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Disciplina: Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica nos distúrbios de

aprendizagem

Autores: Esp. Cintia Fister Ferreira Marcante

Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
cobrança de direitos autorais.

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Cintia Fister Ferreira Marcante

Avaliação e Intervenção
Neuropsicopedagógica nos
distúrbios de aprendizagem
1ª Edição

2017
Curitiba, PR
Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

MARCANTE, Cintia Fister Ferreira.


Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica nos distúrbios de
aprendizagem / Cintia Fister Ferreira Marcante. – Curitiba, 2017.
40 p.
Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Avaliação e Intervenção


Neuropsicopedagógica nos distúrbios de aprendizagem – Faculdade
São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-37-6

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

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Apresentação da disciplina

Nesta disciplina serão estudadas as teorias da aprendizagem, com foco


cognitivo de vários autores relevantes para o processo de aprendizagem, bem
como, a atuação do Neuropsicopedagogo no âmbito escolar, suas intervenções,
técnicas, conceitos, formas, análises e resultados de avaliação neuropsico-
pedagógica. Também, serão compreendidas as bases neurocientíficas do
processo de aprendizagem.

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Aula 1 - O processo de aprendizagem sob o foco cognitivo, o papel do
neuropsicopedagogo na instituição escolar, intervenções neuropsi-
copedagógicas: possiblidades e limites

Apresentação da aula

Nesta aula serão aprimorados os conhecimentos da temática da


aprendizagem humana, com foco nas teorias de Richard Mayer, Jean Piaget,
Lev S. Vygotsky e Henri Wallon, apresentando em cada teoria seus conceitos,
trazendo em cada uma delas, a visão do ser humano em seu desenvolvimento,
aprendizagem e educação, porém, todas investigando a origem do psiquismo.
Também será conhecida a importância do neuropsicopedagogo no ambiente
escolar e quais suas atribuições.

1.1 O processo de aprendizagem sob o foco cognitivo

Fonte:http://br.freepik.com/vetores-gratis/mente-do-aluno_761227.htm#term=cerebro
mente&page=1&position=29

O processo de aprendizagem sob o foco cognitivo, cada vez mais está


ganhando destaque no panorama da educação. Discutir sobre o assunto, vem
atraindo inúmeros profissionais a investigar cada vez mais princípios e teorias, e
nessas investigações detectou-se a necessidade de um profissional que vai além
de conhecimentos pedagógicos. Surge então o Neuropsicopedagogo (Base para
o surgimento Lei 3124/97- Senado Federal). Sua formação é baseada em
neurociência, o que faz com que ganhe um papel importante na facilitação da
aprendizagem, pois, sabemos que a aprendizagem sempre dependerá e
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passará pelo cérebro, e com isso, considera-se à necessidade da intervenção
de um profissional habilitado nas instituições escolares.
Richard Mayer (2003, apud Sovela, s/data), professor de psicologia da
Universidade da Califórnia, fez uma grande investigação sobre a interseção da
cognição com enfoque na aprendizagem multimédia. Em sua conclusão, os
alunos adquirem conhecimento e recordam melhor, quando o professor conduz
uma explicação através de palavras e imagens, e não somente com palavras.
Contudo, não pode-se concluir que com esse método se garante o sucesso
educativo dos alunos. Para Mayer, é preciso criar habilidades na aplicação desse
método, em que uma das formas é apropriar as imagens para cada fase
educacional do aluno, pois cada mensagem que transmitimos precisa estar de
acordo com o processo cognitivo da criança. Assim, faz-se necessário a
constante busca de conhecimentos, com o objetivo de melhorar habilidades,
competências e novas estratégias para o ensino, pois o foco segundo Mayer, é
alcançar a compreensão do aluno, utilizando-se de uma linguagem mais próxima
deles.

Fonte:https://www.sophia.org/tutorials/teoria-cognitiva-da-aprendizagem-multimedia-
de-ric

Ouça
Para o professor Mayer, em sua investigação da área
cognitiva, a aprendizagem terá mais sucesso se for baseada
na utilização de recursos visuais. Assista ao vídeo sobre
Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimédia no link:
https://youtu.be/pK_wr0FF4N4

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Para Piaget (1991), o conhecimento é uma evolução contínua e sua
construção parte da interação ativa do sujeito. Também defende que o ser
humano se desenvolve através de estágios de organização no campo do
pensamento e do afeto, isso acontece, através das possibilidades em que o
ambiente leva a criança à ação, ou seja, em certo momento a criança se
desenvolve por centrar-se em si mesmo, depois passa para um sentimento de
obediência (envolvida por temor e afeição), a partir daí, constrói sua própria
forma de pensar e agir, já com mais autonomia. Assim, a inteligência humana
passa por uma transformação constante, sempre buscando compreender o que
acontece ao seu redor.
Dentre suas investigações, Piaget descobriu formas da construção do
conhecimento e do desenvolvimento das características, que vão desde o modo
de pensar, agir e falar das crianças e adolescentes.

A criança é marcada por coordenação


sensorial, a criança começa a
perceber gradativamente, que os
Sensório-Motor (0 - 2 anos)
objetos à sua volta continuam a existir,
mesmo que não estejam sob seu
olhar.

Pré-Operatório (2 - 6 anos) Aparecimento da linguagem oral.

Pensamentos mais compatíveis com


Operatório Concreto (6 - 11 anos) a realidade, embora esteja ainda
preso à realidade concreta.

Os pensamentos são mais dedutivos,


Operatório Formal (a partir dos 11 menos egocêntricos, começa a
anos) construir sua própria autonomia e se
torna mais sociável.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

Os processos de ensino-aprendizagem do ser humano, segundo Piaget,


são construídos através dos acontecimentos externos, das interações entre os
sujeitos, e esses fatores, os levam ao desenvolvimento intelectual e também
afetivo. Relacionando essa investigação de Piaget com uma situação

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educacional, pode-se supor que o aluno, tanto em sua ação como no seu
raciocínio, se posiciona em um processo de aprendizagem ativa, com ênfase nas
interações. Tanto o professor como o companheiro de classe, são importantes
para o desenvolvimento da aprendizagem. Fica claro, que o processo de
aprendizagem para Piaget, não é um processo mecânico e sim um processo
complexo, que requer um método ativo para o ensino, fazendo com que o
professor assuma um papel mais dinâmico, com mais habilidades de ensino, se
tornando um agente ativo, que segundo PASCUAL (1999, p.9): “cabe ao
professor mostrar ao aluno que seus esquemas assimilados são insuficientes
para atingir um equilíbrio permanente”, ou seja, o professor precisa aguçar a
curiosidade de seu aluno, instigando-o a uma reflexão e criação constante.
Em síntese, pode-se dizer que para Piaget, a construção de conhecimento
se remete a processos de assimilação, buscando-o através de uma elaboração
interna, de aprendizagem cognitiva e não mecanicista, pois a inteligência é
construída e não um produto de dotação genética.
Na visão de Vygotsky, temos a contribuição de que não é possível pensar
em aprendizagem sem a interação com o outro, ou seja, é necessário à
socialização. Veja no quadro os conceitos de aprendizagem:

Aprendizagem através do cotidiano da


criança, observando tanto os papéis
Espontâneos de cada membro da família, como as
funções dos objetos e utensílios da
casa.

