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PROFESSOR
Dr. José Francisco de Assis Dias
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor
Wilson de Matos Silva
Dr. José Francisco de Assis Dias
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da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
1
9 2
23
POSITIVISMO A RELATIVIDADE
JURÍDICO E DO CONCEITO DE
EPISTEMOLOGIA JUSTIÇA
3
35 4
47
MODERNAS MODERNAS
TEORIAS DA TEORIAS DA
JUSTIÇA: JUSTIÇA: JEREMY
ROUSSEAU E KANT BENTHAM E JOHN
STUART MILL
5
59
TEORIAS
COMTEMPORÂNEAS
DA JUSTIÇA: JOHN
RAWLS
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
6
71 7
83
TEORIAS TEORIAS
COMTEMPORÂNEAS CONTEMPORÂNEAS
DA JUSTIÇA: DA JUSTIÇA:
RONALD DWORKIN AMARTYA SEN
8
95 9
106
FUNDAMENTOS FUNDAMENTOS
FILOSÓFICOS DA FILOSÓFICOS DA
FORMAÇÃO DA FORMAÇÃO DA
CULTURA MODERNA CULTURA MODERNA
OCIDENTAL: BARUCH OCIDENTAL: FRIEDRICH
SPINOZA NIETZSCHE
10
119
ÉTICA E JUSTIÇA
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
11
131 12
143
DEONTOLOGIA PRINCÍPIOS DA
JURÍDICA DEONTOLOGIA
JURÍDICA
13
159 14
173
ADVOGADO CÓDIGO DE ÉTICA
E DISCIPLINA DA
OAB
15
189 16
207
A MAGISTRATURA MINISTÉRIO
PÚBLICO
Positivismo
jurídico e
epistemologia
Dr. José Francisco de Assis Dias
da Epistemologia Jurídica.
UNIDADE 1
O presente Capítulo tem como proposta inicial tratar das questões perti-
nentes ao surgimento e desenvolvimento do positivismo jurídico, assim como,
apresentar uma definição sobre o campo de estudo da Filosofia do Direito.
Com o desenvolvimento do positivismo jurídico, ao mesmo tempo em que
a solução de inúmeros problemas fora apresentada, como, por exemplo, os pro-
cedimentos técnicos necessários para que o Direito possa ser reconhecido como
uma ciência, outros problemas começam a se apresentar, pois a concepção de
Direito Natural perde influência em detrimento á ideia de Direito Positivo, ou
melhor dizendo, direito escrito.
O desenvolvimento do Estado Moderno também contribui para o Direito
Moderno sofresse inúmeras mudanças e ampliasse o seu campo de participação
no desenvolvimento da sociedade moderna.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
tureza humana). “Justo” é aquilo que é “bem” para que o homem possa realizar
plenamente a sua humanidade, ou seja, sua racionalidade que se expressa na sua
inteligência e liberdade.
Não é possível uma adequada investigação da “lei” e do Direito sem remontar
aos mais árduos problemas filosóficos de todos os tempos. A Metafísica, tratado
da Filosofia que estuda as realidades que superam a natureza física, estabelecerá o
fundamento do Direito; a Metafísica é a “ciência” que conduz o espírito humano
àqueles conceitos basilares de “ser”, “verdade”, “finalidade”, “bem” e “justo”, sem
os quais não existe ciência moral e nem jurídica [Cf. PIZZORNI, 1982, p. 18].
Na primeira metade do século XIX, o Direito Natural foi considerado como
puro “nome”, produto cultural inautêntico e a priori, baseado em esquemas ra-
cionais e teológicos deteriorados a serem repudiados e ignorados totalmente.
Nas Universidades Europeias, mudou-se o nome da disciplina acadêmica
Juris Naturalis Scientia – Ciência do Direito Natural – para “Filosofia do Direito”,
porém, partindo-se do pressuposto que não se deveria considerar no Direito o
ideal abstrato, mas somente o fato histórico-positivo-jurídico, ou seja, a “Lei Po-
sitiva”, o Direito “posto”, não se fez “Filosofia do Direito” nem “Ciência do Direito”,
mas sim uma grotesca “Fenomenologia do Direito”: pura descrição do fenômeno
jurídico [Cf. PIZZORNI, 1982, p. 18-19].
O problema do “Direito Natural”, essencial para a Filosofia do Direito, acom-
panhou a Humanidade em todo o seu curso histórico. Se a Filosofia do Direito
não chegar ao conceito de “Justo Natural” não justificará plenamente o Direito
Positivo e não será verdadeira “Ciência”.
Concluamos este item com as palavras esclarecedoras de Ahrens (1808-1874),
afirmando que a Filosofia do Direito é a ciência que expõe os primeiros princí-
pios do Direito concebidos pela razão e fundados sobre a natureza do Homem,
considerada em si mesma e nas suas relações com a ordem universal das coisas. A
humanidade crê firmemente à existência de certos princípios de justiça indepen-
dentes das leis e das instituições positivas, próprios a servir de base e aos juízos que
são trazidos sobre estas, e às reformas de que são capazes. Ora desta crença intima-
mente ligada às convicções gerais que os homens se formam sobre a ordem moral
do mundo e sobre a causa suprema, que foi a leva mais potente de todo progresso
social, o ponto luminoso que no passado ilumina o caminho da humanidade, e no
futuro faz intraver uma ordem social mais conforme aos princípios de verdade, de
bem e de justiça, repete a sua origem a Filosofia do Direito [AHRENS, 1855, p. 1].
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
uma pergunta intrigante: é possível uma Filosofia do Direito que seja verdadei-
ramente “filosófica” e “jurídica”? [Cf. COMPOSTA, 1991, p. 28].
Uma resposta exaustiva a esta pergunta não podemos dar aqui, mas podemos
estabelecer o quanto segue:
- o conhecimento do Direito não é privilégio do jurista;
- é provável que a problemática do jurista divirja daquela do filósofo: o objeto
comum é considerado sob prismas diferentes, por causa da formação científica
e psicológica;
- a Filosofia do jurista não se eleva acima de uma Teoria Geral do Direito, que
por definição não é filosófica;
- a transcendência dos fatos e das normas jurídicas é indicada pelos orde-
namentos jurídicos; as ciências jurídicas se sentem perdidas, não sendo capazes
de formular as últimas razões a partir da estrutura do fenômeno jurídico: esta é
tarefa da Filosofia [Cf. COMPOSTA, 1991, p. 29].
Dario Composta crê que da delimitação das tarefas entre a Ciência Jurídica e a
Filosofia do Direito, derive garantia de segurança e acuidade científica a ambos os
saberes; e que somente a Filosofia é capaz de esclarecer os últimos interrogativos
da realidade jurídica; somente a ela compete de jure o estudo do fundamento do
Direito [Cf. COMPOSTA, 1991, p. 30].
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UNICESUMAR
“
“Em período clássico, o Direito Natural não era con-
siderado superior ao Direito Positivo, o Direito “posto”
pelo legislador humano.”
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
Reflita
Leitura Complementar
Saiba mais
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UNIDADE 1
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre o Positivismo Jurídico e Epis-
temologia, Fundamentos Filosóficos da Formação da Cultura Moderna Oci-
dental, nós nos ativemos a apresentar elementos introdutórios sobre a Filosofia
e o Direito, em vista de distinguirmos entre “Ciência do Direito” e “Filosofia do
Direito”.
Foi possível também fazermos, mesmo que sumariamente, uma justificati-
va da legitimidade epistemológica da Filosofia do Direito, passando por uma
apresentação crítica do “Direito Natural” e do “Direito Positivo”; chegamos às
principais características do Positivismo Jurídico.
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Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
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A Relatividade
do Conceito de
Justiça
Dr. José Francisco de Assis Dias
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
A verdadeira Justiça em si não é outra coisa que pura relação de uma unida-
de com si mesma; tal, que nela não exista uma parte e outra parte. Conclusão:
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UNICESUMAR
também para a alma Justiça (entendo esta maior Justiça) é mover o próprio ato
rumo o Espírito. [PLOTINO, Enneade, I, 2, 6 Bari, 1647]
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UNIDADE 2
Ontologia da justiça
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UNICESUMAR
a todo custo, foge do conceito de bem; uma Justiça sem bem, ou pior com a
destruição da Sociedade – pereat mundus – é inadmissível. Segundo Composta
uma Justiça sacral extrapola a estrutura natural de nossa “natureza” humana [Cf.
COMPOSTA, 1994, p. 247-248].
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UNIDADE 2
formal; em sentido material o “suum” consiste na posse atual daquilo que lhe é
devido por um “direito” Subjetivo adquirido mediante o “suum”.
Assim, no exemplo oferecido por Tomás de Aquino, o momento ético jurídi-
co da Justiça não é o pagamento do salário devido, ma o cumprimento do con-
trato de trabalho. Portanto, seria um erro de Hans Kelsen (1881-1973) quando
afirma que a expressão unicuique suum – a cada um o seu – seria uma tautologia
enquanto o “suum” seria igual à “cuique”.
Composta evoca a sutileza do Direito Romano e a brilhante explicação de
Tomás de Aquino: o “suum” é uma relação espiritual exigente que não implica a
posse factual do respectivo bem material. O “suum” indica a passagem da ordem
de Justiça à “obra” de Justiça; portanto, o instaurar-se de uma alteridade obriga-
tória entre o Sujeito e o “termo” [Cf. COMPOSTA, 1994, p. 250-251].
O “suum” não existe pra consigo mesmo; portanto, como afirma Aristóteles
(384-322 a.C.) ninguém pode ser injusto, em sentido próprio, para consigo mes-
mo (Cf. Ética a Nicômaco, V, 1134b).
Na obra de Justiça pode-se prescindir do habitus justitiae: para se realizar um
“ato justo” não se requer que o Sujeito seja um “homem justo”, ou seja, possuidor
da virtude da Justiça (Cf. Summa Theologiae, I-II, 100, 9 ad. I).
