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Pensamento
Geográfico
PROFESSORA
Me. Juliana Paula Ramos Boava
FICHA CATALOGRÁFICA
Durante os anos de 2020 e 2021, a sociedade foi atingida por algo inesperado, a pan-
demia de covid-19. Neste contexto, considerando as diferentes categorias de análise
da Geografia, é possível afirmar que temos uma ciência capaz de realizar abordagens
distintas sobre uma mesma temática. Pensando nisso, como você analisaria o impacto
da pandemia no Brasil a partir da categoria Território?
Como você pode perceber, a pandemia causou intensas transformações na maior
parte dos países do mundo. Durante o auge da pandemia, mais de 30 países do mundo
proibiram a entrada de brasileiros. Esse panorama reflete a forma como o Brasil é visto
por outras nações, bem como as relações geopolíticas estabelecidas.
Considerando o período após os anos mais críticos da pandemia, você sabe me
dizer se algum país ainda proíbe a entrada de brasileiros? Como nossos governantes
lidaram com a disseminação do coronavírus?
Considerando toda a dinâmica gerada devido à pandemia, podemos refletir sobre
os seguintes aspectos: o impacto nas relações comerciais devido à proibição da entrada
de brasileiros em outros países; O distanciamento familiar, uma vez que muitos deixa-
ram de realizar viagens para rever seus entes; A questão econômica, prejudicada de
maneira importante, visto que o fechamento do comércio em grande parte das cidades
do país, diminuiu o consumo dos brasileiros.
Veremos ao longo da produção que a Geografia passou por diversas fases, e em cada
uma delas o conhecimento científico apresentou diferenças, bem como linhas diversas
de pensamento. Discutiremos também os vários autores e suas linhas de pensamento.
Em linhas gerais, na nossa primeira unidade, “A Geografia como Ciência”, iremos propor
tratar do surgimento dessa ciência, sua consolidação em diferentes países do mundo e
problemáticas do pensamento geográfico, como a questão das Dicotomias.
Na segunda unidade, “Antecedentes históricos: a Geografia na Antiguidade,
Idade Média e Idade Moderna”, apresentaremos como o conhecimento geográfico
se desenvolveu ao longo da história. Serão destacados os diferentes povos que desen-
volveram a Geografia e o modo como desenvolveram.
Já na terceira unidade, “Sistematização da ciência geográfica”, trataremos do
contexto histórico no qual a Geografia tem sua consolidação e também os principais
geógrafos dessa fase. Veremos também as principais escolas do pensamento geográ-
fico, como a alemã, francesa, norte-americana, soviética e inglesa.
Na quarta unidade, “Movimento de renovação”, discutiremos as novas correntes de
pensamento que surgiram no âmbito geográfico. Nesta fase, a Geografia vai apresen-
tar diferentes formas de pensamento para que os processos físicos e humanos sejam
analisados, como a Nova Geografia, que utiliza métodos matemáticos para a análise
de fenômenos geográficos, além da Geografia Radical, Humanística, Cultural e outras.
Na quinta e última unidade, “Geografia brasileira”, levantaremos os aspectos da
consolidação da Geografia no Brasil, como a importância da criação de cursos superio-
res em Geografia, os principais pensadores brasileiros, como Aziz Ab’Saber, considera-
do o “pai da Geografia brasileira” e Milton Santos, destaque no estudo da urbanização
de países de terceiro mundo.
É essencial que você compreenda que a dinâmica causada pelo coronavírus, na
Geografia, pode ser analisada sob diferentes aspectos. E o mais importante: esse é
apenas um dentre inúmeros fatos que a ciência geográfica analisa e interpreta. En-
quanto aluno(a) e futuro(a) professor(a) de Geografia, você perceberá que o ponto alto
dessa ciência está em permitir diferentes análises acerca de um mesmo acontecimento.
Ficou curioso(a) sobre como analisar de maneira distinta um mesmo fenômeno?
Te convido a embarcar nessa jornada que abordará não somente tais distinções, mas
todo o processo pelo qual a Geografia passou até se tornar a ciência que conhecemos
atualmente. Vamos começar?
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
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ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
1
9 2
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A CIÊNCIA ANTECEDENTES
GEOGRÁFICA HISTÓRICOS
3
67 4 93
SISTEMATIZAÇÃO MOVIMENTO DE
DA CIÊNCIA RENOVAÇÃO
GEOGRÁFICA
5
121
A GEOGRAFIA
BRASILEIRA
1
A Ciência
Geográfica
Me. Juliana Paula Ramos Boava
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
Lugar
Região
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UNIDADE 1
PAISAGEM
NATURAL CULTURAL
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UNICESUMAR
“
A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos dispa-
ratados. É uma determinada porção do espaço, resultado da combi-
nação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e
antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem
da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evo-
lução (BERTRAND, 1971, p. 2).
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UNIDADE 1
“
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o mun-
do em que se vive, na medida em que esse componente curricular
aborda as ações humanas construídas nas distintas sociedades exis-
tentes nas diversas regiões do planeta. Ao mesmo tempo, a educação
geográfica contribui para a formação do conceito de identidade,
expresso de diferentes formas: na compreensão perceptiva da pai-
sagem, que ganha significado à medida que, ao observá-la, nota-se
a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os
lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social;
na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos da
história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos das nossas
diferenças (BRASIL, 2018, p. 359).
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UNICESUMAR
“
Para fazer a análise da paisagem, precisa ir além do que é aparente,
ver adiante do domínio de algum elemento que pode ser natural
[...] A análise permite entender os porquês de aquela paisagem ter
tais e quais características. Significa “olhar e ver além da aparência”,
buscando as origens, os motivos e os interesses que podem ter ge-
rado tal paisagem. (CALLAI, 2013, p. 50).
“
o local que possui significados construídos por indivíduos e/ou gru-
pos sociais, portanto, envolve amor e ódio, acordos e desavenças,
ambiguidade e ambivalência, segurança e liberdade, experiência e
dia a dia, superficialidade e profundidade, pessoas e objetos, espaço
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UNIDADE 1
PENSANDO JUNTOS
Diversos autores trabalham o conceito de Lugar, sendo um dos mais importantes Yi-Fu
Tuan, autor sino-americano que dedica suas pesquisas às análises da forma como o ho-
mem se relaciona e percebe o espaço que habita, propondo dois conceitos para com-
preender as relações de afeto do homem com o espaço: Topofilia (relacionado ao apego
e familiaridade ao lugar) e Topofobia (a aversão ao espaço, desprezo).
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UNICESUMAR
TERRITÓRIO
“
O Estado não é, para nós, um organismo meramente porque ele re-
presenta uma união do povo vivo com o solo (Boden) imóvel, mas
porque essa união se consolida tão intensamente através da interação
que ambos se tornam um só e não podem mais ser pensados sepa-
radamente sem que a vida venha a se evadir (RATZEL, 1974, p.4).
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UNIDADE 1
Diante do exposto é possível afirmar que assim como o Lugar, o Território tam-
bém pode ser abstrato. Isso se deve ao fato de que a relação de poder não precisa
de uma escala previamente estabelecida, sendo necessário apenas dois ou mais
sujeitos e o exercício do poder de um sobre os demais. Nesse contexto, Souza
(2010) aponta que outra forma de abordar a temática da territorialidade seria
considerar o território como campo de forças ou uma rede de relações sociais,
no qual existe a diferença entre “nós” e os “outros”. Neste sentido, surgem as ter-
ritorialidades flexíveis:
■ Os territórios da prostituição feminina ou masculina, no qual os
“outros” tanto podem estar no mundo exterior em geral (de onde vêm os
clientes em potencial) quanto, em muitos casos, em um grupo concor-
rente (prostitutas x travestis). Esses territórios são cíclicos, pois os espaços
para prostituição são ocupados somente a noite, durante o dia, as pessoas
que ocupam o local possuem perfis diferentes. Os limites deste território
são “flutuantes”, tendem a ser instáveis.
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: na imagem, temos dois quadrados representando um centro urbano e a terri-
torialidade cíclica. O primeiro quadrado identifica, por meio de pontos, o funcionamento do comércio.
Pessoas trabalhando ou fazendo compras em um sábado às 11:00. Há também um espaço destacado
na cor preta, para identificar aposentados jogando baralho. O segundo quadrado apresenta o mesmo
espaço, porém às 23:00. Nesse caso, a atividade realizada está relacionada à prostituição, além de deli-
mitar a área, por meio de uma linha tracejada, que as prostituas ocupam. Toda a imagem é desenhada
apenas nas cores preto e branco.
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UNIDADE 1
“
[...] construímos um conceito de que gosto muito, o de desterrito-
rialização. [...] precisamos às vezes inventar uma palavra bárbara
para dar conta de uma noção com pretensão nova. A noção com
pretensão nova é que não há território sem um vetor de saída do ter-
ritório, e não há saída do território, ou seja, desterritorialização, sem,
ao mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar em outra parte
(DELEUZE e GUATARRI apud HAESBAERT; BRUCE, 2002, p.01).
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UNICESUMAR
“
A palavra região deriva do latim regere, palavra composta pelo ra-
dical reg, que deu origem a outras palavras como regente, regência,
regra etc. Regione nos tempos do Império Romano era a denomi-
nação utilizada para designar áreas que, ainda que dispusessem de
administração local, estavam subordinadas às regras gerais e hege-
mônicas das magistraturas sediadas em Roma (p. 50).
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UNIDADE 1
Esta postura empirista e naturalista, por muito tempo, guiou o estudo das relações
entre o homem e a natureza sem se preocupar com a relação dos homens entre si,
e ainda atuou como receituário de pesquisa, exigindo da ciência geográfica uma
postura de “ciência de síntese”, o que “encobria a vaguidade da indefinição de seu
objeto” (MELO, 2009 apud MORAES, 2003, p.32).
O filósofo e professor de Geografia física, Immanuel Kant (1724-1804) de-
fendia o empirismo geográfico, alegando que o conhecimento necessitava da
experiência e do raciocínio para se formular. Kant realizava viagens a diferentes
partes do mundo com o objetivo de construir uma taxonomia do mundo físico.
Para Moreira (2008):
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UNICESUMAR
“
Essa taxonomia é traduzida na forma das grandes paisagens da su-
perfície terrestre, recortando-a em pedaços de espaço que fazem
dela uma ampla corografia. De modo que são seus atributos a rela-
ção de apreensão do sensível dos dados do mundo circundante e o
olhar corográfico sobre a superfície terrestre (p. 14).