Aprendizagem através do ensino, co-


mo por exemplo: conceitos matemá-
Científicos
ticos, números, decimais, conceitos
de verbos etc.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Para Vygotsky, os dois conceitos dependem um do outro, assim os


conceitos espontâneos só se estruturam com a influência dos conceitos
científicos, como também os conceitos científicos necessitam do suporte dos
conceitos espontâneos.

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Diante a isso, Vygotsky compreende que, antes do ensino escolar, a
criança já vem para a escola com certo conhecimento, pois de alguma forma ela
já entrou em contato em seu cotidiano, com noções matemáticas e com a escrita.
Na escola, o professor terá que ter habilidades, pois os conhecimentos
adquiridos pela criança no âmbito familiar, são impulsionados por motivos e
necessidades. Por isso, a escola tem um papel muito importante no que diz
respeito ao desenvolvimento das funções psicológicas.
Para Dantas (1994), os educadores têm um grande interesse pela obra de
Henri Wallon, pela sua proposta de uma Psicologia integradora que dá ênfase
nos processos emocionais e afetivos, em que se predomina o componente
intelectual do conhecimento. Com isso, Wallon afirma que há uma conexão entre
a emoção e o funcionamento intelectual. Pode-se dizer que a emoção é um
elemento da expressão e o professor tem que estar atento a esse aspecto, visto
que se o emocional do aluno estiver fora de controle, irá inibir seu intelectual e
vice-versa, resultando na dificuldade da aprendizagem. A escola tem um papel
muito importante nesse conceito de Wallon, pois precisa de forma adequada,
lidar com as emoções do aluno, não intensificando suas frustações e
ansiedades, assim como o professor também precisa saber lidar suas próprias
emoções perante seus alunos, principalmente no período da Educação Infantil,
que é a fase que forma a personalidade. Outro momento é na adolescência, em
que podem surgir conflitos entre professor/aluno.
Esses conflitos são parte da construção do psiquismo e não pode ser
encarado totalmente como empecilhos para a aprendizagem. O professor
nessas etapas, precisa manter o equilíbrio, a racionalidade e não se envolver em
situações conflituosas.

1.2 O neuropsicopedagogo na instituição escolar

O processo de aprendizagem sob o foco cognitivo, ganha destaque no


panorama da educação, e em todas as teorias apresentadas, observa-se que o
professor, diante desse novo contexto escolar, percebe uma nova necessidade:
a de um profissional que lhe dê suporte para um processo de aprendizagem com
mais eficiência, visto que ele se confronta cada vez mais com questões
pedagógicas, psicológicas e neurológicas, que vão além de seus saberes.

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Baseado nessa necessidade, surge o papel neuropsicopedagogo na
instituição escolar. Primeiro, precisa-se entender que a área da pesquisa da
neuropsicopedagogia é na atuação interdisciplinar, que vai desde a avaliação
até a intervenção.
Para Rotta Apud Consenza (2010):

A área de estudo das neurociências objetiva a análise dos processos


cognitivos, potencialidades pessoais e perfil socioeconômico, a fim de
construir indicadores formais para a intervenção clínica, frente aos
educandos com baixo desempenho e que apresentam disfunções
neurais, devido à lesão neurológica de origem genética, congênita ou
adquiridas.

A partir dessa análise, começa-se a entender o trabalho do


neuropsicopedagogo na escola, pois seus estudos vão além dos estudos das
características da aprendizagem, o seu conhecimento em neurociências o torna
apto para avaliar, dar pareceres e até mesmo encaminhar o aluno para um
especialista na área de: neurologia, pediatria, psiquiatria e fonoaudiologia, pois
poderá identificar o problema mediante sintomas e queixas do aluno.

1.3 Intervenções neuropsicopedagógicas: possibilidades e limites

Com novos olhares educativos, o neuropsicopedagogo procura a


facilitação da aprendizagem. Identificando o problema, ele irá trabalhar com o
processo de metacognição, que ultrapassa a aprendizagem cognitiva, que se
baseia em um ensino com respostas certas. A metacognição procura fazer com
que o aluno entenda o porquê de suas respostas, assim o neuropsicopedagogo
consegue lidar com as dificuldades relacionadas à linguagem escrita, à
matemática, ao déficit visual, aos déficit motores, aos transtornos emocionais e
aos intelectos diferenciados, que são os com baixa capacidade intelectual e
aqueles com o intelecto elevado.
Uma das maneiras do neuropsicopedagogo interferir no processo de
alunos que parecem não aprender, é utilizando-se de métodos que, tanto Piaget
como Vygotsky concordaram: a utilização de jogos na aprendizagem, que para
eles, é uma possibilidade bem criativa que irá trabalhar a cognição e a
metacognição. Alguns jogos como: “salta buraco”, fará com que o aluno entenda,

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analise e reflita sobre o que está fazendo e como poderia ter feito melhor.
Também serão ativadas nesse jogo várias áreas cerebrais.

Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n01/arquitet/lobos.htm

Relacionado primariamente com o


sentido de audição, exibe também
Lobo Temporal
um papel no processamento da
memória e emoção.

Pensamento abstrato, tomada de


Lobo Frontal
decisão.

Responsável principalmente por


receber sensações de toque, calor,
Lobo Parietal frio, pressão, dor e coordenar o
equilíbrio. Também está relacio-
nado com a lógica matemática.

Responsável pela visão, danos


Lobo Occipital nessa área promovem cegueira
total ou parcial.

Sistema Límbico Controle das emoções.

A intervenção poderá ocorrer também, se o aluno apresentar Transtorno


de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Para essa intervenção, o
neuropsicopedagogo terá que compreender o processamento neural, o
diagnóstico, e o limite do neuropsicopedagogo nesse caso, é que, ao detectar a
possibilidade de seu aluno estar com TDAH, encaminhar para um médico
especialista no assunto, pois somente ele poderá dar o diagnóstico, e
paralelamente para um psicopedagogo, para que possa realizar alguns testes de
aprendizagem.

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Para realizar essa intervenção, o neuropsicopedagogo terá de seguir o
seguinte protocolo:
• Entrevista com o professor
• Entrevista com os pais;
• Questionário e escala de sintomas que deverão ser preenchidos pelos
pais e professores;
• Avaliação de um neuropsicólogo;
• Avaliação de um psicopedagogo;
• Avaliação de um fonoaudiólogo.

Importante
O neuropsicopedagogo tem um papel importante em efetuar o
procedimento da intervenção no sujeito, porém, o
planejamento deve conter duas partes: uma voltada para a
detecção dos sintomas e outra para dissolução das causas dos
sintomas. O profissional deve assinalar o sintoma e, em
seguida, buscar em suas anotações, as possíveis causas
(sempre com muito cuidado para não entrar no campo do
psicólogo, pois, sem preparo, fracassará). Lembrando, que
para cada causa, deverá delinear um procedimento; isso nas
três áreas: no sujeito, na família e na escola (CHAMAT, 2008).

