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Créditos Institucionais
Presidente do Conselho de Administração:
Janguiê Diniz
Diretor-presidente:
Jânio Diniz
Diretoria Executiva de Ensino:
Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos:
Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância:
Enzo Moreira
2019 by Telesapiens
Todos os direitos reservados
A AUTORA
ALINE LÚCIA NOGUEIRA MEDEIROS
Olá. Meu nome é Aline Lúcia Nogueira Medeiros. Sou
mestra (2017) e bacharela (2014) em Geografia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). Sou pesquisadora do
Núcleo de Pesquisa em Geografia Humanista (NPGEOH) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desde 2014,
através do qual atuo academicamente nas áreas de história
do pensamento geográfico; geografia cultural e humanista; e
ensino de geografia. Atuo profissionalmente como geógrafa,
elaborando e executando projetos de assessoria técnica na área
em Organização não-governamental. Possuo experiência em
elaboração de conteúdo para Educação à Distância e já atuei
como professora do magistério superior na Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em Diamantina
– MG, em 2018. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho.
Conte comigo!
O AUTOR
IVO VENEROTTI
Olá. Meu nome é Ivo Venerotti. Sou professor e doutor em
geografia, com mais de 10 anos de experiência em projetos de
ensino, dedicado à relação das pessoas com o espaço geográfico.
Atuei em universidades, escolas públicas e em pré-vestibular
comunitário. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho.
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem
significam:
OBJETIVO OBSERVAÇÃO
Breve descrição Uma nota explicativa
do objetivo de + sobre o que acaba de
aprendizagem; ser dito;
CITAÇÃO RESUMINDO
Parte retirada de um Uma síntese das
texto; últimas abordagens;
TESTANDO DEFINIÇÃO
Sugestão de práticas ou Definição de um
exercícios para fixação conceito;
do conteúdo;
IMPORTANTE ACESSE
O conteúdo em destaque Links úteis para
precisa ser priorizado; fixação do conteúdo;
PALAVRA DO
REFLITA
AUTOR
Uma opinião pessoal e O texto destacado
particular do autor da deve ser alvo de
obra; reflexão.
SUMÁRIO
UNIDADE 1
O Que é Geografia.................................................................10
A Geografia é nosso dia a dia .................................................10
A Geografia é uma ciência .....................................................16
Como surgiu a ciência geográfica ..........................................17
As diferentes concepções de ciência geográfica ....................20
Geografia tradicional.....................................................21
Geografia quantitativa ..................................................23
Geografia crítica ...........................................................25
Geografia humanista......................................................27
Ciência Geográfica e Ensino de Geografia..........................30
A ciência geográfica no Brasil................................................30
A ciência geográfica e a geografia escolar..............................34
Práticas didático-pedagógicas ................................................38
Cultura escolar ......................................................................40
O Objeto de Estudo da Geografia.......................................43
O espaço geográfico................................................................44
Diferentes escalas .................................................................50
A paisagem..............................................................................52
O lugar....................................................................................56
A região...................................................................................59
Metodologia de Ensino de Geografia 7
01
UNIDADE
ANOS INICIAIS
8 Metodologia de Ensino de Geografia
INTRODUÇÃO
Você sabia que a Geografia que aprendemos nas escolas não
é igual a Geografia científica? Que o nosso dia a dia é recheado
de experiências geográficas, que podem e devem ser utilizadas
nas salas de aulas? Isso mesmo! Chamamos de geografia
do nosso dia a dia, pois todas as nossas vivências acontecem
no espaço e se relacionam com ele. Essa geografia pode ser
mobilizada no aprendizado de forma a desenvolver a capacidade
de leitura do mundo e a orientação espacial dos alunos. Para isso,
precisamos utilizar alguns conceitos geográfico, como espaço,
lugar, paisagem, território, escala, que nos permitem entender os
fenômenos e as relações entre eles que transformam e criam o
mundo que nós conhecemos. Tanto a Geografia científica quanto
a Geografia escolar são áreas que produzem conhecimentos e
leituras de mundo específicas, que nos ajuda a compreender
melhor o mundo. Mas elas são diferentes! Cada uma possui sua
origem, sua história e seus autores principais. Entendeu? Ao
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Metodologia de Ensino de Geografia 9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:
O Que é Geografia
OBJETIVO
Fonte: Pixabay
ACESSE
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
Geografia tradicional
A geografia tradicional é a denominação da forma de
fazer ciência geográfica que surge, no século XVIII, com a
criação dos cursos de geografia nas universidades europeias.
É, por isso, nomeada assim. Ela se relaciona com um método
científico positivista, que valoriza a materialidade da existência
humana e análise dessa realidade a partir da segmentação em
temas. Ela se relaciona com a geografia do nosso dia a dia a
partir da observação, da descrição e da classificação dos fatos
encontrados. Embora essa forma de se fazer ciência geográfica
tenha surgido no século XVIII, ela existe até hoje, mesmo não
sendo predominante nas universidades.
Os principais autores dessa concepção são: Paul Vidal de
la Blache, na França, e Friedrich Ratzel, na Alemanha.
Vidal de La Blache foi um francês, que viveu de 1845
até 1918. Ele era considerado um historiador, com um discurso
cultural (focado na materialidade das diferentes culturas). Ele
compreendia a natureza como um espaço aberto às possibilidades.