“
Mesmo Vidal de la Blache, historiador de formação e muito liga-
do ao pensamento da escola de historiadores, liderada por Marc
Bloch, admitia que a Geografia era uma ciência dos lugares e não
do homem. Só posteriormente, com os estudos de Pierre George
e Paul Claval, é que se generalizou a opinião de que a Geografia
é uma ciência social, do homem, e não uma ciência da natureza.
Distinção que tem grande importância epistemológica, pois, se a
Geografia fosse uma ciência natural, dos lugares, ela não poderia
procurar explicar como e por que a sociedade produz e reproduz
permanentemente o espaço social, apenas estudaria os resultados
deste trabalho. Como ciência social e humana, a Geografia tem a
responsabilidade de analisar a própria sociedade, as relações que
influem no tipo de espaço produzido e explicar a razão de ser da
ação da sociedade sobre esse espaço. Assunto da maior importância
nos dias de hoje (ANDRADE, 1987, p. 104).
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
“
· Dificuldade de entender a Geografia como uma ciência única, sen-
do complexa por natureza, pois historicamente sempre foi dividida
em Geografia Física (ligada às ciências naturais) e Geografia Huma-
nas (ligada às ciências humanas ou sociais);
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
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OLHAR CONCEITUAL
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UNIDADE 1
OLHAR CONCEITUAL
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UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
Caro(a) aluno(a), ao longo do curso, você desfrutará de diversas disciplinas tanto do cam-
po físico quanto do campo humano. Procure aproveitá-las da melhor maneira possível,
procurando sempre interligá-las e evitando dar ênfase em apenas uma das grandes áreas.
Afinal, você será um licenciado em Geografia e terá que lecionar assuntos pertinentes a
todas as áreas da ciência geográfica!
Fonte: a Autora.
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UNIDADE 1
NOVAS DESCOBERTAS
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1. Conhecimento na Prática
[...] a apropriação de certos espaços públicos por grupos específicos, como os nor-
destinos nos fins de semana na Praça Saens Peña (no bairro da Tijuca), na cidade
do Rio de Janeiro, e a ocupação das calçadas de certos logradouros públicos por
camelôs. Ambos são casos interessantes por se revestirem de uma dimensão de
conflitualidade entre esses usuários do espaço [...] e um ambiente que os discrimina:
no caso dos nordestinos, em grande parte moradores das favelas próximas, temos a
apropriação de uma praça por um grupo que tenta, por algumas horas, reproduzindo
o espaço de convívio em um meio estranho e não raro hostil e segregador [...] manter
um pouco de sua identidade. [...] No caso dos camelôs, estamos diante do conflito
de interesses entre os chamados setores formal e informal, cuja explosividade já se
manifestou no Rio de Janeiro em diversos incidentes violentos envolvendo, de um
lado, lojistas e a polícia, e, de outro, os camelôs.
a) Espaço Geográfico.
b) Lugar.
c) Território.
d) Paisagem.
e) Região.
2. Como toda ciência, a Geografia possui seus conceitos-chaves (paisagem, região, es-
paço, lugar e território) com grande grau de parentesco e capazes de sintetizar a ob-
jetivação geográfica, concebendo-a identidade e autonomia. Pertencendo, ao mesmo
tempo, ao domínio das ciências da Terra e ao das ciências humanas, a Geografia tem
por objeto próprio a compreensão do processo interativo entre sociedade e a natu-
reza, produzindo, como resultado, um sistema de relações e de arranjos espaciais
que se expressam por unidades paisagísticas identificáveis.
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Paisagem é o conjunto de formas que num dado momento, exprimem as heranças
que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza.
Ou ainda, a paisagem se dá como conjunto de objetos concretos.
a) I, apenas
b) III, apenas
c) II e III, apenas
d) I e III, apenas
e) I, II e III.
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b) Se analisado sob a perspectiva da Geografia Crítica, o conceito de região é utili-
zado para interpretar fenômenos socioeconômicos que ocorrem em diferentes
partes do globo terrestre.
c) Na Geografia Cultural, o conceito de região aparece com uma área cuja paisagem
é uniforme, independente dos fatores que atuaram em sua formação.
d) De modo geral, o conceito de região é utilizado para designar uma determinada
área que apresenta características semelhantes, sendo diferenciada das áreas
próximas.
e) O conceito de região pode ser empregado como forma de agrupar unidades ad-
ministrativas, conforme aponta a corrente denominada de Geografia Quantitativa.
a) Geografia Moderna.
b) Geografia Clássica.
c) Nova Geografia.
d) Geografia da Antiguidade.
e) Geografia Empírica.
5. A ciência geográfica, em seu período inicial, tinha seus estudos fixados nos aspectos
visíveis do real, tornando a Geografia uma ciência empírica, de observação, expe-
rimentação e comparação. A corrente filosófica na qual a Geografia se baseava no
período citado era o Positivismo. Suas características podem ser identificadas em:
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2
Antecedentes
Históricos
Me. Juliana Paula ramos Boava
Descrição da Imagem: a imagem é uma pintura que apresenta uma paisagem formada por uma mon-
tanha e um vulcão. Na parte superior, temos o céu e algumas nuvens. Na parte inferior há vegetação,
um grupo de pessoas ao redor de uma fogueira e alguns animais ao fundo. Ao lado direito, temos dois
homens em pé, sendo um deles vestindo traje europeu de época e o outro uma vestimenta local. Próximo
a eles há um cachorro e uma tenda improvisada onde um homem, também europeu, aparece sentado.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
De acordo com Vieira (2011), o contexto sob o qual a Geografia nasceu era
de grande efervescência cultural, pois o território grego localiza-se entre
a Europa, África e Ásia, ou seja, um importante
ponto de ligação entre essas três porções
de grande importância para a humanida-
de em cultura, artes e conhecimento.
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UNIDADE 2
vessem maior contato com outros povos e outras culturas. A cada grande
navegação realizada, os geógrafos da época registravam com detalhes
as características dos lugares e dos povos com os quais tinham contato.
Pesquisadores da área afirmam que “os gregos foram os primeiros a fazer
registros sistemáticos da geografia, pois sua intensa atividade comercial
permitia-lhes explorar e conhecer diferentes povos e lugares ao longo da
costa do mar mediterrâneo” (KOZEL; FILIZOLA, 1996, p.11).
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UNIDADE 2
Vieira (2011) aponta que a relação íntima da Geografia com a Cartografia foi
mantida durante séculos, sendo as práticas geográficas e o fazer mapas, facilmente
associados. A Cartografia, já nesse período, aparecia como uma ferramenta da
Geografia na qual o mundo poderia ser representado em uma escala menor e, a
partir disso, o conhecimento sobre ele poderia ser ampliado. Esse desenvolvimen-
to no conhecimento, com o passar do tempo, diga-se, não muito tempo, passou
a representar poder. Poder de dominação de um povo sobre outro, por exemplo,
em função do conhecimento geográfico da área.
45
UNIDADE 2
“
Ele dedicou-se aos mapas e ao levantamento de plantas, além dis-
so, inseriu palavras como “paralelo” e “meridiano” para as linhas de
latitude e longitude. Com isso organizou um grande vocabulário
de nomes de lugares que conhecia, dando a localização de cada
um, sendo lamentavelmente seu erro ter aceitado o cálculo de Po-
sidônio (cerca de 100 a.C.), menos preciso que o de Eratóstenes
(BROEK, 1967). A extensão da região foi exagerada em suas pro-
jeções, e este erro permaneceu até o século XVII, razão pela qual
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UNIDADE 2
romano
Tales de Mileto
grego Plínio
GEOGRAFIA
NA
ANTIGUIDADE
Erastótenes Pompônio romano
grego
Ptolomeu
grego
Heródoto
grego
grego
Estrabão
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um resumo dos principais nomes para a Geografia na Anti-
guidade e sua nacionalidade. Há um círculo no centro da imagem com a escrita: Geografia na Antiguidade.
Ao redor aparecem mais sete círculos, cada um deles com o nome. Cada círculo apresenta uma linha
que liga a outro círculo, identificando a qual povo pertencia: Tales de Mileto (grego), Erastótenes (grego),
Heródoto (grego), Estrabão (grego), Ptolomeu (grego), Plínio (romano) e Pompônio (romano).
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UNIDADE 2
IDADE MÉDIA - A Idade Média pode ser caracterizada pelo período com-
preendido entre a queda do Império Romano (476 d.C.) e a tomada de Cons-
tantinopla (1453 d.C.), aproximadamente. Neste período, pode-se destacar a
fusão das culturas romana e germânica, a formação do Império Bizantino e a
expansão dos árabes.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um mapa dos continentes europeu, africano e asiático
representados como se fossem pétalas de uma flor. Em cada pétala, além do nome do continente, são
destacadas algumas formas de relevo. A África está em amarelo, na parte de baixo, a Ásia está na cor
verde na direita e a Europa está na cor laranja, na esquerda do mapa. No centro há um círculo com um
desenho de uma cidadela medieval escrito “Jerusalém” em latim (IERVSALEM). Na parte esquerda e abaixo
do mapa, aparece parte da “América” em verde, acima da Europa há uma ilha na cor verde, com o nome
de “Inglaterra”, e no centro e acima do mapa, está a “Dinamarca” na cor amarela, escrito em alemão. Ao
redor das pétalas, temos os oceanos, representados pela cor azul. Aparecem também, embarcações para
simular as grandes navegações e criaturas marinhas. O título do mapa é “O mundo inteiro na forma de
uma folha de trevo, que é o emblema da cidade de Hannover, minha amada pátria”, que está escrito em
alemão na parte de cima do mapa.
Com os árabes, a ciência geográfica volta, mesmo que timidamente, a trilhar seu
caminho. De acordo com Andrade (2008), foram retomados estudos do período
grego e romano, e uma das maiores contribuições para esta retomada foi dada
pelos padres Alberto Magno e Tomás de Aquino, que puseram em questão a cren-
ça na esfericidade da Terra no fim da Idade Média e que deu início às discussões
dos Tempos Modernos.
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UNIDADE 2
“
Em primeiro lugar, há autores que se negam
a utilizar o termo, que seria relativo a um de-
terminado período histórico (geralmente de
difícil delimitação, mas de qualquer forma
já superado). Outros restringem seu sentido
às transformações estéticas propostas pelo
movimento cultural “modernista”. Contudo,
a tendência predominante hoje é a de difu-
são crescente do termo, numa tentativa de
apreender, de um modo mais abrangente,
a complexidade das mudanças sociais de-
sencadeadas com o chamado Iluminismo
racionalista europeu do século XVIII. Para
muitos, o próprio caráter, de alguma forma
cíclico, do capitalismo (intercalando apo-
geus e crises) seria revelador da complexida-
de desse período - tão complexo que alguns
preferem utilizar o termo apenas no plural:
modernidades (HAESBAERT, 2002, p. 35).