A tarefa neuropsicopedagógica na instituição escolar é de uma


necessidade grandiosa, pois permite detectar e resolver rapidamente,
implicações sintomáticas no processo de aprendizagem, evitando avaliações
ingênuas e precipitadas.

Resumo da Aula

Nesta aula foram abordadas as teorias da aprendizagem com foco


cognitivo segundo Mayer, Piaget, Vygotsky e Wallon. Na visão de Mayer, a
aprendizagem terá mais sucesso se for baseada na utilização de recursos
visuais. Para Piaget, observa-se sua visão na evolução do conhecimento, sendo
a aprendizagem um processo contínuo, em que o sujeito aprende através da
interação com o meio em que vive. Em Vygotsky, discutiu-se a aprendizagem

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como processo central do desenvolvimento humano, onde a criança aprende
através de seu cotidiano, que ele chama de conhecimentos espontâneos e
através do conhecimento científico, que começam ser adquiridos através do
ensino escolar. Na teoria de Wallon, a aprendizagem requer uma ação psíquica
complexa, para estruturação do próprio sujeito, integrando afeto, movimento e
intelecto. Foram identificadas nas teorias apresentadas, à necessidade do
neuropsicopedagogo na instituição escolar, que entenda como se processa o
desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe
melhoras nas perspectivas educacionais.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Para aprofundar seus conhecimentos,
leia o livro: NEUROPSICOPEDAGOGIA
E APRENDIZAGEM, de Roberte Metring
e Simaia Sampaio, que foi redigido por
uma equipe de conceituados escritores,
propondo caráter multidisciplinar e
visando fornecer uma visão ampla e
atualizada de viés neurocientífico sobre
os processos de aprendizagem, suas
dificuldades, transtornos e intercorrên-
cias.

Atividade de Aprendizagem
Destaque as contribuições de cada teoria estudada nesta
aula, para a área da neuropsicopedagogia.

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Aula 2 - Técnicas de avaliação neuropsicopedagógica na busca da
identificação das dificuldades e transtornos da aprendizagem

Apresentação da aula

Nesta aula serão estudadas a atribuições do neuropsicopedagogo em


usar técnicas para avaliar se o aluno está com dificuldade ou transtorno de
aprendizagem.

2.1 Técnicas de avaliação neuropsicopedagógica, na busca da


identificação das dificuldades e dos transtornos da aprendizagem

Fonte: https://soparamaes.wordpress.com/2013/09/06/dificuldades-de-aprendizagem/

Pensar em neuropsicopedagogia, aproxima de temas mais complexos,


como o do fracasso escolar. No Brasil, depara-se com a centralidade e
necessidade do tema. Segundo Proença (2004), o fracasso da educação escolar
no Brasil é incontestável. Mesmo tendo aumentado o número de ofertas de
vagas nas escolas públicas, a qualidade do ensino oferecido ainda é
desalentadora. Dados fornecidos pelo Sistema de Avaliação da Educação
Básica - SAEB (2001), vem preocupando muito os professores, fazendo com que
realizem diagnósticos equivocados dos alunos, como tendo dificuldades e até
mesmo transtornos de aprendizagem, responsabilizando-os pelo não aprender,
sem considerar as demais condicionantes contextuais e pessoais envolvidas.
Por isso, a neuropsicopedagogia, deve ser encarada com mais importância em
instituições de ensino, clínicas e afins, para que se possa, junto com
especialistas de várias áreas, mudar esse contexto.

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Para identificar as dificuldades e transtornos da aprendizagem, precisa-se
entender o conceito de cada um.
Garcia (1998), define as dificuldades de aprendizagem como um conjunto
heterogêneo de transtornos, que se expressa no campo da metodologia escolar.
São também chamados de dificuldades intrínsecas, muitas vezes se dão por
mudanças frequentes de escolas ou, passar por uma situação que abale
gravemente o emocional. Porém, não é um problema da própria criança, ele está
relacionado com fatores familiares, socioeconômicos e pedagógicos.

2.2 Dificuldade de aprendizagem

Fonte:http://br.freepik.com/fotos-gratis/jovem-frustrado-com-a-licao-de-casa-
escrevendo-em-casa-menino-que-estuda-na-mesa-desenho-infantil-com-um-
lapis_1188282.htm

Nas dificuldades de aprendizagem:


• Não existem alterações funcionais neurais;
• O problema é externo;
• As dificuldades que podem ser transitórias, caso sejam acompanhadas
por um profissional habilitado e aplicada uma intervenção apropriada.
No transtorno de aprendizagem:
• Alterações funcionais intrínsecas, com base neurológica;
• Condições sociais e pedagógicas, não são a causa da limitação;
• Dificuldades podem ser permanentes, apesar da intervenção.

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2.2.1 Características Diagnósticas: DSM – V (2013)

Segundo o DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders -


Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) – V o transtorno da
aprendizagem é diagnosticado quando o resultado do indivíduo em testes
padronizados, está abaixo do esperado para sua idade. A escolarização e nível
de inteligência, podem incluir certos transtornos: linguagem, matemática,
expressão escrita e transtorno sem outra especificação. Pode também ser
caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento, com uma origem
biológica, que é à base das anormalidades no nível cognitivo, as quais são
associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui
uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais, que influenciam
a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou
não verbais, com eficiência e exatidão.

2.3 Técnica para identificação de transtorno ou dificuldade de


aprendizagem

Sintática: Prejudica secundariamente a Leitura muito


questão relacionada com a estruturação lenta,
frasal. silabada,
decodificação
Déficit trabalhosa,
Fonológico ou pode
dislexia prejudicar a
Semântica: Está relacionada na parte interpretação
da significação do que se lê e se escre- do texto lido e
ve. sobrecarregar
a memória
operacional.

Fonte: Elaborada pela autora (2017)

A seguir, algumas análises de caso.


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Análise 1: Observe como funciona a leitura lenta, silabada:

A-fe-cha-du-ra-da-por-ta-da-mi-nha-ca-sa-que-brou-ho-je-a-tar-de.

Nesta leitura tem 20 segmentos que não tem significado nenhum para a
pessoa com dificuldade de aprendizagem, inibindo a recuperação da memória
de trabalho e de fazer a interpretação.
Já um leitor, vai ler essa frase utilizando-se de 11 segmentos mais
significativos, ficando mais fácil recuperar a memória do trabalho e interpretar o
conteúdo lido.
A dificuldade na leitura e interpretação vai muito além da língua
portuguesa, pois todas as outras disciplinas ficarão prejudicadas. A história e a
geografia, mesmo que o sujeito tenha potencial para assimilar a matéria, se a
entrada da informação se der somente com a leitura, ele terá dificuldade de
interpretação, não podendo acompanhar o rendimento de seus colegas. O
mesmo se dá com a matemática, por mais que tenha um bom raciocínio lógico,
se tiver que ler e interpretar, esse sujeito terá prejuízo.