Compreendia a Geografia como a relação do homem com o
meio. Valorizava os mapas e trabalhava principalmente com o
conceito de região. Suas obras se estabelecem em duas linhas: a
Geografia Regional, formatada a partir da criação de um método
regional, sistematizado em seu livro Quadro da geografia da
22 Metodologia de Ensino de Geografia
Geografia quantitativa
A geografia quantitativa surgiu a partir da busca por novos
conceitos e metodologias para ciência geográfica, novas formas
de se realizar a leitura do mundo, mas a partir de um mesmo
método positivista (ou hipotético-dedutivo). Ela rompe com a
visão tradicional da geografia, que enfatizava o empirismo, a
descrição e a análise posterior. A geografia quantitativa surge,
especialmente, nos Estados Unidos e na Inglaterra, no final do
século XIX. A partir dela, são incorporados à ciência geográfica
(ou criados) métodos estatísticos de análise dos mercados
como fator de localização de indústrias e para correlação de
vários índices de fenômenos urbanos; processos cartográfico-
estatísticos combinados, que buscam estabelecer a vinculação
entre fenômenos presumivelmente relacionados entre si. De
maneira que há uma aproximação com a estatística, a cartografia,
buscando rapidez e exatidão nas correlações espaciais. Essa
concepção geográfica gerou linhas próprias de desenvolvimento
do pensamento, como a cartografia moderna e, posteriormente,
o geoprocessamento.
Seu principal autor foi Richard Hartshorne, um geógrafo
estadounidense nascido em 1899 e falecido em 1992. É o autor
de “A natureza da Geografia” (The Nature of Geography) (1939)
e “Perspectivas da natureza da geografia” (Perspective on the
Nature of Geography) (1959). Hartshorne desenvolveu um
novo conceito de espaço, como sendo apenas um receptáculo
que contém as coisas. Ele incentiva também a apropriação pelos
geógrafos de diferentes métodos estatístico e matemáticos.
No Brasil, foi no final da década de 60 e na década de
70, que ocorreram as primeiras tentativas de rompimento com
a Geografia feita e ensinada até então, isso principalmente
24 Metodologia de Ensino de Geografia
SAIBA MAIS
Geografia crítica
A geografia crítica surge a partir da necessidade
dos(as) geógrafos(as) realizarem uma leitura de mundo que
compreendesse os diversos conflitos e lutas por direitos que
começaram a tomar partes do mundo nas décadas de 1960 e 1970.
Com base fundamentada no materialismo-histórico e dialético
marxista, a Geografia Crítica buscou interpretar o espaço
geográfico, considerando as relações entre espaço e sociedade
como eixo de embasamento epistemológico. O diálogo entre
processos sociais, espaciais e naturais são entendidos numa
relação dialética e considerados constituintes para produção e
reprodução da sociedade, portanto, são vistos nesta corrente,
como plano de análise da geografia.
26 Metodologia de Ensino de Geografia
SAIBA MAIS
Geografia humanista
A geografia humanista é uma concepção da ciência
geográfica que surge em paralelo às primeiras reflexões da
geografia crítica. Objetivava uma nova leitura do mundo, que
fornecesse alguma atenção para os aspectos subjetivos. É
desenvolvida nos Estados Unidos e na Inglaterra na década de
1960. Um dos seus principais questionamentos é: “Pode a ciência
continuar a servir a uma função útil medindo e explicando a
face objetiva e esboçando mecanismos da realidade social, ou
deve também penetrar e incorporar suas dimensões subjetivas?”
(Anne Buttimer, 1969:419).
Uma de suas autoras principais é a geógrafa estadunidense
Anne Buttimer, que se doutorou em Geografia em 1965 na
Universidade de Washington (Seattle), falecida em 2017. Em uma
de suas obras enfatizou a questão do estoque de conhecimento
geográfico das pessoas não confinadas à educação formal, a
geografia do nosso dia a dia. A geógrafa questiona se o mundo
vivido não seria constituído com base na tensão entre os níveis
de ideias e valores (noosfera), da ação e das rotinas temporo-
espaciais de interação (sócio-tecnosfera) e dos ritmos do corpo
no meio (biosfera). De forma que, para ela, seja por essa ou
por outras vias, o(a) geógrafo(a) que busca estudar os tipos de
experiência de vida no mundo deve começar a investigação pela
própria biografia.
A geografia humanista aproxima-se de uma concepção
filosófica chamada de fenomenologia, que considera a
experiência das pessoas e coletivos como a base para a produção
de conhecimento, assim como a arte (literatura, música, pinturas,
entre outras) e as produções populares.
No Brasil, a geografia humanista se inicia a partir da
década de 1990 e alcança hoje um intenso desenvolvimento,
especialmente ao explorar as relações entre a geografia e a
fenomenologia. No contexto escolar, tornou-se expressivo o
interesse por esta corrente, que acabou chamando a atenção de
28 Metodologia de Ensino de Geografia
SAIBA MAIS
OBJETIVO
SAIBA MAIS
REFLITA
Práticas didático-pedagógicas
As práticas didático-pedagógicas são uma particularidade
da geografia escolar, constituindo um dos elementos que a
diferenciam da geografia científica. De um lado, o objetivo
educativo das práticas docentes indica uma necessidade de
viabilizar a aprendizagem, de outro uma particularidade na
produção de saberes do docente.
Ao mesmo tempo em que compreende a geografia científica,
no plano pedagógico, o professor mobiliza conhecimentos
construídos no processo de reflexão sobre a prática social dos
profissionais da educação, tendo como base saberes relacionados
à pedagogia e à didática, ou seja, ao saber ensinar.