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
OLHAR CONCEITUAL
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UNIDADE 2
NOVAS DESCOBERTAS
“
A Geografia é uma ciência sintetizadora que conecta o geral com
o especial através do levantamento, do mapeamento e da ênfase no
regional. Ela se ocupa da influência que o meio físico exerce sobre
o Homem e procura interligar o estudo da natureza física com o
estudo da natureza moral para se chegar a uma visão harmonizante
[entre a humanidade e o meio físico] (Alexander Von HUMBOLDT,
meados do século XIX).
55
UNIDADE 2
A Geografia deve ser, em primeiro lugar, um estudo das leis que mo-
dificam a superfície terrestre: as leis que determinam o crescimento e
desaparição dos continentes, suas configurações passadas e presente
[...] A Geografia deve, em segundo lugar, estudar as consequências
da distribuição dos continentes e mares, das elevações e depressões,
dos efeitos da penetração do mar e das grandes massas de água no
clima. Ela deve ainda explicar a distribuição geográfica dos seres vi-
vos, animais e vegetais. E a quarta função da Geografia refere-se aos
grupos humanos sobre a superfície da Terra. Suas distribuições, seus
traços distintos, a distribuição geográfica das etnias, dos credos, dos
costumes, das formas de propriedade e as relações disso tudo com o
meio ambiente [...] O ensino da Geografia deve perseguir um triplo
objetivo. Deve despertar nos alunos a afeição pela natureza. Deve en-
sinar-lhes que todos os seres humanos são irmãos qualquer que seja
a sua nacionalidade ou a sua ‘raça’. E deve inculcar o respeito pelas
culturas ditas ‘inferiores’ (Prior KROPOTKIN, 1885).
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UNIDADE 2
Podemos perceber, por meio das afirmações anteriores, que a Geografia nos tem-
pos modernos poderia ser definida, pelos seus principais autores, como uma
ciência de síntese que aborda aspectos físicos e humanos de uma área, tendo
como objetivo apontar as “leis” que modificam a superfície terrestre.
Os autores citados anteriores são de extrema importância para o conhecimento
geográfico tanto moderno como da Geografia em geral, sendo Alexander Von
Humboldt e Karl Ritter essenciais para a Geografia Moderna. Nesse sentido, cabe
discutirmos suas contribuições:
Alexander Von Humboldt (1769-1859):
foi geógrafo, filósofo, historiador e naturalista ale-
mão. É considerado o pai da Geografia Física. Por
ser filho de família nobre, Humboldt começou a
viajar a partir dos vinte anos. Primeiramente, pas-
sou pelos Países Baixos, Alemanha e Inglaterra,
ao longo do rio Reno. Desenvolveu importantes
estudos na Geografia Física, como a relação entre
as características da fauna e flora de uma região e
a latitude, relevo e condições climáticas. Durante
suas viagens, fez importantes parcerias, como com
o naturalista Georges Leclerc e com o botânico Figura 04 - Alexander von Humboldt.
Aimé Goujaud Bonpland, cuja parceria trouxe
Descrição da Imagem: a ima-
Humboldt para a Venezuela, no qual estudaram
gem apresenta um homem
os rios Amazonas, Orinoco, Atabajo e Negro com por meio de um desenho preto
o objetivo de descobrir o rio que ligava as bacias e branco. Ele está sem barba e
com olhar sério e utiliza vesti-
hidrográficas do Amazonas e do Orinoco. No Bra- mentas de época e tem cabelo
sil, foi impedido de continuar sua viagem. levemente ondulado.
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UNIDADE 2
Humboldt viajou pela América do Sul entre 1799 e 1804. Explorou e descreveu
toda a área do ponto de vista científico. Analisou aspectos geográficos e espé-
cies que até então os europeus desconheciam. Dessa forma, aspectos e acidentes
geográficos foram denominados em sua homenagem, como o rio Humboldt, a
corrente de Humboldt e até cadeias de montanhas.
Este grande clássico realizou expedições por vários lugares, como a Europa,
Estados Unidos, América Latina, Rússia e diversos outros lugares. Em suas viagens,
produziu relatos e ilustrações de tudo aquilo que ainda não lhe era conhecido.
Sua obra principal foi Kosmos, na qual procurou, em cinco volumes, elaborar
uma descrição física do mundo. Com muita genialidade, apresentou o mundo
de uma maneira nunca vista antes. A obra foi publicada aos 76 anos do autor e
se tornou um clássico.
Karl Ritter (1779-1859): assim como Hum-
boldt, foi também geógrafo e naturalista. Os dois
foram precursores da Geografia Moderna. Ritter
ocupou também o cargo de professor na Uni-
versidade de Berlim. Por ser de família modesta,
realizou viagens apenas pela Europa. Durante as
expedições, não se preocupava com a descrição
das paisagens, e sim em estabelecer as bases para
o conhecimento geográfico.
Mesmo sem conhecer a África e a Ásia, es-
Figura 05 - Karl Ritter
creveu vários trabalhos sobre esses continentes,
Descrição da Imagem: a ima-
pois sempre estudou muito. Destacavam-se em
gem é composta por um de-
seus estudos as relações homem/natureza e por senho em preto e branco para
esse motivo é tido como um geógrafo de visão representar Karl Ritter. Trata-se
de um homem de meia idade,
antropocêntrica, ou seja, que utiliza a Geografia com costeletas, sem barba e
em função do homem. usando óculos redondos e pe-
quenos. O mesmo utiliza traje
Ritter elaborou o princípio geográfico da ana- de época.
logia, que tinha por objetivo comparar diferentes
áreas da superfície terrestre, destacando as semelhanças e diferenças entre as
elas. Suas principais obras foram: Europa, Quadros Geográficos, Históricos e
Estatísticos; Erdkund; Comparative Geography e A Geografia de Acordo com a
Natureza e História do Homem.
58
UNIDADE 2
“
Os grandes horizontes da geografia comparada não começaram a
tomar solidez e brilho até a aparição da obra admirável intitulada
Estudo da Terra em suas relações com a Natureza e com a História
do Homem, na qual Karl Ritter caracterizou com tanta força a fisio-
nomia do nosso globo, e ensinou a influência de sua configuração
exterior, tanto nos fenômenos físicos que tem lugar em sua super-
fície, quanto nas emigrações dos povos, suas leis, seus costumes e
todos os principais fenômenos históricos dos quais é teatro. E, já ao
finalizar a primeira parte, encontramos uma nova referência relativa
a Ritter: estava reservado a Karl Ritter o quadro da geografia compa-
rada em toda sua extensão e na sua íntima relação com a história do
Homem (HUMBOLDT, 1944, p.41-42 apud OSTUNI, 1967, p.34).
59
UNIDADE 2
Com o término da Idade Média surgem os Tempos Modernos, que têm início
com a discussão referente à esfericidade da Terra. Neste período, voltam a ser
realizados estudos na Geografia e a mesma finalmente se consolida como ciência,
chegando até as cadeiras da Universidade. O intenso desenvolvimento da ciência
geográfica foi impulsionado, principalmente, por dois fatores: as grandes navega-
ções e o Descobrimento da América. A Geografia passa a ser definida como uma
ciência de síntese que aborda os aspectos da natureza e do homem na superfície
da Terra. Diante desse panorama, como a Geografia atinge o “status” científico?
Para compreender esse questionamento, precisamos considerar o contexto
espacial e histórico no qual a Geografia se desenvolve. Vejamos:
A Geografia científica, de acordo com Moreira (1994), nasceu no período
de 150 anos que se estende desde 1750. Mas é filha, sobretudo, do século XIX.
Nasce entre os alemães Humboldt, Ritter, Kant e Ratzel, entre os mais proemi-
nentes. Um detalhe significativo da evolução da Geografia é o seu caráter mar-
cadamente nacional. Fala-se, por exemplo, em “escola alemã”, “escola francesa”,
“escola anglo-saxônica”. O discurso do pensamento geográfico é o resultado dos
embates que dominaram as relações entre o imperialismo alemão e francês ao
longo do século XIX.
A partir do século XVI, a Alemanha passa a apresentar produções significa-
tivas no âmbito da Geografia. A Reforma Protestante, ocorrida após a Idade Mé-
dia, trouxe à tona diversas discussões sobre o ensino, de forma que no currículo
escolar passaram a existir somente disciplinas que pudessem ser úteis à doutrina
evangélica. Pereira (2005) afirma que:
“
A Reforma imprime uma nova orientação à Geografia na Alemanha
luterana, pois enquanto para o geógrafo católico o objetivo bási-
co da geografia seria “desenvolver a imagem do mundo criado por
Deus”, para o geógrafo luterano a preocupação central reside na
demonstração de “como funciona o mundo criado por Deus”. Vê-se,
então, que os geógrafos luteranos colocam-se diante da tarefa de não
apenas reestruturar sua disciplina, como são obrigados a fazê-lo
para enquadrar o ensino da Geografia dentro de uma nova atitude
mental. (PEREIRA, 2005, p. 47)
60
UNIDADE 2
A Geografia alemã valorizava muito o espaço, pois ele era visto como come-
ço, meio e fim de tudo. Os estudos sobre a formação e território dos países,
distribuição e quantidade da população eram muito discutidos devido a sua
importância. Até o século XIX, a Alemanha ainda não era unificada. Seu terri-
tório era composto por 39 estados soberanos, liderados pelo império Austríaco
e governados por uma assembleia composta por representantes de todos os
estados. Somente em 1870, a Prússia, após vitória na Guerra Franco-Prussiana,
conseguiu unificar a Alemanha.
Compreender o espaço foi muito importante para o imperialismo alemão. Por
Imperialismo, caro(a) aluno(a), consideramos a política de expansão e domínio
territorial de uma nação sobre outra. Os estudos realizados pelos geógrafos da
época, como áreas ricas em recursos minerais, por exemplo, auxiliavam na esco-
lha dos lugares a serem invadidos pelas tropas alemãs.
Um exemplo da contribuição dos geógrafos no processo de expansionismo
alemão está ligado à disputa pela região da Alsácia-Lorena. Ela foi disputada com
a França, principalmente, pela quantidade de minério de ferro e carvão existentes
na área, recursos que poderiam ser amplamente explorados e que foram desco-
bertos pelos geógrafos da época.
61
UNIDADE 2
62
UNIDADE 2
NOVAS DESCOBERTAS
63
Agora que já estudamos períodos essenciais para compreensão da Geografia e seu
processo de sistematização enquanto ciência, vamos aplicar esses conteúdos na
resolução de atividades.
a) V, V, V, F e F.
b) V, F, V, V e V.
c) F, F, V, V e F.
d) F,V, V, V e V.
e) V, V, V, V e F.