Não basta ao Sujeito sentir-se justo em consciência (Cf. Summa Theologiae,
II-II, 63, 2 ad III) enquanto o ato justo é regulado pela conformidade à ordem
objetiva de Justiça [Cf. COMPOSTA, 1994, p. 251].
Esta sutil ontologia da ordem de Justiça e do ato justo postula uma reciproci-
dade que Aristóteles chamou antipeponthós: uma igualdade não necessariamente
aritmética, mas axiológica que Tomás de Aquino chamou proporção, enquanto
o suum não é idêntico para todos, mas tende à igualação segundo relações va-
riáveis, mas objetivas. Por exemplo, alguém empresta um automóvel a um ter-
ceiro, por um dia; apesar de o veículo estar nas mãos de terceiros, ele permanece
sempre no dominium rei suae (Cf. Summa Theologiae, II-II, 62, 1). Composta
observa que a base da dívida é o medium rei, ou seja, o compromisso do usuário
à restituição depois da compensação pelo uso [Cf. COMPOSTA, 1994, p. 252].
O medium rei e o medium rationis – “meio da coisa” e “meio da razão” – que
Aristóteles (384-322 a.C.) chamou mesótes e que Marcus Tullius Cicero (106-43
a.C.) traduziu por medietas, distinguem-se como a Justiça se diferencia das outras
três virtudes: Prudência, Fortaleza e Temperança.
A medietas – média – de Cícero não é a distância espacial, mas o nexo espi-
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
Reflita
Saiba mais
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UNICESUMAR
Leitura Complementar
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as Questões e Conceitos Bá-
sicos sobre o Justo. A Relatividade do Conceito de Justiça, nós apresentamos ele-
mentos sobre o conceito de Justiça, bem como da Ordem Justa e dos Atos Justos.
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Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
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Modernas teorias
da justiça:
Rousseau e Kant
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
enomenon”.
UNIDADE 3
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UNICESUMAR
“
“A renúncia à liberdade do indivíduo é para ele a in-
justiça primeira, porque equivale a renunciar á huma-
nidade em nós, aos direitos humanos em absoluto, ao
agir ético.”
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UNIDADE 3
este havia visto a bondade de uma Lei na identidade do interesse geral com
o interesse particular, mas havia crido que a realização desta identidade fosse
apenas um compromisso moral do Soberano para com os súditos. Em Hobbes,
portanto, a potentia absoluta – potência absoluta – e a potentia ordinata – potên-
cia ordenada – permanecem distintas [Cf. WELZEL, 1965, p. 236-237].
A potentia ordinata – a identidade do bem particular e do bem geral – é a
finalidade ideal do Estado. Na realidade domina a potentia absoluta, o poder
ilimitado do Estado, que nunca pode fazer o mal. Segundo Welzel a intenção de-
clarada de Rousseau a este propósito é de encontrar uma Constituição Política em
que a vontade do Estado seja uma potência absoluta e igualmente uma potência
ordenada [Cf. WELZEL, 1965, p. 237]: uma Constituição em que a vontade do
Estado seja sempre “justa” [Cf. Contrat Social, I, 7].
Rousseau se liga, mais uma vez, à Hobbes: este justificava a sua tese que o
Estado nunca pode fazer o mal alegando que, ao “firmar” o pacto de submissão, o
indivíduo aprovou tudo aquilo que o Estado poderá dispor. Se o indivíduo tenta
opor-se ao Estado, põe-se em contraste com o “contrato”, age injustamente. Welzel
observa que esta identidade lógica entre a vontade particular do indivíduo e a
vontade geral do Estado, Rousseau procura convertê-la em uma identidade real,
mediante a sua teoria da volonté générale [Cf. WELZEL, 1965, p. 237].
Segundo Rousseau, um Estado é possível somente se os interesses de todos os
cidadãos coincidirem ao menos parcialmente: quanto ao que constitui o vínculo
social. A comunidade deve ser governada exclusivamente segundo este vínculo
comum [Cf. Contrat Social, II, I].
O caráter comum de um interesse é aquele que rende possível a todo cidadão
perseguir o seu próprio interesse, perseguindo o interesse da comunidade. Toda
vez que o indivíduo age assim, age de acordo com a volonté générale. Somente
se pretende para si um interesse que não participa do interesse comum, a sua
vontade cessa de corresponder com a volonté générale e se converte em volonté
particulière [Cf. Contrat Social, II, 4 e IV, I].
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
leis para vincular os direitos aos deveres; e para conduzir a Justiça ao seu objeto
[Cf. WELZEL, 1965, p. 239].
O neokantismo tentou converter a volonté générale de Rousseau em um cri-
tério ideal de validade geral. Welzel esclarece que este é um grave erro interpre-
tativo da instância mais profunda de Rousseau: a vontade geral não é ideal mas
existencial.
Rousseau queria superar a antinomia entre poder do Estado e finalidade do
Estado, entre potentia absoluta e potentia ordinata – não resolvida por Hobbes
– e construir o Estado real em modo que o “Justo” surja por si mesmo, tornando
supérfluo um “critério ideal”. Welzel observa que Rousseau, exatamente por isto,
devia dar importância decisiva ao método através do qual se constitui a vontade
geral no Estado [Cf. WELZEL, 1965, pp. 239-240].
Rousseau deu indicações precisas sobre o método de formação da “justa”
vontade estatal: precisamos partir do conceito de volonté particulière. Esta é o
interesse particular que o indivíduo busca, sem considerar o “interesse comum”.
A vontade particular, na sua expressão extrema, quando exclui totalmente o in-
teresse comum, existe somente em tempos de decadência política [Cf. Contrat
Social, IV, I).
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UNICESUMAR
Dado que este princípio é puramente formal, são possíveis muitos conteú-
dos de vontade que correspondem a ele formalmente mas que objetivamente
divergem entre eles. Neste caso será a maioria a decidir qual vontade é a volonté
générale:
Do cômputo dos votos se retira a demonstração da vontade geral. Quando,
por tal modo, a minha opinião cede à opinião contrária, isto não prova outra
coisa se não que eu tinha me enganado, e que isto que eu considerava ser vontade
geral não o era. [Contrat social, IV, 2]
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UNIDADE 3
Immanuel Kant
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UNIDADE 3
mas não pode ser deduzida desta [Cf. WELZEL, 1965, p. 256].
Segundo Welzel, em virtude da autonomia da liberdade, a Pessoa é susten-
tação do ordenamento ético do mundo; portanto, como sujeito da esfera moral,
ela é o escopo [Cf. WELZEL, 1965, p. 257]. A autonomia é o fundamento da
dignidade de toda criatura racional. Todo ser racional existe como fim para si
mesmo, não somente como meio para uso qualquer, por outra vontade, mas ele
deve ser considerado como “fim” em todas as suas ações, seja dirigidas a si mesmo
seja a outros seres racionais [Cf. Fundação da Metafísica dos Costumes, p. 52].
Porque, através da autonomia e livre submissão à exigência ética, a pessoa
atinge um valor “em si”, ela deve ser reconhecida pelos outros seres morais en-
quanto valor ético absoluto, subtraído a toda consideração utilitária. Segundo
Kant, o valor da moralidade subjetiva é, para todas as outras pessoas, um bem
ético-material de validade absoluta. A liberdade ética da Pessoa (responsabilida-
de), para as outras, intocável. A Pessoa Autônoma nunca pode ser considerada
como mero instrumento, mas sempre como fim a si mesmo [Cf. WELZEL, 1965,
p. 257].
Segundo Welzel, Kant não desenvolveu sistematicamente as consequências
desse princípio; aproximou-se da moral verdadeira e própria [WELZEL, 1965,
p. 257-258]. Os princípios também valem para a autolesão: o homem não é uma
coisa, mas deve sempre ser considerado como fim para si mesmo, eu não pos-
so na minha pessoa dispor do homem, mutilá-lo, corrompê-lo ou matá-lo [Cf.
Fundação da Metafísica dos Costumes, p. 54].
Kant remete à moral verdadeira e própria a tarefa de uma determinação mais
precisa, para evitar equívocos. Anular o sujeito da moralidade na própria Pessoa
é o mesmo que fazer desaparecer a Moral, na sua existência. Portanto, dispor de
si mesmo como mero instrumento para um escopo qualquer significa degradar
a própria humanidade – homo noumenon (homem numênico) – confiada ao
homem – homo phaenomenon (homem fenomênico) – para a sua conservação.
Segundo Welzel, a partir deste princípios Kant admite que se possa amputar
um órgão morto ou nocivo à vida do corpo, mas não o fazer por dinheiro. De-
grada-se na própria pessoa a humanidade quando se dispõe de si como mero
instrumento por um escopo qualquer, o sacrifício da vida em favor de outros é
um suicídio, como tal ilícito, um delito contra a humanidade, em nós mesmos
[Cf. WELZEL, 1965, pp. 258-259].
A casuística kantiana, com a sua rigidez absolutista, supera a casuística esco-
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UNICESUMAR
Reflita
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as modernas teorias da Jus-
tiça, demos particular atenção ao tema da teoria contratualista em Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778) e em Immanuel Kant (1724-1804); principalmente os
conceitos rousseaunianos de “vontade particular” e “vontade geral”; concluímos
com as posições de Kant sobre a humanidade como fim absoluto do agir ético
da Pessoa moral, trabalhando também os conceitos de “homo noumenon” e de
“homo phaenomenon”.
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Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
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Modernas teorias
da justiça:
Jeremy Bentham
e John Stuart
Mill
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
determinantes das ações humanas, e seus valores morais [Cf. MOTTA PESSA-
NHA, 1979, p. X].
Segundo Bentham os “motivos” da ação são “bons” na medida em que geram
harmonia entre os meus interesses e os alheios; “maus” são aqueles que contra-
riassem esse equilíbrio.