O processo pedagógico deve possibilitar aos alunos,
através do processo de abstração, a compreensão da essência dos
conteúdos a serem estudados, de modo que sejam estabelecidas
conexões internas específicas desses conteúdos com a realidade
global, ou seja, com a totalidade da prática social e histórica.
Esse é o caminho por meio do qual “os educandos passam do
conhecimento empírico ao conhecimento teórico científico,
desvelando os elementos essenciais da prática imediata do
conteúdo e situando-o no contexto da totalidade social”
(GASPARIN, 2005, p.7).
Percebemos, assim, a importância do papel desempenhado
pelo professor nesse processo pedagógico. Ele é a peça chave
dessa articulação, embora o contexto escolar esteja permeado
Metodologia de Ensino de Geografia 39
Cultura escolar
Quando estudamos a história da disciplina geográfica
escolar, especialmente no Brasil, percebemos que ela é diferente
da história da ciência geográfica. Existe, inclusive, uma origem
própria da geografia enquanto disciplina escolar anterior ao
processo de institucionalização da geografia como ciência
moderna. Definitivamente, a geografia foi uma matéria própria
do ensino primário e secundário antes de merecer categoria
universitária, quando foi considerada que era “um conhecimento
que era preciso ensinar aos futuros professores a fim de que eles
o ensinassem, por sua vez, a seus alunos” (LESTEGAS, 2012,
p. 20).
A geografia escolar acontece em espaços diferentes e é
protagonizada por autores e autoras diferentes. A geografia escolar
possui uma construção própria, que se desenvolve numa cultura
particular. Chervel (1990) denomina de “Cultura Escolar” esse
conjunto de conhecimentos, competências, atitudes e valores que
a escola se encarrega de transmitir explicita ou implicitamente
aos estudantes como bagagem cultural e patrimônio comum de
todos os cidadãos.
Isso significa entender a escola como uma comunidade
de sujeitos escolares, em competição e colaboração entre si,
buscando suas fronteiras e identidades, gerando uma produção
Metodologia de Ensino de Geografia 41
SAIBA MAIS
OBJETIVO
O espaço geográfico
O espaço geográfico é “manifestadamente físico”, mas o
físico não tem aí o sentido de “geografia física” ou de natureza.
O físico é a materialidade, é uma construção social, nas mais
diferentes escalas, desde um processo de construção espacial
direta até o ato de se apropriar de todo planeta pelas mais diversas
sociedades. O espaço geográfico é um elemento componente da
Metodologia de Ensino de Geografia 45
ACESSE
Diferentes escalas
A escala focaliza um recorte ou uma extensão espacial,
e envolve elementos e fenômenos vislumbráveis no contexto
recortado. Ou seja, diferentes elementos e fenômenos são
observados a partir de diferentes escalas geográficas, sendo
elas: local, municipal, regional, estadual, nacional, continental
e global. Alguns fenômenos são determinados em uma escala
global, mas se inserem no espaço geográfico numa perspectiva
local, como é o caso das empresas multinacionais. Outros
fenômenos são típicos de sistemas ambientais, como o clima, e
possuem características globais (efeito estufa), mas perpassam e
atuam em todas as escalas climáticas.
É comum conceber que fenômenos globais afetam todas
as outras escalas. Já os fenômenos locais só afetam, de forma
geral, na escala local, mas vão sendo influenciados pelas escalas
subsequentes. Entretanto, as maneiras como os fenômenos são
afetados não é igual. Ou seja, um fenômeno global pode afetar
todos os locais, mas de formas desiguais, correspondentes,
complementares ou envolvendo uma subordinação entre eles.
Ao analisar o espaço geográfico podemos articular as reflexões
em função das escalas, lembrando que elas são conectadas.
As análises que levam em consideração mais de uma escala
são chamadas de multiescalares. A escala, portanto, confere
Metodologia de Ensino de Geografia 51
Figura 3: Articulação entre fenômenos em uma perspectiva multiescalar segundo Neil Smith
A paisagem
A paisagem é, muitas vezes, associada ao olhar em
perspectiva de retrato ou pintura, à fisionomia de uma certa área.
Ou, em outras palavras, a expressão visível da natureza. Essa
Metodologia de Ensino de Geografia 53
SAIBA MAIS
O lugar
O lugar é categoria espacial que mais se aproxima das
nossas vivências, experiências e sentimentos pelo espaço.
Quando possuímos afeição ao lar, o espaço da casa, estamos
trabalhando com essa categoria, o lugar. O lar é um lugar, a pátria
(sentimento de afeição por uma nacionalidade), uma poltrona
ou nosso espaço preferido da casa ou da escola, tudo isso são
lugares. Lugares marcam nossa história de vida, podem ser a
casa dos avós ou uma praia que conhecemos pela primeira vez.
São constituintes da nossa identidade, do nosso dia a dia.
A experiência expressa a capacidade de aprender a partir
da própria vivência; significa aprender, atuar sobre o que foi
vivido e criar a partir dele. São as experiências que transformam
espaços em lugares: assim, lugares podem ser entendidos como
espaços cheios de significados adquiridos pelas experiências
e vivências. Por isso, “o que somos como seres que vivem,
pensam, experimentam é inseparável dos lugares onde vivemos
– nossas vidas estão saturadas pelos lugares e pelas coisas e
outras pessoas entrelaçadas a estes lugares” (MALPAS, 2001,
p. 231).