64
2. A respeito do processo evolutivo da Geografia em diferentes períodos históricos, leia
as asserções a seguir:
PORQUE
Alexander Von Humboldt e Karl Ritter são autores fundamentais para compreensão
do desenvolvimento da Geografia na Modernidade. Foram os primeiros a pensar a
sistematização da Geografia a partir das viagens que realizaram por inúmeros lugares
do mundo, fato este que contribuiu para que ela se tornasse uma ciência.
a) Sociologia.
b) Positivismo.
c) Cartografia.
d) Astronomia.
e) Física.
65
4. Durante o período da Antiguidade, alguns povos foram essenciais para a produção
do conhecimento geográfico, mesmo que ainda não houvesse a sistematização da
Geografia. Nesse contexto, a contribuição de gregos e romanos é fundamental para
a ciência geográfica que se realiza nos demais períodos históricos. Sobre a Geografia
desenvolvida por esses povos, leia as asserções a seguir:
PORQUE
66
3
Sistematização
da Ciência
Geográfica
Me. Juliana Paula Ramos Boava
68
UNICESUMAR
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UNIDADE 3
70
UNICESUMAR
ZONA TROPICAL
71
UNIDADE 3
Clima tropical
Quente Úmido
Perfil do homem:
- Baixa estatura
Inviabiliza a migração - Muito ocioso
- Baixa inteligência
Vegetação diversificada
e perene
Fácil obtenção de
alimentos
Clima temperado
Verões Invernos
quentes frios Perfil do homem:
- Porte físico forte
- Muito ativo e produtivo
Necessária migração - Alta inteligência
Vegetação escassa
durante parte do ano
Necessidade de
armazenamento de alimentos
72
UNICESUMAR
PENSANDO JUNTOS
Nos dias atuais, muitas vezes, ainda nos deparamos com posturas Deterministas por par-
te da sociedade. Tais posturas aparecem em pensamentos do tipo “somos uma popula-
ção calorosa e comunicativa porque vivemos em um país de clima tropical” ou “aqueles que
nascem/residem em áreas extremamente pobres possuem maiores chances de se tornarem
criminosos”. Você já se pegou pensando algo do tipo? Se sim, reflita sobre como evitar tais
posicionamentos.
73
UNIDADE 3
74
UNICESUMAR
“
A análise lablachiana deveria ter o seguinte encaminhamento:
observação de campo, indução a partir da paisagem, particulari-
zação da área enfocada (traços históricos e naturais), comparação
das áreas estudadas e do material levantado e classificação das
áreas e dos gêneros de vida em séries de tipos genéticos, devendo
chegar, no fim, a uma tipologia (PONTUSCHKA; PAGANELLI;
CACETE, 2007, p. 44).
75
UNIDADE 3
Devido à influência dos geógrafos suíços, a Geografia Física teve maior destaque
no continente americano. Willian Morris Davis e J. W. Powell foram destaque no
campo da Geomorfologia. Na área da Geografia Humana existiam duas escolas:
Chicago e Berkeley.
Em Chicago, os geógrafos buscavam muita inspiração em Ratzel, sendo, por-
tanto, extremamente deterministas, fato este que promoveu a expansão para o
Oeste dos Estados Unidos, no qual tribos indígenas foram dominadas, e para
diversas áreas do país. Estudos indicam que os geógrafos acreditavam que os
povos das áreas temperadas deveriam dominar aqueles de áreas tropicais.
Já em Berkeley, os estudos estavam direcionados à categoria histórico-cultu-
ral. Carl Sauer, principal geógrafo dessa escola, analisou a adaptação do homem
ao meio, já que por se tratar de uma área de clima desértico, o homem deveria
aprender a lidar com diferentes situações e adaptar-se.
Mesmo tendo citado alguns geógrafos norte-americanos, é sabido que o
grande geógrafo da escola anglo-saxônica é Richard Hartshorne, autor de obras
ligadas à epistemologia (estudo da Geografia como ciência). O autor apresentou
duas formas de se analisar um fato: a partir da região, ou seja, do particular,
caracterizando uma Geografia Ideográfica, ou a partir do geral, denominado de
Geografia Nomotética.
76
UNICESUMAR
Para exercer sua dominação sobre outros povos, os ingleses precisavam analisar a
importância das comunicações e das relações entre o dominante e os dominados.
Neste contexto, a Geopolítica adquire importância e respeito, pois ela é que trata
das questões colocadas.
Como geógrafo inglês de destaque, temos Helford Mackinder, autor de vá-
rios livros e que sintetizou a questão Geopolítica mundial em 1904. Mackinder
afirmou que na superfície terrestre existem áreas coração ou países pivô, que
se encontram na região central e podem dominar o restante do mundo, pois
77
UNIDADE 3
têm melhores condições de exercer sua influência. Como áreas coração, o autor
considerou Europa, Ásia e África do Norte. Por meio da análise de suas obras,
pode-se notar que Mackinder apresentava concepções deterministas.
Os ingleses utilizavam a Geografia tanto para uso externo quanto interno. Durante
a Segunda Guerra Mundial, o geógrafo Dudley Stamp orientou o planejamento
regional para reorganizar o território e melhorar a distribuição de alimentos. Em
1930, mapeou o uso da Terra do Reino Unido, destacando as áreas cultiváveis,
pastagens, florestas, campos e áreas construídas. O trabalho foi realizado com o
auxílio de professores de Geografia e seus alunos. Dudley elaborou também estudos
urbanos, com o intuito de organizar e otimizar a cidade de Londres no pós-guerra.
ESCOLA SOVIÉTICA: a escola russa, assim como outras, sofreu grande
influência da escola alemã. Neste caso, a proximidade entre os países contribuiu
para o intercâmbio de conhecimento. Na escola soviética, os estudos se concen-
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
82
UNICESUMAR
fos Brasileiros, que naquele momento atuava apenas em São Paulo. Permaneceu
na USP por apenas um ano, quando se mudou para o Rio de Janeiro e auxiliou
na criação da Universidade do Distrito Federal, atualmente, Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Ao deixar a USP, Pierre Deffontaines foi substituído por Pierre
Monbeig, seu conterrâneo.
Pierre Monbeig possuía experiência apenas
no ensino secundário e tinha a responsabilidade
de substituir um professor muito dinâmico e ex-
periente. Devido à Segunda Guerra Mundial, teve
que passar mais tempo do que o esperado no Bra-
sil, totalizando onze anos. Nesse período, auxiliou
na consolidação do curso de Geografia na USP e
expandiu a Associação de Geógrafos Brasileiros
(ANDRADE, 1994).
Assim como os demais geógrafos de sua épo-
ca, Monbeig utilizava em suas aulas o trabalho de
campo, a análise regional e a análise de situação, Figura 5 - Professor Pierre Monbeig
na qual visava conhecer o Brasil. Uma de suas Fonte: AB’Sáber (1994)
principais características foram as pesquisas de Descrição da Imagem: a ima-
campo, cujo objetivo era levar os alunos do curso gem, preto e branca, represen-
ta um homem com idade apro-
de Geografia até os lugares que haviam estudado ximada de 40 anos. Ele está
em sala de aula, de forma que os alunos pudessem vestindo terno e mostra serie-
dade. Possui cabelos levemente
ter tanto aulas teóricas quanto práticas.
penteados para o lado direito e
Ao analisar a dinâmica brasileira de povoa- não utiliza barba.
83
UNIDADE 3
“
Como a cultura de um grupo evolui, sua paisagem também evolui:
o mesmo suporte natural viu sucederem-se paisagens diferentes,
sendo cada uma reflexo da civilização do grupo em dado momento
de sua história. Assim a paisagem não é mais considerada como pro-
duto da geologia e do clima, mas como reflexo da técnica agrícola ou
industrial, da estrutura econômica ou social [...] (1940, p. 238-239).
Para este grande geógrafo, a paisagem reúne tanto os aspectos visíveis e físicos
quanto os invisíveis e humanos, tudo está relacionado. Dessa forma, é dever do
geógrafo observar a paisagem de acordo com todos os aspectos citados, dever este
que se torna complicado diante da grande dicotomia existente entre a Geografia
Física e Geografia Humana.
No ano de 1939, o curso de Geografia da USP foi desmembrado em duas
linhas de pesquisas: a Geografia Humana, de responsabilidade do Professor
Pierre Monbeig, e a Geografia Física, ocupada pelo Professor João Dias da Sil-
veira. A criação do Departamento de Geografia dentro da Faculdade de Filoso-
fia, Ciências e Letras da USP se fez somente no ano de 1946, e ele era unificado
com o curso de História. Somente em 1956, ocorreu o desmembramento entre
ambos os cursos.
Com o decorrer dos anos, a Geografia brasileira, tanto universitária quanto
escolar, sofreu grandes transformações nos aspectos teórico e metodológico.
Nas décadas de 40 e 50, a abordagem geográfica esteve direcionada para a
visão ufanista, ou seja, atender aos anseios de valorização da nação brasileira,
tornando a Geografia um veículo muito importante a serviço do Estado, uma
vez que o processo metodológico de ensino pautava-se na memorização dos
fenômenos geográficos.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
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UNICESUMAR
Elisée Reclus (1830/1905): foi geógrafo e anarquista francês. Seus trabalhos fo-
ram publicados em jornais, revistas e coletâneas. Ficou conhecido por sua obra em
torno da Geopolítica, intitulada de Nova Geografia Universal: a Terra e os Homens,
dividida em dez volumes. Escreveu também O Homem e a Terra, obra em cinco
volumes na qual analisou a relação dos grupos humanos com os meios que habitam.
Não era somente um observador da natureza, procurava sempre compreen-
der as leis que estão por trás do desenvolvimento humano. Foi discípulo de Karl
Ritter e mesmo com obras importantes, não foi projetado na França, já que passou
boa parte de sua vida exilado por razões políticas. Em 1970, com o surgimento
da Geografia Crítica (corrente de pensamento geográfico que estudaremos na
próxima unidade) suas obras passaram a ser valorizadas pelos geógrafos.
Vidal de la Blache (1845/1918): geógrafo francês, foi considerado fundador
da Moderna Geografia Francesa e da Escola Francesa de Geopolítica. Formado
em história e geografia em 1866, estudou também arqueologia grega por três anos.
Recebeu seu doutorado pela Sorbonne, em 1872, com tese em história antiga.
Ensinou na Universidade de Paris até sua aposentadoria.
Conforme já vimos anteriormente, caro(a) aluno(a), la Blache foi influencia-
do pelas obras alemãs. Produziu mais de vinte livros discutindo como o Estado
deve planejar a apropriação do espaço geográfico, considerando as características
físicas e humanas de seu território, sugerindo então a teoria Possibilista.