Dentre os motivos bons, a boa vontade é o mais útil; depois poderíamos co-
locar a necessidade de estima, o desejo de receber amor, a religião e os instintos
de autopreservação, prazer, privilégio e poder [Cf. MOTTA PESSANHA, 1979,
p. X].
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UNICESUMAR
tanto, é a soma dos interesses individuais dos diversos membros [Cf. BENTHAM,
1984, p. 4].
Bentham observa que é inútil falar do interesse da comunidade, sem com-
preender o interesse do indivíduo: uma coisa promove o interesse de um indi-
víduo quando tende a aumentar a soma total dos seus prazeres, diminuindo a
soma total das suas dores [Cf. BENTHAM, 1984, p. 4].
Portanto, segundo Bentham uma determinada ação está em conformidade
com o princípio da utilidade, quando a tendência a aumentar a felicidade for
maior do que a tendência a diminui-la [Cf. BENTHAM, 1984, p. 4]
Bentham conclui que uma medida governativa está em conformidade com o
princípio de utilidade quando a sua tendência a aumentar a felicidade da comu-
nidade for maior do que a tendência a diminuí-la [Cf. BENTHAM, 1984, p. 4].
Podemos afirmar que um cidadão é partidário do princípio de utilidade
quando aprova ou desaprova uma ação ou medida governativa, em vista do au-
mento ou diminuição da felicidade da comunidade; pela sua conformidade com
as “leis” da utilidade [Cf. BENTHAM, 1984, p. 5].
Segundo Bentham quando uma ação for conforme ao princípio de utilidade,
ela “deve” ou, ao menos, “pode” ser praticada; é “reto” ou, ao menos, “não é errado”
praticá-la; é uma ação reta ou, ao menos, não é errada [BENTHAM, 1984, p. 5].
Apesar de seu princípio de utilidade não ser demonstrável diretamente, Ben-
tham é convencido da sua validade absoluta e afirma que fornecer tal demons-
tração é tão impossível quanto supérfluo [Cf. BENTHAM, 1984, p. 5].
Bentham observa que em virtude da própria constituição natural da estrutura
humana, os homens abraçam o princípio de utilidade instintivamente, ao menos
para julgar as suas próprias ações, bem como a dos outros. Muitos homens o
contestam porque não conseguem aceitar todas as suas consequências. A qua-
lidade humana mais rara é a coerência e a constância no modo de agir e pensar
[Cf. BENTHAM, 1984, p. 5].
Segundo Bentham, quando alguém tenta impugnar o princípio de utilidade,
fundamenta-se “inconscientemente” em razões tiradas do mesmo princípio. Tais
argumentos não provam que o princípio de utilidade seja errôneo, mas apenas
que o princípio foi “mal aplicado” [Cf. BENTHAM, 1984, pp. 5-6].
É impossível refutar o princípio de utilidade com argumentos. Em virtude
de uma visão confusa e limitada que se tem dele, é possível não apreciá-lo [Cf.
BENTHAM, 1984, p. 6]. Para ajudar as pessoas a saírem desta visão medíocre,
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
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UNIDADE 4
Reflita
Leitura complementar
56
UNICESUMAR
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as modernas teorias da Jus-
tiça, demos particular atenção ao tema da teoria utilitarista em Jeremy Bentham
(1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). Demos particular atenção ao princí-
pio fundamental de Bentham: a máxima felicidade possível para o maior número
possível de pessoas; e ao princípio fundamental para Mill: a liberdade civil é a
maior liberdade possível de cada um para o bem de todos e implica a liberdade
de pensamento, de religião e de expressão; liberdade dos gostos, de projetar a
nossa vida segundo o nosso caráter e a liberdade de associação.
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Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
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Teorias
comtemporâneas
da justiça: John
Rawls
Dr. José Francisco de Assis Dias
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UNICESUMAR
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UNIDADE 5
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UNIDADE 5
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UNICESUMAR
ninguém conhece sua sorte na distribuição dos recursos e das habilidades natu-
rais, sua inteligência, força e coisas do gênero [Cf. RAWLS, 2008, p. 14]
Rawls presume que as partes não conhecem suas concepções do bem nem
suas propensões psicológicas especiais: os princípios de Justiça são escolhidos
por trás de um véu de ignorância. Segundo ele, esta ignorância natural garante
que ninguém seja discriminado na escolha dos princípios; assim, os princípios
de justiça são resultantes de um acordo ou pacto justo. A simetria das relações
de todos para com todos os demais é equitativa entre os indivíduos tidos como
“pessoas morais” – seres racionais – para se ter um senso de Justiça. A posição
original dos indivíduos é o status quo apropriado; assim os consensos fundamen-
tais alcançados nela são equitativos.
Segundo Rawls, os princípios da Justiça são definidos por acordo em uma
situação inicial que é “equitativa”. A expressão “Justiça como Equidade” não sig-
nifica que estes conceitos sejam idênticos [Cf. RAWLS, 2008, p. 14-15].
Rawls afirma que a Justiça como Equidade começa com a escolha dos princí-
pios primeiros de uma concepção de Justiça que objetiva regular todas as críticas
e reformas das instituições. Assim, elas devem escolher uma Constituição e uma
Legislatura para promulgar leis em consonância com os princípios da Justiça
inicialmente acordados. A situação social será justa se tivermos compactuado o
Sistema Geral de normas que a define.
Segundo Rawls, a posição original define um conjunto de princípios; todos
considerariam seus arranjos sociais como satisfazendo as estipulações que acei-
tariam em uma situação inicial contendo restrições razoáveis e aceitas à escolha
de princípios. O reconhecimento geral desse fato é o fundamento da aceitação
pública dos princípios correspondentes da Justiça.
Rawls observa ainda que nenhuma sociedade pode ser um sistema de coope-
ração no qual se ingressa “voluntariamente”: ao nascer, cada pessoa se encontra
em determinada situação em alguma sociedade específica, e a natureza dessa
situação repercute em suas perspectivas de vida. Uma sociedade que satisfaça os
princípios da Justiça como equidade aproxima-se de ser um Sistema Voluntário,
pois obedece aos princípios com os quais pessoas livres e iguais concordariam
em circunstâncias equitativas: seus membros são autônomos e as obrigações que
reconhecem são autoassumidas [Cf. RAWLS, 2008, pp. 15-16].
Em Rawls, a principal característica da Justiça como equidade é conceber as
partes na posição inicial como racionais e mutuamente desinteressadas. Isso não
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UNIDADE 5
significa que as partes sejam egoístas, mas são concebidas como pessoas que não
têm interesse nos interesses alheios. Deve-se interpretar o conceito de raciona-
lidade no sentido estrito, que é o mais comum na teoria econômica, de adotar
os meios mais eficazes para determinados fins [Cf. RAWLS, 2008, pp. 16-17].
Ele salienta que, uma vez que os princípios de justiça são considerados decor-
rentes de um pacto original em uma situação de igualdade, não há como saber
se o princípio da utilidade seria reconhecido. Parece pouco provável que pessoas
“iguais” aceitassem um princípio que exija perspectivas de vida inferiores em
troca de uma soma maior de vantagens.
Rawls observa que um homem racional não aceitaria uma estrutura básica
só porque eleva ao máximo a soma algébrica de vantagens, fossem quais fossem
as consequências permanentes dessa estrutura sobre seus próprios direitos e in-
teresses fundamentais. O princípio da utilidade é incompatível com a concep-
ção de cooperação social entre iguais para se obterem vantagens mútuas. Parece
incompatível com a ideia de reciprocidade implícita na ideia de sociedade bem
ordenada [Cf. RAWLS, 2008, p. 17].
Rawls sustenta que as pessoas presentes na situação inicial escolheriam dois
princípios bem diferentes:
- o primeiro princípio requer igualdade na atribuição dos direitos e dos de-
veres fundamentais;
- o segundo princípio afirma que as desigualdades sociais e econômicas só
serão justas se resultarem em vantagens recompensadoras para todos; especial-
mente para os menos favorecidos.
Rawls notou que esses princípios excluem a justificativa de instituições com
base na argumentação de que as privações de alguns são compensadas por um
bem maior agregado. Ele ainda nota que não é justo que alguns tenham menos
para que outros tenham “mais”, porém, não há injustiça nos benefícios maiores
recebidos por poucos, contanto que melhore a situação dos desafortunados.
Se o bem-estar de todos depende da “cooperação” social, a divisão das vanta-
gens deve suscitar a cooperação voluntária de todos que dela participam, inclu-
66
UNICESUMAR
sive dos menos favorecidos. Segundo Rawls, os princípios, acima, são uma base
equitativa sobre a qual os naturalmente mais favorecidos ou socialmente mais
afortunados, possam esperar a cooperação voluntária dos outros quando algum
sistema viável seja uma condição necessária para o bem-estar de todos. Esses
princípios, portanto, expressam a consequência do fato de deixarmos de lado
os aspectos do mundo social que parecem moralmente arbitrários [Cf. RAWLS,
2008, pp. 17-18].
A Justiça como equidade consiste em duas partes: uma interpretação da si-
tuação inicial e do problema da escolha que nela se apresenta; e um conjunto
de princípios que seriam acordados. Segundo Rawls, pode-se aceitar a primeira
parte da teoria, mas não a segunda, e vice-versa. A concepção mais apropriada
dessa situação inicial conduz a princípios de Justiça distintos do Utilitarismo e
do Perfeccionismo, e que a doutrina contratualista é uma alternativa para essas
visões.
A Justiça como equidade é um exemplo do que Rawls chama de Teoria Con-
tratualista. Os termos “utilidade” e “utilitarismo” têm conotações indesejáveis,
não obstante isto, eles são suficientemente claros para quem está disposto a es-
tudar a Doutrina Utilitarista. O mesmo deveria ocorrer com o termo “Contrato”
aplicado às teorias morais: para entendê-lo é preciso ter em mente que implica
certo nível de abstração. Rawls observa que o teor do “acordo” inicial visa aceitar
certos princípios morais: estes seriam aceitos em uma situação inicial bem defi-
nida [Cf. RAWLS, 2008, pp. 18-19].
