminal se torne incontestável.
181
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
182
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
183
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
NOTA
184
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem
de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”.
Por fim, como exemplo do artigo 938, ainda do Código Civil, é possível
imaginar a cena em que, em decorrência de uma briga entre os moradores, um
vaso é arremessado de um dos apartamentos do condomínio, acertando uma
pessoa que passa pelo local neste exato momento. Por conseguinte, aos habitantes
de onde foi lançado o objeto será atribuída a responsabilidade civil.
185
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
O Código Civil estabelece in verbis: “Art. 393. O devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por
eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não eram possíveis evitar ou impedir”.
186
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
Por outro lado, Cavalieri Filho (2007, p. 65) ressalta diferenças nas
definições das excludentes investigadas:
Logo, caso fortuito é uma situação causada por atos humanos que
interferem nas ações de outros indivíduos. De acordo com Venosa (2016, p. 300),
"é a situação que decorre de fato alheio à vontade da parte, mas proveniente de
fatos humanos”. Como uma greve, impedindo o cumprimento da obrigação.
Venosa (2016, p. 299) reitera que “caso fortuito e força maior são situações
invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças do devedor em geral,
impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. Portanto, no caso
fortuito, bem como na força maior, não existe culpa do obrigado, ficando este
dispensado da responsabilidade, sem qualquer pagamento de indenização.
187
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
188
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
O Código de Processo Civil estabelece in verbis: Art. 515. São títulos executivos
judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: VI - a
sentença penal condenatória transitada em julgado”.
189
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
E
IMPORTANT
NOTA
DICAS
190
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Por isso, faz-se aconselhável retornar mais uma vez ao tema, de modo
a rememorar ou a mais bem compreender os contornos conceituais de CF/FM.
O foco deste artigo será a culpa que, por diversos ângulos, circunda o conceito.
Dois desses ângulos serão abordados. O primeiro é a confusão, muitas vezes
visualizada, entre, de um lado, CF/FM e, de outro, a ausência de culpa. Esse
ângulo pode ser tido por "externo", pois não aborda os elementos do conceito.
Ao lado dele, tem-se uma perspectiva "interna", na qual a culpa exerce papel
relevante na caracterização do suporte fático do CF/FM, conforme previsto no
art. 393 do Código Civil.
191
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
192
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
Fato necessário não é fato imprevisível. O fato pode ser previsível e ser,
ainda assim, necessário. Fato necessário é aquele que pressupõe a ocorrência de
um obstáculo de tal monta que conduza à impossibilidade de o devedor realizar a
prestação no momento e na forma estabelecida (TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER,
Anderson. Fundamentos do Direito Civil: obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2020,
p. 379). Assim, é apenas relevante que ele seja inevitável (NORONHA, Fernando.
Direito das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 623 ss.).
193
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE CIVIL E OS EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
Um certo fato pode ser um evento de CF/FM hoje, deixar de sê-lo amanhã
e, depois ainda, voltar a sê-lo, a depender do modo como se manejam os efeitos
(MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de direito privado. t. XXIII,
3. ed. São Paulo: RT, 1984, p. 84; MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo
Código Civil. v. V, t. II. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 300).
194
TÓPICO 3 — EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE E EFEITOS CÍVEIS DA SENTENÇA PENAL
Conclusão
FONTE: SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. Caso fortuito e força maior: o papel da culpa para a sua
caracterização. 2020. Disponível em: https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-de-respon-
sabilidade-civil/331569/caso-fortuito-e-forca-maior-o-papel-da-culpa-para-a-sua-caracterizacao.
Acesso em: 12 jan. 2021.
195
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Caso fortuito é uma situação causada por atos humanos que interferem nas
ações de outros indivíduos.
196
• Um delito ataca inúmeros bens jurídicos, causando violação concreta ou
iminente às vítimas, titulares dos interesses tutelados. Em virtude disso, surge
a pretensão punitiva estatal para empregar a sanção penal, além da intenção de
cominar indenização aos prejuízos.
CHAMADA
197
AUTOATIVIDADE
FONTE: Banca: Fundação Getúlio Vargas (FGV) – Prova: XXIX Exame de Ordem Unificado –
Órgão: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Ano: 2019.
198
4 Girvane, completamente embriagado, ao atravessar a Avenida Roberto
Silveira, em Niterói, correu na frente de um caminhão pertencente a uma
entidade empresária do setor de construção civil, a qual estava prestando
serviço para a Municipalidade. Consequentemente, Girvane foi atropelado
e morreu. Considerando que o motorista não tinha como desviar de
Girvane e que os sinais estavam abertos para os veículos e fechados para os
pedestres, no momento do acidente, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: Banca: Fundação Getulio Vargas (FGV) – Prova: Fiscal de Tributos – Órgão:
Prefeitura de Niterói/RJ – Ano: 2015.
199
6 Sobre o caso fortuito ou de força maior, assinale a alternativa INCORRETA:
FONTE: Banca: MP/SP – Prova: Promotor de Justiça – Órgão: MPE/SP – Ano: 2015.
FONTE: Banca: PGE-GO – Prova: Procurador do Estado – Órgão: PGE-GO – Ano: 2013.
200
REFERÊNCIAS
BITTAR, C. A. Reparação civil por danos morais. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
LOPES, M. S. Curso de Direito Civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001.
Vol. V.
201
RIPERT, G. A regra moral nas obrigações civis. 2. ed. Traduzido por
OLIVEIRA, Osório de. Campinas: Bookseller, 2002.
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