Em sua obra Princípios de Geografia Humana, la Blache coloca os funda-
mentos da teoria do gênero de vida, que discute o processo de adaptação do
ser humano às características do meio físico, analisando o comportamento das
populações em diversas áreas da superfície terrestre.
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UNIDADE 3
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UNICESUMAR
NOVAS DESCOBERTAS
89
1. A respeito da Geografia científica que se desenvolveu na Alemanha e na França, leia
o excerto a seguir:
a) Determinismo Geográfico.
b) Gênero de vida.
c) Ideografia.
d) Espaço Vital.
e) Países Pivô.
90
3. Friedrich Ratzel, ao aprimorar o conceito de Determinismo Geográfico, defendeu
que a terra é um elemento indispensável à vida humana e que a sociedade deve
ter recursos suficientes para supri-la, criando também a Teoria do Espaço Vital. As
características da referida teoria podem ser identificadas em:
4. Representada por Paul Vidal de La Blache, a escola francesa data da primeira metade
do século XX e é caracterizada por seu forte embate teórico com a escola alemã.
Sobre a escola francesa, leia as afirmações:
I - Esta escola francesa pode ser caracterizada, também, por seu aspecto hetero-
gêneo no que se refere às ideias de Vidal de La Blache.
II - Para os geógrafos franceses, o homem, dependendo das condições técnicas e
do capital que dispõe, pode exercer influência sobre o meio.
III - Sob a ótica da teoria Possibilista, o homem aparece como agente modelador do
espaço, se apropriando dos recursos naturais existentes.
IV - Um dos objetivos da escola francesa era o de explicar os fenômenos geográficos
sociais, ao invés de somente descrevê-los.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
91
4
Movimento de
Renovação
Me. Juliana Paula Ramos Boava
Figura 1 - Desmatamento em áreas da Floresta Amazônica. / Fonte: Agência Senado (2021, on-line)
Descrição da Imagem: a imagem é uma fotografia área que mostra uma extensão de floresta, na parte
superior da imagem há fumaça, e na parte inferior, um trecho de área destinada à agricultura. No centro
da floresta aparece uma área semelhante a um retângulo, demonstrando o desmatamento ocorrido.
94
UNIDADE 4
95
UNIDADE 4
tais correntes permitem que um mesmo fenômeno seja analisado sob perspec-
tivas diferentes.
A primeira corrente de pensamento geográfico, que pode ser destacada é a
Geografia Clássica (também chamada de Geografia Tradicional). Essa corrente,
por estar pautada no Positivismo, apresentava análises geográficas cuja carac-
terística principal era a descrição. Nesse contexto, durante um longo período os
estudos geográficos foram definidos por serem uma descrição do espaço.
A partir de 1950, a Geografia Clássica, mesmo ainda estando em seu auge,
começa a receber diversas críticas de geógrafos do mundo todo. Yves Lacoste,
importante geógrafo francês, demonstra sua grande insatisfação com a ciência
geográfica, alegando que os novos geógrafos estavam sendo inúteis para a so-
ciedade. Paralelo a isso, o mundo vivia o pós Segunda Guerra Mundial, período
caracterizado pela bipolaridade (países capitalistas versus países comunistas).
A guerra fria que se instaura entre Estados Unidos e União Soviética, devido à
ausência de conflito armado direto, fez com que a tecnologia fosse utilizada como
ferramenta para atingir o inimigo. Logo, tivemos uma “corrida” entre essas duas su-
perpotências, cujo ganhador seria aquele com melhor desenvolvimento tecnológico.
96
UNIDADE 4
97
UNIDADE 4
“
Rigor maior na aplicação da metodologia científica – baseada na
filosofia do positivismo lógico, a metodologia científica representa
o conjunto dos procedimentos aplicáveis à execução da pesquisa
científica. Pressupondo que haja a unidade da ciência, todos os seus
ramos devem se pautar conforme os mesmos procedimentos. Não
há metodologia específica para uma ciência, mas para o conjunto
das ciências. Há métodos científicos para a pesquisa geográfica, mas
não métodos geográficos de pesquisa. A abordagem da geografia
científica está baseada na observação empírica, na verificação de
seus enunciados e na importância de isolar os fatos de seus valores.
Ao separar os valores atribuídos aos fatos dos próprios fatos, a ciên-
cia procura ser objetiva e imparcial.
“
Uso de técnicas estatísticas e matemáticas – o uso de técnicas mate-
máticas e estatísticas para analisar os dados coletados e as distribui-
ções espaciais dos fenômenos foi uma das primeiras características
que se salientou na Nova Geografia, sendo empregada por muitos
trabalhos, como “Geografia Quantitativa”. O uso das técnicas de aná-
98
UNIDADE 4
99
UNIDADE 4
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um quadro, nele aparecem 3 losangos. Cada losango apresen-
ta uma característica dessa corrente de pensamento: maior rigor na aplicação da metodologia científica.
Uso de técnicas estatísticas e matemáticas. Resultante do Pós 2ª Guerra Mundial. A partir do terceiro
losango, temos uma flecha que conduz para uma observação: Marcado por profundas transformações
nos setores científico, tecnológico, social e econômico. Abaixo dos losangos, temos um mapa do Brasil,
representando apenas o contorno. No centro do mapa está escrito: No Brasil, o IBGE aparece como
órgão fundamental para realização de estudos quantitativos. Ao lado do mapa, temos um balão de fala
e o desenho de uma mulher. O balão diz: CRÍTICAS: Considera o todo; Não aborda particularidades; Não
explica o intervalo entre fenômenos.
100
UNIDADE 4
101
UNIDADE 4
“
- linha de orientação anarquista, centralizada na Universidade
de Simon Fraser e na de Clark, nesta última salientando o trabalho
de Richard Peet. Esta linha remonta suas origens aos trabalhos pio-
neiros de Peter Kropotkin e Elisée Reclus;
102
UNIDADE 4
103
UNIDADE 4
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um quadro com características da Geografia Crítica. No canto
superior esquerdo, temos uma imagem de Karl Marx e ao lado a escrita: Inicialmente, as obras de Karl
Marx são intensamente utilizadas como base para fundamentação das análises realizadas por geógrafos
críticos. A seguir, há uma figura representando uma cabeça tendo uma ideia, com o um balão de pensa-
mento e dentro dele uma lâmpada. Referente a figura aparece a descrição: essa corrente busca romper
a neutralidade nos estudos geográficos e propõe que haja olhar crítico a respeito de toda a conjuntura
social, econômica e política do mundo. Ao lado, temos uma figura representando um homem e moedas
que simbolizam dinheiro e abaixo dela a seguinte escrita: a Geografia Crítica aponta que as injustiças e as
desigualdades sociais e espaciais são resultados do capitalismo sobre a sociedade. No canto inferior es-
querdo, aparece uma imagem de bonecos palito levantando alguns cartazes. Ao lado a seguinte descrição:
a abordagem crítica na Geografia permitiu uma aproximação com os movimentos sociais, principalmente,
na busca da ampliação dos direitos civis e sociais.
104
UNIDADE 4
“
[...] está assentada na subjetividade, na intuição, nos sentimentos,
na experiência, no simbolismo e na contingência, privilegiando o
singular e não o particular ou o universal e, ao invés da explicação,
tem na compreensão a base de inteligibilidade do mundo real.
Visa compreender como cada indivíduo se sente em relação aos seus lugares e
enxerga o mundo. Nesta linha de pensamento, os conceitos de espaço e lugar são
de extrema importância. A noção de espaço está relacionada à percepção visual,
à materialização das relações entre homem e sociedade. Na fenomenologia, o
espaço, de acordo com Lencioni (2003, p.152):
“
É vivido e percebido de maneira diferente pelos indivíduos, uma das
questões decisivas da análise geográfica que se coloca diz respeito às
representações que os indivíduos fazem do espaço. Essa Geografia
procurou demonstrar que para o estudo geográfico é importante
conhecer a mente dos homens para saber o modo como se com-
portam em relação ao espaço.
105
UNIDADE 4
106
UNIDADE 4
Descrição da Imagem: representação de um mapa elaborado à mão livre, ou seja, sem escala pré-defi-
nida ou convenções cartográficas. O mapa representa o caminho para chegar a um tesouro. O caminho
aparece tracejado, inicia em uma embarcação e finaliza em uma ilha onde há um vulcão, um macaco e
um baú. No canto superior esquerdo há o desenho de uma caveira e no superior direito uma rosa dos
ventos. Distribuídas na área central da imagem aparecem: um coqueiro, um barril, uma ave, um tubarão,
uma montanha, um polvo, uma garrafa, um saco de lixo, uma espada e um crânio.
Yi-Fu Tuan foi o autor que mais trabalhou o conceito de lugar para a Geografia
Humanística. Para o autor, o lugar, na Geografia, pode ser analisado sob dois
sentidos: o de localização e de artefato único. Tuan coloca que:
“
[...] o lugar é o espaço que se torna familiar às pessoas, consiste no
espaço vivido da experiência. Como um mero espaço se torna um
lugar intensamente humano é uma tarefa para o geógrafo humanis-
ta “sic”, para tanto, ele apela a interesses distintamente humanísticos
como a natureza da experiência, a qualidade de ligação emocional
dos objetos físicos as funções dos conceitos e símbolos na criação
de identidade do lugar (TUAN, 1982 apud HOLZER, 1999, p.70).
107
UNIDADE 4
Tuan acrescentou à Geografia o conceito de Topofilia, que pode ser definido como
elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico. Difuso como conceito,
vívido e concreto como experiência pessoal” (TUAN, 1980, p. 4-5). E discutiu
também o termo Topocídio, sendo este a eliminação do significado cultural de
uma paisagem por uma sociedade.
Diante do exposto, temos uma corrente que merece atenção aos seguintes pontos:
108
UNIDADE 4
Mendonça (1993) afirma que por meio ambiente se entende a descrição do qua-
dro natural do planeta compreendido pelo relevo, clima, vegetação, hidrografia,
fauna e flora dissociadamente do homem. A Geografia, em sua origem, possuía
caráter determinantemente ambientalista, ou seja, a princípio, o homem não era
o principal objeto de estudo da ciência geográfica.
Como já discutimos, anteriormente, inúmeros geógrafos contribuíram para a
Geografia Naturalista, dentre eles destacamos Humboldt e Ritter. Ratzel, mesmo
tendo se destacado na geopolítica, produziu também descrições de lugares no
qual o quadro natural e humano estava dissociado.