Segundo Rawls, o mérito da terminologia contratualista é expressar a ideia de
que os princípios da Justiça podem ser concebidos como princípios que seriam
escolhidos por pessoas racionais e que é possível explicar e justificar as concep-
ções de Justiça [Cf. RAWLS, 2008, p. 19].
Rawls afirma que a Teoria da Justiça é uma parte da teoria da escolha racio-
nal. Os princípios de Justiça tratam de reivindicações conflitantes das vantagens
conquistadas pela cooperação social; aplicam-se às relações entre várias pessoas
ou grupos. O termo Contrato indica essa pluralidade, bem como a condição de
que a divisão apropriada das vantagens esteja de acordo com princípios aceitáveis
por todos os cidadãos [RAWLS, 2008, p. 20].
A Justiça como equidade não é uma teoria contratualista completa. Rawls
não afirma com veemência que a noção de Contrato ofereça um modo de tratar
dessa; precisamos reconhecer a abrangência limitada da Justiça como equidade
67
UNIDADE 5
e do tipo geral de visão que exemplifica. Segundo ele não é possível decidir até
que ponto suas conclusões teriam de ser reformuladas, uma vez que essas outras
questões tivessem sido compreendidas [Cf. RAWLS, 2008, pp. 20-21].
Reflita
Leitura complementar
RAWLS, John. Uma teoria da jus- Rawls, J. O Direito dos Povos, São
tiça. São Paulo: Martins Fontes, 2008. Paulo: Martins Editora
764 p.
Saiba mais
68
UNICESUMAR
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as modernas teorias da Justi-
ça, demos particular atenção ao tema da teoria da Justiça em John Ralws (1921-
2002); em modo peculiar a Justiça como equidade, estabelecida na situação inicial
da sociedade, onde os cidadãos celebram um “contrato” desigual, mas équo.
69
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
70
Teorias
comtemporâneas
da justiça:
Ronald Dworkin
Dr. José Francisco de Assis Dias
72
UNICESUMAR
Os Fundamentos do Direito
73
UNIDADE 6
O Positivismo Jurídico
74
UNICESUMAR
75
UNIDADE 6
“
“(...)sustenta o ponto de vista do “direito como sim-
ples questão de fato”; alega que o verdadeiro argumen-
to jurídico deve ser empírico, não teórico.”
Dworkin observa que os juristas podem usar a palavra “direito” de modo dife-
rente nos casos excepcionais em que alguns fundamentos especificados pela regra
principal são respeitados. Cada um utiliza uma versão ligeiramente diferente da
regra principal, e as diferenças tornam-se manifestas nesses casos específicos. O
uso da palavra “direito” não é diferente de nosso uso de muitas outras palavras
que não consideramos problemáticas [Cf. DWORKIN, 1999, pp. 48-49].
A defesa do Positivismo narra uma história bem diferente daquela de um
simples “fingimento”. Segundo Dworkin, de acordo com essa explicação do “po-
sitivismo”, é melhor pensar que seus argumentos seriam mais adequados ao aper-
feiçoamento do Direito, àquilo que o Direito deveria ser, porque entenderemos
melhor o processo jurídico se usarmos a palavra “direito” somente para descrever
o que se encontra no âmago desse conceito, isto é, se a usarmos somente para
abranger proposições jurídicas verdadeiras segundo a regra central ou principal
do uso de “direito” aceito por todos, como as proposições das leis de trânsito.
76
UNICESUMAR
77
UNIDADE 6
78
UNICESUMAR
o que seja o Direito. Não temos outra opção a não ser confrontar esse argumento:
trata-se de um argumento filosófico [Cf. DWORKIN, 1999, pp. 53-54].
Reflita
Saiba mais
Leitura complementar
79
UNIDADE 6
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as modernas teorias da Jus-
tiça, demos particular atenção ao tema do positivismo e neopositivismo a partir
das reflexões de Ronald Dworkin (1931-2013); em modo peculiar trabalhamos
a teoria semântica do Direito.
80
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
81
Teorias
contemporâneas
da justiça:
Amartya Sen
Dr. José Francisco de Assis Dias
84
UNICESUMAR
Liberdade e Direitos
85
UNIDADE 7
Direitos e Liberdade
Amartya nota que algumas teorias sobre direitos, por exemplo a de Robert
Nozick (1938-2002), defende o direito de uma pessoa empenhar-se por qualquer
coisa que lhe aprouver desde que com isso não viole as restrições deontológicas
que a impedem de interferir nas atividades legítimas de outra pessoa. O indivíduo
é livre para empenhar-se por seus interesses, contudo, é preciso reconhecer que a
existência desses direitos não indica que seria eticamente apropriado exercê-los
por meio do comportamento autointeressado: a existência de um direito como
esse serve de restrição para que outras pessoas não impeçam esse indivíduo caso
ele decida buscar a maximização de seu autointeresse, mas isso não é razão para
que ele realmente se empenhe por esse interesse [Cf. SEN, 1999, pp. 71-72].
Segundo Amartya, isso ocorre mesmo quando se concebem os direitos se-
gundo termos “negativos”: valorizar a “liberdade negativa” pode ter implicações
em favor de uma conduta em defesa positiva dessa liberdade para os outros.
Enfatizar a liberdade positiva e o dever de ajudar os outros nesse aspecto tam-
bém poderia reforçar a importância de considerações éticas na determinação
do comportamento real: a aceitação moral dos direitos pode requerer distancia-
mentos sistemáticos do comportamento autointeressado. Esta postura poderia
abalar os pressupostos comportamentais que fundamentam a Teoria Econômica
dominante [Cf. SEN, 1999, pp. 72-73].
86
UNICESUMAR
Pluralidade e avaliação
87
UNIDADE 7
ele, na medida em que se supõe que a avaliação ética assume a forma de uma
ordenação completa e transitiva, não poderia existir nada formalmente estranho
em conceituar a bondade como um valor ético homogêneo.
Amartya demonstra que essa concepção da bondade em termos de uma orde-
nação necessariamente completa e transitiva é demasiado restritiva e deficiente,
mas a insistência na homogeneidade descritiva do objeto de valor na forma de
alguma quantidade de utilidade é um requisito adicional e muito mais restritivo.
Existe uma concepção unificada e completa da bondade ética; e os objetos de
valor têm de ser do mesmo tipo nessa concepção “monista” [Cf. SEN, 1999, pp.
77-78].
Amartya não menospreza a importância dessas questões gerais: recusa-se a
ver o problema em termos de uma necessidade a priori de homogeneidade des-
critiva do que deve ser valorizado. Esse requisito arbitrário da homogeneidade
descritiva dos objetos de valor tem de ser claramente distinguido da questão “se
a avaliação ética deve ou não conduzir a uma ordem completa e consistente”: a
questão da ordenação ética não deve ser confundida com a da homogeneidade
descritiva [Cf. SEN, 1999, pp. 78-79].
Segundo Amartya, a “realização de bem-estar” exigirá que se atente para as
várias coisas importantes que uma pessoa consegue fazer: é nessa lista que o
funcionamento de “estar feliz”, que alguns utilitaristas consideram a base de toda
valoração, pode inter alia figurar não sem razão [Cf. SEN, 1999, pp. 79-80].
Existem diversidades correspondentes no âmbito da “realização da condição
de agente” e da “liberdade da condição de agente”: quando passamos das reali-
zações e liberdade de uma pessoa para as de um conjunto de muitas pessoas,
salienta-se ainda mais a natureza dessa pluralidade. Segundo Amartya, nada
existe de particularmente embaraçoso em uma estrutura plural; ao contrário, a
estrutura “monista” não consegue escapar de ser arbitrariamente excludente [Cf.
SEN, 1999, p. 80].
O termo “utilidade” frequentemente é empregado de modo intercambiável
com “valoração”. Segundo Amartya, os problemas analíticos estudados no âmbito
da estrutura das “funções de utilidade” também permitem discernir aspectos
significativos da natureza da avaliação plural. Ainda segundo ele, a literatura
formal sobre teoria da escolha social está repleta de variados “teoremas da im-
possibilidade”, bem como de resultados de possibilidade positivos e teoremas de
caracterização construtiva [Cf. SEN, 1999, p. 80-81].
88
UNICESUMAR
Direitos e Consequências
“
“Segundo ele, na análise econômica os direitos são
vistos tipicamente como entidades puramente legais
com uso instrumental (...)”
89
UNIDADE 7
A martya nota que esse tipo de abordagem dos direitos encontra certa resis-
tência, especialmente porque o reavivamento da argumentação fundamentada
em direitos proveio com frequência de posições filosóficas suspeitas de empre-
gar raciocínio “consequencialista”: teme-se que rejeitar a concepção dos direitos
como restrições deontológicas inflexíveis pode resultar em “jogar fora o bebê
junto com a água suja” [Cf. SEN, 1999, p. 90].
Segundo Amartya, esses receios são essencialmente equivocados: eles surgem
da tradição de combinar consequencialismo com “welfarismo”, de modo que não
apenas as ações são julgadas segundo a bondade de estados de coisas, mas esta
também é julgada inteiramente segundo as utilidades consequentes. Ele ainda
nota que o fato de o utilitarismo incorporar tanto o consequencialismo quanto o
“welfarismo” tem dificultado dissociar os dois elementos; porém, é óbvio que eles
são elementos distintos e essencialmente independentes [Cf. SEN, 1999, p. 90].
Se as violações de direitos, observa Amartya, forem consideradas coisas más
e o gozo de direitos for considerado coisa boa, o “welfarismo” fica comprometi-
do, pois requer que nada além das utilidades possua valor intrínseco: quando os
diferentes elementos do utilitarismo são desmembrados, vê-se que pode muito
bem coexistir com o consequencialismo [Cf. SEN, 1999, pp. 90-81].