Análise 2: Observe a situação a seguir:


Jean tem 9 anos e cursa o 4º ano do Ensino Fundamental.
Caraterísticas de Jean:
- Dificuldade para ser alfabetizado;
- A dificuldade persiste para fazer a decodificação da leitura, com
prejuízo na compreensão;
- Compreende quando outra pessoa faz a leitura;
- Muitos erros ortográficos;
- Não tem histórico no desenvolvimento da linguagem oral;
- Facilidade em outros tipos de linguagem.
Análise: Criança inteligente, limitação para ler e escrever – Deve ser
encaminhado para um especialista na área, pois pode estar apresentando
“transtorno de aprendizagem”, como a dislexia.

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Análise 3:
José tem 7 anos e cursa o 2º ano do Ensino Fundamental:
- Não está conseguindo ser alfabetizado;
- Desinteresse pelas atividades propostas;
- Desatenção e agitação dentro da sala de aula;
- Problemas de comportamento na escola;
- Facilidade de aprender;
- Facilidade para matemática.
Análise: Dificuldade na leitura e escrita, desinteresse pelas
atividades propostas, agitação na sala, comportamento não
adequado, com facilidade de aprender de modo geral, incluindo a
matemática. Aparentemente é parecido com a dislexia, porém a
diferença encontra-se na idade e período escolar, bem como a
facilidade em aprender matemática e outras matérias, sinalizando que
consegue interpretar. Nesse caso, deverá ser feito apenas a
intervenção pedagógica, podendo ser acompanhado por uma
fonoaudióloga.

Análise 4
Vanderlei tem 9 anos e cursa o 4º ano do Ensino Fundamental:
- Lê e escreve com limitações na expressão e compreensão;
- Dificuldades no desenvolvimento da linguagem oral;
- É esforçado, mais não consegue acompanhar;
- Tem desempenho melhor em atividades não verbais;
- Não apresenta comprometimento verbal.
Análise: Dificuldade oral, leitura, escrita, matemática, preservação da
capacidade intelectual geral. Indica Distúrbio funcional da aprendizagem.

Crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, têm


sobrecarga de trabalho, pois precisam estudar muito mais do que seus colegas
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para atingirem uma nota razoável, e quando se deparam com notas que não
foram compatíveis com seus estudos, tem um sentimento de menos valia, os
tornando mais vulneráveis a outras situações, como o bullying e a depressão.
Por isso a sobrecarga de trabalho demanda de uma supervisão melhor da
família, dos professores e todos os especialistas envolvidos.
Muitas vezes faz-se necessário agir antes da definição do diagnóstico, é
lógico que o diagnóstico do especialista é importante, porém, com essa espera,
pode-se comprometer o atendimento precoce, agravando uma situação que
poderia ser pontual.
Os objetivos de Programas de intervenção com habilidades cognitivas é o
de minimizar o impacto dos entraves da leitura e escrita, de crianças que
apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem, e também, ajudam a
esclarecer o diagnóstico.
Vale salientar que, todas as intervenções exigem uma análise cuidadosa,
realizada por uma equipe multidisciplinar, pois, o neuropsicopedagogo não é
uma ilha, ele precisa dialogar com diversas especialidades, inclusive porque as
causas são múltiplas, e assim, ele precisa desenvolver técnicas como a de
observar as potencialidades do indivíduo, estudar qual é o melhor método que
deve ser aplicado, levando em consideração que quando se trata da dificuldade
de aprendizagem, às vezes apenas alguns ajustes pedagógicos ajudam. Porém
para os demais problemas, o neuropsicopedagogo terá de elaborar um
questionário que envolverá a família e o professor e com base nesses dados, ele
irá elaborar um plano de ação e intervenção, que podem ser desde instrumentos
de avaliação, diferentes modalidades de atividades até testes padronizados,
utilizados de acordo com a habilitação do profissional e da composição da equipe
multidisciplinar.

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Vídeo
Assista ao vídeo de Roberto Andersen, sobre as atividades
que o Neuropsicopedagogo deve exercer nas escolas, e todas
as áreas de atuação deste profissional no link:
https://www.youtube.com/watch?v=1RQOryd3miw

2.4 Princípios da Avaliação Neuropsicopedagógica

Existem orientações pertinentes sobre os princípios da avaliação


neuropsicopedagógica, quanto ao uso de testes do neuropsicopedagogo. Como
há variedade de testes disponíveis, faz-se necessário que o profissional tome
cuidado para não se utilizar de testes vetados a demais profissionais, e sempre
escolher instrumentos de avaliação coerentes com as características do
paciente.
Vygotsky, Luria e Leontiv, em seu livro "Desenvolvimento e
aprendizagem", concordam que os testes de avaliação precisam ser utilizados
para contemplar elementos que já são de conhecimento prévio do indivíduo.
Rita Russo (2015), aborda a importância de adaptar os testes para as
condições do paciente e analisá-lo de maneira mais qualitativa.
Outro ponto muito importante e que deve ser levado em consideração
quanto à avaliação neuropsicopedagógica, são quais as habilitações e
capacidades de avaliar que neuropsicopedagogo possui, como também quais
são as patologias que são de sua competência, para que não entre em
competências de outro profissional.
Assim, pode-se dizer que a avaliação neuropsicopedagógica envolve o
processo de ensino-aprendizagem e suas dificuldades, nesse caso, é de sua
competência avaliar a área da leitura, escrita, compreensão, aritmética,
observação psicomotora e investigação dos pré-requisitos da alfabetização. Não
sendo de sua competência a avaliação de transtornos da inteligência, como o do
humor, transtornos alimentares, psicóticos entre outros.
Em seu livro, Rita Russo (2015), elabora etapas do atendimento
neuropsico-pedagógico, com ênfase em como o neuropsicopedagogo precisa

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ser flexível e perspicaz em suas estratégias, pois cada indivíduo deve ser
avaliado de forma única.
Para Rita (2015), investigar o histórico familiar é fundamental para iniciar
uma análise. Nessa entrevista, faz-se necessário saber sobre a gestação, parto
e fatos que estejam envolvidos no nascimento do avaliado até o pós-parto.
Em seguida, deve-se avaliar a situação atual do paciente, sua evolução
ao longo do tempo, sua compreensão sobre seu problema, seu desenvolvimento
neuropsicomotor, o jeito de ser, experiências escolares e o estudo da queixa
(motivo da consulta). O diálogo com a equipe técnica-pedagógica e professores
da escola frequentada pelo paciente, deve ser contínua.
A entrevista pode ocorrer numa única sessão, porém, logo em seguida
deve-se informar o objetivo e a função da avaliação neuropsicopedagógica, a
previsão do número de sessões e a forma de encerramento.
A avaliação Neuropsicopedagógica poderá ser através da observação do
indivíduo frente às atividades que serão propostas. Nessa avaliação, o
neuropsicopedagogo deverá anotar a forma e como o indivíduo reage frente às
atividades apresentadas, qual a sua colaboração, se está se opondo em
executar as tarefas, ou mesmo se está se sentindo inseguro ou tenso.
Quanto às sessões, o neuropsicopedagogo deverá levar em
consideração: quantas sessões serão utilizadas para a intervenção, quanto
tempo será necessário para cada sessão; lembrando sempre que essa análise
deverá ser feita conforme o diagnóstico de cada indivíduo.
Após esses trâmites, se faz necessário à devolutiva aos familiares,
paciente e à escola. Nesta fase o neuropsicopedagogo irá apresentar os
resultados levantados através da coleta de dados feita na avaliação, indicando
os resultados e prestando orientações de como proceder para alcançar uma
melhora significativa.
Entre várias modalidades de avaliação, pode-se destacar: a avaliação
quantitativa e a avaliação qualitativa.
Avaliação quantitativa: Poderão ser utilizados nessa avaliação,
instrumentos que envolvam a leitura, escrita, aritmética, atenção e funções
executivas, memória de aprendizagem e destreza motora.
Avaliação qualitativa: O neuropsicopedagogo poderá utilizar-se de
desenhos, sequência e movimentos, exercícios de criatividade, tarefas