Emmanuel de Martonne aprofundou os conhecimentos de Vidal de la Bla-
che no ramo da Geografia Física, além de subdividi-la em outros ramos, como
geomorfologia, climatologia, biogeografia, hidrografia etc.
Eliseé Reclus, ainda no final do século XIX, tentou produzir uma Geografia
de cunho ambientalista como a que se pretende produzir hoje, unindo-se a
militância política de cunho marxista e objetivando construir a ponte entre ho-
mem-natureza, de forma a preservar os recursos naturais (MENDONÇA, 1993).
109
UNIDADE 4
110
UNIDADE 4
GEOGRAFIA TÊMPORO-ESPACIAL
111
UNIDADE 4
37 minutos é o
Tempo
tempo máximo
disponível para
almoço
30 minutos
Espaço
Lugar de almoço
deve estar nessa
localização para
alcançar tempo
máximo de proveito
Descrição da Imagem: a imagem representa um plano cartesiano. O eixo x se refere ao tempo (30
minutos) e o eixo y ao espaço. No centro do plano há duas linhas com dois losangos no meio, que repre-
sentam a área de transição e, portanto, o tempo máximo que duas pessoas conseguiriam destinar para
almoçarem juntas.
112
UNIDADE 4
“
[...] uma ciência que interpreta as realidades da diferenciação de
áreas do mundo, tais como elas são encontradas, não somente em
termos das diferenças de certos elementos de lugar para lugar, mas
também em termos da combinação total dos fenômenos em cada
lugar, diferente daquelas que se verificam em cada um dos outros
lugares (HARTSHORNE, 1939, p.462).
113
UNIDADE 4
“
A renovação realizada na geografia cultural não deixará de abordar
o passado, mas há de se privilegiar o presente ou um passado não
muito longínquo. O que a nova abordagem tem de diferente é a
análise dos significados, atribuídos à espacialidade do homem. Seu
114
UNIDADE 4
Descrição da Imagem: Imagem inicia destacando: é possível identificar três fases dessa perspectiva de
pensamento. Abaixo da frase aparecem 3 retângulos com as seguintes frases: Século XIX e meados do
século XX: Alemanha e França. Década de 20: Estados Unidos, Sauer - Universidade de Berkeley. Entre
1960 e 1970: reformulação da Geografia Cultural. Busca por nova metodologia. Abaixo dos retângulos
as seguintes colocações: Os estudos voltados para a Geografia Cultural possuem uma característica es-
pecífica, não abordam apenas as questões relativas à cultura, como o próprio nome da corrente indica,
mas sim a espacialização de fenômenos culturais. Nesse sentido, busca-se compreender a apropriação
do espaço a partir de características dos grupos sociais, como a religião, por exemplo.
115
UNIDADE 4
PENSANDO JUNTOS
Como você pode perceber, nesta unidade nos propomos a discutir um tema de
muita relevância na Geografia, as diferentes correntes que fundamentam o pensa-
mento geográfico desde o seu surgimento. As correntes de pensamento discutidas
definem as características da Geografia ao longo de seu desenvolvimento. Essa
ciência, com o decorrer dos anos, passou por diversas transformações, desde o
objeto de estudo até os métodos e técnicas utilizadas para elaborar os trabalhos.
Com o surgimento da Nova Geografia, passaram a ser utilizados métodos
matemáticos na interpretação de fenômenos, algo que até então não havia sido
praticado. Porém essa corrente começou a ser criticada por alguns geógrafos, pois
a utilização da matemática e estatística não permitia que fossem interpretadas
observações durante o intervalo dos fenômenos.
Surgem, então, correntes mais focadas nos indivíduos, como a Geografia Hu-
manística, que discute a relação do homem com o lugar, e a Geografia Radical
focada nas problemáticas sociais geradas pelo modo de produção capitalista.
Além da Geografia Idealista e Têmporo-Espacial. No campo da natureza, temos
a Geografia Ambiental. Todas as correntes analisadas demonstram a gama de
possibilidades de estudo da ciência geográfica, que pode estar focada somente
na natureza, no homem ou na relação de ambos.
116
UNIDADE 4
CORRENTES DO Geografia
Geografia PENSAMENTO Humanista
Cultural
GEOGRÁFICO
Geografia
Ambiental
Geografia
Geografia Geografia
Têmporo-
Regional Idealista
Espacial
NOVAS DESCOBERTAS
117
1. Leia o excerto de texto que segue:
O tema da cultura nos anos 60, ou mesmo, os anos 60 como fenômeno cul-
tural em si, parece infindável. No caso brasileiro, esse tema vem modulado
por um entorno especial: a emergência de golpes militares que desestabili-
zaram por longos anos o regime democrático e a liberdade de livre expres-
são entre nós. Por outro lado, surgiram as descobertas ícones da década
que teriam acelerado uma revolução comportamental, entre elas a chegada
à lua, a pílula anticoncepcional, Mary Quant e sua mini saia, ou o imbatível
tema dos efeitos da já histórica liberação sexual e o slogan “sexo, drogas e
rock & roll”. No contexto político internacional, desde o final dos anos 50, a
Europa vinha assistindo a uma inédita sucessão de guerras de descoloniza-
ção que alteraram de forma definitiva o perfil não apenas econômico, mas
sobretudo cultural do chamado Primeiro Mundo. A sequência foi mais ou
menos essa: Em 1957, Independência de Gana. Em 59, independência das
colônias francesas ao sul do Sahara. Em 61, o assassinato de Lumumba e a
agonia do Congo. Em 62, a Revolução da Argélia. Portanto, os anos 60, foi o
momento em que todos esses “nativos” tornaram-se seres humanos. Essa
sim, uma autêntica revolução de repercussão política tanto nas políticas
externas das metrópoles quanto nas políticas internas das diversas socie-
dades nacionais. Ou seja, as guerras de descolonização naquele momento
definiram mudanças significativas no que diz respeito aos súditos externos
e a cultura dos anos 60 é lembrada até os dias atuais pelas características
que deixou na história mundial.(HOLLANDA, s/d, online).
HOLLANDA, H. B. de. Descobertas, sonhos e desastres nos anos 60. Itaú Cultural,
2004. Disponível: https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/zuzu-angel/anos-de-
-chumbo/?content_link=15. Acesso em: 15 dez. 2021.
118
a) A década de 60 foi marcada pelo surgimento das correntes do pensamento geo-
gráfico denominadas de naturais, pois estavam preocupadas em compreender a
relação do homem com a sustentabilidade.
b) O período denominado de anos de ouro foi importante para a geografia cultural,
visto que o rock, a bossa nova e o samba influenciaram as pesquisas sobre grupos
culturais e como eles se comportavam.
c) A década de 60 foi o momento em que surgiu na Geografia correntes alternativas
do pensamento geográfico, diferente das tradicionais, entre elas, podemos citar
a geografia idealista, a geografia da percepção e a geografia ambiental.
d) Com o início da ditadura militar e o incentivo ao ensino técnico e matemático,
surgiu no Brasil a geografia quantitativa, corrente do pensamento geográfico, que
tornou a disciplina nos cursos de engenharia e licenciatura.
e) Tanto em contexto nacional e internacional, a década de 60 foi o período em que
houve um progressivo desenvolvimento tecnológico, surgindo os Sistemas de
Informações Geográficas (SIG), bem como a disponibilização de mapas digitais.
119
3. Um geógrafo foi contratado por uma empresa responsável pelo transporte público
de uma cidade para identificar os problemas do transporte e a dinâmica de viagens
dos moradores, por exemplo, os horários de pico, bem como as características sociais
desse grupo: gênero, renda, idade, estado civil, religião, raça etc., ou seja, caracterís-
ticas importantes para compreender a mobilidade das pessoas no espaço urbano.
Desse modo, todo trabalho, técnico ou acadêmico, exige uma corrente de pensa-
mento para fundamentar as suas ideias, portanto considere a alternativa correta que
corresponde à corrente de pensamento geográfico mais adequada para contribuir
com o trabalho desse geógrafo.
a) A geografia urbana contribuiria para o geógrafo por ser a área da geografia que
estuda todos os elementos urbanos, como características de moradia, organiza-
ção dos bairros, agentes do espaço urbano, infraestrutura etc.
b) A geografia crítica é a corrente do pensamento geográfico mais viável para atender
à solicitação do geógrafo, visto que a sua teoria possibilita questionar as questões
sociais e assim esclarecer as dúvidas mais problemáticas.
c) A geografia política é o ramo da ciência geográfica mais adequado para o geógra-
fo planejar o seu trabalho, pois auxilia nas questões relacionadas às diferenças
populacionais de um determinado espaço.
d) A geografia têmporo-espacial é a corrente do pensamento geográfico, que per-
mite o geógrafo fundamentar o seu trabalho a partir de variáveis como tempo e
espaço, bem como levantar as características sociais de determinados grupos.
e) A geografia tecnológica ainda é pouco utilizada pelos geógrafos, no entanto, ela
contribui para fazer levantamentos de informações de um determinado espaço
apenas por meio de aplicativos.
120
5
A Geografia
Brasileira
Me. Juliana Paula Ramos Boava
122
UNICESUMAR
“
Os professores ensinariam a ler, a escrever, as quatro operações de arit-
mética, a gramática da língua nacional, os princípios de moral cristã e
de doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionadas
à compreensão dos meninos, preferindo, para o ensino da leitura, a
Constituição do Império e História do Brasil (BRASIL, 1997, p.19).
123
UNIDADE 5
“
O objetivo da História escolar tem sido o de entender as organiza-
ções das sociedades em seus processos de mudanças e permanência
ao longo do tempo e, nesse processo, emerge o homem político, o
agente da transformação entendido não somente como indivíduo,
mas também como sujeito coletivo: uma sociedade, um Estado, uma
nação, um povo.
A Geografia enquanto disciplina escolar, segundo Costa e Souza (2012), tem por
objetivo permitir que o aluno compreenda de maneira mais ampla a realidade
124
UNICESUMAR
geográfica. Pode-se traduzir este objetivo como uma abordagem maior da pai-
sagem, do território e do lugar com base na leitura do espaço geográfico, tanto
no aspecto natural quanto no construído pelo homem. Observa-se que o papel
da Geografia, de maneira mais ampla, consiste no estudo do Espaço Geográfico,
a fim de fazer com que o aluno compreenda o espaço em que vive, bem como as
relações existentes entre esse espaço e a sociedade.
Conforme já mencionado anteriormente, no Brasil, a Geografia escolar tem
início antes da científica, ou seja, começou a ser trabalhada nas escolas, porém
sem apresentar cursos de formação específica na área. O cenário se modifica so-
mente a partir da criação do Curso Livre Superior em Geografia em 1929, e, pos-
teriormente, com a criação do curso de Geografia na Universidade de São Paulo.