Metodologia de Ensino de Geografia 57
SAIBA MAIS
A região
A região é um conjunto de áreas ou paisagens que possuem
características semelhantes ou homogêneas, ou funcionalidades
especificas. Podem ser delimitadas por vários métodos, da
experiência vivida aos meios estatísticos. A região agrupa, por
semelhança, conexão ou influência, áreas do espaço geográfico
que se relacionam. Assim, é possível que características
ambientais definam regiões por semelhança, assim como
características econômicas, sociais, culturais.
A funcionalidade de um conjunto de áreas, que define
uma região, pode ser compreendida pelo movimento de pessoas,
mercadorias, informações, decisões e ideias, de modo que
podemos entender a área de influência de um local sobre o outro,
estabelecida através do nível de relacionamento existente.
A região pode ser definida, ainda, a partir de um conjunto
de lugares ou paisagens que guardam alguma relação ou
semelhança entre si. A região é multiescalar, podendo variar de
tamanho em função do que engloba ou conjuga. Existem regiões
à nível de cidade, mas também do mundo.
Tabela 2: As principais categorias geográficas
60 Metodologia de Ensino de Geografia
REFERÊNCIAS
BUTTIMER, A. Social space in interdisciplinary
perspective. Geographical Review, 59 (4), 1969, pp.417-426.
BUTTIMER, A. Aprendendo o dinamismo do mundo
vivido”. In: CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da geografia.
São Paulo: Difel, 1985.
CALLAI, Helena C. A formação do professor de Geografia.
Boletim Gaúcho de Geografia, 20: 39 - 41, dez. 1995. Disponível
em: https://seer.ufrgs.br/bgg/article/view/38032/24535. Acesso
em 19/12/19.
CARVALHO, Naiemer R. A construção da nação nos
livros didáticos de Geografia da Primeira República. Revista
Terra Livre, v. 2, n. 45 (2015).
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e
construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998.
CAVALCANTI, Lana de S. A Geografia escolar e a cidade.
Campinas-SP: Papirus, 2008.
CAVALCANTI, Lana de Souza. O ensino de geografia na
escola. Campinas (SP): Papirus, 2012.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e
construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 2003.
CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões
sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, 2, p. 177-229,
1990.
CHEVALLARD, Yves. La transposition didactique: du
Metodologia de Ensino de Geografia 63
UNIDADE
02
8 Metodologia do Ensino de Geografia
INTRODUÇÃO
Ok, Geografia nos anos iniciais é importante, mas o que
posso trabalhar?”. Opa! Então aqui estamos. Certos temas são
incontornáveis, como orientação e cartografia, e mesmo a relação
com o meio ambiente. Outros temas seriam muito estranhos caso
não fossem trabalhados, como os usos dos recursos naturais, a
indústria e a diversidade cultural. E como não poderia deixar
de ser, tudo isso demanda uma perspectiva interdisciplinar, de
forma que a Geografia atravesse as outras disciplinas e outros
campos também façam uso dela. Certamente você estará muito
mais antenando aos debates atuais e mais capacitado para agir
em prol de um ensino de qualidade. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Metodologia do Ensino de Geografia 9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 - Temas no
ensino de geografia. Nosso objetivo é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até
1
o término desta etapa de estudos:
4
Fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens
de crianças do Ensino Fundamental, assim como
daqueles que não tiveram oportunidade de
escolarização na idade própria.
OBJETIVO
IMPORTANTE
SAIBA MAIS
ACESSE
Matéria-prima e indústria
“Matéria-prima e indústria” é uma temática de ensino do
terceiro ano do Ensino Fundamental. Deseja-se desenvolver
com esse objeto a habilidade de identificar alimentos, minerais e
outros produtos cultivados e extraídos da natureza, comparando
as atividades de trabalho em diferentes lugares.
Matéria-prima é um produto natural ou
transformado(semimanufaturado), que as empresas utilizam
como base em um processo produtivo para a obtenção de um
produto acabado. O produto acabado é a mercadoria que as
empresas vendem. Existem também casos de matérias-primas
que não precisam passar por transformações, como por exemplo
os vegetais e as frutas, que são comercializados da forma que
são extraídos da natureza. Os tipos de matérias-primas existentes
podem ser determinados conforme suas origens, como vegetal
(látex, borracha), animal (carne, leite, couro) ou mineral
(petróleo, minério de ferro).
Metodologia do Ensino de Geografia 17
ACESSE
ACESSE
Fonte: Pixabay
Mapas mentais
Estamos nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Período
em que são reforçados (ou mesmo ensinados) certos hábitos
de higiene, exercitada a sociabilidade, assim como se aprende
a ler e a escrever. Ou seja, um conjunto de sabres, práticas e
conhecimentos que esperam dar maior autonomia às pessoas.
O mesmo objetivo é perseguido pela construção e uso do mapa
mental.
Os mapas mentais são uma expressão que veicula o que é
significativo para o aluno, as marcas de seu percurso particular,
os símbolos de seus caminhos, aquilo que ativa seus sentidos
e seus sentimentos. Varia de pessoa para pessoa, de acordo
com sua experiência de vida, atestando a personificação do
lugar. Os mapas mentais expressam sentidos e significados da
espacialidade vivida.
Metodologia do Ensino de Geografia 33
Interdisciplinaridade no Ensino de
Geografia nos Anos Iniciais
OBJETIVO
A interdisciplinaridade
Interdisciplinaridade é uma demanda da Educação como
um todo. Porém, é mais do que uma recomendação ou algo a ser
cumprido por qualquer tipo de exigência. A interdisciplinaridade
requer uma atitude de busca frente ao conhecimento, um ato de
ousadia. Trabalhar nessa perspectiva é ir além da fragmentação,
agir de maneira integrada com as outras áreas de conhecimento.