O segundo aspecto destacado por Amartya é que seria um erro não dar aten-
90
UNICESUMAR
91
UNIDADE 7
Reflita
Nesta unidade vimos a base sobre a qual estão enraizados todos os direitos
dos trabalhadores celetistas: a relação de emprego.
É importante que você tenha apreendido e gravado os elementos que carac-
terizam a relação de emprego, para que em análise prática saiba identificar cada
um dos requisitos.
Ainda deve-se conhecer a fundamentação das duas correntes, contratualistas
e anticontratualistas, e suas teorias que tentam explicar a natureza jurídica da
relação de emprego.
Saiba mais
92
UNICESUMAR
Leitura complementar
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre as modernas teorias da Justi-
ça, demos particular atenção ao tema da “Relação Entre Liberdade e Igualdade em
Amartya Sen (1933-?)”, onde conhecemos o seu pensamento sobre “Liberdade e
Direitos”, “Direitos e Liberdade”, “Bem-estar, Ação e Liberdade”, “Pluralidade e
avaliação”, “Direitos e Consequências” e “Avaliação Consequencial e Deontologia”.
93
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
94
Fundamentos
filosóficos da
formação da cultura
moderna ocidental:
Baruch Spinoza
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
96
UNICESUMAR
O Estado e As Paixões
Segundo Spinoza, o Estado não é resultado da ação racional dos homens, mas
do choque de suas paixões: sozinhos, os homens não podem sobreviver. Quando
os homens se uniram e formaram um Estado, simplesmente trocaram seus medos
e esperanças individuais por medo e esperança comunitários.
Chauí conclui que, se o Estado nasce e vive da paixão, sua essência é a violên-
cia: escrever uma Ciência Política, deixando de lado a violência, é escrever uma
utopia, nunca uma verdadeira “teoria” política.
Segundo Spinoza, o Estado tem seu próprio conatus, que pode ou não estar
em conflito com o conatus dos indivíduos que o compõem. Se o conflito entre
estes dois “conatus” é tal que aniquila os cidadãos, estes naturalmente se revoltam:
a revolução está inscrita no interior do próprio Estado quando este é contrário
às necessidades da comunidade; portanto, o Estado menos violento e menos
conflituoso só pode ser o Estado democrático.
Segundo Spinoza, o Estado pode ser destruído internamente por uma re-
volução ou externamente por uma guerra ou invasão; por causa destes perigos
que se aceita a militarização do Estado como forma de sua conservação. Porém,
pode ocorrer que ou o exército disputa o poder com a autoridade civil e aniquila
o Estado com uma guerra interna; ou o exército toma o poder, mas o despotismo
leva a uma revolução dos súditos. Chauí evidencia que segundo Spinoza o Estado
só pode se preservar e se defender externamente se o povo puder estar armado,
em vez de entregar as armas aos mercenários ou a uma casta militar [Cf. CHAUÍ,
Os Pensadores, 1979, pp. XXII-XXIII].
Segundo Spinoza, quando o poder político, para assegurar-se, une-se com
o poder religioso e usa a superstição como arma, tende a censurar a liberdade
de pensamento e de expressão; a censura gera o descontentamento e este se ex-
pande pouco a pouco para a massa, a sublevação acaba por vir. No seu Tratado
Teológico-Político, ele afirma que a liberdade de pensamento e expressão não
são contrárias à paz do Estado, mas é a condição dessa paz.
Chauí nota que a Teoria Política de Spinoza se vincula diretamente à sua
teoria da ação e da paixão humana – o conflito das paixões aniquila o conatus;
os conflitos no interior do Estado também o aniquilam. Um Estado mais fraco –
despótico – é vencido pelo mais forte – democrático, sem que se deva confundir
a liberdade política, puramente passional, com a liberdade verdadeira, puramente
97
UNIDADE 8
racional. Ela ainda nota que o Estado está sempre sub specie durationis, sendo
que o conhecê-lo sub specie aeternitatis é apenas apresentar a essência do Estado
[Cf. CHAUÍ, Os Pensadores, 1979, pp. XXIII-XXIV].
O Direito Natural
“
“Portanto, por direito natural, Spinoza entende as
próprias leis ou regras da Natureza segundo as quais
tudo acontece, isto é, o próprio poder da Natureza.”
98
UNICESUMAR
Segundo Spinoza, estes desejos que não têm a sua origem na Razão não são
tanto ações como paixões humanas; mas como se trata aqui do poder universal
da Natureza, não podemos reconhecer neste momento nenhuma diferença entre
os desejos que a Razão engendra em nós e os que têm outra origem: são efeitos
da Natureza e manifestam a força natural pela qual o homem se esforça por
perseverar no seu ser.
Spinoza observa que, sábio ou insensato, o homem é sempre parte da Na-
tureza; o homem nada faz que não esteja conforme com as leis e as regras da
Natureza, ou seja, em virtude do Direito Natural [Cf. SPINOZA, Tratado Político,
Capítulo II, § 5].
A maioria dos homens, porém, crê que os insensatos perturbam a ordem da
Natureza mais do que a seguem, concebendo os homens na Natureza como um
império dentro de outro. Eles julgam que a alma humana, longe de ser produzida
por causas naturais, é imediatamente criada por Deus com poder absoluto para se
determinar a si mesma e para usar do direito da Razão. Spinoza, porém, observa
que a experiência ensina que está tanto no nosso poder ter uma alma sã quanto
um corpo são: tudo quanto existe em si mesmo se esforça por conservar o seu
ser; cada um obedece à atração do prazer que procura.
Spinoza ainda nota que esta dificuldade foi eliminada pelos teó-
logos, quando declaram que a causa desta incapacidade da natu-
reza humana é a queda do primeiro homem:
99
UNIDADE 8
100
UNICESUMAR
101
UNIDADE 8
102
UNICESUMAR
e cujas leis são observadas sem violação: os homens não nascem cidadãos, mas
se formam tais. Ora, se reina uma maior malícia numa cidade e se aí se cometem
pecados em maior número, isso é devido a ela não promover suficientemente a
concórdia, as suas instituições não são suficientemente prudentes e não estabe-
leceu absolutamente um Direito Civil.
Spinoza conclui que um Estado Civil que não suprimiu as causas de sedição e
onde a guerra é constantemente temida, onde as leis são frequentemente violadas,
não difere muito do Estado Natural, em que cada um, com maior perigo para
a sua vida, age segundo a própria compleição [Cf. SPINOZA, Tratado Político,
Capítulo V, § 2].
Quando Spinoza diz que o melhor Estado é aquele em que os homens vivem
na concórdia, entende que é onde os homens vivem uma vida propriamente
“humana”, uma vida que não se define pela animalidade, mas principalmente
pela Razão, pela virtude da alma e pela vida verdadeira [Cf. SPINOZA, Tratado
Político, Capítulo V, § 5].
O Estado que Spinoza afirma como instituído com o fim de fazer reinar a
concórdia deve ser entendido como instituído por uma população livre; não
como estabelecido por direito de conquista sobre uma população vencida. Ele
observa que, sobre uma população livre, a esperança exerce maior influência do
que o medo; sobre uma população submetida pela força, é o medo o grande mo-
vente, não a esperança. Em uma população livre existe o culto da vida, em uma
população submetida existe apenas a procura por escapar à morte; a primeira se
esforça por viver por si mesma, a segunda obedece constrangida à lei do vencedor.
É o que Spinoza expressa ao dizer que uma é escrava e a outra livre: a finalidade
de um poder adquirido pelo direito da guerra é o domínio; quem o exerce tem
escravos e não súditos. Ainda que entre o Estado criado por uma população livre
e aquele originado pela conquista não haja diferença essencial, se considerarmos
a noção geral de Direito Civil, há entre eles uma grande diversidade, quer quanto
ao fim a atingir, quer quanto aos meios que cada um deve usar para subsistir [Cf.
SPINOZA, Tratado Político, Capítulo V, § 6].
Reflita
103
UNIDADE 8
Leitura complementar
Espinosa, Baruch de. Tratado Po- Espinosa, Baruch de. Ética De-
lítico. Martins Fontes monstrada à Maneira dos Geômetras
- Coleção a Obra Prima de Cada Au-
tor - Série Ouro ... MARTIN CLARET
104
Fundamentos
filosóficos da
formação da cultura
moderna ocidental:
Friedrich Nietzsche
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
ch Nietzsche (1844-1900).
UNIDADE 9
106
UNICESUMAR
A Filosofia da Vida
107
UNIDADE 9
108
UNICESUMAR
Nietzsche vincula mais a sua redução ideológica dos valores espirituais àque-
les biológicos com elementos sociológicos onde entende por Sociologia a doutri-
na das formas de domínio. Para ele a moral é a doutrina das relações de domínio
sob os quais surge o fenômeno “vida”. Existem dois tipos fundamentais de moral:
a moral dos patrões e a moral dos servos, a primeira é expressão da vida sã, as-
cendente e possuidora, a segunda da vida doente, fraca e decadente.
Welzel observa que a valoração moral se refere, em primeiro lugar, à distinção
entre homens ou castas mais altos e mais humildes. A moral é autoglorificação
dos potentes; e, referente aos fracos, a moral é “despeito”. Portanto, para Nietzs-
che o Direito é a vontade de eternizar qualquer relação de força. Quem é mais
alto e mais forte anuncia e impõe o seu sentimento como lei para os outros [Cf.
WELZEL, 1965, pp. 308-309]. Verdade e justiça perdem todo conteúdo objetivo,
e representam somente a superestrutura ideológica elevada sobre o fato “vida”;
são simplesmente sublimações, mascaramentos da última substância da vida: a
vontade de potência.