A partir desse processo, a Geografia científica ganha força no país, sendo
conduzida, inicialmente, por professores trazidos da França, como Pierre Deffon-
taines e Pierre Monbeig. Nesse sentido, é nítida a contribuição da escola francesa
para o fortalecimento da ciência geográfica no Brasil.
Assim como no cenário mundial, a Geografia científica brasileira também
acompanhou as transformações que ocorreram no pensamento geográfico, evo-
luindo da Geografia Clássica para diferentes perspectivas, como a Nova Geogra-
fia, Geografia Crítica, Geografia Humanística e Cultural.
A Geografia Clássica é fruto dos interesses de cada país. Tais interesses estão
diretamente ligados aos anseios de determinados grupos, como a burguesia, por
exemplo. A fim de atender essa categoria, de acordo com Corrêa (1986), as gran-
des navegações, realizadas por países como Portugal, Espanha, França e outros, se
intensificaram entre os séculos XV e XVI e resultaram na colonização de diversas
áreas, dentre elas, o território brasileiro. Desse modo, temos o início do processo
de colonização das terras brasileiras pela Coroa portuguesa, a fim de explorar as
riquezas existentes no espaço.
Em um primeiro momento, toda a literatura geográfica aparece voltada para
descrição, distribuição e localização do espaço geográfico brasileiro. Neste con-
texto, somente a partir das décadas de 40 e 50, se inicia a primeira geração de
geógrafos brasileiros, formados após a criação dos cursos de Geografia na Uni-
versidade de São Paulo e Federal do Rio de Janeiro e que foram responsáveis pela
elaboração de importantes estudos a respeito do Brasil.
Paralelo a esse cenário de surgimento dos primeiros geógrafos formados no
Brasil, a Geografia, em um contexto geral, passa por transformações. Tais mu-
125
UNIDADE 5
Como resultado dessa inquietação temos a criação da Nova Geografia, que surge
em um contexto de pós-segunda guerra mundial e apresenta como característica
principal a utilização da matemática e da estatística nos estudos geográficos. No
Brasil, essa transformação no pensamento geográfico aparece no destaque de um
importante órgão: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Entre as décadas de 50 e 70, o IBGE atingiu seu período áureo, sendo que
entre 1960 e 1970, segundo Lamego (2014, p. 3), “despontou como um dos nú-
cleos difusores da geografia quantitativa brasileira, junto ao Núcleo de Rio Claro,
formado por professores da UNESP, como Antonio Christofoletti e Alexandre
Filizola Diniz”. A referida autora ainda ressalta:
“
Diversos elementos convergiram para tornar o ano de 1969 cru-
cial para o desenvolvimento da geografia quantitativa ibgeana. A
aproximação com a geografia anglo-americana por meio da visita
de geógrafos estrangeiros, a grande mudança administrativa, mu-
danças nos cargos de chefia, ascensão de novos grupos são alguns
desses elementos cujos desdobramentos possibilitaram a adoção e
a difusão da geografia quantitativa no IBGE.
126
UNICESUMAR
127
UNIDADE 5
128
UNICESUMAR
NOVAS DESCOBERTAS
“
A década de 60 marca um momento na geografia brasileira em que
se contrapõem duas grandes tendências. No Rio de Janeiro desen-
volve-se, no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
a chamada New Geography ou Geografia Quantitativa que passa
a influenciar a maioria das pesquisas. De fundamentação mate-
mática, esses trabalhos viam a realidade a partir da perspectiva da
regularidade dos fenômenos no espaço, fazendo da técnica um fim
em si mesma, enquanto na Universidade de São Paulo, as pesquisas
tomavam um rumo diverso. Contrapondo-se às ideias esposadas
por Berry e fiéis à escola francesa de interpretação da realidade, de-
senvolvem-se as pesquisas baseadas nos fundamentos da chamada
Geografia Ativa, sob a influência de Pierre George - que nasce da
constatação da extrema mobilidade das situações atuais, conduzin-
do a um estudo ativo que pode inspirar ou guiar as ações e, que a
meu ver, prepara o caminho das grandes transformações do final
dos anos 70 na Geografia brasileira” (CARLOS, 2002, p.164).
129
UNIDADE 5
Descrição da Imagem: a imagem apresenta 3 quadros, cada um deles descreve um evento. Há duas se-
tas que indicam a transição de um quadro para o outro. Nos quadros aparecem as seguintes descrições,
quadro 1: Pesquisas no Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da Universidade da Bahia.
Quadro 2: Boletim Paulista de Geografia, na década de 1970, utilizado para lançar o movimento e marcar
a afirmação da corrente no Brasil. Quadro 3: 3º Encontro de Geógrafos, organizado pela Associação dos
Geógrafos Brasileiros (AGB), ocorrido em 1978, em Fortaleza.
“
[...] a geografia crítica provocou o renascimento da geografia política, des-
vinculada da geopolítica, que voltou a considerar o papel do Estado na
produção e reprodução do seu espaço interno, em “estudos que vieram
contribuir para que o planejamento deixasse de ser muito tecnocrático
e passasse a levar em conta características e interesses regionais e locais”.
130
UNICESUMAR
Neste contexto, podemos afirmar que a Geografia Crítica apresenta seu foco na
interpretação dos problemas identificados no espaço geográfico, considerando
o impacto das relações de produção na forma como a natureza foi apropriada e
transformada nas últimas décadas, bem como seus efeitos na esfera social.
No que se refere à Geografia Humanística, no Brasil, essa corrente começa
a ganhar força a partir da década de 70, quando a professora Lívia de Oliveira,
da UNESP de Rio Claro, começa a traduzir trabalhos escritos em outros países
acerca dessa perspectiva de análise. Para Oliveira (2001, p. 23):
“
A Geografia Humanista trouxe novas luzes e abriu novas possi-
bilidades para a compreensão de se encontrar as respostas para a
construção de valores e atitudes para se enfrentar os novos desafios
que se instalam a cada momento. Os desafios atuais são: a cren-
ça infalível na ciência e na tecnologia; a coletividade baseada nos
pressupostos insensíveis nas estruturas sociais; e erguer um edifício
fundamentado na nova ética das relações humanas e ambientais.
PENSANDO JUNTOS
131
UNIDADE 5
132
UNICESUMAR
133
UNIDADE 5
Amazônico
Terras baixas
Florestas equatoriais
Cerrados
Chapadões tropicais interiores
com cerrados e matas-galerias
Mares de morros
Áreas mamelonares
tropical-atlânticas forestadas
Caatingas
Depressões intermontanas e
interplanalticas semi-áridas
Araucárias
Planaltos subtropicais
com araucárias
Pradarias 0 595 1190 km
Coxilhas subtropicais
com pradarias mistas 1 cm - 595 km
Áreas de transição
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o mapa do Brasil e a área de abrangência de cada um dos
domínios morfoclimáticos. Na lateral do mapa está destacado o nome de cada domínio: Amazônico,
Cerrado, Mares de Morros, Caatinga, Araucária, Pradaria e Áreas de transição.
134
UNICESUMAR
135
UNIDADE 5
Ao final da década de 70, suas publicações estiveram voltadas para análises epis-
temológicas da Geografia, principalmente, a respeito das categorias de análise
dessa ciência e discussões sobre o espaço geográfico e a necessidade de renovar
a Geografia científica no território brasileiro.
Para Milton Santos, o espaço geográfico passou por três diferentes fases: o
meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional.
Até o século XVIII, temos o meio natural, já que a transformação do espaço não
havia sido significativa. Na medida em que o homem evolui, o espaço geográfico
passa a ser transformado, pode-se perceber então que cada vez mais surgiam
objetos artificiais no espaço, como estradas, ruas, edificações etc. Na fase capita-
lista, o espaço atinge o auge do meio técnico-cientifico-informacional, pois são
necessárias modernas redes de telecomunicações, infraestrutura de transporte e
fábricas para manter as relações entre lugares. Dessa forma, aliada a esta fase do
espaço geográfico, temos também a Globalização.
Milton Santos
Que tal dialogarmos um pouco mais sobre a contribuição de
Milton Santos para a Geografia crítica brasileira? Acesse o
QR Code para ampliar o seu conhecimento sobre o assunto.
136
UNICESUMAR
“
[..] um geógrafo brasileiro da segunda metade do século XX, atual-
mente, procurando encerrar uma carreira que, ultrapassando os 80
anos de idade e 60 de militância na Geografia que se faz no Brasil,
há que recorrer a uma visão sumariada e sintética. Quando ingressei
no Curso de Geografia e História na antiga Faculdade Nacional de
Filosofia da então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, gra-
ças a Fundação das Faculdades de Filosofia no Rio de Janeiro e em
São Paulo, já estávamos na vigência de uma “geografia científica” há
um decênio. Além da Geografia praticada na Sociedade Brasileira
de Geografia e nos Institutos Históricos e Geográficos, da Nação e
dos Estados vigorava, naquele então, uma “geografia científica”, tu-
telada pela Escola Francesa podendo ser rotulada pelos superiores
mestres Vidal de la Blache e Emmanuel de Martonne. Estudando
Geografia e História (1947-1950) e trabalhando como auxiliar de
Geógrafo (1948) no Conselho Nacional de Geografia do então Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (obra da Ditadura
Vargas, de 1937), desfrutando de uma Bolsa de Estudos do Governo
Francês em Paris e Rennes (1951-1953) iniciei minhas atividades
num período de expansão dessa “nova” Geografia que progredia no
Brasil graças à ação tríplice das Faculdades de Filosofia, do Conse-
lho Nacional de Geografia do IBGE e da Associação dos Geógrafos
Brasileiros. A primeira “formadora” de Geógrafos; o segundo aco-
lhendo profissionalmente aqueles que praticavam uma ciência cuja
pesquisa era considerada como básica para a ação governamental e
ligada diretamente à Presidência da República; e a terceira promo-
vendo encontros anuais em diferentes cidades brasileiras durante os
quais se incorporavam tanto praticantes das ciências afins como da
Geografia Tradicional, incorporando-se, como “agebianos”, à nova
geografia (2010, p. 01).
137
UNIDADE 5
138
UNICESUMAR
“
Quando tinha 8-10 anos, passava horas e horas, sobretudo nos dias
de chuva, analisando um Atlas que havia na minha casa. Procurava
ver a localização dos países, rios, montanhas e cidades. Aos 10-11
anos orgulhava-me de saber quais eram os 48 Estados norte-ame-
ricanos, lembro-me ainda de que nesta ocasião, criei um país ima-
ginário que tinha rios, montanhas, cidades, produção agrícola etc.