Importante ressaltar que a interdisciplinaridade não é a
eliminação dos componentes curriculares. Mas, sim, colocá-los
em encontro, entender cada um deles como produtos geográficos,
históricos, culturais e sociais, tendo no horizonte o processo de
ensino-aprendizagem.
Mas o que é a interdisciplinaridade?
“Mais importante que defini-la, porque o
próprio ato de definir estabelece barreiras, é
refletir sobre as atitudes que se constituem como
interdisciplinares: atitude de humildade diante
dos limites do próprio saber, sem deixar que ela
se torne um limite; a atitude de espera diante
do já estabelecido para que a dúvida apareça e
o novo germine; a atitude de deslumbramento
ante a possiblidade de superar outros desafios; a
atitude de respeito ao olhar o velho como novo,
ao olhar o outro e reconhecê-lo, reconhecendo-se;
a atitude de cooperação que conduz às parecerias,
às trocas, aos encontros, aso das pessoas que das
disciplinas, que propiciam as transformações,
razão de ser da interdisciplinaridade. Mais que
um fazer, é paixão por aprender, compartilhar e ir
além” (TRINDADE, 2008, p. 73).
A interdisciplinaridade pode ser primeiramente observada
na França e na Itália nos anos de 1960, época marcada por uma
imensa turbulência social e política na Europa e em várias partes
Metodologia do Ensino de Geografia 37
Interdisciplinaridade e linguagens
Desde o momento de nosso nascimento aprendemos
a interpretar movimentos, gestuais, expressões, palavras e
imagens. A escola amplifica essa capacidade, ensinando a
ler e a escrever, permitindo o acesso a boa parte da produção
cultural da humanidade. É algo que envolve várias áreas, uma
vez que não se trata de uma reprodução do som das palavras,
mas de uma compreensão. Alguns termos como paráfrase,
latifúndio, colonialismo e transgênico pode ter a relação com
seus significados a partir do letramento proveniente em aulas
de Geografia atravessando várias disciplinas, como Língua
Portuguesa, História e Ciências, por exemplo.
Atitudes nesse sentido fazem parte da alfabetização
científico – tecnológica. As linguagens precisam compor os
objetivos de instrução além de pré-requisito exclusivo de aulas
de Língua Portuguesa e Matemática, como é o comum ocorrer.
Metodologia do Ensino de Geografia 39
SAIBA MAIS
Geografia e História
Não podemos que a preocupação e apresentar os alunos às
letras e aos números ocupa a centralidade de quem pensa e atua
nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Por isso que Língua
Portuguesa e Matemática ocupa boa tarde do tempo investido
pelos professores dessa fase escolar. Por outro lado, acreditamos
que, se você chegou até aqui em nosso curso, não vai ignorar ou
minimizar a importância das disciplinas Geografia e História.
Quase com certeza se falamos em abordagem interdisciplinar
em Geografia o que vem à cabeça o encontro com a História.
Ambas compõem, inclusive, o percurso das Ciências Humanas
na Base Nacional Comum Curricular.
As duas disciplinas permitem às crianças acessas mais
possibilidades de interpretação do mundo e de se inserir nele
como alguém consciente e atuante. E, se ainda resta alguma
compreensão equivocada dessas duas disciplinas, devemos
reforçar que elas vão muito além de decorar datas, capitais, rios
e heróis.
Muito se diz que para interferir no mundo é preciso
aprender a observá-lo e interpretá-lo. Através do encontro entre
Geografia e História, os estudantes dos anos iniciais do Ensino
Metodologia do Ensino de Geografia 43
ACESSE
http://bit.ly/3aeG7hR
OBJETIVO
Fonte: Pixabay
Fonte: Wikimedia
Metodologia do Ensino de Geografia 49
SAIBA MAIS
Quer ideias para atividades voltadas aos alunos dos anos iniciais
em Educação Ambiental? Selecionamos para você um material
elaborado pela equipe de educação ambiental do município de Foz
de Iguaçu com vários jogos e brincadeiras sobre o tema. Acesse
http://bit.ly/3abGNVf
52 Metodologia do Ensino de Geografia
REFERÊNCIAS
ANJOS, E. K. O.; DIAS, J. R. A. Psicopedagogia: sua
história, origem e campo de atuação. Revela, ano 8, nº 18,
Jul 2015. Disponível em <http://fals.com.br/revela/ed18/elza_
anjos.pdf> Acesso em 25/04/2019.
BORTOLANZA, M. L.; KRAHL, S.; BIASUS, F. Um
olhar Psicopedagógico sobre a velhice. Revista Psicopedagogia,
v. 22, n 68, p. 162 – 170, 2005.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: construção
a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições
a partir da prática. RS, Artmed, 2007.
DICIO. Dicionário online. Disponível em <https://www.
dicio.com.br/intervencao/> Acesso em 25/04/2019.
GRAÇA, J. S. D.; SILVA, A. B.; NASCIMENTO, M.
R. S. A Institucionalização da Psicopedagogia no Brasil. 9º
Encontro Internacional de Formação de Professores, v. 8, n. 1,
p. 1-14, 2015. Disponível em: <https://eventos.set.edu.br/index.
php/enfope/article/view/1778> Acesso em 25/04/2019.