Nietzsche vê claramente chegar a idade em que a luta pelo domínio da Terra
será conduzida em nome de teorias filosóficas fundamentais: como verdade se
afirmará sempre aquilo que corresponde às condições necessárias de vida, em
uma época, do grupo. A exigência da conservação da vida se porá tiranicamente
ao lugar do sentido da verdade, ou seja, tomará dele o nome e o manterá [Cf.
WELZEL, 1965, pp. 309-310].
“
“Portanto, por direito natural, Spinoza entende as
próprias leis ou regras da Natureza segundo as quais
tudo acontece, isto é, o próprio poder da Natureza.”
109
UNIDADE 9
A Noção de Valor
110
UNICESUMAR
111
UNIDADE 9
que o fraco tem do forte. Para Nietzsche, o forte é ave de rapina; não precisa de
palavras para tomar posse de sua presa, não tem de convencer o interlocutor de
que está com a razão. Portanto, em que consistem os valores morais? Em primei-
ro lugar, “na alma das raças e classes dominantes” e, em segundo, “na alma dos
oprimidos, dos impotentes” (Humano, demasiado humano, § 45): o forte é bom
e o fraco é mau [Cf. MARTON, 1996, p. 52]
112
UNICESUMAR
113
UNIDADE 9
O “Além-do-homem”
114
UNICESUMAR
Reflita
115
UNIDADE 9
Leitura Complementar
Saiba mais
O “Além-do-homem”
116
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
117
Ética e justiça
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
tum”.
UNIDADE 10
120
UNICESUMAR
121
UNIDADE 10
eteron [Cf. PEGORARO, 1997, p. 33]. Aristóteles afirma que unicamente a jus-
tiça entre todas as virtudes é um bem para os outros; referindo-se ao outro, ela
realiza aquilo que é vantajoso para o outro, seja ele um chefe ou um membro da
comunidade (Cf. Ética a Nicômaco, V, 3, 1130 a 1-4); o homem mais perfeito não
é aquele que exerce sua virtude somente para si mesmo, mas aquele que a pratica
também em relação aos outros e isso é uma obra difícil (Cf. Ética a Nicômaco,
V, 3, 1130a 7-8).
Segundo Aristóteles, a justiça é a virtude total, pois prescreve a obediência às
leis e o respeito da igualdade entre os cidadãos: esta forma de justiça não é parte
da virtude, mas a virtude inteira, e seu contrário, a injustiça, também não é uma
parte do vício, mas o vício inteiro (Cf. Ética a Nicômaco, V, 3, 1130a 9-12).
Aristóteles deduz duas modalidades de justiça particular: Distributiva e Co-
mutativa. A primeira tem por objetivo a justa distribuição dos bens públicos:
honras, riquezas, encargos sociais e obrigações. Pegoraro observa que o critério
da distribuição é a igualdade; não uma igualdade matemática e rígida, mas uma
igualdade proporcional que pesa os dotes naturais do cidadão, sua dignidade, o
nível de suas funções, sua formação e sua posição na hierarquia organizacional
da Polis [Cf. PEGORARO, 1997, p. 33].
A Justiça Comutativa regula as relações entre cidadãos. Pegoraro observa que
são as relações planejadas e voluntárias, como nos casos de contratos, compra e
venda, salários, empréstimos, etc. Aqui o critério é a igualdade matemática: tan-
to devo, tanto pago [Cf. PEGORARO, 1997, p. 34]. Em caso de furtos, traições,
estupros, assassinatos, cabe à sentença do juiz restabelecer a igualdade rompida
(Cf. Ética a Nicômaco, V, 7, 1131b 24–1132a 1-9).
Aristóteles mostra que a justiça, alma da Ética e da Política, longe de ser um
código de normas legais cegas e de aplicação inflexível, adapta-se a todas as si-
tuações humanas e às condições históricas de nossa natureza. Pegoraro destaca
três aspectos da justiça em Aristóteles que sustentam com muita ênfase a relativa
importância da lei escrita e sua subordinação ao juízo prudencial do sábio [Cf.
PEGORARO, 1997, p. 34].
Pegoraro recorda que, na ética aristotélica, a justiça é uma virtude moral ine-
rente à pessoa, uma disposição subjetiva de agir conforme a Lei. O valor qualita-
tivo das ações recai sobre a qualidade moral do sujeito. O cidadão não é virtuoso
pelo fato de cumprir a letra da Lei, mas pela sua disposição interior, formada
e cultivada com esforço de cumprir seus deveres legais no seio do Estado [Cf.
122
UNICESUMAR
123
UNIDADE 10
Estado. Aristóteles não considera absoluto o reino da justiça legal; ela não é um
fim, mas um meio: prolongando as intenções da natureza, tem por finalidade
harmonizar a comunidade política como condição da realização do homem [Cf.
PEGORARO, 1997, p. 36].
Aristóteles ainda prega a relatividade da Lei Positiva, subordinando-a ao juízo
prudencial do sábio: o problema é o conflito entre a Lei Universal e as condições
particulares em que cada pessoa faz as ações [Cf. PEGORARO, 1997, p. 37]. O
legislador não tem condições de prever todos os casos particulares e a varieda-
de das circunstâncias que acompanham os atos dos cidadãos. Para Aristóteles
quando um caso escapa à lei geral, assiste-nos o direito de corrigir a omissão
e fazer-nos intérpretes da intenção do legislador (Cf. Ética a Nicômaco, V, 14,
1137b 20-22). Pegoraro observa que esta função corretiva é desempenhada pela
virtude da Epikeia que é um complemento da virtude da justiça: é a virtude que
interpreta a Lei, flexibilizando sua rigidez, determinando o justo em cada situação
particular [Cf. PEGORARO, 1997, p. 37].
“
“Pegoraro destaca que a justiça, além de aperfeiçoar
o indivíduo como as demais virtudes, tem a peculiarida-
de exclusiva de procurar o bem dos outros.”
124
UNICESUMAR
indivíduo expande-se, por força da sua natureza, em grupos sempre mais largos,
até inserir-se na Polis – Estado – que para Aristóteles também é natural. O supre-
mo fim histórico do ser humano – indivíduo e cidadão – é “viver bem” ou viver
conforme as excelências humanas na suficiência de bens materiais; portanto, a
vida ética consiste, portanto, na prática da justiça na comunidade humana [Cf.
PEGORARO, 1997, p. 38].
125
UNIDADE 10
Ele observa que cada pessoa procura o seu bem, os seus fins, pela realização
de um projeto pessoal que inclui o respeito a si mesmo. Pegoraro nota que a
autoestima não é simplesmente a convicção interior do próprio valor, mas é sua
tradução objetiva num projeto de vida como bem primário essencial que os prin-
cípios da justiça devem proteger e estimular [Cf. PEGORARO, 1997, p. 84-85].
A dignidade moral obriga as pessoas ao respeito do projeto dos outros cida-
dãos: desta maneira o projeto de vida particular situa-se no interior de um projeto
maior, realizado nas instituições públicas. O segundo objetivo, a estabilidade
social, resulta do respeito aos princípios da justiça e da coibição das tendências
contrárias: Graças a estas atitudes naturais, ninguém desejará satisfazer seus in-
teresses de modo injusto e em detrimento dos outros [Cf. PEGORARO, 1997,
p. 85].
Segundo Rawls, na realização destes dois objetivos, a justiça como equidade
será mais forte e eficaz se receber a colaboração e o reforço das disposições hu-
manas de ordem psicológica, moral e afetiva. Este é o “reforço vital” e “virtuoso”
postulado para a teoria da justiça; apoiado nas leis psicológicas da reciprocidade,
capitaliza para a ordem política o fato dos sentimentos do amor e da amizade
nascerem da intenção que os outros manifestam de agir para o nosso bem; em
reconhecimento ao bem que nos querem, nós nos preocupamos com o bem dos
outros; formam-se assim os laços afetivos entre pessoas e instituições [Cf. Teoria
da Justiça, § 75, 495].
Em Rawls, as normas éticas já não aparecem como imposições, mas são liga-
126
UNICESUMAR
das entre si numa concepção coerente; e o senso de justiça aparece aos indivíduos
como uma extensão de seus laços afetivos naturais e como uma maneira de se
preocupar com o bem comum [Cf. Teoria da Justiça, § 75].
Segundo Pegoraro, é evidente que John Rawls incorpora na sua teoria da jus-
tiça a ética das virtudes: as leis psicológicas e os sentimentos morais, aos poucos,
levam a sociedade bem ordenada a ultrapassar a rigidez da ordem legal condu-
zindo-a ao conceito de comunidade que coopera para o bem comum e à prática
das virtudes morais [Cf. PEGORARO, 1997, p. 86].
Segundo Rawls, temos necessidade uns dos outros, como parceiros que se
engajam juntos nos modos de vida válidos por si mesmos: a espécie humana
forma uma comunidade onde cada membro se beneficia das qualidades e da
personalidade de todos os outros [Cf. Teoria da Justiça, § 75].
Pegoraro observa que a teoria da justiça encontra apoio e vigor na sociabili-
dade da Natureza Humana, em sentido aristotélico: alinham-se as teses contra-
tualista e naturalista da vida sociopolítica [Cf. PEGORARO, 1997, p. 86].
John Rawls afirma que os princípios da justiça correspondem à sociabilidade
humana, pois uma sociedade bem ordenada é uma forma de comunidade: a
sociedade é uma comunidade de comunidades [Cf. Teoria da Justiça, § 79].
Não podemos eliminar os sentimentos morais sem eliminar certas atitudes
naturais como amizade, afeição, confiança mútua: estão ligados ao amor da hu-
manidade e ao desejo de defender o bem comum e consubstanciam-se nos prin-
cípios da justiça [Cf. PEGORARO, 1997, p. 86].
Pegoraro observa que estes sentimentos, disposições e tendências nos con-
duzem a desejar uma ordem social mais elevada. A sociedade natural convive
com a sociedade erguida pelo Contrato Social, visto que a justiça como equidade
reorienta e completa a ordem natural [Cf. PEGORARO, 1997, p. 87].