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envolvendo leitura, escrita, cálculos, interpretação e intelecção de texto, jogos
(competitivos ou não) e softwares educativo.
Para todas essas intervenções apresentadas, é necessário um bom
planejamento, os quais deverão ser divididos em fases, conforme proposto por
Beltrán (1993,1996) com início, intermediário e final da intervenção.
Na fase Inicial, deve-se observar de como o indivíduo utiliza-se de sua
capacidade em aprender, e como viabiliza essas habilidades nos desafios
escolares.
Já na fase Intermediária, o neuropsicopedagogo terá de utilizar recursos
com modalidades variadas como estratégias, visando os processos de
compreensão-retenção e recuperação-utilização.
E por último, a fase Final, o neuropsicopedagogo, baseando-se em seus
princípios de avaliação aplicada e nos dados levantados, reavaliará o quadro do
indivíduo para detectar se atingiu ou não o objetivo esperado. Caso afirmativo,
deve se dar alta, em caso negativo, fará um relatório dos ganhos atingidos com
a intervenção aplicada e terá de elaborar um novo plano de ação.

Resumo da aula

Apresentou-se nesta aula, a importância do neuropsicopedagogo


identificar as dificuldades de aprendizagem, e transtornos da aprendizagem,
pois, somente conhecendo cada conceito é que poderá elaborar um plano de
ação para cada indivíduo, se a intervenção poderá ser feita apenas por um
pedagogo, por uma equipe multidisciplinar, ou até mesmo se terá de encaminhá-
lo para um especialista na área, ou ainda, a vários especialistas, mas sempre
lembrando, de sua atribuição como neuropsicopedagogo, que é o de
acompanhar o indivíduo durante o início e até o final da intervenção.

Atividade de Aprendizagem
Elabore uma reflexão sobre o significado da frase: “Nenhum
profissional conseguirá acionar a aprendizagem no aluno, se
o mesmo não tiver a vontade e ação de mover-se para
aprender.”

23
Aula 3 - Conceito da avaliação neuropsicopedagógica, formas e análise da
avaliação

Apresentação da aula

Nesta aula serão estudados os conceitos da avaliação, e formas e


análises de avaliação, analisando o resultado de uma avaliação neuropsico-
pedagógica.

3.1 Conceito da avaliação neuropsicopedagógica

Atualmente, predominam as formas de avaliação que podem ser


consideradas como um instrumento de exclusão. O aluno deve ser avaliado não
só nos aspectos cognitivos, mas em sua plenitude, o que hoje se costuma
chamar “integralidade do sujeito”. Por isso, é de suma importância que sejam
avaliados não somente ao aluno, mas também o professor. Isso fará com que
haja uma construção no ensino aprendizagem, fazendo com que muitas
instituições de ensino evoluam neste processo de avaliação, provocando em
seus educadores e professoras, a necessidade de buscar novos conhecimentos.
Essa área do conhecimento humano tem como objetivo, o estudo da
Educação e o cérebro, que com a prática da pedagogia pode ser modificado,
visto que o cérebro é entendido como um órgão social. Neste sentido, podemos
dizer que a busca da aprendizagem se dará a partir da descoberta
neurocientífica para que de uma forma prática e segura, a neuropedagogia possa
interferir significativamente nas tendências cognitivas e competências do
indivíduo, ou seja, atendendo suas necessidades nas estruturas cognitivas,
emocionais, sociointerativas, e orgânicas, realizando um trabalho de prevenção
por avaliar processos didático – metadológicos e do ensino-aprendizagem.
Hoje a forma de avaliação predominante, pode ser considerada como
instrumento de exclusão. Dentro da sala de aula, o professor começa excluindo
o aluno ao organizar seu trabalho, por se basear em um tipo de ensino o qual
acredita que é o ideal para aprendizagem, e se o aluno não se adequar a esse

24
modelo de aprendizagem, ele é classificado e excluído do processo. Pode-se
dizer que esse conceito de avaliação é punitivo e coercitivo.
Diante desse contexto, o conceito de avaliação do neuropsicopedagogo
não é somente o de mudar o sistema avaliativo, mas também o trabalho
pedagógico e as condições do trabalho do próprio professor, pois se faz
necessário descobrir a forma e o ritmo de cada indivíduo.
É indispensável que o Neuropsicopedagogo tenha clareza e critérios do
que se pretende avaliar, para poder adotar uma metodologia e recursos
adequados. É preciso ter coerência entre um instrumento de avaliação e a
prática pedagógica do professor; a partir dessa avaliação, começa ocorrer uma
grande mudança nas instituições de ensino, pois os instrumentos certos de
avaliação devem começar a ser aplicados no momento em que se ensina, ou
seja, na sala de aula.
Os instrumentos de avaliação do neuropsicopedagogo devem-se à
multiplicidade dos conteúdos e do sujeito avaliar, com coerência. Esses
instrumentos serão aplicados não mais como uma forma de avaliação punitiva,
mas uma forma de avaliar o ensino. Com isso em mente, se faz necessário
conhecer cada vez mais as formas pelos quais os alunos aprendem, assim ficará
mais fácil a intervenção. A avaliação terá de ser uma mediação entre o ensino
do professor e a aprendizagem do indivíduo.
Deve-se sempre levar em consideração que cada aluno aprende de forma
diferente, porque cada um traz a sua própria história de vida, condicionando e
influenciando em sua forma de aprender. Por isso, a avaliação do neuropsico-
pedagogo é através das informações sobre a história do aluno.
Assim, a avaliação neuropsicopedagógica, consiste em buscar as causas
das dificuldades ou transtornos de aprendizagem, na qual serão realizados
testes específicos como leitura, escrita, matemática, atenção e processos
envolvidos no saber do indivíduo.
Nessas avaliações o neuropsicopedagogo, poderá detectar dificuldades
na aprendizagem em um grau pequeno.
Nesse conceito da avaliação, pode-se observar que o problema com a
aprendizagem sempre existiu, mas atualmente com um olhar novo na
neuropsicopedagogia, aliado ao conhecimento do cérebro, pode-se desenvolver

25
melhores formas de avaliação, para utilizar de instrumentos de intervenção mais
apropriados.