MORAES, D. N. M. Diagnóstico e avaliação
psicopedagógica. Revista de Educação do IDEAU. V 5, n 10, p.
2 – 15, jan-jun 2010. Disponível em: <https://www.ideau.com.
br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/203_1.pdf> Acesso
em: 03/03/2019.
Metodologia do Ensino de Geografia 55
UNIDADE
03
8 Metodologia do Ensino de História
INTRODUÇÃO
Você sabia que o ensino de História além de obrigatório, é
uma ferramenta fundamental não só para o desenvolvimento do
senso de identidade de uma nação, mas para o desenvolvimento
do senso crítico? Isso mesmo. A área de História faz parte Base
Nacional Curricular Comum e é uma disciplina obrigatória dentre
das áreas de “Ciências Humanas” (Ensino Fundamental) e de
“Ciências Humanas e Sociais Aplicadas” (Ensino Médio). Sua
principal responsabilidade é auxiliar o ser humano a desenvolver
a noção de processo e compreender a multiplicidade do tempo
dos povos. Além, disso a História ajuda a desenvolver a noção
de que todo o ser humano é protagonista da sua vida e da vida do
seu país. Sendo assim, ela pode ser uma ferramenta poderosa para
tanto o desenvolvimento do senso crítico, como para a aceitação
da diversidade. Daí a importância de se ensiná-la que garanta o
pleno desenvolvimento destas habilidades. Entendeu? Ao longo
desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Metodologia do Ensino de História 9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
1
competências pro issionais até o término desta etapa de
estudos:
Compreender a construção do saber histórico
como fundamental para a formação da consciência
crítica dos educandos na sociedade multicultural;
OBJETIVO
DEFINIÇÃO
Do desafio da autonomia
Como aponta Vitor Henrique Paro (PARO 2011: 198)
autonomia é uma questão no mínimo espinhosa. Se por um lado,
é algo desejável por tornar o educando independente e senhor do
seu processo de ensino-aprendizagem, por outro pode se chocar
com uma proposta mais tradicional de ensino, pois nesta visão
que o aluno é um mero receptáculo de conhecimento.
Figura 2 - A autonomia é de extrema importância para o educando
conseguir avançar no processo de ensino-aprendizagem.
Do desafio da diversidade
Mais do que algo desejável ou possível a diversidade é
tanto um desejo quanto um desafio e uma obrigação legal.
Tantos os PCNs quanto À BNCC e a própria Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (a nossa famosa 9394/96) citam em alguma
momento o respeito à diversidade com um dos objetivos do
ensino de História. Além disso, o próprio ambiente da sala aula
em si já é diverso. Nele temos alunos com diferentes vivências
e crenças muitas vezes conflitantes (por exemplo, não é segredo
para ninguém que muitas vezes as rivalidades entre facções
criminosas de comunidades são levadas para os ambiente escolar
pelos próprios alunos, além do que preconceitos religiosos dentre
outros afloram no ambiente escolar).
Tabela 1: Objetivos do ensino de História de acordo com a BNCC
RESUMINDO
IMPORTANTE
Por mais que possa soar absurdo, mas existem temas na disciplina
de História que podem se tornar espinhosos dependendo da
clientela ou responsáveis. Por exemplo, temáticas voltada
para a cultura afro-brasileira (principalmente, a questão da
religiosidade) podem ter resistência de alunos que venham de
famílias neopentecostais, assim como temas como “O Golpe
de 1964” podem causar atritos com escolas militares ou alunos
com familiares militares. Para se livrar dessas situações, sempre
mostre que a lei está do seu lado.
DEFINIÇÃO
Figura 5
Fonte: wikipedia
SAIBA MAIS
RESUMINDO
O que é interdisciplinaridade?
Para quem acompanha as discussões sobre educação há
algum tempo, a palavra interdisciplinaridade com certeza já
apareceu em algum artigo ou outro material sobre o assunto. Para
mim, que comecei a faculdade nos fins do anos 1990 (agosto de
1997, para ser mais preciso), ela começou a aparecer na minha
vida acadêmica nas aulas da disciplina “Metodologia da História
I”, onde comecei a dar meus primeiros passos acerca de refletir
sobre o que é a ciência histórica (e também o que é a ciência, em
si), como fazer resenhas críticas, fichamentos, etc. O primeiro
texto que a nossa professora nos mandou ler foi “Um discurso
sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna”,
do pensador Boaventura de Sousa Santos.
Metodologia do Ensino de História 27
As categorias históricas
Como toda ciência, a história tem noções específicas
dentros do seu campo que são obrigadas se compreendê-la.
Categorias permanência, mudança, diacronia (eventos que
ocorrem em sucessão), sincronia (eventos que ocorrem ao
mesmo tempo) e anacronismo (um juízo inadequado feito de um
tempo presente feito uma determinada época passada), além do
nome de ideologias políticas, períodos históricos, etc.
ACESSE
Trabalhando a interdisciplinaridade
Esta parte agora buscarei ser menos técnico e falar mais de
propostas concretas que consegui construir ao longo da minha
experiência tanto como professor, como aluno.
Sempre é bom começar pela parte mais fácil e, na
maioria das vezes, quando se fala em uma ciência/disciplina
próxima para se trabalhar com História, geografia costuma a
ser a primeira opção. Realmente, mapas costumam a ser uma
mão na roda para se trabalhar, por exemplo, as noções de
permanência e mudança, como vemos no site (https://www.vox.
com/world/2018/6/19/17469176/roman-empire-maps-history-
explained) que disponbiliza quarenta mapas que explicam o
Império Romano. Não só permanência e mudança, mas questões
como diacronia e sincronia podem ser muito bem trabalhadas
ao se mostrar que o avanço do Império Romano foi fruto tanto
de sequências de campanhas militares ocorrendo ao longo de
séculos, quanto de batalhas simultâneas.