Reflita
127
UNIDADE 10
Leitura Complementar
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre a Ética e a Justiça, demos
particular atenção ao tema da Justiça como virtude em Aristóteles e como “jus-
tiça social”, retomando o pensamento de John Ralws (1921-2002) sobre a Justiça
como equidade.
128
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
2.A “Justiça” como equidade pode ser conciliável com a Justiça como “virtude”?
129
Deontologia jurídica
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
132
UNICESUMAR
Objeto da Deontologia
133
UNIDADE 11
A Moral e o Direito
134
UNICESUMAR
ser jurídico, somente quando o imperativo jurídico for reforçado pela própria
consciência dos indivíduos com a força vinculante do dever moral [Cf. COSTA,
1996, pp. 8-9].
Não basta que o “técnico da prática forense” domine o universo do conheci-
mento jurídico: se lhe faltar a crença nos valores morais, quanto mais conhecedor
das leis e perito na arte forense, tanto mais perigoso e pernicioso para a sociedade
ele vai ser. Costa ainda frisa que o chamado “império da lei” jamais passou de
uma ilusória superstição positivista [Cf. COSTA, 1996, p. 9].
A “Deontologia Jurídica”
A essência da moralidade
135
UNIDADE 11
Pressupostos da Moralidade
1ª Critérios da Moralidade
A essência da moralidade consiste na qualidade da conduta que está em ade-
quação com os fins existenciais e com o fim último. O ato humano consiste em
fazer ou deixar de fazer algo, conservando-se a inteligência da ação e a liberdade
da vontade; o ato será bom ou mal, segundo seja adequado ou inadequado à
realização de algum dos fins existenciais da pessoa. Os pensadores escolásticos
definiam este “fim” objetivo como finis operis, ao qual a vontade se sente atraída
no seu agir [Cf. COSTA, 1996, pp. 33-34]. O finis operis, em si mesmo bom, pode
ser buscado por razões diversas, a estas razões ou “intenções” os escolásticos cha-
mavam de finis operantis. A intenção particular que motivou o agente a praticar
os atos imprimiu à conduta a especificação e a qualificação moral própria.
O critério objetivo da moralidade é, portanto, o finis operis, ou seja, aquilo
a que se procura conseguir com o ato de fazer ou de deixar de fazer, pode ter
a sua materialidade descaracterizada por uma circunstância concreta especial.
O finis operantis é aquela particular intenção decisória do ato humano. O que
qualifica como “bom” ou “mau”, moralmente falando, um ato humano é a relação
de adequação ou inadequação com os fins existenciais e o fim último do homem,
desses dois fatores: o finis operis e o finis operantis [Cf. COSTA, 1996, pp. 35].
2ª O princípio maquiavélico
136
UNICESUMAR
137
UNIDADE 11
138
UNICESUMAR
1934, naquilo que não conflitar com o novo Código de Ética e Disciplina de 1995.
No que se refere às outras profissões jurídicas, podemos citar como fontes
deontológicas a Lei Complementar nº 35/1979, conhecida como Lei Orgânica
da Magistratura, regulando os deveres dos Juízes. Vários dispositivos do Código
de Processo Civil e do Código de Processo Penal, dispositivos da Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público nº 8.625 de 12.02.1993 regulando os deveres dos
membros do Ministério Público. Ainda temos a Lei Complementar nº 80, de
13.01.1994, regulando a Defensoria Pública; ainda a Lei nº 8.935, de 18.11.1994,
dispondo sobre os serviços notariais e de registro; por fim diversos dispositivos
do Código de Processo Civil concernentes à conduta profissional dos serven-
tuários da justiça.
Leitura Complementar
139
UNIDADE 11
Saiba mais
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre a Deontologia Jurídica, de-
mos particular atenção à sua importância no cotidiano profissional do Opera-
dor do Direito; concluindo com as principais fontes normativas da Deontologia
Jurídica
140
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
2. Qual a relação existente entre a Moral e o Direito? Qual o papel da Moral na cons-
trução do Direito?
141
Princípios da
deontologia jurídica
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
os profissionais do Direito.
UNIDADE 12
144
UNICESUMAR
O Sigilo Profissional
145
UNIDADE 12
afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo,
porém sempre restrito ao interesse da causa.
Art. 26. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial,
sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como
testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato
relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, mesmo que au-
torizado ou solicitado pelo constituinte.
Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas
nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo consti-
tuinte.
Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares
entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.
4º) No art. 36, I, c/c art. 34, VII, da mesma Lei, o Legislador tipifica como
infração disciplinar, punível com pena de censura, violar sem justa causa, sigilo
profissional (Cf. Lei nº 8.906/94, art. 36, I, c/c art. 34, VII).
146
UNICESUMAR
147
UNIDADE 12
148
UNICESUMAR
E ainda:
O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou
à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em
consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha
sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido
seu parecer. (Art. 20).
A Sinceridade e a Veracidade
149
UNIDADE 12
150
UNICESUMAR
A Lealdade Profissional
Código de Ética e Disciplina dispõe que o Advogado não deve aceitar pro-
curação de quem já tenha defensor constituído, sem prévio, conhecimento do
mesmo; salvo por motivo justo, para medidas judiciais urgentes ou inadiáveis:
151
UNIDADE 12
152
UNICESUMAR
deveres do Advogado:
A Lei nº 8.906/94, Art. 34, XXV-XXIX e Parágrafo Único, define como con-
dutas incompatíveis com o exercício da advocacia:
A Prudência do Advogado
Segundo o Costa,
153
UNIDADE 12
não precise, dê recibo das quantias que o cliente lhe pagar ou entregar a qual-
quer título, não apresente alegação grave, sobre matéria de fato ou deprimente
de qualquer das partes litigantes, sem que se funde, ao menos, em princípio de
prova atendível ou que o cliente a autorize por escrito; finalmente, não aceite
poderes irrevogáveis ou em causa própria, nem em regra os poderes de tran-
sigir, confessar e desistir, sem indicação precisa do objeto, ainda que fora do
instrumento do mandato. De igual maneira a prudência exige que sobrevindo
conflito de interesse entre seus constituintes, nãos e acordando os interessados,
o advogado renuncie ao mandato de uma das partes [COSTA, 1996, p. 154].
154
UNICESUMAR
ou patrocínio de colega;
III – abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da
instituição que o congrega;
IV – divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;
V – insinuar-se para reportagens e declarações públicas.
155
UNIDADE 12
Reflita
Saiba mais
156
UNICESUMAR
Leitura Complementar
Considerações finais
157
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
4. O que significa zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional?
158
Advogado
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
160
UNICESUMAR
Exame de Ordem
I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de
ensino oficialmente autorizada e credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem;
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
[Lei nº 8.906/94, Art. 8º]
Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Sec-
cional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na
forma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de
advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
[Lei nº 8.906/94, Art. 10º, §1º]
161
UNIDADE 13
162
UNICESUMAR
I - capacidade civil;
163
UNIDADE 13
por crime infamante se deva entender todo aquele que acarreta para seu
autor a desonra, a indignidade e a má-fé e que essas desvalorizações da conduta
criminosa são potencializadas e caracterizadas como infames, quando o crime é
praticado por profissional do Direito, o qual tem o dever qualificado de defender
a ordem jurídica. E exemplifica com o furto que, se cometido por um ladrão
comum, não se equipara em grau de infâmia ao praticado por um advogado,
que é sempre presumida. [NETO LOBO, apud COSTA, 1996, p. 100]
164
UNICESUMAR
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de res-
peito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em
qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade,
nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da
profissão.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,
praticar com dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamen-
te responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte
contrária, o que será apurado em ação própria.
Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consig-
nados no Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advo-
gado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publi-
cidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de
urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.
O Costa observa que a deontologia buscará, como fonte primeira dos de-
veres éticos dos Advogados, o Código de Ética e de Disciplina, 1995; somente
subsidiariamente, buscará o Código de Ética de 1934 [Cf. COSTA, 1996, p. 115]:
Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data
de sua publicação, cabendo aos Conselhos Federal e Seccionais e às Subseções da
OAB promover a sua ampla divulgação, revogadas as disposições em contrário.
165
UNIDADE 13
Defender a Constituição
166
UNICESUMAR
A Assistência judiciária
A Injustiça da Lei
Às vezes pode acontecer de uma Lei ser injusta, por isto o Código de Ética e
Disciplina, sabiamente, prescreve:
167
UNIDADE 13
... aquilo que deu motivo ao aparecimento da lei e sem o que a lei não teria
surgido. Na exposição de motivos ao Código de Ética e Disciplina, o Conselho
Federal inclui entre os princípios que representam imperativos da conduta do
advogado, o de lutar pelo respeito à lei, fazendo com que esta seja interpretada
com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigên-
cias do bem comum. [COSTA, 1996, p. 126-127]
Este preceito vem enunciado no art. 2º, parágrafo único, inciso V, do Código
de Ética e de Disciplina.
168
UNICESUMAR
E ainda:
Reflita
Por que, apesar de todas as normas éticas e disciplinares acima estudas, ainda
existem Advogados que agem em modo indigno da advocacia?
Por que, apesar de conhecer o bem que deve ser praticado, muitas vezes pra-
ticamos o mal que deveria ser evitado?
169
UNIDADE 13
Leitura Complementar
Saiba mais
170
UNICESUMAR
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre o Advogado, demos par-
ticular atenção ao Exame de Ordem, para a admissão à OAB; a natureza ética
dos deveres profissionais do Advogado; os principais deveres institucionais do
Advogado, a saber: defender a constituição, defender a ordem do estado demo-
crático, defender os direitos humanos e a justiça social, a assistência judiciária, a
injustiça da lei, e pugnar pela rápida administração da justiça.
171
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
172
Código de ética e
disciplina da OAB
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
OAB.