3.2 Formas de avaliação

Deve-se levar em consideração que cada aluno é único e aprende de


forma diferente, pois, cada um traz sua história de vida o condicionando e
influenciando em sua forma de aprender.
Existem várias formas de avaliação, uma delas é a avaliação
diagnóstica. Nessa avaliação o professor não pode planejar uma aula pensando
em um aluno ideal, mas deve pensar no contexto geral de sua sala de aula,
levando em consideração a realidade de cada um de seus alunos. Através da
avaliação diagnóstica, ficará mais fácil identificar o aluno ideal.
A avaliação reguladora é a análise que terá de ser feita de como o ensino
aprendizagem contribui para modificar o aluno, verificando se o aluno atingiu os
objetivos pretendidos, nessa forma se o aluno não aprendeu conceitos,
procedimentos e atitudes que constam no planejamento, então se faz necessário
regular o trabalho, ou seja, elaborar um novo planejamento.
Já na avaliação somativa, avalia a qualidade da atuação do professor,
do profissional em todo o seu objetivo em um período pedagógico previsto.
Outra forma, são os testes de avaliação. Esses testes pedagógicos têm
como objetivo, identificar as dificuldades de uma sala, ou de alguns alunos.
Também, pode-se utilizar a forma do diagnóstico psicopedagógico
clínico, nas áreas de avaliação emocional, pedagógica, motora e cognitiva.
Na área emocional, se avalia a condição afetiva do indivíduo, diante
situações de aprendizagem na escola, na família e no pessoal. Essa avaliação
tem como objetivo analisar o comportamento do aluno frente ao contexto social,
sua interação na escola e na família e todos os seus sentimentos como desejos,
conflitos, dúvidas, medos, alegrias, inclusive na área cognitiva.
A avaliação na área motora objetivo é avaliar o estágio de
desenvolvimento dos sistemas: nervoso, sensorial e motor.
A contribuição na área pedagógica é o de avaliar o processo da gênese,
da escrita, leitura e cálculo, tendo como objetivo, observar o desenvolvimento da
aprendizagem nas seguintes particularidades:

26
1. Escrita - posição do papel, postura para escrever e segurar o
lápis(caneta), erros ortográficos, velocidade da escrita;
2. Leitura - Velocidade, postura e dificuldade;
3. Cálculo - Relações de tamanho, conceito de quantidade, compreensão
dos números.

A área cognitiva avalia o estágio do desenvolvimento cognitivo relacional,


ou seja, nessa área o objetivo é avaliar o desenvolvimento do raciocínio lógico,
como o estágio das operações do pensamento, a atenção e concentração.
Assim, podemos concluir que a avaliação só faz sentido quando leva ao
desenvolvimento do educando, afirma Luckesi (1994).

3.3 de avaliação

Fonte: http://neuropsicologiagoiania.com.br/

Para o neuropsicopedagogo analisar uma avaliação, ele terá que:


observar, anotar, planejar, envolver toda a sala nas atividades apresentadas, e
fazer uma avaliação precisa e abrangente.
Felizmente existem alguns profissionais que transgridem uma sistemática
tradicional e conseguem colocar em prática suas propostas, levando sempre em
consideração que em qualquer processo de avaliação de aprendizagem, tem-se
que focar no sujeito, no individual ou no coletivo.

27
Também, deve-se levar em consideração que os protagonistas de uma
avaliação são o professor e o aluno. Por isso, discutir critérios de avaliação de
forma coletiva, irá ajudar a obter resultados melhores.
A avaliação sempre esteve relacionada com o poder, no modelo tecnicista,
que privilegia a atribuição de notas e a classificação dos estudantes; ela é
ameaçadora, pode se dizer que essa avaliação passa a ser um instrumento de
poder e dominação. Infelizmente, muitas instituições escolares ainda apoiam
esse tipo de sistema, e encontram dificuldades de agir diferentemente, muitas
vezes os profissionais vivenciaram esse tipo de avaliação quando eram alunos.
Porém, com a introdução de um novo profissional habilitado, esse conceito
começa a mudar, pode-se dizer que nas novas análises avaliativas, deixa-se de
considerar os alunos como deficientes e se torna um desafio para profissionais
que não querem deixar para trás nenhum indivíduo.
O acompanhamento de um neuropsicopedagogo, parte de uma queixa de
que o indivíduo apresenta limitações nas atividades escolares, principalmente na
escrita e na leitura, apresentando também, dificuldades no aspecto temporal e
no raciocínio lógico-matemático.
Apesar dessas queixas, o indivíduo apresenta interesse, curiosidade e é
inteligente, porém, precisa de estímulos e recursos pedagógicos para
desenvolver habilidades cognitivas.
Diante desse contexto o neuropsicopedagogo poderá iniciar a avaliação,
com 2 encontros semanais, duração de 1 hora de análise diagnóstico, e utilizar
os seguintes instrumentos:

I. Encontro com o professor;


II. Entrevista com os pais;
III. Verificação de algumas atividades pedagógicas;
IV. Desenhos projetivos: casa, animal, família;
V. Testes de psicomotricidade;
VI. Provas operacionais;
VII. Provas projetivas;
VIII. Anamnese: com a mãe ou responsável.

28
Resultado: Constatou-se que o comportamento apresentado, reflete
questões múltiplas resultantes da construção e constituição do sujeito e das
relações estabelecias com os serres e o mundo, logo que trata-se de uma
criança institucionalizada. Observando seu aspecto corporal, demonstrou ter
consciência do seu próprio corpo, tem domínio correto, obedecendo bem aos
comandos.
Na orientação temporal há um déficit acentuado, pois não tem noção de
tempo através da análise com o quebra-cabeça; mostrou dificuldades no
encaixe, demonstrando problema espacial.
Na área cognitiva apresentou dificuldades nas limitações do raciocínio
lógico e construção de números.
Apresentou dificuldade na linguagem, com leitura e escrita pré -operatória.
Já na área afetivo social, apresentou baixa autoestima, sentimento de abandono.
No aspecto pedagógico, as dificuldades são próprias, impedindo que se
estabeleçam vínculos com o conhecimento.
O indivíduo tem uma carência psicoafetiva, visto que sente a ausência do
vínculo do pai.
Seu meio social não propicia construções enriquecedoras; modelo de
aprendizagem inadequado.
Faz-se necessário que sejam introduzidos estímulos significativos para o
desenvolvimento de novas formas de pensar. Para isso são necessários:

1. Desenvolver novas técnicas pedagógicas, que o façam reaprender as


primeiras modalidades de aprendizagem;

2. Atividades de linguagem e escrita;

3. Troca de professora para que aja uma mudança total nos vínculos
afetivos com os elementos da aprendizagem;

4. A intervenção psicopedagógica;

5. O acompanhamento de um psicólogo para trabalhar o afetivo social.

29
Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA
Neurociências e Desenvolvimento Cognitivo
de Herber Maia. O livro procura trazer uma
reflexão sobre os aspectos do Desenvol-
vimento Cognitivo e da aprendizagem escolar
da criança que promovam a capacitação dos
professores e dos profissionais afins para o
desafio da inclusão escolar.