Figura 6
ACESSE
ACESSE
BIBLIOGRAFIA
BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): a revolução
francesa da historiografia. São Paulo: Unesp, 1997.
Domingues, Ivan. Humanidade Inquieta, IN: Diversa Revista
da Universidade Federal de Minas Gerais Ano 1 - nº. 2 - 2003.
Disponível em: http://bit.ly/2SbFeAq. Acesso em: 31/10/2019.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1974.
FONTANA, Josep. A história dos homens. Bauru: EDUSC,
2004.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em
25/10/2019.
PARO, Vitor Henrique. Autonomia do educando na escola
fundamental: um tema negligenciado. Educar em Revista,
Curitiba, Brasil, n. 41, p. 197-213, jul./set. 2011. Editora
UFPR. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n41/13.pdf,
acessado em 25/10/2019
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as
ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estudos
Avançados, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 46-71, Ago. 1988 . Disponível
em: http://bit.ly/34zQHw0. Acessado em: 31/10/2019.
SAMPRONHA, STEPHANIE; GIBRAN, Fernando Z.;
SANTOS, Charles M. D. Ciência Pura e Ciência Aplicada-A
dicotomia entre pesquisa básica e pesquisa aplicada no cenário
do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico. Jornal
Biosferas ED. ESPECIAL 2012: A Biologia como Ciência e a
Biologia como Profissão. São Paulo: UNESP, 2012. Disponível
em: http://www.rc.unesp.br/biosferas/Esp12-11.html, acessado
em 25/10/2019.
Metodologia do Ensino de História 37
UNIDADE
04
10 Metodologia do Ensino de História
INTRODUÇÃO
Você sabia que os livros didáticos são um campo de
discussão extremamente profícuo? Isso mesmo. A área de
didática vem discutindo o papel do livro didático desde sempre.
Com a principal responsabilidade de servir tanto de materia de
apoio para o professor como referência para o aluno, ele tem
tido seu papel discutido nos últimos anos. Com as mudanças
feitas pela LDB 9394/96 e pelos PCNs, além da ascenção da
Internet, as editoras tem se esforçado para atender às demandas
da atualidade e manter o livro didático como material relevante,
até porque ele tem enfrentado concorrência de diversos meios
digitais e analógicos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva
você vai mergulhar neste universo dos recursos didáticos!
Metodologia do Ensino de História 11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
competências profissionais até o término desta etapa de
1
estudos:
OBJETIVO
ACESSE
SAIBA MAIS
10. Análise de
4. Triagem/Avaliação Qualidade Física
Avaliando o PNLD
Como mostrado, o PNLD é um programa bem amplo e
que está presente em todas as regiões do país. Para além da
questão da importância econômica para o mercado editorial,
ele é um programa que inclui milhões de aluno que não teriam
como ter acesso ao material por razões financeiras e valoriza a
opinião do professor. Porém, nada é perfeito e sempre há um
detalhe a ser analisado.
IMPORTANTE
Verticalização e pulverização
Como já dito o PNLD é bem amplo e possui diversas etapas,
onde os professores da educação básica tem um determinado
momento em que participam que é o da escolha. Por mais que
seja extremamente positivo, isto implica em alguns problemas,
que tentei resumir na tabela abaixo.
Metodologia do Ensino de História 17
Positivos Negativos
Pulverização de títulos,
Valorização da opinião do fazendo com que escolas da
professor mesma rede tenham livros
diferentes
Fonte: O Autor
SAIBA MAIS
OBJETIVO
A definição de documento
De acordo com Bittencourt (2008: 296), documento
são “todo o conjunto de signos, visuais ou textuais, que são
produzidos em uma perspectiva diferente dos saberes das
disciplinas escolares e posteriormente passam a ser utilizados
com finalidade didática”. Sendo assim, vemos uma importante
dicotomia entre suporte e documento: os primeiros são
produzidos com a finalidade de serem trabalhados em sala e os
segundos não são, conforme mostra o diagrama abaixo.
22 Metodologia do Ensino de História
Fonte: O Autor
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
OBJETIVO
INTERNET
POSITIVO NEGATIVO
Divulgação de
Conhecimento ao informações falsas
alcance de todos em nível global
Fonte: BARROS,José Costa D‟Assunção. Os historiadores e o tempo: a contribuição dos Annales; In:
Cadernos de História, Belo Horizonte, v. 19, n. 30, 1º sem. 2018. Disponível em https://bit.ly/2tPkK67
Fonte: O Autor
36 Metodologia do Ensino de História
SAIBA MAIS
OBJETIVO
SAIBA MAIS
Fonte: O Autor
Delimitando os objetivos
Antes do primeiro passo de toda caminhada, sempre
se pensa em qual o destino, ou seja qual o objetivo dessa
caminhada. a mesma coisa pode se dizer de quando planejamos
alguma atividade ou curso. Qual a meta que eu quero alcançar
com essa atividade? Que competências que eu quero que sejam
desenvolvidas ao longo desse curso?
Todos estes exemplos acimas citados são objetivos que
se desejam alcançar no processo de ensino-aprendizagem.