UNIDADE 14
174
UNICESUMAR
A Ética do Advogado
175
UNIDADE 14
No Capítulo II - Das Relações Com o Cliente, do Art. 8º até o Art. 23º, são
tratadas as relações entre o Advogado e os seus clientes. Primeiramente um
176
UNICESUMAR
dever de “clareza”:
177
UNIDADE 14
E o Art. 16 completa:
178
UNICESUMAR
O Sigilo Profissional
179
UNIDADE 14
180
UNICESUMAR
181
UNIDADE 14
“
“O advogado pode anunciar (...) com discrição e mo-
deração, para finalidade exclusivamente informativa,
vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.”
182
UNICESUMAR
devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da
prestação do serviço profissional, contendo todas as especificações e forma de
pagamento, inclusive no caso de acordo.
§ 1º Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém
devem ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo
sempre presente o que foi ajustado na aceitação da causa.
§ 2º A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores
que devam ser entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver
prévia autorização ou previsão contratual.
§ 3º A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e extraju-
diciais, inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou não,
para desempenho de serviço auxiliar ou complementar técnico e especializado,
ou com incumbência pertinente fora da Comarca, devem integrar as condições
gerais do contrato.
183
UNIDADE 14
184
UNICESUMAR
O Decálogo do Advogado
1º. Estudar: o Direito exige estudo contínuo e árduo, pois está em constante
transformação.
2º. Pensar: não basta estudar o Direito; este exige que o Advogado seja um
verdadeiro jurista, aquele que pensa o Direito.
5º. Ser leal: a leal para com o cliente, para com o adversário, para com o juiz.
6º. Tolerar: o Advogado deve tolerar a verdade alheia, como gostarias que a
sua fosse tolerada pelos outros.
8º. Ter fé: o Advogado deve ter fé no Direito como o instrumento mais ade-
quado para a instauração de uma convivência humana; ainda deve ter fé na
Justiça, como meta final do Direito; deve ter fé na paz, como substituto benevo-
lente da Justiça; e, sobretudo, o Advogado deve ter fé na “liberdade”, sem a qual
não há Direito, nem Justiça e menos ainda “paz”.
185
UNIDADE 14
Reflita
Saiba mais
186
UNICESUMAR
Leitura Complementar
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre o Código de Ética e Disci-
plina da OAB, demos particular enfoque à ética do advogado, às as relações do
advogado com os clientes, ao sigilo profissional, à publicidade do advogado, aos
honorários advocatícios, ao dever de urbanidade e concluímos com o decálogo
do advogado de Couture.
187
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
5. Ao estabelecer os seus honorários o Advogado deve ser guiado por qual princípio
ético?
188
A magistratura
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
190
UNICESUMAR
A Ética da Magistratura
A pergunta que se impõe nesta unidade é: Existe uma ética especial para o
juiz?
O Juiz se submete à opção fundamental dos Constituintes
191
UNIDADE 15
192
UNICESUMAR
193
UNIDADE 15
O “Decálogo” do Juiz
5º Sê imparcial: o litigante luta pelo seu direito, tanto quanto tu lutas pelo
direito. Isto não deves esquecer nunca. Não te deves levar por tuas simpatias ou
antipatia, por conveniências ou compaixões, nem por temor ou misericórdia. A
imparcialidade implica a coragem de decidir contra os poderosos, mas também
o valor muito maior de decidir contra o fraco.
194
UNICESUMAR
respeitoso nos atos e nas palavras. Todo o Direito é dignidade; está dirigido à
dignificação da pessoa humana e não se pode conceber esvaziado dela. Deves
estar consciente da imensa responsabilidade do teu ministério e da enorme força
que a lei põe em tuas mãos.
7º Sê justo: antes de mais nada, verifica, nos conflitos, onde está a Justiça. Em
seguida, fundamenta-a no Direito. Do ponto de vista técnico, hás de esforçar-te
para que a verdade formal coincida com a verdade real e para que a tua decisão
seja a expressão viva de ambas.
10º Defende a liberdade: tem presente que o fim lógico para o qual foi criada
a ordem jurídica é a Justiça e que a Justiça é conteúdo essencial da liberdade. Na
medida em que a faças respeitar, tu, teus companheiros e tua posteridade, goza-
rão de seus benefícios, pois nunca foram livres os homens, nem os povos, que não
souberam ser justos. Defender a liberdade não é fazer política, senão preservar
a saúde da sociedade e o destino das instituições que a justificam. Para cumprir
com o teu dever, para que esse baluarte seja uma fortaleza, sem necessidade de
canhões, nem de soldados, para que seja majestoso e imponente, é mister que tu
o levantes como nunca, por cima das paixões e cumpras, com grandeza e com
suprema energia, teu dever de magistrado, teu alto apostolado jurídico; que não
cedas ante a violação de uma única lei e não te embaraces no atentado contra
uma única garantia. [MENDOZA, apud NALINI, 1998, p. 67-68]
195
UNIDADE 15
Os Deveres do Juiz
196
UNICESUMAR
197
UNIDADE 15
venta e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e
escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da
estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser
superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa
e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes ob-
servarão o disposto no art. 40;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tri-
bunal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de
igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do
inciso II;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá
ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e
cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
198
UNICESUMAR
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribu-
nais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros,
do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de
notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um
de seus integrantes para nomeação.
199
UNIDADE 15
200
UNICESUMAR
201
UNIDADE 15
As Virtudes do Magistrado
O Costa observa que a norma jurídica não tem pernas para andar, mas
... o Estado considera como essencial o problema da escolha dos juízes. Sabe
que lhes confia um poder temível, que mal exercido pode fazer passar por justa
a injustiça, constranger a majestade da lei a mudar-se em campeã do mal, e
imprimir de maneira indelével, sobre a cândida inocência, a marca sanguino-
lenta, que para sempre a tornará parecida com o delito. [CALAMANDREI,
apud COSTA, 1996, p. 226]
E o Costa conclui que para fazer justiça se requer, além de sabedoria, pru-
dência e muita cultura jurídica, muita imparcialidade, independência, coragem,
isenção de ânimo, humanidade, numa palavra, probidade [Cf. COSTA, 1996, p.
226].
202
UNICESUMAR
A Isenção de Ânimo
O Juiz deve evitar toda situação que possa afetar, ainda que indiretamente,
a independência da função, muitas vezes em prejuízo dos seus interesses pes-
soais. O Rei Salomão já advertira: Dádivas e presentes cegam os olhos dos juízes
(Eclesiástico 20, 31).
Concluamos esta unidade com uma citação do Octacílio:
Reflita
203
UNIDADE 15
Leitura Complementar
Saiba mais
204
UNICESUMAR
Considerações finais
205
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
206
Ministério público
Dr. José Francisco de Assis Dias
deste capítulo:
208
UNICESUMAR
209
UNIDADE 16
210
UNICESUMAR
presença;
VI – desempenhar, com zelo e presteza, as suas funções;
VII – declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei;
VIII – adotar, nos limites de suas atribuições, as providências cabíveis face
à irregularidade de que tenha conhecimento ou que ocorra nos serviços a seu
cargo;
IX – tratar com urbanidade as partes, testemunhas, funcionários e auxiliares
da justiça;
X – residir, se titular, na respectiva Comarca;
XI – prestar informações solicitadas pelos órgãos da instituição;
XII – identificar-se em suas manifestações funcionais;
XIII – atender aos interessados, a qualquer momento, nos casos urgentes;
XIV – acatar, no plano administrativo, as decisões dos órgãos da Adminis-
tração Superior do Ministério Público.”
211
UNIDADE 16
gação de crimes, oficia nos inquéritos policiais, propõe a ação penal pública,
oficia na execução das penas, atua perante o tribunal do júri, a justiça militar e
a corregedoria dos presídios e da polícia judiciária, - na esfera do cível, instaura
inquéritos civis e propõe a ação civil pública, oficia em inúmeros feitos, bem
como exerce diversas promotorias cíveis (de ausentes e incapazes, de massas
falidas, de acidentes do trabalho, da família, de resíduos, de fundações, de re-
gistros públicos, da infância e da juventude, do meio ambiente e do consumidor,
das pessoas portadoras de deficiência, na corregedoria dos cartórios de registro
civil, no zelo dos direitos constitucionais do cidadão). [COSTA, 1996, p. 261]
O Ministério Público aparece nas duas funções clássicas: órgão agente e órgão
interveniente:
O Atendimento ao Público
Art. 27. Cabe ao Ministério Público exercer a defesa dos direitos assegura-
dos nas Constituições Federal e Estadual, sempre que se cuidar de garantir-lhe
o respeito:
I - pelos poderes estaduais ou municipais;
II - pelos órgãos da Administração Pública Estadual ou Municipal, direta
ou indireta;
III - pelos concessionários e permissionários de serviço público estadual ou
municipal;
212
UNICESUMAR
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevân-
cia pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
213
UNIDADE 16
Vedações Tutelares
214
UNICESUMAR
215
UNIDADE 16
No Período Pré-Colonial
No Período Colonial
216
UNICESUMAR
No Império
Na República
217
UNIDADE 16
Reflita
218
UNICESUMAR
Leitura Complementar
Saiba mais
219
UNIDADE 16
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre o Ministério Público, nós
demos particular atenção à Natureza e Destinação do Ministério Público, aos
Deveres Éticos do Ministério Público, à Ação Penal Pública, ao Atendimento
ao Público, às Vedações Tutelares, aos Mandamentos do Promotor de Justiça e
concluímos com um Breve Histórico do Ministério Público no Brasil, apresenta-
do pelo Victor Roberto Corrêa de Souza, No Período Pré-Colonial, No Período
Colonial, No Império e Na República.
220
Após a leitura da Unidade, responda as questões abaixo:
221
UNIDADE 16
CONCLUSÃO GERAL
Caro aluno,
222
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