Resumo da aula

Nesta aula estudou-se os métodos de avaliação aplicados durante muito


tempo, e como ainda é um tabu para muitos professores e instituições mudarem
seus métodos, porém com a habilitação de novos profissionais nas instituições
escolares, pode-se mudar esse contexto. Pois, para se fazer uma avaliação nos
alunos, precisa-se primeiro avaliar os profissionais, principalmente os que atuam
diretamente com o aluno dentro da sala de aula.

Atividade de Aprendizagem
Como o neuropsicopedagogo, pode ajudar a mudar o
conceito de avaliação do professor e da instituição?

30
Aula 4 - Identificar e compreender as bases neurocientíficas dos processos
envolvidos na aprendizagem, integrando avaliação e a intervenção em
situações que envolvam esses processos no plano individual ou coletivo

Apresentação da aula

Esta aula tem como propósito, aprofundar o conhecimento na


neurociência, tendo em vista a necessidade do profissional de hoje, seja da área
da educação ou da saúde, terem bases neurocientíficas para trazer ao campo
pedagógico as inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos,
na área da ciência e da sociedade.

4.1 Identificar e compreender as bases neurocientíficas dos processos


envolvidos na aprendizagem

Identificar e compreender a área sobre como o cérebro se modifica e


aprende, levam à discussões realizadas por grandes teóricos da Psicologia,
como Piaget, Vygotsky, Wallon e Ausubel, sobre o ensino.
É importante observar que hoje, a Neurociência defende o processo de
aprendizagem, mas os teóricos já faziam algo semelhante, embora fossem por
caminhos diferentes. Houve um avanço significante das metodologias de
pesquisa e da tecnologia, permitindo que sejam elaborados novos estudos.
Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
(USP), também piagetiano, diz o seguinte: "Até o século passado, apenas se
intuía como o cérebro funcionava. Ganhamos precisão" (MACEDO, 2012). Mas,
antes de levar as ideias neurocientíficas para a sala, ou na aplicação de
avaliação e intervenção, precisamos compreender as bases neurocientíficas.
Primeiro, precisa-se compreender que tanto a Psicologia Cognitiva como
a Neurociência, se ocupam de entender a aprendizagem, porém, cabe lembrar
que cada uma têm diferentes focos. A Neurociência faz isso por meio de
experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância
magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro
durante o seu funcionamento.

31
As áreas da psicologia e da neurociência, nos permitem entender de
forma abrangente o desenvolvimento da criança, e com base em evidências
neurocientíficas, pode-se dizer que há uma correlação entre um ambiente rico e
o aumento das sinapses (conexões entre as células cerebrais). Mas, faz-se
necessário uma definição de qual meio estimulante a ser utilizado para cada tipo
de aprendizado, como quais intervenções serão mais apropriadas para
intensificar o efeito do meio.
O professor, dificilmente irá conseguir planejar aulas com bases
neurocientíficas, pois, para isto terá que compreender estas bases, ficando cada
vez mais evidente a importância de todos da área da educação, ou da saúde
aprimorarem e atualizarem os seus conhecimentos. Laurinda Ramalho de
Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em
Wallon, diz: "A Neurociência mostra que o desenvolvimento do cérebro decorre
da integração entre o corpo e o meio social. O educador precisa potencializar
essa interação por parte das crianças" (ALMEIDA, 2012).
Vamos considerar algumas conclusões neurocientíficas ligadas à
aprendizagem, explanando a integração que existe entre Neurociência,
Psicologia e Pedagogia, segundo a Nova Escola.

4.2 Emoção

A emoção interfere no processo de retenção da informação.


Pesquisadores como Larry Cahill e James McGaugh (1990), publicaram os
resultados de estudos mostrando duas séries de imagens a pessoas, uma
expressava caráter emocional e a outra neutra. Através de um tomógrafo,
observou-se uma ativação da amígdala (parte importante do sistema emotivo do
cérebro) e uma formação na memória. "Quanto mais emoção contenha
determinado evento, mais ele será gravado no cérebro", diz Iván Izquierdo,
médico, neurologista e coordenador do Centro de Memória da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

32
4.2.1 A emoção, para Piaget

Valoriza o termo afetividade, em vez de emoção, e diz que ela influencia


positiva ou negativamente os processos de aprendizagem, e dessa forma
acelera ou atrasa o desenvolvimento intelectual.

4.2.2 A emoção para Vygotsky

Para Vygostky (1988), compreender o funcionamento cognitivo (razão ou


inteligência), é entender o aspecto emocional. Os dois processos são uma
unidade: o afeto interfere na cognição, e vice-versa. A motivação para aprender
está associada a uma base afetiva.

4.2.3 A emoção para Wallon

Wallon defende que a pessoa é resultado da integração entre afetividade,


cognição e movimento. O que é conquistado em um desses conjuntos interfere
nos demais. O afetivo, por meio de emoções, sentimentos e paixões, sinaliza
como o mundo interno e externo afeta as pessoas. Para Wallon (2007), que
estudou a afetividade geneticamente, os acontecimentos estimulam tanto os
movimentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no
desenvolvimento.

4.3 Avaliação e intervenção em situações que envolvam o processo da


aprendizagem no plano individual ou coletivo

Quando há uma observação de forma atenciosa e qualificada nas


emoções dos estudantes, pode-se encontrar pistas de como o meio escolar os
afeta, se está instigando emocionalmente ou causando apatia por ser
desestimulante. Muitas vezes, a partir de apenas uma avaliação, que pode ser
individual ou coletiva, consegue-se reverter um quadro negativo, que não
favorece a aprendizagem.
A motivação é necessária para aprender, da mesma forma que sem fome
não apreendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem

33
motivação não conseguimos aprender. Hoje pode-se analisar estudos que
comprovam que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à
recompensa. Ao analisar um sujeito que é afetado positivamente por algo,
percebe-se que automaticamente a região responsável pelos centros de prazer
é ativada, passando a produzir uma substância chamada dopamina, substância
que gera bem-estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o
comportamento dela em relação ao objeto que a afetou. A neurologista Suzana
Herculano-Houzel, autora do livro Fique de Bem com Seu Cérebro (2007), traz
à atenção de quando um indivíduo realiza tarefas muito difíceis ele irá se
desmotivar facilmente e consequentemente seu cérebro ficará frustrado, sem
obter prazer do sistema de recompensa.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Neurociência e Educação - Como o
Cérebro Aprende de Ramon M.
Concenza.
Com uma linguagem clara e uma
abordagem esclarecedora, Neurociência e
Educação é uma fonte segura dos
fundamentos neurocientíficos do processo
de ensino-aprendizagem, que podem
auxiliar todos os envolvidos nessa ativida-
de a entender o sucesso ou o fracasso de
muitas estratégias pedagógicas.

Para Piaget, a motivação é uma procura por respostas quando a pessoa


está diante de uma situação que ainda não consegue resolver. A aprendizagem
ocorre na relação entre o que ela sabe e o que o meio físico e social oferece.
Sem desafios, não há porquê buscar soluções. Por outro lado, se a questão for
distante do que se sabe, não são possíveis novas sínteses
Para Vygotsky, a cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota
espontaneamente, como se existissem algumas crianças com vontade - e
naturalmente motivadas - e outras sem. Esse impulso para agir em direção a
algo é também culturalmente modulado. O sujeito aprende a direcioná-lo para
aquilo que quer, como estudar.