Eles são parte importante do nosso trabalho porque é a partir
deles que iniciaremos a nossa jornada. Tendo um destino em
mente é que apontamos a nossa bússola e planejamos a nossa
viagem. A mesma coisa vale para o nosso processo de ensino-
aprendizagem.
Uma atividade que tem por objetivo avaliar os alunos
vai ser pensada de uma forma, uma atividade que tenha por
objetivo integrar alunos, família e comunidade será pensada de
outra forma e assim por diante. Os objetivos são metas a serem
alcançadas e que demandaram estratégias diversas.
Uma mesma atividade, pode ter mais de um objetivo.
Particularmente, eu gosto de pensar em objetivos gerais e
objetivos específicos. Os objetivos gerais tem uma definição
mais ampla, genérica. Os objetivos específicos já carregam
um grau maior detalhismo. Por exemplo, ao se organizar uma
festa junina poderíamos citar como objetivo geral integrar
a comunidade escolar (responsáveis, alunos, professores e
funcionários) e como objetivos específicos sobre a importância
do meio rural na nossa sociedade.
Metodologia do Ensino de História 45
talvez fique inviável ceder mais tempo. Uma saída pode ser uma
coreografia simples e com orientação da professora.
Construindo exemplos
Para ficar mais claro o que falei no item anterior, construí
um exemplo de ficha de planejamento e vou preenchê-la com
exemplos de atividades. Pretendo com isso tornar mais claro o
como isto pode funcionar na prática.
Fonte: O Autor
Metodologia do Ensino de História 47
A batalha do passinho
Por volta de 2008 estourou no meio funk carioca o passinho.
Este fenômeno cultural que ganhou até um documentário (“A
Batalha do Passinho”, ver https://bit.ly/2t6QfZe) era uma
verdadeira febre entre os meus alunos em 2014 (a maioria
moradores das comunidades do Morra do Dendê, Parque
Royal, Praia da Rosa e Tubiacanga). Em um dia de atividades
lúdicas que a escola organizou resolvi promover uma batalha do
passinho, com os seguintes objetivos abaixo.
Promover um espírito de
Estimular representatividade
competividade de forma
entre eles
saudável
Fonte: O Autor
Avaliando os resultados
No geral, eu diria que os objetivos foram alcançados com
sucesso. Os alunos se divertiram muito e ficaram empolgados
desde o anúncio do evento. Era comovente ver o como eles
estavam felizes de ver uma manifestação cultural surgida no meio
deles e de grande relevância para eles estava presente na escola.
Me lembro que durante o período de inscrições fui procurado
por vários alunos. Mesmo no ano seguinte alunos vinham me
procurar para saber se teria uma outra edição e comentavam
sobre o desempenho o vencedor.
Da minha parte o que eu mudaria, seria ter mais atenção com
o video. Tentar ver se a escola disponibilizaria um câmera, pegar
uma câmera emprestada ou estar com o meu celular carregado
e um aluno responsabilizado de filmar seriam estratégias que eu
utilizaria.
Metodologia do Ensino de História 49
Fonte: O Autor
Avaliando os resultados
Os resultados desta avaliação foram bem positivos
também. As médias giraram em torno de 80% de acerto e os
alunos com maior dificuldade me deram um feedback muito
positivo de como ajudou poder parar, voltar e avançar o vídeo.
Outro motivo que me levou a fazer a prova foi a
empolgação que eu vi em alguns alunos de ter a oportunidade
de operarem um computador. Mesmo eles tendo facilidade
para usar a tecnologia (são adolescentes entre 15 a 19 anos de
idade), muitos não têm computadores em casa (atualmente, os
meus alunos são oriundos de comunidades de Bangu como Vila
Aliança, Vila Kennedy, Sapo, etc). Então, vários se mostraram
empolgados com esta oportunidade.
Metodologia do Ensino de História 51
SAIBA MAIS
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Prof Dr Antulio José de; BELGAMO,
Taiz Cavalcanti; BORANGA, M. C. & MARTINS, B. M.
Contribuições da pedagogia crítico social dos conteúdos na
prática docente: um estudo de caso. Revista científica eletrônica
de pedagogia Ano XI – Número 21 – Janeiro de 2013. Acesso
em 08 de dez de 2019, disponível em https://bit.ly/2t4rsoH.
BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de História: fundamentos
e métodos. São Paulo: Cortez, 2009
BARROS, J. C. D. Os historiadores e o tempo: a
contribuição dos Annales. Cadernos de História, Belo Horizonte,
v. 19, n. 30, 1º sem. 2018. Disponível em https://bit.ly/352w1gz,
acesso 09 de dez 2019.
CABRAL, M. A. O ensino de história nos anos iniciais do
ensino fundamental: o lugar das efemeridade. XXVII Simpósio
Nacional de História: Conhecimento Histórico e Diálogo Social,
acessível pelo link https://bit.ly/2tXk1jv (Acesso em 04/12/2019)
COSTA, M.A.F.; RALEJO, A.S. Pensando a interface entre os
livros didáticos de História e as demandas tecnológicas: negociações
possíveis. Anais do VII Seminário Internacional As Redes Educativas
e as Tecnologias: transformações e subversões na atualidade. Rio de
Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2013.
LEÃO, D. M. M. Paradigmas contemporâneos de
educação: escola tradicional e escola construtivista. Cadernos
de Pesquisa, nº 107, p. 187-206, julho/1999, acessível pelo link
https://bit.ly/37iEaz0 (Acesso em 04/12/2019)
Metodologia do Ensino de História 53