Em 1960 foi aprovado no último concurso público realizado pelo Conselho Na-
cional de Geografia (atualmente, conhecido como IBGE). Sua trajetória no IBGE
foi de extrema importância para o desenvolvimento das pesquisas, bem como
para a difusão e incorporação da Geografia Quantitativa no Brasil.
139
UNIDADE 5
JURANDYR LUCIANO
SANCHES ROSS (1947) - É um
geógrafo formado pela Universidade
de São Paulo (1972), com mestrado,
doutorado e livre docência em
Geografia Física (1987) pela mesma
universidade. Atuou como consultor
em projetos de construção de grandes Figura 07 - Jurandyr Ross
hidrelétricas, além de realizar Fonte: Wikimedia Commons ([2022, on-line).
pesquisas socioambientais e projetos Descrição da Imagem: a imagem é uma foto-
importantes, dentre eles o Programa grafia que apresenta um homem de meia idade.
Ele usa óculos e tem barba. Está vestindo cha-
de Proteção das Florestas Tropicais.
péu, jaqueta e camisa por baixo. Ao fundo, apa-
Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti da rece um solo arenoso. O homem está agachado.
Descrição da Imagem: a imagem é uma fotografia que apresenta uma mulher de meia idade. Ela usa
óculos e está vestindo camisa social e um colar longo. Está com os braços cruzados sobre a mesa, sendo
possível identificar parte do seu relógio e anel em dois dedos. Ao fundo aparecem objetos como itens de
decoração, um quadro e alguns materiais enrolados e lado a lado.
140
UNICESUMAR
“
Em 1989, foi incentivada pelo professor Nilton Santos a fazer pós-
-doutorado na França. Acabou realizando dois trabalhos: em 1989,
na Universidade Paris-5 Descartes e em 1992, na Universidade de
Paris-1 Sorbonne. Fani explica por que a França foi o local ideal para
os trabalhos de pós-doutorado: “A Geografia na USP foi fundada
por franceses e a linha francesa na geografia humana é muito forte,
tenho estreitos laços com essa visão da geografia”.
A professora criou o GESP - Grupo de Estudos sobre São Paulo, que se dedica a
abordar sua área de atuação. O grupo possui uma editora on-line, que disponi-
biliza suas publicações no site, para que outros pesquisadores possam ter acesso
à linha teórico-metodológica. Ana Fani destaca que é importante que todo o
material produzido pelo grupo seja facilmente acessado.
Além de grandes nomes da Geografia brasileira, ainda temos mais um aspecto
a ser ressaltado para a compreensão da geografia científica no Brasil, a Associação
dos Geógrafos Brasileiros - AGB, que consiste em uma entidade civil, sem fins
lucrativos, que reúne profissionais da Geografia, como geógrafos, professores e
141
UNIDADE 5
Foi criada em 1934, na cidade de São Paulo, no mesmo ano em que a Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo inseriu os cursos
de Geografia e História na instituição paulistana. Teve como fundador Pierre
Deffontaines. Inicialmente, a associação abrangia apenas o estado de São Paulo.
Muitos ícones intelectuais e de renome como Pierre Monbeig, Caio Prado
Júnior, Rubens Borba de Morais e Luiz Fernando Morais Rego participaram não
só na formação, como na consolidação da AGB. A partir do ano de 1944, a AGB
começou a alcançar dimensões nacionais, agregando um público mais diversifi-
cado, como profissionais, estudantes e colaboradores de todo território brasileiro.
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Bahia foram os primeiros
estados a sediarem seções regionais. Em Lorena, município do estado de São
Paulo, foi realizada a primeira reunião nacional no ano de 1946, sendo realizada
anualmente até o ano de 1955. No ano seguinte, a AGB promoveu o XVIII Con-
gresso Internacional de Geografia da União Geográfica Internacional (UGI).
142
UNICESUMAR
Até as primeiras décadas de 70, a AGB continha uma associação formada predo-
minantemente por pesquisadores. Em uma reunião realizada na capital cearense
em 1978, iniciaram-se as primeiras mudanças nas perspectivas da AGB, uma vez
que o movimento estudantil na época estava muito expoente. Houve renovações
internas e administrativas da associação, que passou a se preocupar com as lutas
dos direitos humanos e com o processo de democratização do Brasil.
Desde a fase turbulenta do Regime Militar do Brasil (1964 a 1985) até os
dias atuais, a AGB passou a direcionar seus objetivos na promoção do conhe-
cimento científico a partir da troca de ideias entre seus associados a partir de
intercâmbios e diálogos, que ocorrem em fóruns de discussões, reuniões regu-
lares, publicações em Anais em Congressos e Encontros e em revistas científicas
espalhadas por todo o Brasil.
Caro(a) aluno(a), no decorrer desta última unidade, procuramos passar a
você um panorama da Geografia Brasileira. Para tanto, destacamos o processo de
consolidação da Geografia científica, a criação de órgãos e associações e também
alguns dos principais pensadores da ciência geográfica.
A Geografia como ciência só se consolidou no Brasil a partir do século XX,
então, podemos colocá-la como recente. Um dos fatores que mais contribuiu para
essa consolidação foi a criação do curso de Geografia em Universidades como a
USP e UFRJ. Cabe lembrar que essa criação é resultante da Revolução de Trinta,
quando o aspecto educacional também foi colocado em questão.
Na formação dos cursos de Geografia, tivemos grande influência de geógrafos
franceses e, por conseguinte, da escola francesa, fundamentada no Possibilismo
de Vidal de la Blache. Diante da necessidade de organização e tabulação de dados
do território brasileiro, foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca, órgão que atualmente muito colabora para a obtenção de dados referentes à
população, municípios, estados e regiões do Brasil.
Destacamos alguns dos principais nomes para a Geografia Brasileira, como
Aziz Ab’Saber, Milton Santos, Carlos Augusto Monteiro e Bertha Becker. Cada
um deles fizeram importantes contribuições à ciência geográfica, sistematizan-
do e analisando informações tanto do caráter físico quanto ambiental. Deve-
mos deixar claro que estes são apenas uma pequena parcela dentre os grandes
autores da nossa Geografia!
143
UNIDADE 5
NOVAS DESCOBERTAS
144
Elabore um Mapa Mental sobre a difusão das correntes do pensamento geo-
gráfico na Geografia brasileira. Você pode utilizar as seguintes palavras-chaves
para conduzir a realização do seu mapa: pensamento geográfico brasileiro; Nova
Geografia; Geografia Crítica; Geografia Humanística; Geografia Cultural.
Destaque pontos que são essenciais para a compreensão desse assunto!
Para desenhar seu mapa, uma sugestão de ferramenta gratuita é o www.goconqr.
com.
Vamos lá, mão na massa!
Nova
Geografia
CORRENTES DO
Geografia Geografia
PENSAMENTO
Cultural Humanística
GEOGRÁFICO
Geografia
Crítica
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150
LAMEGO, M. O IBGE e a geografia quantitativa brasileira. Terra Brasilis, n. 3, 2014. Disponível
em: https://journals.openedition.org/terrabrasilis/1015. Acesso em: 25 fev. 2022.
OLIVEIRA, L. de. Percepção do meio ambiente e Geografia. OLAN – Ciência & Tecnologia, Rio
Claro, v.1, n. 2, p. 14-28, nov. 2001.
WIKIMEDIA COMMONS. Jurandyr L. S. Ross. Wikimedia Commons, [2022]. Disponível em: ht-
tps://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jurandyr_L._S._Ross.jpg. Acesso em: 25 fev. 2022.
WIKIMEDIA COMMONS. Milton Santos (TV Brasil). Wikimedia Commons, [2022]. Disponível
em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Milton_Santos_(TV_Brasil).jpg. Acesso em: 25 fev.
2022.
151
UNIDADE 1
UNIDADE 2
1. B. A segunda afirmação está incorreta ao colocar que já durante a Idade Média ini-
ciaram os estudos quantitativos em Geografia, característica essa que faz parte da
Geografia Moderna, no pós-Revolução Teorética e Quantitativa.
152
UNIDADE 3
1. D. As lacunas podem ser preenchidas com Friedrich Ratzel e Vidal de la Blache, uma
vez que aborda a discussão da visão de alemães e franceses sobre a sociedade e o
espaço geográfico.
2. B. Vidal de la Blache propôs a teoria do Gênero de Vida, ou seja, como o homem pode
se adaptar ao meio para garantir sua sobrevivência. Determinismo Geográfico e Es-
paço Vital foram propostos por Friedrich Ratzel. Já o conceito de Países Pivô remete
ao mapa elaborado por Halford Mackinder.
3. D. A teoria do Espaço Vital pode ser definida como a fração do território necessária
para o desenvolvimento de um povo, do ponto de vista social e econômico. Nas de-
mais alternativas não aparece que a teoria é composta pelo território e a forma como
o mesmo é aproveitado.
4. C. Estão corretas I, II e III. A afirmação IV está incorreta ao salientar que a escola fran-
cesa objetivava explicar fenômenos sociais, quando o objetivo estava em analisar
aspectos naturais da superfície terrestre.
UNIDADE 4
1. D. As lacunas podem ser preenchidas com Friedrich Ratzel e Vidal de la Blache, uma
vez que aborda a discussão da visão de alemães e franceses sobre a sociedade e o
espaço geográfico.
2. B. Vidal de la Blache propôs a teoria do Gênero de Vida, ou seja, como o homem pode
se adaptar ao meio para garantir sua sobrevivência. Determinismo Geográfico e Es-
paço Vital foram propostos por Friedrich Ratzel. Já o conceito de Países Pivô remete
ao mapa elaborado por Halford Mackinder.
3. D. A teoria do Espaço Vital pode ser definida como a fração do território necessária
para o desenvolvimento de um povo, do ponto de vista social e econômico. Nas de-
mais alternativas não aparece que a teoria é composta pelo território e a forma como
o mesmo é aproveitado.
4. C. Estão corretas I, II e III. A afirmação IV está incorreta ao salientar que a escola fran-
cesa objetivava explicar fenômenos sociais, quando o objetivo estava em analisar
aspectos naturais da superfície terrestre.
153
UNIDADE 5
Nova No Brasil
representada
Geografia
pelo IBGE.
CORRENTES DO
Geografia Geografia
PENSAMENTO
Cultural Humanística
GEOGRÁFICO
Estudos em
diferentes esferas, Geografia Início com a
como religião, Crítica tradução das obras
teatro, literatura e de Yi-Fu Tuan pela
suas relações com professora Lívia de
a Geografia. Oliveira.
Análise do espaço
com foco na
apropriação da
natureza em prol do
desenvolvimento
da sociedade.
154