34
A motivação está diretamente relacionada às emoções suscitadas pelo
contexto. O prazer, mais do que estar na situação de ensino ou mediação, pode
fazer parte do próprio ato de aprender, trata-se da sensação boa que a pessoa
tem quando se percebe capaz de explicar certo fenômeno ou de vencer um
desafio usando apenas o que já sabe, ficando com isso, mais interessada em
aprender.
Com esse contexto, se conclui que o papel da escola não é apenas ter
um espaço em que a preocupação é somente transmitir conteúdo. A proposta
pedagógica deve incluir atividades que os alunos tenham condições de realizar,
para que despertar a curiosidade deles e os faça avançar. É necessário levá-los
a enfrentar desafios, a fazer perguntas e procurar respostas.
Outra base neurocientífica que envolve a aprendizagem e que precisa-se
entender, é a atenção, que é fundamental para a percepção e para a
aprendizagem. Foram comprovados através de Pesquisas comportamentais e
neurofisiológicas, que o sistema nervoso central só processa aquilo que está
atento.
Em um estudo de Gilberto Fernando Xavier e André Frazão Helene, do
Instituto de Biociências da USP, publicado em 2006 na revista Neuroscience,
foram organizados grupos de pessoas para avaliar o desenvolvimento da
habilidade de leitura e de palavras espelhadas. Um grupo treinou escrever, de
maneira imaginária, palavras invertidas. Outro grupo treinou ler termos desse
tipo. Depois, tanto o primeiro grupo como o segundo, conseguiram ler com
rapidez palavras espelhadas criadas pelos pesquisadores. Porém deram a tarefa
para um terceiro grupo, enquanto treinavam a leitura e a escrita de termos
espelhados, precisavam realizar mais uma tarefa de memorização visual. O
resultado foi que tanto a memorização quanto a aquisição da habilidade de
leitura invertida ficaram prejudicadas. Com esse estudo eles comprovaram que,
se o desvio de atenção é significativo, a aquisição de habilidade e a
memorização sofrem prejuízos.
Para Piaget, se prestamos atenção é porque entendemos, ou seja, o que
está sendo apresentado tem significado e representa uma novidade. Se há um
desafio e se for possível estabelecer uma relação entre esse elemento novo
e o que já se sabe, o cérebro dará o comando de forma positiva e a atenção é
despertada.

35
A mente é seletiva, pois só se reconhece o que acontece à volta, se tiver
um conhecimento prévio. Não se hesita, por exemplo, em interromper uma
atividade quando se sente um cheiro de fumaça no ambiente. Assim, conhecer
padrões é fundamental para se dedicar, agir e aprender sobre o que importa.
Pode-se dizer que interferência do ambiente no sistema nervoso causa
mudanças bem significativas no cérebro. Por exemplo, dependendo do que
ocorre, a quantidade de neurônios e as conexões entre eles (sinapses) mudam.
Anteriormente acreditava-se que as sinapses formadas na infância permaneciam
pelo resto da vida, porém estudos indicam que não. Em 1980, um estudo pioneiro
do neurocientista norte-americano Michael Merzenich, da Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos, verificou que o cérebro de macacos adultos se
modificam depois da amputação de um dos dedos da mão. A perda do membro
provocava atrofia dos neurônios da região responsável pelo controle motor do
dedo amputado. Ele observou que essa área acabava sendo ocupada pelos
neurônios responsáveis pelo movimento do dedo ao lado.
No processo de aprendizagem, pode-se dizer que o aluno deve ser ativo
em suas aprendizagens, mas, cabe aos profissionais habilitados orientar e
oferecer condições para que ele exerça suas potencialidades, conhecendo-o
bem e todo contexto em que vive, principalmente a relação dele com a natureza
do tema a ser aprendido.
A ativação das redes neurais se dá em sua maior parte, por associação
de redes ativadas entre si de uma forma frequente e estável, tornando as
conexões sinápticas mais fortes e mais fácil na recuperação da memória. Isso
acontece pela repetição de informação. Médicos e doutores em Ciência do
Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) Ramon M. Cosenza e Leonor B. Guerra no livro Neurociência e
Educação: Como o Cérebro Aprende (2011, p. 151) afirmam: "Podemos
simplesmente decorar uma nova informação, mas o registro se tornará mais forte
se procurarmos criar ativamente vínculos e relações daquele conteúdo com o
que já está armazenado em nosso arquivo de conhecimentos".
É tarefa da instituição escolar, ter profissionais que compreendam as
bases neurocientíficas para que possam evoluir nos processos envolvidos na
aprendizagem, integrando a avaliação e intervenção de uma forma consciente,

36
capaz de dar condições para que o aluno construa sentido sobre o que está
vendo em sala.

Resumo da aula

Nesta aula estudou-se a integração que existe entre Neurociência,


Psicologia e Pedagogia. Viu-se ainda os pontos relevantes que se constrói no
cérebro e que são indispensável para aprendizagem do sujeito, como a emoção
e atenção. Também foram feitos estudos de teóricos relevantes na neurociência.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre a importância do Neuropsicopedagogo nas
escolas.

37
Resumo da disciplina

É notória a necessidade de um profissional habilitado com bases


neurocientíficas, psicológicas e pedagógicas para atuar em instituições de
ensino. Ao estudar teóricos relevantes da temática da aprendizagem humana,
como Richard Mayer, Jean Piaget, Lev S. Vygotsky e Henri Wallon, que
apresentaram em cada teoria seus conceitos, trazendo em cada uma delas uma
visão do ser humano em seu desenvolvimento, aprendizagem e educação,
porém, todas investigando a origem do psiquismo, observou-se que se precisa
avançar em conhecimentos do cérebro, para não deixar nenhum indivíduo para
trás, sem pelo menos ter feito algo para mudar seu futuro. Diante desse contexto,
o neuropsicopedagogo deverá utilizar-se de técnicas para avaliar se o sujeito
está com dificuldade ou transtorno de aprendizagem, identificando, acompa-
nhando e buscando minimizar ou até mesmo sanar as dificuldades do indivíduo.

38
REFERÊNCIAS

ALENCAR, E.S.;Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade.


Psicologia: teoria e pesquisa, v.19 n. 1,2003

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https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem Acessado
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Médicas,1998.

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GARDNER,H. Mentes que mudam. Porto Alegre: Artmed, 2005.p.

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LAJONQUÉRE,L. De Piaget a Freud: a psico-pedagogia entre o conhecimento


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LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.

LURIA, A.R, VYGOTSKY, L.S. & LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e


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39
MACEDO, L. in: SALLA, F. Neurociência: como ela ajuda a entender a
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MAYER, Richard. The promise of multimedia learning: using the same


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educação contemporânea. Psicol. cienc. prof. vol.19 no.3 Brasília:
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POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto


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casos-de-transtorno-de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade/

https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem

https://seer.furg.br/momento/article/viewFile/2478/2195

https://www.youtube.com/watch?v=2IKlsW15vLY

40

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